O documento resume quatro correntes teóricas sobre o conceito de texto: 1) Linguística textual vê texto como sequência de frases; 2) Teoria da enunciação considera contexto do locutor e interlocutor; 3) Semiótica analisa funcionamento textual da significação; 4) Análise do discurso leva em conta condições de produção e sujeito social.
Descrição original:
Título original
Atividade sobre texto- Freda Indursky - disciplina de Texto, Memória e Subjetividade
O documento resume quatro correntes teóricas sobre o conceito de texto: 1) Linguística textual vê texto como sequência de frases; 2) Teoria da enunciação considera contexto do locutor e interlocutor; 3) Semiótica analisa funcionamento textual da significação; 4) Análise do discurso leva em conta condições de produção e sujeito social.
O documento resume quatro correntes teóricas sobre o conceito de texto: 1) Linguística textual vê texto como sequência de frases; 2) Teoria da enunciação considera contexto do locutor e interlocutor; 3) Semiótica analisa funcionamento textual da significação; 4) Análise do discurso leva em conta condições de produção e sujeito social.
A fim de desnaturalizar o que é texto, Freda traz a concepção deste em quatro
correntes teóricas diferentes, sendo elas respectivamente linguística textual, teoria da enunciação, semiótica e análise do discurso. Pois, conforme a autora (2006, p. 35, grifo da autora), “o sentido de texto muda de acordo com o aparato teórico de que nos cercamos para concebê-lo”. Dessa forma, há o que é texto com base na primeira teoria. Para a linguística textual, o texto era compreendido como uma “sequência coerente de frases”, o texto sendo considerado portanto, uma extensão da frase, constituindo assim a fase transfrástica dos estudos textuais. Posteriormente, houve a busca pelo entendimento do texto a fim de “descrevê-lo por si mesmo e em sua totalidade” (p. 45), levando a uma outra fase conhecida por gramática de texto. Nesse período, objetivou-se transferir ao texto aquilo que já havia sido construído com base no objeto frase, tendo como propósito prescrever uma gramática do texto. Buscava-se, portanto, compreender o além da frase para se chegar ao texto, para isso, as relações entre as frases (mais tarde conhecidas como coesão) que constituem o texto eram analisadas. Ainda no que tange a linguística textual, a autora ressalta que há três conceitos elementares advindos dos estudiosos dessa corrente que devem ser considerados sendo eles a textualidade (“propriedade intrínseca de um texto”), coesão (“relações entre as frases”) e a coerência (“unidade de significação que um texto deve apresentar para ser entendido como texto”) (INDURSKY, 2006, p. 47). Entretanto, por mais que nessa corrente o sujeito não tenha tido relevância, ao aproximar-se de Chomsky é que este entrou no jogo, mas de forma sutil, apenas como sujeito ideal e não real, e, com isso, o texto passou a ser visto como ato de comunicação. Assim sendo, os linguistas textuais caminharam rumo a um novo período, o de “junção do processamento do texto” e seu “contexto pragmático”. Com isso, o texto passou a ser entendido como um meio de comunicar-se com seu interlocutor, conforme assevera Freda acerca do texto nessa nova fase, "uma unidade pragmática” (p. 49). Ao tratar de texto nessa nova perspectiva, outros conceitos somados a coesão e coerência são introduzidos a fim de constituir sua natureza comunicacional, sendo eles a intencionalidade (o que se deseja com um texto), aceitabilidade (a aceitação da intenção do texto pelo interlocutor), situacionalidade (diz respeito à “relevância e pertinência do texto em relação ao contexto em que este é produzido”), informatividade (informações novas contidas no texto avaliadas pelo interlocutor e a intertextualidade (texto fazendo sentido em relação a outros textos) (ibid, p. 50). Assim sendo, a autora ao considerar a linguística textual, pontua que a grande relevância dessa corrente teórica encontra-se em ter formulado o texto como um novo objeto de análise. Em busca de explicar o que é o texto para a teoria da enunciação, Freda inicia esclarecendo que para esta corrente o que é concebido como objeto de análise é o enunciado e que assim advém os estudos acerca da enunciação. A autora defende que pelo fato de a teoria tratar também do externo, não apenas da língua como um sistema fechado, a leva a ancorar suas reflexões acerca do texto com base nela. O enunciado aqui é, portanto, tratado pela autora como texto. Dessa forma, o texto passa a levar em conta a exterioridade, ou seja, o contexto no qual o locutor se encontra, bem como considera o interlocutor que receberá tal texto. Assim sendo, Freda elucida a concepção de texto sob as lentes da teoria da enunciação segundo Eduardo Guimarães, que propõe uma substituição do conceito de coerência para o de consistência, isto é, o autor considera os aspectos linguísticos em conjunto com o exterior a língua, que juntos levam à interpretação. Dessa forma, o texto não é mais visto como sequências de códigos que o interlocutor precisa decifrar, mas que para haver sentido, “passa-se por uma operação que envolve locutor e interlocutor, pelo viés da consistência” (ibid, p. 55). Portanto, para a teoria da enunciação, tanto as relações internas da língua como as da exterioridade envolvendo o locutor e o interlocutor e seus contextos são mobilizadas ao considerar texto, diferentemente da linguística textual.
Ao explicar texto pelo viés da Semiótica, Freda se embasa na semiótica greimasiana
e que conforme Greimas e Courtés (1979 apud INDURSKY, 2006, p. 58), a “teoria semiótica deve apresentar-se … como uma teoria da significação”. Com isso, Freda elucida que essa teoria se interessa por variados objetos, sendo, portanto, diferente das duas citadas anteriormente e, que, o que se interessa analisar é o “funcionamento textual da significação”, que é feito de modo a considerar o interno sem o externo. Dessa forma, a semiótica busca “construir a organização e a produção dos discursos e dos textos” (ibid, p. 60). Para essa teoria, discurso e texto são tratados como sinônimos, compreendendo tanto aquilo que é linguístico quanto o que não é, entretanto, a autora deixa claro que por texto refere-se apenas ao que é linguístico e, em seguida, introduz o que é texto para a semiótica: “o resultado de um dispositivo estruturado de regras e de relações, que darão conta do plano da expressão e do plano do conteúdo e estes, por sua vez, são abordados em dois diferentes níveis, o superficial e o profundo”, elucidando sua proximidade com o gerativismo de Chomsky e, ainda, pontua que para a semiótica o que interessa é “saber como o texto faz para dizer o que diz” (ibid, p. 62), ficando no plano do conteúdo. Ademais, a noção de sujeito também é mobilizada nessa teoria. Com base em Greimas, Freda assevera acerca desse sujeito do discurso como não sendo aquele que somente atravessa a língua e vai para a fala, mas como o produtor do próprio discurso, isto é, o locutor. Assim sendo, o sujeito na semiótica é uma representação desse sujeito acima descrito, e que a partir disso, há um outro conceito a ser empregado conhecido como actante, o sujeito do discurso para a semiótica: “[...] aquele que realiza ou sofre o ato” (GREIMAS; COURTÉS, 1979 apud INDURSKY, 2006, p. 64, grifo da autora), mas que não se aplica ao sujeito real. A semiótica, portanto, se vale do “texto para, nele, estudar o percurso gerativo do sentido”. Na análise do discurso, Freda traz o texto conforme sua origem advinda da linguística distribucional de Harris. Autor este, que sugere que se analise além de uma frase e nisso, apresenta o conceito de discurso: “enunciado contínuo (escrito ou oral)”, e, que para tanto leve-se em consideração “as relações entre a cultura e a língua” (ibid, p. 67, grifo da autora), diferindo-se da linguística textual, pois, busca-se o além da frase, considerando as condições de produção, a cultura e o sujeito como locutor que cria a sequência de suas frases. Sendo assim, a exterioridade levada em consideração pela AD, mobiliza o contexto, este que tece relações com a sócio-história. Os interlocutores também são considerados pela AD, porém, leva-se em conta a sua história, suas ideologias. Portanto, há a passagem do indivíduo, da teoria da enunciação, para o sujeito social, da AD, ou seja, o sujeito sai da posição de estar no centro/origem de seu dizer, para passar à ilusão de achar que é origem do que diz. Este sujeito, portanto, irá mobilizar memórias discursivas a fim de produzir textos. Dessa forma, o texto para a análise do discurso é tratado, como “uma unidade de análise, afetada pelas condições de sua produção”, bem como sendo um “espaço discursivo” não fechado em si mesmo, o que leva à intertextualidade e à interdiscursividade, pois conforme aponta Freda “o sentido, não pertence, de direito, nem ao texto nem ao sujeito que a produziu, mas é resultado da relação entre os sujeitos históricos envolvidos em sua produção/interpretação” (p. 70). Com isso, em meio há tantas criações e interpretações de textos e discursos, conforme aponta Freda com base em Pêcheux, o lugar chamado de "non-sens", é que o sujeito passa a ser chamado de “sujeito-autor”, aquele que se coloca na posição de autoria, por meio da identificação de representações que são mobilizadas pelas memórias discursivas, que trazem certos sentidos que se encaixam a este sujeito, ou seja, são “possíveis no âmbito da FD com a qual se identifica” (p. 71) A fim de encerrar a busca da concepção de texto na AD, Freda corrobora que o texto para essa teoria constitui-se como um “espaço discursivo heterogêneo e simbolicamente fechado pelo trabalho discursivo do sujeito-autor[...]” (p. 72).