Você está na página 1de 191

PERÍCIA DE ENGENHARIA NA

CONSTRUÇÃO CIVIL
PERÍCIA DE ENGENHARIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
• Habilitação e Capacitação
• Iniciação às Patologias das Construções
• Fundamentos da Engenharia Diagnóstica em Edificações
• Finalidades das Perícias
• Aplicações
• Etapas do processo construtivo
• Procedimentos das perícias
• Conceitos gerais
• NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
• Definições aplicáveis e os personagens
• Espécies de Perícias
• A perícia judicial
HABILITAÇÃO x CAPACITAÇÃO
QUEM TEM HABILITAÇÃO PARA REALIZAR PERÍCIAS?

A habilitação encontra-se na Lei 5.194/66:


Art. 7º - As atividades e atribuições do engenheiro, do arquiteto
e do agrônomo consistem em:
...
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias,
pareceres e divulgação técnica:
...
Com a criação do CAU, a atribuição regulamentada conforme
Resolução nº 21 de 05/04/2012
Art. 2º - As atribuições profissionais do arquiteto e urbanista:
VI – vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer
técnico, auditoria e arbitragem;
SIMONE DEUTSCH, 2013
HABILITAÇÃO x CAPACITAÇÃO
E QUEM TEM CAPACITAÇÃO PARA REALIZAR PERÍCIAS?
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
INICIAÇÃO ÀS PATOLOGIAS DAS CONSTRUÇÕES

• PATOLOGIA: estudo da origem, sintomas e natureza das doenças

• PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES: ciência que estuda as causas,


efeitos e consequências das doenças das construções

• MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS = ANOMALIAS:


“são vícios construtivos que se instalam nas
construções que a tornam doentia.”

WATANABE
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
INICIAÇÃO ÀS PATOLOGIAS DAS CONSTRUÇÕES

• PROFILAXIA: aplicação de meios para evitar as anomalias, bem


como suas propagações

• DIAGNÓSTICO: identificar e descrever o mecanismo, as origens e


as causas responsáveis pelos problemas patológicos

• PROGNÓSTICO: estimativa da evolução do problema ao longo


do tempo, com base no diagnóstico

• TERAPIA: tratamento ou modo de tratar uma determinada anomalia

GASPARIM
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
INICIAÇÃO ÀS PATOLOGIAS DAS CONSTRUÇÕES

• ANAMNESE: entrevista realizada pelo profissional com intenção de ser um


ponto de partida no diagnóstico de uma anomalia. Se busca recordar fatos
que relacionem a doença e à construção. Possui técnicas a ser aplicadas.

• PATOGENIA: investigação realizada para encontrar quais seriam


os agentes capazes de provocar doenças. Podem ser congênitas ou
adquiridas, exógenas ou endógenas, de ordem física ou química.

GASPARIM
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
INICIAÇÃO ÀS PATOLOGIAS DAS CONSTRUÇÕES
PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
A ENGENHARIA INSPIRADA NA MEDICINA
CORPO HUMANO CONSTRUÇÃO
OSSOS ESTRUTURA
CARNE E MÚSCULOS VEDAÇÕES

PELE REVESTIMENTO
SISTEMA INSTALAÇÕES
CIRCULATÓRIO HIDRÁULICAS
INSTALAÇÕES
SISTEMA NERVOSO
ELÉTRICAS
OLHOS, BOCA E
ESQUADRIAS
OUVIDOS
CABELOS COBERTURA

GASPARIM
INVESTIGAÇÃO
INVESTIGANDO A CAUSA

• ENSAIOS TECNOLÓGICOS

• ANAMNESE

• SINTOMATOLOGIA
SINTOMATOLOGIA
O QUE É?

• Parte da Patologia que tem por objeto o estudo dos sintomas das
doenças
• Na literatura médica, sintoma é qualquer alteração da percepção
normal que uma pessoa normal tem do seu próprio corpo, do seu
metabolismo, de suas sensações, podendo ou não consistir-se em
um indício de doença

GASPARIM
SINTOMATOLOGIA
IDENTIFICAÇÃO DOS SINTOMAS

• A identificação dos sintomas faz-se essencialmente, pelo


interrogatório do paciente, pois sem seu relato é impossível
conhecê-los
• Grego: sin = junção; tomo = pedaços
• A palavra sintoma tem a ver com juntar as peças de várias
sinalizações orgânicas ou psíquicas, mediante uma doença

GASPARIM
SINTOMATOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DOS SINTOMAS
A caracterização dos sintomas se baseia em 7 princípios:
CRONOLOGIA ASPECTOS RELACIONADOS AO TEMPO E SEQUÊNCIA DE EVOLUÇÃO DOS SINTOMAS

LOCALIZAÇÃO NÃO SÓ DETERMINAR LOCAL DOS SINTOMAS, MAS A IRRADIAÇÃO E PROFUNDIDADE

QUALIDADE É UM FATOR SUBJETIVO POIS SE REMETE À EXPERIÊNCIA DE CADA UM (EX: CALOR)

QUANTIDADE DESCRIÇÃO DA INTENSIDADE, FREQUÊNCIA, NÚMERO DE VEZES DE UM FENÔMENO

CIRCUNSTÂNCIAS ATIVIDADE QUE EXERCIA NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO SINTOMA

AGRAV./ATENUANTES EXIGE A RELAÇÃO EXATA ENTRE OS SINTOMAS E OS FATORES

MANIF. ASSOCIADAS LIGAÇÃO DE VÁRIOS SINTOMAS

GASPARIM
FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA
AS FERRAMENTAS DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA
ENGENHARIA DIAGNÓSTICA NAS EDIFICAÇÕES

SINTOMATOLOGIA ETIOLOGIA TERAPÊUTICA


sintomas e condições físicas efeitos, origens, causas e estudo das reparações
mecanismos de ação

CONSULTORIA

AUDITORIA

PERÍCIA

INSPEÇÃO

VISTORIA

CABRAL, J., 2014


PERÍCIA
Segundo a NBR 14.653-1:

“Atividade técnica realizada por profissional com qualificações


específicas, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um
bem, apurar as causas que motivaram determinado evento, avaliar bens,
seus custos, frutos e direitos.”

Lívio, Cabral e Gullo definem como:

”Perícia em edificação é a determinação da origem, causa e mecanismo


de ação de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação.”
CAUSAS
FATORES CONTRIBUINTES OU CONCORRENTES DIRETOS

• FÍSICOS: sobrecarga, perfuração, choque mecânico

• QUÍMICOS: incompatibilidade de produtos

• BIOLÓGICOS: roedores, cupins

CABRAL, 2015
ORIGENS
ASSOCIADAS ÀS FASES DO PROCESSO CONSTRUTIVO – APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADES

• ENDÓGENAS: causa origem em fatores inerentes à própria edificação

• EXÓGENAS: causas com origem fora da obra e provocadas por terceiros

• NATURAIS: decorrem, principalmente, das condições climáticas


previsíveis ou não

• FUNCIONAIS: derivam do desgaste ou degradação


após significativo tempo de vida

JOSÉ MARQUES, 2015


LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
ORIGENS
ASSOCIADAS ÀS FASES DO PROCESSO CONSTRUTIVO – APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADES

• ENDÓGENAS: falhas de projetos, falhas de gerenciamento e execução,


falha de utilização
• EXÓGENAS: vibrações provocadas por estaqueamento, escavações
vizinhas, rebaixamento de lençol freático, influência do bulbo de tensões, etc
• NATURAIS: movimentos por abalos sísmicos, ação de chuvas e ventos,
inundações, neve, acomodação das camadas adjacentes do solo
• FUNCIONAIS: desgaste natural das louças e metais, deterioração dos
revestimentos de fachadas, como as pinturas

JOSÉ MARQUES, 2015


LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
MECANISMO DE AÇÃO

“O terceiro componente é a descrição do mecanismo de ação, também


relevante, pois esse detalhamento propicia o estudo da ação reparadora,
de atribuição da ferramenta sequencial da Engenharia Diagnóstica, ou
seja, a consultoria.”

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


FINALIDADE
PERÍCIA

MECANISMO DE
ORIGEM CAUSA
AÇÃO

APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADES

PRÉ-OBRA OBRA EDIFICAÇÃO


APLICAÇÕES
INTERESSADO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

PODER PÚBLICO INICIATIVA PRIVADA


Desígnio de imputar culpabilidades Melhoria tecnológica ou dos processos

INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS CONSTRUTIVAS INVESTIGAÇÃO DA REDUÇÃO, PERDA OU


DEFICIÊNCIA NO DESEMPENHO CONSTRUTIVO
• Desabamentos em solos limítrofes a construções
• Colapso da edificação • Degradação precoce dos elementos edificantes
• Desplacamento cerâmico ou de argamassa em • Perda de desempenho
fachadas • Deficiência de desempenho
• Ocorrência epidêmica de trincas e rachaduras em
paredes e tetos • Apuração de responsabilidades no período de
• Curto circuito nas instalações prediais garantia
• Vazamentos em tubulações e prumadas • Melhorias e correções nos canteiros de obras
• Incêndios e explosões • Melhoria da capacidade de isolamento térmico e
acústico

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS

PRÉ-OBRA OBRA

P
PLANEJAMENTO
P
PROJETO
E
EXECUÇÃO
E
ENTREGA

U USO
R
REABILITAÇÃO
D
DESCONSTRUÇÃO

EDIFICAÇÃO
LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
PLANEJAMENTO: investiga as inviabilidades de natureza U
PLANEJAMENTO

legal, técnica e comercial.


P USO

• Viabilidade urbana do projeto preliminar, quanto ao


zoneamento e demais restrições legais; R
PROJETO

• Inspeção do terreno para averiguar poluição do solo; E REABILITAÇÃO

• Inspeção da vizinhança, conforme Norma de D


EXECUÇÃO

Desempenho – NBR 15.575;


• Consulta mercadológica para confirmar a
adequação do empreendimento ao interesse social.
EENTREGA
DESCONSTRUÇÃO

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
PROJETO: necessidade do atendimento às exigências dos U
PLANEJAMENTO

códigos de obras da municipalidade e demais legislações


P USO

R
estaduais e federais.
PROJETO

• Aprovação do projeto arquitetônico;


• Licença ambiental dentre outras; E REABILITAÇÃO

• Os demais projetos devem estar compatibilizados – D


EXECUÇÃO

a importância e uso do conceito BIM;


EENTREGA
DESCONSTRUÇÃO

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
EXECUÇÃO: são fundamentais diversos tipos de diagnósticos U
PLANEJAMENTO

(qualidade dos materiais, serviços realizados, cumprimento das


P USO

R
normas técnicas, ensaios e desempenho) - FISCALIZAÇÃO
PROJETO

• Manter contato com os autores dos projetos


• Acompanhar controle tecnológico E REABILITAÇÃO

• Verificação de todos os projetos conforme execução D


EXECUÇÃO

• Acompanhar o andamento dos serviços


• Fiscalizar as medidas de seguranças aplicadas EENTREGA
DESCONSTRUÇÃO

• Conhecer as ocorrências através do diário de obras


• Manter contato com o construtor
LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
ENTREGA: na fase de conclusão da obra há a necessidade da U
PLANEJAMENTO

avaliação técnica do conforto, durabilidade e demais itens –


P USO

R
NBR 15.575 – Norma de desempenho
PROJETO

• Conforto acústico, lumínico, térmico


• Segunda NBR 12.722, requisitos para entrega de obra: E REABILITAÇÃO

• A entrega formal deve ser feita pelo construtor D


EXECUÇÃO

• Após legalização da obra


• Na presença de “fiscalização” do proprietário EENTREGA
DESCONSTRUÇÃO

• Neste momento cessa a responsabilidade do construtor


• Recomenda-se entrega de todos os projetos “as built”
LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
USO: na fase de garantia e uso da obra é importante que o U
PLANEJAMENTO

usuário exerça as suas obrigações – Manutenções


P USO

• Perda de garantia
R
PROJETO

E
• Não seguir as orientações do Manual, no que diz
REABILITAÇÃO
respeito às manutenções;
• Se houver danos por mau uso dos sistemas
D
EXECUÇÃO

E
• Se forem realizadas obras não previstas
DESCONSTRUÇÃO

• Se não for elaborado e executado o programa de


manutenção, conforme a NBR 5.674 ENTREGA

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


ETAPAS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
AS INVESTIGAÇÕES TÉCNICAS ABRAGEM TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS
P
REABILITAÇÃO: processo de possibilitar o uso do edifício U
PLANEJAMENTO

através de reparações e alterações – Retrofit (Europa e EUA)


P USO

• Possibilitar menor consumo dos materiais


• Evitar consumo de energia de demolições R
PROJETO

• Preservação histórica e revigorar a malha urbana E REABILITAÇÃO

DESCONSTRUÇÃO: faz parte do ciclo de vida da construção – D


EXECUÇÃO

VUP (Vida útil de projeto)


• Demolição x desconstrução (mitiga danos ambientais) EENTREGA
DESCONSTRUÇÃO

• Quatro Rs – Recuperar, reduzir, reutilizar, reciclar


• Deve ser pensada na fase de projeto
LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015
PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

INVESTIGAÇÃO TÉCNICA TRABALHO DE CAMPO FASE CONCLUSIVA

DOCUMENTOS IN LOCO LAUDO

• ANÁLISE PRELIMINAR: análise do caso que pode envolver projetos e memoriais

• TRABALHO DE CAMPO: associação efeito-causa. Investigação técnica em


campo para levantamento das hipóteses e aprofundamento das
investigações
• REDAÇÃO DO LAUDO: Esclarecer de forma conclusiva

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

• PRELIMINARES: exigem técnica, conhecimento e experiência. Reciclagem dos


conhecimentos através da educação continuada
“O verdadeiro expert é aquele que alimenta seu conhecimento, experiência com
fatos e dados e, desta maneira, se assegura de usar este conhecimento,
experiência e, principalmente, seu tempo na direção certa.

Os fatos e dados são os únicos critérios do verdadeiro conhecimento. Deixe os


fatos e dados falarem.”

“Nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem antes conhece-la como
tal; trabalhe com evidências.”

OBSERVAR MEDIR ANALISAR

TITO LÍVIO, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

• ANDAMENTO PERICIAL: para determinação das origens e falhas segue-se uma


sequência lógica de vistorias, exames, análises, interpretações e procedimentos.
Este passo-a-passo nem sempre é adotado devido a obviedade da causa, induzindo
à pressa, o que acaba prejudicando o resultado final do trabalho pericial

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
OS 10 PASSOS DO ANDAMENTO PERICIAL

1. Verificação geral do local para determinar o contexto da edificação no


bairro e no entorno, anotando as compatibilidades e discrepâncias
2. Análise preliminar da documentação técnica para apuração das
características e especificações
3. Apuração das influências das condições naturais da região, visando
identificar as possibilidades de anomalias naturais
4. Exame das edificações confrontantes para determinar as
características e condições físicas que possam indicar a possibilidade de
anomalias exógenas
5. Minuciosa vistoria da edificação para levantamento das anomalias

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
OS 10 PASSOS DO ANDAMENTO PERICIAL

6. Análises e conclusões preliminares das anomalias e falhas


constatadas
7. Segunda vistoria e interpretações das anomalias, realização de ensaios
para confirmação ou retificação das conclusões preliminares
8. Preparação dos anexos com os documentos e relatórios fotográficos
9. Preparação da fundamentação técnica da origem e causa de cada
uma das anomalias e falhas constatadas
10.Redação e revisão do laudo ou parecer

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

• VISÃO SISTÊMICA: não podemos desprezar as condições funcionais da


edificação, verificando apenas a técnica, mas também do uso e manutenção

“É dever do adquirente utilizar o produto ou serviço adequadamente, ou


seja, de acordo com os fins a que ele é destinado, bem como promover a
sua manutenção, nos termos especificados pelo fornecedor. Se o agente
usa, inadequadamente, o produto ou não segue as regras de
manutenção do fabricante, vindo a sofrer prejuízo, não se pode pretender
responsabilização dos fornecedores, pois o dano ocorreu por sua culpa
exclusiva.”

PINTO DEL MAR, 2015


PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

• VISÃO SISTÊMICA:
• Quem põe produto ou serviço no mercado deve responder pela qualidade
• Quem adquiriu o produto deve utilizar adequadamente, seguindo as
especificações do produto ou serviço
• Manutenção deficiente aumentam os custos de reparação, reduzem a vida útil
• Má conservação é um dos fatores que mais colaboram para o surgimento de
anomalias
• EDIFICAÇÃO: o que diferencia de outros produtos?
• São construídos para atender aos usuários por muitos anos
• Durante este tempo deve apresentar condições adequadas de uso a que se
destina
• Resistir aos agentes ambientais e de uso que alteram suas propriedades
técnicas iniciais
PINTO DEL MAR, 2015
PROCEDIMENTOS DAS PERÍCIAS
AS FASES DE UMA PERÍCIA

• MULTIDISCIPLINARIDADE: perícias podem ser realizadas por profissionais


habilitados dentro de suas áreas de atuação, entretanto requer especialidade

• Materiais de construção (comportamento)


• Tecnologia construtiva (de cada caso)
• Normas técnicas
• Parâmetros de projetos
• Equipamentos eletrodinâmicos
• Informática e automação
CONCEITOS GERAIS
CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

• Indústria muito tradicional


• Inconstância de característica nas matérias-primas e
processos
• Produtos únicos / não seriados
• Mão-de-obra de caráter temporário
• Capital circulante
• Utilidade dos produtos (o usuário com uma única vez)
• Experiência
• Número de empregados / qualidade
• Construção feita sob as intempéries
• Complexidade dos produtos
• Grau de precisão

GASPARIM
CONCEITOS GERAIS
TERMOS E DEFINIÇÕES APONTADOS NO ITEM 3 DA NBR 15.575

DESEMPENHO: comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas.

Compreende-se que o comportamento em uso representa os níveis de


segurança, habitabilidade e sustentabilidade da própria edificação.

A norma estabelece no seu item 6.1.1 que a avaliação do desempenho busca


analisar a adequação ao uso de um sistema ou de um processo construtivo
destinado a atender a uma função, independentemente da solução técnica
adotada.

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


CONCEITOS GERAIS
SISTEMA DE PAREDES DE CONCRETO PVC
CONCEITOS GERAIS
TERMOS E DEFINIÇÕES APONTADOS NO ITEM 3 DA NBR 15.575

DURABILIDADE: capacidade da edificação ou de seus sistemas de desempenhar


suas funções ao longo do tempo e sob condições de uso e manutenção especificadas.

Considera-se que a durabilidade depende das condições de uso e manutenção


da edificação, concorda-se que sua primeira avaliação deva ser procedida
após dois anos, como recomenda o item 6.4.2 da norma.

E a norma da ABNT estabelece critérios para essas duas vertentes, ou seja,


desempenho e durabilidade, tratando-se na verdade, de norma de
confiabilidade. O termo confiabilidade é o desempenho num intervalo de
tempo.

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


ESTUDO DE CASO
DURABILIDADE DEPENDE DAS CONDIÇÕES DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
ESTUDO DE CASO
DURABILIDADE DEPENDE DAS CONDIÇÕES DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
ESTUDO DE CASO
DURABILIDADE DEPENDE DAS CONDIÇÕES DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
ESTUDO DE CASO
DURABILIDADE DEPENDE DAS CONDIÇÕES DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
ESTUDO DE CASO
DURABILIDADE DEPENDE DAS CONDIÇÕES DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
CONCEITOS GERAIS
TERMOS E DEFINIÇÕES APONTADOS NO ITEM 3 DA NBR 15.575

CONFIABILIDADE (qualidade no decorrer do tempo) habilidade de um sistema,


instalação, equipamento, dispositivo, produto ou serviço desempenhar
satisfatoriamente, de acordo com determinadas especificações, num dado intervalo
de tempo, sob condições preestabelecidas.

O desempenho e durabilidade podem ser entendidos como uma referência de


qualidade do produto imobiliário ao longo de sua vida útil, ou seja, sua
confiabilidade. Ao longo da vida útil haverá variação desta confiabilidade mas
o desempenho e durabilidade devem atender às condições mínimas de
segurança, habitabilidade, sustentabilidade e durabilidade que foram
projetadas e prometidas ao adquirente (itens 4.2, 4.3 e 4.4)

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


CONCEITOS GERAIS
CONFIABILIDADE = QUALIDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL
CONCEITOS GERAIS
CONFIABILIDADE = QUALIDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL
CONCEITOS GERAIS
CONFIABILIDADE = QUALIDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL
CONCEITOS GERAIS
CONFIABILIDADE = QUALIDADE AO LONGO DA VIDA ÚTIL
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES APONTADA NA NBR 5674

VIDA ÚTIL: intervalo de tempo ao longo do qual, a edificação e suas partes


constituintes atendem aos requisitos funcionais para os quais foram projetadas,
obedecidos os planos de operação, uso e manutenção.
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

MANUTENÇÃO: Conforme itens 3.5 da NBR 5674/99 – Manutenção de Edificação –


Procedimento e 3.11 da NBR 13.752/96 – Perícias de Engenharia na Construção
Civil, define-se como

“conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a


capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender
as necessidades e segurança de seus usuários”

“Ao longo de sua vida útil, um edifício consome, em manutenção, recursos


equivalentes ao que consumiu para ser construído”
Grandinsky
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO

CORRETIVA Reparar ou corrigir falhas ocorridas no objeto, colocá-lo nas condições originais (emergencial)

PREVENTIVA Substituir ou recuperar elementos cuja vida útil esteja próxima do fim (programada)

PREDITIVA Monitorar o objeto, de modo a detectar falhas e intervir antes do prejuízo (rotineira)

DETECTIVA Apurar as causas das falhas e intervir para que não reincidam (investigativa)

PROATIVA Tomar todas as medidas para que o desempenho não sofra continuidade (engenharia)

LÍVIO, CABRAL, GULLO, 2015


CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO

CORRETIVA Reparar ou corrigir falhas ocorridas no objeto, colocá-lo nas condições originais (emergencial)

PREVENTIVA

PREDITIVA

DETECTIVA

PROATIVA
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO
PREVENTIVA Substituir ou recuperar elementos cuja vida útil esteja próxima do fim (programada)

PREDITIVA

DETECTIVA

PROATIVA
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO
PREDITIVA Monitorar o objeto, de modo a detectar falhas e intervir antes do prejuízo (rotineira)

DETECTIVA

PROATIVA
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO
DETECTIVA Apurar as causas das falhas e intervir para que não reincidam (investigativa)

PROATIVA
CONCEITOS GERAIS
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

TIPOS DE MANUTENÇÃO
PROATIVA Tomar todas as medidas para que o desempenho não sofra continuidade (engenharia)
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DIRETRIZES BÁSICAS, CONCEITOS, CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS

Que assim se expressa em:


1.2 Esta Norma é exigida em todas as manifestações escritas de trabalhos
periciais de engenharia na construção. A realização deste trabalho é de
responsabilidade e exclusiva competência dos profissionais legalmente
habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CREA, de acordo com a Lei Federal nº 5.194/66 e entre outras,
as Resoluções nº 205, 218 e 345 do CONFEA.
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DIRETRIZES BÁSICAS, CONCEITOS, CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS

4.3.1.1 Os requisitos em uma perícia estão diretamente relacionados com as


informações que possam ser extraídas. Esses requisitos, que medem a
exatidão do trabalho, são tanto maiores quanto menores for a subjetividade
contida na perícia.

4.3.1.3 ...sendo esses aspectos definidos pelos seguintes pontos, quanto:


a) À metodologia aplicada
b) Aos dados levantados
c) Ao tratamento dos elementos coletados e trazidos ao laudo
d) À menor subjetividade inserida no trabalho
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DIRETRIZES BÁSICAS, CONCEITOS, CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS

4.3.3.3 A qualidade do trabalho pericial deve estar assegurada quanto à:


a) Inclusão de um número ampliado de fotografias, garantindo maior
detalhamento por bem periciado;
b) Descrição detalhada dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas,
utilidades, materiais construtivos, etc.;
c) Apresentação de plantas individualizadas dos bens, que podem ser obtidas
sob a forma de croqui;
d) Indicação e perfeita caracterização de eventuais danos e/ou eventos
encontrados, com planta de articulação das fotos perfeitamente numeradas;
e) Análise dos danos e/ou eventos encontrados, apontando as prováveis causas
e consequências
f) Juntada de orçamento detalhado e comprovante de ensaios laboratoriais,
quando se fizerem necessários.
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DIRETRIZES BÁSICAS, CONCEITOS, CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS
5.2.3 Constatação dos danos
Caracterizar, classificar e quantificar a extensão de todos os danos observados;
as próprias dimensões dos danos definem a natureza das avarias, qualquer que
seja a nomenclatura (fissura, trinca, rachadura, brecha, fenda, etc.).
5.2.4 Condições de estabilidade do prédio
Qualquer anormalidade deve ser assinalada e adequadamente fundamentada.

5.2.7 Subsídios esclarecedores


Documentos adicionais podem e devem anexados, sempre que a natureza da
perícia assim exigir, tais como:
a) Gráfico de avarias progressivas
b) Resultado de sondagens do terreno
c) Gráficos de recalques
d) Cópia da escritura
e) Outros
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NAS PERÍCIAS

3.75 Vícios
Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços, ou os tornam
inadequados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou prejuízos
materiais ao consumidor. Podem decorrer de falha de projeto ou de execução, ou
ainda da informação defeituosa sobre sua utilização ou manutenção.

3.28 Defeitos
Anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaça potencial
de afetar a saúde ou segurança do dono ou consumidor, decorrentes de falhas
do projeto ou execução de um produto ou serviço, ou ainda de informação
incorreta ou inadequada de sua utilização ou manutenção.
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NAS PERÍCIAS

VÍCIO
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NAS PERÍCIAS

DEFEITO
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NAS PERÍCIAS

Vícios aparentes
Vícios de fácil constatação, perceptível até mesmo por leigos.

Vícios ocultos
Vícios imperceptíveis ou só perceptíveis por técnicos especializados, e que se
apresentam ou só são detectados com o passar do tempo.
3.76 Vícios redibitórios
Vícios ocultos que diminuem o valor da coisa ou a tornam imprópria ao uso a
que se destina, e que, se fossem do conhecimento prévio do adquirente,
ensejariam pedido de abatimento do preço pago, ou inviabilizariam a compra.

GASPARIM
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NAS PERÍCIAS

Falha
É um descuido ou um erro, um procedimento ou ação imprevista ou acidental
que acarreta em uma anomalia ou um dano.

3.26 Dano
Ofensa ou diminuição do patrimônio moral ou material de alguém, resultante
de delito extracontratual ou decorrente de instituição de servidão. No Código
de Defesa do Consumidor, são as consequências dos vícios ou defeitos do
produto ou serviço

GASPARIM
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
ESPÉCIES DE PERÍCIAS

3.6 Arbitramento
Atividade que envolve a tomada de decisão ou posição entre as alternativas
tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos.

3.10 Avaliação
Atividade que envolve a determinação técnica do valor qualitativo ou monetário
de um bem, de um direito ou de um empreendimento.

3.44 Exame
Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e semoventes, para
verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa.
NBR 13.752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
ESPÉCIES DE PERÍCIAS

3.77 Vistoria
Constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição
minuciosa dos elementos que o constituem.

Inspeção

Auditoria Não abordado pela NBR 13.752. Mérito da Engenharia Diagnóstica

Consultoria
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

3.62 Perito
Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia, com atribuições para proceder a perícia.
Perito (dicionário)
(1) quem ou aquele que se especializou em determinado ramo ou assunto (2)
que tem experiência ou habilidade em determinada atividade (3) JUR diz-se
do ou técnico nomeado pelo juiz ou pelas partes para que opine sobre
questões que lhes são submetidas em determinado processo.
3.9 Assistente técnico
Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CREA e CAU), indicado e contratado pela parte para
orientá-la, assistir aos trabalhos periciais em todas as suas fases da perícia e,
quando necessário, emitir seu parecer técnico.
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

Art. 145 do Código de Processo Civil


Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o
juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421.

§ 1º Os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível universitário,


devidamente inscrito no órgão de classe competente, respeitado o disposto
no Capítulo VI, seção VII deste Código.

§ 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre a qual


deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem
escritos.
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

ASSISTENTE PARECER
AUTOR
TÉCNICO TÉCNICO

JUIZ PERITO LAUDO TÉCNICO JUÍZO SENTENÇA

ASSISTENTE PARECER
RÉU
TÉCNICO TÉCNICO
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

3.50 Laudo
Peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá as
suas conclusões ou avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou
direitos.

3.59 Parecer técnico


Opinião, conselho ou esclarecimento técnico emitido por um profissional
legalmente habilitado sobre assunto de sua especialidade.
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

Modelo de laudo
DEFINIÇÕES APLICÁVEIS E PERSONAGENS
OUTROS CONCEITOS E OS PERSONAGENS DAS PERÍCIAS

Decisão Normativa do CREA nº 69, de 23/03/2001

Art. 1º O profissional que se incumbir de atividades para as quais não possua


conhecimento técnico suficiente, mesmo tendo legalmente essas atribuições,
quando tal fato for constatado por meio de perícia feita por pessoa física
habilitada ou pessoa jurídica, devidamente registrada no CREA,
caracterizando imperícia, deverá ser imediatamente autuado pelo CREA
respectivo, por infração ao Código de Ética Profissional.

Art. 5º Tanto a negligência quanto a imprudência e a imperícia, quando


comprovadas, poderão acarretar ao profissional o cancelamento do seu
registro no CREA.
O LAUDO PERICIAL
CARACTERÍSTICAS

Os laudos periciais têm algumas características próprias, pois se referem às


questões jurídicas. O profissional que os produz deverá conhecer todo o
trâmite processual.

O perito, ao tomar ciência de todas as questões existentes nos autos, assim


como de toda a documentação apensa, deverá verificar as questões em
litígio, relacionar os bens que precisarão ser vistoriados, definir quais os
exames eventualmente necessários e que documentação nos autos do
processo deverá requisitar para esclarecer as questões existentes.

O laudo pericial objetivo e conclusivo auxilia o juiz na primeira parte da sua


sentença, que é o resumo do processo.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

O documento hábil para a entrega de um laudo em cartório é uma PETIÇÃO


ao juiz, para que o mesmo autorize a juntada do laudo pericial aos autos do
processo. Normalmente, nessa petição solicita também a autorização judicial
para a emissão de guia de pagamento de honorários profissionais.

Modelo de petição de entrega de laudo pericial

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Identificação

A primeira página do laudo pericial deverá conter os dados processuais que o


identificam. Para tal, é costumeiro se colocar um cabeçalho indicando a
quem o laudo é direcionado, em que vara a ação está se desenvolvendo.
Logo abaixo deverá ser identificado o número do processo, para que o
documento possa se processar dentro do Fórum.

Em seguida, deve-se relacionar os nomes das partes envolvidas no processo,


pois isto facilita a identificação, bem como o tipo de ação a que se refere o
processo.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL
O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Histórico processual

O profissional deverá, de forma sintética, relacionar todos os fatos relevantes


que compõem o histórico do processo, inclusive destacando os pedidos da
parte autora, as contra razões do réu, esclarecendo qual é o escopo do seu
trabalho.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Narração ou descrição

O item descrição visa apresentar ao leitor um conjunto de informações que


proporcionem uma visão global, como se o mesmo estivesse presente ao
local a ser vistoriado.

Essa descrição deverá conter a identificação do local, a vizinhança, o


detalhamento das características do terreno, a identificação do imóvel,
podendo a mesma ser abrangente ou não, dependendo do que está se
estudando na ação e de fatos pertinentes ao caso em estudo.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Narração ou descrição

Localização: mapa de localização ou foto aérea da localidade. Características


físicas como existência de pavimentação, intensidade do fluxo de tráfego,
disponibilidade de serviços públicos, entre outros.

Terreno: quando se tem relevância, deve ser o mais detalhado possível.


Verificar os dados constantes no Cartório de Registros, identificando suas
dimensões e área. Descrever topografia, forma, dimensões, ocupação.

Benfeitorias: descrever a concepção arquitetônica, como estilo, qualidade


técnica, valor histórico. Em seguida, a solução estrutural pode estar
interferindo nos danos diagnosticados.
SIMONE DEUTCH, 2013
O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Narração ou descrição

Instalações prediais: elevadores, dispositivos mecânicos, reservatórios,


sistemas de iluminação e comunicação, dispositivos de segurança, circuitos
internos de TV, tubulação de água, esgoto e pluvial.

Revestimentos, esquadrias, acabamento e demais detalhes construtivos.

Após a análise da edificação como um todo, dependendo do tipo de ação, o


profissional deverá analisar detalhadamente a questão em litígio.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Vistoria

A vistoria é a visita ao local em que se encontram os bens objetos da análise.


Em perícias que envolvem manifestações patológicas é importante observar
os problemas construtivos envolvidos na questão em análise e as formas de
manutenção periódicas eventualmente realizadas. Deve-se buscar
informações sobre o histórico da edificação, soluções adotadas e resultados,
visando-se realizar um diagnóstico preciso dos problemas em análise.

A idade da edificação deverá ser observada assim como a evolução da sua


vida útil e o controle adequado ou não de sua depreciação física.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Vistoria

Devemos observar os efeitos das intempéries sobre a construção, como


incidência das chuvas, ventos, insolações, salinidade, umidade, poluição, etc.

Além dos agentes da natureza, o modo de vida dos usuários também


interferem na edificação. A forma de ocupação, número de habitantes, se é
próprio ou locado por temporada, se está vazio por muito tempo, se está
sendo utilizado com fins diferentes do seu projeto, dentre outros.

A forma de utilização dos está diretamente relacionada à durabilidade das


benfeitorias.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Exames realizados

Durante a vistoria pode ser verificada a necessidade de exames mais


detalhados para uma maior compreensão dos problemas existentes. Podem
ser necessários sondagens de terrenos, topografia, elaboração de novas
plantas, assim como realização de testes na estrutura e na edificação.

Os testes a serem realizados na estrutura e na edificação podem ser visuais,


testes à percussão, porosidade, verificação da profundidade de
carbonatação, verificação da espessura de cobrimento, dentre outros.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
ITENS DE UM LAUDO PERICIAL

Exames realizados

Os testes visuais verificam a existência de manchas, fissuras e variação


volumétrica, detectando-se facilmente, por exemplo, a presença de umidade.

Os testes à percussão verificam a uniformidade das superfícies por meio do


som, são muito utilizados para verificação de peças com fixação deficiente
por preenchimento inadequado do tardoz, em revestimentos nas edificações.

Os testes de porosidade verificam o tempo de absorção de uma superfície e


a necessidade da utilização de um hidrofugante.

SIMONE DEUTCH, 2013


O LAUDO PERICIAL
EXAMES VISUAIS
O LAUDO PERICIAL
EXAMES VISUAIS
O LAUDO PERICIAL
EXAMES
O LAUDO PERICIAL
EXAMES
O LAUDO PERICIAL
EXAMES
O LAUDO PERICIAL
EXAMES
O LAUDO PERICIAL
EXAMES
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Ordinárias

São as mais abrangentes e, por vezes, as de maior complexidade. São


aquelas de indenização por vícios de construção ou danos causados a
terceiros e todas as demais que envolvam a participação pecuniária por
ocorrência que implique uma verificação e parecer técnico de Engenharia.
Também aí se enquadram as ações de Quanti Minoris, aquelas onde o autor
postula a diferença de metragem entre a área adquirida efetivamente
existente e aquela constante do título equivocado ou planta quando da
aquisição.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Ordinárias

São aquelas de indenização por vícios de construção.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas

Muito comuns, as antigas “vistoria ad perpetuam rei-memoriam” ocorrem em


inúmeras situações, como o prévio exame de imóveis lindeiros às vésperas
da instalação de um canteiro de obras, ou diante de um risco iminente, ou
mesmo simples aferição de um fenômeno que traduza negligência, vício ou
mau uso da coisa.

Nas suas expressões mais simples, podem se manifestar através de ações


para caracterizar responsabilidade por infiltrações em apartamentos, danos
causados a um imóvel pelo inquilino, colisão de veículos, etc.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas

como o prévio exame de imóveis lindeiros às vésperas da instalação de um


canteiro de obras.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Vistorias, Cautelares (produções antecipadas de provas) e Sumaríssimas


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Desapropriações

Objetivando obter justa indenização pela expropriação de um bem feita pelo


Poder Público, seu agente ou concessionário de serviço público.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Desapropriações
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Desapropriações
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Renovatórias e Revisionais

Do advento do Decreto Lei nº 24.150/34, originou-se a ação Renovatória, na


qual no período compreendido entre um ano e seis meses antes do término
do contrato de, no mínimo 5 anos, o inquilino requer em Juízo que este
decrete a renovação do contrato por igual período. Na grande maioria dos
casos, o locatário oferece um valor baixo e, reciprocamente, o proprietário
pede um valor alto, restando ao Juiz o arbítrio de decidir, calcado em laudo
fundamentado de Perito da sua confiança ou dos assistentes técnicos que
tenham sido indicados pelas partes litigantes.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Renovatórias e Revisionais

No que tange às ações revisionais, sejam incidentes sobre os imóveis


comerciais ou residenciais (permitidas após cada 3 anos do início do
contrato), a polêmica se mantém, pois nestas o que se busca e se discute,
unicamente, é o justo valor de mercado do imóvel, sem outras preocupações
que podem constar da renovatória, como, por exemplo, a retomada.

A jurisprudência consagrou como justa a taxa de rentabilidade de 12% ao


ano para os imóveis comerciais. Já para imóveis residenciais, quanto maior e
mais luxuoso for o imóvel, menor a taxa de rentabilidade variando entre 5% e
12% ao ano.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Renovatórias e Revisionais
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Retificações de registro

São ações de cunho administrativo, não litigiosas em princípio e que têm


lugar nas varas específicas de registro público.

As retificações de registros ou de metragem ocorrem nos casos de omissões


de medidas ou impropriedade das mesmas nos títulos dominiais e,
obrigatoriamente, têm de ser efetuadas pro Perito devidamente habilitado,
ou seja, Perito engenheiro.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Retificações de registro
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Retificações de registro
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Retificações de registro
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Retificações de registro
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Demarcatórias

São ações que envolvem questões de terras, mais comuns nas áreas rurais,
embora existentes nas zonas urbanas. Seu tipo e tipologia traduzem ser uma
ação longa. Nela é exigido o concurso de um perito agrimensor e de dois
peritos arbitradores que funcionam como verdadeiros fiscais do agrimensor,
confirmando ou não as medidas por ele encontradas. As demarcatórias
surgem quando há divergência entre os limites/divisores físicos constantes
dos títulos e a real situação do imóvel. Não raro, encontramos casos de
superposição de imóveis no decorrer de um levantamento dessa natureza,
que procura seguir o roteiro descrito do título apresentado.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Reintegrações de Posse e Reinvidicatórias

As famosas “questões de terra”, verdadeiras dores de cabeça para qualquer


perito, processam-se nos casos de invasões e esbulhos.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Reintegrações de Posse e Reinvidicatórias


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Reintegrações de Posse e Reinvidicatórias


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Reintegrações de Posse e Reinvidicatórias


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Usucapiões

Nos casos em que a posse do imóvel é caracterizada por um longo período,


cabendo ao Perito a definição da delimitação do que é, realmente, usufruído
pelo requerente.

ABUNAHMAN, 2008
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Nunciações de Obras Novas e Embargos

A ação de nunciação de obra nova destina-se à anunciação que se faz a


quem está construindo em prejuízo de interesse alheio ou da ordem pública,
para não prosseguir a obra, sob pena de desobediência. Esse tipo de ação
visa impedir o prosseguimento de uma obra nova que esteja prejudicando
um proprietário em seu próprio condomínio ou vizinhança. O pressuposto
essencial nesse tipo de ação é que a obra esteja em construção e não
concluída.

SIMONE DEUTSCH, 2013


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Nunciações de Obras Novas e Embargos


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Nunciações de Obras Novas e Embargos


ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Nunciações de Obras Novas e Embargos

CONCLUSÃO DO PARECER
ESPÉCIES DE PERÍCIAS
QUAIS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DOS PERITOS

Buscas e Apreensões

Na atual crise por que passa a economia do país, o nível de inadimplência


que assola a indústria e o comércio alcança índices inéditos em nossa
história. Veículos e máquinas financiados são apreendidos pelo órgão
financiador e, obrigatoriamente, passam por uma avaliação judicial, que
pode ser feita por oficial de Justiça, mas, nos casos de equipamentos mais
sofisticados o Juízo vale-se do concurso de engenheiros especialistas para
melhor informa-lo do valor do bem.

ABUNAHMAN, 2008
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

O processo judicial acontece quando dois lados diversos possuem um conflito


de interesses sobre determinado assunto. No processo judicial, o juiz se
utiliza das normas do direito civil. O processo judicial é um complexo de atos
e fatos. No processo compreendem-se direitos, deveres e ônus das partes,
além de poderes, deveres e direitos dos órgãos jurisdicionais.

AUTOR

JUIZ

RÉU

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

1. Petição Inicial

O processo civil começa com a petição inicial que elucida o problema e


requisita os direitos da parte que ingressou com o processo, parte que passa
a ser denominada de “autor do processo”. As peças do processo judicial
devem ser elaboradas pelos advogados das partes.

O juiz acata ou não a questão e dá prosseguimento ao processo, requisitando


a citação da outra parte, que passa a ser denominada de “réu”.

FATOS ARGUMENTAÇÃO PEDIDOS

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

2. Contestação

O réu, ao tomar conhecimento do conteúdo da petição inicial, por intermédio


do seu advogado elaborará uma petição de esclarecimentos denominada
contestação, na qual serão demonstrados os fatos levantados na petição
inicial e vistos de forma diferenciada pelo outro lado do conflito,
apresentando suas razões e argumentos.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

3. Réplica

O autor poderá apresentar seus contra argumentos, por meio de uma peça
denominada réplica, normalmente no prazo de dez dias, em obediência ao
princípio do contraditório.

O juiz, após apreciar as peças, normalmente designará a audiência de


conciliação, a ser realizada no prazo de trinta dias, sendo que a citação do
réu deverá sempre ser realizada com antecedência de dez dias.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4. Despacho Saneador

Estabelecido o desacordo, o juiz analisa os argumentos e documentos


anexados aso Autos pelas partes e exara um parecer chamado de Despacho
Saneador, em que estabelece as condições em que o processo prosseguirá.

O juiz poderá dispensar a perícia, desde que juntados aos autos pareceres
técnicos ou documentos que julgar suficientes ao entendimento da questão
técnica. Neste despacho, o juiz designa data de audiência de instrução e
julgamento e estipulará as provas que considerar necessárias.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

As partes deverão comparecer, obrigatoriamente, à audiência. No processo


judicial existem três tipos de provas: documental, testemunhal e pericial. Na
prova pericial se objetiva esclarecer, sob o ponto de vista técnico, todos os
pontos obscuros num processo, que passa necessariamente pela verificação
de um problema, sua origem, suas causas e consequências.

Não sendo extinto o processo, não alcançando um acordo e não sendo


possível o julgamento antecipado da lide, o juiz profere o chamado
“despacho saneador”, em que estipula a realização da perícia. Nesse
despacho o juiz faculta às partes prazo para indicarem assistentes técnicos e
formulem seus quesitos a serem respondidos na perícia técnica.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5. Procedimento Pericial

No processo judicial, quando há necessidade da realização de perícia técnica,


há espaço para o trabalho de três profissionais: perito do juízo e assistentes
técnicos das partes.

A nomeação do perito é realizada da mesma maneira que a contratação de


um serviço temporário. O juiz indicará um profissional habilitado de sua
confiança para lhe auxiliar em um caso em que não possui o conhecimento
necessário. Trata-se de um trabalho profissional liberal, sem vínculo
empregatício.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Ao ser indicado um perito, as partes podem indicar um assistente técnico de


sua confiança e devem formular os quesitos que considerar imprescindíveis
para o esclarecimento da questão em litígio.

Os assistentes técnicos são pagos pelas partes e cabe a eles defenderem o


seu cliente dentro dos limites da ética e do bom profissionalismo sem se
violentarem tecnicamente.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.1 Perícia Técnica

A perícia é essencialmente um meio de prova que é realizada por vistorias,


coleta de documentação e avaliação da situação.

“Cabe ao perito fornecer ao Juízo elementos técnicos de convicção para que o


julgamento possa ser apreciado sem dúvidas da parte do Magistrado
formando-se, assim, um sistema proporcionador de dados para o
convencimento que gerará a decisão.” (ABUNAHMAN, 1999)

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Após todos os trâmites preliminares, quando o perito irá iniciar seus


trabalhos, deverá analisar e resumir todos os pontos levantados nas peças
existentes nos autos.

Após uma anamnese da situação, o perito deverá agendar a vistoria, a qual


se destina a apurar os fatos no local onde ocorrer e constatar os problemas
citados pelas partes. As perícias são diferenciadas e dependerão da
abrangência que está sendo questionada; pode se resumir a uma vistoria e
constatação de fatos e pode ser mais ampla, necessitando-se investigar as
causas dos problemas.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.2 Obrigações do Perito

O perito judicial, atuando como auxiliar da justiça, deverá obedecer às


preconizações do Código de Processo Civil. São obrigações dos peritos:

• Analisar cuidadosamente todas as peças dos autos;


• Realizar a vistoria, informando aos assistentes a data e horário da mesma;
• Recolher toda documentação necessária para elaboração do trabalho;
• Elaborar o laudo com presteza e cuidado;
• Responder aos quesitos das partes;
• Atender as partes, esclarecendo quando necessário pontos que ficaram
obscuros no laudo.
DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.3 Etapas da atuação pericial

Após tomar conhecimento da sua nomeação, o perito deverá juntar aos


autos uma petição na qual aceita a incumbência.

Com o decorrer da Ação o perito será convocado a analisar os Autos, os


quesitos realizados e os testes necessários, o tempo da vistoria e deverá
apresentar ao Juízo sua proposta de honorários profissionais. O juiz
acolhendo o pedido, despacha para que as partes se pronunciem sobre o
valor do pedido. A parte autora, normalmente, é responsável pelo pagamento
dos honorários. Caso venha a vencer a ação, o autor é reembolsado pela
parte perdedora.
DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

As partes analisam o pedido de honorários e podem considerar o valor


exagerado, apontando ao juiz tal fato. Neste caso, o perito deverá aguardar o
despacho do juiz. Caso o mesmo solicite o pronunciamento acerca dos
honorários, o perito deverá encaminhar ao juiz uma petição justificando o
acerto de sua cobrança.

Os argumentos apresentados podem ou não ser aceitos pelas partes, que


normalmente são chamadas a se pronunciar outra vez. Existem casos em
que o juiz, nesta fase, decide sobre o valor dos honorários, sem ouvir as
partes. Uma vez homologado, a parte responsável deverá depositar o valor
em cartório.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

O perito deverá aguardar a homologação da sua proposta e o depósito efetivo


de seus honorários. O depósito poderá ser parcelado.

De posse dos autos, o perito deverá estudar o processo detalhadamente,


observando os pontos conflitantes e os pontos a serem abordados em seu
trabalho técnico. Em seguida, deverá marcar o dia da diligência de vistoria,
avisando com antecedência aos assistentes técnicos e às partes.

Depois de realizada, a vistoria deverá reunir todo o material necessário para


a elaboração do laudo, o qual deverá conter todos os itens necessários para o
esclarecimento da questão em litígio.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Após a entrega do laudo pericial em cartório, as partes analisam as questões


e têm direito a comentários sobre o trabalho pericial realizado, concordando
ou discordando dos pontos conflituosos. O perito poderá ser intimado a
responder a questões que ficaram duvidosas dentro do seu trabalho.

O juiz poderá requisitar a presença do perito à audiência de conciliação e


julgamento. Neste caso, os esclarecimentos deverão ser solicitados
antecipadamente, e o perito examinar e responder por escrito, aos quesitos
adicionais formulados antes da audiência. O perito poderá ser inquirido
verbalmente, durante a audiência.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.4 Obrigações do Assistente Técnico

O assistente técnico também deverá cumprir as preconizações do Código de


Processo Civil. O assistente técnico logo que for nomeado, deverá tomar
conhecimento de todos os fatos do processo. Normalmente, auxilia o
advogado na formulação dos quesitos que serão inseridos nos autos para
serem respondidos pelo perito. O assistente deverá zelar pelos interesses da
parte que o contratou, auxiliando o perito no que for necessário, fornecendo
informações e documentação. Como também está sujeito a penalidade do
Código de Processo Civil, jamais deverá faltar com a verdade e com a ética
profissional.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.4 Obrigações do Assistente Técnico

• Analisar minuciosamente o processo e os questionamentos;


• Auxiliar na formulação dos quesitos;
• Entrar em contato com o perito, sempre informando do andamento
processual e dos documentos disponíveis;
• Em discordância ao laudo pericial, deverá apresentar os pontos
discordantes, sempre se preocupando com os aspectos técnicos da causa
e nunca pessoais;
• Colaborar com o advogado da parte que o contratou, auxiliando no
entendimento técnico da questão, auxiliando na formulação de quesitos
suplementares, que poderão ocorrer ao longo da perícia.
DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

6. Sentença

A sentença normalmente contém três partes:

Relatório: resumo do processo judicial;


Fundamentação: análise do juiz das questões conflituosas de fato e de
direito;
Dispositivo: meio em que o juiz aplica a lei ao caso concreto.

Depois de todos os pontos debatidos, o juiz marca a audiência de julgamento


e profere a sentença.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

7. Honorários

Os honorários do perito judicial são fixados levando em consideração os


seguintes pontos:
• O tempo que será pago para a realização da prova pericial;
• O grau de dificuldade da mesma;
• O tipo de causa;
• As despesas que serão necessárias para análise da questão;
• A necessidade ou não de contratação de terceiros;
• A necessidade de serviços de topografia ou sondagem;
• A necessidade da realização de exames laboratoriais ou ensaios.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

8. Ética Profissional

Na Engenharia Legal, em qualquer função a ser desempenhada: consultor,


perito judicial, assistente técnico, árbitro, mediador, avaliador, o profissional
deverá possuir uma conduta ética exemplar. Os cargos assumidos são de
confiança do juiz e das partes, de grande responsabilidade, dada à natureza
do serviço. O laudo técnico, normalmente, é uma prova que auxilia ao
deslinde da causa, e dessa forma deve pautar-se em fatos verídicos e
corretamente ponderados.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

O perito, em alguns casos, poderá se sentir impedido e deverá escusar-se do


encargo. Nesses casos pode-se citar como exemplo: processos em que uma
das partes ou advogados sejam familiares, amigos íntimos ou inimigos;
quando houver realizado um pré-laudo do caso em questão; quando a
matéria envolvida não faça parte do seu conhecimento específico; quando
estiver com compromissos que não lhe permitam cumprir os prazos fixados;
quando tiver algum interesse específico da matéria envolvida.

Uma postura ética é importante para o pleno desenvolvimento da vida


profissional. O perito deverá manter-se neutro durante todo o processo. A
postura ética constrói e destrói a reputação de um profissional.

DEUTSCH, 2013
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Apresentar Petição de Escusa


A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Estudo de Caso: Ação por dano material sobre a existência de vícios construtivos

Trata-se de uma ação por dano material, com um autor, que versa sobre a
existência, ou não, de vícios construtivos na edificação de sua propriedade. O
imóvel sub judice nesta ação é uma edificação, de padrão baixo, inserida no
conjunto habitacional Mangabeira, do município de João Pessoa – PB.

O autor não indicou assistente técnico, justificando a impossibilidade por razões


econômicas de fazê-lo e a ré indicou para assistente técnico o engenheiro civil
Antônio José da Silva, CREA 12.3456/PE. A vistoria foi realizada, sem presença
dos assistentes técnicos. A vistoria ocorreu em 04 de julho de 2018, às 8hs da
manhã do presente dia.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

1. Características gerais da unidade


A unidade vistoriada está inserida em um bairro que se originou de conjunto
habitacional, sendo portanto, por natureza, edificação de baixo padrão
construtivo. Na concepção original desta unidade estava previsto cobertura em
telha cerâmica sobre estrutura de madeira, piso cimentado liso, acabamento em
pintura a cal nas áreas secas e pintura a óleo nas áreas molhadas, portas em
madeira semi-ocas e janelas em madeira de segunda qualidade. Segundo
informações e provas anexas ao processo, a unidade apresenta mais de 30 anos
de construção.
O imóvel conta com alterações do projeto original. Foram realizadas reformas e
ampliações, que não impactaram nas estruturas pré-existentes, mas que
apresentam algumas incompatibilidades construtivas que impactam
exclusivamente na área ampliada.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

2. Características do imóvel

Casa apresenta dois quartos, um wc social, cozinha, sala e terraço, área do


terreno 7,75 x 20,40 e idade superior a 38 anos. O imóvel apresenta uso
inteiramente residencial. Não demonstra boas condições de manutenção,
entretanto apresenta vícios construtivos detectáveis – infiltração ascendente por
falha ou falta de impermeabilização de fundação e afundamento de piso por
falha na compactação do aterro.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

3. Solicitações do autor
No petição inicial é alegada a necessidade dos reparos abaixo relacionados,
assim como é solicitada a consideração nos custos, além dos reparos e a
desocupação da casa (gastos com aluguel de outro imóvel e transporte dos
utensílios).
• Impermeabilização da fundação;
• Retirada de revestimento danificado e aplicação de emboço;
• Revisão geral da parte elétrica;
• Troca de telhado e madeiramento;
• Pintura geral da edificação;
• Troca de esquadrias;
• Revestimento de muretas;
• Reparos no piso.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4. Vistoria

Todos os sistemas construtivos da edificação apresentam perda de desempenho


visível. Considerando as recomendações de vida útil padronizados na norma de
desempenho e descritos no item 5 deste laudo, percebe-se que, com exceção
das estruturas e alvenarias de fachada, os sistemas da edificação cumpriram o
período mínimo de VUP. A redução de desempenho, portanto, seria esperada.

Os principais danos encontrados na casa, podem até parecer ausência de


manutenção ou causados pelo uso inadequado, ou mesmo perda de
desempenho natural, entretanto, foram detectados alguns vícios construtivos.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.1 - Impermeabilização

A unidade vistoriada apresenta infiltrações ascendentes no terço inferior das


alvenarias, o que caracteriza falha ou ausência de impermeabilização de
fundação. Infiltrações ascendentes por ausência ou falha no sistema de
impermeabilização caracterizam vício construtivo, pois remonta a falhas
ocorridas na fase de construção da edificação. As infiltrações ascendentes são
manifestações patológicas progressivas e, portanto, o problema tende e vem
agravando-se.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.2 - Piso

O piso da casa apresenta trincas e alguns pontos de afundamento.


Afundamentos de piso são característicos de vícios construtivos ligados a falha
na execução do aterro das edificações.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.3 - Instalações

A unidade vistoriada ainda apresenta instalações elétricas originais com um


único circuito para toda a edificação, assim como toda a fiação exposta, sem o
uso de eletrodutos, sobre as paredes e penduradas entre o madeiramento do
telhado. Esta situação caracteriza um vício construtivo, pois está em desacordo
com o que preconiza a NBR 5410, que trata de instalações elétricas.
Salientamos que a orientação de dividir a instalação em circuitos já era prevista
na versão da NBR 5410 vigente a época da construção. Embora apresente erros
de concepção, a rede elétrica permanece cumprindo a função estabelecida
durante a construção, não sendo relatado qualquer problemas referentes a fuga
de corrente, curto-circuito e/ou princípios de incêndios que evidenciassem a
danificação do sistema instalado.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.4 - Cobertura
Foram detectados alguns problemas e são eles: desalinhamento das fiadas e
pouca sobreposição entre as peças. Estas falhas permitem que aja o respingo no
interior do imóvel, além da penetração e acumulação de umidade, concentrando-
a nas faces internas das telhas e nas ripas em contato direto com as mesmas. O
madeiramento da cobertura em contato constante com a umidade sofrem
processo de apodrecimento, criando as condições de desenvolvimento de fungos
e bolores em ambos. A exposição às umidades e respingos, originados nas
telhas, tanto no interior das casas como nas partes externas são provocadas pela
ausência de telha virada nos beirais e dos capotes nas cumeeiras, em alguns
casos, e pelo pouco recobrimento da última fiada. As terças são chumbadas
diretamente sobre as alvenarias provocando fissuras, trincas e rachaduras.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.5 - Revestimentos

O reboco do imóvel é composto de material siltoso, com presença de algumas


fissuras nas paredes da casa, sobretudo nas áreas próximas as esquadrias da
fachada, provocadas pela baixíssima resistência à umidade externa. As áreas
atingidas pela umidade causadas pelas infiltrações descendentes e ascendentes
também apresentam danificação parcial do material constituinte que revestem
as paredes. A presença desta umidade possibilita também o aparecimento de
um fenômeno conhecido como E.P.U. (Expansão por Umidade) que atua nos
tijolos cerâmicos provocando a sua deterioração.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.6 - Pintura

A pintura dispensa maiores comentários. Sua renovação é sem dúvida


responsabilidade do morador/proprietário do imóvel. Porém, pelo fato de ser
necessário uniformizar o reboco em todo o ambiente no qual forem feitos os
reparos, assim, haverá de ser necessária a aplicação de pintura em toda a
parede que recebeu o novo reboco, restringindo apenas por esse fato.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.7 - Esquadrias

As portas e janelas da casa são as mesmas da época da entrega do imóvel,


portanto têm idade superior a 30 anos e continuam a cumprir o papel
inicialmente previsto, entretanto com desempenho reduzido. A NBR 15575,
embora de 2013, mas utilizada como parâmetro balizador conforme detalhado
no item 5, padroniza que a VUP para esquadrias externas – localizadas em
fachada – deve ser no mínimo 20 anos, isso incluindo manutenções periódicas.
As esquadrias instaladas, portanto, cumprem o requisito mínimo de desempenho
e apresentam sinais de conservação, com pintura contínua.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

4.8 – Área externa

A casa periciada é isolada por mureta e portão de ferro, que correspondem a


melhorias realizadas pelo proprietário após a entrega do imóvel. Parte do piso
desta área é revestido com pedra rachinha, o restante é coberto por resíduos de
material de construção e solo batido. O acúmulo desses entulhos no interior do
imóvel e sua exposição a umidade por intemperismo, ocasionam a proliferação
de vetores de doenças, insetos e roedores, que podem deteriorar os materiais
constituintes do bem vistoriado. Os danos citados sobre muro, embora
verificadas in loco, não são escopo desta perícia, pois tratam de melhorias
realizadas pelo proprietário do imóvel.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5. Diagnóstico
5.1 – Fundações e estruturas

Não foram construídas as fundações e estruturas mínimas recomendadas na


ABNT, como pilares, cintas e blocos, sendo esta composta apenas de alvenaria
de pedra e baldrame com tijolos cerâmicos industrializados, aparentemente sem
impermeabilização, ou proteção, com utilização de argamassa com componente
expansível no revestimento. As fundações estão sujeitas às infiltrações das águas
de chuva que se precipitam no terreno, causando acumulação de umidades no
aterro que deveria estar confinado, acentuando essa umidade nas bases das
alvenarias internas e externas que ascendem ao interior da casa, além de atingir
e instabilizar o contra piso construído fora das normas, provocando
afundamentos e rachaduras do piso cimentado.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.2 – Impermeabilizações

Apresenta infiltrações ascendentes no perímetro total da edificação o que


evidencia a falha ou ausência de impermeabilização de fundações.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.3 – Piso

O imóvel apresenta piso cimentado com buracos e algumas tentativas de reparo,


como também sinais de afundamentos. Com aplicação de revestimento
cerâmico por iniciativa do proprietário para conter o avanço da desagregação do
material em uma parte do imóvel, entretanto, essa não é uma solução indicada
para esse caso, que posteriormente poderão ocasionar o descolamento das
peças aplicadas.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.4 – Instalações

As instalações elétricas do imóvel são em geral externas à paredes e teto. Fios


expostos, sem a utilização de eletrodutos, mantendo o esquema da entrega da
edificação.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.5 – Cobertura

Mantida a estrutura original da época do recebimento do imóvel. O


madeiramento apresenta sinais de ataque de cupim e infiltrações descendentes,
com presença de bolores e formos. Uma das infiltrações detectadas é causada
pela abertura realizada pelo morador, para colocação de antena de TV.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.6 – Revestimentos internos

Apresenta desagregação do reboco de aspecto arenoso e com pontos de


desplacamento. Aplicação de revestimento cerâmico por iniciativa do proprietário
para conter o avanço da desagregação do material, no perímetro da cozinha do
imóvel, situação que não ocasiona uma solução permanente para a
problemática, que poderá causar o desplacamento das peças aplicadas na
parede.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

5.7 – Revestimentos Externos

Fissuras no revestimento de reboco na fachada lateral. Danos causados por


infiltrações descendentes do beiral e também relacionados a fissuras da
interface das áreas ampliadas e entregues na época.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

6. Conclusão

Em função do exposto nos itens precedentes, o Perito conclui que a casa em


questão possui VÍCIOS E DANOS DE CONSTRUÇÃO diversos. Foram detectados
vícios relacionados a falha na execução da impermeabilização da fundação da
unidade. O afundamento de piso também foi um vício identificado na vistoria.
Destacarei alguns pontos importantes:
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

1. A casa foi construída em terrenos com um alto grau de umidade prejudicando a alvenaria de
embasamento/elevação e piso cimentado;
2. Os afundamentos e rachaduras de pisos identificados se devem, possivelmente, a
abatimentos do aterro do caixão e buracos provenientes da má execução de compactação do
aterro e/ou má qualidade dos materiais aplicados;
3. Devido a falha ou não execução da impermeabilização a alvenaria de elevação (paredes) está
sujeita a ação da umidade com a presença constante de infiltrações de origem ascendente
que tornam os ambientes insalubres com a formação de bolores e mofos. A situação é
agravada pois a argamassa de revestimento utilizada apresenta material expansível, o que
incorre em formação de bolhas e desplacamentos do revestimento;
4. As peças de madeira da coberta não receberam um tratamento contra cupim, ou receberam
tratamento ineficaz. A presença deste inseto na estrutura da coberta provoca uma
deterioração precoce das peças de madeira, levando ao colapso e desmoronamento da
mesma.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

As falhas e vícios acima citadas vêm a comprometer a habitabilidade da casa,


objeto desta perícia, tornando-a insalubre e tendo a sua habitabilidade
comprometida, fazendo-se necessário a execução de obras para reparar os danos
detectados nas vistorias, orçada num total de R$ 14.132,89 (Quatorze mil, cento
e trinta e dois reais e oitenta e nove centavos).

Orçamento
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

QUESITOS FORMULADOS PELO AUTOR

Quais os danos estruturais no imóvel da parte autora?

Resposta – O imóvel apresenta diversas manifestações patológicas que foram


detalhados nos itens 8 e 9 deste laudo. Das manifestações que tem impacto
estrutural temos as falhas na estrutura da coberta e a falha ou ausencia de
impermeabilização da fundação
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Quais os danos, vícios ou defeitos construtivos verificados?

Resposta – O imóvel apresenta os seguintes vícios construtivos identificáveis:


- Ausência ou falha na impermeabilização da fundação
- Falha na execução do aterro do caixão do imóvel.
- Ausência ou falha na aplicação de material anti-pragas para proteção da
coberta
- Instalações elétricas dimensionadas em circuito único
Existem ainda danos oriundos destes vícios como
- Desplacamento de revestimento argamassado no terço inferior das paredes
- Infiltrações e formação de bolores no terço inferior das paredes
- Afundamento de piso
- Presença de cupins no madeiramento.
Maiores detalhes sobre os vícios nos itens 8,9 e 10 deste laudo.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Esses problemas de estrutura podem ocasionar o desmoronamento do imóvel?

Resposta – Não foi detectado risco iminente de colapso da estrutura.

O imóvel se presta a moradia?

Resposta – Sim, entretanto o imóvel proporciona condições de habitabilidade


prejudicada por apresentar condições insalubres devido, principalmente, a
presença de infiltrações em todo o terço inferior das paredes do imóvel.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

QUESITOS DA RÉ

Há quanto tempo o imóvel periciado foi construído?

Resposta – Há mais de 38 anos.

Quem reside no imóvel é o seu proprietário detentor de instrumento contratual


assinado com o Agente Financeiro ou posseiros ou ainda detentores de “contrato
de gaveta”? Caso não se apresente qualquer das condições indicadas, a que
título o morador reside no imóvel? E desde quando ocupa o imóvel?

Resposta – O proprietário é o primeiro morador, aquele que detém


o contrato do imóvel assinado pela financeira. Reside no imóvel
desde a sua entrega, em maio de 1980.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

Na perspectiva do homem médio (leigo), em quanto tempo após a aquisição se


conseguiria perceber tais danos?

Respostas – Não é possível prever esse tempo. Entretanto as manifestações


patológicas detectadas relacionadas a infiltração devem ter sido percebidas já
nos primeiros anos após a aquisição do imóvel, após as primeiras estações
invernosas.

Há incidência de uso, desgaste e falta de conservação? Caso positivo, descrever.

Resposta – Sim, mas sem grandes proporções. Descritos com mais detalhes nos
itens 8, 9 e 10 do laudo.
A PERÍCIA JUDICAL
A ESFERA JUDICIAL

O imóvel mantém seu projeto original? Caso negativo descrever em que consistiram as
modificações.

Resposta – Não. Ocorreu ampliação da área da cozinha e mudança de posição da porta da sala,
que em suma não comprometeram as estruturas existentes e que não foram considerados neste
trabalho.

Houve aumento da área construída do imóvel? Estas alterações foram averbadas perante a
Seguradora para acréscimo da área coberta e do prêmio cobrado? Essas alterações foram
acompanhadas por um responsável técnico? Caso positivo, favor indicar.

Resposta – Sim, o imóvel apresenta ampliação. Não foram apresentadas averbações, projetos,
ART ou quaisquer documentos que comprovem ou atestem a execução dos serviços de
ampliação realizados, portanto não podemos informar se houve acompanhamento e/ou
averbação do imóvel após ampliação.

Você também pode gostar