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Microbiologia ao alcance de todos

Maria Isabel Madeira Liberto


Maulori Curié Cabral

Parte 4

IMPORTÂNCIA E ONIPRESENÇA DOS MICRÓBIOS

“Ai de nós se não existisse a cultura, o metabolismo, a fotossíntese, a fermentação e a


biosfera lotada de seres microbianos.
O mundo é microbiano.
A biosfera é limitada por micróbios.
Os micróbios são seres onipresentes no planeta em que vivemos.
Se não existissem os micróbios nós, seres humanos, não estaríamos aqui hoje.
Os micróbios são nossos parentes espirituais e materiais na árvore genealógica da vida.”
José Eduardo Mattos

Motivação:

 Uma colher de chá de terra contém aproximadamente um trilhão de micróbios classificados


em cerca de 10 mil espécies;
 Alguém tem ideia do número total de espécies existente no planeta? Imagine que há mais
micróbios na boca de um ser humano do que pessoas vivendo na cidade de Nova York.
 Na pele humana há mais de 100 mil micróbios por centímetro quadrado.
 São mais de sete bilhões de micróbios que habitam o intestino humano, portanto, um
número superior ao de seres humanos que povoam o mundo. (7x109)
 Qual a proporção de células microbianas e células humanas em nosso corpo?
Resposta: Se um corpo adulto é formado por 1013 células eucarióticas + 1014 micróbios temos :
10.000.000.000.000 euc + 100.000.000.000.000 proc = 110.000.000.000.000 total
Se 110.000.000.000.000  100%
Então 100.000.000.000.000  x
X  91% das células que compõem um corpo humano adulto.
 O peso total de micróbios em um corpo humano saudável varia, aproximadamente, entre 1
e 2 kg.
 Existem 10 trilhões de células humanas em nosso corpo e mais de 220 tipos de células
diferenciadas, oriundas de um único zigoto, isto é, uma célula oriunda da fusão de um
espermatozóide com um óvulo, porém existem 10 vezes mais micróbios que estão
distribuídos pelas cavidades e pela superfície de nossa pele. (100 trilhões).
 Além disso, existe um número incalculável, em todas as nossas células, de mitocôndrias
que foram no passado bactérias de vida livre, e que vivem como endossimbiontes.
É bom entender que não somos seres únicos e sim seres mistos.
 Nosso corpo é formado por um número gigantesco ( 1,1x1014) de estruturas psicocorporais
procarióticas e eucarióticas , entrelaçadas em suas funções;
 Existe um número gigantesco de células morrendo e de células sendo formadas todos os
dias em nossos corpos.
 Tudo está entrelaçado na natureza.
 A vida no Planeta se iniciou com os micróbios. Esses organismos unicelulares tiveram o
planeta para si por cerca 80% de existência da vida na Terra.
 Os primeiros micróbios que surgiram na Terra foram seres procarióticos há,
aproximadamente, 3,8 bilhões de anos, segundo algumas pesquisas .
 Não existe nada de rudimentar e nem de primitivo nesses seres vivos primevos.
 É bom lembrar que eles estão no planeta há 3,8 bilhões de anos e que não foram extintos.
 O momento em que a raça humana notou, cientificamente, a existência de micróbios foi no
século XVII quando o primeiro microscópio foi construído. Entretanto, desde os primórdios
da humanidade, os efeitos da presença dos micróbios são percebidos de forma empírica;
 No final do século XIX a raça humana começou a perceber que os micróbios estavam
associados a doenças.
 Os micróbios são importantes para todas as outras formas de vida. Louis Pasteur disse um
dia: “O papel do infinitamente pequeno é infinitamente grande”.
 A vida está no solo, no ar, na água, enfim em todos os habitats inclusive nos ambientes
mais inóspitos para os seres humanos e outros seres vivos A biosfera é limitada por
micróbios.
 O que os extremófilos utilizam como habitat, nós chamamos de inferno.

http://www.joseeduardomattos.com.br/o%20numero%20de%20microbios%20no%20planeta.html

http://www.joseeduardomattos.com.br/os%20microbios.html

Como podem ser detectados micróbios presentes no ar, no mar e associados ao nosso
corpo?

Objetivos da 4ª atividade prática:


- detectar a presença de micróbios no ar e associados ao corpo humano e de peixes;
- discutir a importância das bactérias bioluminescentes na cadeia alimentar marinha.

As bactérias por terem um tamanho médio de 1 µ, isoladamente, são invisíveis à nossa percepção
visual, uma vez que o olho humano só consegue formar imagens de objetos com dimensões
superiores a cerca de 0,2 mm. No nosso dia a dia, estamos em íntimo contato com os micróbios,
quer no ar circulante, que pode estar repleto deles, quer nas situações que favorecem nossa
aproximação com outros elementos do ambiente, como por exemplo, na manipulação de objetos
que fazem parte do nosso cotidiano.
Isoladamente não os vemos, mas se tiverem disponibilidade de nutrientes e estiverem um ambiente
propício, eles se duplicam e, com o passar do tempo, formam colônias visíveis, com diâmetro
compatível com o tempo de geração de cada um.
Esse fenômeno se observa quando expomos uma placa de Petri, contendo meio nutritivo, ao
contato com o ar em movimento, durante um período de três a cinco minutos. Nessa caçada às
bactérias presentes no ar, é comum se observar o aparecimento de colônias, umas após 24h,
outras mais tarde, até 72h. As colônias maiores correspondem às bactérias que têm tempo de
geração menor. Já as colônias que aparecem posteriormente, são formadas por bactérias que
demoram mais a se duplicar, ou seja, tem tempo de geração maior. Depois da incubação é possível
fazer uma análise sobre a diversidade microbiana presente no ar de um ambiente, a partir das
colônias de fungos ou bactérias que proliferaram na placa.

Dividindo uma placa contendo meio nutritivo em quatro partes, carimbe um dedo, em um dos
quadrantes (1); Lave as mãos com água e detergente, enxágue bem, sacuda a mão gentilmente
para escorrer o excesso de água e carimbe o mesmo dedo no quadrante (2); Repita esta etapa
respectivamente para os quadrantes (3) e (4). Incube a placa e a examine diariamente por 72h.
Sugestão de leitura:

Você pensou que os micróbios iriam desaparecer com as lavagens e isso não aconteceu. Porque
será? Então, não adianta lavar as mãos?

Lembre-se que a pele tem dobraduras, como o fole de um acordeon e é por isso que consegue
expandir (inchar) depois de um trauma ou na gravidez, por exemplo.

Na superfície do dedo seco, como na superfície do fole de um acordeom fechado, encontram-se os


micróbios (bactérias ou fungos) que estão presentes no ambiente e ficam adsorvidos à mão depois
de tocarmos nos mais diversos objetos (dinheiro, balaústre, telefones, maçanetas, entre outros) do
nosso cotidiano. Esses micróbios são transitórios, na nossa microbiota e são facilmente retirados
com as lavagens. Mas, à medida que as mãos são lavadas, as pregas ou dobraduras da pele vão
se abrindo e assim expondo os micróbios das regiões mais internas da pele, ou seja, aqueles que
constituem ou integram a nossa microbiota. Quando proliferam no meio de cultura da placa de Petri,
dão origem às colônias que aparecem na superfície do meio. Observe que a diversidade dos tipos
de colônias vai diminuído à medida que as mãos vão sendo lavadas. Portanto, ao lavarmos as
mãos, nós nos livramos dos micróbios dos outros e expomos os da nossa microbiota, ou seja, os
que fazem parte do nosso ser e com os quais estamos adaptados.
Se não houver aparecimento de colônias na superfície do meio de cultura, carimbada após as
lavagens, significa que o meio de cultura não tem a composição nutricional para suprir as
necessidades das bactérias da microbiota daquele indivíduo, uma vez que, sem dúvida alguma,
estão sempre presentes em todas as pessoas .

Da mesma forma que os seres humanos têm sua indelével cobertura microbiana, todos os seres
vivos têm a deles. Não existe nada sem uma finalidade. Os micróbios que colonizam o corpo
humano exercem funções muito importantes. De fato, tem sido demonstrado que eles são
fundamentais para a saúde. E assim, essa relação harmônica é essencial para a vida no planeta.

Muitos animais marinhos possuem órgãos bioluminescentes. Esses órgãos podem ter duas origens.
Em alguns animais, são formados pela diferenciação das células do próprio animal, em outros, é
uma dobra da pele, em forma de bolsa, onde estão alojadas bactérias bioluminescentes (BBL), que
foram capturadas da água do mar, logo após o nascimento.

É estimado que 90% da vida abissal produz, de algum modo, bioluminescência. A maioria da
emissão de luz proveniente desses seres aparece no espectro de luz azul ou verde, as cores que
mais facilmente são visíveis na água do mar.

O pesquisador Osama Shimomura conseguiu isolar pela primeira vez, em 1960, a partir de águas
marinhas bioluminescentes, coletadas na costa oeste dos EUA a proteína fluorescente verde GFP
(Green Fluorescent Protein), que emitia intensa fluorescência verde, ao ser irradiada por luz azul. As
áreas de medicina e biologia foram revolucionadas pela GPF, nos campos diagnóstico e terapêutico
e essa descoberta levou Shimomura à conquista do prêmio Nobel de Química, em 2008.

No ambiente marinho afótico, a Bioluminescência pode ser usada para atrair presas ou para
comunicação com parceiros da mesma espécie.

O fenômeno da bioluminescência tem importância primordial na cadeia alimentar marinha.

http://www.nbcnews.com/id/37093310/ns/technology_and_science-science/t/bioluminescence-lights-creatures-oceans/
Esfregando um suabe nas guelras ou na cloaca de peixes marinhos e, depois, dispensando esse
material coletado na superfície de uma placa de Petri, contendo meio de cultura com salinidade
semelhante à do mar (3,5%), você poderá detectar bactérias bioluminescentes. A placa deve ser
incubada à temperatura ambiente, e examinada por um período de seis em seis horas, até
completar 48h. Das colônias bioluminescentes recebemos como presente o espetáculo luminoso,
que tanto embeleza o mar. São as bactérias bioluminescentes que colonizam a isca do anzol. Por
isso, as pessoas que pescam nas praias preferem fazer isso à noite, pois , no escuro, a
bioluminescência aparece e mostra aos peixes onde está a iguaria que vai saciá-los e, que, ao
mesmo tempo, pode leva-los à morte, transformando-os na peça principal da deliciosa moqueca
preparada pelo pescador para confraternizar com os amigos.

Espetáculo do mar Placa com cultivo Na pesca, BBL Moqueca garantida


luminoso de BBL colonizando a isca com o pescado

Referências:

Liberto, MIM. Cabral, MC, Lins, UGC 2010. Microbiologia Vol 1, 2ª ed. Editora CECIERJ-Rio de
Janeiro.
http://www.joseeduardomattos.com.br/o%20numero%20de%20microbios%20no%20planeta.html

http://www.joseeduardomattos.com.br/os%20microbios.html

http://www.nbcnews.com/id/37093310/ns/technology_and_science-science/t/bioluminescence-lights-creatures-
oceans

http://pibidquimicaufjf.blogspot.com.br/2013/10/o-que-tem-em-comum-entre-o-vaga-lume-os.html

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