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A Morte de São João.

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S ão João é o Patrono da Maçonaria.

Não se deve confundir com Padroeiro.

A Maçonaria é uma entidade filosófica e filantrópica,


que visa também o aperfeiçoamento espiritual do
homem. Caso fosse Padroeiro, seríamos voltados para
uma religião e a Maçonaria não está voltada à nenhuma
RELIGIÃO.

Existem achados arqueológicos comprobatórios que


João Batista e também Jesus e sua família, viveram
próximo a Qumran. Nesses achados existem muitos
pontos comuns com a mensagem cristã. Deve-se levar
em conta, que João Batista tenha convivido com esta
comunidade e parte de sua formação religiosa tenha
sido ali recebida, bem como Jesus Cristo que viveu bem
próximo a esta comunidade.

Após a morte de Herodes I, o Grande, (4 a.C.) fundador


da dinastia dos Herodes, segundo a Bíblia foi o
responsável pela lendária morte de João Batista.

Amigo dos romanos, casou-se com a filha do Rei


Nabateu Aretas IV, mas repudiou-a e casou-se com a
mulher de seu meio irmão Herodes Felipo, isto veio mais
tarde causar-lhe uma represália do Rei Nabateu Aretas
IV, que guerreou contra ele e o derrotou.

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João Batista era considerado um homem santo e
extremamente respeitado, fazia pregações em praça
pública fazendo críticas à Herodes e afirmando que seu
casamento era ilícito, posto que tomara como esposa a
cunhada, mulher de seu meio-irmão (Felipo) e casando
com ela, mandara matar seu meio-irmão.

Apesar de diversas mensagens de Herodes e até mesmo


ter falado pessoalmente com João, este continuava a
fazer suas pregações críticas. Herodíades (esposa de
Herodes), pediu a condenação à morte de João
inúmeras vezes, no entanto este tinha receio de prendê-
lo, já que ele era tido como um homem santo e
extremamente respeitado pelo povo. Com medo de uma
revolta protelou ao máximo sua decisão.

Pela insistência de Heroniadíades, esposa de Herodes,


este mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere
quando João disse-lhe:

_Não é lícito possuir a mulher de seu irmão.

Herodíades então se voltou contra ele e queria matá-lo,


mas não podia, pois Herodes tinha medo de João e
sabendo que era um homem santo e justo o protegia. E
quando o ouvia ficava muito confuso e o escutava com
prazer.

Entretanto chegou o dia propício. Herodes, por ocasião


do seu aniversário, ofereceu um banquete aos seus
magnatas, oficiais e às grandes personalídades da

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Galileia. E a filha de Herodíades entrou e dançou. Seu
nome Salomé e tinha só 15 anos. Agradou a Herodes e
aos convivas.Então o rei disse à moça:

_Peça-me o que bem quiseres e te darei.

E fez um juramento:

_Qualquer coisa que pedires te darei, até a metade de


meu reino.

Ela saiu e perguntou a mãe:

_ Que peço?

E ela respondeu:

_ A cabeça de João Batista.

Voltando logo, apressadamente, à presença do rei, fez


o pedido:

_Quero que agora mesmo, e dês num prato a cabeça de


João Batista.

O rei ficou profundamente triste. Mas por causa do


juramento que fizera e dos convivas, não quis deixar de
atendê-la. E imediatamente o rei enviou um executor
com ordens de trazer a cabeça de João. E saindo, o
decapitou na prisão, trazendo a sua cabeça num prato.
Deu-a à moça e está entregou-a à mãe.

Os discípulos de João sabendo disso, foram lá pegaram


o corpo e o colocaram num túmulo.

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São João Batista é um símbolo de grande significado.


Como “precursor” da Grande Obra de Redenção
Universal, realizada por Jesus, ele simboliza o
“mediador”, aquele que tem a missão de abrir a porta da
iniciação. Daí o porquê de pensarmos que a escolha de
São João Batista para patrocinador das Lojas
Simbólicas, tem sua fundamentação em temas
alquímicos. Esse Santo, que provavelmente foi um
adepto da seita dos helênicos, é considerado pelos
esotéricos um mediador entre duas estruturas
cósmicas, representadas por suas partes: material e
espiritual.

Para a Maçonaria, a tradição de invocar esse Santo


como Patrono, teria a postura de despertar a sua
mediação para a realização da transmutação do caráter
profano do recipiandário para o estado de consciência
superior que caracteriza o iniciado na Maçonaria.

Autor: Ruy Silva Barbosa

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-João Batista-

J oão B atista (2 a.C.–28 d.C.) foi um pregador

itinerante cujo aparecimento se deu na Judeia, provável


lugar de nascimento e na Galileia (c. 28 d.C.) na época
de Herodes; João teve muitos seguidores e pregava aos
judeus, dizendo que deveriam exercer a virtude e a
retidão e usava o batismo como símbolo de purificação
da alma em seu movimento messiânico. Sua
historicidade é controversa, sendo referido pelo
escritor e historiador Flávio Josefo, na sua obra
Antiguidades judaicas.

Etimologia do nome e títulos

Como sendo de origem semítica é de suma importância


verificar a etimologia do nome, que para os semitas é
mais do que um título em si; o nome carrega um
significado, geralmente fazendo referência à Divindade
que cultuam. Como se pode observar a seguir, com João
não é diferente:

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João—no latim "Iōhannēs"—no grego "Iōánnēs"
(Ἰωάννης)—no aramaico "Jochanan" (‫—)ܝܘܚܢܢ‬no hebraico
"yōḥānān" (‫ )יוחנן‬que por sua vez é o diminutivo de
Yəhôḥānān (‫יהוה‬+ ‫ =חנן‬YHWH mais o verbo Hanan)
significando Yhwh Misericordioso—este nome aparece
no Antigo Testamento, em especial na figura do Sumo
Sacerdote do Segundo Templo, Johanan (Iorranã) em
Jeremias 42:8—por volta de 400 a.C.

Batista—étimo grego "βάπτισμα" (baptismo= Batisma) o


sufixo (ma) enfatiza que ocorreu a imersão (imergiu),
“βαπτίζειν” (baptizein) para imergir; do verbo "βαπτίζω"
(baptizó) imergir—"Ele imerge" ("ele batiza").

Por raciocínio lógico, a partir destes fatos, subentende-


se que o significado do nome João Batista, seja algo
como—YHWH Misericordioso Abençoador.

Como um personagem importante em suas Religiões, os


títulos mais conhecidos são os de Profeta e Santo, como
exemplos: o Cristianismo:o Catolicismo, o
Protestantismo e o Evangelicalismo; Judaísmo
messiânico, Judaísmo nazareno, Fé Bahá'í, Islão e o
Mandaeanísmo dentre os títulos no Cristianismo inclui-
se o de João, o precursor no cristianismo oriental.

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João Batista no Cristianismo

João Batista, como é chamado pelos cristãos, foi,


segundo o Evangelho de Lucas, filho do sacerdote
Zacarias, de classe sacerdotal e de Isabel, prima de
Maria, da família de Aarão. Para a maioria das
denominações cristãs é o único santo cujo nascimento
e martírio (24 de Junho e 29 de Agosto) são evocados
em duas solenidades, e não apenas no meio cristão; há
diversos estudos elaborados sobre o tema que o
colocam como uma das figuras fundamentais da Bíblia
- João e o batismo de Jesus o Cristo[14] - com este ato,
colocando Jesus no centro de toda história bíblica do
Novo Testamento; como sendo o Messias tão
aguardado, que deu início à literatura apocalíptica do
fim dos tempos.

Infância e educação

Giampietrino. A Virgem Amamentando o Menino e São


João Batista Criança em Adoração, c. 1500-20

João nasceu numa pequena aldeia chamada Ein Kerem,


a cerca de seis quilômetros lineares de distância a
oeste de Jerusalém.[carece de fontes] Segundo
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interpretações do Evangelho de Lucas, era um nazireu
de nascimento. Outros documentos defendem que
pertencia à facção nazarita de Israel, integrando-a na
puberdade; era considerado, por muitos, um homem
consagrado. De acordo com a cronologia (ver abaixo),
João teria nascido no ano 7 a.C.; os historiadores
religiosos tendem a aproximar esta data do ano 1,
apontando-a para 2 a.C.

Como era prática ritual entre os judeus, o seu pai


Zacarias teria procedido à cerimónia da circuncisão, ao
oitavo dia de vida do menino. A sua educação foi
grandemente influenciada pelas acções religiosas e
pela vida no templo, uma vez que o seu pai era um
sacerdote e a sua mãe pertencia a uma sociedade
chamada "as filhas de Araão", as quais cumpriam com
determinados procedimentos importantes na sociedade
religiosa da altura.

Aos 6 anos de idade, de acordo com a educação


sistemática judaica, todos os meninos deveriam iniciar
a sua aprendizagem "escolar". Em Judá não existia uma
escola, pelo que terão sido o seu pai e a sua mãe a
ensiná-lo a ler e a escrever, e a instruí-lo nas atividades
regulares.

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Aos 14 anos, há uma mudança no ensino. Os meninos,
graduados nas escolas da sinagoga, iniciam um novo
ciclo na sua educação. Como não existia uma escola em
Judá, os seus pais terão decidido levar João a Ein Gedi
(atual Qumram) com o fito de este ser iniciado na
educação nazarita.

Engedi era a sede ao sul da irmandade nazarita, situava-


se perto do mar Morto e era liderada por um homem,
reconhecido, de nome "Ebner".

João terá efectuado os votos de nazarita que incluíam


abster-se de bebidas intoxicantes, o deixar o cabelo
crescer, e o não tocar nos mortos. As ofertas que faziam
parte do ritual foram entregues em frente ao templo de
Jerusalém como caracterizava o ritual.

Segundo o relato bíblico (Mateus 3,4), João também


trajava veste simples (de pêlo de camelo, um cinto de
couro em torno de seus lombos) e alimentava-se de
"gafanhotos (ou alfarrobas) e mel silvestre" -
considerando que o termo "gafanhoto" é referido
também como tal planta (Ceratonia siliqua), uma árvore
de fruto adocicado comestível, nativa da região
mediterrânica, onde provavelmente vivia o personagem

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bíblico, conhecida ainda como Pão-de-João ou Pão-de-
São-João, figueira-de-pitágoras e figueira-do-egipto.

Morte dos pais e início da vida adulta

O pai de João, Zacarias, terá morrido no ano 12 d.C.


João teria 18-19 anos de idade e terá sido um esforço
manter o seu voto de não tocar nos mortos. Com a morte
do seu pai, Isabel ficaria dependente de João para o seu
sustento. Era normal ser o filho mais velho a sustentar
a família com a morte do pai e João seria filho único.
Para se poder manter próximo de Engedi e ajudar a sua
mãe, ter-se-ão mudado, de Judá para Hebrom (o deserto
da Judeia). Ali, João terá iniciado uma vida de pastor,
juntando-se às dezenas de grupos ascetas que
perambulavam por aquela região, e que se juntavam
amigavelmente e conviviam com os nazaritas de
Engedi.

Isabel terá morrido no ano 22.d.C e foi sepultada em


Hebrom. João ofereceu todos os seus bens de família à
irmandade nazarita e aliviou-se de todas as
responsabilidades sociais, iniciando a sua preparação
para aquele que se tornou um “objectivo de vida” -

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pregar aos gentios e admoestar os judeus, anunciando
a proximidade de um “Messias” que estabeleceria o
“Reino do Céu”. De acordo com um médico da Antioquia,
que residia em Písia, de nome Lucas, João terá iniciado
o seu trabalho de pregador no décimo quinto ano do
reinado de Tibério. Lucas foi um discípulo de Paulo, e
morreu em 90. A sua herança escrita, narrada no
"Evangelho segundo São Lucas" e "Actos dos
Apóstolos" foram compiladas em acordo com os seus
apontamentos dos conhecimentos de Paulo e de
algumas testemunhas que considerou. Este décimo
quinto ano do reinado de Tibério César terá marcado,
então, o início da pregação pública de João e a sua
angariação de discípulos por toda a Judeia em acordo
com o Novo Testamento.

Esta data choca com os acontecimentos cronológicos.


O ano 15 do reinado de Tibério ocorreu no ano 29 d.C.
Nesta data, quer João Baptista, quer Jesus, teriam
provavelmente 36 a 37 anos de idade. Desta forma,
considera-se que Lucas tenha errado na datação dos
acontecimentos.

Influência religiosa

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É perspectiva comum que a principal influência na vida
de João terão sido o registos que lhe chegaram sobre o
profeta Elias. Mesmo a sua forma de vestir, com peles
de animais e o seu método de exortação nos seus
discursos públicos, demonstravam uma admiração
pelos métodos antepassados do profeta Elias. Foi
muitas vezes chamado de “encarnação de Elias” e o
Novo Testamento, pelas palavras de Lucas, refere
mesmo que existia uma incidência do Espírito de Elias
nas acções de João.

O discurso principal de João era a respeito da vinda do


Messias. Grandemente esperado por todos os judeus, o
Messias era a fonte de toda as esperanças deste povo
em restaurar a sua dignidade como nação
independente. Os judeus defendiam a ideia da sua
nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta
atingiria o seu ponto culminar com a chegada do
Messias. João advertia os judeus e convertia gentios, e
isto tornou-o amado por uns e desprezado por outros.

É importante notar que João não introduziu o batismo


no conceito judaico, este já era uma cerimónia
praticada. A inovação de João terá sido a abertura da
cerimónia à conversão dos gentios, causando assim
muita polémica.

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Numa pequena aldeia de nome “Adão”, João pregou a


respeito “daquele que viria”, do qual não seria digno
nem de apertar as alparcas (as correias das sandálias).
Nessa aldeia também, João acusou Herodes e
repreendeu-o no seu discurso, por este ter uma ligação
com a sua cunhada Herodíades, que era mulher de
Filipe, rei da Itureia e Traconites (irmão de Herodes
Antipas I). Esta acusação pública chegou aos ouvidos
do tetrarca e valeu-lhe a prisão e a pena capital por
decapitação alguns meses mais tarde.

Batismo de Jesus e Mensageiros de João Batista

João batizava em Pela, quando Jesus se aproximou, na


margem do rio Jordão. A síntese bíblica do
acontecimento é resumida, mas denota alguns fatores
fundamentais no sentimento da experiência de João.
Nesta altura, João encontrava-se no auge das suas
pregações. Teria já entre 25 a 30 discípulos e batizava
judeus e gentios arrependidos. Neste tempo, os judeus
acreditavam que Deus castigava não só os iníquos, mas
as suas gerações descendentes. os judeus acreditavam

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que apenas um judeu poderia ser o culpado do castigo
de toda a nação. O batismo para muitos dos judeus não
era o resultado de um arrependimento pessoal. O
trabalho de João progredia.

Os relatos Bíblicos contam a história da voz que se


ouviu, quando João batizou Jesus, dizendo “este é o
Meu filho amado no qual ponho toda a minha
complacência”. Refere que uma pomba esvoaçou sobre
os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa
ave com uma manifestação do Espírito Santo. Este
acontecimento sem qualquer repetição histórica tem
servido por base a imensas doutrinas.

Prisão e morte

O aprisionamento de João ocorreu na Pereia, a mando


do rei Herodes Antipas, no sexto mês do ano 26 d.C. Foi
levado para a fortaleza de Maqueronte, onde foi mantido
por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo desse
aprisionamento apontava para a liderança de uma
revolução. Herodias, por intermédio de sua filha,
tradicionalmente chamada de Salomé, conseguiu coagir
o Rei na morte de João, e a sua cabeça foi-lhe entregue
numa bandeja de prata.

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Os discípulos de João trataram do sepultamento do seu


corpo e de anunciar a sua morte ao seu primo Jesus.

Fonte: Wikipedia

DE UMA LOJA DE SÃO JOÃO:


Temos, por vezes, que falar primeiro de coisas antigas para falar
depois de coisas mais recentes. Neste caso, peço-vos que
recuemos até ao tempo em que a Humanidade era ainda criança
e tudo era causa de deslumbramento – e de temor. Desde cedo
que os Homens, tentando entrever um propósito nas caprichosas
forças da Natureza, deram interpretações antropomórficas aos
fenómenos naturais. Da chuva caindo como lágrimas aos
bramidos de ira e olhares faiscantes de raiva dos relâmpagos e
trovões, do ronronar de prazer de um solarengo e florido dia de
Primavera aos uivos de dor e desalento do vento ou às
impiedosas chicotadas do frio e da neve, tudo indicava serem os
fenómenos da Natureza a manifestação de uma poderosa
Presença Oculta.

O Sol, presente durante o dia para logo se esvair em sangue,


trazendo à Terra o frio da morte, mas sempre renascendo,
devolvendo o calor que fazia brotar a vida, suscitou no Homem
emoções que conduziriam à sua divinização. Com o decorrer dos
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séculos, porém, o Homem foi-se apercebendo de repetições,
desvendando padrões, e o misterioso, colérico e imprevisível
deus-Sol que precisava de ser pacificado com sacrifícios passava
a mera matéria de estudo. Daí em diante, mais do que serenar e
venerar, impunha-se estudar e tentar prever o comportamento
dessa poderosa entidade. Com o estudo do Sol veio a
quantificação dos períodos anuais e a descoberta dos solstícios,
fundamentais para o surgimento da agricultura, que veio, por sua
vez, criar as condições para o estabelecimento dos primeiros
povoamentos permanentes e, logo depois, das primeiras
civilizações.

Os solstícios – que ocorrem um no Verão e outro no Inverno – são


importantes momentos de mudança. Ao longo do Inverno e da
Primavera os dias vão-se tornando mais longos, o Sol sobe cada
dia mais alto no céu, até que, por volta de 21 de Junho, pelo início
do Verão, este movimento aparente atinge o seu máximo. A partir
daí, os dias vão ficando mais curtos ao longo de todo o Verão e
de todo o Outono, o Sol vai subindo cada vez menos a cada dia
que passa, até que, cerca de 21 de Dezembro, pela chegada do
Inverno, atinge o seu mínimo. Desse momento em diante, os dias
voltam a aumentar, o Sol a colocar-se cada vez mais alto, e o
ciclo anual repete-se. Diz-se, por isso, que o solstício de Inverno
abre uma fase ascendente, e o de Verão uma fase descendente.

Nas primevas sociedades agrícolas, a época das colheitas era


profusamente celebrada no dia mais longo do ano – o solstício de
Verão – pois do resultado destas dependia a sobrevivência no
Inverno. Sem os confortos de que hoje dispomos, os longos
meses de Inverno eram, especialmente nas maiores latitudes,
passados enroscados nas mantas da cama familiar, dormitando
a maior parte do tempo, poupando na ração, e esperando pelo
regresso do Sol. O Solstício do Inverno marcava esse ponto de
viragem: a promessa de uma nova época de calor e prosperidade.

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A História legou-nos registos de povos antigos – uns talhados na
pedra, outros sob a forma de mitos e lendas. É assim que
sabemos que estes dois solstícios eram representados pelas
duas faces de Janus, deus Romano das portas, passagens,
princípios e fins: uma, a face de um jovem, símbolo do futuro, do
ano que começa no Inverno; e a outra a de um velho, símbolo do
passado e do ano que se prepara para terminar a partir do Verão;
uma que se dirige para a Luz, outra que fita as Trevas. Esta
dualidade levava a que Janus fosse celebrado duas vezes por
ano: uma em cada solstício, em honra de cada uma das suas duas
faces.

Desde os seus primeiros tempos que à Igreja aborreciam estes


pagãos festejos, mas a sua popularidade tornava impossível
eliminá-los. A solução foi apropriar-se dos mesmos como pôde,
celebrando S. João Batista a 24 de Junho e S. João Evangelista
a 27 de Dezembro, datas que coincidem, aproximada e
respetivamente, com os solstícios de Verão e de Inverno.
Substituída, assim, cada uma das faces de “Janus” por um
“Johannes” diferente, passa João Batista a abrir a porta estival
e a anunciar o ciclo de obscuração, e João Evangelista a abrir a
porta invernal e a anunciar o ciclo de iluminação.

A coincidência de nomes só exalta as profundas diferenças entre


estes dois homens.

João Batista, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima de


Maria, retirou-se cedo para o deserto para preparar, pela oração
e pelo jejum, a sua missão de precursor do Messias. Aos trinta
anos apareceu nas margens do Jordão, pregando um batismo de
arrependimento para a remissão dos pecados. João era um
homem humilde, no melhor sentido da palavra; vestia-se de pele
de camelo e alimentava-se de gafanhotos e de mel selvagem.
Recusava ser ele o Messias: “Outro virá de Quem não sou digno
sequer de desatar as sandálias. Eu batizo-vos na água, mas Ele
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batizar-vos-á no espírito.” João Batista era um homem duro mas
justo, intolerante com o engano, a presunção e a fraqueza. Forte
e decidido, não estabelecia compromissos, e denunciava
firmemente o vício e a iniquidade que via. Sucede que Herodes
Antipas, governador da Judeia, tinha desposado a sua cunhada
Herodíade; João Batista, sabendo-o, insurgiu-se contra o incesto,
o que o levou à prisão. Não obstante, recusou-se resolutamente
a retratar uma palavra que fosse dos seus ensinamentos,
mantendo-se fiel ao que entendia estar certo. Foi neste contexto
que Salomé, filha de Herodíade, dançou para Herodes e o seduziu
– outro incesto aos olhos de João Batista, que mesmo do cárcere
não se calaria. Tendo Herodes oferecido a Salomé o que esta
quisesse (não registou a História se apenas pela dança ou por
algo mais) pediu esta, instigada pela mãe, a cabeça de João
Batista numa bandeja, tendo este sido decapitado e o desejo
atendido. Reto e certeiro, João Batista foi como que uma bússola
moral, como um prumo indicando a vertical.

João Evangelista, pescador da Galileia, era filho de Zebedeu,


patrão de pesca em Betsaida. Juntamente com André,
abandonou tudo e seguiu Jesus Cristo depois de ter ouvido João
Batista referir-se a Ele como o “cordeiro de Deus“. Era o mais
novo dos apóstolos, e talvez por isso o discípulo amado de Jesus.
Após o Pentecostes, pregou em Éfeso, na Ásia Menor. Aquando
das perseguições de Domiciano, exilou-se na ilha de Patmos por
15 meses, durante os quais terá escrito o Apocalipse.
Regressado a Éfeso, dirigiu as comunidades cristãs e escreveu o
quarto evangelho e três epístolas. Atingiu, consta, uma idade
extremamente avançada. As suas constantes exortações ao
amor fraternal são lendárias. Já muito idoso, e incapaz até de
andar, quando carregado para a assembleia da Igreja de Éfeso a
sua única exortação era: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros“.
Quando os seus paroquianos lhe pediam outra lição, replicava
que se praticassem este simples mandamento tal era suficiente.
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Após enviados a difundir a Boa Nova – o que cada um terá feito,
evidentemente, de uma forma ligeiramente diferente – todos os
apóstolos foram martirizados com exceção de João Evangelista,
o que providencialmente permitiu que a sua mensagem simples
de amor fraterno chegasse até aos nossos dias. A sua morte
serena e tardia contrasta com a morte precoce e violenta de João
Batista. É conhecido como o “apóstolo do amor“, por colocar
acima de todo o resto o amor fraternal, o amor entre aqueles que
se encontram ao mesmo nível.

Eram estes os dois Joões que a Maçonaria Operativa,


herdeira de matemáticos e astrónomos que estudavam o Sol,
celebrava nos solstícios, já não de forma idólatra, mas pela sua
importância astronómica e pelo seu significado religioso. Se bem
virmos, não deixa de ser natural que os construtores de catedrais
celebrassem os seus santos. Contudo, de celebrá-los a adotá-los
como seus vai um grande passo, passo esse de que não há
registos incontroversos. Exaustivas pesquisas por alguns dos
melhores estudiosos da Maçonaria revelam-nos que não só a
Maçonaria como os Templários, os Hospitalários e os Cavaleiros
de Malta, bem como outras ordens iniciáticas, teriam tomado
João Batista como padroeiro; mas não explicam nem quando foi
que a Maçonaria adotou os dois S. Joões como patronos, nem
mesmo porquê, quando podia ter sido antes escolhido, por
exemplo, S. Tomás, patrono da arquitetura e da construção.

O que parece certo é terem muitas das Lojas Operativas sido


dedicadas a João Batista, adotado pela Maçonaria bem antes do
Evangelista, tendência que terá tido origem na Escócia
acabando, mais tarde, por ser adotado também pelas Lojas
Britânicas. Entretanto, o Evangelista teria que esperar pelo final
do séc. XVI. Apesar de haver menções anteriores, como “A
Fraternidade de S. João” que existia em Colónia em 1430, a mais
antiga referência a S. João Evangelista conhecida em registos de

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Loja autênticos é de 1599, em Edimburgo. Manuscritos seculares
(mas sem data precisa) indicam que as Lojas Escocesas seriam,
por isso, conhecidas como “Saint Johns’ Lodges” – “Lojas de S.
Joões“. Assim, quando um Irmão se referia a si mesmo como
provindo de uma “Lodge of the Holy Saints John at Jerusalem” –
de uma “Loja dos Santos Joões em Jerusalém” – queria dizer,
apenas, que vinha de uma Loja Escocesa. Esta expressão, que
pretendia indicar serem os santos, e não a loja, quem estava “em
Jerusalém” veio, no entanto, a dar origem às mais esotéricas
confusões por quem veio a pretender ter havido uma Loja em
Jerusalém na qual João Batista e João Evangelista teriam sido
iniciados. Por fim, não deixa de ser curioso notar que a primeira
Grande Loja se formou em Inglaterra em 1717, numa sessão que
decorreu no Dia Festivo de S. João Batista, e a Grande Loja Unida
de Inglaterra foi criada em 1813 no Dia Festivo de S. João
Evangelista.

“Saints John Lodge” acabou por ser traduzido para a nossa língua
– provavelmente à falta de melhor alternativa – por “Loja de S.
João“. Etimologicamente, o plural de João deveria ser Joães,
uma vez que João vem de Joane que, como vimos já, procede do
latim Johannes. No entanto, como na nossa língua a maior parte
dos substantivos terminados em -ão faz o plural em -ões, acabou
o uso (ou o pouco uso) por consagrar Joões como plural de João.
Apesar de não ser plural que se veja muito, o que terá levado a
que a Loja fosse de João em vez dos Joões, é aquele que uso hoje
aqui.

É provável que nunca venhamos a saber a verdade sobre a


relação histórica entre os Joões e a Maçonaria. Não obstante, o
mérito da escolha destas duas figuras é incontroverso.
Dificilmente encontraríamos melhores professores, sábios ou
santos que mais adequadamente exemplificassem através do
seu exemplo de vida e obra a sublime doutrina e ensinamentos

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intemporais da Maçonaria. Ou, como sucintamente referiu
Joseph Fort Newton: “Retidão e Amor – estas duas palavras
bastam para descrever por completo o dever de um Homem e de
um Maçon.“

No meu entendimento, os símbolos pouco valem por si mesmos;


o seu valor reside naquilo que evocam e na forma como são
interiorizados. Não há, por isso, duas interpretações idênticas,
uma vez que estas decorrem das experiências, do percurso e do
ânimo de cada um, cujo íntimo tocam assim de forma distinta. Há
símbolos com significados mais fechados e rígidos, o que não
tem que ser forçosamente limitativo – lá por o esquadro
representar a retidão, não quer isso dizer que todos interpretem
do mesmo modo o que é ser-se reto, ou que todos devam agir da
mesma maneira se confrontados com idênticas circunstâncias.
Outros símbolos há que se prestam a interpretações mais
abertas. De facto, a prodigalidade da simbologia maçónica –
resultado da progressiva apropriação de outras simbologias,
nomeadamente da da Alquimia – permite que cada um, com
suficiente diligência, encontre um significado que respeite a sua
conceção pessoal e contribua para estabelecer o seu próprio
caminho.

Alguns, porém, tomam os símbolos por mais do que meras


ferramentas de trabalho, tornando-os num fim em si mesmos, e
procurando nestes verdades ocultas, com resultados muitas
vezes inesperados. À luz da Alquimia, por exemplo, cada um dos
Joões pode ser representado por um elemento alquímico
específico: a água estará ligada ao Batista, que a ela recorria
para batizar; e o fogo ao amor espiritual e emocional do
Evangelista. Estes dois elementos – a água e o fogo – são
representados por símbolos muito semelhantes: a água por um
triângulo equilátero invertido (com a base para cima), e o fogo
por um triângulo equilátero com a base para baixo. Quando

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∴ São João e a Maçonaria ∴
combinados, os dois Joões simbolizam o perfeito equilíbrio entre
a luz e as trevas, vida e morte, paixão e contenção, vontade e
emoção, Verão e Inverno. Quando combinados, os seus símbolos
justapostos representam uma Estrela ou Escudo de David. Este é
interpretado por alguns como símbolo d’Aquele a quem
chamamos Grande Arquiteto do Universo – pois que, no Salmo 18,
atribuído a David, este O compara a um escudo que o protege. É
assim que os símbolos alquímicos associados às virtudes de dois
santos cristãos traçam, quando sobrepostos, um símbolo Judaico
que significa Deus, indiciando que essas virtudes nos poderão
conduzir a Ele. Como se vê, a interpretação aberta da simbologia
pode levar-nos às mais bizarras elocubrações. E maçonaria
também é isso mesmo: a liberdade de cada um seguir o caminho
que toma por mais apropriado.

A interpretação dos símbolos é algo de iminentemente pessoal


que revela, estou ciente, mais sobre quem interpreta do que
sobre os símbolos interpretados. Não vou, por isso, estender-me
sobre as interpretações do costume – as tais pedras gastas de
que falei já – que certamente já conhecereis, mas antes focar-me
na forma como os interpreto, para que eu vos seja menos
desconhecido.

Imagino João Batista como um homem que sente ser sua


obrigação – a missão da sua vida – apontar à cara de quantos com
ele se cruzam o foco luminoso da lanterna que lhe foi confiada.
Pouco preocupado com a vontade ou o efeito da luz sobre aqueles
que ilumina, importa-o, antes, a Luz em si mesma. João Batista é
o imperativo, a justiça cega, o valor e a norma. Parecia acreditar
que a missão do Homem era cumprir os desígnios do seu Criador
– e todo o resto era acessório.

Por outro lado, vejo João Evangelista privilegiar a felicidade no


coração de cada indivíduo, por acreditar que transmitir o amor
inoculado no seu íntimo pelo Criador seria o principal desígnio do
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∴ São João e a Maçonaria ∴
Homem. Submete, assim, todas as Leis ao cumprimento de um
único mandamento: “Ama.” E ao dizer-nos que “Deus é Amor“,
revela-nos em que é que o Homem, criado à imagem do Supremo,
é qualitativamente igual a Este: na capacidade de amar.

João Batista de pés sujos e assentes na terra; João Evangelista


pairando dois dedos acima desta; um deles defendendo o
impessoal e o objetivo; o outro, o pessoal e o subjetivo. Por
ambas as perspetivas terem valor, e por ambas serem virtudes, é
que provimos de uma “Loja de S. João“. Pois não basta exaltar a
virtude e combater o vício – coisas fáceis para qualquer criança
que, por minimamente bem formada, saiba distinguir o Bem do
Mal. O que é difícil é decidir em que ponto intermédio ficamos
quando deparados com duas virtudes em extremos opostos. E se
esta questão já é suficientemente difícil, notemos ainda que não
temos um João imóvel numa ponta, outro expetante noutra, e nós
algures no meio com todo o tempo do mundo para procurar o
ponto ideal de conforto. Pelo contrário, os dois Joões – como o
Sol – estão em contínuo movimento e alternância, não havendo
circunstâncias estáticas, receitas universais ou proporções pré-
estabelecidas. Também na nossa vida somos, a cada momento,
confrontados com situações que vão mudando, e cuja resposta
só pode ser multidimensional; e todos sabemos o difícil que é dar
uma boa resposta nestas circunstâncias; apesar de essencial, já
não basta ter os princípios bem inculcados e as ideias
arrumadas. Mais, se tivermos em conta que o conflito entre a
fraternidade e a retidão é só um exemplo dos muitos que nos
surgem, vemos porque é tão importante a capacidade de se
conciliar interiormente posições antagónicas, encontrar
equilíbrios, e afastar-se de posições extremadas que,
forçosamente, favorecem um único ponto de vista em detrimento
dos demais.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Por outro lado, é importante a sequência pela qual surgem os
Joões, com João Batista primeiro e João Evangelista depois, a
completá-lo e a complementá-lo. A tolerância fraterna só faz
sentido perante uma norma previamente estabelecida. Sem a
retidão moral, a fraternidade não passa de nepotismo. Também
na nossa vida a norma aparece cronologicamente primeiro,
normalmente no imperativo, e só mais tarde surge a consciência
do outro, com a constatação de que do estrito cumprimento das
normas não surgem os laços afetivos de que todos carecemos.
Uma aplicação equilibrada das normas e da tolerância fraterna
perante o erro alheio – ou, meramente, perante um diferente
entendimento – são essenciais ao estabelecimento de um
terceiro valor que das mesmas decorre: a Justiça. Esta surge da
conjugação da aplicação da norma, que por definição é cega e
transversal, com a atenção às circunstâncias e à pessoa de cada
um. Não podemos pretender ser justos sem ter estas duas
facetas em consideração.

Cheguei aqui cansado, mas satisfeito. Tinha estudado um


símbolo que muito me podia ensinar, lido o que outros pensavam
sobre o mesmo e, depois de interiorizar o que lera, após
privilegiar alguns pontos de vista em detrimento de outros,
consolidei o meu próprio entendimento, apercebi-me das minhas
asperezas e discerni como desbastá-las. Mas quando me
preparava para dar por finda a lição que preparara para mim
mesmo, e passei revista às notas que tinha tomado, um pormenor
saltou-me à vista – um pormenor que não tinha visto referido em
lado nenhum. João Batista – o do Prumo, da verticalidade – surgia
no meio do Inverno, quando os raios do Sol atingem a Terra num
ângulo que chega a ser raso, e fazem a tangente passando na
horizontal; e João Evangelista – o do Nível, da horizontalidade –
aparecia no meio do Verão, quando os raios de Sol caem na
vertical. Afinal o tema, longe de estar esgotado, sugeria-me um
ensinamento adicional: o de que, para além de sermos
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∴ São João e a Maçonaria ∴
interiormente equilibrados, devemos ser propiciadores de
equilíbrio. Quando a posição dominante ao nosso redor apresente
apenas uma faceta, devemos tentar ver – e apresentar – o outro
lado da questão. Assim como no Inverno, por entre um mar de
raios rasantes e horizontais de tolerância, o prumo de João
Batista recorda o dever a cumprir, e no Verão temos João
Evangelista a temperar os raios verticais da repreensão com o
amor fraterno, também nos cabe procurar não só equilibrar-nos
como contribuir para o equilíbrio daqueles que nos estão
próximos.

A Maçonaria indica-nos como escolher o caminho, mas não nos


indica o caminho; mostra-nos os limites, mas não nos limita:
afinal, não há mais escuro que o preto, nem mais claro que o
branco. E, ao indicar a retidão moral e a fraternidade como
valores que qualquer Maçon deve não só prezar como procurar
praticar, mostra-nos que a escolha é mais difícil do que a simples
opção entre o Bem e o Mal.

Cada um dos que, ao procurar combater o Vício e praticar a


Virtude, já viveu momentos nos quais teve que optar entre duas
Virtudes – em forçoso prejuízo de pelo menos uma delas – sabe o
quanto a dificuldade desta escolha suplanta a daquela. A
imperfeição da nossa própria existência leva a que, tantas vezes
(e não obstante querermos praticar a Virtude) nos seja impossível
praticá-la de forma perfeita; aproximar-nos de uma implica,
tantas vezes, afastar-nos de outra. A sobreposição dos dois
Joões indica-nos, por fim, que o equilíbrio se consegue
procurando-se aplicar as virtudes em simultâneo, e não em
alternância.

João Batista e João Evangelista, cada qual em representação de


Virtudes distintas, simbolizam dois inconciliáveis limites
absolutos – mas inconciliáveis apenas se absolutos. Por terem o
mesmo nome, alertam-nos para que mesmo o Bem conflitua
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∴ São João e a Maçonaria ∴
consigo mesmo: a absoluta retidão colide, quantas vezes, com a
absoluta fraternidade. A dualidade equilibrada destes dois
homens – individualmente fortes, e reforçados por estarem juntos
– perfila-se em paralelo e em harmonia e, pela sua
complementaridade, indica-nos um caminho bem equilibrado
para a Luz.

Assim, entre João e João – símbolos de todas as Virtudes


absolutas das quais, por conflituantes, vivemos forçosamente, a
cada momento, afastados e atraídos – cabe-nos ir procurando, a
cada momento, um ponto intermédio; pois que, se é um Templo
que queremos erigir, e se o queremos sólido e sem perigo de
ruína, é imperioso que cada pedra – quer por si mesma, quer
enquanto parte do Todo – mantenha todo o equilíbrio possível.

Autor: Ir.'. RUI BANDEIRA

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∴ São João e a Maçonaria ∴

Os patronos da maçonaria, os solstícios e o circumponto:

Um estudo da relação destes símbolos.


1 Introdução:

É de conhecimento geral dos irmãos que a maçonaria tem como


patrono São João. Durante a abertura ritualística dos trabalhos,
no REAA, é declarada que a loja está aberta “em homenagem a

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∴ São João e a Maçonaria ∴
São João, nosso padroeiro”. Este mesma passagem é realizada
também em outros ritos de forma diferente.

Entretanto, é dúvida comum dos irmãos os seguintes


questionamentos: a qual São João estamos nos referindo? A São
João o Evangelista? A São João Batista? Ou São João Esmoler?
Sendo a maçonaria uma instituição que abriga homens de
diferentes credos, por que a adoção de um santo apostólico como
seu padroeiro? E por que santos católicos estão inseridos dentro
do simbolismo maçônico?

Ao tentar responder essas perguntas encontramos uma relação


direta entre temas que parecem bastante distantes porém que
estão diretamente relacionados, como será demonstrado
adiante: os santos de nome João, os solstícios de verão e inverno
e o ponto inscrito dentro da circunferência.

Desta forma este trabalho tem como objetivo elucidar algumas


dúvidas sobre as duas questões levantadas que frequentemente
são temas de respostas diversas e muitas vezes até mesmo
fantasiosas dadas por diversos autores.

2 Santos de nome João:

No credo Católico Apostólico Romano temos três santos de nome


João, sendo eles: São João Batista, São João Evangelista e São
João Esmoler.

São João Batista foi um dos profetas anunciados na Bíblia


Sagrada, no novo testamento. Primo de Jesus, seu nascimento
foi prenunciado por um anjo. É um dos principais profetas do
cristianismo, sendo ele o anunciador da vinda do

Messias e, posteriormente, batizando o mesmo nas águas do Rio


Jordão (Bíblia, Evangelho de Lucas). Sua data comemorativa é no

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∴ São João e a Maçonaria ∴
dia 24 de junho, “coincidentemente” próxima ao solstício de
verão do hemisfério norte (e solstício de inverno no hemisfério
sul).

O segundo Santo de nome João é São João Evangelista. Foi um


dos doze apóstolos de Jesus, responsável por um dos evangelhos
escolhidos na Bíblia católica. Além disso escreveu três epístolas
e o livro do Apocalipse. (Bíblia, Evangelho de João e Lucas e Livro
do Apocalipse). Sua data é comemorada no dia 27 de dezembro,
próxima ao solstício de inverno no hemisfério norte (solstício de
verão no hemisfério sul).

Tem-se ainda um terceiro santo de nome João, São João Esmoler,


nascido em 550 da E.’.V.’.. e falecido no ano de 619 E.’.V..’. Foi um
nobre de Chipre, patriarca de Alexandria, famoso por sua
caridade. É o padroeiro da Ordem de São João de Jerusalém,
mais tarde convertida na Ordem dos Cavaleiros de Malta. Sua
data é comemorada 23 de janeiro (Revista Universo Maçônico,
sem autor, 2010).

Portanto, temos três santos de nome João no catolicismo: dois


deles com datas comemoradas próximos aos solstícios de
inverno e verão e um outro santo patrono de uma ordem de
cavalaria. Portanto, em teoria, os três santos de nome João
poderiam ser patronos de nossa ordem, mas apenas dois deles
fazem sentido em termos ritualísticos.

De acordo com a Segunda Instrução do grau de A.’.M.’. do Rito de


York (Inglês Antigo) (SGCMRAB, 2009) e com o Ir.’. Mackey (2015)
as lojas antigamente eram dedicadas ao Rei Salomão, lendário
primeiro Grão Mestre da Ordem. Porém os maçons especulativos
dedicam suas lojas em homenagem a São João Batista e São
João Evangelista, fazendo uma alusão simbólica a um símbolo
mais antigo que tem sua origem nas antigas escolas de mistérios
e cultos pagãos, como será mostrado à seguir.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
3 Os Solstícios e o Circumponto na Maçonaria:

Os solstícios sempre foram datas importantes na história da


humanidade e com profundos significados em diversas culturas
e religiões. Os solstícios marcam a passagem das estações (os
inícios do inverno e verão) e, portanto, não é coincidência que
boa parte dos calendários utilizados pela humanidade, inclusive
nosso calendário gregoriano, tenham a data de encerramento dos
anos próximas a um solstício.

Diversas religiões antigas realizavam comemorações e


iniciações e rituais próximos as datas dos solstícios (Ismail,
2011; Knight & Lomas, 2007; Del Debbio 2008). Ainda de acordo
com Ismail (2011) “Acredita-se que, assim como os Romanos
observavam o Solstício de Inverno, em homenagem ao deus
Saturno, posteriormente chamado de “Sol Invencível”, esse
costume também era observado pelas Guildas Romanas, os
antigos Colégios e Corporações de Artífices, que nada mais eram
do que a Maçonaria Operativa. Esse costume permaneceu intacto
até o surgimento da Maçonaria Especulativa, que tratou de não
descartá-lo.”

Dessa forma percebemos que a comemoração nos solstícios vem


das antigas escolas de mistérios, muitas das quais tiveram seus
ensinamentos e simbolismos absorvidos pela maçonaria
especulativa, conforme podemos perceber em nossos rituais.
(Costa, 2015; Grande Oriente Paulista, 2010).

Os solstícios na maçonaria são representados, figurativamente,


por um ponto dentro de um círculo, o circumponto, com duas
retas tangentes nos lados, conforme a figura Figura 1 abaixo:

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∴ São João e a Maçonaria ∴

Segundo a instrução do Rito de York (SGCMRAB, 2009) o ponto


dentro do círculo representa o irmão individual e o círculo o limite
de sua conduta em relação a deus e a humanidade, sendo que
fora deste limite ele nunca poderá subjugar suas paixões e vícios.
Ainda, na mesma passagem, a instrução explica que as linhas
paralelas que delimitam o círculo representam os santos de nome
João.

Se considerarmos as dimensões da loja, de Ocidente ao Oriente


e de Norte ao Sul, podemos reparar que as linhas ocupam as
posições Norte e Sul, da mesma forma que os trópicos. Conforme
Ismail (2011) explica “Costuma-se chamar o Solstício de Junho
de “Solstício de Câncer” e o de Dezembro como “Solstício de
Capricórnio” pela relação dos Solstícios com os trópicos”. Dessa
forma também encontramos a explicação porque, em muitos
rituais maçônicos, em algumas obediências, ocorre a circulação
em loja pelos extremos, sendo o meio do círculo (o ponto)
reservado ao altar do L.’.L.’. (“sanctum sanctorum”).

Para o Ir.’. Ribeiro (2013), o circumponto ainda foi uma importante


ferramenta do maçom operativo pois, através da proposição
geométrica do Teorema de Tales (“seja um triângulo ABC,
inscrito numa circunferência, sendo AC o diâmetro desta
circunferência, então os pontos ABC formam um triângulo

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∴ São João e a Maçonaria ∴
retângulo”) o maçom operativo poderia aferir e construir
esquadros com ângulos retos precisos utilizando apenas um
barbante e linhas para desenhar a circunferência no chão.
Encontra-se então mais um motivo para a importância deste
símbolo dentro de nossa ordem.

Ainda devemos lembrar que, a data de fundação da Grande Loja


Unida da Inglaterra é dia 24 de junho de 1717,
“coincidentemente” com a data de São João Batista e próximo
do Solstício de Verão no hemisfério norte. Podemos acreditar
que, a data considerada de fundação da Grande Loja Unida da
Inglaterra não tenha sido mera coincidência de datas.

4 Conclusão:

Nos itens anteriores foi demonstrada a relação dos Santos de


nome João com os solstícios e a relação desses dentro do
simbolismo maçônico. Conforme o próprio ritual do Rito de York
afirma, são os Santos João Evangelista e João Batista os
Patronos da Maçonaria.

Entretanto, conforme visto no artigo publicado na Revista


Universo Maçônico (2009), muitos irmãos atribuem,
erroneamente, que o santo patrono de nossa ordem seria São
João Esmoler. É um erro inocente, e até mesmo natural, visto São
João esmoler é reconhecido por sua caridade tanto como por ser
um patrono de uma ordem de cavalaria que teve influências
históricas na formação diversos ritos maçônicos como
conhecemos hoje.

A adoção de São João Batista e São João Evangelista como


patronos da ordem é uma forma simbólica de “esconder” as
origens pagãs de certos simbolismos dentro da ordem, conforme
afirma Ismail (2011). Lembremos que nossa ordem nasceu em
uma época em que a liberdade de pensamento e religiosa era
cerceada pela inquisição da igreja católica. Ademais, também
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∴ São João e a Maçonaria ∴
devemos lembrar que a maior parte dos maçons percussores
europeus eram cristãos em sua maioria, portanto, nada mais
natural que colocar um véu sobre o simbolismo das celebrações
pagãs dos solstícios e seus mistérios sob o nome de santos
católicos.

O PATRONO DA MAÇONARIA:
Não é política editorial desta revista republicar artigos, no entanto, por
razões que enunciarei mais à frente, decidi abordar novamente um
tema publicado na edição número 6 de abril de 2016, embora não se
trate do mesmo texto, que se refere ao Patrono da Maçonaria Universal.
Faço isso primeiramente em homenagem a São João Batista, cuja data
comemorativa se dá exatamente neste mês, e também na tentativa de
demonstrar fatos históricos e documentais que o estabelecem como
único e verdadeiro Patrono da Maçonaria, e assim, de certo modo, fazer
justiça ao “aniversariante” do mês.

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∴ São João e a Maçonaria ∴

Defendo a liberdade de pensamento, de expressão, a diversidade de


ideias e a múltipla interpretação dos símbolos presentes na Doutrina
Maçônica, prática que acho saudável e evolutiva, mas discordo quanto
à aplicação destes princípios no que se refere a fatos, pois estes não
estão suscetíveis a interpretações subjetivas Neste sentido, é preciso
deixar claro que dentre todos os países nos quais a Maçonaria existe,
o único em que há contestação desse patronato atualmente é o Brasil,
muito embora as origens dessa tendência sejam estrangeiras. As
Constituições de Anderson citam o nome de São João Batista inúmeras
vezes, mas entendo perfeitamente as razões pelas quais paira essa
dúvida entre os maçons brasileiros: em primeiro lugar porque em
nossos Rituais – nos atuais Rituais do Rito Adonhiramita essa
expressão foi substituída – na ocasião da declaração de abertura da
Loja está gravado: “Em nome de São João de Jerusalém, nosso Patrono
(...)”, ou na maiorias dos casos apenas “São João”; e em segundo lugar
pelo compreensível desconhecimento da hagiologia, já que muitos
maçons professam fé diferente da católica. Assim, há quem defenda
equivocadamente que São João Batista e São João de Jerusalém sejam
pessoas ou santos distintos, o que absolutamente não é verdade.

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∴ São João e a Maçonaria ∴

A compreensão, ou pelo menos a aceitação dos fatos mencionados no


parágrafo anterior é fundamental para a elucidação desta questão. É
igualmente necessário aceitar o fato de que a Maçonaria Especulativa
“nasceu” cristã e teísta sob forte influência do catolicismo, embora
com o passar do tempo tenham surgido Ritos deístas e agnósticos. A
obra de nossos ancestrais operativos, que construíam igrejas, e a
formação do pastor presbiteriano James Anderson, que presidiu a
comissão incumbida de consolidar as Old Charges, não deixa dúvida
sobre isso. E é daí que surge o conceito do patronato. O costume de
consagrar cidades, instituições e até pessoas à proteção de um santo
padroeiro é comum entre as sociedades cristãs, notadamente as
católicas, muito embora, como as próprias raízes do catolicismo, esse
costume tenha suas origens em época muito anterior, notadamente no
antigo Egito e na Grécia, onde deuses desempenhavam esse papel. Isto
também era comum nas Ordens Militares de Cavalaria da Idade Média,
e o santo protetor era sempre determinado em função da data do
evento a ser celebrado (nascimento, fundação, etc.). Portanto, não é
de se estranhar que a Maçonaria moderna tenha herdado destas
instituições este rito, já que ambas professavam e até combatiam em
nome da fé cristã. Mas a razão disto não é tão simples assim como
parece, aliás, nada na Doutrina Maçônica é objetivo e direto. Grandes

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∴ São João e a Maçonaria ∴
ensinamentos encontram-se nas entrelinhas de nossos Rituais. Nós
maçons somos treinados para nos tornarmos decodificadores de
símbolos tanto na Natureza quanto na própria obra do homem. O
maçom deve compreender, e não apenas enxergar.

É certo que ao adotar o patronato a Igreja Católica o fez no intuito de


substituir o culto aos deuses pagãos de Roma incutindo no povo a ideia
de que a renúncia às divindades pagãs não era sinônimo de deixar as
cidades desprotegidas metafisicamente falando: os santos cristãos
passariam a cumprir esse honroso papel. Uma manipulação
compreensível se considerarmos os padrões intelectuais da sociedade
da época. Julgo legítimo também considerar que o sincretismo
religioso levado a termo por Constantino I e seu grupo pode – e
certamente o fez – ter inserido na fé católica, e apenas cristã na época,
conceitos das Antigas Tradições Iniciáticas, passando inclusive pela
alteração do nome do santo para João, o Batista, já que originalmente
este chamava-se yōḥānān (Deus é misericordioso), para associá-lo ao
deus romano Janus. Resta claro que a Igreja Católica não era tão
inocente assim nos Antigos Mistérios, ou mesmo contrária a esses,
quanto tenta ou quer parecer. Mas esta é a razão exotérica, pois
sempre houve e haverá motivos esotéricos e Iniciáticos para essas
decisões. Foi assim que teve origem o “mistério” de São João, ou
melhor, o início da “Tradição Joanita” ou “Cristianismo Místico”. As
Antigas Tradições festejavam as datas correspondentes aos solstícios
de inverno e verão em homenagem a Janus, e estas foram
propositalmente estabelecidas como celebrações de São João (Batista

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∴ São João e a Maçonaria ∴
e Evangelista) pela igreja cristã em seus primórdios. Janus, o deus
bifronte, simboliza a Tradição Iniciática, tendo uma de suas faces
voltada para o passado (tradição) e a outra para o futuro (progresso).
Outro detalhe relevante a ser destacado é que a etimologia do vocábulo
janus deriva da expressão latina janua que significa “porta”, “origem”,
vindo daí inclusive a denominação do primeiro mês do ano: janeiro
(januarius). Temos assim São João Batista adotado pela fé cristã como
símbolo da transformação, da Iniciação, representada pelo rito do
batismo pelas águas que praticava no rio Jordão, e ao qual o próprio
Jesus, o Cristo, foi submetido antes do início de seu ministério. É
interessante notar que a palavra “porta” corresponde simbolicamente
à letra grega delta (derivada do hebraico daleth), que é representada
graficamente por um triângulo, e que por sua vez era a exata forma dos
portões dos antigos templos gregos dedicados à Iniciação nos
Mistérios de Elêusis, e que igualmente representa o Delta Sagrado,
bastante conhecido por nós. Segundo a mitologia clássica, o deus
romano Janus presidia todos os “inícios” (do latim initium, de onde se
deriva também a expressão initiare – iniciar), e em particular o ingresso
do Sol em cada um dos dois hemisférios celestes. Também era o
depositário da “chave” nas Iniciações das Antigas Tradições. Observe
que a semelhança entre a forma latina do nome deste deus e a de

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∴ São João e a Maçonaria ∴
João (em latim Joahnes) é evidente.

Portanto, não foi por acaso que este último tomou o lugar do primeiro.
Afinal, João, que parece ter sido um nome comum entre os judeus na
época dos Evangelhos não o era no Antigo Testamento. Teria sido por
acaso? Sinceramente acho que não. Aliás, parece lógico supor que
estas personagens tiveram nomes diferentes na vida real, e foram
rebatizadas propositalmente pelas razões anteriormente mencionadas,
mesmo porque pelo que sei, as duas primeiras personagens da Doutrina
Cristã a se chamarem João são exatamente o Batista e o Evangelista,
e justamente nesta ordem, o que veremos adiante também sugerir não
ser mero fruto do acaso.

Neste raciocínio São João Batista representaria as Antigas Tradições,


os Antigos Mistérios, como o da Iniciação pelo Batismo pelas Águas,
por exemplo, amplamente praticado pela comunidade dos essênios,
que eram descendentes dos terapeuti do Egito, que entendiam que a
transição entre o mundo físico e o Tuat (Plano Espiritual) se dava
exatamente pela transposição de um rio, aliás, como a Barca de
Caronte da mitologia clássica, e, em ambas as hipóteses transportando
o ser para uma “nova vida”, como a Iniciação pela qual passamos em
nossa Ordem. Enquanto isso na outra ponta temos São João
Evangelista, que viria a participar do surgimento de uma nova fé, que
reformaria toda a Doutrina Hebraica e em pouco tempo transformaria
toda a civilização ocidental, representando o já Iniciado, aquele que se
dispôs a experimentar uma nova existência e segue a senda. Não é à
toa que o Evangelho de São João é considerado o mais místico e
esotérico de todos os Evangelhos Canônicos na visão dos principais
teólogos modernos. De forma genérica podemos afirmar que o nome
“João” passou a constituir-se no meio esotérico numa designação
simbólica de todo homem Iniciado, Iluminado e evoluído
espiritualmente, aplicando-se em sua acepção mais ampla e geral a
todos os que são admitidos nos Mistérios Iniciáticos. Portanto, tanto
São João Batista quanto São João Evangelista passaram a ser
homenageados pela Maçonaria moderna, mas apenas um deles se
tornou seu Patrono. Outro fato interessante em relação à São João
Batista, é que ao contrário do que ocorre com Jesus e seus apóstolos,

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∴ São João e a Maçonaria ∴
dentre eles São João Evangelista, o Batista é citado nos textos de
Flávio Josefo, tido como o principal historiador judeu do século I, o que
pode ser considerado como uma prova documental de que o “Pregador
do Deserto” realmente existiu. São João Batista era mais popular entre
os primeiros cristãos e a comunidade judaica do século I do que se
comumente imaginamos.

Para nós maçons há um aspecto relevante a ser percebido, contido no


Evangelho de João Evangelista acerca de João Batista, que afirma que
“Ele (o Batista) não era a Luz”, e nenhum de nós é. Nos dedicamos a
desbastar e polir nossa Pedra Bruta ao máximo que formos capazes
porque somente dessa forma poderemos refletir a Luz Verdadeira com
maior intensidade. Somos arautos, mensageiros, conhecedores de
“mistérios” capazes de modificar o mundo a nosso redor, ou, pelo
menos, deveríamos ser.

Portanto, ainda que consideremos que a reunião das quatro famosas


Lojas de Londres em 24 de junho de 1717, que deu origem ao
nascimento oficial da Maçonaria Especulativa (ou pelo menos sua
formalização), se deu em virtude da celebração do solstício de verão
no hemisfério Norte, não podemos ter dúvida de que este dia não foi
escolhido por acaso, e, por conseguinte, coincidiu com o dia em que se
celebra São João Batista, igualmente sem ser uma coincidência. Sendo
esse fato indiscutível, além de histórico, não deveria haver
contestação sobre a identidade do verdadeiro patrono ou padroeiro da
Maçonaria. Mas se é assim, por que a dúvida existe? A história é a
seguinte: um maçom francês chamado Ettiene François Bazot (1782-
186?), autor de várias obras de renome, dentre as quais Manuel du
Franc-Maçon (1811), do interesse de nossa análise, afirmou que o
verdadeiro Patrono da Maçonaria era outro São João, chamado de
“Esmoler”, ou ainda “de Jerusalém”, agindo aparentemente assim
apenas por ter analisado a história deste santo e associá-lo à
Jerusalém, como iremos ver. Além disso, Bazot, certamente
influenciado pelo famoso discurso do Chevalier Ramsay, que lançou a
hipótese da Maçonaria ser uma herdeira dos Cavaleiros Templários,
buscou as bases para suas argumentações nas Cruzadas e nas Ordens
Militares de Cavalaria, e não nas guildas de construtores medievais,

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∴ São João e a Maçonaria ∴
como a maioria dos historiadores, ritualistas e autores maçônicos da
época faziam. Estes, por sua vez, entendiam que a atribuição do
patronato das guildas medievais de construtores a São João Batista
tenha se dado em decorrência da adoção deste santo como padroeiro
pelo colégio de artífices romanos (collegia fabrorum) no reinado de
Numa Pompílio. No que diz respeito a sua opinião sobre “São João
Esmoler”, que foi canonizado tanto pela Igreja Romana (Católica)
quanto pela Grega (Ortodoxa), nascido na ilha de Chipre por volta do
ano 550 de nossa Era (há menções a 550, 556, e 560), numa cidade
chamada Amathus, da qual seu pai, além de ser um homem muito rico,
era o governador, sagrou-se sacerdote, e foi eleito bispo de Alexandria
em 606, falecendo no ano de 619 na sua terra natal, sem jamais ter
colocado os pés em Jerusalém. Seus festejos dão-se, curiosamente,
em duas datas: 11 de novembro, data de sua morte, para a Igreja Grega,
e 23 de janeiro, data de seu nascimento, para a Igreja Romana.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Há um fato bastante curioso acerca a canonização de São João
Esmoler. Apesar de existirem dezenas de páginas na internet, inclusive
ligadas à Igreja Católica, que narram sua história, em textos bastante
parecidos, não há qualquer registro deste santo na página oficial da
Santa Sé no Vaticano. De acordo com as páginas da internet, o São
João nascido de Chipre recebeu o título de “esmoler” (aquele que dá
esmolas) pelas suas ações de caridade junto aos pobres – na página do
Vaticano quem recebe esse título é outro, São João Crisóstomo -
havendo menções de ter construído hospitais, asilos para idosos e
hospedarias no território de Alexandria (no Egito, e não em Jerusalém,
apesar de haver registros de que enviou recursos para reconstrução de
igrejas na Terra Santa), já que as guerras contra os sírios
transformaram a cidade num campo de refugiados. Há uma lenda que
diz que São João Esmoler teve uma visão na qual uma linda mulher lhe
apareceu, representando a Caridade, e teria lhe dito: “Eu sou a filha
mais velha do Senhor Rei. Se você for meu amigo eu o levarei até Ele.”,
e que isso teria se tornado sua principal argumentação para suas
inúmeras obras de beneficência.

Bazot esclareceu as razões que o levaram a pensar que São João


Esmoler era o verdadeiro Patrono da Maçonaria sob o seguinte
argumento: “Ele deixou seu país e a esperança de um trono para ir à
Jerusalém, a quem ele generosamente ajudou e assistiu os cavaleiros
peregrinos. Ele fundou um hospital e organizou uma fraternidade para
assistir aos cristãos, doentes e feridos, e prestar ajuda pecuniária aos
peregrinos que visitavam o Santo Sepulcro. São João, que era digno de
se tornar o patrono de uma sociedade cujo único objetivo é a caridade,
expôs sua vida mil vezes em prol da virtude. Nem a guerra, nem a peste,
nem a fúria dos infiéis, podia impedir suas atividades de benevolência.
Mas a morte, finalmente, o impediu no meio de seus trabalhos. No
entanto, ele deixou o exemplo de suas virtudes aos irmãos, que fizeram
seu dever esforçar-se por imitá-las. Roma o canonizou com o nome de
São João, o Esmoler ou São João de Jerusalém, e os Maçons – cujos
templos, destruídos pelos bárbaros, que ele fez reconstruir – o
selecionaram por unanimidade como seu patrono”. A tese é bastante
interessante e romântica, mas completamente equivocada e
anacrônica. A argumentação de Bazot baseia-se na fundação do
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∴ São João e a Maçonaria ∴
Hospital de São João Batista na Terra Santa, que supõe ter sido obra
de São João Esmoler. Ocorre, no entanto, que esse santo sequer
conheceu este hospital, que por acaso é de enorme interesse para
nossa Ordem. A razão é muito simples, o hospital foi construído pelo
beato Gerard e Godefroy de Bouilon por volta de 1099, sendo este
último o fundador da Ordem Hospitalatária de São João de Jerusalém,
ou simplesmente Ordem dos Cavaleiros Hospitalatários, a primeira das
Ordens Militares de Cavalaria, e isto está gravado nos livros de
História. Ora, se São João Esmoler nasceu entre os anos de 550 e 560,
morreu em 616, e o hospital teve sua construção iniciada em 1099
pelos Cavaleiros Hospitalatários, não há hipótese de sua participação
neste evento. Além do mais, a primeira das Cruzadas Militares,
ordenada pelo Papa Urbano II ocorreu exatamente nesse ano, 483 anos
após o falecimento do santo, e, aliás, ocasião da fundação da Ordem
Hospitalatária, ou seja, não havia cavaleiros a serem socorridos em
Jerusalém na época de São João Esmoler, tendo a primeira ocupação
de Jerusalém pelos povos árabes se dado em 638, 22 anos após sua
morte, e do mesmo modo também não havia Templos Maçônicos em
Jerusalém no período em que ele viveu e que pudessem ter sido
destruídos pelos “bárbaros” e reconstruídos pelo santo. Ou seja, um
anacronismo comprovado historicamente. Também é desnecessário
dizer que considerar a caridade como único objetivo da Maçonaria é
demonstrar incompreensão e desprezo pela nossa Doutrina. Afirmar
que São João Esmoler voltou à sua terra natal e transformou a Ordem
dos Cavaleiros Hospitalatários em Ordem de Malta é o mesmo que
afirmar que inventaram a máquina do tempo e rasgar os livros de
História. A Soberana Ordem Militar dos Cavaleiros Hospitalatários de
São João de Jerusalém de Rodes e de Malta ganhou essa denominação
em 1530, 914 anos após a morte de São João Esmoler, que não foi
canonizado pelo Vaticano com o nome de São João de Jerusalém, e
que sequer é padroeiro de Chipre, cujo patrono é São Barnabé. Ao que
parece há mais mitos que comprovações históricas. Outro equívoco é
supor que a Ordem de Malta, versão atual da Ordem dos Cavaleiros
Hospitalatários, tenha como patrono São João Esmoler, e nesse
sentido, se a fala do Papa João Paulo II em 24 de janeiro de 1999,
quando ao se dirigir aos próprios Cavaleiros de Malta presentes numa

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∴ São João e a Maçonaria ∴
solenidade se refere a São João Batista como seu patrono, não for
suficiente para esse convencimento, talvez uma visita à página oficial
da Ordem de Malta na internet dissipe definitivamente qualquer dúvida.
Mesmo desconhecendo os fatos narrados anteriormente, nós, maçons
praticantes do Rito Adonhiramita não deveríamos ter nenhuma dúvida
quanto à identidade do Patrono da Maçonaria, e sem a necessidade de
efetuar qualquer pesquisa, senão vejamos: Abrimos o Livro da Lei
recitando os versículos 6 a 9 do capítulo I do Evangelho de São João
que se refere a São João Batista; ao recebermos nosso Nome Histórico
somos batizados pela água, tal qual o Batista fazia; a afirmação de que
São João Batista é o Patrono da Maçonaria está gravada nas páginas
16 e 18 do Ritual de Aprendiz Maçom do Rito Adonhiramita publicado
pelo GOB em 2009, numa transcrição da Compilação Preciosa da
Maçonaria editada em 1781 na Filadélfia (EUA); também há certa
semelhança, ou coincidência, entre a forma com que executamos o
Sinal do Grau (gutural) e o martírio do Batista, além desse santo ser
considerado padroeiro das doenças da garganta e das cordas vocais.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Por fim, o mais relevante de tudo é que São João Batista nasceu em
Aim Karim, distrito de Jerusalém distante cerca de 6Km do centro, e
São João Esmoler nasceu em Amathus, no Chipre – São João Batista é
de Jerusalém e São João Esmoler é de Chipre. Assim, a afirmação de
que São João Batista não é o São João de Jerusalém citado nos Rituais
tanto dos Graus Simbólicos quanto dos Superiores é falsa e
equivocada, bem como a teoria de que um é Patrono dos Graus
Simbólicos e o outro dos Graus ditos Filosóficos, porque os Ritos,
mesmo que possuam número de Graus distintos, são uma coisa só, do
primeiro ao último, ou seja, Maçonaria. Não tenho a presunção de ter
esgotado a matéria neste artigo, ou mesmo a pretensão e ter
convencido os Irmãos, mas tenho plena convicção de que se não obtive
êxito foi exclusivamente pela minha inabilidade em expor os
argumentos, e não por ausência de comprovação histórica. Salve São
João Batista!

UT QUEANT LAXIS (Para que possam) RESONARE FIBRIS (ressoar as) MIRA GESTORUM (maravilha dos teus feitos) FAMULI
TUORUM (com largos cantos) SOLVE POLLUTI (apaga os erros) LABI REATUM (dos lábios manchados) SANTE IOANNES (Oh
São João)¹ NA: ¹ Canção escrita em latim em homenagem a São João Batista, criada pelo monge italiano Guido, mestre do coro
da Catedral D’Arezzo, na Toscana (Itália), por volta de 1030, que utilizou as primeiras sílabas dos versos (grifadas no texto) para
nomear as sete notas musicais. A nota SI é formada pelas inicias de Sancte Ioannes. Mais tarde, no século XVII, o músico Doni,
também italiano, substituiu o nome da nota UT por DÓ.

Dados extraídos da Revista - Um Quarto de Hora Junho 2019.

São João.
São João é o Patrono da Maçonaria. Não se deve
confundir com Padroeiro. A Maçonaria é uma entidade
filosófica e filantrópica, que visa também o
aperfeiçoamento espiritual do homem. Caso fosse
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∴ São João e a Maçonaria ∴
padroeiro, seríamos voltados para uma religião e a
Maçonaria não está voltada à nenhuma RELIGIÃO.

Existem achados arqueológicos comprobatórios que


João Batista e também Jesus e sua família, viveram
próximo a Qumran. Nesses achados existem muitos
pontos comuns com a mensagem cristã. Deve-se levar
em conta, que João Batista tenha convivido com esta
comunidade e parte de sua formação religiosa tenha
sido ali recebida, bem como Jesus Cristo que viveu bem
próximo a esta comunidade.

Após a morte de Herodes I, o Grande, (4 a.C.) fundador


da dinastia dos Herodes, segundo a Bíblia foi o
responsável pela lendária morte de João Batista.

Amigo dos romanos, casou-se com a filha do Rei


Nabateu Aretas IV, mas repudiou-a e casou-se com a
mulher de seu meio irmão Herodes Felipo, isto veio mais
tarde causar-lhe uma represália do Rei Nabateu Aretas
IV, que guerreou contra ele e o derrotou.

João Batista era considerado um homem santo e


extremamente respeitado, fazia pregações em praça
pública fazendo críticas à Herodes e afirmando que seu
casamento era ilícito, posto que tomara como esposa a
cunhada, mulher de seu meio-irmão (Felipo) e casando
com ela, mandara matar seu meio-irmão.

Apesar de diversas mensagens de Herodes e até mesmo


ter falado pessoalmente com João, este continuava a
fazer suas pregações críticas. Herodíades (esposa de

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Herodes), pediu a condenação à morte de João
inúmeras vezes, no entanto este tinha receio de prendê-
lo, já que ele era tido como um homem santo e
extremamente respeitado pelo povo. Com medo de uma
revolta protelou ao máximo sua decisão.

Pela insistência de Heroniadíades, esposa de Herodes,


este mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere
quando João disse-lhe:_Não é lícito possuir a mulher de
seu irmão.

Herodíades então se voltou contra ele e queria matá-lo,


mas não podia, pois Herodes tinha medo de João e
sabendo que era um homem santo e justo o protegia. E
quando o ouvia ficava muito confuso e o escutava com
prazer.

Entretanto chegou o dia propício. Herodes, por ocasião


do seu aniversário, ofereceu um banquete aos seus
magnatas, oficiais e às grandes personalídades da
Galileia. E a filha de Herodíades entrou e dançou. Seu
nome Salomé e tinha só 15 anos. Agradou a Herodes e
aos convivas.Então o rei disse à moça:

_Peça-me o que bem quiseres e te darei.

E fez um juramento:

_Qualquer coisa que pedires te darei, até a metade de


meu reino.

Ela saiu e perguntou a mãe:

_ Que peço?

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∴ São João e a Maçonaria ∴
E ela respondeu:

_ A cabeça de João Batista.

Voltando logo, apressadamente,à presença do rei, fez o


pedido:

_Quero que agora mesmo,me dês num prato a cabeça


de João Batista.

O rei ficou profundamente triste. Mas por causa do


juramento que fizera e dos convivas, não quis deixar de
atendê-la. E imediatamente o rei enviou um executor
com ordens de trazer a cabeça de João. E saindo, o
decapitou na prisão, trazendo a sua cabeça num prato.
Deu-a à moça e esta entregou-a à mãe.

Os discípulos de João sabendo disso, foram lá pegaram


o corpo e o colocaram num túmulo.

São João Batista é um símbolo de grande significado.


Como “precursor” da Grande Obra de Redenção
Universal, realizada por Jesus, ele simboliza o
“mediador”, aquele que tem a missão de abrir a porta da
iniciação. Daí o porquê de pensarmos que a escolha de
São João Batista para patrocinador das Lojas
Simbólicas, tem sua fundamentação em temas
alquímicos. Esse Santo, que provavelmente foi um
adepto da seita dos helênicos, é considerado pelos
esotéricos um mediador entre duas estruturas
cósmicas, representadas por suas partes: material e
espiritual.

Para a Maçonaria, a tradição de invocar esse Santo


como Patrono, teria a postura de despertar a sua
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∴ São João e a Maçonaria ∴
mediação para a realização da transmutação do caráter
profano do recipiandário para o estado de consciência
superior que caracteriza o iniciado na Maçonaria.

Autor: Ruy Silva Barbosa

São João patrono da Maçonaria:


Dentre os assuntos mais controvertidos da maçonaria
brasileira, encontra-se a questão do seu padroeiro ou
patrono – identificado na figura de São João. Todavia,
dentre os vários “Joões” existentes no panteão
maçônico, a qual a maçonaria objetivamente refere-se
como protetor?

Notamos, ao início dos trabalhos, que o V.’. M.’., após


invocar o S.’.A.’.D.’.U.’., faz a abertura da loja com os
dizeres:

“em homenagem a São João, nosso padroeiro, declaro


aberta esta loja de A.’.M.’….”
Assim, muito embora pareça clara a dedicação da
abertura dos trabalhos a São João, poucos divagaram
sobre quem de fato ele é e o que necessariamente
representa.
De acordo com as várias fontes pesquisadas, inúmeros
autores divergem sobre a qual João se deve atribuir o
padroado maçônico. Dentre os nomes mais conhecidos,
há os que garantem o mérito a São João Batista. Outros,
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∴ São João e a Maçonaria ∴
porém, atribuem-no a São João Evangelista. Há também
correntes na maçonaria que defendem que são ambos.
Alguns também citam o São João Esmoler (ou São João
de Jerusalém) como o verdadeiro patrono, entre tantos
outros.

Conforme a complexidade do assunto será apresentada


uma abordagem de forma simples quanto aos aspectos
de cada personagem, para que, mediante tais
fundamentos, seja possível enquadrar cada qual no
contexto da prática maçônica.

São João Batista:


São João Batista foi um profeta essênio e vivia
conforme os preceitos de sua seita, ou seja: afastado
da sociedade, concentrado nos estudos do Torá,
habitando o deserto jejuando, rezando e realizando

rituais de purificação.

Dessa forma, João Batista (que não era o discípulo de


Cristo, mas sim seu batizador), foi o precursor de Jesus
no anúncio do evangelho. Ele simboliza o iniciador (pelo

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∴ São João e a Maçonaria ∴
batismo), o Mestre que prepara o caminho do Aprendiz.
É João Batista que anuncia e prepara a “vinda da luz”.

João Batista foi preso a mando do Rei Herodes Antipas,


por ele o ter acusado por se divorciar de sua esposa e,
ilegitimamente, tomar como amante Herodias, a esposa
de seu irmão. No aniversário de Herodes, Salomé, filha
de Herodias, dançou perante o rei e seus convidados.
Sua dança agradou tanto Herodes que, bêbado,
prometeu a ela qualquer coisa que desejasse, limitando
a promessa em metade de seu reino. Quando a filha
perguntou à mãe o que deveria pedir, Herodias ordenou
que ela pedisse a cabeça de João Batista (seu detrator)
numa
bandeja.

O rei Herodes, mesmo chocado com o pedido,


relutantemente concordou e mandou executar João na
prisão.

Para os Maçons, no dia 24 de junho, comemora-se o


nascimento de São João Batista, cuja data está
associada com a fundação da Grande Loja da Inglaterra
e, por conseguinte da maçonaria especulativa, fundada
em 24 de junho de 1717.

Conforme o Ritual de Aprendiz Maçom do Rito


Brasileiro:

“Consta que São João foi o último patrono das


corporações de construtores ou lojas da idade média. A
tradução Joanina ou mística é também reflexo das
tradições e mistérios Persas, egípcios, gregos e
judaicos anteriores.”

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Também se pode inferir, por analogia, que o S.’. de Ord.’.
remete a forma com que São João Batista fora
executado, tendo sua cabeça arrancada:

“Uma das sanções do antigo juramento do Maçom:


preferir ter o pescoço cortado ao invés de ser perjuro à
nossa ordem.”

São João Evangelista:


Enquanto o Batista era primo em terceiro grau de Jesus,
pregando um reino fundamentado no espírito,
convertendo pessoas e combatendo a corrupção do
governo de Herodes, o Evangelista era o discípulo mais
jovem de Jesus e um dos quatro evangelistas.
No prólogo do seu Evangelho, aparece um verdadeiro
monumento místico: “No Princípio era o Verbo e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
Ele…”.
Consta como data de comemoração do Santo o dia 27
de dezembro, que no hemisfério sul coincide com o
Solstício de verão.
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∴ São João e a Maçonaria ∴

São João Esmoler:


É a versão aparentemente menos verossímil, uma vez
que há poucos indícios biográficos a respeito. O que
consta é que o mesmo foi um santo cristão, oriundo da
nobreza e que ficou famoso pela sua santidade e
caridade.

É o padroeiro da Ordem de São João de Jerusalém mais


tarde convertida na Ordem dos Cavaleiros de Malta na
qual fundou em Jerusalém um hospital ligado a ordens
de cavalaria e com recursos próprios.

A contradição existente é a relação do Santo com as


cruzadas, uma vez que as mesmas só começaram 400
anos após a morte do mesmo, aproximadamente no ano
1.000 d.c. A Ordem de Malta, (oficialmente Ordem
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∴ São João e a Maçonaria ∴
Soberana e Militar Hospitalária de São João de
Jerusalém, de Rodes e de Malta) é uma organização
internacional católica que começou como uma ordem
beneditina fundada no século XI na Palestina, durante
as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa
ordem militar cristã, numa congregação de regra
própria, encarregada de assistir e proteger os
peregrinos àquela terra e de exercer a Caridade.

Na Carta de Bolonha, que é o documento mais antigo


sobre a maçonaria operativa encontrado, redigida em 8
de agosto de 1248, reforça-se a tese que a maçonaria
foi surgida a partir das Guildas de pedreiros e escolas
de construção romanas. Não há menção documental da
influência direta das ordens de cavalaria na maçonaria,
tampouco evidencias concretas que O São João
Esmoler seja de fato o padroeiro da maçonaria.

São João Batista e São João Evangelista e os


Solstícios de Verão e de Inverno:

É a versão defendida por autores como Castellani, que


colocam que ambos os Santos, João Evangelista e João
Batista, respectivamente, representem os solstícios de
verão e de inverno e simultaneamente sejam os
padroeiros da maçonaria, de forma inversamente
proporcional no hemisfério Norte em detrimento do
hemisfério Sul:

“Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse


um santo protetor para cada um desses grupos
profissionais, acabaram adotando os dois São João
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∴ São João e a Maçonaria ∴
como padroeiros, fazendo chegar esse hábito à
moderna Maçonaria, onde existem, segundo a maioria
dos ritos, as Lojas de São João, que abrem os seus
trabalhos “à glória do Grande Arquiteto do Universo
(Deus) e em honra a S. João, nosso padroeiro”,
englobando, aí, os dois santos.
No templo maçônico, essas datas solsticiais estão
representadas num símbolo, que é o Círculo entre
Paralelas Verticais e Tangenciais. Este significa que o
Sol não transpõe os trópicos, o que sugere, ao maçom,
que a consciência religiosa do Homem é inviolável; as
paralelas representam os trópicos de Câncer e de
Capricórnio e os dois S. João.”

É bastante explícito no discurso de João Batista o


combate à corrupção e aos vícios, bem como o texto
sobre o Princípio e o Verbo por João Evangelista – para
corroborar a versão dos dois “Joões” como os patronos
da Ordem. Além disso, as datas em que se comemoram
os dois santos (24 de junho para o Batista, e 27 de
dezembro para o Evangelista) indicam ciclos da
natureza e há tempos celebrados por diversas culturas

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∴ São João e a Maçonaria ∴
ao longo do planeta.

A associação entre os solstícios e São João é feita de


maneira bastante similar e análoga à associação do
mesmo fenômeno ao deus romano Janus, que era
bicéfalo, ou seja, possuía duas faces: uma olhando para
o futuro e outra, para o passado. Daí ‘janua’ (em latim
‘porta’) e os nomes dos meses janeiro/junho. São as
duas portas ou janelas (januaria) por onde penetra a luz
do Sol. A palavra Solstício, do latim sol +
sistere significa sol parado, isto é fenômeno o qual o
sol não se move, a relação entre o deus “pagão” e os
Santos também é explicada por Castellani:

“A importância dessa representação das portas


solsticiais pode ser encontrada com o auxílio do
simbolismo cristão, pois, para o maçom, as festas dos
solstícios são, em última análise, as festas de São João
Batista e de São João Evangelista. São dois São João e
há, aí, uma evidente relação com o deus romano Janus
e suas duas faces: o futuro e o passado, o futuro que
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∴ São João e a Maçonaria ∴
deve ser construído à luz do passado. Sob uma visão
simbólica, os dois encontram-se num momento de
transição, com o fim de um grande ano cósmico e o
começo de um novo, que marca o nascimento de Jesus:
um anuncia a sua vinda e o outro propaga a sua palavra.
Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes
(João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus)
que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão,
com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que
se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que
os dois São João foram associados aos solstícios e
presidem às festas solsticiais.”
“Continua, aí, a dualidade, princípio da vida: diante de
Câncer, Capricórnio; diante dos dias mais longos, do
verão, os dias mais curtos, do inverno; diante de São
João “do inverno”, com as trevas, Capricórnio e a Porta
de Deus, o São João “do verão”, com a luz, Câncer e a
Porta dos Homens (vale recordar que, para os maçons,
simbolicamente, as condições geográficas são, sempre,
as do hemisférios Norte).”
Conclusão:

É necessário frisar, contudo, que o uso simbólico


do patronos, não exime aos IIr.’. a descartarem
os demais santos como representantes e
inspiradores da moral maçônica, haja vista sua
história e seu exemplo em causas humanitárias.
Referência Bibliográfica:

Ritual: Rito Brasileiro / Grande Oriente do Brasil; 1º grau; Ap.’.M.’.; São Paulo 2009

Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis; Carta de Bolonha, 1248


Tradução Luc Bonneville; 2005

CASTELLANI, José. Loja de Mesa. 1a. Edição. Londrina. Editora Maçônica “A Trolha” Ltda, 2004.

Página 60 de 111
∴ São João e a Maçonaria ∴
CASTELLANI, José Bibliografia: 1.Maçonaria e Astrologia; São Paulo: Landmark

À∴G∴D∴G∴A∴D∴U∴
OS SOLSTÍCIOS & A MAÇONARIA: OS
SANTOS DE NOME JOÃO:
Diversas instituições e religiões observam os dias de Solstícios
e o Equinócio, visto ser um dos costumes mais antigos
relacionados à divindade. Esses dias marcam as mudanças de
Estações, o que sempre guiou e ditou a rotina dos povos da
antiguidade.

O solstício de verão é o marco em que o dia é o maior do ano, em


detrimento da noite. Já no solstício de inverno ocorre o contrário,
e a noite é a maior do ano.

Enquanto no hemisfério norte o Solstício de Verão é em Junho e


o de Inverno em Dezembro, no hemisfério sul inverte-se: o de
Inverno é em Junho e o de Verão é em Dezembro.

Essa variação de dia e noite não ocorre na Linha do Equador,


onde os Solstícios são definidos através da distância entre a
Terra e o Sol.

Antigamente, as iniciações no hemisfério norte ocorriam sempre


no Solstício de Inverno, quando a noite é a maior do ano,
simbolizando que o iniciado está na escuridão em busca da luz.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Costuma-se chamar o Solstício de Junho de “Solstício de Câncer”
e o de Dezembro como “Solstício de Capricórnio” pela relação
dos Solstícios com os trópicos.

Acredita-se que, assim como os Romanos observavam o Solstício


de Inverno, em homenagem ao deus Saturno, posteriormente
chamado de “Sol Invencível”, esse costume também era
observado pelas Guildas Romanas, os antigos Colégios e
Corporações de Artífices, que nada mais eram do que a
Maçonaria Operativa. Esse costume permaneceu intacto até o
surgimento da Maçonaria Especulativa, que tratou de não
descartá-lo.

Porém, há fortes indícios de que a Maçonaria Especulativa,


formada por europeus de predominância cristã e preocupados
com a imagem da Maçonaria perante a “Santa Inquisição”,
aproveitou a feliz coincidência das datas comemorativas de São
João Batista (24/06) e São João Evangelista (27/12) serem muito
próximas dos Solstícios, para relacionarem a observância dos
Solstícios com os Santos de nome João, e assim protegerem a
instituição e sua observação dos Solstícios da ignorância, tirania
e fanatismo.

Nesse sentido, na Inglaterra, o antigo símbolo maçônico de um


círculo ladeado por duas linhas paralelas, talvez um dos símbolos
mais antigos da humanidade ainda em uso, teve a simbologia das
linhas paralelas dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, que
possuem ligação direta com a observância dos Solstícios,
transformados em São João o Batista e São João Evangelista.

Reflitam: por que duas linhas paralelas representariam dois


Santos de nome João? E como um símbolo tão antigo, mais antigo
que o Cristianismo, poderia simbolizar esses dois Santos? Nada
mais do que uma conveniente mudança de interpretação que,

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∴ São João e a Maçonaria ∴
mesmo com o fim da Inquisição, infelizmente permaneceu em
nossa literatura.

É de conhecimento geral que as festas de São João o Batista,


que ocorre em 24 de junho – solstício de inverno, no nosso
hemisfério – e de São João Evangelista – solstício de verão, em
nosso hemisfério – são celebradas pelos Maçons com Sessões
Especiais.

Como não se sabe a qual São João grande parte da Maçonaria


honra como patrono, os dois são aceitos como tal. Mas, a maioria
dos autores destaca São João o Batista como o verdadeiro
patrono, por ter sido ele tomado como patrono pelos membros
das sociedades de construtores romanos – os “collegiati” –
convertidos ao cristianismo, e ainda pelo fato de os colégios de
arquitetos celebrarem, assim como os povos da antiguidade,
naquele hemisfério (Norte), o solstício de verão. Esta tese foi
reforçada pela fundação da primeira Obediência Maçônica do
mundo – a Premier Grand Lodge – a 24 de junho de 1717.

A Maçonaria tem como Patronos os Santos: São João o Batista,


cujo dia se comemora em 24 de junho, mesma data em que a G.:
L.: da Inglaterra foi fundada no ano de 1717 e São João
Evangelista que é comemorado no dia 27 de dezembro. Sendo que
estas datas coincidem com os dois solstícios anuais.

Sob uma visão simbólica, os dois encontram-se num momento de


transição, com o fim de um grande ano cósmico e o começo de
um novo, que marca o nascimento de Jesus: um anuncia a sua
vinda e o outro propaga a sua palavra (CASTELLANI, 200-?).

São João é citado no ritual pelo Ven.: Mest.: ao iniciarmos os


trabalhos em loja quando pronuncia: “ Em nome do G.: A.: D.: U.:
e em honra a São João, nosso Patrono, sob os auspícios do
Grande Oriente de...., a Aug.: e Resp.: Loj.: Simb.: (nome da Loja),
Nº...., em sessão..................................
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∴ São João e a Maçonaria ∴
SÃO JOÃO o BATISTA:
Quando ingressamos na Maçonaria, ficamos conhecendo
algumas coisas de São João Batista, ou João, o Batista, este
santo homem considerado como o último profeta do Velho
Testamento, e o primeiro do Novo Testamento, sendo ele primo
de Jesus Cristo o salvador.
Também nosso conhecido e objeto de estudos dentro da
Maçonaria desde tempos imemoriais. Na verdade, a Maçonaria,
em todos os países em que ela existe e atua, tem São João o
Batista como patrono muito reverenciado. Existem razões.

A MAÇONARIA NÃO é uma religião porque abriga São João


o Batista como seu patrono, assim como São João Evangelista.
Não se ligando a qualquer ramo das religiões conhecidas, todavia
abriga em suas Lojas espalhadas pelos recantos da Terra sem
distinção de raças e fronteiras, Católicos, Presbiterianos,
Batistas, todos trabalhando para fazer feliz a Humanidade pelo
aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pelo respeito à
autoridade à crença de cada um, com trabalho constante para
edificar sociedades pacíficas, voltadas para o bem-estar de
todos.

RECEBENDO SÃO JOÃO o BATISTA como seu patrono, a


Maçonaria quer mostrar sua afinidade com um homem que no seu
tempo combatia a tirania, proclamando publicamente a
dissolução de costumes, as faltas e erros perpetrados por ricos
e poderosos; pelos que abusavam do poder para exercer o
martírio dos povos; um homem que foi encarcerado em masmorra
e depois assassinado em face dos caprichos de uma mulher
vingativa, contrariada pela denúncia de São João o Batista
quanto a sua conduta social irregular à qual conduziu a própria
filha.

SACRIFICOU-SE JOÃO O BATISTA, como o faria um


verdadeiro Maçom na defesa dos ideais de Liberdade, Igualdade,
Fraternidade, seja em relação aos familiares, seja em defesa da
Pátria. Sem temer as conseqüências, sabendo-se na senda

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∴ São João e a Maçonaria ∴
correta, desejoso de tempos melhores para a Humanidade, o
Maçom faria o sacrifício necessário, sujeitando-se á masmorra
da ignorância, mas mantendo o templo da virtude, legando aos
seus descendentes e aos povos o exemplo do amor à ética, à
moral, aos bons costumes. O Maçom, como João o Batista, é
idealista capaz de encarar a realidade com denodo, desfraldando
o lábaro da moralização, das ações em prol do aperfeiçoamento
dos costumes na política, nos negócios, na vida pessoal e da
comunidade, não se deixando envolver pelas querelas religiosas
ou políticas.

SÃO JOÃO O BATISTA, nascido pouco antes de Jesus o


salvador, é considerado como o precursor do Messias,
anunciando sua vinda e sua atividade redentora. Órfão bem cedo,
foi criado e educado junto aos Essênios, cujos costumes
rigorosos previam a oração, o trabalho manual, a comunhão do
bens, as refeições sagradas. Chegaram a quase quatro mil
membros, e em seu mais famoso mosteiro, o de Qumran, foram
encontrados os denominados “Manuscritos do Mar Morto”, em
1947. Organizados e diligentes, os Essênios orientavam seus
adeptos dentro dos princípios religiosos e esotéricos da religião
judaica, e conheciam os ensinamentos das escolas de mistério
do Egito e da Pérsia. Certamente, Jesus também conviveu com
os Essênios, e junto a eles aperfeiçoou suas doutrinas
posteriormente divulgadas e até hoje conhecidas e aceitas.

EXISTEM EVIDÊNCIAS de que a Maçonaria antiga teve


laços/traços de união com as doutrinas dos essênios, com
ensinamentos cristãos egípcios, persas, hindus, e constantes
das lições de Jesus Cristo. Como João, Jesus Cristo pregava
tolerância, amor ao próximo, elevação espiritual, e não se pode
negar a influência de João o Batista como precursor das lições
contidas no Evangelho cristão. A Maçonaria já entronizou João
o Batista como patrono, visto que na instituição milenar podemos
encontrar centelhas dos ensinamentos que o primo de Jesus
disseminou, e vão desde o aperfeiçoamento do ser espiritual,
com o desbaste de suas asperezas, até a elevação mental que
lhe assegure a reintegração nos poderes primitivos referidos por

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Martinez de Pasqually, Maçom e Rosa Cruz do século dezoito.

NA FESTA DE SÃO JOÃO BATISTA, em 1717, na Inglaterra,


quatro Lojas Maçônicas se reuniram e fundaram a primeira
Grande Loja Maçônica hoje conhecida como “Grande Loja
Maçônica da Inglaterra”, matriz de muitas outras Lojas fundadas
pelo planeta Terra. Sempre sob os auspícios de São João o
Batista, a Maçonaria se expandiu, atraindo desde carpinteiros e
sapateiros, fazendeiros e padres, engenheiros e filósofos,
artistas plásticos, músicos, políticos, militares sem restrição
quanto á raça, religião, credo político. Uma coisa sempre
foi exigida até hoje: a crença no Ser Superior, no Ente Supremo,
no Criador incriado, que os Maçons denominam Grande Arquiteto
do Universo.
QUANDO O BRASILEIRO celebra, festivamente, o dia de
São João o Batista com suas fogueiras e fogos, danças e comidas
típicas, a Maçonaria participa destes festejos celebrando o
Solstício de Inverno, que é dedicado à Esperança, (o Solstício de
verão é dedicado ao Reconhecimento), homenageando o seu
ilustre patrono, reafirmando a reverência a um homem que
pensou primeiro no próximo, anunciou Jesus o salvador e depois
entregou-se ao carrasco sem ceder ás exigências dos poderosos,
sem abjurar sua crença no futuro de uma Humanidade melhor e
superior em palavras, ações, pensamentos. Como o faz a
Maçonaria em todos os recantos da Terra.
São João Batista, também dito "o Precursor", era filho de Isabel,
prima da Virgem Maria e, primo de Jesus. Ele ganhou o epíteto de
"batista" porque, no rio Jordão, "batizava" as pessoas,
derramando-lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os
espiritualmente - batismo significa banho (PINTO, 200-?).

Ele dizia que era: “A voz que clama no deserto: Aplainai o


caminho do Senhor” esta mesma citação aparece em: Isaias,
40,3; Mateus, 3,3; Marcos, 1,3; Lucas, 3,4 e João, 1,23 (BIBLIA,
1981; BIBLIA, 1982).

Nosso Patrono São João Batista em sua fala: “Sou a voz que
clama no deserto: aplanai os caminhos do Senhor” nos remete a
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∴ São João e a Maçonaria ∴
filosofia Maçônica de ser J.: e P.: devemos ser esta “voz” que
clama no mundo P.: e que aplaina o caminho do Senhor, e para
praticá-la é simples, basta demonstrar pelo “EXEMPLO”, como
nos diz o senso comum “ Um gesto fala mais que mil palavras” e
de nada adianta falar se não a praticarmos. Também Gandhi nos
disse: “A felicidade é quando o que pensamos, o que falamos e
como agimos estão em harmonia”.

SÃO JOÃO EVANGELISTA:


Apóstolo de Jesus. Chamam-no de Evangelista porque, além de
pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do 4º Evangelho,
de três epístolas e do famoso Apocalipse (PINTO,200-?)

São João Evangelista, o Apóstolo Virgem, é sem dúvida um dos


maiores santos da Igreja, merecendo o título de “o discípulo a
quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor a Mãe de
Jesus — como Fonte da Sabedoria — a segurança doutrinária que
lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de "o Teólogo"
(SANTOS, 200-?).

O nosso Patrono João Evangelista, também nos remete aos


princípios Maçônicos, através do seu exemplo e devido a sua
pureza de vida, sua amizade, inocência, virgindade e lealdade,
mostrando-nos mais uma vez que devemos ser autênticos e fiéis
aos nossos princípios M.: Ele também como São João Batista se
mostrou perseverante no martírio e nunca perdeu a confiança no
Senhor.

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∴ São João e a Maçonaria ∴

SOLSTÍCIOS:

O homem imaginou os solstícios como aberturas opostas do céu,


como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu
curso, em cada círculo tropical. Temos o solstício de Câncer, ou
da Esperança, alusivo a São João Batista (verão no hemisfério
Norte e inverno no hemisfério Sul).

Enquanto que o solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento,


alusivo a São João Evangelista (inverno no hemisfério Norte e
verão no hemisfério Sul). (CASTELLANI, 200-?).

Entendo que uma Loja de São João encerra em si os dois


aspectos básicos da iniciação, tanto o da Consciência = água =
Esq.'., quanto o do Espírito = fogo = Comp.'., ("Em verdade , em

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∴ São João e a Maçonaria ∴
verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no Reino de Deus..." - João 3:5), sendo portanto um local
de iniciação plena, onde os OObr.'. constroem o Templo traçado
pelo G.'.A.'.D.'.U.' (MORAIS, 200-?).

Assim como os discípulos de Jesus Cristo eram irmãos, amigos e


amigos dos amigos, encontro na M.: o mesmo princípio, ou seja,
o Amor com o seu fruto: a Fraternidade, aqui representada pelos
CC.'. Símbolos da vida, movimentos contínuos do
aperfeiçoamento evolutivo.

É a própria respiração, ao inspirar o Oxigênio (novo aprendizado


e entendimento) e expirar o Carbono (falhas e imperfeições), esta
dinâmica implica na certeza de existir em nós a força do A.'.M.'.
e a prudência do M.'.M.'. com a solidariedade do C.'.M.'. formando
um ser integral e pleno, realizando a União do Filho com o Pai, e
a Comunhão ou reunião dos comuns, os Irmãos com o Pai, para
compreendermos e sentirmos que TUDO É UM. (MORAIS, 200-?).

Pois, a chama é símbolo do amor que gera a fraternidade, a


chama produz a luz, que é símbolo da verdade, através da qual
alcançamos a liberdade, a chama e sua luz brilham para todos,
gerando a igualdade.

Portanto, deduzo que, uma Loja de São João É JUSTA,


simbolizada por BATISTA, quando seus obreiros andam na linha
horizontal agindo corretamente, como simboliza o ESQUADRO,
induzindo-os à autodisciplina que lhes proporciona a liberdade.

É PERFEITA, simbolizada por EVANGELISTA, quando seus


obreiros curvam-se humildemente na verticalidade, como
simboliza o COMPASSO, apoiados no seu centro (coração - EU
SUPERIOR) buscam a evolução consciente através do amor
fraternal (fraternidade). (Id., 200-?).

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∴ São João e a Maçonaria ∴
O Esquadro Justo e o Compasso Perfeito entrelaçados como
COMPANHEIROS, ambos SÃO JOÔES) e o núcleo dessa união é a
pedra fundamental do Templo Interior, a igualdade, a ser
adquirida pela expansão da consciência em sua plenitude, ou
seja, de forma profunda, elevada e ampla, enfim, infinita, é o todo
e o tudo, símbolo do G.'.A.'.D.'.U.'. (Id., 200-?).

A nossa força é o nosso “eu” “sejamos Perfeitos como é perfeito


o Pai que está no céu” (Mt,5,48) e livres e de bons costumes
através do nosso próprio exemplo, sem inércia, passividade,
comodismo e omissão, lembrado que “ A árvore se conhece pelos
frutos” (Mt, 12,33) para assim podermos contribuir para um
mundo melhor.

Bibliografia:

■ "A Bíblia de Jerusalém: Novo Testamento. São Paulo" - Edições Paulinas, 1981

■ "Bíblia Sagrada" - 40 ed. Petrópolis: Vozes; Santuário, 1982.

■ "Por que São João, nosso Padroeiro?" - CASTELLANI, José. Tradução de Ivo Machado dos
Santos. Disponível aqui.

■ GRANDE ORIENTE DE MINAS GERAIS. Ritual de instruções de companheiro. [Belo Horizonte]:


COMAB, 2006.

■ "Loja de São João" - MORAIS, Antonio Luiz. Disponível aqui.

■ "Por que apenas lojas de São João" - PINTO, Silva. Disponível aqui.

João Esmoler:
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
São João Esmoler (Amathus, 550 - 11 de
Novembro de 619), é um santo cristão de
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∴ São João e a Maçonaria ∴
famílias nobres de Chipre que foi Patriarca de
Alexandria e ficou famoso pela
sua santidade e caridade. É o padroeiro
da Ordem de São João de Jerusalém mais tarde
convertida na Ordem dos Cavaleiros de Malta.
Conta-se que uma linda mulher lhe apareceu
representando a Caridade e lhe disse : "Eu sou a
filha mais velha do Senhor Rei. Se você for meu
amigo eu o levarei a Ele". Assim ele seguiu
sistematicamente a política de "Esmoler"
(aquele que dá esmolas) até à sua morte.
Ninguém era insignificante para não ter a sua
atenção. Proibiu todos os que trabalhavam para
ele de receberem presentes, que considerava
uma forma de suborno e acabou com a corrupção
em sua diocese.
As suas relíquias foram levadas
para Constantinopla e lá ficaram até que o
Imperador as presenteou ao rei da Hungria. Elas
então foram levadas para Tall, perto
de Bratislava(Pressburg), e em 1632 foram
trasladadas para um santuário na Catedral de
Pressburg, onde estão até hoje.
Na iconografia, ele é mostrado com uma carteira
ou com um rosário em suas mãos. Algumas vezes
é mostrado dando esmolas a um aleijado.

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∴ São João e a Maçonaria ∴

SÃO JOÃO ESMOLER:


Autor: Guilherme Cândido
João Esmoler (Joannis Eleemosynarius, John the
Almsgiver ou John the Almoner), também
conhecido como João Misericordioso (Joannis
Misericors ou John the Merciful), João de
Alexandria (John of Alexandria), João o Capelão
(John the Chaplain) ou ainda João de Jerusalém
(Joannis Hierosolymitani) tem sua imagem
representada por um bispo dando esmolas a um
homem aleijado ou a uma pessoa pobre.

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∴ São João e a Maçonaria ∴

São João Esmoler, Esmoleiro ou de Jerusalém.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
São João Esmoler também foi canonizado no
período “pré-congregação”.

Apesar dos gregos adotarem 12 de novembro, o


dia oficial da comemoração em seu nome é 23 de
janeiro segundo o Martirológio Romano que diz:
“23 Januarii […]Alexandriae sancti Joannis
Eleemosynarii, ejusdem urbis Episcopi,
misericordia in pauperes celeberrimi.”,
traduzindo para o português “23 de janeiro […]
São João Esmoler de Alexandria, bispo daquela
cidade, por sua compaixão para com os pobres.”.

João nasceu em Amathus na Ilha de Chipre em


550 d.C., e ali também faleceu no ano de 616. Ele
era filho de Epiphanius, governador de Chipre e
portanto era de descendência nobre. No começo
de sua história, foi casado e teve um filho, porém
sua esposa e filho faleceram, motivo pelo qual
ele ingressou na vida religiosa.

Com a morte do patriarca Theodorus, os


alexandrinos suplicaram ao Imperador Phocas
para que nomeasse João como seu sucessor. Em
sua juventude, João teve a visão de uma linda
donzela com uma guirlanda de olivas na cabeça,
que vinha até ele e se apresentava com o nome
de Caridade e se dizia a filha mais velha do
Grande Rei (Deus). Esta visão certamente
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∴ São João e a Maçonaria ∴
causou uma profunda impressão na mente de
João, e agora como patriarca de Alexandria ele
poderia exercitar a benevolência em larga
escala e logo se tornou conhecido em todo o
Oriente pela sua maravilhosa compaixão pelos
pobres.

Um dos primeiros passos dado por ele, foi


elaborar uma lista de milhares de pessoas
carentes as quais ele tomou sob seus cuidados
especiais. João sempre se referia aos pobres
como seus “Senhores e Mestres”, pois estes
possuíam enorme e poderosa influência no
Tribunal de Justiça do Altíssimo. Ele ajudava
pessoas de todas as classes que se encontravam
em necessidade. Diz-se que certa vez um homem
se aproximou do palácio para receber esmolas,
mas os funcionários de João detectaram que ele
não precisava da ajuda de fato, João apenas
disse para que dessem a ele a esmola pois ele
poderia ser Deus disfarçado para testá-los.

João visitava os hospitais três vezes por semana


e libertou grande quantidade de escravos. Foi um
reformador que atacou a simonia, a heresia e
batalhou por melhorias na educação religiosa.
Reorganizou o sistema de pesos e medidas em
prol dos pobres, e acabou com qualquer chance
de corrupção entre seus funcionários abolindo a
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∴ São João e a Maçonaria ∴
possibilidade do recebimento de “presentes”
(subornos). Ele ainda aumentou o número de
igrejas de Alexandria de sete para setenta.

Quando os persas saquearam Jerusalém em 614,


João enviou grandes quantidades de comida,
vinho e dinheiro para os cristãos que de lá
fugiam. Entretanto, os mesmos persas invadiram
Alexandria e João já na sua velhice foi forçado a
voltar para Amathus na ilha de Chipre, onde
morreu em 616.

Após a sua morte, em reconhecimento ao seu


desprendimento material e amor incondicional,
foi canonizado com o nome São João Esmoleiro
(também conhecido como São João de
Jerusalém).

Seu corpo foi levado para Constantinopla,


seguindo depois para Ofen pelo Rei Matthias
Corvinus da Hungria, depois em 1530 foi para
Toll, e finalmente seus restos e relíquias foram
em 1632 para a catedral de Pressburg
(atualmente Catedral de São Martin, em
Bratislava, capital da Eslováquia).

São João Esmoler foi homenageado ao ser


adotado como patrono por uma das mais antigas,
famosas e influentes ordens religiosas e
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∴ São João e a Maçonaria ∴
militares: a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários,
também chamada Ordem de São João de
Jerusalém ou ainda Ordem de Malta
(oficialmente Ordem Soberana e Militar
Hospitalária de São João de Jerusalém, de
Rhodes e de Malta), que foi criada em Jerusalém
no ano de 1099 como uma casa religiosa (que
depois evoluiu para um hospital e seu membros
para monges-militares) que abrigasse e cuidasse
dos peregrinos que vinham para a Cidade Santa.
A Ordem existe até hoje, mas sem
características militares, e sim como uma
entidade católica e filantrópica.

Alguns autores dizem ter sido São João de


Jerusalém fundador da Ordem dos Cavaleiros
Hospitalários, o que é absurdo pois tal feito seria
impossível haja vista a diferença de 483 anos
entre a criação desta e a morte daquele.

João é também patrono da comuna de Casarano


na Itália, país onde existem também algumas de
suas relíquias, mais precisamente em Veneza na
igreja de San Giovanni l’Elemosiniere (São João
Esmoler).

Referências Bibliográficas:

BLOG CATHOLIC SAINTS INFO. Saint John the Almoner. 2015. Disponível
em http://catholicsaints.info/saint-john-the-almoner/. Acesso em Nov. 2015

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∴ São João e a Maçonaria ∴
BLOG LITURGIA LATINA. Disponível
em: http://www.liturgialatina.org/martyrologium/00.htm. Acesso em Nov. 2015.
BLOG LUSI. Porque Lojas de São João. Disponível
em: http://www.lusi.org.br/trabgeral/wat1.pdf. Acesso em Jul. 2015.
BLOG OBREIROS DE IRAJA. São João: O Patrono da Maçonaria. Disponível
em: http://www.obreirosdeiraja.com.br/sao-joao/. Acesso em Jul. 2015.
BLOG ORDER OF MALTA. Disponível
em: http://www.orderofmalta.int/history/1048-to-the-present/. Acesso em Nov.
2015.
BROWN, C. F. Wemyss. Catholic Encyclopedia – Saint John the
Almsgiver. 1913. Disponível em: http://catholicsaints.info/catholic-
encyclopedia-saint-john-the-almsgiver. Acesso em Nov. 2015.
CASTILHOS, Tiago Oliveira de. São João padroeiro da maçonaria: Mas qual
João? Disponível em: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/310-
sao-joao-padroeiro-da-maconaria-mas-qual-joao.html. Acesso em Jul. 2015.
MONKS OF RAMSGATE. Book of Saints – John the Almoner. 1921. Disponível
em: http://catholicsaints.info/book-of-saints-john-the-almoner/. Acesso em
Nov. 2015.

O VERDADEIRO PATRONO DA MAÇÔNARIA –


SÃO JOÃO DE JERUSALÉM :

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∴ São João e a Maçonaria ∴

Revista Universo Maçônico :

Ao iniciarmos os trabalhos em loja o V.’.M.’.


Invoca a proteção do G.’.A.’.D.’.U.’.e abre-se a
loja, dizendo -“em homenagem a São João,
nosso patrono, declaro aberta esta loja de A.’.M.’.
sobre o Titulo distintivo (e diz o nome da loja)” .
Os trabalhos estão abertos, mas nos resta a
pergunta: Quem é este São João, e porque titulo
distintivo?

Para responder a esta pergunta nós precisamos


ainda mais nos aprofundar um pouco em textos,
lendas e histórias, para descobrirmos quem foi
São João de Jerusalém e porque nossas lojas
são dedicadas a ele.

Comecemos por fazer algumas distinções. O


primeiro São João de que ouvimos falar e o qual

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∴ São João e a Maçonaria ∴
é sem duvida um dos mais famosos personagens
da bíblia é sem dúvida, São João Batista, que
batizou Jesus e teve sua cabeça decepada por
ser fiel aos seus princípios. Este Santo tem seu
dia de comemoração também associado aos
mistérios celestes, pois se comemora
exatamente no dia do equinócio de inverno, ou
seja, o dia mais curto do ano. A maçonaria, por
sua vez, associou este dia como contemplação a
esta transição do sol, e a reverencia em suas
lojas com associações a sua doutrina.
Erroneamente alguns historiadores associaram
este São João como patrono da maçonaria,
talvez por ser o mais famoso e conhecido, mas
isso é um erro comum entre os que levianamente
estudam a maçonaria por obrigação.

O outro São João de que se tem noticia, e


também associado à maçonaria, é o São João
Evangelista. Sua data de comemoração é
associada ao solstício de verão, que ocorre em
dezembro. Nesta data eram eleitas as gestões
das lojas, e neste solstício a maçonaria também
realizava comemorações pela passagem do sol.
Porém, também erroneamente, este São João foi
associado como patrono da maçonaria;
principalmente por aqueles que não se dão ao
trabalho de ler, e gostam muito de citar grandes
nomes do passado não testando e investigando
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∴ São João e a Maçonaria ∴
sua veracidade; meramente copiando e
transcrevendo seus dizeres e se esquecendo que
a verdade é a mola que nos impulsiona. Então,
surgem as perguntas: Se nenhum deles é o
patrono da maçonaria, quem o é? Se não são
estes dois importantes santos, a quem abrimos
nossas lojas e trabalhamos sobre sua proteção?

No ano de 550 da era cristã, após a vinda de


Jesus, nasceu um menino na ilha de Chipre ao
sul da Itália, motivado por sua formação cristã e
caridosa, o mesmo se encaminha a Jerusalém,
com a intenção de montar um hospital que
atendesse aos peregrinos que viajavam à Terra
Santa, visitar o Santo Sepulcro.

Nesta ocasião ocorriam as Sagradas Cruzadas,


lideradas pelos cavaleiros Templários, ao qual
este menino se inspirou em seus métodos e
conduta. O garoto faleceu no ano de 619, na
cidade de amatonto, na ilha de Chipre. Após a
sua morte, o Papa em reconhecimento ao seu
desprendimento e amor incondicional, o
canonizou com o nome, São João Esmoleiro, que
ficou mais conhecido como São João de
Jerusalém.

A História certamente terminaría aqui mas, se


fossemos meros profanos. Mas para nós, maçons
iniciados na Arte Real, livres pensadores e
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∴ São João e a Maçonaria ∴
perseguidores da verdade, não! Ainda nos restam
as pergunta: Porque dedicar as lojas à ele? O que
ele fez em Jerusalém? Porque voltou a sua
pátria?

Atentai, amados IIr.’., que a resposta esta diante


de vossos olhos. Ao sair de sua terra natal, o
garoto levou o quinhão da fortuna de seu pai, que
lhe era de direito. Ao invés de viver uma vida
sossegada, ele deslocou-se para Jerusalém,
onde construiu com enorme dificuldade, um
hospital para socorrer os enfermos. Porém, a
época era das Cruzadas, e os povos viviam em
guerra. Baseado nos princípios da Cavalaria
Templária, ele fundou a Ordem dos Cavaleiros
Hospitalares, que tinha por principal função,
defender os hospitais e prestar socorro à quem
se achava enfermo. Ele mesmo foi amigo, irmão
e confidente de muitos enfermos, e deu a eles
mais do que os seus recursos financeiros. Doou
a cada um deles, sua saúde e atenção. Nunca fez
distinções entre feridos de guerra e leprosos;
todos que buscavam ajuda neste período de caos
encontravam, sem dúvida, uma mão estendida
nos Cavaleiros Hospitalares e em São João.

A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares logo foi


transformada na Ordem dos Cavaleiros de
Jerusalém, que agora não só tomavam conta dos
hospitais, mas corriam em socorro dos doentes
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∴ São João e a Maçonaria ∴
e dos necessitados, onde quer que se
encontrassem. Esta Ordem sobreviveu durante
anos, e ganhou enorme respeito dos Templários
da época. O seu fundador foi eleito e sagrado
Grão-Mestre dos Cavaleiros de Jerusalém,
recebendo as mais altas honrarias Templárias,
pois estes o reconheciam como um puro e fiel
Cavaleiro, seguidor dos antigos valores. São
João retornaría a sua pátria, na Ilha de Chipre,
por saber que a mesma estava à mercê de
invasão dos Turcos, e o seu povo necessitava de
ajuda. Para isso, ele contou com sua experiência
em Jerusalém, e fundou a Ordem dos Cavaleiros
de Malta, que tinha a dupla função: Proteger os
hospitais, ajudar os enfermos e feridos, e lutar
pela manutenção da paz e preservação da
independência de sua pátria.

A Ordem prosperou na parte da Hospitalaria, mas


a sua força armada não foi suficiente para deter
a invasão Turca, que dominou e destruiu grande
parte da Ilha. Gostaríamos de dizer que tudo foi
fácil e belo, mas esta não é a verdade. Muito
sangue foi derramado para que os Cavaleiros
pudessem prosseguir em sua jornada, e
mantivessem a chama acesa, no intuito de
ajudar os feridos e vitimas de doenças.

Os Cavaleiros de Malta foram conhecidos por


seus atos como, grandes defensores dos
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∴ São João e a Maçonaria ∴
oprimidos e daqueles que precisavam de ajuda,
assim como já eram os Cavaleiros de Jerusalém.
Após a morte de São João, e sua
posterior canonização, a Ordem de Cavalaria
Templária associaría, fortemente, São João de
Jerusalém como seu patrono, e ao se postarem
no campo, para as batalhas, sempre se
colocavam sobre a proteção do mesmo.

A Maçonaria copiou grande parte de seus


ensinamentos e do modo de agir dos Templários,
além de associar São João como seu padroeiro,
pois os ideais deste nobre homem, que foi
elevado a condição de Santo, combinavam com
a doutrina maçônica de amor incondicional ao
próximo, e sua elevada determinação em lutar
pela liberdade. A partir deste momento, em que
a maçonaria se colocava a campo para lutar pela
liberdade da humanidade, clamava a esta grande
figura, que a partir deste momento, sería
conhecido por todos os maçons como: São João
de Jerusalém nosso Patrono.

Por isso todas as lojas são abertas e dedicadas


a sua homenagem, e até hoje nós somos lojas de
São João. O amor dele nos contagia, e em sua
homenagem é que trabalhamos para socorrer os
necessitados, como ele o fez, e levar a luz do
conhecimento e da verdade a toda a
Humanidade.
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Comemora-se no dia 23 de janeiro o dia de São
João Smoler, para nós, São João de Jerusalém,
Patrono da Maçonaria

São João Esmoler, Bispo

Comemoração Litúrgica: 23 de
janeiro. Também nesta data
- Santos: Ildefonso, Áquila e Severiano

O Santo,
cuja festa a Igreja hoje celebra,
nasceu em Amathunt, cidade da
ilha de Chypre. Os pais eram
ricos e de família mui
considerada. Entrado em anos,
surgiu em João o desejo de
dedicar-se ao estado clerical.
Como os pais não concordassem com esta idéia,
para não os contrariar, casou-se com uma
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∴ São João e a Maçonaria ∴
donzela virtuosa. A morte arrebatou-lha pouco
depois e João pode realizar o plano, havia muito
tempo acariciado.

Alguns anos depois,


morreu o patriarca de Alexandria e a vontade do
povo e do imperador elevou João à dignidade de
seu sucessor. O novo patriarca preenchia
perfeitamente todos os requisitos que São Paulo
exige de um bispo da Igreja Católica. A escolha
não podia ser melhor. João não era possuidor de
uma ou outra virtude, mas era homem perfeito.
Chegando a Alexandria, preparou-se para a
sagração, fazendo retiro espiritual e planejando
uma grande obra de caridade. Mandou que se
fizesse sindicância de 7.500 pobres, existentes
na cidade. As quartas e sextas-feiras eram dias
que pertenciam aos pobres e necessitados, por
ele chamados. “seus senhores”. Conservava a
casa então aberta para todos que o quisessem
procurar.

Certa ocasião em que se


dirigia à igreja, uma pobre mulher se lhe prostrou
aos pés, pedindo proteção contra o genro. Os
companheiros do patriarca, diante daquele
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∴ São João e a Maçonaria ∴
espetáculo, repreenderam a mulher, dizendo-lhe
que viesse em outra hora. João, porém, disse-
lhes: “Como poderia esperar que Deus ouvisse as
minhas orações, se não quisesse atender a esta
mulher ?”

Um pobre infeliz a quem o


patriarca tinha dado uma boa esmola, externou-
lhe a gratidão em expressões extremamente
exageradas. O prelado interrompeu-o dizendo:
“Meu filho não derramei meu sangue por ti, como
fez Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Um negociante tinha
perdido grande parte da sua fortuna num
naufrágio e recorreu à caridade do Santo. Mais
duas vezes teve o mesmo infortúnio; com a
confiança com que se dirigia a João, com a
mesma liberdade este o auxiliou.

A caridade do Santo
Patriarca não se limitava à sua diocese de
Alexandria. Grande número de famílias cristãs
que o furor dos Persas tinha expulsado,
encontraram carinhosa recepção no Egito.
Sabendo que os infiéis se tinham apoderado de

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Jerusalém, mandou para lá muito mantimento e
dinheiro, para socorrer os cristãos na
reconstrução das Igrejas demolidas. Cristãos
que tinham caído em poder dos Persas, tiveram
em João seu libertador. Se sua caridade exigia
grandes dispêndios, a Divina Providência
incumbia-se de abrir-lhe sempre novas fontes de
recurso, quando a providência humana parecia
chegado ao termo.

O amor ao próximo
correspondia em João a um grande rigor contra
a sua própria pessoa. A mesa, a roupa, os
móveis, enfim tudo que era de seu uso pessoal,
trazia o caráter da pobreza. Disto não fazia
exceção o próprio cobertor da cama, que um
amigo do bispo fez desaparecer, em troca de um
novo. Para mostrar-se grato à generosidade,
João usou-o na primeira noite. No dia seguinte,
porém, já estava vendido em proveito de outros,
que necessitavam de coisa mais necessária. O
doador do presente, vendo-o à venda, comprou-o
outra vez e indo ter com o Bispo, deu-lho dizendo:
“Quero ver quem de nós dois se cansa primeiro”.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Ao lado de sua atividade
no campo da caridade, o patriarca não
descuidava da administração da diocese.
Extremamente econômico no uso do tempo, as
horas estavam divididas e tinham cada uma seu
destino, fosse para a oração, o estudo ou para o
trabalho. Se acontecia, alguém em sua presença
falar desfavoravelmente do próximo, dava à
conversa um outro rumo. A caluniadores vedava
a entrada em sua casa e tanta repugnância que
lhe inspirava aquele vício.

Santidade é inconcebível
sem que exista o fundamento, que é a humildade.
Quem o tivesse ouvido falar a seu próprio
respeito, teria levado a impressão de estar
diante de um homem que se tinha em conta
miserável, imprestável e orgulhoso. A lembrança
constante do juízo divino causava-lhe um
desapego completo de tudo que era deste
mundo.

Uma conseqüência deste


desapego foram a mansidão e grande paciência,
que o Santo revelava em todas as
circunstâncias. Usando de rigorosa disciplina na
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∴ São João e a Maçonaria ∴
formação do seu caráter, chegou a adquirir uma
quase insensibilidade em face das
contrariedades, que se lhe apresentavam. Dizia-
se feliz, vendo-se no meio de sofrimentos que,
conforme sua convicção, lhe aumentavam os
merecimentos.

João possuía, em sua


mansidão, o segredo de acalmar espíritos
excitados. Certa vez o prefeito tomou umas
deliberações mais ou menos vexatórias contra
os pobres. Sem que com isso tivesse contado, o
Patriarca fez-se advogado dos desventurados, o
que não pouco irritou o ânimo do magistrado.
Pela tardinha recebeu do Bispo o seguinte
recado: “O sol está para inclinar”. O prefeito
compreendeu perfeitamente a alusão destas
palavras ao dito da Sagrada Escritura: “O sol não
se deite sobre a vossa ira”; imediatamente foi ter
com o prelado e prometeu não dar ouvidos mais
àqueles, que o queriam levar a praticar uma
injustiça.

Muito incomodado com


uma inimizade, que sabia existir entre dois seus
amigos, convidou a um deles para assistir à
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∴ São João e a Maçonaria ∴
santa Missa, que em determinado dia ia celebrar.
Antes da Missa o Bispo pediu ao cavalheiro que
o acompanhasse na recitação do Padre Nosso.
Tendo ambos chegado às palavras: “Perdoai-nos
as nossas dívidas”, o Bispo parou, deixando ao
outro recitar sozinho. Notando a perturbação do
amigo, o Bispo tanto insistiu, até que este se
resolveu a fazer as pazes com o desafeto.

Para seu rebanho era o


Bispo um bom pastor, que tudo fazia para afastar
dele o perigo da heresia. Convidado a fazer uma
visita ao imperador de Constantinopla, João pôs-
se a caminho, em companhia de Nicetas. Quando
chegaram a Rhodes, o Patriarca teve um aviso de
Deus, sobre a iminência de sua morte. Em vista
disto, interrompeu a viagem e disse ao
companheiro: “Não posso visitar o imperador,
visto que sou chamado pelo Rei dos reis”. De
Rhodes passou a Chipre, onde morreu, em 619,
com sessenta e quatro anos de idade.

Reflexões:

A virtude predominante na
vida deste Santo foi a caridade. Foi a força motriz
de todas as obras de misericórdia, de que vemos
a vida de São João Esmoler tão rica. A verdadeira
caridade não se inspira na vaidade, no
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∴ São João e a Maçonaria ∴
sentimentalismo ou na simpatia pessoal. Antes
podemos dizer que os limites da caridade são lá,
onde começa o amor próprio. “Tudo que
desejares que os outros te façam, deves fazer-
lhes”.(Lc.6, 31). Guiado por este princípio
evangélico, São João administrava a caridade a
todos os homens, sem distinção de pessoa. Com
mansidão e amabilidade tratava a todos, justos
e pecadores, conseguindo desta maneira a
conversão de uns e a santificação de outros. Pais
e educadores devem convencer-se de uma coisa:
Não é com aspereza, rigor excessivo e zelo
imoderado que se colhem bons resultados: -
antes pela mansidão, pela paciência, pela
caridade e tratabilidade. Tanto o coração da
criança como do adulto aspira amor: com
caridade tudo se alcança. Para ganhar os
corações para Cristo, é preciso que procuremos
ser tudo para todos. Quem quer ter uma idéia da
verdadeira caridade, leia as seguintes palavras
de São Paulo sobre esse assunto: “A caridade –
diz ele – é paciente e bondosa; não é invejosa,
não age com imoderação; não é presunçosa e
não tem ambição; não procura seu proveito; não
é irascível; a caridade não malicia; não folga com
a iniqüidade e alegra-se com a verdade.Tudo
tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”. (1. Cor.
13-4-7).

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∴ São João e a Maçonaria ∴
O bem que fazemos ao
próximo, deve ser feito por motivos
sobrenaturais. Muitos dão esmolas e socorrem
ao próximo por inclinação e bondade naturais.
Mera filantropia, não tem valor perante Deus.
Jesus Cristo ensina-nos a verdadeira caridade,
querendo que no pobre, no doente, no
necessitado, vejamos sua pessoa. Tudo que de
bem fazemos ao próximo por amor de Jesus
Cristo, é por este aceito, como se a Ele próprio o
tivéssemos feito. No dia do juízo ele dirá aos
eleitos: “Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o
reino, que vos foi preparado desde o princípio do
mundo: porque tive fome e me destes de comer;
tive sede e me destes de beber; era estrangeiro
e me recebestes; estava nu e me vestistes;
doente e me visitastes, no cárcere e me
socorrestes”. Os justos responder-lhe-ão:
“Senhor, quando foi que tivestes fome, e vos
demos de comer ?...” E o Rei dir-lhe-á: “Em
verdade vos digo: todas às vezes que fizestes
isso ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o
fizestes”. Deus não olha para o que se dá, mas
para a intenção com que a esmola é dada. A
motivos meramente humanos, quando a caridade
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∴ São João e a Maçonaria ∴
cristã não tem em mira outra coisa senão a glória
de Deus.

São João da Escócia:

O Santo que a Maçonaria adotou como patrono, não é São João


Batista, nem São João Evangelista, pois nenhum deles tem
relação alguma com a Instituição Filantrópica da Maçonaria.

O verdadeiro patrono é São João Esmoler, filho do rei Chipre, que,


no tempo das Cruzadas, abandonou sua pátria, renunciou à
esperança de ocupar um trono e foi a Jerusalém dar os mais
generosos socorros aos peregrinos e aos cavaleiros.

João fundou um hospital, onde organizou uma instituição de


irmãos que cuidassem dos doentes, dos cristãos feridos, e
distribuíssem socorros pecuniários aos viajantes que iam visitar
o Santo Sepulcro.

João era digno por suas virtudes. Ser o patrono de uma sociedade
que tem por um dos seus princípios a beneficência, e ele expôs
mil vezes sua vida para fazer o bem.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
A peste, a guerra, o furor dos infiéis, nada, nem uma palavra o
impedia de prosseguir nessa brilhante carreira. No entanto, no
meio do seu trabalho veio a morte cortar a sua existência,
contudo, o exemplo de suas virtudes ficou gravado
indelevelmente na memória dos seus irmãos, que consideraram
como dever, imitá-lo.

Roma o canonizou com o nome de São João Esmoler (São João


da Escócia) ou São João de Jerusalém, e, os maçons, cujos
templos ele tinha reedificado, depois de serem destruídos, o
escolheram, por unanimidade, para seu protetor e inspirador.

Que as pessoas que temem conhecimento desses fatos,


responda com sinceridade. Merece ou não a honra que seus
irmãos lhes atribuíram.

Por acaso será isso profanação ou adoração?

E para constatarmos que não procede aas acusações formuladas


pelos inimigos da Maçonaria e também através os nossos
adversários, basta examinarmos quais são as exigências da lei
de Deus.

O primeiro mandamento da Lei de Deus: “Não terás outros deuses


além de mim”. (Êxodo 20:3)

O que exige este mandamento?

O nosso Catecismo responde: “O primeiro mandamento exige de


nós o conhecer e reconhecer a Deus como único Deus verdadeiro
e nosso Deus, e como tal adorá-Lo e glorificá-Lo (primeira Crônica
28:9; Deut. 26:17; Salmo 95:6-7).

O que proíbe esse mandamento?

Ainda nos responde o nosso Catecismo: “O primeiro mandamento


proíbe o negar ou deixar de adorar ou glorificar o verdadeiro
Deus, como Deus, o nosso Deus e dar a qualquer outro a adoração
e a glória que só a ELE são devidas.”

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Perguntamos: Será que alguém ser patrono de uma instituição é
ser adorado e glorificado como Deus?

Vejamos o segundo mandamento da Lei de Deus: “Não farás para


ti imagem de escultura…” (Êxodo 20:4-6).

O que exige esse mandamento?

O nosso Catecismo ainda responde: “O segundo mandamento


exige que recebamos, observemos e guardemos puros e inteiros
todo o culto e ordenanças religiosas que Deus instituiu na sua
Palavra.” (Deut. 12:32; Mat. 28-20).

O que proíbe esse segundo mandamento?

“Ele proíbe adorar a Deus por meio de imagens ou de qualquer


outra maneira não prescrita na sua Palavra”. (Breve Catecismo –
Romanos 1:22-23; Col. 2:18)

Onde está a violação desse mandamento, na humilde invocação


Maçônica, com que são abertos os trabalhos na maioria das
Lojas?

Vejamos o Terceiro mandamento.

O terceiro mandamento é: “Não tomarás o nome do Senhor teu


Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que
tomar em vão o nome do Senhor seu Deus.” (Êxodo 20:7).

O que exige este mandamento?

O nosso Catecismo Maior responde: “O terceiro mandamento


exige que o nome de Deus, os seus títulos, atributos, ordenanças,
a Palavra, os sacramentos, a oração, os juramentos, os votos, as
sortes, suas obras e tudo quanto pelo que Deus se faz conhecer,
sejam santa e reverentemente usadas em nossos pensamentos,
meditações, palavras, escritos, por uma profissão santa e um
comportamento conveniente para glória de Deus e para o nosso
bem e o do nosso próximo.” (Mat.6:9; Deut. 28:58; Salmo 68:4;
Luc. 1:6, e outros.)
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∴ São João e a Maçonaria ∴
A luz desses mandamentos, ninguém, de bom senso e boa Fé,
poderá descobrir qualquer sacrilégio ou idolatria na humilde
invocação Maçônica. Deus sabe que não há.

Acredito que uma espécie de vulcão entrou em erupção na


cabeça dos inimigos da Maçonaria, explodindo a sua razão, e o
seu bom senso fragmentou-se sobre a terra.

SÃO JOÃO DE JERUSALÉM, O ESMOLER:

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∴ São João e a Maçonaria ∴

A Maçonaria é uma doutrina filosófica assentada em princípios


éticos e morais e traz em seu bojo aspectos que o tempo moldou
no campo científico, místico, esotérico, filosófico e religioso.
Sofreu as mais diversas influências culturais, principalmente dos
povos da região da mesopotânia e dos egípcios e, mais tarde dos
gregos e romanos.

No hemisfério sul há carência de documentos, obras literárias e


científicas bem fundamentadas sobre a Arte Real para serem
manuseadas e analisadas.

As potências maçônicas possuem suas escolas de estudos, de


perfeição, capítulos, conselhos, consistórios e, também, uma
quantidade enorme de curiosos dentre os quais me incluo.

É certo que o Maçom é livre pensador e que está sempre em


busca da verdade e que essa verdade é sempre subjetiva
mudando com frequência ao sabor do conhecimento ou do
entendimento do pesquisador.

Ultimamente tenho observado dúvidas sobre quem dos São Joões


é o Patrono ou Padroeiro da Maçonaria.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Existem muitas peças de arquitetura a respeito do assunto e, na
mesma proporção, muitas dúvidas.

Fala-se em três Joões: João Batista, João Evangelista e João de


Jerusalém, o Esmoler, sendo os dois primeiros mais famosos e
ligados ao deus Janus e também ao Cristianismo.

De alguma sorte observamos que os princípios da Maçonaria


estão atrelados às virtudes teologais: fé, esperança e caridade e
tiveram, pelo menos no periodo monacal, grande influência da
Igreja Católica.

São Bento de Núrsia


São Bento, nasceu em Núrsia no ano de 480 e faleceu em Monte
Cassino no ano de 547. Era filho de família nobre romana e na sua
juventude estudou em Roma. Fundou a Ordem monástica dos
Beneditinos que embora vivessem reclusos se dedicavam à
construção de Igrejas, Catedrais e Hospitais e, também, muito
expressivamente às causas filantrópicas. A maçonaria operativa
se divide em duas partes, o período monástico dos monges e o
período dos construtores leigos.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
Pouco depois da morte de São Bento, nasceu no ano de 550 d.c,
em Amathunt, cidade de Chypre, na Itália, em Amanhut, na Ilha
de Chipre, São João de Jerusalém, o Esmoler, também filho de
família nobre, que se tornou o Patriarca de Alexandria. São João
se dedicou inteiramente aos mais carentes a quem chamava de
“meus senhores”. No período em que exerceu esse cargo se
dedicou a reconstruir Igrejas destruídas no Egito e no Oriente
Médio e também a construir hospitais para cuidar dos pobres.

Logo após sua posse, quando se assentou na cadeira de patriarca


de Alexandria chamou os seus mordomos e lhes disse:

“Não é justo tenhamos cuidado de alguém primeiro de que Cristo


ide pela cidade colher informações e organizai uma lista de todos
os “meus senhores”.

Essa ordem surpreendeu aos auxiliares do ilustre prelado, pois


ninguém sabia quais eram os senhores do patriarca e, indagado
sobre isso disse:

“São os pobres porque eles me podem dar entrada no Reino dos


Céus”.

Uma semana depois se preparou São João Esmoler, como fazia


todos os dias, para receber as súplicas e remediar as queixas dos
miseráveis e necessitados. Passaram-se várias horas e chegou a
noite sem que ninguém o procurasse. Pôs-se o santo muito triste
e pensativo, e, interrogado por um de seus íntimos, explicou:

“Hoje a ningém fiz bem, nem pude oferecer, em desconto de meus


pecados, o mínimo sacrifício”. (1)

Segundo Alain Demurger, a construção dos primeiros hospícios


ou hospitais foi estimulada pela generosidade e pela insistência
dos fiéis e só foi alcançada através da assistência principesca
(DEMURGER, 2002, p. 27-28). Em meados do século VI, o
Patriarca de Alexandria, João o Esmoler, tinha criado e equipado
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∴ São João e a Maçonaria ∴
inúmeras destas instituições. De acordo com o pesquisador
Harrison Smith, ele auxiliou os pobres e aconselhou a todos
aqueles que se abrigavam em seus domínios. Para João, não
havia insignificância em qualquer pedido de caridade. Após o
saque em Jerusalém, em 614, ele também prestou ajuda aos
refugiados e enviou grandes quantidades de recursos para o
alívio da cidade.[2]

Quase quinhentos anos após sua morte, os monges beneditinos,


inspirados em sua obra fundaram, por volta do ano 1.070, a Ordem
dos Cavaleiros Hospitalários, construindo hospitais e cuidando
de enfermos e, principalmente dos feridos durante as lutas nas
cruzadas. O Primeiro Grão-Mestre dessa Ordem foi Geraldo de
Tun. Posteriormente, Godofredo de Bulhão dedica grande soma a
fundação de um hospital que recebeu o nome de São João
Batista, mas o nome desse santo nada tinha a ver com as
questões da Hospitalaria.

Cavaleiro Hospitalário
A pesquisa sobre a origem dos Cavaleiros Hospitalários e a
dedicação às causas da Hospitalaria e da benemerência
envolvendo os monges beneditinos e São João Esmoler merecem
ser feitas com carinho e dedicação, em um trabalho mais amplo,
até porque mais tarde esta Ordem se transformou na Ordem dos
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∴ São João e a Maçonaria ∴
Cavaleiros de Malta e dará origem às “Santas Casas de
Misericórdia”, hoje, quase sempre, além da ajuda da Igreja,
mantidas por beneméritos e pelo Estado.

Em nossas pesquisas encontramos referências feitas de forma


incorreta sobre São João de Jerusalém. Algumas o citam como
se tivesse deixado toda a riqueza para viver entre os cruzados e
criar a Ordem dos Hospitalários e isso é totalmente inviável, pois
viveu entre os anos de 550 e 619, na Ilha de Chipre.

Na verdade o que houve em 1070 foi a criação da Ordem pelos


monges beneditinos tendo como base o exemplo de São João de
Jerusalém, o Esmoler.

Há um mito também sobre João de Escócia. Diz-se mito porque


não se encontra nenhuma base de sustentação para essa
hipótese.

Os outros São Joões são santos bíblicos e a Igreja teve muita


influência sobre os leigos na Idade Média.

É bom que se ressalte que nos primeiros séculos do primeiro


milênio a Igreja teve um duro trabalho de convencimento diante
dos romanos, principalmente aqueles ligados às legiões
romanas, uma vez que se dedicavam ao mitraismo.

Nessa luta a igreja teve que adotar determinados costumes e


incutir na cabeça dos soldados romanos a idéia de que Jesus
havia nascido no mesmo dia em que nasceu o “Sol Invictus”.
Aliás, a grande maioria dos deuses pagãos da antiguidade tinham
seus nascimentos comemorados no Solstício de Inverno.

A Igreja católica adotou a Eucaristia, a Mitra, a Chave de São


Pedro e vários outros simbólismos daquela religião, mantendo em
substituição às chamadas festas saturnálias a comemoração das
festas natalinas.

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∴ São João e a Maçonaria ∴
O Cristianismo, uma vez implantado, tratou de extirpar toda a
tradição pagã até então existente em Roma, que era ditada pelo
mitraísmo.

As festas solsticiais em homenagem ao deus Janus ocorriam em


21 de junho e 21 de dezembro, dias de entrada e saída do verão
e inverno, respectivamente, no hemisfério norte. No hemisfério
sul, ocorre o contrário.

Os santos bíblicos João Batista e João Evangelista estão ligados


aos dois solstícios (verão e inverno). No primeiro (24/06) se
comemora o nascimento de São João Batista e no segundo
(27/12) se comemora o aniversário de João Evangelista.

As evidências da importância desses santos na maçonaria se dão


por conta de serem famosos e representarem esses aspectos
simbólicos e místicos.

São João Batista


São João Batista poderia ser chamado tranquilamente como o
Patrono dos Aprendizes por representar “aquele que inicia”, ou
seja, que batiza. Os aprendizes após iniciados tomam acento na
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∴ São João e a Maçonaria ∴
coluna do norte, que é a coluna de São João Batista. Aliás,
naquele mesmo lado do Templo está a coluna zodiacal de Câncer
que também é representada como sendo a “coluna dos homens”
e por ser onde na data (22/06) ocorre o Solstício de Inverno no
hemisfério sul.

São João Evangelista

São João Evangelista, da mesma forma, poderia ser o patrono dos


Companheiros por ser aquele que catequisa, que ensina. Os
companheiros tomam assento na coluna do sul, que é a Coluna
de João Evangelista e onde se situa a coluna de Capricórnio, que
é a “coluna dos espíritos” e ali se dá o Solstício do Verão no
hemisfério sul (21/12).

Aliás, há na maçonaria uma cena um tanto quanto estranha que


é a de São João simbolizando aquele que trai e tem a cabeça
cortada. São João Batista nunca foi um traidor, muito pelo
contrário.

Pois bem, para finalizar a nossa simples pesquisa, deixamos bem


claro que nenhum dos santos bíblicos está representado nas
obras de filantropia ou de hospitalaria desenvolvidas pela
maçonaria.
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∴ São João e a Maçonaria ∴
São João de Jerusalém, o Esmoler, é o patrono dos nossos Irmãos
do Rito Adhoniramita e com razão, pelo que pude concluir,
respeitando, logicamente aqueles que pensam de forma
contrária. A maçonaria se dedica a fazer a humanidade feliz e a
transformação espiritual do homem em direção à luz.

Era a esses irmãos que o Cavaleiro André Michel de Ransay se


referia em seu famoso discurso de 26 de dezembro de 1736, onde
disse:

“nossos antepassados, os Cruzados, reunidos de todas as partes


da Cristandade na Terra Santa quiseram reunir assim, numa só
Confraria, os indivíduos de todas as nações (....)”. Certo tempo
depois, (a) Ordem se uniu aos Cavaleiros de São João de
Jerusalém. Desde então nossas Lojas trouxeram todas o nome
de Lojas de São João. Essa união foi feita a exempo dos
israelitas, quando construiram o Segundo Templo. Enquanto
manejavam a trolha e a argamassa com uma mão, traziam na
outra a espada e o escudo.(....)[3]

Eis aí, portanto, a razão das Lojas maçônicas, até hoje, serem
conhecidas como Lojas de São João.Vem desses irmãos
cavaleiros, não só a tradição arquitetônica, propriamente dita,
aplicada especialmente na construção de asilos, hospitais,
mosteiros e outras obras públicas, mas principalmente a atuação
filantrópica que se observa na Ordem maçônica. Tanto que Lojas
de hoje ainda se mantém a tradição de nomear um irmão
“hospitaleiro” para recolher as contribuições dos irmãos para o
“hospital”. [4]

Assim, a história dos hospitais filantrópicos está intimanente


ligado às origens e às tradições da maçonaria. Podemos dizer,
sem nenhum constrangimento, que foi o braço filantrópico e
piedoso dos irmãos cavaleiros que deram origem a esse
importante equipamento de saúde, que ainda hoje responde por

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∴ São João e a Maçonaria ∴
uma boa parte dos serviços médicos e assistenciais que servem
à população carente do mundo ocidental.

Destarte, embora as Santas Casas de Misericórdias sejam,


inegávelmente, uma concepção da Igreja Católica, delas não se
pode isolar a valiosa contribuição maçônica. Principalmente nos
dias de hoje, há uma grande participação da Ordem na gestão
dessas entidades. Na grande maioria das cidades brasileiras são
maçons os dirigentes das Misericódias. Esse é um trabalho que
engrandece a maçonaria e enche os maçons de todo o mundo de
justo orgulho.

É bom ressaltar que entre nós temos os nossos Irmãos Shiriners


que se dedicam a essa área de filantropia.

Com base nas evidências apresentadas e nos trabalhos


consultados deduzimos que o nosso Patrono é São João de
Jerusalém, o Esmoler.

Ir.´. José Roberto Cardoso-MM

Loja Estrela D´Alva nº 16 – GLMDF

BIBLIOGRAFIA:

1. Ritual do Aprendiz Maçom

2. Biblia Sagrada

3. Trabalho de pós graduação de Bruno Mosconi Ruy e Jaime Estevão dos Reis (UEM).

4. Trabalho do Ir.´. Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”, intitulado “Santos Padroeiros da Maçonaria, seu simbolismo e sua relação
com as religiões católica e pagã.

5. Bibliografia citada como referência de consultas no trabalho de pós-gradução:

DEMURGER, Alain. Os cavaleiros de Cristo: templários, teutônicos, hospitalários e outras ordens militares na Idade Média (séculos XI – XVI). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, Editor, 2002.

Página 106 de 111


∴ São João e a Maçonaria ∴

FOREY, A. J. Novitiate and instruction in the military orders during the twelfth and thirteenth centuries. In: SPECULUM, Vol. 61, nº 1, 1986, p. 1-17.

FOREY, A. J. Military orders from the twelfth to the early fourteenth century. London: Macmillan, 1991.

GARCÍA, Florencio Huerta; FERNÁNDEZ, Nieves Esther Muela; CAMPOS, Irene Poveda de. Herencia y la Orden de San Juan (siglos XIII - XX). Ciudad Real,
1991.

GARCÍA-GUIJARROS RAMOS, Luis. La militarización de la Orden del Hospital: líneas para un debate. In: Ordens Militares: guerra, religião, poder e cultura.
Actas do III Encontro sobre Ordens Militares, Vol. 2. Lisboa: Edições Colibri e Câmara Municipal de Palmela, 1998, p. 293-302.

GARCÍA-GUIJARROS RAMOS, Luis. Papado, cruzadas y órdenes militares: siglos XI –XIII. Madrid: Cátedra, 1995.

NICHOLSON, Helen. The Knights Hospitaller. Woodbridge: The Boydell Press, 2001.

NICOLLE, David. Knights of Jerusalem: the crusading Order of Hospitallers 1100-1565. Oxford: Osprey Publishing, 2008.

RILEY-SMITH, J. Hospitallers: the history of the Orders of St. John. London/New York: Continuum Publishing, 1999.

SEWARD, Desmond. The Monks of War. Londres, Eyre Methuen: 1972.

SIRE, H. J. A. The Knights of Malta. New Haven e Londres: Yale University Press, 2005.

SMITH, Harrison. Order of Saint John of Jerusalem. Delft: Akker Print, Delft, 1977.

6. Sites da internet.

[1] Lendas do Céu e da Terra (Malba Tahan).

[2] Trabalho de Pós Graduação de Bruno Mosconni Ruy e Jaime Estevão dos Reis, ambos da UEM (Universidade Estadual de Maringá, intitulado A ORDEM
DO HOSPITAL: DO REINO DE JERUSALÉM À QUEDA DE ACRE (1099-1291)

[3] (1) Jean Palou- Maçonaria Simbólica e Iniciática- Ed. Pensamento, 1968

[4] (2) Hospital, na maçonaria,se refere às obras filantrópicas praticadas pela Loja.

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E assim tenho dito:


São Paulo, 24 de junho de 2018.

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