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Philipp Horn • Paola Alfaro d'Alençon


Ana Cláudia Cardoso
Editores

Espaços Urbanos Emergentes


Uma Perspectiva Planetária

123
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Editores
Philipp Horn Ana Cláudia Cardoso
Estudos e Planejamento Urbano Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de Sheffield Universidade Federal do Pará
Sheffield Belém, Pará
Reino Unido Brasil

Paola Alfaro d'Alençon


Unidade Habitat, Instituto de Arquitetura
Universidade Técnica de Berlim
Berlim
Alemanha

ISSN 2365-757X ISSN 2365-7588 (eletrônico)


The Urban Book Series
ISBN 978-3-319-57815-6 ISBN 978-3-319-57816-3 (e-book)
https://doi.org/10.1007/978-3-319-57816-3

Número de controle da Biblioteca do Congresso: 2017964437

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Conteúdo

1 Introdução ............................................. 1
Philipp Horn, Ana Claudia Cardoso e Paola Alfaro d'Alençon

2 O 'Direito à Cidade' Ecumênico: Comuns Urbanos e


Recintos Interseccionais em Atenas e Istambul .............. 21
Charalampos Tsavdaroglou

3 Espaços Indígenas Urbanos Emergentes na Bolívia: Uma Combinação


Perspectiva Planetária e Pós-colonial ....................... 43 Philipp Horn

4 O Urbano como Utopia Concreta? Coprodução e Governança Local em


Geografias Urbanas Distintas: Aprendizagem Transnacional do Chile e
da Alemanha........................ 65 Paola Alfaro d'Alençon e Ernesto López Morales

5 Continuidade e Mudança na Urbanização Descentralista: Explorando o Potencial


Crítico da Teoria Urbana Contemporânea Através da London Docklands
Development Corporation .............. 87 David Mountain

6 Comparando em que escala? O desafio da comparação


Urbanismo na Ásia Central .............................. 109 Elena Trubina

7 Crescimento da Urbanização do Turismo e Implicações para o


Transformação do Interior Rural da Jamaica ............... 129 Sheere Brooks

8 Formatos de Urbanização Estendida no Espaço Oceânico ............ 149 Nancy Couling

ix
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x Conteúdo

9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos


são ativos para superar a dependência, mas como
As teorias de urbanização identificam esses potenciais? .............. 177
Ana Claudia Cardoso, Harley Silva, Ana Carolina Melo
e Danilo Araújo

10 Urbanização, Sustentabilidade e Desenvolvimento: Contemporâneo


Complexidades e Diversidades na Produção do Espaço Urbano ... 201
Roberto Luís Monte Mor

Índice .................................................... ..... 217


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Capítulo
9 Floresta tropical urbana: onde a natureza
e os assentamentos humanos são ativos
para superar a dependência, mas como as
teorias de urbanização podem identificar
esses potenciais?

Ana Claudia Cardoso, Harley Silva, Ana Carolina Melo e


Danilo Araújo

Resumo Este artigo enfoca a extensa urbanização da Amazônia Oriental, onde


os assentamentos humanos remontam a uma época em que existia total
cooperação entre homem e natureza, época em que terra, água, floresta e
pessoas eram percebidas como partes inseparáveis de um todo. No entanto, esta
situação harmoniosa deixou de existir após vários episódios de colonização e
modernização. Na última iniciativa de integração da região com o restante do país,
ela foi classificada nas divisões sociais do trabalho brasileiro como agrária e apta
para a indústria extrativa mineral. Além disso, a recente sobreposição entre os
interesses de empresas globais privadas e investimentos federais em logística, e
do padrão de colonização portuguesa, levou a um processo de urbanização
híbrida. O padrão histórico de dispersão populacional também sofreu modificações
por meio do estabelecimento de conexões que ligam assentamentos anteriormente
isolados a centros nacionais e metrópoles globais. Tais práticas agiram contra
todos os dados atuais sobre mudanças climáticas e desrespeitaram a natureza e
o meio ambiente a tal ponto que a modernização seletiva e sua reversa ocupação
informal aumentaram a disseminação do desmatamento, da poluição, do
assoreamento dos rios e da redução da superfície volumes de água. Este artigo demonstra com
ções têm sido responsáveis pela exclusão daqueles grupos forçados à margem
da modernização: pessoas nascidas na região que dependem da biofísica

AC Cardoso (&) ! H. Silva! AC Melo! D. Araújo Universidade


Federal do Pará, Belém, Brasil e-mail:
aclaudiacardoso@gmail.com
H. Silva
e-mail: harley74@gmail.com
AC Melo
e-mail: carolmelo.08@gmail.com

D. Araújo
e-mail: danfernandes2@hotmail.com

© Springer International Publishing AG, parte da Springer Nature 2018 P. 177


Horn et al. (eds.), Emerging Urban Spaces, The Urban Book Series, https://
doi.org/10.1007/978-3-319-57816-3_9
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178 AC Cardoso et ai.

base para sua subsistência, incluindo povos indígenas, caboclos (filhos de indígenas
e portugueses), camponeses e comunidades tradicionais que vivem em áreas rurais
ou foram empurrados para áreas urbanas após a reestruturação do campo. O artigo
também procura expor as resistências locais a esse processo, revelando como a
urbanização extensiva pode evoluir da mera integração econômica para uma
urbanização integral, capaz de criar novas formas de cidadania e respeito à natureza,
transformando-a, assim, na naturalização extensiva do urbano. .

Palavras-chave Amazônia brasileira ! Urbanização pré-colombiana ! Extensa


urbanização ! Belém ! Santarém ! Marabá ! Altamira ! Afuá

9.1 Introdução

A urbanização da Amazônia Oriental brasileira, aliada ao posicionamento da região


no sistema-mundo como fornecedora periférica de matérias-primas, forneceu
evidências empíricas significativas sobre as manifestações da urbanização planetária
e extensiva (Monte-Mór 1994). Uma replicação parcial das fórmulas globais ocorreu
em todas as estruturas espaciais, que foram criadas para apoiar o capital produtivo
e financeiro em toda a região. Além disso, devido à conversão incompleta para uma
racionalidade industrial moderna (Santos 1986, 1979; Costa 2012a, b), ocorreu uma
luta entre as diferentes racionalidades aplicadas ao território estudado. Portanto, o
presente artigo se propõe a explorar a crescente demanda por novos conceitos que
melhor expliquem esse conjunto de circunstâncias, em alinhamento com as críticas
feitas à teoria do desenvolvimento (Furtado 2007; Tavares 2011) e abordagens pós-
coloniais desenvolvidas em contextos periféricos semelhantes do mundo -sistema
(Roy 2015; Watson 2014).
Nesse sentido, é necessário que o processo abordado neste artigo se situe
dentro de uma discussão mais ampla sobre a expansão do capitalismo como
sistema global composto pela relação centro-periferia (Prebisch e Cabanas 1949).
O centro do sistema capitalista é visto como um motor encarregado da organização
hegemônica de uma estratégia financeira e comercial para expandir o sistema além
de suas fronteiras territoriais originais, com o objetivo de reinvestir o excedente de
capital em novos mercados de consumo, novos fornecedores de matérias-primas e
novos oportunidades de mercado na periferia (Furtado 1983).
Historicamente, esse processo de expansão tem sido construído do centro do
sistema para a periferia, segundo uma diversidade de formas e características
contextuais distintas. Baseia-se na transferência de capital físico, financeiro ou
comercial, consoante as alternativas mais adequadas à sua valorização. Esse
movimento é sensível e teoricamente justificável, pois o sistema capitalista se
organiza de forma a preservar a reprodução ampliada do capital (Marx 1990).
Enquanto o capital busca circunstâncias de reprodução estendida fora do centro,
com o apoio dos governos dos países periféricos, ele fomenta e institucionalmente
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 179

organiza uma nova lógica de construção de dependência comercial, financeira e


cultural (e acadêmica) (Frank 1970; Furtado 1983; Quijano 2000). Esses componentes,
inerentes ao sistema global, fornecem modelos para regular o capital com regras e
parâmetros de distribuição de recursos, estruturas de financiamento, garantias
e que exigem
cambiais e direitos de propriedade1 , novas perspectivas a criaçãopara
e conceitos de superar as
armadilhas históricas que mantêm a periferia de tal maneira.

Como resultado, a atual Amazônia Oriental brasileira é abordada aqui como um


lugar onde coexistem ambientes urbanos, rurais e naturais comuns. O meio rural se
manifesta através de uma série de práticas que os migrantes (tanto camponeses
(Costa 2012a, b), povos indígenas (Hecht e Cockburn 1989; Heckenberger 2005),
Quilombolas (Almeida 1997) ou Caboclos2 (Parker 1985; Adams et al. 2006 )
introduziram na cidade, enquanto o ambiente natural e/ou selvagem se manifesta
através do suporte biofísico exigido pelas práticas tradicionais, relacionadas à
produção urbana e à sociabilidade – incluindo rios, mangues, matas, jardins, praias e
terras comuns. de mudanças nos padrões de urbanização – criação e expansão das
cidades, mudanças nos usos do solo rural e negação da natureza – a região oferece
inspiração sobre como seria possível que as cidades funcionassem como uma base
adequada para promover a sociobiodiversidade (Monte-Mór 2004).
A compreensão predominante do desenvolvimento na região associa insumos
exógenos ao progresso, apesar da notável capacidade observada em períodos de
estagnação para inovar e, essencialmente, fornecer soluções acessíveis para
problemas locais e superar a dependência histórica, no sentido de oferecer um
repertório de soluções técnicas e sociais para questões regionais e locais (Jacobs
1984; Furtado 1983; Silva 2017). Essas soluções endógenas são beneficiadas pelo
conhecimento tradicional local, que segmentos modernos da sociedade desejam
negar. As novas tecnologias de transporte e comunicação transformaram cada vez
mais assentamentos dispersos em periferias distantes de cidades globais, na medida
em que fornecem acesso a todos os tipos de bens. As pequenas cidades tornaram-
se, portanto, lugares estratégicos inseridos em redes globais de produção por meio
da logística, como sugere, por exemplo, a abordagem da urbanização planetária. No entanto, do pon

1
Essa explicação ajuda a situar melhor o papel dos países periféricos na divisão internacional do trabalho
estabelecida entre os séculos XIX e XX. Esses países eram obrigados a fornecer matérias-primas e bens
primários, enquanto o centro do sistema podia concentrar estruturas espaciais para produzir, distribuir e
comercializar bens industriais. Tal pensamento apoiou abordagens teóricas influenciadas pela CEPAL
(Comissão Econômica para a América Latina – uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas), que
foram muito influentes entre os estudiosos latino-americanos durante as décadas de 1950 e 1960. Desde
então, eles foram reformulados e ampliados, para permitir novas interpretações sobre a integração dos países
latino-americanos ao sistema capitalista global (Prebisch e Cabanas 1949; Toye e Toye 2003; Baer 1962;
Love 1980).

2
Esses grupos originalmente habitavam áreas rurais, os camponeses são produtores rurais de base familiar,
os quilombolas são descendentes de escravos africanos que fugiram de seus donos para viver em
comunidades isoladas, secretas e livres, e os caboclos são um grupo social típico da Amazônia criado a partir
da miscigenação entre indígenas e portugueses.
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180 AC Cardoso et ai.

o controle da terra privada e as ações homogeneizadoras do setor imobiliário


estabeleceram uma forma de transformar essas cidades em lugares que produzem
excedentes e exclusão, onde os padrões espaciais indicam como tanto as pessoas
quanto a natureza geraram níveis de resistência. As seções seguintes buscam
desenvolver e evidenciar esse argumento, partindo do fato de que a urbanização atingiu
escala planetária, tendo como principal dispositivo o consumo alienado. O objetivo geral
deste capítulo, portanto, é destacar a necessidade de fomentar a naturalização extensiva
como uma estratégia emancipatória que atua tanto contra a aceleração das taxas de
pobreza urbana quanto respeita a diversidade e a universalização da cidadania, como
proposto por Monte-Mór (2014, 2015).
As ideias centrais apresentadas neste artigo foram desenvolvidas dentro de um
projeto de pesquisa intitulado UrbisAmazônia, com o objetivo de compreender a
Amazônia urbana contemporânea. Foi realizado ao longo de 4 anos por uma equipe
interdisciplinar dentro de uma perspectiva multiescala envolvendo sete instituições de
pesquisa. O projeto criou um ambiente de discussão coletiva em seminários e possibilitou
uma série de análises compostas (econômicas, demográficas, espaciais e institucionais)
e diversas missões de campo (uma coletiva e pelo menos uma em cada cidade citada,
fora de Belém). A abordagem teórica e a análise empírica aqui apresentadas foram
delineadas pela primeira vez em 2012, durante trabalho de campo na região sudeste do
estado do Pará, e revisam os resultados de pesquisadores individuais (Teses de
Doutorado, Dissertações de Mestrado e Monografias de Graduação citadas no texto),
amadurecido após várias rodadas de discussões e apresentações de seminários.

9.2 O Ciclo Virtuoso Entre Pessoas, Natureza


e Conhecimento

Vários artigos recentes, baseados em descobertas arqueológicas e estudos de campo,


forneceram evidências de que as sociedades indígenas amazônicas produziram seus
espaços com intenções claras e consistência, e continuam ilustrando a extensão e a
complexidade de seu trabalho. Estudos revelaram ainda a maneira pela qual seu trabalho
está entrelaçado com o ambiente natural. Em referência à região do alto Xingu,
Heckenberger et al. (2008), por exemplo, argumentam que a região do alto Xingu no sul
da Amazônia (Mato Grosso, Brasil) é um exemplo crítico de padrões complexos de
ocupação e uso da terra. Descobertas recentes sobre planejamento de assentamento e
integração supralocal, que documentam uma paisagem antropogênica altamente auto-
organizada de cidades, aldeias e aldeias pré-históricas tardias, com redes rodoviárias
bem planejadas em toda a região. Esses padrões, embora difiram substancialmente de
outras áreas do mundo, compartilham características comuns de pequenas políticas urbanas em outros
Segundo esses autores, as comunidades amazônicas pré-colombianas estavam
espalhadas por vários assentamentos nas principais bacias hidrográficas da região.
Produziram o que são consideradas formas únicas de urbanidade, pela sua diversidade
e originalidade, e souberam lidar tanto com a envolvente
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 181

riqueza de recursos disponíveis e os desafios que eles colocam à presença humana.


Estruturas de manejo de mangues, lagos e represas artificiais, canais, calçadas e plantações
em várzeas demonstram como suas construções foram construídas para se integrarem à
dinâmica, temporalidade, complexidade e relativa permanência dos ciclos naturais da região.
Essas civilizações indígenas mostraram-se capazes de apropriar-se da natureza como força
produtiva: em jardins e pomares intercalados com as áreas de assentamento, em ilhas
cultivadas de espécies florestais selecionadas, na produção agrícola de terras férteis – a terra
preta amazônica, no manejo cotidiano de biomassa e no uso controlado do fogo. Outra
característica marcante é a escala e a complexidade do conhecimento abstrato que eles
exigiam, que incluía elementos de geometria e cálculo, medição e desenho em larga escala,
trilhas e estradas, integração regional e hierarquização de lugares e estruturas (Heckenberger
et al. 2008 ). ).

Assim, essas práticas ilustram claramente como essas sociedades criaram intervenções
intencionais no espaço e na natureza, que levaram ao estabelecimento de assentamentos
extensos e complexos e à produção de espaço para viver, conhecer e interagir, produzir e
trocar, celebrar e engajar-se na política.
Foram formas únicas de invenções urbanas, em que elementos articulados trouxeram
significados a formas de expressão que só podem ser plenamente apreciadas na perspectiva
da vida urbana – incluindo cerâmica amazônica, terra preta, megalitos e geoglifos, sociedades
multilíngues e uma visão holística do mundo (Neves 2003; Schaan 2008; Franchetto 2011; de
Castro 2002). São marcas de um padrão de civilização e de desenvolvimento original nos
trópicos, baseado no processo milenar de criação de significados sociais para o mundo natural.

9.3 Urbanização Produzida pela Colonização


e Modernização

Durante os primeiros tempos coloniais, havia cinco nações competindo pela Amazônia. A
região era uma fronteira mundi, com abundância de terras para sustentar a produção agrícola
(ainda um setor importante para a economia da época e a principal razão pela qual diferentes
nações estenderam seu alcance para colônias mais periféricas).
A Amazônia foi capaz de fornecer ouro aos espanhóis e especiarias exóticas aos holandeses.
Oferecia o controle do litoral da América do Sul aos franceses e britânicos, e terras aos
colonizadores portugueses, que finalmente alcançaram a hegemonia final na região hoje
conhecida como Brasil.
Embora o principal objetivo das autoridades portuguesas fosse introduzir o cultivo da
cana-de-açúcar na Amazônia, foi de fato um sistema extrativista opressivo que efetivamente
consolidou sua presença como colonizadores, atendendo às demandas européias por
especiarias exóticas. Durante o período colonial, a presença portuguesa na Amazônia foi
pautada por uma visão utilitarista da natureza, uma vez que as operações específicas e a
viabilização dos negócios coloniais aproveitaram todos os benefícios
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182 AC Cardoso et ai.

oferecidos pela natureza, especialmente a biodiversidade, a acessibilidade aos rios e o


conhecimento sofisticado que os povos nativos cultivaram ao longo de milênios em seus
notáveis assentamentos indígenas (Becker 2013).
No século XVII, planos urbanos e planejamento regional baseados na ciência ocidental
e autoridade racional foram introduzidos na Amazônia por Sebastião de Carvalho e Mello,
Marquês de Pombal. Em 1757, este influente Primeiro-Ministro português colocou em
vigor, por decreto, o Diretório dos Índios – o Diretório dos Índios, que levou à criação de
aldeias que se sobrepunham espacial, simbólica e institucionalmente aos aldeamentos
criados pelos missionários jesuítas. Um século antes, esses assentamentos incorporaram
os espaços de vida dos povos indígenas, que habitavam esses lugares há séculos (Almeida
1997; Risério 2012).
Além dessa 'estratégia de colonização urbana', era comum o governo português
incentivar a miscigenação entre a população indígena e os portugueses. As famílias
mestiças (meio indígenas, metade portuguesas, também conhecidas como cabloclos), que
se estabeleceram nessa rede de assentamentos protourbanos, foram o principal fator de
mão-de-obra na produção de especiarias exportadas por Belém, principal cidade e porto
da região. Amazonas. A capacidade múltipla da população mestiça para identificar, gerir e
comercializar os recursos singulares da floresta tropical foi um trunfo especial que permitiu
efetivamente às autoridades portuguesas incluir a região amazónica no império luso-
colonial (Costa 2012a, b).
Após a independência em 1822, as elites brasileiras mantiveram as estratégias de
exportação de recursos naturais, e também adquiriram valores hegemônicos europeus,
dedicando seus esforços para difundir a racionalidade urbano-industrial pela Amazônia
(Monte-Mór 2004; Weinstein 1983, 2002). Esse fato aprofundou as desigualdades
espaciais, sociais e ambientais e, de certa forma, ajudou a estabelecer que as cidades e
os assentamentos humanos se opunham à natureza, que era vista como intocada e
intocada. A sobreposição entre a mentalidade ocidental e o modo mestiço de abordar e
construir relações entre o meio ambiente e o cotidiano, aos poucos, apagou a sabedoria
envolvida em cooperar com a natureza e compreender seus limites de resiliência, que
ainda podiam ser identificados nos indígenas e mestiços. experiências urbanas ao longo
dos tempos coloniais.
Dois momentos históricos foram cruciais para a consolidação dessas tendências
durante o século XIX: a Revolta da Cabanagem e o ciclo da borracha (Parker 1985). A
Revolta da Cabanagem foi um momento político complexo na história amazônica. A
posição e o poder das elites políticas locais foram abalados pela independência política
brasileira, e sua capacidade de manter o controle sobre a população pobre como força de
trabalho, especialmente os caboclos, foi profundamente prejudicada. Ao longo de 18
meses, uma forte violência eclodiu em toda a região, e a população cabocla adotou
medidas drásticas para lutar contra um estado marcado por profunda degradação e
exclusão social. Esse período foi um dos 'mais violentos e caóticos da história da
Amazônia' (Anderson 1985: 65). Mais de 30.000 pessoas morreram nas lutas e epidemias,
de uma população total de 130.000. 'As elites aprenderam bem suas lições com a violência
e continuariam seu controle sobre a política e o desenvolvimento econômico da Bacia,
usando laços econômicos mais sutis, como o sistema de aviação, e evitando
escrupulosamente qualquer movimento para permitir qualquer
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 183

caboclo não-europeu ou os novos imigrantes europeus qualquer via de atividade


política” (Anderson 1985: 80).
O boom da borracha introduziu grandes cidades como Belém e Manaus ao sonho
rápido e elitista da modernização europeia (Weinstein 1983). Esse processo atraiu as
elites comerciais urbanas para uma visão de mundo inteiramente tendenciosa à
racionalidade urbano-industrial ocidental. Simultaneamente, também obrigou os grupos
subalternos locais e migrantes do Nordeste brasileiro a trabalhar como seringueiros
em condições de semiescravidão, desvalorizando assim as práticas sociais, os saberes
e a história caboclas. A principal contradição da época era que o alto consumo de bens
industriais pelas elites urbanas era possível graças à exploração massiva dos produtos
florestais e à degradação da força de trabalho. Todos esses aspectos culturais e
econômicos permaneceram arraigados no contexto social da sociedade amazônica.
Durante a década de 1960, o governo militar se propôs a instaurar a modernização
(e industrialização) do Brasil, por meio da qual a Amazônia foi integrada à divisão
social do trabalho do país como agrária e apropriada para as indústrias extrativas.
Surgiu uma ruptura na relação anterior com a natureza e a estratégia de acessibilidade
deslocou-se dos rios para as estradas. O paradigma mudou da racionalidade anterior,
que usava a natureza como fornecedora, para uma perspectiva mais moderna,
industrial, em que a própria natureza era a matéria-prima, por meio da qual a floresta
alimentaria as serrarias para dar lugar aos assentamentos agrícolas e pecuários.
-criação de fazendas. A região forneceria, então, os meios para impulsionar a balança
comercial do país por meio das exportações, indicando uma dupla subordinação aos
interesses nacionais e internacionais, ao mesmo tempo em que desloca a tomada de
decisões para fora da região.
A crítica a essa abordagem industrial e modernista adotou a visão de que a
natureza era pura, demonstrando assim uma imbricação interna com o paradigma da
sociedade industrial. Qualquer presença humana era considerada um fator perturbador
para o equilíbrio da natureza, incluindo as comunidades indígenas e caboclos, que
também eram consideradas indesejadas (Balée e Erickson 2006). Havia a suposição
de que cada um desses grupos era um 'convidado' ou um beneficiário da floresta e
dos recursos naturais disponíveis na Amazônia. As circunstâncias dos grupos nativos
em contatos posteriores (no início do século XX) constituíram a evidência empírica
adotada pelos pesquisadores para supor que esses grupos sempre foram poucos em
número e eram sociológica e tecnologicamente atrasados ou simples (Leonardi 1996).
A virtude reconhecida era a do nobre selvagem: viver 'em harmonia com a natureza',
o que significava viver sem alterar as condições naturais, seja pelo empobrecimento,
seja pela improvável expansão da diversidade natural, densidade e assim por diante
(Redford 1991; Balée e Erikson 2006).
Assim percebidas, as populações indígenas jamais teriam criado cidades e
civilizações. Na época, acreditava-se que eram social e culturalmente inferiores,
contribuindo assim para consolidar o consenso sobre uma oposição inerente entre
urbanização e natureza. Por muito tempo, os campos do conhecimento dedicados às
abordagens ambientais consideraram os temas urbanos como pertencentes ao reino
das coisas artificiais, em que não havia lugar para a natureza. No entanto, hoje está
mais claro que esta é uma posição de perspectivas não sociais, e que uma
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184 AC Cardoso et ai.

A abordagem socioambiental seria mais adequada, pois nas áreas periféricas muitos processos
produtivos se sobrepõem e coexistem em um mesmo território, e as pessoas têm diferentes
níveis de acesso aos sistemas industriais modernos (Monte-Mór, publicado neste volume). Isso
fica mais evidente quando a visão vai além da clássica dicotomia rural-urbano e leva em conta
o uso da terra e a propriedade privada para entender o fluxo que se dá pela substituição de um
grupo social mais pobre por outros grupos em melhor situação.

Durante o século XX, prevaleceu o paradigma industrial e pensava-se que as sociedades


indígenas não davam contribuições valiosas para qualquer dimensão do desenvolvimento, e
que careciam de recursos materiais relevantes, incluindo conhecimentos culturais, artísticos e
sociais. Na sociedade pós-moderna, a capacidade dos indígenas e caboclos de interagir de
forma inteligente com símbolos e informações, e de pertencer a grupos sociais e lugares
baseados no afeto, seria considerada um importante ativo em lugares de produção material
criativa (Hardt e Negri 2000). De fato, as resistências endógenas, possivelmente devido à
conversão incompleta do território e da sociedade na racionalidade industrial moderna, devem
inspirar a geração atual a rever a ubíqua necessidade capitalista de homogeneidade, integração
e hegemonia (Brandão 2007), e avançar, de um paradigma que busca a igualdade em relação
ao que busca o respeito à diversidade (Monte-Mór, publicado no presente volume).

À medida que a capacidade indígena de respeitar, produzir e se relacionar com a natureza


se torna mais evidente, a complexidade ecológica tanto da floresta tropical (solo, rios, clima e
biodiversidade) quanto de sua paisagem social (sociedades indígenas e mestiças,
neocamponeses, urbanas, etc.) começam a ser reconhecidos. Embora essas sociedades não
existam mais nas mesmas circunstâncias descritas em pesquisas arqueológicas, seus
descendentes ainda mantêm sua cultura, mas atualmente estão entre as pessoas mais pobres
que vivem na Amazônia urbana brasileira (Pereira 2012; 2016).
Reconhecer os diferentes grupos sociais nas sociedades atuais, bem como a necessidade
de prover meios para aqueles que são diferentes (aqueles que não produzem ou vivem segundo
as regras de um sistema capitalista hegemônico e totalmente seletivo e excludente) poderia ser
uma primeiro passo para conceber uma abordagem alternativa mais aceitável para a urbanização
na Amazônia. Isso também poderia fornecer uma experiência piloto para prosseguir com uma
nova etapa de urbanização, capaz de disseminar a natureza como aliada da justiça social em
um mundo urbanizado.

9.4 Estratégias Alternativas de Urbanização para a


Amazônia Brasileira no Século XXI

Após séculos de impactos e desvalorização dos saberes tradicionais, as políticas federais


brasileiras têm sido responsáveis por gerar invisibilidade para as pessoas e modos de vida, e
têm legitimado um descompasso entre o suporte biofísico (solo, água e vegetação) e os seres
vivos. Esses pontos cegos se mostraram muito úteis para
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 185

as estratégias de marketing lançadas a partir da década de 1950 para atrair milhões de migrantes em busca
de terras baratas e abundantes, com possibilidade de fazer fortunas rápidas com a exploração dos recursos
naturais, sob o lema 'Terra sem homens para homens sem terra' (Brasil 1970). Assim, a segunda metade
do século XX testemunhou o restabelecimento do Eldorado do século XVI, juntamente com a crença de que
os recursos naturais eram infinitos e poderiam ser explorados com anuência e apoio financeiro do governo
federal para as atividades de agronegócio e mineração.

Esse caminho criou as sobreposições citadas anteriormente entre os diferentes modos de vida e
sistemas produtivos que geraram o processo contemporâneo de urbanização, que é derivado, seletivo,
descontínuo e aberto (Santos 1986), permeado por sinais de resistência a todas as práticas exógenas,
difundida nas últimas décadas por meio de políticas federais (ambientais, industriais, agrárias, urbanas etc.)
e de investimento privado. A região tornou-se um espaço de múltiplas determinações, com maior dependência
das diretrizes do setor público do que o observado em outras regiões do Brasil, e muitas vezes aliada às
demandas do setor privado. Também faltam investimentos, que são fundamentais para o cotidiano dos
crescentes grupos populacionais de pobres urbanos, cuja subsistência depende de certo grau de acesso à
terra ou à natureza, e são identificados apenas como estratégias de resistência (Monte-Mór 2015 ).

As cidades da periferia global são centros de acumulação que funcionam como nós onde o trabalho
excedente é gerado e onde o excedente de capital é mobilizado e direcionado para os centros globais da
economia mundial. Essas cidades também oferecem modelos de demonstração, absorvendo insumos e
valores exógenos (gerados em centros modernos – homogeneizando fórmulas de cidades globais) para
abrir um novo mercado para seus produtos e disseminar hábitos e valores urbano-industriais (Browder e
Godfrey 1997).

As políticas de modernização promovidas pelos governos nacionais são de fundamental importância


para a expansão das fronteiras. Promovem a dissolução das comunidades camponesas e indígenas em
favor do grande capital e suas estratégias especulativas, de modo a mobilizar e apreender seu principal
meio de produção – a terra. As populações rurais (camponeses, colonos, indígenas e comunidades
extrativistas tradicionais) são obrigadas a deixar seus territórios e se mudar para cidades onde muitas vezes
se tornam pobres urbanos. O processo começa quando as famílias primeiro enviam seus filhos para uma
área periférica da cidade para frequentar a escola, enquanto o chefe e outros adultos da família permanecem
nas áreas rurais produzindo mercadorias para comercializar nos mercados urbanos.

Uma vez que toda a família se mudou para a cidade, eles se tornam muito vulneráveis e se deslocam para
empregos temporários e atividades não qualificadas. Este processo já ocorreu em diferentes países em
diferentes momentos. No entanto, a atual velocidade e intensidade com que se manifestou na Amazônia
brasileira aprofundou ainda mais a capacidade anteriormente atestada da era financeira do capitalismo de
causar desigualdade e exclusão (Sassen 1991; Hardt e Negri 2000). O timing dos investimentos é
excessivamente acelerado e tende a mudar os marcos institucionais, as circunstâncias de posse, os
paradigmas tecnológicos e o perfil da força de trabalho.

A população local não consegue acompanhar essas mudanças; seus meios de subsistência são interrompidos
e eles são finalmente forçados a se mudar para as periferias da cidade. A maioria da população local tem
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186 AC Cardoso et ai.

despreocupado com a regularização da posse, uma vez que a ocupação era geralmente
considerada suficiente para manter o controle da terra. A chegada de novos investimentos,
no entanto, traz consigo um sistema formal, que não é compreendido pelos locais, e é
completamente dominado e tendencioso para os recém-chegados.
A ação do capitalismo na fronteira é seletiva e desigual, pois várias áreas de fronteira
estão integradas aos centros do sistema de diferentes maneiras, tempos e circunstâncias,
conforme a história de sua formação social (Furtado 1983).
Hoje em dia, a penetração capitalista não é um resultado direto de uma transição gradual do
campesinato para as relações proletárias. O processo de integração capitalista na fronteira
demonstra diversos gradientes que resultaram em intensidades urbanas em todo o território,
manifestadas não apenas por meio de assentamentos humanos e aglomerações, mas
também por unidades de ocupação humana relacionadas à produção capitalista (como
fazendas, portos, sistemas de armazenamento, unidades de energia, etc.) (D'Alasta 2016; Ramos 2014).
A abordagem que mais se adequa à inserção do espaço amazônico em uma rede mais
ampla de produção e urbanização global é a 'urbanização extensiva' (Monte-Mór 1994),
entendida como um processo que penetra nos espaços regionais e os manipula virtualmente
em redes contínuas espalhadas pelo mundo. Reconhece o processo de urbanização como
conduzido globalmente, apesar de suas expressões extraordinariamente diversas, que
confirmam o desenvolvimento desigual das práticas capitalistas.
Nesse sentido, como mencionado acima, a Amazônia foi inserida nessa rede mais ampla
como uma periferia para a exploração dos recursos naturais.
O conceito de urbanização extensiva foi desenvolvido por Monte-Mór (1994) inspirado no
conceito lefebvriano de 'zona urbana', palco da formação socioespacial contemporânea, que
leva à desestruturação da cidade, gerando um movimento dicotômico de implosão
(concentração e aglomeração de práticas urbanas) e explosão (extensão do tecido urbano e
intensificação das conexões espaciais). Na mesma linha, Brenner (2014) posteriormente
introduziu o conceito de 'urbanização planetária', descrito como um processo que produz uma
diversidade de novas geografias capitalistas, que expressam um desenvolvimento espacial
desigual, e não podem ser explicadas por meio de dicotomias rurais-urbanas clássicas.

Essa situação pode ser ilustrada pela proliferação de novas formas urbanas (globais)
(shopping centers, condomínios fechados, conjuntos habitacionais e grandes centros
comerciais) e pelos grandes investimentos em logística (estradas, ferrovias e hidrelétricas)
que surgiram distantes do regiões metropolitanas, cada vez mais inseridas em áreas
periurbanas e rurais, que agora se amalgamaram em periferias distantes (Fix 2011; Melazzo
2013). O capitalismo pós-moderno criou essas novas geografias, por conta das novas rotinas
e possibilidades espaciais facilitadas pelas novas soluções telemáticas e de comunicação. A
transição da produção industrial clássica para o controle e os serviços financeiros permitiu
que a produção fosse transferida para as áreas periféricas do sistema capitalista, mantendo
ao mesmo tempo o controle do sistema nas cidades globais.

Criou-se um novo tipo de indústria e agricultura, fortemente dependente dos serviços


concebidos nestas cidades globais, e embora sejam capazes de gerar crescimento
económico, estão longe de promover o desenvolvimento. A confiança do capitalismo pós-
moderno no conhecimento, cultura, valores enraizados e símbolos indica
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 187

que o processo de homogeneização em curso na Amazônia é uma enorme perda de ativos.


Essa perda também vai contra o debate atual sobre adaptação às mudanças climáticas,
que reconhece ainda que os mais pobres estão entre os mais profundamente afetados por
eventos extremos recentes, como secas e enchentes (Ojima e Marandola 2013).
Enquanto a homogeneização não estiver completa, ainda resta a possibilidade de
transformar algo que antes era considerado uma desvantagem (como a dependência de
baixa tecnologia ou uma divisão estreita do trabalho), em uma oportunidade emancipatória.
No entanto, isso exigiria uma mudança ontológica nas regiões periféricas, uma busca de
soluções inovadoras dentro de sua própria experiência e a criação de novos conceitos e
pontos de vista. O primeiro passo para tornar mais visível a sociobiodiversidade da
Amazônia brasileira seria reformular o direito à cidade de modo a incorporar o direito à
natureza para todos aqueles que estão excluídos ou simplesmente fora da economia formal
hegemônica.
A seção seguinte explora dados empíricos de pesquisas recentemente realizadas com
o objetivo de melhor ilustrar a transição atual e o ritmo com que as perdas mencionadas
estão ocorrendo na Amazônia.

9.5 Novos Espaços Urbanos Emergentes

A consolidação dos dados empíricos e o rastreamento dos processos atuais indicam que
há três tendências básicas envolvidas nas estratégias de urbanização e desenvolvimento,
que são propensas a gerar conflitos socioambientais. São elas: (i) aquelas que emergem
da interação acelerada e contraditória entre intensa urbanização e estagnação; (ii) as
relacionadas com a reconfiguração e diferenciação urbana e regional; e (iii) a apropriação
da produção nas cidades existentes por frações do capital, graças às políticas pró-
privatização e neoliberais, que visam fomentar a chegada de investimentos internacionais.

9.5.1 A Primeira Tendência

A primeira tendência é estrutural e ocorre em áreas afetadas por sucessivos ciclos de


crescimento e reestruturação. Abrange todos os ciclos de expansão ocorridos nas cidades
amazônicas sob a influência de dinâmicas econômicas orientadas por demandas exógenas
(exportações) no século XVI (o ciclo das especiarias), no século XIX (o ciclo da borracha) e
depois no século XX quando o A Amazônia estava integrada econômica e fisicamente com
o resto do país. Assim, a principal característica dessa tendência seriam as intensas
mudanças econômicas, sociais e espaciais que ocorreram em um período muito curto.

Um dos exemplos em andamento mais representativos desse processo na região é o


Altamira – uma cidade tradicional, que deu apoio fundamental aos projetos de colonização
da reforma agrária, implantados ao longo da Rodovia Transamazônica no
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188 AC Cardoso et ai.

1970, e que experimentou um novo boom entre 2011 e 2015. Negrão (2016) apresenta
os resultados do mais recente boom da cidade causado pela construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte, localizada a 52 km de Altamira. Nesse período, a cidade
recebeu 25 mil trabalhadores, impulsionando a modernização e os surtos de urbanização.
As ações dessas novas forças repetiram e renovaram o processo dinâmico de
transformação urbana, percebido por Lefebvre (2000 [1970]) como a implosão/explosão
da cidade. A expansão do tecido urbano e a dispersão das funções e estruturas da cidade
reforçam o impulso para a mercantilização e o consumo, e acirrados conflitos sociais
entre os diferentes usuários: grupos sociais de tipo especialmente 'moderno' e habitantes
tradicionais.
No caso de Belo Monte, para receber a licença de operação, foi estipulado que a Norte
Energia, consórcio responsável pelas obras, forneceria à cidade de Altamira e seu entorno
obras no valor de cinco bilhões de reais (US$ 1,5 bilhão). Como parte dessa compensação
socioambiental devida à cidade, a empresa realizou, consequentemente, um programa
de remoções em massa e realocou comunidades carentes e povos indígenas da cidade
para áreas menos desejáveis. A agenda de uso desse dinheiro foi definida pelas elites,
que buscavam ansiosamente a modernização, em vez disso, grande transtorno foi
causado ao cotidiano dos habitantes locais, especialmente os de origem indígena, que
sofreram despejos e deslocamentos.

Antes do início das obras, havia 16 mil indígenas morando na cidade. Originalmente,
esses grupos se estabeleceram às margens do Riacho de Altamira, em meio a outros
grupos sociais pobres, de onde podiam facilmente chegar à floresta de barco, trabalhar
em atividades extrativistas ou como guias turísticos nas diversas ilhas e praias que agora
estão submersas. A realocação os levou para áreas onde a terra era barata, mas de onde
agora precisavam pagar o equivalente a cinco dólares americanos para chegar ao rio.
Sua rede social foi completamente desmantelada e, após uma longa ausência, eles
perderam sua posição nas comunidades da floresta e estão literalmente passando fome
em pequenos lotes de terra (destinados a habitação social urbana regular) onde não
podem cultivar suas culturas tradicionais ( mandioca e outras hortaliças).

A mentalidade urbana moderna produziu 4.100 casas de especificação padrão em


conjuntos habitacionais distantes, e então o setor imobiliário interveio, fornecendo novos
esquemas de desenvolvimento urbano de acordo com fórmulas globais: condomínios
fechados e shopping centers. No entanto, os consumidores não tinham condições de
pagar essas casas recém-projetadas e, portanto, construíram tipologias vernáculas em
terrenos localizados em empreendimentos projetados, indo contra os padrões habitacionais esperados.
Intervenções públicas e privadas reforçaram o consenso das elites sobre a necessidade
de despoluir a área denominada Baixão do Tufi, às margens do Riacho de Altamira (Fig.
9.1), retirando seus habitantes mais pobres, para transformá-la em local de lazer para as
classes média e alta. Assim, esse processo de extensa urbanização atualizou os valores
de consumo e rompeu com as antigas formas de cooperação entre as pessoas e a
natureza, que há muito estavam incorporadas às práticas rotineiras da vida cotidiana.
Uma vez que o processo foi estabelecido neste novo
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 189

Fig. 9.1 Transformações urbanas na área de várzea do Baixão do Tufi, em Altamira, Pará.
Fontes Google Earth Pro 2017 (topo); os autores (abaixo)

área urbana incorporada, as elites locais estavam ansiosas para consolidar as


novas paisagens, com o desejo de que empresas globais começassem a operar na
área (como a mineradora Belo Sun, que no último ano cercou antigas áreas rurais e
selvagens) . Isso reforçou a invisibilidade da população mais pobre e a degradação
ambiental, e empurrou a região para uma conversão mais rápida às práticas
econômicas hegemônicas.

9.5.2 A Segunda Tendência

A segunda tendência está relacionada à reconfiguração e diferenciação urbana e


regional e à emergência de arranjos espaciais policêntricos, polimórficos,
multiescalares, como nunca antes experimentados nos ciclos de urbanização
capitalista amazônica. A sobreposição de vários processos diferentes está criando
novas circunstâncias socioeconômicas, transformações sociais e novas
institucionalizações. Um exemplo é a criação e proposta de extensão de regiões
metropolitanas para cidades não capitais, historicamente afetadas pelos ciclos de
expansão e recessão. Essas propostas conectam cidades distantes mais de 50 km,
com rodovias que funcionam como vias de expansão das cidades e formam um
novo tipo de tecido urbano ligando vários municípios.
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190 AC Cardoso et ai.

Apesar das precárias condições de vida que persistem nos assentamentos humanos, tem-
se verificado um adensamento das redes de infraestruturas, maioritariamente dedicadas à
logística de transportes e destinadas à exportação eficiente de mercadorias (rodovias, ferrovias
e aeroportos). A difusão dessas circunstâncias gerais de produção 'industrial' reestruturou
rapidamente o campo tradicional, redesenhando aldeias e áreas periurbanas para receber
novas funções relacionadas à produção e ao comércio de commodities (indústria de mineração,
agronegócio e produção de energia hidrelétrica) e para se adaptar às fórmulas globais (Cardoso
et al 2017).
Os centros regionais mais importantes fora de Belém, capital do estado do Pará, são
Santarém e Marabá, que antes eram tradicionais cidades ribeirinhas amazônicas. Ambas as
cidades passaram por diversos ciclos de exportação e foram selecionadas pela 'indústria'
imobiliária para receber novas áreas de expansão. Marabá possui vários núcleos em um local
atravessado por dois grandes rios e, por sua localização estratégica, recebeu também um
aeroporto regional, integrou-se a duas malhas rodoviárias federais e recebeu conexão ferroviária.
Em um futuro próximo, Marabá também receberá um porto de apoio ao agronegócio, além de
mais uma hidrelétrica.
O núcleo mais antigo de Marabá, que já foi a cidade tradicional, foi adaptado para dar uma orla
para a cidade. Essa mudança espacial reduziu drasticamente as possibilidades de muitos
habitantes acessarem as margens dos rios onde praticaram formas tradicionais de subsistência
por gerações, como pesca, serviços de lavanderia e manutenção de barcos (Cardoso 2010).
Muitas planícies aluviais, historicamente valorizadas como espaços verdes, são agora vistas
como terras urbanizáveis. Essas áreas são igualmente importantes tanto para atividades
populares de subsistência quanto para lazer, como é o caso da praia localizada em uma ilha
voltada para a cidade. A expectativa do setor imobiliário é que a nova barragem permita o
desvio do Rio Itacaiúnas, incorporando uma grande quantidade de áreas de várzea ao mercado
imobiliário. Essa nova configuração também submergirá as praias e, portanto, apagará ainda
mais a natureza – e todas as práticas cotidianas associadas à natureza (cultivo de ervas e
alimentos, coleta de frutas, pesca e natação) – do espaço da cidade. A indisponibilidade de
lazer gratuito e sua substituição por serviços pagos (como nos shopping centers) aprofunda
ainda mais a pobreza daqueles grupos sociais cujos espaços de vida foram destruídos (Pontes
2015). A possibilidade de criar um sistema de áreas verdes e espaços públicos é invisível para
as autarquias, que consideram as estratégias urbanas industriais preferíveis à inovação genuína
que poderia advir da agregação de novos conhecimentos e tecnologias e de antigas soluções
espaciais bem sucedidas (Pontes e Cardoso 2016). Nessas áreas, as autoridades locais não
reconheceram a Agenda 2030 e outros acordos internacionais que promovem o desenvolvimento
sustentável (Nações Unidas 2015).

Nas últimas décadas, Santarém tornou-se um porto de exportação de soja, devido à sua
ligação com as regiões centrais do Brasil com a abertura de uma nova rodovia federal (BR 163).
É cercado por áreas protegidas (uma floresta nacional, uma reserva extrativista e projetos de
assentamento para agricultura e atividades extrativistas) que apoiam os produtores nativos, e
também por uma miríade de pequenas aldeias centenárias, espalhadas ao longo das margens
do rio e em terras , desde a época do boom da borracha. Migrantes afluíram para essas
pequenas comunidades durante o boom da borracha e adotaram meios de subsistência
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 191

ligados à floresta, rio e pequenos cultivos. As estradas e o agronegócio mudaram


progressivamente os padrões de uso e preço da terra, e foi criada uma região
metropolitana policêntrica com distância média entre as cidades em torno de 35 km. O
conflito permanente entre a rede logística de apoio ao agronegócio e a produção e
reprodução dos habitantes tem sido resultado direto da conexão desta região ao
mercado global. Essa ruptura é crescente e é sustentada pelas elites urbanas, apesar
da forte resistência dos indígenas que vivem da floresta, dos rios e dos assentamentos
rurais.
A área tem sido gradativamente adaptada para a produção e exportação de soja.
Os assentamentos tradicionais e as redes comunitárias foram substituídos pela
monocultura da soja, desde que a corporação global Cargill passou a atuar na região,
somada à pressão de novos empreendimentos imobiliários para buscar as terras hoje
ocupadas por pequenas comunidades localizadas próximas a a cidade. Novos portos
estão em fase de aprovação e exigirão o despejo de dez comunidades quilombolas e
três comunidades urbanas de descendentes de indígenas.
Dentro do município de Santarém, todas as comunidades tradicionais estão localizadas
próximas a rios e córregos, em áreas valiosas porque poderiam facilmente receber
ampliação de infraestrutura. Por meio da difusão de uma ideia de lazer à beira-mar, as
margens de todos os rios e córregos estão em disputa e tendem à privatização para a
construção de residências de fim de semana (Cardoso et al. 2016a, b, c).
O mosaico de ocupações de terras que circunda Santarém provocou profundas
transformações sociais e ambientais, que mesclaram novas configurações do capitalismo
contemporâneo às antigas comunidades. Desde a cidade de Belterra até um conjunto
habitacional de classe alta chamado Planalto, construído para migrantes do sul do
Brasil, todos os assentamentos apresentam alto risco de contaminação por agrotóxicos,
devido à proximidade com as lavouras de soja. Inicialmente, os moradores do Planalto
se estabeleceram no meio dos campos de soja para evitar qualquer interação cultural
ou física com a população local. Os preços dos imóveis nesses assentamentos são os
mesmos localizados no bairro nobre de Boa Viagem, no litoral nordestino da cidade de
Recife (trabalho de campo 2014, 2016) onde o setor imobiliário tem promovido a
construção de arranha-céus edificações, como as que agora estão causando a implosão
da área mais consolidada de Santarém (trabalho de campo 2017).
Apesar dessas condições adversas, algumas comunidades extrativistas tradicionais
têm tido muito sucesso em cooperar com a natureza (através da gestão sábia dos
recursos naturais) e usar seus ativos para promover a riqueza coletiva. Por exemplo, na
comunidade de São Brás, que está localizada em um assentamento agrário-extrativista
institucionalizado, onde a terra é tratada como comum, há um movimento significativo
para o turismo. Durante as festas sazonais em São Brás, os moradores apresentam
sua gastronomia, música e dança, dispostas em um campo aberto comunitário
polivalente, que atrai pessoas da cidade e de outras comunidades (TV Tapajós, 1 de
julho de 2016). Várias comunidades sediadas em áreas protegidas construíram seus
meios de subsistência a partir do rio, da floresta e da terra, auxiliadas por uma rede de
instituições públicas e ONGs. Eles vendem seus produtos como ingredientes para a
gastronomia local, produzem artesanato com fibras vegetais e abastecem as feiras
livres da cidade com seus produtos. Consequentemente, eles têm sido capazes de melhorar seus rend
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192 AC Cardoso et ai.

do que os que vivem na cidade, vinculando os saberes tradicionais aos saberes


urbanos modernos, como endossado por Santos (1979); trabalho que aborda como
dois circuitos independentes podem operar na economia urbana de países periféricos.
A institucionalização dessas comunidades as protegeu por décadas, mas como
pagam menos impostos ao poder público local do que as que exercem atividades
modernas, elas foram desvalorizadas e estigmatizadas (trabalho de campo 2014, 2016).

9.5.3 A Terceira Tendência

A terceira tendência se dá pela apropriação da produção das cidades existentes por


frações do capital, devido às políticas pró-privatização e neoliberais que visam
estimular os investimentos internacionais. Isso foi induzido por megaeventos
realizados em várias metrópoles do país (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos), que
se tornaram a justificativa para grandes intervenções urbanas. No entanto, isso
também tem ocorrido em áreas consolidadas de capitais e outras cidades menores,
por meio de intervenções que expressam novos símbolos, compatíveis com as
cidades globais, e que tornam as cidades mais atrativas para a indústria do turismo
(beira-mar, shopping centers e centros culturais). Outra manifestação disso é a
expansão urbana, ocasionada por desenvolvimentos urbanos supostamente alinhados
com os padrões internacionais (acesso a áreas verdes, oferta de boa infraestrutura,
padrão habitacional digno, segurança e homogeneidade social) (Muxí 2004).
A cidade de Belém, capital de 400 anos do estado do Pará, é a melhor ilustração
desses processos. Aqui, foram realizadas intervenções sistêmicas oficiais na área
histórica da cidade para atrair o turismo internacional, por meio da gastronomia. No
entanto, o foco nas obras escondia o desmantelamento de uma rede social de
biodiversidade construída ao longo de séculos e sustentada por vínculos da produção
extrativista e do comércio informal, principalmente no complexo mercantil do Ver-o-
Peso, e outros portos espalhados pelas margens do Rio Grande do Sul. rio (Cardoso
et al. 2016a, b, c). Diversas revisões e mudanças nas regulamentações operacionais
dos mercados estão causando gentrificação entre os vendedores e no entorno do
mercado Ver-o-Peso. A apropriação capitalista das margens dos rios da cidade,
visando associar edifícios históricos à criação de uma orla com serviços e atividades
de consumo, acompanhou as experiências de planejamento estratégico no norte
global. Também nega a importância que os recursos naturais como a pesca e a
colheita de frutas e ervas aromáticas conferem ao sucesso da gastronomia local.
Essa ação sistêmica atingiu também a Ilha do Combú, a 1,5 km do rio Guamá, e
exemplifica igualmente a coexistência de modos de vida urbanos e naturais. A Ilha
do Combú é uma das 40 ilhas sob jurisdição de Belém, com um sítio natural formado
majoritariamente por várzeas, e mantido como área de proteção ambiental. Os
habitantes formaram uma comunidade organizada que produz açaí, cacau e chocolate
para os melhores restaurantes locais. Eles também administram seus próprios
restaurantes caseiros sob demanda e oferecem passeios de barco aos visitantes, em
uma atividade turística de pequena escala, o que lhes permite diversificar
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 193

seus rendimentos. A ilha tornou-se um paraíso local para os visitantes, que gostariam de estar
em contacto mais próximo com o rio, passando um tempo num local onde os habitantes locais
podem beneficiar de manter o seu modo de vida original enquanto usufruem dos equipamentos
urbanos situados à beira do rio (Bibas e Cardoso 2016).
No entanto, o sector imobiliário também vê esta ilha como a próxima fronteira para o
desenvolvimento urbano, na sequência da experiência anterior em outras ilhas já ligadas ao
continente por pontes, e da invisibilidade histórica dos habitantes locais.
Nos dias de hoje, as ilhas tornaram-se estratégicas, pois as áreas naturais estão desaparecendo
na cidade continental devido à expansão urbana inadequada. Embora o tecido urbano do centro
de Belém, desde a época do ciclo da borracha, tenha sido inspirado nas cidades europeias
(Duarte 1997), com praças e espaços públicos bem definidos, até a década de 1970, o principal
uso do solo dentro de sua área de expansão era ligados a sítios e fazendas, que respeitavam
os espaços naturais (planícies de inundação dos rios) e eram utilizados para lazer, sociabilidade
e produção. Ao longo das últimas décadas, diversos processos econômicos amalgamaram
diferentes tipologias de desenvolvimentos urbanos nessa área de expansão (habitações,
loteamentos irregulares, ocupação e condomínios fechados).

Esses assentamentos foram orientados de forma individualizada, sem um plano global para
a cidade. Como resultado, a maior parte das áreas naturais disponíveis está urbanizada, rios e
córregos poluídos, sem oferta de espaços públicos e, além das praças para os conjuntos
habitacionais até então inacabados, qualquer espaço disponível tem sido direcionado para
consumidores de classe alta, determinando que o acesso depende da renda (Miranda e Cardoso
2016). A competição pela terra afetou o acesso à água doce e à natureza, na medida em que
expulsou aqueles que não fazem parte da economia urbana formal (por exemplo, pescadores e
pequenos agricultores) ou os substituiu por pobres urbanos despossuídos em ocupações
informais semelhantes a favelas. Esta é a inspiração para a Ilha de Combú.

A apropriação contraditória da paisagem pelos interesses capitalistas é beneficiada pelas


'marcas' e identidades construídas ao longo dos séculos pela população local, ao mesmo tempo
em que são expulsas pela Disneyificação da cidade, que mascara os significativos conflitos
sociais e ambientais. O excedente resultante dessa mudança está concentrado nas mãos de
poucos e tem produzido pobreza urbana e impactos ambientais, observados pelo crescimento
da desigualdade social que varre a paisagem, com aterros de cursos d'água, remoção de
vegetação para expansão das cidades etc. As mudanças também empurraram a cidade para a
crescente dependência de carros e consumo industrial, bem como a morte de espaços públicos
e um aumento da violência. As mesmas elites que operam esse processo na capital oferecem
essa abordagem para cidades menores, conforme descrito anteriormente para Santarém,
Marabá e Altamira.

Cidades e assentamentos localizados no arquipélago do Marajó, hoje considerados


estagnados e fora do alcance da poderosa dinâmica do capitalismo, são exemplos de como
múltiplos determinantes interagem na resistência da racionalidade tradicional. É o caso de Afuá,
cidade construída sobre palafitas em local atingido por dois períodos diários de alagamento de
3 horas. A exploração de madeira e a produção de óleo de palma são as principais atividades
industriais da região, mas atualmente estão em declínio, devido à
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194 AC Cardoso et ai.

desmatamento contínuo. Os habitantes reagem à água com felicidade e gratidão.


Ocupam espaços públicos para brincar com a água nas marés mais altas do mês (lua cheia), mas
ao mesmo tempo despejam esgoto direto na água, para serem levados pelas marés diárias.
Enquanto o abastecimento de água, esgoto e descarte de lixo são desafios tecnológicos, os
espaços públicos estão muito vivos, e quem mora nessa área, totalmente construída sobre
palafitas e de madeira, está extremamente feliz com o desempenho ambiental de suas casas
(Mesquita 2017; Fig . . 9.2).
A terra é controlada publicamente em Afuá, porque a cidade está situada abaixo dos níveis
médios das marés (conhecidas como Áreas Marinhas), e as casas são adaptadas para inundações.
No entanto, tanto a escassez de madeira quanto os preços crescentes da madeira estão
gradualmente convencendo as novas gerações a optar pela alvenaria para construir suas casas
e outras construções, que muitas vezes sofrem com problemas de fundação. Há uma encruzilhada
pela frente: ou capacitar os habitantes com tecnologias físicas e sociais para que possam manter
seu modo de vida, ou permitir que eles e seus conhecimentos antigos desapareçam.
A Ilha das Cinzas, localidade isolada do arquipélago do Marajó, onde ocorria a sobrepesca
comercial e o estoque de recursos naturais diminuindo, provou que a primeira opção é possível.
Os moradores solicitaram apoio da Unidade Florestal da Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa em Agronegócios) para ter acesso a tecnologias de saneamento e melhor gestão dos
recursos naturais. A iniciativa recebeu o Prêmio FINEP de Inovação Social e proporcionou
procedimentos sustentáveis para práticas extrativistas. A cooperação com a biodiversidade e
instituições tem sido decisiva para permitir que os habitantes desta comunidade isolada vivam
como gostariam. Consequentemente, ajustaram o tamanho de suas redes de camarões para
evitar a extinção do estoque, forneceram locais para colméias para aumentar a polinização das
palmeiras de açaí e instalaram tecnologia de esgoto adequada que fornece fertilizante para as
árvores frutíferas (FINEP 2013). A Figura 9.3 ilustra a forma como as cidades expressam os
padrões tradicionais de ocupação e modos de vida, e da homogeneização devido ao avanço da
urbanização extensiva. Esses casos evidenciam que o atual debate sobre a urbanização extensiva
tende para a hegemonia industrial, ignorando a

Fig. 9.2 Cenas em Afuá: moradores aproveitando a água durante a maré mais alta do mês (esquerda),
tipologia de moradias na frente ribeirinha (direita). Este não é um ponto turístico, e a escassez de
madeira é uma desculpa para substituir as estruturas de madeira por tecnologias mais modernas.
Fontes Os autores
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9 Floresta Tropical Urbana: Onde a Natureza e os Assentamentos Humanos… 195

Fig. 9.3 Ilustração das três tendências destacadas no texto. Fotografias de Altamira da esquerda para a
direita: ocupação urbana tradicional, artesanato e os resultados das ações de despejo e moradia no Programa
Minha Casa Minha Vida. Fotografias de Santarém da esquerda para a direita: ocupação indígena, Festa do
Sairé, shopping e conjuntos habitacionais no Programa Minha Casa Minha Vida. Fotos de Marabá da esquerda
para a direita: bairro mais antigo da cidade, usos tradicionais às margens do rio, muro construído desde 2007
e conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida.
Fotos de Belém da esquerda para a direita: tipologia habitacional na Ilha de Afuá, banho em balneário popular,
shopping e conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida. Fotos de Afuá da esquerda para a
direita: acessibilidade fluvial, rua típica sobre palafitas, hotel novo construído em alvenaria e concreto. Fontes
Pereira, Negrão, Silva, Gomes e Thomazelli (autorização para publicação das fotos recebidas)

fato de que em muitos lugares do mundo, especialmente nas áreas periféricas do sul,
outros padrões de assentamentos humanos se sobrepuseram aos gerados pela
globalização econômica.

9.6 Conclusões

A presença ubíqua do capitalismo produz homogeneização e fornece os níveis mínimos


de integração para operar, mas o efeito que tem sobre os lugares vem com ritmos e
intensidades diferentes, e é cego para os conflitos sociais e ambientais subsequentes.

A compreensão dessa diversidade depende de um deslocamento ontológico para a


abordagem dos fatos. A fase atual do capitalismo apresenta uma abordagem
completamente diferente em relação à periferia e às áreas centrais. Os casos aqui apresentados têm
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196 AC Cardoso et ai.

evidenciaram que as estratégias de modernização dependem da homogeneização


material e social, cultural e ambiental, são muito seletivas e incapazes de fornecer centros
formais de emprego na mesma proporção com que promovem a migração e a urbanização.
Muitas vezes, há um descompasso entre a disponibilidade de recursos naturais e a
compreensão de que eles resultam de uma apropriação multifuncional, multiagente, na
medida em que o habitat integra a natureza como suporte de subsistência, cultura e
comportamento social. Nesses casos, deve-se garantir a coexistência de espaços naturais
(nunca entendidos como intocados, mas sim produzidos socialmente) e urbanizados, pelo
menos para compensar a forte reestruturação em curso das áreas rurais. As rápidas
mudanças e preconceitos sobre o modo como as áreas urbanas deveriam ser favoreceram
a reificação da natureza (tomada como característica paisagística pela publicidade
imobiliária), e perderam as oportunidades emancipatórias para as pessoas que muito se
beneficiariam com o fortalecimento das cidades como novas centralidades (serviços,
equipamentos e direitos) e, assim, promover o desenvolvimento endógeno com seus
conhecimentos ancestrais (capital social) sobre como administrar os recursos naturais (capital ambiental
Em suma, as evidências apresentadas neste artigo sustentam a ideia de que o direito
à cidade precisa abranger o direito à natureza, dado seu papel na produção, sociabilidade
e lazer dos grupos sociais 'invisíveis'. A proposta de naturalização extensiva (a
coexistência do urbano e do natural) vai muito além do verde e indica que há uma lacuna
de conhecimento e a necessidade de desenvolver conceitos que permitam que áreas
periféricas transformem desvantagens anteriores em oportunidade emancipatória. Este
não é um ideal romântico desatualizado, mas sim uma visão de que novas tecnologias
(sociais e físicas) são necessárias para melhorar soluções bem-sucedidas e duráveis.

A busca de modernização e expansão econômica pelos setores privado e público


muitas vezes negligencia as circunstâncias das pessoas. As mudanças nas políticas
públicas visam apoiar um paradigma industrial moderno hegemônico e não consideram
arranjos tradicionais bem-sucedidos e seus resultados positivos de longo prazo.
Atualmente, as políticas públicas funcionam mais como uma força aceleradora de
incorporação à racionalidade capitalista, ao introduzir fórmulas criadas em cidades globais
simplificadas para cidades comuns. No entanto, a partir de uma perspectiva amazônica,
é possível afirmar que outra forma de urbanização poderia ser possível, baseada no
respeito à diversidade, onde ao invés de apenas possibilitar o consumo alienado, as
cidades poderiam promover a cidadania para todos, dentro ou fora dos domínios das cidades .

Agradecimentos Agradecemos a base de dados e a rede do projeto de pesquisa UrbisAmazônia,


ao qual estão vinculados os achados apresentados neste capítulo.

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Biografias do autor

Ana Claudia Cardoso é Professora Associada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade


Federal do Pará. Ela recebeu um Ph.D. em Arquitetura pela Oxford Brooked University (Reino Unido) e Mestre
em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (Brasil). Ela investiga a produção, gestão e morfologia
das cidades amazônicas e as possibilidades de articulação do desenho urbano às demandas socioambientais.

Harley Silva é Professor Adjunto da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará.


Ele tem um Ph.D. em Economia pelo Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional) da
Universidade Federal de Minas Gerais. Ele investiga o papel das áreas urbanas amazônicas para a criação
de alternativas de desenvolvimento baseadas no manejo não predatório dos recursos da biodiversidade
regional.

Ana Carolina Melo é Ph.D. Aluna do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do
Pará. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (2013) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo (2015)
pela mesma universidade. Sua pesquisa aborda a relação entre o setor imobiliário e as atividades extrativistas
de mineração, atualizando a discussão sobre manifestações de fronteira no sudeste do Estado do Pará, Brasil.

Danilo Araújo é Professor Adjunto da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará. Ele tem um
Ph.D. em Desenvolvimento Socioambiental pelo NAEA (Centro Sênior de Estudos da Amazônia) da
Universidade Federal do Pará. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (Brasil). Investiga a dinâmica agrária, o desenvolvimento regional e urbano e a história do
pensamento econômico para a Amazônia.

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