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APOSTILA DO CURSO ON-LINE CRIANÇA

SEGURA PARA FAMILIARES E RESPONSÁVEIS


APRESENTAÇÃO

Caro Participante,
Reunimos nesta apostila os principais materiais
disponibilizados no Curso On-line Criança Segura para
Familiares e Responsáveis. O objetivo é que você possa
salvar e consultar os conteúdos apresentados nesta
formação sempre que precisar. Bons estudos!
SUMÁRIO
AULA 1 Familiares e responsáveis que promovem a segurança infantil 04

AULA 2 As dicas de prevenção para os acidentes mais comuns 14

AULA 3 Mais dicas de prevenção de acidentes 28

AULA 4 Criança segura no trânsito 42

AULA 5 Nossas crianças sempre seguras 61


AULA 1

FAMILIARES E RESPONSÁVEIS
QUE PROMOVEM A SEGURANÇA
INFANTIL
Bem-vindo(a) ao nosso primeiro encontro, o ponto de partida para uma importante caminhada
na direção da prevenção de acidentes e da segurança na primeira infância. Vamos juntos
realizar uma formação cujo objetivo não é o sucesso ou o reconhecimento profissional, e sim
algo muito mais importante em nossas vidas: promover a segurança de nossas crianças.
O curso on-line Criança Segura para Familiares e Responsáveis ajudará você a prevenir e a evitar
acidentes com seus filhos, sobrinhos, netos e demais crianças da sua convivência. Nas próximas cinco
aulas, conheceremos muitas dicas sobre segurança infantil e disponibilizaremos materiais em textos,
vídeos e áudios, entre outros. Tudo isso para tornar a aventura da infância de quem amamos ainda
mais feliz, segura e tranquila.

A criança pequena ainda não reconhece perigos, por isso é importante nós adultos oferecermos um
ambiente seguro. Assim ela poderá, de forma livre e criativa, conhecer esse mundo que é todo novo
para ela sem ter sua criatividade tolhida, mas ao mesmo tempo sem sofrer uma lesão grave.

“No cotidiano da educação infantil, o brincar tem papel vital para o desenvolvimento integral das
crianças. É por meio do brincar que elas adquirem experiências e desenvolvem seu conceito sobre o
mundo, pois se trata de uma ação que as motiva explorar, experimentar e a recriar. As ações do jogo
e da brincadeira geram um ambiente especial para a aprendizagem, sejam os aprendizes crianças ou
adultos”. (CARDOSO, 2009, p. 10)

Iniciaremos agora a nossa primeira aula com o texto da psicopedagoga Isabel Parolin, que nos traz
uma lição sobre aprendizagem e amor aos filhos.

POR QUE É IMPORTANTE FAZER CURSOS DE


FORMAÇÃO DE FAMILIARES E RESPONSÁVEIS?

Para melhor responder a essa pergunta, faremos um breve


passeio histórico sobre a constituição familiar e o exercício da
autoridade parental. Se estivéssemos na década de 50, essa
pergunta seria um verdadeiro absurdo. “Uma criança cresce
como todas as outras, obedecendo cegamente seu pai, sob o
olhar vigilante e carinhoso da mãe”, responderiam quase todos,
em coro. Se estivéssemos vivendo na década de 60, a resposta,
talvez, fosse que devemos educar nossos filhos como nossos pais
nos educaram: “É difícil, mas tem de ser assim, assim é que é o
certo...” Ou não? Já na década de 70, as pessoas diriam que você
tem de mudar, ser mais amigo, entrar “na onda”: “É inútil remar
contra a maré... É muito importante ser amigo do filho, por isso,

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tome cuidado com o que diz ou pede para eles... É melhor entrar na onda!”. Na década de 80, os pais
(separados e recasados) diriam que educar não pode ser uma tarefa difícil: “Tem que ser mais fácil, pois
todos têm que ser felizes!”. Se a criança perturbasse muito, os pais cederiam, pois ninguém merece se
incomodar com filho. Afinal, para que tanto esforço? A década 90 trouxe pais que obedeceram seus
filhos até a exaustão... Até não aguentarem mais. E que correram para pedir ajuda. Muita coisa ruim
aconteceu por falta de cuidado, de autoridade e de conhecimento. Foi nessa mesma década que os
temas relacionados a família, educação, segurança e saúde tomaram corpo e força social. A legislação
se alterou, as escolas se reorganizaram e as famílias estão tentando se reformular.

Hoje, vivemos a era do conhecimento. Se por um lado já sabemos que as crianças não vêm com
manual de instruções, por outro lado, é de consenso que cada uma é única em sua forma de ser no
mundo, que ela faz parte de um grupo, de uma espécie e que ela irá se humanizar a partir da inserção
em sua sociedade. Portanto, é inadmissível vermos crianças sofrendo por falta de conhecimento
e educação de seus pais. Não é possível imaginar uma criança indo à praia sem protetor solar, uma
mãe colocando sal num corte entendendo que assim a cicatrização seria mais rápida, um pai passando
uma faca fria em cima de um hematoma, ou ainda, alguém deixar de comer manga ou melancia à
noite com medo de morrer.

É verdade que cada criança nasce sem o seu manual de instruções, e isso ocorre, acredito, para que
tenhamos a alegria de conhecer e formar nossos filhos para a sociedade. Entretanto, não se pode
imaginar que nos tempos de hoje os pais não tenham um grupo de informações que tornem a vida
mais segura, mais produtiva, mais competente e, certamente, mais bela e prazerosa.

Sorte ou azar faz parte dos tempos antigos. Hoje vivemos os tempos do trabalho, da construção e do
conhecimento. Você ainda duvida da importância dos pais se formarem para poderem bem formar
seus filhos?

Isabel Parolin é pedagoga, psicopedagoga clínica e institucional; palestrante para pais e educadores.
Autora dos livros: Pais Educadores: É proibido proibir? e Pais Educadores: Quem tem tempo de educar?,
ambos da editora Pulso.

Para compreendermos a realidade dos acidentes infantis e sabermos como evitar diversos tipos de
acidentes com nossos filhos, convidamos você a assistir a um vídeo-reportagem que alerta sobre
os principais perigos a que as crianças estão sujeitas em suas brincadeiras cotidianas. Confira no
link: https://globoplay.globo.com/v/5269867/

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O vídeo apresentou alguns dados da pesquisa realizada pela Criança Segura Safe Kids Brasil em 2016,
em comemoração aos 15 anos da organização. Mas esse estudo revela muitas outras informações
sobre mortes e hospitalizações na infância, conforme o tipo de acidente e entre diferentes faixas
etárias, justamente para alertar os pais a respeito de riscos que seus filhos correm em cada fase do
desenvolvimento. Um dado surpreendente, por exemplo, é que os meninos sofrem mais acidentes do
que as meninas. Vamos então conferir todos os detalhes dessa pesquisa inédita no link: https://issuu.
com/criancasegura/docs/15_anos_de_atuacao_da_crianca_segur.

Os acidentes representam a principal causa de morte entre os meninos e meninas de um a 14 anos de


idade no Brasil, conforme quadro abaixo:

Menor 1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos

Afeccções Período Acidentes Acidentes Acidentes


1ª causa Perinatal 1.158 985 1.347
22.347

Malformações Doenças Neoplasias Violência


2ª causa Congênitas Respiratórias 632 1.023
8.376 960

Doenças Malformações Doenças Sistema


Neoplasias
3ª causa Respiratórias Congênitas Nervoso
634
1.909 736 400

Doenças Infecciosas Doenças Infecciosas Doenças Doenças Sistema


4ª causa e Parasitárias e Parasitárias Respiratórias Nervoso
1.712 611 300 524

Principais causas de mortalidade infantil em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Mais de 4,3 mil crianças morrem e cerca de 122 mil são hospitalizadas a cada ano, segundo dados
do Ministério da Saúde. Em nível mundial, os acidentes provocam a morte de aproximadamente
um milhão crianças por ano. Esse quadro evidencia os acidentes como uma séria questão de saúde
pública, e por isso é fundamental difundirmos atitudes preventivas.

Esse curso apresentará grande enfoque nos cuidados com as crianças pequenas, uma vez que, ao
analisar com mais detalhes os índices de acidentes na faixa etária de até quatro anos, percebemos
que há uma indicação para acidentes de maior gravidade entre os pequenos. Além disso, o foco em
primeira infância se justifica, porque as características da criança até quatro anos que as tornam mais
vulneráveis a acidentes são bastante diferentes das características que expõem os maiores ao risco.
Logo, é coerente que os pais, familiares e cuidadores tenham essa perspectiva por faixas etárias.

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Quando analisamos a taxa de mortes por acidentes a cada 100 mil
habitantes no Brasil, percebemos que acontecem 9,40 casos fatais
entre cada 100 mil crianças de até 14 anos. Porém, quando olhamos
individualmente a faixa de até quatro anos, temos 14,38 óbitos.

Por outro lado, ao analisarmos a mesma taxa por 100 mil


habitantes para as internações por acidentes em nosso país, temos
um movimento inverso: na faixa etária de até 14 anos, são 255,98
hospitalizações; já na faixa de até quatro anos, são 239,41.

Esse dado nos mostra que, dentro do universo de acidentes na infância


e adolescência, há uma maior concentração de mortalidade entre
as crianças menores, que, no entanto, apresentam concentração
menor de hospitalizações. Esses indicadores podem sinalizar que os
acidentes na primeira infância acabam sendo de maior gravidade e
com maior chance de letalidade.

Você entenderá melhor a realidade dos acidentes na infância ao analisar as principais informações e
estatísticas sobre quais os tipos de acidentes que mais acontecem, a mortalidade e as hospitalizações
associadas a cada um deles. Vejamos:

DADOS SOBRE ACIDENTES NA INFÂNCIA

Apresentamos no gráfico abaixo as principais causas de mortalidade infantil por acidentes. A


sufocação é a principal causa, representando 36% das mortes. Na sequência vêm o trânsito, com
23% dos casos; e o afogamento, com 22%.

2%
Trânsito
6%
Queda 6%
23%
Afogamento
Sufocação
5%
Queimadura
36%
Intoxicação
22%
Outros

Mortalidade por acidentes de 0 a 4 anos em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

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É importante também observar a relação entre o tipo de acidente e a faixa etária das vítimas fatais,
como mostra o gráfico a seguir.

Outros 1.200
Intoxicação 1.000
Queimadura 800
Sufocação
600
Afogamento
400
Queda
200
Trânsito
0
Menor de 1 ano 1 a 4 anos

Mortalidade e faixa etária de 0 a 4 anos em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Além das ocorrências de morte por acidentes, é preciso considerar milhares de crianças e adolescentes
feridos, que tiveram o seu desenvolvimento, a sua saúde e/ou as suas atividades comprometidas. O
gráfico a seguir apresenta os dados relacionados às internações por acidentes registradas em 2015.

Trânsito
11%
Queda
22%
Afogamento
Sufocação
3%
Queimadura
Intoxicação 46%
18%
Arma de Fogo
Outros

Internações por acidentes de 0 a 4 anos em 2015 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Já nas internações, percebemos que as quedas são o tipo de acidente mais representativo, com 46%
dos casos. Essas quedas podem ocorrer de altura, como, por exemplo, de móveis, janelas e lajes, ou no
mesmo nível, como quedas ao correr e tropeçar.

É curioso observar que as causas mais significativas de mortes quase não aparecem nas internações.
São elas: trânsito, afogamento e sufocação. Isso indica que esses acidentes, em geral, são mais graves
e fatais, portanto merecem cuidado redobrado.

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Esses eventos poderiam ser evitados com medidas preventivas
e educativas. Por exemplo, em acidentes com crianças
transportadas em veículos, o uso do dispositivo de retenção
(bebê-conforto ou cadeirinha) reduziria as chances de lesões
graves – e de morte – no caso de uma colisão. Estudos
americanos demonstram que as cadeiras de segurança
para crianças, quando instaladas e usadas corretamente,
diminuem em até 71% o risco de morte por acidente.

Já que a sufocação é a principal causa de mortalidade


infantil por acidente, especialmente entre crianças menores,
consideramos importante entender melhor que tipos de sufocações mais acontecem com as crianças.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam as seguintes proporções no gráfico abaixo:

2%
Sufocação na cama ou berço 2%
7%
Estrangulamento

Desmoronamento de terra
34%
Inalação de conteúdo gástrico 28%
Inalação ou ingestão de alimentos

Inalação ou ingestão de objetos

Outros e não especificado 4% 23%

Causas de mortalidade por sufocação de 0 a 4 anos em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Outros dados mais específicos e as atualizações das estatísticas de acidentes podem ser encontradas
no site de nossa organização (www.criancasegura.org.br), no item “dados de acidentes”. Esse espaço
é atualizado regularmente, a partir das estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde.

Antes de irmos para a próxima aula e conhecermos as dicas de prevenção dos acidentes que vimos
nas estatísticas aqui apresentadas, gostaríamos de falar sobre quais são as características físicas e
comportamentais da criança até quatro anos que contribuem para os acidentes. E, por fim, confira
uma entrevista exclusiva concedida pela pedagoga Silvana Bianchi à Criança Segura Safe Kids Brasil
sobre como é a percepção de perigo em cada fase do desenvolvimento intelectual e afetivo da criança.

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CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA QUE FAVORECEM ACIDENTES EM
CADA FAIXA ETÁRIA

Durante o desenvolvimento da criança, algumas características físicas e comportamentais aumentam


os riscos de acidentes. Veja a seguir quais são elas.

De 0 a 4 anos:
Têm estrutura física em desenvolvimento (frágil);
Não reconhecem os perigos;
Apresentam coordenação ainda em desenvolvimento;
Imitam o comportamento do adulto;
Contam com a habilidade limitada para reagir ao perigo;
Têm desejo natural de explorar pela boca;
São de tamanho pequeno;
Convivem com forte presença do lúdico;
Apresentam centro de gravidade mais alto (devido ao tamanho da cabeça).

Entrevista com SILVANA BIANCHI


Pedagoga ajuda adultos a entenderem qual a percepção de perigo das crianças

A pedagoga Silvana Bianchi foi palestrante do seminário A criança no trânsito e os acidentes –
os vários aspectos, suas consequências e atitudes de proteção para uma infância saudável,
realizado pela Criança Segura em Recife no final de abril de 2007. Silvana Bianchi abordou o tema
Desenvolvimento da criança e sua percepção do trânsito. A palestra proporcionou aos participantes
uma melhor compreensão da linguagem infantil, com informações e dicas que disponibilizamos na
entrevista abaixo.

Criança Segura - Até que idade a criança encontra-se na fase oral?

Silvana Bianchi - “Fase oral” é uma expressão da psicanálise e envolve vários componentes que
abrangem os aspectos psíquicos, sociais e sexuais. Em pedagogia, essa fase corresponde ao estágio
piagetiano chamado sensório-motor, que vai desde o nascimento até por volta dos dois anos.
Nessa fase, a criança explora o mundo por meio dos sentidos e do movimento. Ela ainda não tem
representação mental, ou seja, vai descobrindo enquanto está vivenciando, porque não tem um
acervo de informações armazenadas no cérebro e, por isso, torna-se bastante vulnerável a acidentes.
Além de não ter noção de perigo ao colocar o dedo na tomada, debruçar-se em escadas, puxar cabo

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de panela, o bebê costuma levar tudo à boca, desde objetos cortantes a medicamentos, venenos
e pequenos objetos que podem ser engolidos. Mesmo depois dos dois anos de idade, as crianças ainda
mantêm a tendência de levar objetos à boca, porém com menos frequência e com um pouco mais
de informações.

CS - Até que idade a criança não consegue discernir a fantasia do que é real e perigoso?

SB - A fantasia e a ludicidade nascem com o ser humano e o acompanham até a velhice. Em cada fase,
porém, mudamos as características do nosso “faz-de-conta”. Mas existe um período da vida, chamado
de estágio pré-operacional, que vai de dois anos até por volta dos sete anos, em que a criança vive
mergulhada na fantasia, pois é este o caminho que ela utiliza para se apropriar da realidade. Ou seja,
para compreender a realidade, a criança brinca e vive o faz-de-conta. Ela sempre diferencia realidade
de brincadeira. Mas acontece que a criança é imatura em experiências, o que a expõe ao risco. Por
exemplo: quando um menino coloca uma toalha fingindo ser uma capa de super-homem e pula
da janela, ele não está acreditando que é super-herói. Ele sabe que está brincando. O que ele não
sabe é que pode morrer quando cair e que não há volta neste caso. A grande dica é supervisionar as
brincadeiras, evitando sempre aquelas que estimulam a violência, além de afastar objetos perigosos
do convívio da criança, independentemente da idade.

CS - Como os pais podem contribuir para ensinar a criança o que é perigoso?

SB - Durante muito tempo, a educação esteve baseada na fala


do adulto, como se ouvir fosse o suficiente para compreender.
Ao longo do último século, os estudos vêm mostrando que
a educação precisa ser pautada na vivência da criança. Isso
não quer dizer que o adulto vai queimar a criança pra ela
aprender a não mexer no fogo! Mas, por meio de observações
conjuntas, leituras, filmes, jogos, pequenos experimentos
seguros e muito diálogo, a criança compreende melhor os
riscos e passa a ser mais cuidadosa. Por exemplo: para ensinar
sobre a temperatura, o adulto pode colocar três potes com
água (um morno, um natural e um gelado) e brincar com a
criança de colocar as mãos neles. Enquanto experimentam
essas sensações, o adulto pode explicar sobre os perigos do
fogo, alertando que ele é muito mais quente do que aquela
água. E assim por diante.

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CS - Qual o momento para despertar nos pequenos a cultura da prevenção de acidentes?

SB - A consciência é um processo que evolui com o ser humano. Até por volta dos dois anos de idade, a
criança não tem condições mentais de compreender o perigo. Entre dois e sete anos aproximadamente,
ela avança na exploração do mundo e passa a criar um acervo mental de conhecimentos. Por volta
dos sete anos, ela dá um salto intelectual muito importante, passando para um estágio chamado
operacional concreto. Nessa fase, a criança avança na compreensão de mundo e pode elaborar melhor
as situações de risco. Mas é só por volta dos 12 anos, quando entra na fase operacional formal, que
a criança possui componentes mentais para elaborar pensamentos próximos aos dos adultos. Ou
seja: deve-se educar a criança desde bebê sobre a prevenção de acidentes, explicando sempre tudo
o que está acontecendo no cotidiano, mas lembrando que ela não pensa como um adulto e, por isso,
precisa sempre de supervisão. Por exemplo: os pais podem ensinar uma criança desde os três anos a
atravessar corretamente a rua, mas só devem deixá-la atravessar sozinha depois dos 12 anos.

Sabemos que, para os filhos, todos os pais são verdadeiros super-heróis, sempre preocupados em
protegê-los. Para aumentar seus “superpoderes”, apresentaremos na aula 2 as principais dicas para
prevenção de sufocações, afogamentos e quedas.

Até lá!

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AULA 2

AS DICAS DE PREVENÇÃO PARA


OS ACIDENTES MAIS COMUNS
Bem-vindo(a) à segunda aula do nosso curso! Por enquanto, aprendemos o porquê de os acidentes
serem um tema relevante na primeira infância e conhecemos um pouco sobre quais são os tipos de
acidentes mais comuns. Além disso, também vimos quais são as características da criança pequena
que a deixam vulnerável aos acidentes. Com certeza estamos ampliando nossa visão sobre a segurança
infantil e já começamos a colocar em prática nossos novos conhecimentos.
Agora vamos conhecer as medidas mais importantes para a prevenção dos acidentes que são muito
recorrentes na infância: sufocações, afogamentos e quedas.

1) SUFOCAÇÕES

A sufocação é a principal causa de morte acidental na primeira infância. Apesar de ser recorrente
até os quatro anos de idade, 80% dos casos acontecem com bebês de até um ano. Como já vimos,
nessa fase é comum que a criança leve tudo à boca, o que favorece a sufocação por objetos pequenos.
Temos ainda os riscos envolvidos com o momento de dormir e outros que veremos ao longo da aula.

Mais uma vez, é hora dos superpais, supermães, superavôs, superavós e supercuidadores conhecerem
e adotarem algumas medidas para evitar que eventuais acidentes aconteçam. Vamos lá!

A sufocação ocorre quando há obstrução da passagem de ar para os pulmões. Apenas quatro a seis
minutos nessa situação podem resultar em graves lesões cerebrais ou até mesmo em morte.

Confira dicas para prevenir esses trágicos eventos.

BRINQUEDOS PEQUENOS
Teste as pequenas peças dos brinquedos verificando se elas representam perigo à criança. Dica: utilize
um tubo com três centímetros de diâmetro como referência – se a peça couber dentro desse tubinho,
significa que poderá obstruir a garganta da criança.

BALÕES E BEXIGAS
Não permita que as crianças pequenas encham balões de látex (bexigas). Supervisione atentamente
as brincadeiras com bexigas e guarde-as vazias e fora do alcance das crianças. Muito cuidado com
pedaços de bexigas estouradas, que são ainda mais perigosos.

MOEDAS E OBJETOS PEQUENOS


Guarde e esconda todo tipo de objeto pequeno, como moedas, botões, tachinhas, colares de contas,
bolas de gude etc. Também fique atento para que o chão esteja sempre livre de pequenos objetos.

RISCO DE ESTRANGULAMENTO
Algumas atitudes podem prevenir situações de risco de estrangulamento:

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Evite brinquedos com correntes, tiras e cordas com mais de 15 cm;

Prefira cortinas e persianas sem cordas ou tiras;

Tire cachecóis e lenços do pescoço das crianças na hora das brincadeiras, principalmente
em parquinhos.

ATENÇÃO COM OS ALIMENTOS


Crianças menores de quatro anos possuem pouca experiência em mastigar e engolir e seus dentes
têm proporção menor que os de adultos, o que dificulta a mastigação apropriada dos alimentos. Por
isso, além dos alimentos terem que ser cortados em pedaços pequenos, é importante que não seja
oferecido às crianças dessa faixa etária castanhas, amendoim, pipoca, balas e chicletes. Além disso,
recomenda-se também que os alimentos arredondados e lisos como uva, tomate cereja e ovo de
codorna sejam cortados ao meio antes de serem ofertados às crianças.

CUIDADOS ESPECIAIS COM BEBÊS

Em 2016, a Academia Americana de Pediatria (AAP)


fez uma nova recomendação sobre a importância de o
bebê dormir perto dos pais para evitar a morte súbita,
tão frequente nessa faixa etária. No entanto, apesar
da indicação de estar no mesmo cômodo, em hipótese
alguma o bebê deve estar na mesma cama que os pais.
Veja mais sobre as recomendações atualizadas da AAP
clicando aqui.

Os bebês devem dormir de barriga para cima, pois


isso reduz em mais de 70% o risco de morte súbita.
Nessa posição, a criança tende a tossir caso se
engasgue, chamando a atenção dos pais.

O berço deve estar livre de objetos que possam dificultar a respiração do bebê, como almofadas,
travesseiros, brinquedos, bichos de pelúcias ou aqueles paninhos ou “cheirinhos” que algumas
crianças usam para dormir. Além do mais, não é indicado também o uso do protetor de berço pela
Sociedade Brasileira de Pediatria.

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Na hora de dormir, fique atento às roupas e cobertas do bebê. Evite excesso de roupas e fraldas
que dificultem os movimentos ou que possam superaquecer o bebê. Cubra-o somente até a
altura do peito, deixando seus braços livres, pois isso evita que ele deslize na cama e fique com a
cabeça embaixo das cobertas.

O bebê não deve parecer quente ao toque. A temperatura do ambiente encontra-se ideal para o
bebê quando estiver agradável para um adulto vestindo roupas leves.

O colchão do bebê deve ser firme, estar bem preso ao berço e sem embalagens plásticas.
É inadequado colocar o bebê para dormir em colchões muito macios ou de água, sofás ou
poltronas.

O espaço entre as grades do berço não pode ser maior do que seis centímetros de largura.

Evite móbiles com cordas ou tiras sobre o berço.

2) AFOGAMENTOS

Os afogamentos, junto com o trânsito, são a segunda maior causa de morte na infância, depois da
sufocação. Sabemos que mares, rios, piscinas, lagos e represas são ambientes de risco de afogamento
para todas as idades. Mas muita gente desconhece o perigo de deixar recipientes com água rasa ao
alcance das crianças. Uma criança pode se afogar em apenas 2,5 cm de profundidade de água, por
exemplo, em baldes, banheiras, piscinas infantis e até mesmo no vaso sanitário de sua casa.

Fique de olho no seu


filho! Afogamentos
não acontecem
apenas no mar!

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DICAS GERAIS PARA PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS

POR QUE AS CRIANÇAS ESTÃO EM RISCO?

Até quatro anos de idade a cabeça da criança corresponde a 25% do peso de seu corpo,
enquanto a de um adulto corresponde a 6% do seu peso total. Essa característica física
favorece que a criança se desequilibre e caia em lugares que tenham água.

Cerca de 10 segundos são suficientes para que a criança fique submersa.

Uma criança submersa pode perder a consciência em apenas dois minutos. Nesta condição,
bastam de quatro a seis minutos para causar danos cerebrais.

PRINCIPAIS DICAS DE PREVENÇÃO:

Nunca deixe crianças sozinhas quando estiverem dentro ou próximas da água, nem por um
segundo. Nessas situações, garanta que um adulto estará supervisionando-as de forma ativa
e constante o tempo todo.

Ensine as crianças que nadar sozinhas, sem ninguém por perto, é perigoso.

O colete salva-vidas é o equipamento mais seguro para


evitar afogamentos. Boias e outros equipamentos infláveis
passam uma falsa segurança, pois podem estourar,
esvaziar-se, sair do braço ou virar a qualquer momento.
Além disso, eles podem atrapalhar a mobilidade da
criança, caso ela coloque a cabeça dentro da água.

Ensine as crianças a não correr, empurrar, pular em outras


crianças ou simular que estão se afogando quando
estiverem em piscina, lago, rio ou mar.

NATAÇÃO COMO FORMA DE PREVENÇÃO:

Crianças devem aprender a nadar com instrutores qualificados ou em escolas de natação


especializadas. Se os pais ou responsáveis não sabem nadar, devem aprender também.

A idade ideal para entrar na natação é a partir dos quatro anos, antes disso, as crianças são
mais suscetíveis a desenvolver infecções por engolir muita água. Mas lembre-se: saber nadar

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não é garantia para evitar acidentes na água! Muitos casos de afogamentos acontecem com
pessoas que acham que sabem nadar. Não superestime a habilidade de crianças e adolescentes.

CONDUTA APÓS ACIDENTES:

Aprenda primeiros socorros.

Tenha os telefones de emergência sempre visíveis (SAMU: 192; Corpo de Bombeiros: 193).

DICAS ESPECÍFICAS PARA PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS

EM PISCINAS:

Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 m de altura e com portões com
cadeados ou travas de segurança. Atenção!

Alarmes e capas de piscina garantem mais proteção, mas não eliminam o risco de acidentes.
Portanto, devem ser usados em conjunto com as cercas e ter a constante supervisão dos adultos.

Evite o acúmulo de água em cima das capas de piscinas e supervisione as crianças mesmo
quando a piscina estiver coberta.

Evite deixar brinquedos e outros atrativos próximos à piscina e reservatórios de água.

Verifique se há proteção nos ralos da piscina, de modo a evitar que a criança fique presa pela
força de sucção.

EM ÁGUAS NATURAIS:

Tenha certeza de que as crianças estão nadando em áreas seguras de rios, lagos, praias
e represas.

Ensine as crianças a respeitarem as placas de proibição nas praias e os guarda-vidas, bem


como a verificarem as condições das águas abertas.

EM AMBIENTE DOMÉSTICO:

Depois do uso, mantenha vazios, virados para baixo e fora do alcance das crianças baldes,
bacias, banheiras e piscinas infantis.

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Deixe a porta do banheiro e da lavanderia fechada ou trancada por fora.

Mantenha a tampa do vaso sanitário abaixada (se possível, lacrada com um dispositivo
de segurança).

Mantenha cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos sempre trancados.

3) QUEDAS

As quedas são a principal causa de hospitalizações na infância e


podem causar sérias lesões, como os traumatismos cranianos.

Algumas atitudes podem prevenir quedas:

As crianças devem brincar em locais seguros. Escadas, sacadas e


lajes não são lugares para brincar.

Mantenha uma mão segurando o bebê durante a troca de fraldas.


Nunca deixe um bebê sozinho em mesas, camas ou outros móveis,
mesmo que seja por pouco tempo.

Use portões de segurança no topo e no pé das escadas. Caso sua


escada seja aberta, instale redes ao longo dela.

Instale grades ou redes de proteção nas janelas, sacadas e


mezaninos.

Mantenha camas, armários e outros móveis longe das janelas. Além disso, verifique se móveis e o
tanque da lavanderia estão estáveis e fixos.

Bebês devem dormir em seus próprios berços sozinhos, e não na cama dos pais. Além do risco de
sufocação, há um alto índice de admissões hospitalares de bebês por queda da cama de adulto.

As crianças com menos de seis anos não devem dormir em beliches. Se não tiver escolha,
coloque grades nas laterais.

Ao andar de bicicleta, skate ou patins, o capacete é equipamento fundamental. Ele pode reduzir
o risco de lesões na cabeça em até 85%.

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Cuidado com pisos escorregadios e coloque antiderrapante nos tapetes.

Crianças devem ser sempre observadas quando estiverem brincando nos parquinhos.
Verifique se os brinquedos estão em boas condições e se são adequados à idade da criança.

Não use andadores. Eles podem causar sérias quedas.

Os brinquedos de playground ou parquinhos devem ter


ângulos seguros e estar bem fixados sobre superfícies que
reduzam o impacto de quedas, como areia fina, grama ou
piso emborrachado. Quanto aos materiais, recomenda-se que
sejam de plástico, madeira tratada, aço ou ferro galvanizado Realizar brincadeiras
(evitando-se a ferrugem), com pintura atóxica. em ambientes seguros
é a melhor maneira de
Esses brinquedos devem ser utilizados conforme as prevenir quedas!
especificações de faixa etária, entre outras indicações do
fabricante. Os balanços precisam ser cercados ou posicionados
no canto do parquinho, evitando-se que as crianças passem
por trás deles. Igualmente importantes são as boas condições
do playground, a manutenção periódica dos brinquedos e a
supervisão constante de adultos durante as brincadeiras.

Confira algumas dicas para fazer uma inspeção rotineira no parquinho que você frequenta
clicando aqui.

RUMO AO UNIVERSO INFANTIL

Contar histórias pode ser uma boa maneira de transmitir às crianças o que você aprendeu até aqui.
Por isso, queremos que você entre novamente em ação como contador de histórias. No material de
apoio aos familiares e responsáveis desta apostila, há uma série de histórias infantis sobre sufocações,
afogamentos e quedas. Escolha as que sejam mais adequadas à faixa etária e à realidade de seu(s)
filho(s) e aproveite para conversar sobre esses temas com as crianças. Procure chapéus diferentes,
faça vozes variadas, dê uma interpretação envolvente, enfim, solte a imaginação e divirta-se em uma
sessão de contação de histórias!

CURSO ON-LINE CRIANÇA SEGURA PARA FAMILIARES E RESPONSÁVEIS 21


MATERIAIS DE APOIO AOS
FAMILIARES E RESPONSÁVEIS

AULA 2 AS DICAS DE PREVENÇÃO PARA OS


ACIDENTES MAIS COMUNS
HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE SUFOCAÇÕES

A BRINCADEIRA DE CABRA-CEGA QUASE TIROU O FÔLEGO

Olha! Não é fácil ser sentinela de duas crianças tão cheias de energia como Tom e Ioiô Dora.
Tenho tanta história pra contar desses dois.

Um dia desses, Ioiô Dora estava brincando de cabra-cega com suas amiguinhas. Ao invés de
elas amarrarem um lenço nos olhos, como deveria ser, elas resolveram enfiar um saco de lixo,
um saco plástico na cabeça.

Eu estava sentindo que aquilo não era boa coisa. Sei por experiência própria. Na minha
curiosidade felina, um dia eu entrei dentro dum saco plástico e passei maus bocados.
Quase sufoquei!

Pois foi isso que aconteceu com a menina. O saco entalou na sua cabeça, e ela não conseguia
mais respirar. Deve ter ficado nervosa, né? Começou a espernear. Eu tive de agir rápido. Enfiei
minhas garras afiadas naquele saco e o transformei em fiapos.

E foi assim que, mais uma vez, Joca, o supergato, se saiu bem na sua supermissão.

Bom... por hoje fico por aqui. Qualquer hora eu volto, porque o que não falta são histórias
pra contar.

O MENINO QUE ENGOLIU A BEXIGA

Era aniversário da menina pequenina que usava óculos. Ela estava radiante. Havia convidado
todos os amigos da escola. Todos? Todos eram tão poucos. A menina, além de pequenina, era
quietinha. Poucos se aproximavam dela. Achavam ela sem graça. Mal sabiam eles das histórias
que ela contava... e como contava bem. Quando soltava sua voz de passarinho, o ar se enchia de
graça.

Chegou Pernas-de-saracura, saltando pelo portão, enroscando-se nos cordões do tênis.

— Ei, menino, amarra os cadarços. Vai levar um tombo daqueles, guri.

De onde vinha a voz?

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O menino procurou e não encontrou. A menina, na janela, riu gostoso e apontou para o
galho mais alto árvore. Lá estava ela. A vovó de chapéu roxo com bolinhas amarelas e luvas
encarnadas. Sentadinha e fazendo tricô. Um cachecol colorido.

O menino também sorriu, entrou na casa e começou a encher bexigas. Brancas, amarelas,
vermelhas, azuis, lilases... lindas... enchia uma e... pow, outra... pow... pow... outra... enchia outra,
e pow pow pow mais uma... era assim!

Entre um estouro e outro, Pulga na Cueca resolveu brincar de fazer bolinhas com as bexigas
arrebentadas.

Epa! Não é assim. Pára já com isso!

Ele fazia uma bolinha pequena de som agudo e irritante aos ouvidos da menina.

Epa! Não é assim. Pára já com isso!

O menino ficou mudo, branco e mudo. Engasgou com um pedaço de borracha entalado
na garganta.

A menina pequenina que usava óculos tinha medo. Começou a chorar baixinho.

— Não chore, não chore — disse a vovó.

A menina arregalou os olhos enquanto a vovó pulava sobre o peito do menino. A bexiga saltou
da sua goela feito bolinha de pingue-pongue. O menino parou de sufocar.

E o menino, de pernas-de-saracura e pulga na cueca, saiu pulando feliz.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS

UM CACO DE GARRAFA NO RIO

Lá estava ela. Deslizando pelo rio de águas mansas, a bordo de uma canoa. Ela, a vovó de
chapéu roxo com bolinhas amarelas e luvas encarnadas.

Era domingo. As mães afrouxaram a guarda, e as crianças, soltas, foram brincar no rio: o
menino, de pernas-de-saracura e pulga na cueca, e a menina pequenina que usava óculos. O

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menino arrancou o seu calção e deu um mergulho sem medo. A menina tirou os óculos, a saia,
a blusa. Estava com seu maiô azul de listrinhas brancas e, sem óculos, ela via tudo atrapalhado,
esfumaçado. Ela tinha medo de água, de lobisomem, de boitatá, de escuro, de tirar nota ruim.

Era domingo, e as crianças brincavam no rio.

O menino parecia peixe, nadava para longe, boiava, imergia e emergia nas águas escuras. A
menina apenas andava dentro do rio. A água batia na canela, no joelho, nas coxas, quando de
repente...

— Aaaaaaaaiaiaiaiaiaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.

O vento levou o eco para longe, e todos os moradores do rio ouviram seu grito de dor. Todos,
menos o menino. A menina cortou o pé num caco de garrafa que repousava no leito do rio.
Tonta de dor, desequilibrou-se, caiu, desesperou-se, bebeu água barrenta e afundou. Ela só via
sombras a sua volta. Um filete vermelho coloriu a água marrom.

O menino parecia peixe, nadava para longe, boiava, imergia e emergia nas águas escuras,
agora pintadas de vermelho.

Um vulto aproximou-se da menina. Tomou-a nos braços, levou-a para a margem do rio, fez o
sangue parar.

E o vulto desapareceu. Depois que o susto passou, a mãe da menina lavou, tratou e cobriu
o machucado.

Quando o menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca voltou, viu a menina que usava
óculos com o pé enfaixado. Montou a menina nas suas costas, e, na garupa do Pernas-de-
Saracura, ela viu de longe uma canoa deslizando nas águas mansas do rio.

Era um domingo ensolarado.

A PEQUENA IOIÔ DORA CAIU NA PISCINA

Ioiô Dora quase se afogou na piscina. Eu fiquei sabendo disso porque não se falava em outra
coisa naquela casa, ontem à noite.

Ainda bem que não fui nesse passeio. Ainda bem! Vocês sabem que gato escaldado tem medo
de água fria, não é?

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Eu ia ver aquela menina tão pequenina, dentro daquela imensidão de água, e não ia saber
como ajudar. Eu não sei nadar!

O Tom me contou, assim:

— Uma festança, Joca. Você ia se divertir. Tinha sardinha (hummm... lambi meus lábios ao ouvir
isso), churrasco, guaraná, música pra dançar. Tava todo mundo, né? Daí... depois, eles foram
conversar. Eu fui jogar bola com os meninos, ali pertinho. Dora foi dar banho de piscina na
boneca. Escorregou e ó... tchibummm. Ouvi uns gritos e vi a Dorinha batendo os braços, assim
ó... Agora é até engraçado... mas, naquela hora, minhas pernas tremiam, tremiam, tremiam.
Precisa ver, Joca. Eu tremia todo... tremia, tremia. Daí, deu uma coisa na minha cabeça e corri
pra chamar o pai.

Foi o Tom que ajudou a irmã. Menino corajoso. Ele disse que gritou bem forte:

— Pai, a Dora caiu na piscina.

Ele contou que foi um alvoroço. As pessoas corriam pra todo lado; a mãe chorava... aí o pai
pulou na piscina, tirou a Dora de lá, fez respiração boca a boca, e a Ioiô Dora viveu outra vez.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE QUEDAS

TOM E O GATO-SENTINELA

— Menino, o que você está fazendo em cima do muro? Desce daí, já! — disse a mãe.

— Estou vendo um passarinho fazer ninho na árvore — respondeu o Tom.

— Você vai espantar o passarinho, e acaba caindo daí, desce já! - insistiu a mãe.

— Já vou, já vou!

— Ai ai ai ai ai... vai aonde agora, menino?

— Tem um outro ninho com ovinhos... lá em cima...

— Sai já daí. Vou telefonar pro seu pai.

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— Já vou, mãe, já vou...

Aquilo estava virando uma lengalenga. O Tom parecia personagem de filme de ação, pulando
da árvore pro muro, do muro pro telhado, do telhado pro muro, do muro pra árvore.

Resolvi fazer um teatro pra ver se o menino descia de lá.

Comecei a rolar no chão e a miar desesperado... e a me jogar de um lado para outro... e soltar
miados estridentes... dar pulos no ar... eriçar meu dorso... enfim, fiz uma cena apavorante.

A mãe do Tom gritou:

— Tom, meu filho, acuda, acho que o gato está tendo um troço.

O Tom olhou lá de cima. Percebi que era a hora de colocar mais vida naquela representação.

Lancei uns: “miaaaaaaaauuuuuuuuuuuuu... miaaaaaaaaauuuuu”. Fiz de conta que tava


engasgando, comecei a tossir, vomitar, dei pirueta no ar e me fingi de morto, esticadinho no
chão. O garoto desceu de lá em dois tempos.

Ufa! Tarefa de gato-sentinela não é fácil, viu?

Além das sugestões de histórias, jogos e atividades lúdicas que a Criança Segura oferece dentro deste
curso para aplicar com crianças, temos também uma parceria com o Clubinho Salva Vidas, que é
um portal de jogos educativos com dicas de educação no trânsito, cidadania, preservação do meio
ambiente, segurança em ambientes urbanos e cuidados em ambientes aquáticos, entre outras. Essas
informações podem contribuir para melhorar a qualidade de vida e reduzir os índices de acidentes
no mundo, aliando educação e tecnologia. Para conhecer um pouco mais desse trabalho e utilizá-
lo como ferramenta educativa com os pequenos, acesse: http://www.clubinhosalvavidas.com.br/pt.
Visite também o canal de vídeos do Clubinho Salva Vidas no Youtube: https://www.youtube.com/
results?search_query=clubinho+salva+vidas

Os participantes do curso podem solicitar um código promocional para testar todos os jogos do
Clubinho Salva Vidas por 30 dias. Para isso, ou para obter mais informações, basta entrar em contato
pelo e-mail: clubinhosalvavidas@hotmail.com.

Até a próxima aula!

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AULA 3

MAIS DICAS DE PREVENÇÃO


DE ACIDENTES
Nesta aula, vamos conhecer mais algumas temáticas da segurança infantil: as medidas de prevenção
de queimaduras, intoxicações (envenamentos) e acidentes com armas de fogo. É hora de se concentrar,
pois nossa aula está começando.
Como pais, familiares e responsáveis, queremos estar presentes em todos os momentos do
desenvolvimento de nossos filhos, protegendo-os constantemente. Mas lembre-se: cuidar e evitar o
perigo não significa sufocar a criança ou impedir sua autonomia e expressão. Brincar, experimentar
e descobrir o mundo faz parte de um crescimento saudável. Daí a importância de interferirmos
positivamente frente a situações de risco, observando sempre quatro elementos-chave:

Diálogo;
Apoio e confiança;
Limites;
Respeito.

Já que falamos em brincar, sugerimos a leitura do texto Brincadeiras Seguras. A seguir, apresentamos um
trecho desse artigo que destaca aos pais, mães, familiares e responsáveis as principais recomendações
sobre a escolha de brinquedos que não representem risco à saúde da criança.

BRINCADEIRAS SEGURAS
Trecho do artigo gentilmente cedido pela Revista Mãe

Papais e mamães, atenção!

Vocês já conhecem o processo de “selagem” de um brinquedo antes de chegar às mãos do seu filho,
o que garante a sua segurança. Mesmo assim, nunca é demais saber quais são as recomendações e
proibições quanto a cada tipo de brinquedo, dos aquáticos aos sonoros, dos mordedores aos móbiles
e às bonecas de pano. Confira a seguir.

Um dos campeões de bilheteria, os bichinhos de pelúcia devem ter o enchimento não-granulado e


isento de impurezas. Fibra sintética ou fibra de algodão são os melhores, pois mesmo que o bichinho
descosture ou rasgue e a criança coma o recheio, não há maiores consequências. De qualquer forma,
as costuras devem ser firmes o suficiente para não abrirem à toa. É importante também que o
brinquedo não solte pelos e que os olhos, o nariz e a boca estejam muito bem travados. Se o bichinho
emitir algum som, o compartimento das pilhas deve ter uma trava segura. Outra possibilidade é que
ele só possa ser aberto por um adulto com o auxílio de um acessório. O perigo, neste caso, reside na
possibilidade de que a criança coloque a pilha na boca, pois ela contém elementos altamente tóxicos.

Os chamados brinquedo educativos, como blocos de montar, não estão livres do controle de segurança.
Até os três anos, a maior preocupação é quanto ao tamanho das peças. Nenhum componente pode

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ser menor do que o chamado “cilindro reto truncado”,
um objeto que simula a garganta de uma criança
nessa faixa etária. O diâmetro não pode ser inferior a
31,75mm e o comprimento 25,4mm do lado menor e
57,15mm do maior. Também são realizados ensaios
mecânicos para verificar a resistência a tração, torção,
mordida, impacto etc. O essencial é que o brinquedo
não se desfaça nem solte lascas ou produza arestas
que possam ferir. O terceiro ponto é a toxicologia:
elementos como chumbo, cromo e mercúrio são
tóxicos e seus teores não podem ultrapassar o máximo
previsto pela norma.

Quando o assunto são mordedores ou massageadores de gengiva, se forem à base de PVC (vinil), há
um teste especifico que mede o teor de D.E.P.H., um plastificante utilizado para amolecer o PVC. Essa
concentração jamais pode ultrapassar os 3%, pois se trata de uma substância cancerígena. Além disso,
o mordedor é submetido aos demais testes rotineiros de toxicologia.

Nos móbiles, a preocupação especial fica por conta do cordão que o amarra no berço. Seu comprimento
não deve ser superior a 30 centímetros para que o bebê não se amarre no mesmo. Embora não
obrigatório, é aconselhável que o fabricante instrua os pais a retirarem o móbile do berço quando a
criança completar cinco meses. A partir dessa idade, o bebê começa a ensaiar posturas mais eretas,
podendo alcançar o móbile.

Quanto aos brinquedos sonoros, é medida a emissão de som, que deve estar dentro de padrões
aceitáveis. Isso significa o limite de 85 decibéis para ruídos constantes (que duram mais de um
segundo) e 100 decibéis para ruídos instantâneos. Brinquedos com som acima desses índices são
reprovados.

Brinquedos infláveis, como bexigas, são submetidos a testes de toxicologia e de abuso mecânico
previsível com crianças por perto.

Quanto aos brinquedos aquáticos, aqueles que suportam 1,5 kg sem afundar, se forem de vinil,
necessitam passar pelo ensaio de D.E.H.P.

Os famosos (e aparentemente inocentes) patinhos de plástico que passeiam pela banheira enquanto
o bebê toma banho merecem muita atenção. Eles passam por rigorosos testes quanto à toxicologia,
pois são muito convidativos para serem colocados na boca. Por isso, é preciso ter certeza de que não
soltam nenhuma substância tóxica na boca do pequeno.

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Livros de pano também são analisados. Se forem grandes a ponto de a criança se deitar sobre os
mesmos, é necessário que o tecido seja permeável, poroso o suficiente para a criança respirar mesmo
se fechando nele.

A utilização de fantoches deve sempre ser acompanhada por um adulto. Por exemplo, os fantoches
de dedo são peças pequenas facilmente engolidas. Se for o caso de fantoches de tecidos, os mesmos
devem ser suficientemente porosos para evitar asfixia.

Bonecas de pano e outros brinquedos recheados, além de seguirem as mesmas normas dos bichinhos
de pelúcia, ainda devem ser examinados quanto à sua inflamabilidade. Isso porque fios de lã em
cabelos de bonecas, por exemplo, são altamente inflamáveis. O fabricante evita problemas utilizando
um antichamas atóxico.

Quanto aos materiais com que são confeccionados os brinquedos, além dos de PVC, os de madeira
passam por um teste especial, para averiguar a presença do pentaclorofenol, um fungicida
extremamente tóxico. Se for de plástico rígido, o objetivo é detectar a presença de metais pesados de
acordo com a cor do material. Quer dizer: se um brinquedo possui várias partes de cores diversas, são
realizados tantos testes quanto sejam as cores. A presença de metais pesados também é verificada
em papéis, instrumentos gráficos (lápis, crayon, giz) e PVC.

Em massas de modelar, há ensaios biológicos para checar uma eventual toxidade. Por fim, na
maquilagem para bonecas, pesquisa-se a sensibilização da mucosa oral, a irritabilidade e a eventual
presença de metais pesados. A tinta que recobre qualquer brinquedo deve ser totalmente atóxica.

Quanto às formas, há duas reconhecidamente perigosas e proibidas: as arestas cortantes e as


pontas agudas.

OS TRÊS PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA

Antes de assinar o cheque e levar para casa um lindo urso de pelúcia ou um móbile superoriginal,
papais e mamães preocupados com a segurança de seus pequenos devem atentar para os
seguintes itens:

Exija o selo de certificação de segurança do INMETRO.


Verifique a faixa etária para a qual o brinquedo se destina.
Leia cuidadosamente todas as instruções de uso contidas na embalagem,
especialmente as advertências.

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1) QUEIMADURAS

A cozinha é o lugar de maior risco para as crianças se queimarem, principalmente por causa do
fogão e do forno. Portanto, a primeira dica é manter os pequenos longe desse ambiente.

Confira a seguir mais atitudes que podem prevenir queimaduras nas crianças.

Enquanto estiver cozinhando, deixe as panelas com o cabo voltado para dentro do fogão.

Não guarde alimentos, como doces e biscoitos, em prateleiras ou armários sobre o fogão.

Guarde fósforos, isqueiros, velas, recipientes com álcool e outros produtos inflamáveis em
armários trancados e longe do alcance das crianças.

Mantenha comidas e líquidos quentes fora do alcance das crianças.

Nunca segure líquidos quentes ou fume quando estiver com um bebê muito próximo ou no
seu colo.

Evite usar toalha comprida na mesa, pois uma criança pode puxá-la, causar um acidente e se
queimar com utensílios e comidas que ainda estejam quentes.

Antes do banho da criança, teste a temperatura da água movendo a mão por toda a banheira,
para ter certeza de que não há nenhum ponto muito quente.

Mantenha longe das crianças eletrodomésticos como aquecedores, ferro de passar roupa e
secador de cabelo, entre outros, seja na hora de usar ou de guardar. Guarde-os sempre em
locais onde as crianças não possam alcançá-los.

Não sobrecarregue uma tomada ligando vários aparelhos ao mesmo tempo.

Nunca deixe uma criança perto de velas, churrasqueiras e fogueiras.

Não permita que crianças manuseiem ou brinquem com bombinhas e fogos de artifícios, pois
elas podem se queimar gravemente e até perder partes do seu corpo.

Cuidado com as velas!

As velas em uso devem ficar dentro de recipientes não inflamáveis e que as mantenham em
pé e firmes.

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Não deixe velas acesas perto de tecidos, móveis e estruturas de madeira.

Apague as velas ao sair de casa.

Procure substituir velas e candeeiros por lanternas.

Para evitar queimaduras infantis por choque elétrico, é preciso:

Ter cuidado com instalações elétricas improvisadas e fios desencapados;

Proteger ou encobrir as tomadas, de modo que os pequenos não possam


acessá-las;

Ensinar as crianças a brincar com pipas longe de postes e fios elétricos de alta tensão.

O perigo do álcool líquido

por quê?
• O álcool líquido faz o fogo se espalhar rapidamente e causa
Não use álcool
queimaduras gravíssimas, além do risco de explosão. Para
líquido para acender
evitar esses perigos, use álcool em gel.
fogo ou mesmo
como produto de • O álcool líquido vendido para limpeza não tem ação
limpeza.
desinfetante. Portanto, prefira detergente, sabão e outros
produtos específicos.

PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

É importante fazer inspeções periódicas em sua casa ou trabalho para eliminar potenciais riscos de
incêndio, como problemas nas instalações elétricas.

Ensine às crianças os perigos de um incêndio e como escapar dele.

Algumas atitudes podem salvar vidas, como:

Designar uma saída de emergência;


Instalar detectores de fumaça e testá-los mensalmente para comprovar seu bom funcionamento.

Para escapar de um incêndio, as principais orientações são:

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Arraste-se embaixo da fumaça para evitar intoxicação;
Toque nas portas antes de abri-las – se estiverem quentes, use uma saída alternativa;
Para se livrar de chamas ou ultrapassá-las, caia no chão e role de um lado para outro;
Nunca volte para um ambiente em chamas.

2) INTOXICAÇÕES

PARA PREVENIR ACIDENTES

Não deixe remédios e produtos tóxicos de higiene ou limpeza


à vista ou ao alcance das crianças – esses produtos devem
sempre ficar em locais altos e trancados à chave.

Não crie novas soluções de limpeza misturando diferentes


produtos designados para outro fim – esse tipo de mistura
pode ser ainda mais nociva à criança.

Sempre leia atentamente os rótulos e bulas, seguindo


corretamente as instruções para dar remédios às crianças.

Não use produtos tóxicos perto das crianças.

Evite tomar medicamentos na frente das crianças, pois elas tendem a imitar os adultos.

Não guarde nenhum produto químico fora da embalagem original, para evitar confusão –
imagine o estrago que pode causar uma garrafa de refrigerante cheia de alvejante.

Dê preferência a embalagens com tampas de segurança, que sejam mais difíceis de a


criança abrir.

Sobretudo se você mora em área rural, verifique periodicamente dentro de sapatos e armários
e embaixo de móveis se há cobras, escorpiões e aranhas.

Ensine a criança a nunca colocar na boca folhas, caule, casca, nozes ou sementes de
qualquer planta.

Quando adquirir um brinquedo para a criança, certifique-se que ele é atóxico, ou seja, não
contém componentes tóxicos.

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Jogue fora medicamentos com data de validade vencida e outros venenos potenciais.

Conheça as substâncias e plantas tóxicas mais comuns e confira em quais produtos domésticos
elas estão presentes.

SUBSTÂNCIAS TÓXICAS MAIS COMUNS

Ácidos e bases
Ácido muriático, água sanitária, alvejante, amoníaco, cal virgem, clareador de pelos, detergente em
grãos (usado em máquina lava-louça), descolorante, desinfetante, limpador de fogão, limpador de
metal, removedor de calos e verrugas etc.

Derivados do petróleo
Aguarrás, álcool combustível, inseticida solúvel em solvente orgânico, diluente de tinta, fluido de
isqueiro, gasolina, naftalina líquida, polidor/cera de assoalho ou mobília, polidor de metal solúvel em
solvente orgânico etc.

Plantas tóxicas
Arruda, avelós, aroeira, bico-de-papagaio, cambará, chapéu-de-napoleão, cinamomo, confrei, coroa-
de-cristo, comigo-ninguém-pode, copo-de-leite etc.

Confira a lista completa em https://sinitox.icict.fiocruz.br/plantas-toxicas.

Outras substâncias comuns


Água oxigenada, álcool (usado em limpeza de casa), anticongelante (polietileno glicol), bebidas
alcóolicas (principalmente junto com outras substâncias), bituca de cigarro, caixa de palito de fósforo,
detergente comum, desodorante etc.

A intoxicação (ou envenenamento) pode ser causada pela ingestão de vários tipos de produtos tóxicos,
como remédios, substâncias químicas, plantas e agrotóxicos. Basta um momento de distração, e
pronto: a criança alcança a prateleira do banheiro e bebe o pote de água oxigenada.

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Como agir nesses casos? A primeira providência é buscar com urgência o socorro médico e, depois,
adotar as atitudes a seguir:

Tente descobrir a substância ingerida, porque o melhor tratamento depende disso;

Peça orientação por telefone ao Centro de Controle de Intoxicação (CCI) de sua cidade;

Nunca induza o vômito na pessoa intoxicada, pois isso pode causar um desgaste desnecessário
no trato digestivo da vítima, além de não resolver o problema. Vomitar pode piorar a situação,
ainda mais em casos de envenenamento por produtos corrosivos (ácidos e bases) e derivados
de petróleo;

Caso haja vômito espontâneo, procure fazer com que a vítima vomite em um balde, para que o
material possa ser analisado pelos médicos;

Não permita que a vítima beba qualquer líquido, nem sequer água, leite ou azeite;

Caso a vítima apresente convulsões, não tente imobilizá-la nem segurar sua língua, apenas
garanta que ela não vai esbarrar em algo e se machucar ainda mais;

Em caso de parada respiratória, apresse a ida ao hospital; não adianta fazer respiração boca a
boca em caso de intoxicação;

Deite a vítima de lado, com a cabeça apoiada sobre o braço, para evitar que ela se sufoque com
vômitos involuntários;

Se a pessoa estiver com frio, agasalhe-a;

Preste muita atenção em cada reação da vítima, pois suas descrições serão essenciais na hora
do atendimento médico – observe se está fria ou quente, se saliva, se vomita, se parece confusa
ou sonolenta.

E NUNCA SE ESQUEÇA!
Procure levar para o médico o produto que causou envenenamento – pode ser o resto do produto,
sua embalagem, sua bula, um ramo da planta tóxica etc.

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3) ACIDENTES COM ARMAS DE FOGO

Quanto aos acidentes com armas de fogo, o melhor modo de preveni-los é não ter armas em casa. Se
a sua profissão exige o uso de armas, deixe-as fora do alcance das crianças. Os menores de oito anos
não têm sequer condições de distinguir uma arma de verdade de um brinquedo. Portanto, toda arma
de fogo deve ser guardada travada, sem munição e em local trancado e inacessível aos pequenos. As
munições devem ficar em lugar separado e também trancado. Para mais informações, acesse o link:
http://www.ic.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=13

PARA ENVOLVER OS PEQUENOS

Agora que você já aprendeu essas novas lições de prevenção,


é hora de transmitir as informações aos pequenos. Para
isso, nada melhor do que uma boa história. Em nosso
material de apoio aos familiares e responsáveis, separamos
histórias infantis sobre queimaduras e intoxicações. Elas
podem ser usadas para introduzir uma conversa sobre
esses temas com as crianças. Escolha as que sejam mais
adequadas à faixa etária e à realidade de seu(s) filho(s)
e use a imaginação para tornar essa atividade divertida
e prazerosa. Vale usar chapéus diferentes, fazer vozes
variadas, dar uma interpretação envolvente, e tudo mais
que vier à sua cabeça!

Depois de conhecer tantas medidas preventivas ao longo do nosso curso, sua tarefa é acessar o
resumo de prevenção de acidentes em casa, disponível em: http://criancasegura.org.br/categoria-
dica/ambiente/domesticos/

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MATERIAIS DE APOIO AOS
FAMILIARES E RESPONSÁVEIS

AULA 3 MAIS DICAS DE PREVENÇÃO


DE ACIDENTES
HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS

CRIANÇA NA COZINHA ACABA EM QUEIMADURA

Eu não disse que esta casa é um perigo? Uma ameaça pras crianças e pros gatos também.
Aquela moça que trabalha aqui nem olha o que esses dois ficam fazendo. A mãe deles fica fora
o dia todo. E os dois, quando não estão na escola, estão aprontando, e eu sempre acabo no
meio das confusões. Ioiô Dora e Tom me põem louco.

Sabe aquela coisa chamada microondas? Pois é! Aquilo é uma arma mortal. Estava eu, bem
deitado na cadeira da cozinha, onde entra um raio de sol quentinho, quando o Tom resolveu
esquentar leite pra fazer chocolate. Ligou aquela máquina, tirou a xícara de leite do microondas
e veio sentar-se ao meu lado. Quando ele foi colocar o chocolate em pó no leite, aquela coisa
explodiu na sua cara. Acho que o leite se revoltou e esparramou-se pra todo lado. Eu só senti
aquela dor e corri assustado pra debaixo da cama pra lamber meu corpo ardido. Só depois é que
ouvi os berros do Tom, e os berros ainda mais altos daquela doidinha que trabalha aqui:

— Minha Virgem Maria, o que você fez, menino? Ai meu Jesus, o que eu faço agora?

O Tom queimou o rosto. Ouvi a mãe dele dizer que “ainda bem que não pegou nos olhos”.

Não tô falando que esta casa é uma ameaça pros gatos?

PERIGO NA COZINHA

Na casa do menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca, era assim: no domingo, era dia de a
mãe fazer comida, enquanto todos conversavam na cozinha.

Era assim: uma festa todos os domingos.

O pai cortava a carne, picava cheiro-verde e tomate maduro. A mãe refogava a cebola, que
soltava um aroma doce no ar. Preparava o pudim de laranja e fervia a água pro macarrão.

A menina pequenina passou por ali. Trocou um livro com o menino. O menino estava radiante.
Ele queria ler aquela história. Saiu correndo. Com um pulo das suas pernas longas, logo estaria
no quarto. Hércules, seu cachorro magricela, veio atrás, pulando também.

No caminho pro quarto, passou pela cozinha. Pegou um pedaço de tomate para si, um pedaço
de carne para Hércules. O pai falou:

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— Não!

Sempre correndo, o menino e seu cachorro passaram perto do fogão.

O cabo da panela, com a água do macarrão, entrou no seu caminho. A panela levou uma queda,
do fogão para o chão. No trajeto, saltou sobre o menino, feito cachoeira de água fumegante.

E o menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca agora pulava de dor.

A vovó de chapéu roxo com bolinhas amarelas me contou essa história. Contou também como
ela voltou no tempo, a tempo de o menino fazer tudo diferente e não mais se queimar.

Foi assim:

A menina pequenina passou por ali. Trocou um livro com o menino. O menino estava radiante.
Ele queria ler aquela história. Tranquilamente, se dirigiu pro quarto. Hércules, seu cachorro
magricela, foi atrás, abanando o rabo.

No caminho pro quarto, passou pela cozinha. Pegou um pedaço de tomate para si, um pedaço
de carne para Hércules. O pai perguntou:

— Vai ler?

O menino disse:

— Sim.

Sem pressa, o menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca parou na porta da cozinha,


sentiu cheirinho do pudim de laranja mandou um beijo para sua mãe e disse para seu cachorro
magricela:

— Vamos, Hércules, pro quarto, já!

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: ENVENENAMENTOS OU INTOXICAÇÕES

A VOVÓ DE CHAPÉU ROXO CUIDANDO DO BEBÊ

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A menina pequenina que usava óculos tinha uma irmãzinha muito mais pequenina que ela. Era
um bebê. A mãe das pequeninas foi as compras, e a menina ficou cuidando do bebê.

Bebês são tão rápidos. Com suas quatro patinhas, ops! Quatro perninhas, eles exploram todos
os cantos da casa. Entram em armários, sobem nas mesas, nas janelas, na cama, entram até na
casinha do gato.

A pequena menina não dava conta de cuidar da sua irmã.

Quando o bebê fica chateado, ele chora tanto. A pequena menina ficou tonta, com tanto choro
do bebê. A menina só queria um tiquinho de sossego. Tirou seus óculos e sentou um bocadinho
no sofá. Esfregou os olhos cansados de só vigiar. Fechou os olhos. O bebê estava ali. Ela podia
ouvir a sua voz. Por um momento, a menina pequenina sonhou que tinha asas e podia voar. Lá
de cima cuidava do bebê.

— O bebê! Onde está o bebê? — disse a menina levantando-se sobressaltada.

A menina colocou seus óculos e, com olhos esgazeados, procurou pela irmã.

´´Embaixo da mesa? Não está. No berço? Não está. No sofá? Não está. As janelas... corre... as
janelas. Não, não está! Não é possível. O bebê sumiu. Epa! Que faz a porta da pia da cozinha
aberta? Será?``

Lá estava o bebê.

´´Como esta danadinha conseguiu entrar aqui? O bebê está chupando bolinha? Bala de coco?
Tem alguma coisa errada. Embaixo da pia não é lugar pra bala de coco. Oh! Não. É aquela
bolinha fedida que mamãe usa para espantar as traças. E agora? O que fazer!``

A menina pequenina tinha medo e começou a chorar.

— Psiuuuuuuuu... vai ficar tudo bem.

A menina ouviu uma voz. Com olhos embaçados, procurou por ela. Na cadeira de balanço,
repousava a vovó de chapéu roxo com bolinhas amarelas. Suas mãos entre luvas encarnadas
seguravam o bebê. Ele dormia. Agora tudo estava bem.

Bicho-papão
Saia do telhado
Deixe esta criança
Dormir sossegada.

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AULA 4

CRIANÇA SEGURA NO TRÂNSITO


Olá! Iniciamos agora a nossa aula sobre o trânsito, que é a segunda causa mais significativa de morte
acidental na infância, junto com o afogamento. Vamos conhecer dicas importantes sobre como evitar
atropelamentos, acidentes envolvendo ciclistas na infância e também as dicas para a criança como
passageira do veículo. Caminhar pelas ruas e andar de bicicleta, skate, roller e patins e locomever-se
de um lugar a outro vai começando aos poucos a fazer parte da vida das crianças, mas a diversão se
torna um risco quando não tomamos os devidos cuidados.
Já que o trânsito é uma das principais causas de mortalidade infantil por acidente, consideramos
importante entendermos melhor que tipos de acidentes de trânsito mais acontecem com as
crianças pequenas. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam as seguintes proporções no
gráfico abaixo:

16%
Pedestre
33%
Ciclista
Motocicleta
Carro
5% 1%
Outros 45%

Causas de mortalidade no trânsito de 0 a 4 anos em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Podemos mudar a realidade dos acidentes adotando comportamentos mais seguros, de cuidado aos
pequenos pedestres, ciclistas e passageiros, ensinando desde cedo às crianças o comportamento
adequado no trânsito. Vamos então conhecer as medidas que nos ajudam a prevenir acidentes e
educar para o trânsito. Iniciaremos pelas dicas para levar a criança de forma segura dentro do carro,
já que esse tipo de acidente corresponde a 45% dos casos fatais no trânsito envolvendo as crianças
pequenas.

ATENÇÃO! PERIGO!
Quando uma criança anda de carro desprotegida, isto é, sem assento adequado ao seu peso e tamanho
e/ou sem cinto de segurança, as consequências podem ser graves – mesmo quando os automóveis
estão andando a uma velocidade moderada. As crianças pequenas ainda são muito frágeis e muito
menos tolerantes ao impacto que nós adultos, por isso nessa faixa etária é imprescindível ter muito
zelo para escolher a cadeirinha adequada, instalá-la corretamente e não abrir mão da cadeirinha
nunca, nem em trajetos curtos.

Imagine, por exemplo, que você está dirigindo a 50km/h e, de repente, colide com outro veículo. O que
pode acontecer com seu filho que está no banco traseiro? Abaixo, você confere vídeos que mostram
os efeitos do impacto sobre o veículo, sobre o passageiro, sobre os órgãos internos da criança e sobre
o bebê-conforto. Basta clicar sobre cada item e acesse a Aula 4 do curso.

Impacto de colisão de veículo (o que acontece no momento da colisão);


Impacto de colisão do passageiro (o que acontece com a criança solta no banco de trás do carro);
Impacto de colisão de órgãos internos (o que acontece aos órgãos internos do passageiro);
Impacto de colisão bebê-conforto (veja como o dispositivo de segurança protege a criança).

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GUIA DA CADEIRINHA

Ao entrar no carro, provavelmente a primeira coisa que


você faz é colocar o cinto de segurança. Essa é uma atitude
fundamental, pois protege o motorista e seus passageiros em
caso de acidente. Porém, não é a melhor forma de proteger
crianças em um veículo. O cinto de segurança é projetado
para adultos com, no mínimo, 1,45m de altura e, por isso,
não protege os menores dos traumas de um acidente.

A melhor proteção para crianças no carro é o uso de cadeiras e


assentos de segurança compatíveis com seu peso e tamanho.
Mesmo que seja para ir até a esquina ou percorrer pequenas distâncias, é fundamental usar um
sistema de segurança adequado, pois muitos acidentes acontecem perto de casa e a maioria das
colisões ocorre em ruas com baixos limites de velocidade.

Lembre-se sempre de que a cadeirinha deve se adaptar bem ao veículo e ser instalada corretamente,
de acordo com as recomendações do fabricante. Dê preferência às cadeiras certificadas, isto é, que
apresentam selo de qualidade, pois esta é a garantia de que o produto está preparado para resistir a
um acidente.

A seguir, confira algumas orientações específicas para cada modelo.

BEBÊ-CONFORTO OU CONVERSÍVEL

Indicado para: crianças de até 13 kg (aproximadamente um ano de idade), ou conforme instruções


do fabricante.

Posição: voltada para o vidro traseiro (isto é, de costas para o movimento), com leve inclinação,
conforme instruções do fabricante. Instalar sempre no banco de trás.

Recomendações: as tiras da cadeirinha devem ficar abaixo dos ombros da criança, ajustadas ao
corpo com, no máximo, um dedo de folga. Se houver clipe peitoral, deve ser ajustado na altura das
axilas.

Instalação: siga as orientações do fabricante. O cinto de segurança do carro deve passar pelos locais
indicados da cadeirinha, e esta não deve se mover mais do que 2 cm para os lados, após sua fixação.

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DICAS IMPORTANTES
Esta é a posição em que o bebê fica mais protegido em caso de acidentes, pois evita os traumas
na coluna cervical.

Após instalada corretamente, a cadeirinha deve ficar reclinada o suficiente para que a cabeça do
bebê possa descansar de forma plana – lembrando que o limite da inclinação é de 45º.

Nunca coloque nada entre a criança e a cadeira. Cuidado com roupas muito grossas ou
acolchoadas, pois esses materiais podem ser comprimidos num acidente, o que deixaria o cinto
de segurança frouxo, comprometendo a segurança da criança.

Não use este tipo de cadeirinha quando o carro tiver air-bag frontal ou lateral. A força de um
airbag em formação sobre o bebê-conforto pode resultar em ferimentos graves ou até em morte.

Se a cadeirinha tiver uma alça, consulte as orientações do fabricante sobre a posição em que a
alça deve ficar durante o transporte no carro. A maioria das cadeiras americanas pede que as
alças fiquem para baixo durante o transporte no carro.

Para saber a hora exata de tirar o bebê desse equipamento e colocar na cadeirinha, é importante
considerar altura e peso, além da idade. O peso limite sempre será o indicado pelo fabricante do
bebê-conforto. E a altura limite para um bebê no bebê-conforto é quando o topo de sua cabeça
começa a ultrapassar o topo do equipamento.

CADEIRINHA DE SEGURANÇA

Indicado para: crianças de nove a 18 kg (aproximadamente um a quatro anos de idade).

Posição: voltada para frente, na posição vertical, no banco de trás.

Recomendações: as tiras da cadeirinha devem iniciar acima dos ombros e estar ajustadas ao corpo
da criança com, no máximo, um dedo de folga. Se houver clipe peitoral, ajuste-o na altura das axilas.

Instalação: siga as orientações do fabricante. O cinto de segurança do carro deve passar pelos
locais indicados da cadeirinha e, após sua fixação, ela não deve se mover mais do que 2 cm para
os lados. Pais e responsáveis devem ler atentamente as instruções da cadeirinha de segurança e o
manual do carro.

DICAS IMPORTANTES
Use uma cadeirinha de segurança de frente para o movimento, com sistema de retenção (cinto
da cadeira) de cinco pontos, na posição vertical, de acordo com as instruções do fabricante.

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Nunca coloque nada entre a criança e a cadeira. Cuidado com roupas muito grossas ou
acolchoadas, pois esses materiais podem ser comprimidos num acidente, o que deixaria o cinto
de segurança frouxo, comprometendo a segurança da criança.

Para saber a hora exata de passar a criança desse equipamento para o assento de elevação, é
importante considerar altura e peso, além da idade. O peso limite sempre será o indicado pelo
fabricante da cadeirinha. E a altura limite para uma criança na cadeirinha é quando a altura do
olho começar a ultrapassar o topo do equipamento.

CERTIFICAÇÃO DAS CADEIRINHAS DE SEGURANÇA

Pais e responsáveis devem estar atentos ao selo de certificação de padrões de segurança brasileiro (selo
do Inmetro), europeu ou americano. No Brasil, temos a NBR 14400, norma que estabelece os requisitos
de segurança de dispositivos de retenção para criança em veículos (cadeira e assento auxiliar).

Modelos americanos e europeus – levam sempre o selo de certificação, que nesses países é obrigatória.
Modelos brasileiros – devem necessariamente ter o selo de certificação Inmetro.

Para proteção da criança, deve-se optar sempre por uma cadeira de segurança que tenha o selo de
certificação. Ele é a garantia de que o equipamento foi aprovado nos testes que garantem sua eficácia
no caso de colisão do veículo. Os testes são:

Estático – a cadeira é verificada quanto à resistência dos cintos, das fivelas e toxidade dos materiais
usados, entre outros itens.
Dinâmico (car crash) – a cadeira é instalada dentro de um carro que colidirá contra um muro a 50 km/h.

ERROS MAIS COMUNS NO USO E INSTALAÇÃO DE CADEIRINHAS


DE SEGURANÇA

Usar uma cadeira inapropriada para a idade ou tamanho da criança.


Colocar uma criança menor de um ano de idade ou com menos de 13 kg
em uma cadeira de segurança de frente para o movimento.
Não instalar a cadeira bem presa ao banco do carro.
Não posicionar a criança corretamente na cadeira de segurança.
Instalar a cadeira no banco da frente.

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OUTROS CUIDADOS IMPORTANTES

Cadeirinha instalada, criança corretamente posicionada,


é hora de curtir o passeio! Mas, antes, dê atenção às
seguintes dicas:

Em dias quentes e ensolarados, o calor dentro do


carro parado é intenso e as crianças podem sofrer
sérias lesões em poucos minutos, pois seu corpo não
suporta altas temperaturas.

Em carros com vidros elétricos, todo cuidado é pouco: a criança pode sufocar caso feche a janela
enquanto está com a cabeça para fora. Portanto, trave a abertura das janelas.

Em veículos de quatro portas, trave as portas traseiras, impedindo a criança de abri-las


internamente.

Mantenha os bancos traseiros travados para impedir que a criança entre no porta-malas por
dentro do carro.

Nunca deixe a criança sozinha dentro de um automóvel.

Nunca deixe o carro estacionado aberto, pois a criança pode entrar e não conseguir sair.

Depois de trancar o carro, certifique-se de que as chaves estão com você e deixe-as longe do
alcance da criança.

Ensine a criança a não brincar dentro ou perto de automóveis.

PARA CONTINUAR A LEITURA

Confira outros materiais informativos sobre como garantir a segurança das crianças no carro:

Guia Criança Segura no Carro:


http://criancasegura.org.br.previewc75.carrierzone.com/wp-content/uploads/2016/08/01-1.pdf

Checklist para verificação das cadeirinhas:


http://criancasegura.org.br.previewc75.carrierzone.com/wp-content/uploads/2016/08/05-3.pdf

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SEGURANÇA NO TRANSPORTE ESCOLAR

Sabemos que muitos pais e mães não podem levar seus filhos pessoalmente à escola. Nesses casos,
uma opção é a contratação de um serviço especializado de transporte escolar. A seguir, veremos como
verificar se o serviço escolhido é realmente uma opção segura para sua família.

Os veículos autorizados para o transporte escolar são ônibus, vans, kombis e embarcações (barcos).
Motocicletas, carros de passeio e caminhões não são recomendados para esse tipo de transporte.
Eventualmente, o Departamento de Trânsito (Detran) local pode autorizar o transporte em camionetes
ou até em carros menores, desde que sejam adaptados para a segurança das crianças – esse tipo de
autorização só costuma acontecer em municípios com estradas precárias.

Todo veículo de transporte escolar deve estar em boas condições e receber uma autorização especial,
expedida pela Divisão de Fiscalização de Veículos e Condutores do Detran ou pela Circunscrição
Regional de Trânsito (Ciretran). A autorização deve ser fixada na parte interna do veículo, ficando bem
visível. Além das vistorias normais no Detran, o veículo precisa fazer mais duas vistorias específicas
(uma em janeiro e outra em julho) para verificação dos equipamentos de segurança.

Veja, abaixo, um checklist com os detalhes que você deve conferir na hora de contratar um serviço de
transporte escolar.

Os ônibus, vans e kombis devem ter:

Cintos de segurança em boas condições e para todos os passageiros;


Grade separando as crianças da parte onde fica o motor;
Seguro contra acidentes;
Tacógrafo (um aparelho instalado no painel que vai registrando a velocidade e as paradas do
veículo em um disco de papel) – os discos devem ser trocados todos os dias e guardados pelo
período de seis meses, para fiscalização do Detran;
Apresentação diferenciada, com pintura de faixa horizontal, em cor amarela, nas laterais e
traseira do veículo, com a palavra ESCOLAR escrita em cor preta.

O motorista de ônibus, vans e kombis escolares deve:

Ser maior de 21 anos e habilitado para categoria D;


Ter sido submetido a exame psicotécnico, com aprovação especial para transporte de escolares;
Ter realizado curso de Formação de Condutor de Transporte Escolar;
Possuir matrícula específica no Detran;
Não ter cometido falta grave ou gravíssima de trânsito nos últimos 12 meses.

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As embarcações escolares devem:

Ter coletes salva-vidas para todos os passageiros – todas as crianças devem usá-lo, mesmo as
que sabem nadar;
Estar em boas condições de uso e tráfego;
Ser devidamente registradas na Capitania dos Portos;
Fixar em local visível sua autorização para trafegar;
Possuir cobertura para proteção contra o sol e a chuva;
Ter grades laterais para proteção contra quedas;
Possuir cobertura do motor para evitar escalpelamento.

O condutor de embarcação escolar deve:

Ser maior de 21 anos e habilitado na Capitania dos Portos;


Ter sido submetido a exame psicotécnico, com aprovação especial para transporte de alunos;
Ter realizado curso de Formação de Condutor de Transporte Escolar;
Possuir matrícula específica na Capitania dos Portos.

ORIENTE SEU FILHO OU FILHA

As crianças que utilizam transporte escolar devem ser especialmente educadas sobre como se
comportar durante o trajeto, pois algumas atitudes podem atrapalhar o motorista e aumentar o risco
de um acidente. Mesmo que os pequenos ainda não sejam conscientes do perigo nem capazes de
compreender as regras de segurança, é importante começar a trabalhar essas orientações desde cedo:

Todos devem permanecer sentados enquanto o veículo estiver trafegando;


É importante afivelar o cinto de segurança ou a boia salva-vidas;
Não se deve ficar conversando com o condutor do veículo enquanto ele estiver dirigindo;
É fundamental respeitar o monitor do veículo;
Todos devem contar aos pais sobre o que acontece durante a viagem;
Só se pode descer do veículo depois que ele parar totalmente.

FAMILIARES E RESPONSÁVEIS EM AÇÃO NA PREVENÇÃO DE


ATROPELAMENTOS E ACIDENTES ENVOLVENDO BICICLETAS

A promoção da saúde e da qualidade de vida depende tanto de programas e práticas educativas


quanto da participação de cada cidadão. No que diz respeito à prevenção de atropelamentos e a-
cidentes envolvendo bicicletas, as atitudes adotadas por cada pedestre em relação ao trânsito, no

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seu cotidiano, interferem na redução do número de acidentes. Por isso, é tão importante que os
pais adotem o comportamento do bom pedestre, servindo de exemplo aos seus filhos e difundindo
práticas seguras.

Crianças pequenas ainda não sabem fazer uma leitura adequada do trânsito. Muitas vezes pensam
que tanto os carros quanto as bicicletas podem parar instantaneamente ou que, se elas podem ver o
motorista/condutor, ele também é capaz de vê-las.

ATENÇÃO ÀS GARAGENS

Crianças pequenas são vítimas fáceis de morte e de lesão por atropelamento em entradas de garagem,
principalmente quando o veículo está dando ré. Não deixe seu filho brincar ou andar de bicicleta, skate
e patins em frente a portões eletrônicos e entradas de garagens, quintais sem cerca, estacionamentos,
nas vias de trânsito de veículos ou mesmo junto ao meio-fio.

POR QUÊ?

Muitas vezes elas podem não ser vistas, devido ao seu tamanho pequeno. As áreas mais seguras para
brincar são parques, praças, áreas livres cercadas e quadras desportivas.

A INICIAÇÃO DA CRIANÇA COMO PEDESTRE

Recomendamos que a criança comece a andar sozinha na rua a partir dos 10 anos de idade, mas para
isso ela deve ter sido preparada antes. Portanto, os pais, familiares e cuidadores devem aproveitar
essa fase em que a criança começará a circular pelas ruas andando para já desde cedo oferecer como
referência exemplos de comportamentos seguros. Essa fase é ideal para a formação de um futuro
pedestre consciente e seguro.

Saiba quais são as referências de um bom pedestre que você


pode mostrar aos seus filhos:

Respeitar a sinalização de trânsito;


Utilizar sempre faixas de segurança e locais com semáforos
para atravessar a rua, e, quando não houver, priorizar a
travessia nas esquinas, onde será visto mais facilmente;
Evitar atravessar no meio dos quarteirões, cruzamentos e
rotatórias – locais perigosos devido ao tráfego em mais de
um sentido;
Antes de atravessar, confirmar que está sendo visto pelos
motoristas/condutores, comunicando-se através do olhar e
de gestos;

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Olhar sempre para os dois lados da via, antes e durante sua travessia, mesmo quando em pistas
de sentido único – inesperadamente pode surgir um veículo em sentido diferenciado;
Sempre andar pelas calçadas e, na falta delas, ir no sentido contrário dos veículos para fazer
contato visual;
Nunca atravessar a rua olhando para o celular ou utilizando fones de ouvido;
Desembarcar do veículo sempre para o lado da calçada.

Se você estiver circulando com mais de uma criança pela rua, coloque-as para andar em fila única, em
vez de lado a lado.

BICICLETA, PATINS, SKATE E PATINETE

Pode ser que o seu filho ou filha se interesse desde pequeno


por atividades radicais, apesar delas serem mais comuns
para crianças a partir dos cinco anos. Ou então ele pode ir na
bicicleta junto com um adulto em um passeio.

Quando andar de bicicleta, skate e patins, a criança deve estar


com capacete. Lembre-se de que isso também implica:

Na escolha adequada do capacete, conforme o tamanho


da criança e a qualidade e o conforto do produto;

No uso adequado do capacete, que deve estar centrado em cima da cabeça e com suas tiras
corretamente ajustadas sob o queixo, sem ficar solto, frouxo ou mesmo apertado demais.

Durante as brincadeiras com bicicleta, skate ou patins, um dos maiores perigos são as lesões na
cabeça. Elas podem levar à morte ou deixar sequelas permanentes. O uso do capacete é a maneira
mais efetiva de reduzir esse problema, podendo evitar a morte em 85% dos casos, quando colocado
corretamente e tendo o tamanho adequado.

Escolha uma bicicleta adequada à faixa etária do seu filho. Lembre-se de que os pés da criança devem
alcançar o chão quando ela senta na sua bicicleta. Não permita que seu filho ande de bicicleta, skate
ou patins à noite, sem o uso de roupas e acessórios luminosos. Além disso, é indispensável utilizar os
equipamentos de segurança, como joelheiras e cotoveleiras.

Se estiver carregando uma criança em uma bicicleta, é importante também buscar uma cadeirinha
de transporte segura e que tenha cintos. Eles devem estar sempre bem afivelados para garantir a
segurança no passeio.

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IMAGINAÇÃO A SERVIÇO DA PREVENÇÃO

Além de adotar atitudes seguras, podemos também educar os pequenos para o trânsito de forma
divertida, explorando o imaginário das crianças. Que tal entrar em ação e contar histórias aos pequenos?
Quer uma ajuda? Acesse o nosso material de apoio aos familiares e responsáveis! Selecionamos
uma série de histórias infantis sobre atropelamentos e acidentes envolvendo bicicletas, para serem
narradas em família. Você certamente saberá escolher as histórias mais adequadas à faixa etária e à
realidade de seu(s) filho(s).

Lembre-se de que a contação de histórias faz parte do desenvolvimento infantil, explora a imaginação
e aumenta o gosto pela leitura. Também pode ser um belo momento de convivência e troca emocional
em família. Portanto, solte a sua criatividade e não tenha medo de contar, interpretar e inventar
histórias divertidas e cheias de emoção!

Agora, convidamos você a realizar a leitura de material traduzido pela Criança Segura que ilustra
uma possível prática inovadora em prol da prevenção de acidentes e da melhoria dos hábitos no
trânsito. O Guia Ônibus a pé [http://criancasegura.org.br.previewc75.carrierzone.com/wp-content/
uploads/2016/08/09-1.pdf] é uma adaptação da publicação do The Walking Bus - a step-by-step
guide - Hertfordshire. Sugerimos que reflita se essa alternativa é viável em seu bairro.

Chegamos ao final da nossa formação no que se refere à prevenção de acidentes com crianças na
primeira infância. Esperamos que você compartilhe seus novos conhecimentos com outros pais,
familiares e responsáveis e divulgue este curso a todos os interessados na cultura da prevenção de
acidentes com crianças. Você já pode realizar o questionário de conhecimentos aprendidos para
finalizar e concluir o curso e responder a nossa pesquisa de avaliação. Mas caso tenha interesse em
aprimorar ainda mais os seus conhecimentos, temos uma aula adicional que aborda algumas dicas
específicas dos acidentes com crianças maiores. Não deixe de conferir!

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MATERIAIS DE APOIO AOS
FAMILIARES E RESPONSÁVEIS

AULA 4 CRIANÇA SEGURA NO TRÂNSITO


HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE ATROPELAMENTOS

A CRIANÇA E O GATO PELAS RUAS

Olá. Eu sou o Joca. Eu sou um gato. Não um gato qualquer. Sou muito especial. Tenho uma
tarefa que dá um trabalho, viu? Eu vou lhe contar. Este vai ser o nosso segredo.

Moro com um amiguinho, um humano, que vive se metendo em confusão. E quem é que tira ele
das encrencas? Eu, o super-Joca, o gato mais falante de toda a redondeza.

Eu sou um belo gato. Modéstia à parte, me acho... um gato! Sou preto, bem preto; meu pelo é
brilhante; meu olho é verde, bem verde.

Meu amiguinho tem o costume de brincar na rua. Ele sabe que a rua já não é mais lugar de
brincadeira. Pelo menos a rua na qual ele mora. Mas ele é teimoso, cabeça-dura. Nem adianta
a mãe dele dizer:

— Filhinho, sai da rua, que vem carro!

Ele grita:

— Tá bom, mãe, já vou!

Mas continua lá.

Outro dia eu estava curtindo a calmaria de um telhado ensolarado. Com um olho eu dormia,
com o outro cuidava do meu amigo que andava de skate. Ele fez um ollie, tirou o skate do chão
e ficou se exibindo pros outros meninos.

Com meu olho acordado, eu vi um carro que vinha em alta velocidade. Percebi que meu amigo,
no seu ollie radical, ia se esborrachar embaixo das rodas do carro. Saltei rapidamente do telhado
e comecei a atravessar a rua, calmamente. O motorista me viu, buzinou e freou a tempo de o
meu amiguinho sair da rua. Acho que ele ficou mais assustado com a voz irritada do motorista
do que com a possibilidade de ser atropelado. O moço gritou:

— Ei, menino, nesta rua não pode brincar não. Carro mata, viu?

Meu amiguinho ficou gelado e disse:

— Ei, Joca, vamos pra casa. Que susto, hein? O carro quase o pegou.

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O MENINO E A VOVÓ DE LUVA VERMELHA

Todos os dias o menino ia pra escola. Todo dia o menino atravessava a rua, com suas pernas-
de-saracura e pulga na cueca. Nem olhava pros lados. Até parece que a rua era só dele. Passava
correndo na frente dos carros e dos ônibus grandalhões.

E os ônibus: bip bip bip biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiliiiiiiiiiiiiiiiip...

O menino ria e corria.

A professora do menino não achou graça naquela brincadeira e disse:

- Menino, não pode atravessar no meio da rua. Você tá vendo aquela faixa branca?
É por ela que se atravessa. Ela foi pintada no chão pra gente passar com segurança. E só quando
os carros estiverem parados, entendeu?

O menino responde:

- Sim, senhora!

- E por que você atravessa no meio da rua quando os carros estão andando?

- Sei não, senhora.

Mas o menino, de pernas-de-saracura e pulga na cueca, continuou a fazer tudinho


como fazia todos os dias: ria e corria no meio do rua. Até que... biiiiiiiiiiiiiiiiiiippppppppp
biiiiiiiiiiiippppppppppp biiiiiiiiiiiipppppppp, fez um carro amarelo.

Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, gritou o ônibus grandão.

O menino dançava entre os carros e tentava atravessar.

E agora? Eles vinham em disparada. Todos de uma vez. Não dava para ir pra lá, nem dava para
correr pra cá. Foi então que ele a viu, pela primeira vez.

Ela tinha a cabeça branca e usava um chapéu roxo com bolinhas amarelas. Estava parada na
calçada, do outro lado da rua, na faixa branca. Ela sorriu pro menino e com um gesto, fez o
tempo parar.

CURSO ON-LINE CRIANÇA SEGURA PARA FAMILIARES E RESPONSÁVEIS 55


Foi ao encontro do pequeno e pegou na sua mão. Atravessaram na faixa de pedestre. Quando
já estavam na calçada, os carros voltaram a correr. O menino olhou pro lado. A vovó não estava
mais lá. Olhou pro outro lado da rua, e lá estava ela. Sorriu pro menino e acenou com a mão
escondida numa luva vermelha.

No outro dia, ela estava lá, ao lado da faixa branca... e no outro dia também... e no outro, no
outro e no outro...

Ela erguia sua mão, o tempo parava, e o menino atravessava a rua na faixa branca, levado pela
mão encarnada da vovó.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: SEGURANÇA NO AUTOMÓVEL

O PASSEIO DO GATO

Há dias que a gente nem devia sair da cama, você não acha? Ontem foi um desses dias. Eu
estava enrolado nas cobertas quando ouvi:

— Filhinho, pega o Joca. Hoje é dia de vacina do gato.

Não gosto de injeção. Rapidamente me enfiei embaixo da cama. Meu amiguinho não
conseguiu me tirar, mas sua irmã, sim. Ela me chamou de um jeito tão especial, que até esqueci
o que fui fazer lá, e saí ronronando e me esfregando nas pernas da menina.

Duas mãos enormes me apanharam e me enfiaram dentro de uma caixa minúscula. Em


seguida, eu já estava dentro de um carro barulhento, numa rua barulhenta, em direção a
uma casa cheia de cachorros barulhentos, e o que é pior, pra levar uma picada daquelas.

Meu amiguinho sentou no banco de trás comigo, e sua irmã, no banco da frente. A mãe
dele dizia:

— Meu filho, coloque o cinto de segurança. Minha filha, para trás, na sua cadeirinha, já.

Eles nem ouviam. Continuavam a brigar. Os dois discutiam por uma bobagem, e o menino
deu de puxar as tranças da menina. Ela se virou para lhe dar um tabefe. A mãe gritou:

— Parem vocês dois. Já. Ainda bem que este veterinário é pertinho.

Eu fiquei apavorado, porque ela falou isso olhando pra nós, e não percebeu que um carro

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começava a cruzar a rua. Eu gritei, com a minha voz de gato:

— Cuidado! Carro no cruzamento.

Foi por um triz! Ainda bem que tenho sete vidas. Mas os humanos, pelo que eu sei, só têm uma
vida, e se não cuidarem...

A MENINA E A VOVÓ-BORBOLETA

Era uma vez um carro vermelho e veloz. Era uma vez uma menina pequenina que usava óculos.
Ela sentava no banco da frente. Queria ver a paisagem, por isso ajoelhou-se perto do janela.
Agora podia ver o campo, as ovelhas passeando, as vacas pastando, o homem lavrando a terra.

O pai dirigia sério. Nem percebia que a menina tinha o nariz grudado na janela. Nem percebia
que ela estava no banco da frente. Nem percebia o perigo que era estar sentada no banco da
frente, com o nariz grudado na janela.

- Olha a cascata! - dizia ela. - Olha o rio!

- Olha, papai, uma vovó de chapéu roxo com bolinhas amarelas!

Papai nem ouvia a menina. Só via os carros que passavam rápido na rodovia. Caminhões,
caminhões, caminhões. Fila de caminhões e carros que queriam andar mais rápido que
os caminhões.

A menina conversou com a vovó, enquanto seu nariz continuava grudado na janela. A vovó,
do tamanho de uma borboleta, solta no ar, voava do lado de fora da janela. Com suas mãos
escondidas, fazia sinal pra menina passar para o banco de trás.

A vovó não falava, mas a menina podia ler seus pensamentos. A vovó indicou o assento de
segurança que estava no banco de trás. A menina não gostava de sentar naquele assento,
porque não podia ficar com o nariz grudado na janela.

Mas a vovó era tão linda. Sorria grande. Falava doce. A menina gostou da vovó e sentou no seu
lugar, no assento do banco de trás.

A vovó entrou por uma fresta da janela e prendeu o cinto de segurança na menina.

A menina sorriu, e a vovó cantou baixinho, só pro seu coração escutar:

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Dorme, dorme, minha bela, e que Deus, no alto, guarde a ti e às crianças, de todos os males.

E a menina sentiu-se segura, dormiu e sonhou com as ovelhas no campo, enquanto o carro
vermelho deixava os caminhões para trás.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: SEGURANÇA DOS CICLISTAS

O MENINO E SUA BICICLETA

Agora, vocês vão conhecer a minha família humana: meu amigo se chama Tom, acabou de fazer
seis anos, gosta de jogar bola, voar de bicicleta e brincar com carrinhos.

A sua irmã se chama Dora, mas eu a chamo de Ioiô Dora, porque ela pula e roda sem parar,
como um ioiô. Ioiô Dora vai fazer cinco anos. Tenho, também, dois amigos felinos, que moram
na casa ao lado: a Biba e o Nino.

Eu estou muuuuuuuito triste. Bem triste mesmo. Eu bem que tentei, mas não consegui. Eu, o
super-Joca, não consegui impedir o tombo do Tom. E que tombo! Em toda a minha vidinha de
gato, nunca vi coisa assim.

Tom andava de bicicleta na rampa do condomínio onde ele mora. Ele com outros garotos
subiam e desciam com tanta velocidade, que até resolvi sair de perto. Eu dizia: “Tom, vá devagar!
Olha o outro garoto! Carro saindo da garagem! Ioiô Dora no caminho.” Mas que nada! O Tom
parecia estar surdo. Com a sua superbicicleta, fazia vruuuummmmmmmmmmmmmmm... tirava
a roda do chão... freava... soltava as mãos.

Aiaiaiiaiiiiaiiiiiiii!!! Eu punha a minha patinha na frente dos olhos. Não queria nem ver, e gritava:
“... carro entrando... menino na contra-mão...”.

E o danado do Tom: vruuuuuummmmmmmmmm.

Eu bem que quis chegar mais perto pra alertá-lo do perigo de um tombo daqueles.

O menino estava passando do limite, e muito. Mas era impossível. Ele gritava, pulava... e foi aí
que aconteceu.

Um dos garotos não conseguiu desviar e chocou-se com o Tom. Voaram os dois. Espatifaram-se
no chão. Foi aquela choradeira. Fiquei gelado. Saía sangue da cabeça do meu amigo. Corri pra
dentro de casa, me pendurei na perna do pai do Tom e levei-o para fora. Só conseguia dizer:

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— O Tom... o Tom...

O Tom quebrou o braço, machucou a cabeça e ralou o joelho, e o outro menino quebrou
um dente.

Já viu uma coisa dessas? Isso até pode virar história: o dia em que a inofensiva bicicleta se
transformou numa inimiga mortal.

O MENINO E A VOVÓ DE CHAPÉU ROXO

O menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca estava correndo atrás da bola. A bola foi
parar na rua. Na rua, passava um moço numa bicicleta. O moço da bicicleta atropelou o menino.

Não! Não é assim. Começa outra vez.

O menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca estava correndo atrás da bola. A bola


foi parar na rua. Na rua, passava um moço numa bicicleta. O moço da bicicleta freou e não
atropelou o menino.

Outra vez!

O menino de pernas-de-saracura e pulga na cueca estava correndo atrás da bola. A bola foi
parar na rua. Na rua, passava um moço de bicicleta. O moço pedalava rápido, e o suor escorria
por dentro de seu capacete laranja. Ele nem olhava para os lados. Não passeava. Apenas corria.
Não via nada na sua frente além do caminho estreito por onde voava a sua bicicleta. Veloz...

veloz... velozzzzzzzz.

Era um dia nublado, chuvoso e frio.

O menino brincava apenas. Brincava de bola na frente de casa. Fazia uma, duas, três, quatro
embaixadinhas. A bola saiu do seu joelho e foi parar no caminho da bicicleta. Mas a bicicleta
não podia parar. A bicicleta, com o moço de capacete laranja, andava cada vez mais rápida.

O menino correu atrás da bola, pra fazer cinco, seis, dez, quinze embaixadinhas. O nevoeiro
estava baixo e ele nem viu o capacete laranja. Mas viu um vulto ir se formando à sua frente: era
a vovó de chapéu roxo com bolinhas amarelas. Ela pegou na sua mão. Soprou forte em direção
ao moço da bicicleta, e ele foi parando... parando... sem mesmo saber o porquê. Parou!

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O menino pegou sua bola e já ia agradecer à vovó.

Cadê a vovó? A vovó não estava mais lá. E a bola? Onde estava a bola?

Ah! Lá estava a bola, nos pés da vovó.

O moço da bicicleta retomou o seu caminho. Agora ele passeava, pensava no vento, pensava
no tempo.

A vovó jogou a bola pro menino. E o menino, de pernas-de-saracura e pulga na cueca,


recomeçou as brincadeiras: dezesseis, dezessete... vinte e duas... vinte e cinco... trinta e oito...
quarenta embaixadinhas.

Enquanto isso, pensava naquele caminho, onde tudo pode aparecer entre a neblina: vovós,
bicicletas, capacetes laranja, e muito perigo.

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AULA 5

NOSSAS CRIANÇAS SEMPRE


SEGURAS
Olá! Chegamos ao final da nossa caminhada em busca de práticas para promover uma infância mais
segura. Temos a certeza de que você já está sabendo como evitar acidentes com as crianças e, assim,
também poderá contribuir com a difusão da cultura da prevenção e de ações e políticas que visem
a uma sociedade mais consciente em relação à educação, à proteção e à qualidade de vida e saúde
da criança.
Agora chegou a hora de conhecermos mais sobre prevenção de acidentes para crianças maiores de
cinco anos, afinal, você pode ter sob seus cuidados filhos, sobrinhos ou outras crianças nessa faixa
etária, ou mesmo pode já ir se preparando para quando os pequenos crescerem.

Vamos começar sabendo quais são os acidentes fatais mais comuns na faixa etária de 5 a 14 anos:

7%
2%
Trânsito 6%
Queda 3%
Afogamento
Sufocação 51%

Queimadura 27%
Intoxicação
Outros

4%

Mortalidade de 5 a 14 por acidentes em 2014 (fonte: Ministério da Saúde, Datasus)

Percebemos que o trânsito é o grande vilão nessa faixa etária, sendo responsável por mais da metade
das mortes. É muito comum que, nessa idade, a criança comece a fazer trajetos a pé desacompanhada
de adultos sem estar de fato preparada para tal, mais à frente entenderemos melhor essa questão.

Os afogamentos também são bastante comuns. Vamos a algumas reflexões sobre os possíveis motivos:

Muitas vezes os pais e cuidadores podem pensar que, nessa idade, a criança já consegue “se
virar” na água;
É frequente também que, nessa idade, a criança já tenha feito aulas de natação em algum
momento, o que passa a falsa sensação de segurança aos pais;
Por fim, conforme a criança vai crescendo e ganhando independência, ela pode apresentar
resistência para usar equipamentos de proteção na água, como coletes salva-vidas.

Diante dos pontos levantados, a grande dica aqui para evitarmos os afogamentos com os maiores
é continuarmos vigilantes e com os mesmos cuidados que temos com os pequenos. A água pode
trazer situações de risco que colocam até nós adultos em perigo e nos deixam sem saber como reagir;
portanto, nada de afrouxar o cuidado quando a criança cresce. Criança na água merece supervisão
sempre! Se quiser relembrar as dicas de prevenção, revisite a aula 2 deste curso.

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Antes de seguirmos para as dicas de trânsito e outros acidentes típicos dessa faixa etária, é importante
sabermos quais são as principais características das crianças e adolescentes entre cinco e 14 anos.
Veja a seguir.

Interessam-se por velocidade, aventura e ousadia.


Distraem-se facilmente.
Podem ser persuadidos.
Têm crescente independência.
Apreciam e experimentam novas coisas.
Aderem às regras do grupo.
Assumem tarefas de adultos.
O crescimento na altura supera a coordenação e a maturidade.

Isso significa que, diferente das crianças menores, nessa idade elas já entendem o que pode
ser perigoso, mas muitas vezes tomam atitudes irresponsáveis exatamente pelas características
citadas acima.

CRIANÇA SEGURA NO TRÂNSITO

Como vimos, o trânsito é a principal causa de morte acidental nessa faixa etária. O texto abaixo nos
trará elementos para entender melhor os perigos desse complexo sistema que é o trânsito.

POR QUE TANTOS ACIDENTES DE TRÂNSITO NA INFÂNCIA?

As condições ambientais interferem na incidência dos


acidentes de trânsito quando representam obstáculos para
a visibilidade de motoristas e pedestres. Por exemplo: noite,
chuva e neblina tornam-se perigos adicionais. O período
mais crítico é das 18h às 20h, tanto pelo intenso movimento
quanto pela rápida alteração da luminosidade natural.

Quanto às condições de tráfego e das vias públicas, os centros


urbanos brasileiros deixam muito a desejar. As cidades estão
cada vez mais superlotadas de veículos e carecem de melhor
planejamento urbano e de tráfego. Vemos inúmeras vias
em péssimas condições de manutenção, falta sinalização
adequada em diversos pontos de tráfego, e ainda carecemos de uma fiscalização de trânsito mais
eficiente. Cabe lembrar que as vias e pistas múltiplas e com sentido duplo são as mais perigosas.

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A política de mobilidade urbana vigente em nosso país prioriza o tráfego de automóveis em
detrimento da circulação de todos. Os privilégios concedidos ao automóvel na gestão de obras viárias
e rodoviárias pelas várias instâncias de governos se sobrepõem aos direitos elementares das pessoas.
Vemos predominar o individualismo, a violência e a impunidade, ao invés de um trânsito seguro cujos
imperativos sejam a coletividade e o exercício diário da cooperação e da solidariedade.

No âmbito do comportamento coletivo, os acidentes de trânsito são fruto de posturas agressivas,


impulsivas e competitivas, da desatenção ou do desconhecimento das regras de trânsito, assim
como do individualismo e da pressa característicos do estilo de vida moderno. Todos querem chegar
antes, beneficiando apenas a si próprios, mesmo que isto custe o desrespeito à vida e às convenções
do trânsito.

Ressaltamos ainda os problemas comportamentais de pais e responsáveis por menores de 14 anos.


Nesse sentido, são atitudes que contribuem com as trágicas ocorrências no trânsito:

Falta de educação para o trânsito;


Falta de acompanhamento das crianças pedestres (menores de 10 anos não devem atravessar
a rua sem acompanhamento adulto);
Uso de cintos, assentos e cadeirinhas de segurança incompatíveis com o peso e o tamanho
da criança;
Trafegar com crianças soltas no carro, sem nenhum dispositivo de segurança;
Trafegar com bebê no colo;
Má instalação dos equipamentos de segurança.

A respeito do trânsito em bicicletas, skates e patins, a principal observação é a de que as crianças


não gostam de usar capacete, e os pais acabam cedendo à vontade da garotada. Mas assim elas
ficam sujeitas ao risco de sofrer lesões na cabeça, muitas vezes convivendo com sequelas irreversíveis,
principalmente jovens de 11-14 anos, que pedalam 50% mais rápido do que a média dos ciclistas.

ATENÇÃO NA RUA

Não permita que seu filho menor de 10 anos atravesse a rua sozinho. A supervisão de um adulto é
vital até que os pequenos demonstrem certas habilidades e capacidade de julgamento do trânsito.
Seja a pé ou em bicicleta, skate ou patins, os pequenos nem sempre são capazes de reconhecer e
reagir rapidamente ao perigo.

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POR QUÊ?

Os menores de 10 anos estão numa fase do desenvolvimento em que ainda têm dificuldade de julgar
a velocidade de deslocamento dos veículos, as relações distância/velocidade entre veículos/pedestres
e a direção dos sons do ambiente.

Para preparar a criança para que, a partir dos 10 anos, comece a circular sozinha pela rua, devemos
ensinar através do exemplo e da orientação de que um pedestre consciente:

Conhece e respeita a sinalização de trânsito;

Reconhece o melhor local para atravessar a via, utilizando faixas de segurança e locais com
semáforos, e, quando não houver, prioriza a travessia nas esquinas, onde será visto mais facilmente;

Evita atravessar no meio dos quarteirões, cruzamentos e rotatórias – locais perigosos devido ao
tráfego em mais de um sentido;

Antes de atravessar, confirma que está sendo visto pelos motoristas/condutores, comunicando-se
através do olhar e de gestos;

Olha sempre para os dois lados da via, antes e durante sua travessia, mesmo quando em pistas de
sentido único – inesperadamente pode surgir um veículo em sentido diferenciado;

Observa o melhor momento de atravessar, atentando também ao direito de passagem de


condutores/veículos;

Participa da mobilização comunitária em torno dos problemas e da segurança do trânsito;

É atento aos veículos que estão dando marcha a ré na saída de garagens e estabelecimentos;

Sempre anda pelas calçadas e, na falta delas, vai no sentido contrário dos veículos para fazer
contato visual;

Evita andar na rua entre 19h e 7h da manhã, horários em que está escuro e será mais difícil ser
visto;

Nunca atravessa a rua olhando para o celular ou utilizando fones de ouvido;

Anda em fila única quando estiver com mais de uma criança, em vez de colocá-las lado a lado;

Desembarca do veículo sempre para o lado da calçada.

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CUIDADOS COM A CRIANÇA NO CARRO

Sabemos que é muito comum nessa faixa etária as crianças não desejarem mais utilizar os dispositivos
de retenção ou se considerem grandes demais para isso. Só que elas ainda não possuem idade, peso
e altura necessários para irem diretamente no banco do automóvel. Elencamos abaixo os tipos de
dispositivos adequados para cada fase.

ASSENTO DE ELEVAÇÃO OU BOOSTER

Indicado para: crianças de 18 a 36 kg (aproximadamente quatro a 10 anos de idade).

Posição: no banco traseiro, com cinto de três pontos.

Recomendações: o cinto de três pontos do carro deve passar nos locais corretos do corpo da criança,
ou seja, pelo centro do ombro e do peito e sobre os quadris.

Instalação: leia atentamente as instruções da cadeirinha de segurança e o manual do carro.

DICAS IMPORTANTES
Nunca permita que seu filho coloque o cinto peitoral embaixo do braço ou por trás das costas –
isso pode causar ferimentos sérios.

Oriente seu filho a sempre apoiar as costas no assento, seja do assento de segurança ou do
próprio veículo.

O assento de segurança deve ser usado somente com cinto de três pontos e somente se houver
encosto de cabeça no carro. Caso o seu carro não tenha esse equipamento, procure uma
concessionária autorizada para instalá-lo.

Se seu filho pesar mais que 18 kg e seu carro tiver apenas um cinto subabdominal no banco de
trás, informe-se em uma concessionária ou com o fabricante do carro sobre a instalação do cinto
de três pontos.

CINTO DE SEGURANÇA DE TRÊS PONTOS

Indicado para: crianças acima de 36 Kg e com altura mínima de 1,45 m (aproximadamente 10 anos
de idade).

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Posição: preferencialmente no banco de trás do carro.

Recomendações: a criança deve conseguir apoiar as costas inteiras no


encosto e dobrar os joelhos na borda do banco, sem escorregar o corpo
para frente. O cinto deve passar pelo centro do ombro e sobre os quadris.

Instalação: leia atentamente as instruções do manual do carro para


saber como usar corretamente o sistema de cinto de segurança.

DICAS IMPORTANTES
Nunca permita que seu filho coloque o cinto peitoral embaixo do
braço ou por trás das costas – isso pode causar ferimentos sérios.

Caso a criança não atenda às orientações, você deve considerar a utilização de um assento
de segurança.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES PARA CRIANÇA DE BICICLETA

Nessa idade, em geral, é quando a criança começa a andar de bicicleta. A principal dica para quando
andar de bicicleta, skate e patins é que a criança deve estar com capacete. Lembre-se de que isso
também implica:

Na escolha adequada do capacete, conforme o tamanho da criança e a qualidade e o conforto


do produto;
No uso adequado do capacete, que deve estar centrado em cima da cabeça e com suas tiras
corretamente ajustadas sob o queixo, sem ficar solto, frouxo ou mesmo apertado demais.

POR QUÊ?

Durante as brincadeiras com bicicleta, skate ou patins, um dos maiores perigos são as lesões na cabeça.
Elas podem levar à morte ou deixar sequelas permanentes. O uso do capacete é a maneira mais efetiva
de reduzir esse problema, podendo evitar a morte em 85% dos casos, quando colocado corretamente
e tendo o tamanho adequado. Escolha uma bicicleta adequada à faixa etária do seu filho. Lembre-se
de que os pés da criança devem alcançar o chão quando ela senta na sua bicicleta. Não permita que
seu filho ande de bicicleta, skate ou patins à noite, sem o uso de roupas e acessórios luminosos. Além
disso, é indispensável utilizar os equipamentos de segurança, como joelheiras e cotoveleiras.

À noite ou durante o dia, o melhor caminho a tomar são sempre as ciclovias, que são faixas exclusivas
para a prática do ciclismo. Nas ruas, o tráfego intenso e a alta velocidade dos veículos, bem como a

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ausência de dispositivos de segurança e o grande número de veículos estacionados, que dificultam a
visão das crianças, podem aumentar o risco de acidentes.

Por fim, atente para o cuidado e a manutenção da bicicleta do seu filho. Tudo tem que estar em
dia: refletores eficazes, freios em bom estado, pneus firmes e devidamente cheios, marchas
facilmente movidas.

PAIS CONSCIENTES EVITAM ACIDENTES

Tenha sempre em mente os fatores que aumentam a probabilidade de atropelamentos e acidentes


envolvendo bicicletas na infância, como:

Tráfego intenso;
Alta velocidade dos veículos;
Ausência de dispositivos de segurança para pedestres (faixas de segurança, passarelas, lombadas
eletrônicas etc.);
Grande número de veículos estacionados e outros obstáculos que dificultam a visão das crianças;
Poucas áreas dedicadas exclusivamente ao ciclismo.

Portanto, acompanhe e supervisione seus filhos nas ruas. Também é importante promover o uso de
roupas claras, coloridas e/ou com materiais reflexivos, para que os pequenos possam ser facilmente
vistos pelos motoristas/condutores.

SITUAÇÕES DE RECREAÇÃO E ESPORTE

Lesões são sempre possíveis durante a prática de qualquer


atividade física, desportiva ou recreativa, como resultado de
quedas, batidas, boladas, torções etc. E as crianças ficam ainda
mais suscetíveis a esses riscos do que os adultos, porque elas:

Ainda estão em fase de desenvolvimento das habilidades


motoras;
Têm reações de defesa mais lentas;
Não reconhecem os riscos e perigos de certas situações.

No contexto de recreação e desporto, as quedas e os ferimentos


na cabeça são as lesões mais frequentes. As crianças entre cinco
e nove anos sofrem mais lesões com bicicletas ou brincando em
parquinhos, enquanto as maiores se machucam mais facilmente
em acidentes esportivos.

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Mas se machucar não precisa fazer parte do jogo. Equipamentos de proteção, segurança nos ambientes
destinados à prática de esportes e brincadeiras e condutas de prevenção são elementos importantes
para reduzir a frequência e a seriedade das lesões durante os momentos de recreação e esporte.

DICAS PARA A PRÁTICA SEGURA DE JOGOS E BRINCADEIRAS

Atividades recreativas e desportivas devem ser propostas conforme a faixa etária, o tamanho
e o nível de desenvolvimento psicomotor da criança, observando-se aspectos como o nível de
dificuldade do jogo e as habilidades exigidas para cada tipo de atividade.

Antes de começar a praticar um esporte, toda criança deve passar por um exame médico
completo, que definirá suas aptidões ou limitações para determinadas atividades.

Cada jogo ou brincadeira deve ser realizado em um ambiente apropriado à atividade e


seguro para a criança.

A criança deve sempre ser supervisionada por um adulto enquanto joga ou brinca.

Treinadores e adultos que supervisionam as atividades recreativas das crianças devem


saber como prestar primeiros socorros em caso de acidente e ter ao seu alcance telefones
de emergência.

Deve-se evitar a prática de esportes ao sol por período


prolongado, pois isso oferece risco de insolação ou
desidratação. Desidratação em atletas infantis é sempre Consulte também um
preocupante. Por isso, é preciso que a criança beba líquidos material criado pela
antes, durante e depois da prática esportiva. Lembre-se: Criança Segura que
a desidratação apresenta sintomas como falta de sede, aborda a segurança das
fraqueza, dor de cabeça, coloração escura da urina e crianças nas práticas
diminuição de peso. esportivas. Clique aqui
para acessá-lo.
Caso a criança se machuque durante um jogo, ela não
deverá retornar à atividade antes de passar por observação
e atendimento adequados – assim, evita-se que certas
lesões se agravem.

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PARA ENVOLVER AS CRIANÇAS

Selecionamos para as crianças maiores uma série de histórias infantis sobre os temas abordados
nessa aula, como: afogamentos, atropelamentos e acidentes envolvendo bicicletas e carros, para
serem narradas em família.

Chegamos ao fim dessa jornada! Não se esqueça de responder ao questionário de conhecimentos


aprendidos e, se necessário, retorne às leituras e materiais que foram trabalhados durante as aulas.
Se possível, preencha a nossa pesquisa de avaliação do curso, pois a partir dela podemos aprimorar
cada vez mais a nossa prática.

Parabéns pela conclusão do curso! Mantenha-se sempre por dentro da segurança


infantil acessando o site: http://www.criancasegura.org.br.

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MATERIAIS DE APOIO AOS
FAMILIARES E RESPONSÁVEIS

AULA 5 NOSSAS CRIANÇAS SEMPRE SEGURAS


HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE AFOGAMENTOS

AFOGAMENTO NO MAR

E naquele domingo... praia, sol, água geladinha.

No guarda-sol, só ficou o meu avô. Minha mãe foi pra beira do mar com minhas irmãs, e eu
fui jogar futebol com o meu pai. Tempo depois, meu pai encontrou uns amigos e saíram
para conversar. Resolvi pegar umas ondas. O mar estava um pouco agitado, mas nada que
desse medo.

Minha mãe, vira e mexe, gritava:

— Volta, Pedro! Fica no raso!

Imagina o mico, pegar onda no raso. Que graça tem? E lá ia eu. Cada vez pegando uma onda
maior. Eu estava me divertindo. Até conheci uns meninos, que moram por lá. Eles são feras.
Arrasam no mar. E eu fui na cola deles. Não demorou pros dois de mim aparecerem.

Eu lá... furava onda, nadava mais um pouco... furava onda, nadava mais um pouco.

O Minúsculo cara feia parecia um macaco nos meus ombros. Pulava sem parar e gritava:

— Aí, Pedro... lá vem outra... vamô lá... fura esta... mais pro fundo que aí dá pra pegar aquela
grandona... radical, cara... radical...

O Minúsculo sorridente, o minúsculo do bem, não estava tão animado. Agarrava-se nos meus
cabelos e cochichava no meu ouvido:

— Calma, Pedro, calma! Você tem o dia inteiro, a vida inteira pra brincar no mar. Não se arrisque
tanto... glub... glub... glub...

O coitadinho engoliu um pouco de água, mas nada que desse medo.

E lá vinha onda! O Minúsculo do bem entrava no meu ouvido e fechava o nariz pra água não
entrar. Quando eu terminava de mergulhar, ele esbravejava:

— Pedro enlouquecido, você vai nos matar... glub... glub... glub... chega. Pedro, me leva pra fora.

O Minúsculo cara feia:


— Olha a onda, mais pro fundo... glub... glub... mais... glub... glub... mais...

O Minúsculo sorridente:

— Eu não aguento mais... estou sem forças... glub... glub... glub... Pedro, vamos sair da
água... glub...

O Cara feia:

— Que nad... glub... glub... bobag... glub... glub...

O Sorridente sacudiu os bracinhos. Tudo estava ficando confuso à minha volta. Os dois de mim
pulavam no meu ombro. Eu só via água à minha volta, um mar de tanta água. Eu afundava e
voltava pra superfície, e aquela água toda...

Quando dei por mim, estava deitado na areia. Muita gente em pé, ao meu lado. Minha mãe
chorava, meu pai gesticulava, e os dois de mim, sentados na minha barriga, um de costas para
o outro, olharam para mim com umas caras assustadas e evaporaram no ar.

Eu tinha me afogado.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: PREVENÇÃO DE ATROPELAMENTOS

PEDRO E A FAIXA DE SEGURANÇA

Olá, meu nome é Pedro. Quero contar um segredo pra vocês, e que fique entre nós, tá bom? Isso
aconteceu um tempo atrás. Pouco tempo atrás. Foi assim:

Eu estava superatrasado. Ia pro futebol. Convenci o meu pai e a minha mãe que já dava pra
ir sozinho. Poxa! Todos os meus amigos faziam isso. Eles iam rir de mim se eu chegasse com
“papai”, né?

No caminho que vai da minha casa ao campo de futebol, tem uma avenida, uma via rápida,
dessas onde os carros não param nunca. Pra atravessar, a gente tem de se arriscar no meio do
trânsito, ou ir até o semáforo, que fica a uns trezentos metros do meu caminho em linha reta.

Eu prometi aos meus pais que só atravessaria na faixa de pedestre. Mas nesse dia eu estava
atrasado. Sabe como é! Eu ia na maior pressa, na corrida mesmo. Ao chegar à avenida, parei pra
ver se vinha carro. Nenhum carro à vista. Já ia passar direto, quando senti uma coisa tocando no
meu braço direito.
Foi a primeira vez que aconteceu.

Alguém tocou o meu ombro. Parei. Olhei pro lado: ninguém. Tocaram no outro ombro. Virei pro
outro lado: ninguém. Nessas alturas já havia passado um monte de carros. Fiquei intrigado.
Outro toque, depois outro e outro.

“Pô! Que é isso? Parece assombração” — pensei.

Foi então que me vi. É isso mesmo. Juro! Eu me vi, minúsculo, sentado no meu ombro direito. Eu
tinha uma cara feia, os cabelos espetados e uma cara de cão raivoso. Até parecia a Lua, minha
cachorra, quando está brava. Levei um susto. Virei pra esquerda, e lá estava outro eu, também
minúsculo, mas com uma cara sorridente e feliz, com a cabeça repousada no pescoço.

Poxa! Eu não tava sonhando, não. Tava bem acordado. Via tudo o que acontecia na rua, mas
via, também, os dois de mim. Pro meu espanto, eles começaram a discutir. Um dizia:

— Vai, Pedroca, passa, cara. Tá com medo, fracote?

O outro:

— Pedro, calma. Olha o perigo que é esta avenida. Anda mais um pouco, larga mão de
ser preguiçoso.

Um irritado:

— Deixa disso e passa logo, o carro tá tão longe, dá pra atravessar mil vezes.

Outro tranquilo:

— Pensa. Pensa antes de passar na louca. Você já é grande e tem noção do perigo. Já imaginou
um atropelamento na velocidade que estes caras vêm? Não sobra nenhum de nós pra contar
a história.

O atirado:

— Não ouve este trouxa, não! Lembra que o futebol já tá começando, cara. Passa logo.

E o minúsculo sorridente, na maior paz:


— Pedro, lembra da conversa com seus pais. Eles acreditaram em você, e agora você vai
quebrar essa confiança por uma tolice? Se chegar atrasado, paciência. Da próxima vez, acorda
mais cedo.

Que coisa, viu! Eu estava ali, só olhando, de um lado pra outro, de boca aberta, vendo aqueles
dois minúsculos discutindo. Foi então que o meu primo apareceu dizendo que ia pra aquele lado:
pros lados do campo de futebol.

Saímos andando, juntos, conversando sobre música. Às vezes, eu espiava pros meus ombros, e
eles continuavam lá. Gesticulavam, como se estivessem numa conversa empolgante. Perguntei
pro Gustavo:

— Tá vendo alguma coisa no meu ombro?

— Nada.

E assim, na boa, chegamos ao semáforo. Sinal vermelho pros carros: todos pararam. Sinal verde
pra nós: atravessamos na maior calma. Em segurança. Senti um alívio.

No meu ombro, eu, minúsculo e de cara feliz, dava um sorriso de vencedor pro eu de cara feia. E
foi assim que aconteceu o meu encontro com os dois de mim.

Esse era o segredo.

HISTÓRIAS INFANTIS – TEMA: SEGURANÇA NO AUTOMÓVEL

O PASSEIO DE CARRO: CUIDADO!

Um dia desses, meu pai acordou com vontade de passar o domingo na praia e experimentar seu
carro novo na estrada. Minha mãe dizia:

— É gente demais pra pouco carro, Tião.

Meu pai fazia as contas:

— Cabe direitinho, quer ver só? Eu e você no banco da frente; atrás vai o Pedro, as duas meninas
são pequenas mesmo, e o seu pai.
— A Maria nem tem cadeira de segurança, Tião!

Eu e minhas irmãs fazíamos festa, isso animou minha mãe, que acabou concordando. E lá foi o
meu pai socar as 22 sacolinhas que ela insistia em levar. Dizia:

— Esta é a da farofa... esta a do frango... esta a dos panos de prato... dos copos... dos garfos... da
salada... do tomate e do pão; esta a dos remédios pra dor de estômago, dor de barriga, dor de
cabeça, pra asma, pra disenteria; esta é a das bonecas da Maria, esta a dos livros da Betinha;
esta é a dos biquínis, esta a do bronzeador...

Meu pai socava também o guarda-sol, cadeira de praia, frescobol e o isopor com bebidas. Até
parecia uma mudança. Foi então que eles apareceram. Eles, os Minúsculos.

Um dizia:

— Agora vai, seu Tião, soca as pessoas dentro deste carrão. Ô, Pedroca, fala pro seu pai levar o
cachorro também.

O outro rebatia:

— Pedro, fala pro seu pai não fazer esta loucura. É superlotação, isso não vai dar certo. Se a
polícia rodoviária pegar, é multa na certa. Não tem nem cinto de segurança pra todo mundo!

Achei que aquilo tava certo. Eu não havia pensado nisso antes. Resolvi falar:

— Pai, não cabe todo mundo neste carro. Posso ir de ônibus com o vovô? Não tem nem cinto de
segurança pra todo mundo.

Meu pai:

— Não se preocupe, meu filho, a praia é pertinho, e a gente vai devagar, passeando, ninguém
tem pressa, não é? Quer ver? Você e vovô dividem um cinto, e suas irmãs dividem o outro. Não
tem por que temer. Não confia mais no seu pai?

— Claro que confio, é que... eu tava pensando...

E o Minúsculo cara fechada:

— Tá vendo? Preocupando-se com bobagem, garoto, seu pai sabe o que faz.
E o Minúsculo sorridente:

— Fica quieto, quem tá falando bobagem é você. Não percebe que esta família corre perigo? O
Pedro está certo. Neste carro não cabe toda esta gente. Eu é que não vou.

— Pois fique. Praia, sol, onda. Não vai levar a prancha, garoto?

Finalmente partimos. Meu pai é bem calmo pra dirigir. O problema é que nem todos são.

Estávamos quase chegando à praia, quando um carro bem veloz tentou nos ultrapassar. Nesse
exato momento, outro carro, que vinha na direção contrária, avançou na nossa pista. Foi o
tempo de o meu pai jogar o carro no acostamento. Com aquele movimento brusco, minha
irmãzinha escorregou por baixo do cinto de segurança e acabou machucando a boca.

Vi o Minúsculo cara feia pulando no meu ombro e rindo sem parar. Fiquei muito bravo. Ora,
aquilo não era hora pra fazer gracinha.

Minha mãe, muito nervosa, reclamou:

— Olha, Tião, o Pedro estava certo. Este carro está pequeno pra nossa família. E estas crianças
não podem viajar sem segurança. Nem elas, nem a gente. Olha o papai... tadinho... tá branco...
que perigo!

Puxa, fiquei todo orgulhoso. Minha mãe me dando razão, e meu pai, que é todo teimoso, falou:

— É. Acho que o Pedro volta de ônibus com o avô. E a gente trata de comprar um ônibus, né?

Naquele momento, começamos a rir, e a viagem continuou.

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