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Compreensão do texto

1. Tipos de texto

1.1 Texto narrativo

Um texto narrativo é um texto em que o narrador conta uma história, real ou imaginária, onde
entram personagens que se envolvem numa ação, situada num determinado espaço e tempo.

 Exemplo de romance:

Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz
aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim,
falou da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode
ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os
olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos
no bolso.
— Continue, disse eu acordando.
— Já acabei, murmurou ele.
— São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do
gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-
me Dom Casmurro.

Trecho do Capítulo Primeiro do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis

Exemplo de conto:

Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia reles, já se imagina: ceia tipo meu pai,
castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes (quanto
discutimos os três manos por causa dos quebra-nozes...), empanturrados de castanhas e
monotonias, a gente se abraçava e ia pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei com uma das
minhas "loucuras":
— Bom, no Natal, quero comer peru.
Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que
morava conosco, advertiu que não podíamos convidar ninguém por causa do luto.
— Mas quem falou de convidar ninguém! essa mania... Quando é que a gente já comeu peru em
nossa vida! Peru aqui em casa é prato de festa, vem toda essa parentada do diabo...
— Meu filho, não fale assim...
— Pois falo, pronto!

Trecho do conto “O peru de Natal”, de Mário de Andrade

Exemplo de crônica:

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na
realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar
inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano
de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano,
fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico.
Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança
ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais
nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na
lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço
então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Trecho de “A última crônica”, de Fernando Sabino

Exemplo de fábula:

Coruja e Águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.


— Basta de guerra – disse a coruja. – O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é
andarmos a comer os filhotes uma da outra.
— Perfeitamente — respondeu a Águia. — Também eu não quero outra coisa.
— Nesse caso combinemos isto: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
— Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
— Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres,
cheios de uma graça especial que não existe em nenhum outro filhote de nenhuma outra ave, já
sabes, são os meus.
— Está feito! – concluiu a Águia.
Dias depois, andando a caça, a Águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que
piavam de bico muito aberto.
— Horríveis bichos! — disse ela. – Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e
foi justar contas com a rainha das aves.
— Quê? — disse esta, admirada. – Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois olha, não se
pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...
Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio ama, bonito lhe
parece.

Fábula “A Águia e a Coruja”, de Monteiro Lobato

1.2 Texto informativo

Os textos informativos são textos sobre os mais variados assuntos, cuja função é transmitir
informação ao leitor.

1.3 Texto descritivo

Um texto descritivo serve para descrever objetos, pessoas, animais ou situações que tenham


ocorrido, com recurso à adjetivação.

1.4 Poema
Um poema é um texto escrito em verso.

Verso é cada uma das linhas do poema. As últimas palavras do verso geralmente rimam entre si.

 Quem me compra um jardim com flores?


Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?


Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?


E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

1.5 Banda desenhada

Uma banda desenhada junta imagens e texto, de forma a contar uma história.

A noção de níveis de língua está ligada à diferenciação social em classes ou em grupos de diversos


tipos.

Os falantes podem empregar vários níveis diferentes segundo os meios em que se encontram.

As clivagens podem ser apenas de ordem lexical (calão e língua corrente, vocabulário técnico e
língua corrente), sintáctica e lexical (língua culta e língua popular, língua corrente e dialecto).

Todavia, quaisquer que sejam as situações linguísticas, encontram-se sempre pelo menos os três
níveis seguintes: língua elevada, que tende a assemelhar-se à fala culta, utilizada na camada que
goza do prestígio intelectual, língua corrente, que tende a seguir os usos da fala popular, e falares
dialectais.

Outros níveis, ainda, são a língua familiar, usada em casa, e o calão obsceno, entre colegas da
escola, por exemplo.
F. V. Peixoto da Fonseca  21 de abril de 1999

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Tipos de Texto

O que são os Tipos de Texto:

Tipos de texto ou tipologias textuais são sequências de palavras e frases que formam os textos


que usamos no nosso dia a dia. São tipos textuais o narrativo, o descritivo, o dissertativo,
o injuntivo, o explicativo e o preditivo.

Gêneros textuais (romances, poemas, relatórios, e-mails, teses, verbetes etc.) são compostos por
tipos textuais. Por exemplo: para escrever um conto (gênero textual), é indispensável o uso da
narração (tipo textual). Geralmente, um único texto é formado por mais de um tipo textual.

Texto Narrativo

Narrar é contar uma história, um acontecimento, uma cena. É isto que faz o texto narrativo:
contar histórias. Para isso, devem existir elementos como personagem, espaço e tempo. Além
disso, narrativas costumam ser organizadas em torno de um conflito - uma situação problemática
que nos chama a atenção.

Exemplos de gêneros predominantemente narrativos:

Romance

Conto

Crônica

Novela

Fábula

Lenda

Biografia

Veja também: Texto Narrativo, Significado de Narrativa e Características do Texto Narrativo.

Texto Descritivo

Descrever é mostrar alguma coisa (um lugar, uma paisagem, um personagem), caracterizando-a. A


descrição faz parte de muitos gêneros, porém é raro encontrar algum gênero em que ela seja o
tipo predominante.
O perfil, gênero que se dedica a apresentar os traços de uma pessoa e de sua vida, é um exemplo
de texto predominantemente descritivo. Novelas, contos, romances e crônicas são gêneros
predominantemente narrativos que contêm descrições.

Texto Dissertativo

Dissertar é o mesmo que discorrer - falar sobre um determinado tema. Quando tem caráter
argumentativo, a dissertação expõe uma tese e apresenta argumentos com a finalidade de
demonstrar a validade desse ponto de vista. O objetivo do texto argumentativo-dissertativo é
convencer o interlocutor.

Exemplos de gêneros predominantemente dissertativos:

Dissertação de vestibular e concursos

Artigo científico (ou acadêmico)

Tese de doutorado

Artigo de opinião

Ensaio

Monografia

Editorial de jornal

Leia mais sobre a Dissertação.

Texto Injuntivo

O texto injuntivo é aquele que emite ordens de ação ou instruções (por isso, é também chamado
de texto instrucional). Seu modo verbal característico é o imperativo: “Faça”, “Use”, “Aja”, “Deve”
etc.

Exemplos de gêneros predominantemente injuntivos:

Receita médica

Manual de instrução

Bula de remédio

Prescrição médica

Convocação militar

Instrução normativa

Texto Expositivo

A exposição é a apresentação de alguma coisa: uma ideia, um pensamento, um conceito, um


dado etc. Na exposição o foco não é problematizar ou argumentar, mas a exibição de um saber, de
forma lógica e organizada.
Exemplos de textos predominantemente expositivos:

Verbete de dicionário

Verbete de enciclopédia

Livro didático

Seminário

Apresentação de projeto

Texto Preditivo

O texto preditivo é aquele em que o autor antecipa (ou seja, prediz) alguma coisa.

Exemplos de gêneros predominantemente preditivos:

Boletim meteorológico

Programação (de conferências, encontros, eventos etc.)

Roteiro de viagem

Profecia

Diferenças entre gênero textual e tipo textual

Gênero textual é uma forma de redação que possui características peculiares em relação a sua
estrutura, estilo, conteúdo e função. Já os tipos textuais são sequências de palavras e frases que
fazem parte dos gêneros.
É comum que um texto contenha dentro de si mais de um tipo textual. Um conto, por exemplo,
pode conter trechos narrativos, outros descritivos, outros dissertativos… Da mesma forma, uma
tese, predominantemente dissertativa, pode conter trechos narrativos (relatos de uma pesquisa
de campo, por exemplo).

Gênero Textual Tipo Textual

Sequência de palavras e frases que compõe


Forma de redação que faz parte do nosso dia a dia
os gêneros textuais

Varia ao longo do tempo Não varia ao longo do tempo

Há poucos tipos textuais: alguns autores


Há inúmeros gêneros literários
falam em 5, outros em 6

Exemplos: relatório, poema, conto, verbete, manifesto,


Tipos textuais: narrativo, explicativo,
romance, carta, receita culinária, manual de instruções,
dissertativo, descritivo, injuntivo e preditivo
conversação, resenha, bilhete, crônica, ensaio etc.

Figuras de Estilo ou Recursos Expressivos

458 palavras 2 páginas

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FIGURAS DE ESTILO OU RECURSOS EXPRESSIVOS

COMPARAÇÃO – associação de duas realidades diferentes por meio de um termo de comparação.


(como, do que, parecer-se, assemelhar-se a ou ser semelhante a, tal qual, …)
Ele estava gelado como uma pedra.
Ele parecia um foguete.
O amor é como o fogo.
METÁFORA – fusão de duas realidades diferentes e mudança do significado próprio de cada uma
para um significado figurado conjunto.
Amor é fogo que arde.
(Camões)
Palavras azedas.
Flor da juventude.
Anjo, a minha rosa.
Ele voava no campo.
PERSONIFICAÇÃO – atribuição de qualidades humanas (fala, acções, sentimentos, …) a seres
inanimados. A noite caminhava lenta e pesada.
As árvores inclinavam-se para ouvir.
O cão chorava de dor.

IRONIA – emprego de palavras com sentido contrário ao que exprimem na realidade.


Que lindo menino (grande malandro).
Vê-se mesmo que andas a estudar.
«Santo sapateiro honrado.»
(Diabo, Auto da Barca do Inferno)

ANTÍTESE – emprego de termos com sentido contrário para exprimir uma dualidade.
«Naquela triste e leda madrugada.»
(Camões)
«O esforço é grande e o homem é pequeno»
(Fernando Pessoa)
«Um sonho sombrio numa manhã cheia de sol.

ADJECTIVAÇÃO DUPLA – («triste e leda madrugada; santo sapateiro honrado»)

ADJECTIVAÇÃO TRIPLA – («dias curtos, pálidos e gelados.)

POLISSÍNDETO – repetição expressiva de muitos «e» (conjunção coordenativa copulativa).


«E é amar-te, assim perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim e dizê-lo cantando a toda a gente.»
(Florbela Espanca)
Obs.: Este polissíndeto exprime a euforia e o orgulho de ser poeta.

HIPÉRBOLE – exagero de uma ideia ou expressão, de forma positiva ou negativa, ampliando a


verdadeira dimensão de uma realidade ou do efeito causado por ela.
Tu és o sol da minha vida.
Vejo um oceano de cabeças.
Um vendaval de gente.

ANÁFORA – repetição de uma palavra ou expressão no início de versos ou de frases.


«E é amar-te assim perdidamente é seres alma e

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