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LITERATURA SÉRIE: 8º ANO TURMA:______ Data: _____/_____/_____

Professor: Walter Mendes MATERIAL – ANNE FRANK - TEMAS

Aluno (a):____________________________________________________________________

Temática de O Diário de Anne Frank


Margaret Reges

TEMA 1 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: MEDO, SOFRIMENTO E


ESPERANÇA

Embora o diário de Anne seja o registro notável das


recordações que uma adolescente em crescimento passa em
qualquer circunstância, ele é acima de tudo a narrativa de uma
menina judia nas garras da Segunda Guerra Mundial e do
Holocausto. Anne é uma garota forçada a se esconder com sua
família, uma garota aterrorizada com o fato de que ela e todos que
ela ama serão mortos. Em cada toque da campainha da porta e cada
batida na parede, Anne luta contra o medo de que sua família seja descoberta e enviada para campos de concentração. A guerra força
sua família a sofrer dificuldades inacreditáveis: morrem de fome, sofrem doenças, ficam sujeitos a pressão psicológica e traumas
inimagináveis.
Apesar das circunstâncias angustiantes, Anne parece abrigar a esperança inabalável de que ela sobreviverá. Ela sonha com
tornar-se jornalista, se apaixonar, ir a festas extravagantes e viajar pelo mundo. Ela deseja desesperadamente que lhe seja permitido
ter uma adolescência "normal", mas alimenta a esperança em cada ano de seu encarceramento de que logo poderá voltar à sua vida
anterior. Os adultos ao seu redor lutam com suas próprias esperanças e desejos de vida após a guerra, embora muitas vezes esses
adultos também pareçam abrigar temores de que não sobreviverão para ver esses sonhos realizados.
Anne é assombrada pela noção de que quase toda pessoa judia que conheceu ou está passando por um sofrimento imenso ou
já morreu. O sentimento de culpa pela sua sobrevivência está incorporado em seus sonhos, visões e imaginações recorrentes de
Hanneli Goslar, uma de suas melhores amigas dos tempos antes da guerra. Hanneli foi a primeira grande amiga de Anne e, talvez por
esse motivo, ela seja tão assombrada por sua imagem. Enquanto seu tempo no Anexo se arrasta, Anne é atormentada por sonhos
com Hanneli – ela imagina que a amiga está sofrendo muito, ou que morreu. Para Anne, Hanneli – cuja família não foi capaz de se
esconder a tempo como a de Anne – simboliza o sofrimento dos judeus.

TEMA 2 – O EU INTERIOR, O EU EXTERIOR E O ISOLAMENTO

As ideias de segredo e esconder-se – literal e figuradamente – são centrais para O Diário de Anne Frank. Assim como Anne Frank
e sua família são segregadas no Anexo secreto adjacente à empresa holandesa Opekta, Anne se vê escondendo aspectos de si mesma
das pessoas ao seu redor. "Você pode me dizer por que as pessoas se esforçam tanto para esconder seu verdadeiro eu"? Anne se
pergunta em seu diário. "Ou por que sempre me comporto de maneira diferente quando estou na companhia de outros?" Ao longo
de seu diário, Anne lida com a ideia de "duas Annes" – há a Anne que ela apresenta à sua família (animada, turbulenta, tagarela,
excêntrica) e a Anne que ela esconde (uma Anne gentil, emotiva, cheia de pensamentos sérios e de grandes sonhos).
Anne disseca (e frequentemente satiriza) as aparências das pessoas ao longo do texto e, ao fazer isso, ela parece estar pouco se
importando com seu eu exterior, na esperança de entender o que está por baixo da superfície. Através de seu relacionamento com o
filho dos Daans, Peter, ela chega a entender que aqueles que a rodeiam têm eus privados. Por exemplo, Anne inicialmente assume
que Peter é desajeitado e desinteressante. Mais tarde, porém, percebe que ele é na verdade muito mais complexo do que seu exterior
desajeitado a faria acreditar – como ela, ele é um sonhador, um pensador, um ser humano complexo e cheio de emoções ricas.
Anne descobre que ela contém múltiplos eus: a Anne pré-guerra (uma garota popular de classe média que estava
constantemente rindo e rodeada de amigos), a Anne em tempo de guerra (uma versão muito mais madura e introspectiva de seu
antigo eu), a Anne apaixonada, a Anne que ela espera se tornar (uma jornalista, alguém que realmente faz a diferença no mundo) etc.
Na entrada final de seu diário, Anne considera como ela poderia tentar revelar a "segunda Anne" (a Anne séria e mais atenciosa) com
mais frequência. Ela admite que isso será difícil, se não impossível: "Sei exatamente como eu viveria para ser, como sou... no interior....
[Eu] continuo tentando encontrar uma maneira de me tornar o que eu gostaria de ser e o que eu poderia ser se... se não houvesse
outras pessoas no mundo".
O tempo de guerra complica essa noção de "eu" público e privado. Tanto os judeus escondidos quanto os simpatizantes que os
ajudam são forçados a se apresentarem de forma diferente àqueles em quem podem confiar e àqueles em quem não podem (isto é,
oficiais e simpatizantes nazistas). Os Franks, por exemplo, descobrem que têm de montar ardis elaborados para encobrir seu
desaparecimento, e os cristãos que os ajudam (Miep, Bep etc.) descobrem que têm de criar uma aparência de normalidade para não
levantar suspeitas de que eles estão escondendo judeus.

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TEMA 3 – O CRESCIMENTO PESSOAL

Dado que o diário de Anne começa exatamente quando Anne chega à adolescência, O Diário de Anne Frank é tanto uma história
de crescimento quanto uma história da experiência judaica na Segunda Guerra Mundial. Apesar de suas circunstâncias extraordinárias,
Anne se debate com muitos problemas normais da adolescência: sentimentos de isolamento, rebelião e alienação; curiosidade sobre
a idade adulta; mudança de atitudes em relação àqueles que ela amou e admirava (ela percebe que sua mãe nunca estará à altura de
suas expectativas, por exemplo); mudanças de humor; curiosidade sobre sexo e amor etc.
À medida que Anne amadurece emocional e fisicamente (ela menstrua pela primeira vez enquanto vive no Anexo), ela começa
a reconhecer sua mudança da infância para a adolescência. Seu pensamento torna-se mais matizado [= cheio de pequenas variações]
e ela começa a perceber quão limitada era sua compreensão quando começou a escrever o diário pela primeira vez. Isso é claramente
evidenciado na predileção de Anne de voltar atrás e comentar suas entradas anteriores. Em uma das entradas do diário, ela parece
quase envergonhada do seu eu mais jovem. "Eu não seria mais capaz de escrever esse tipo de coisa", observa ela. "Minhas descrições
são tão indelicadas".
Ela cresce perto de Peter van Daan e, por meio do relacionamento deles, suas ideias sobre amor, sexo e amizade se tornam mais
maduras e sofisticadas. Embora Peter Schiff (ou "Petel", como Anne carinhosamente o chama) fosse alguém real na vida de Anne, ele
se torna menos pessoa e mais uma abstração durante seu tempo de confinamento. Anne tem vários sonhos românticos marcantes e
transformadores sobre a vida ao lado de Peter. Ele logo se torna símbolo do desejo de Anne não apenas pelo amor verdadeiro, mas
por um verdadeiro amigo em quem ela pode realmente confiar.
Ao mesmo tempo, Anne começa a refletir sobre seu lugar no mundo, sem ainda começar a desenvolver respostas a estas
perguntas: ela se sente mais judia ou alemã? Em que tipo de Deus ela acredita? Em que tipo de vida ela quer viver? Através de suas
perguntas e honestidade, Anne constrói um retrato notável de uma menina em crescimento.

TEMA 4 – AMOR E SEXUALIDADE

Embora certamente seja parte integrante de sua jornada da infância à adolescência, a sexualidade de Anne, assim como seu
desejo de amar e ser amada, merece seu próprio tema. Anne gasta muito tempo confusa com seus desejos sexuais e românticos. O
que significa estar romanticamente envolvida com alguém em vez de ser apenas amiga? Por exemplo, Anne jura que não está
apaixonada por Peter van Daan (ela argumenta que o único garoto que ela amou verdadeiramente foi Peter Schiff), mas muitos dos
sentimentos que ela tem por Peter van Daan podem ser caracterizados como amor.
Anne habita um mundo sexualmente reprimido – assuntos sexuais não são geralmente discutidos com crianças, muito menos
ensinados na escola. Como resultado disso, Anne passa muito tempo intrigada com a sensação de ser um ser sexual, o que significa
ser sexualmente normal e como funciona o sexo. Anne dedica várias entradas do diário para explicar o funcionamento da sexualidade
humana. Dado o ambiente reprimido em que ela habita, Anne não tem noção de que algumas de suas ideias inocentes sobre sexo
poderiam ser consideradas escandalosas. Ela escreve sem pudor sobre tocar seus próprios seios e de querer tocar os seios de sua
melhor amiga Jacqueline durante os dias na escola.
Em um nível metatextual, a sexualidade foi inicialmente um ponto crítico no tempo de publicação de O Diário de Anne Frank. O
Sr. Frank – o único sobrevivente da família – editou em grande parte as especulações sem rodeios de Anne sobre sexualidade e funções
corporais. Edições posteriores restauraram as passagens originais do diário sobre sexualidade. Até hoje, a natureza sexualmente
explícita do diário de Anne Frank (particularmente devido às poucas e breves passagens homoeróticas do livro) é controversa, levando
o livro a ser banido em algumas bibliotecas nos Estados Unidos. O autoexame de Anne sobre sua própria sexualidade faz parte do que
torna O Diário de Anne Frank tão poderoso – oferece um retrato honesto e sem pudor do que significa ser humano (e, nesse caso,
uma adolescente).

TEMA 5 – NATUREZA HUMANA: GENEROSIDADE E GANÂNCIA

Dadas as circunstâncias extremas da vida no Anexo, a investigação da natureza humana feita por Anne muitas vezes se concentra
na generosidade e na ganância. Os adultos dentro de seu círculo sofrem a pressão do confinamento e se veem lutando entre ser
generosos (um vestígio de sua vida pré-guerra) e ser gananciosos (o que, para ser justo, é o que eles muitas vezes têm que fazer para
sobreviver). O Sr. Dussel, por exemplo, muitas vezes acumula alimentos e Anne o encarrega disso. Mas será que ele pode realmente
ser culpado diante dessas circunstâncias? Essa ganância é contrastada com a aparente abnegação daqueles que ajudam os Franks, os
Daans e o Sr. Dussel a se esconderem. Os adultos que vivem no Anexo às vezes estão em desacordo uns com os outros em relação ao
quanto devem compartilhar com seus ajudantes cristãos. "Os van Daans não veem por que devemos fazer um bolo de especiarias
para o aniversário do Sr. Kugler quando nós mesmos não podemos ter um", escreve Anne. "Tudo muito mesquinho".
O diário de Anne acaba se tornando uma dissecação aberta da natureza humana. As pessoas ao redor dela são essencialmente
boas? (Anne gostaria de pensar assim.) E como se preserva a humanidade diante de circunstâncias tão excepcionais? A solução de
Anne para esse problema envolve uma série de coisas: confiar em seu diário; manter seus estudos e trabalhos escolares; fazer um
autoexame inflexível de suas deficiências antes de dormir todas as noites; encontrar conforto na beleza da natureza; apaixonar-se por
Peter. É claro que o diário também termina de repente, pois os nazistas são informados sobre os residentes do Anexo e todos eles
são levados para campos de concentração. Como tal, os nazistas servem como um constante contraponto aos pensamentos de Anne
sobre a natureza humana, representando as profundezas do mal que a humanidade pode alcançar.
Referência: REGES, Margaret. "The Diary of Anne Frank.” LitCharts. Disponível em: <https://www.litcharts.com/lit/the-diary-of-anne-frank>. Acesso em: 5 mai. 2021.
Traduzido e adaptado pelo professor.

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