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Sob a mesa, levo minha mão até a arma no coldre que fica
sob meu terno, louco para essa pacificidade que fingimos manter
por anos acabe em tiros disparados nas testas uns dos outros. A
família Fontana é uma pedra em nosso sapato e somos inimigos
diretos desde que me entendo por gente. Papai sempre fala sobre
como Antonio Fontana tenta ser melhor, rasteja feito uma barata
para tentar conseguir mais poder. Com Romeo não é diferente, ele
provoca e reajo.
— Isso aqui é uma reunião séria. Até onde sei, é seu pai
que decide ainda, Romeo.
Não rio porque não há humor nem para fingir. Encaro-o com
seriedade.
E ele se cala.
— Acha que ele me deixaria vir aqui? Ele pensa que estou
na igreja.
— Que foto?
— Olha, está tudo bem... se ele não fez nada com você...
isto que importa!
— E se eu fugir?
— O que?
— Aonde vai?
— Vou pensar em dar um jeito em tudo isso, Serena.
— Grazie... — Sussurro.
— Por ser por mim. Por ser meu irmão. Por sua alma, seu
eu, não ser vencido pelo ego de mafioso. Eu amo você!
— Eu te amo, querida.
— Não entendo.
— Cale a maldita boca! Você não foi criada para ser mal
educada desta maneira. — Levanta-se, exibindo a fúria corriqueira.
Ouvi meu pai, concordei com ele, até decidi que ele estava
certo, que preciso manter a minha cabeça no lugar. Nunca me
deslumbrei por mulher alguma. Por que agora, porra? Justo por ela?
Irmã do meu inimigo, filha de um homem que me causa asco, e eu
sou um monstro mafioso, poucas coisas e pessoas me causam
repulsa e, agora, noiva de um homem que eu mataria sem precisar
de esforço.
Seu cheiro inebria meus sentidos e seu olhar pede por tudo
que eu quero dar.
— Serena.
A doce tortura leva uma hora, até que Romeo cochicha algo
no ouvido dela e me lança um olhar de alerta antes de se levantar,
levando o celular à orelha ao caminhar pelo corredor até a saída.
— Vim vê-la.
— Você é louco?
— Leon...
— Vou me casar.
— Acha que quero minha irmã com Tito? Papà não irá voltar
com a palavra dele.
— Diga.
— Nunca faça mal a Romeo e não deixe que nada que eu
fizer enquanto estiver com você respingue nele.
— Você?
Ele não diz nada, apenas espera que eu passe. Puta merda!
Leonello deu o nome de Sandro, mas o homem nunca foi o seu
informante. Se eu tivesse o delatado, teria colocado um inocente
para ser punido. Dio Santo! Leonello é um diabo.
— Leon...
Leon desce a mão dos meus cabelos até meus ombros nus,
numa carícia tortuosamente sutil, seguindo pelo meu braço até
segurar minha mão e levar à sua boca.
— É curiosa. — Sorri.
— Muito.
— Essa sinceridade.
Na área VIP, Leon nos conduz para uma mesa que está
afastada das demais, como se preparado para recebê-lo. Temos a
visão completa do andar térreo, das movimentações, pessoas
dançando, bebendo, se pegando e o DJ no mesmo andar que nós,
porém, do lado oposto.
— Leon.
— Você é louco!
Sorrio, maldoso.
Serena bufa.
— Leonello!
— Sabe, Serena, eu tento. Mas sou um péssimo diplomata.
— Leonello!
— Dio!
— Haviam muitos homens querendo foder você enquanto
dançava na boate. Eu arrancaria seus olhos, mas há um limite na
intenção deles e na minha reação.
— Você é surreal.
— É Benício. — Tranquilizo.
Mesmo após dois dias sem ver Leon, não consigo esquecer
seu rosto sereno enquanto acabava com a vida de outro homem.
Com este tempo para pensar e analisar as coisas, o fato do sujeito
estar sozinho no banheiro feminino já deveria ter acionado um alerta
na minha cabeça. Sempre estive em uma bolha de proteção.
Achava-me esperta, mas a realidade é que a vida inteira houve
pessoas cuidando do meu bem-estar. Nunca precisei pensar por
mim mesma ou ter um alerta de perigo na minha própria mente. Já
ajudei o meu irmão a sair de situações de riscos, como dirigir para
que ele pudesse atirar em gangues do banco do carona. Todavia,
Romeo sempre esteve lá para berrar instruções e manter minha
cabeça no lugar. Nunca presenciei mortes de perto.
— É a verdade.
— Você...?
Ele só ri e justifica:
Gemo, desejosa.
Ele beija meu pescoço com a boca aberta, destruindo minha
calcinha, e se afasta. Meus olhos vão diretamente para o volume em
sua calça. Volumoso. Espero que não seja enganação.
— Obrigada.
Dou de ombros.
— O que?
— Que porta?
— Não foi seu pai que me escolheu. O meu foi o único que
não se importa o suficiente para dar a filha a você. — Sorrio
falsamente e puxo minha mão, sentindo-me incomodada.
— Yo... Yo...
— Certo.
— Feito.
R. F.
— Claro.
— Chega, Leonello.
— Idiota.
— Há algo que você saiba sobre Tito que eu não sei? Por
isso veio sem que ninguém esperasse?
— E então?
Mulher do caralho.
Santino chama duas delas, a loira que fez de tudo por sua
atenção e uma oriental.
— Sua irmã te ama. Não sei como ela pode ser capaz. E ela
não está ligando para essa merda. Tito fez uma merda enorme em
Manhattan. Seu pai permitiu que Serena se case comigo. Vim até
aqui para acabar com ele, porra. Era só você ter aguentado alguns
minutos sem levar uma facada. Ou ter ficado com a porra do colete.
— Levanto a barra da minha camisa e exibo o meu colete à prova
de balas. — Não fico sem essa porra.
— Leonello...
— Vá se foder!
— Entre.
Se fosse Leonello, não bateria. Surpreendo-me ao ver a
Maria abrindo a porta e entrando.
— Como você está? — Maria inquire, então nega com a
cabeça. — Está mal, eu sei. Que pergunta idiota.
— Eu sei que não. Afinal, agora sou a irmã que você vai ter
que engolir. — Ela ri e chora ao mesmo tempo. — Sinto muito que
você tenha perdido o Romeo, sei a conexão que tinham. É o mesmo
amor que tenho por Leon... — Suspira e senta-se na beirada da
cama. — Desculpe citá-lo. Ouça, quero que saiba que sei que você
estava desnorteada. Estou aqui, está bem?
— Sinto muito.
— Figlia...
— Nada a declarar?
— O que eu posso dizer, Leon? — O sorriso em seus lábios
grossos é falso e a maneira como diz meu nome é quase como se
proferisse um palavrão. — Estaremos juntos até que a morte nos
separe. — E com isto, ela fica de pé e avisa: — Me comuniquem
sobre qualquer novidade ou apenas joguem os trapos que preciso
vestir no quarto, já que não tenho direito de opinar, porque se
tivesse jamais me casaria com um desgraçado como você.
— Dio...
— Fora daqui.
Serena nem se move, como se já antecipasse que isto fosse
acontecer. Provavelmente era o que ela esperava. Foder minha
paciência. Os homens saem rapidamente. Não há o que me
questionar.
Minha.
A possessividade fora de controle vibra em meu âmago,
primitiva e selvagem. Nunca imaginei que desejaria tanto a uma
mulher e teria que lutar com todas as forças para manter o ódio
latente que ela obrigou-me a nutrir.
Minha esposa.
Minha.
Minha.
Maledeta!
Minha.
CAPÍTULO 11
— Bom dia!
Não lhe dou tempo para pensar no que fazer quando ambos
voltamos a realidade. Ele se retira e a ardência agora faz parecer
que minha vagina está pegando fogo. Sigo até o box em silêncio e
tomo banho sem olhá-lo.
— Meus garotos.
— O bom patriota.
— Você costura?
Reviro os olhos.
— É o nosso charme.
Ele segura meu pulso e puxa-me para o seu colo. Não sinto
que posso lidar sexualmente com Leonello novamente, pois deixou
minha mente em frangalhos. O martírio em que eu mesma me
coloquei por gostar de cada segundo deixou-me em um desastre
emocional.
— Bom dia!
— É um país lindíssimo.
— É verdade.
— O que?
Santino ri.
Seja como for, tentar algo com a arma ao lado nunca passou
pela minha cabeça. Mais real que a vingança que quero levar
adiante, é o desejo que sinto por Leonello.
— Oh, Dio!
— Dio não tem nada com isso, Serena. Chame pelo nome
do seu homem, porra. — Leon grunhe, suor se formando em sua
testa e ombros enquanto estoca, os olhos focados entre nossos
corpos, vendo seu pau entrar e sair, enlouquecendo-me.
— Leonello.
— Você diz tanto sobre ter sido criada para ser a esposa
perfeita. Parece que perdeu muitas aulas, bambina. Em
contrapartida, não a prendo. Você tem um segurança para sua
própria proteção, não para impedi-la de nada. Quer sair? Saia. Mas
tenha maturidade para se colocar em seu lugar e para não agir feito
tola.
— Não quero sair sem rumo, Leon. Quero ser útil. Quero ter
a convicção de que se morrer farei falta. — Lágrimas voltam a
umedecer seus olhos, mostrando que isto realmente importa. — A
única pessoa que me amava incondicionalmente não está mais
aqui.
Não diz nada, talvez por não querer mentir, tampouco dizer
as tolices que pensa e arruinar meu bom humor. De fato, percebo
que sempre fica pensativa. Eu poderia abrir o jogo e desvendar todo
o mistério, acabar com o pé de guerra, no entanto, não diz respeito
a mim. Diz respeito a ela, aos erros que cometeu no calor do
momento e como precisa se redimir. Não comigo, não para mim,
mas consigo mesma. Crescendo e se tornando a mulher que está
destinada a ser.
— O que...?
— Seu pai enterrou Romeo aqui.
Foda-se.
— Eu... Não...
— Não ouvi, mas soube por... por outro coveiro que ouviu
um tiro na noite anterior.
— Grazie, senhor.
— Agora você pode sair.
— Exato.
— O que está passando pela sua cabeça?
— Estou bem.
— Tudo bem.
— O que é isso?
— Me solta!
— Isso é ciúme?
— Mas eu não disse que fui seu. Que sou seu. Mesmo que
seja uma menina tola, burra.
— Merda.
— Leonello. — Suspiro.
— Preciso de um banho.
Não quero uma festa para ter que lidar com bajuladores.
Uma festa pode ser o momento ideal para estourar a merda que Tito
tem tramado. Todos dispersos, muita gente junta. Fácil para ele se
misturar. No entanto, antecipando seus passos, posso ficar
preparado para recebê-lo. E os olhos azuis brilhantes a minha frente
dão a palavra final para que eu saiba que haverá a porra da
comemoração extravagante.
— Você não quer que eu enfie minha mão sob a saia deste
vestido aqui mesmo, quer?
— Será que não posso beijar o meu marido sem que ele
tenha que pensar em sexo? — A safada ronrona, esfregando o nariz
em meu rosto.
Abstenho-me a sorrir. Penso em foder esta mulher mesmo
quando não deveria e ainda assim passo horas do meu aniversário
na porra do Central Park, conversando sobre a natureza e
observando famílias felizes.
Mais tarde, ela diz que o clima está bom para um banho na
piscina. Ao chegarmos advirto aos meus homens:
— Foda-se, seu filho da puta. Meu pai está aqui e ele vai
apresentá-lo como novo Subchefe diante de todos. Queira ou não,
está sob a proteção dos Esposito. É bom que estes desgraçados
saibam. Se sair da linha, eu mesmo corto sua garganta. — Bate em
meu ombro e se afasta, colocando as mãos nos bolsos da calça
social, observando tudo à volta com seus olhos de falcão.
Não digo nada, afinal meus instintos dizem que ela não é
um perigo. No entanto, eles andam falhos desde que essa mulher
chegou à minha vida.
CAPÍTULO 21
— Vou nos tirar daqui, entra logo, se ele nos seguir, atira
daqui, onde há proteção.
— Certo.
Bruno nos guia para o interior da mansão e Marconi segue
com Leonello.
Eu sou Serena.
Esta porra será pior do que pensei, pois ele queria mostrar a
Antonio Fontana que é melhor do que eu. Alimentou uma disputa
em sua cabeça a vida toda, além do rancor de ter sido sua primeira
paixão não correspondida. Entretanto, o que deixa sua face
inescrupulosa em evidência é o fato de ter tentado livrar a irmã de
Tito por benefício próprio e nunca por querer protegê-la. Além de ser
invejoso, mostrando-se furioso por eu ter me apaixonado pela sua
irmã.
CAPÍTULO 23
— Ontem à noite.
— E ainda acredita?
— Dê-me o contato.
A porta é aberta por Bruno e em seguida Santino entra
acompanhado por Aquiles Esposito.
— O que é isto?
— Sim. Estamos.
— O que...
Dio Santo!
— Foda-se.
Ele me bate novamente e berra aos meus companheiros:
— Caralho.
— Você vai ter seu inferno em casa por me fazer passar por
isto. — Suas mãos agarram-me, as unhas fincando de forma até
rude, como se eu fosse sumir a qualquer momento. Serena me beija
e inalo o cheiro doce de seus cabelos, sentindo que provavelmente
morri e estou no céu.
— Não sei com que merda Romeo estava metido, mas sei
que não foi você quem o matou, ou que o feriu naquela noite. Como
também somando o que ouvi aqui e ali hoje, acredito que ele estava
mancomunado com Tito. Quando ele mentiu dizendo que você o
“matou”, reiterou tudo o que eu já estava sentindo.
— Eu sempre soube.
— O que?
— Eu...
— Sinto-me tão mal por Serena. Ela não merece nada disto.
— Fora.
— Eu...
— Você sabe que essa faz duas semanas que deixou sua
mulher, não sabe?
— Serena.
— Está grávida?
— Não, Leon. — Sorrio. — Só consulta de rotina. Tomo
anticoncepcional desde a adolescência.
— É um vibrad...
— Serena...
— Quando saí de casa, foi mais por medo do que por outra
coisa. — Confessa. — Não queria amar alguém que eu achava que
me fazia fraco. Não vi o que estava sob meu nariz. Acho que
aprendi com um certo alguém. — Beija a ponta do meu nariz. —
Você não precisava provar que me amava, porque sempre senti.
Você foi minha no primeiro momento. Não importa como as coisas
se desenrolaram. Eu sou seu. E não preciso estar sempre pronto
para enfrentar a morte, porra, porque a minha mulher faz o trabalho
quando eu estiver fraco para fazê-lo.
— Eu nunca pensei que diria isso, mas, por favor, tira seu
pau de dentro de mim. Preciso te abraçar.
O amor que sinto por Serena não foi algo fácil de aceitar.
Para mim, era mais fácil lidar com o fato de que a queria
loucamente, mas não pensava sobre paixão ou amor. A única vez
que nos afastamos, após a morte de Romeo, fez-me ver que de
nada adiantava viver como antes, porque era fácil justamente por
não conhecê-la. Quando ela entrou em minha vida e bagunçou tudo,
os hábitos anteriores mudaram, passaram a ser sobrevivência.
— Serena.
— Me dê ele aqui.
FIM.
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