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ITAJAÍ
2010
SARAH ELIZABETH NUNES SILVA
ITAJAÍ
2010
Agradeço a Deus pela vida, pelo
suporte diário e pela certeza de que
seus planos são melhores e maiores
do que eu possa imaginar. À minha
família, em especial aos meus pais,
por acreditarem no valor dos
estudos, pelo amor e educação
transmitidos por todos esses anos.
Ao meu namorado, por fazer a vida
mais simples e agradável e pela
ajuda incessável. Aos meus amigos
queridos, de perto e de longe,
porque são parte de mim e eu deles.
Por fim, agradeço especialmente ao
meu professor orientador, Bruno
Tussi, que norteou a elaboração do
trabalho com maestria,
demonstrando, por seu próprio
exemplo, que a curiosidade seguida
de pesquisa é a chave do
conhecimento.
“Todas as pessoas nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São
dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação umas às
outras com espírito de fraternidade”
a) Nome do estagiário
Sarah Elizabeth Nunes Silva
b) Área de estágio
Direito Marítimo
c) Orientador de conteúdo
Prof. Bruno Tussi, LL.M. (IMLI)
O transporte marítimo é há séculos utilizado pelas sociedades. Uma das atribuições do transportador
é garantir que as mercadorias cheguem ao seu destino final no mesmo estado em que foram
recebidas. O objetivo do transportador é claro, no entanto, o mar reserva perigos que nem sempre se
pode escapar, dando vez às avarias, que são despesas ou danos extraordinários que ocorrem
durante a aventura marítima e podem reverter em prejuízos aos particulares ou à comunidade de
interesses (entenda-se: todos os envolvidos na expedição marítima). Na maioria dos casos a
comunidade de interesses é composta por partes de diferentes países, nos quais possuem suas
próprias leis e práticas e têm critérios diferentes de resolver as questões referentes às avarias. Com o
intuito de facilitar essas relações e apresentar uma legislação única para estes casos, foram criadas
as Regras de York e Antuérpia. O objetivo deste trabalho é portanto, apresentar as Regras de York e
Antuérpia, destacando as atualizações feitas no ano de 2004 e comentar a sua implicação para o
Comércio Exterior. Os objetivos específicos foram demonstrar o conceito de avaria e suas
classificações, compreender a avaria grossa, sua justificativa e requisitos, e por fim, apresentar as
atualizações das Regras de York e Antuérpia no ano de 2004. A metodologia utilizada para atingir os
objetivos propostos foi de cunho qualitativo e a coleta de dados se deu por meio de pesquisa
bibliográfica em livros, buscas em sites oficiais, entre outros, além de consultas a documentos. Os
resultados alcançados demonstraram a evolução das Regras de York e Antuérpia e verificaram a
importância de sua constante atualização para que estas regras estejam adaptadas às novas
realidades do transporte marítimo e das suas avarias.
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................7
1.1 Objetivo geral ...................................................................................................8
1.2 Objetivos específicos........................................................................................8
1.3 Justificativa .......................................................................................................9
1.4 Abordagem geral do problema .........................................................................9
1.5 Questões específicas .....................................................................................10
1.6 Pressupostos..................................................................................................10
2 METODOLOGIA ................................................................................................12
2.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................12
2.2 Área de abrangência ......................................................................................13
2.3 Coleta e tratamento dos dados.......................................................................13
2.4 Apresentação e análise dos dados.................................................................13
3 AVARIA ..............................................................................................................14
3.1 Histórico das avarias ......................................................................................14
3.2 Origem etimológica.........................................................................................17
3.3 Conceito e classificação das avarias ..............................................................18
3.3.1 Avaria-dano.................................................................................................19
3.3.2 Avaria-despesa ...........................................................................................19
3.4 Avaria simples ................................................................................................20
4 AVARIA GROSSA..............................................................................................24
4.1 Avaria comum, avaria grossa: conceito ..........................................................25
4.2 Justificativa .....................................................................................................26
4.3 Requisitos.......................................................................................................28
4.3.1 Sacrifício voluntário.....................................................................................29
4.3.2 Perigo real e iminente .................................................................................30
4.3.3 Segurança comum ......................................................................................32
4.3.4 Resultado útil ..............................................................................................33
4.4 Consequência.................................................................................................34
4.5 Tentativa de unificação da regulação da avaria grossa..................................35
5 AS REGRAS DE YORK E ANTUÉRPIA ............................................................37
5.1 Histórico das Regras de York e Antuérpia......................................................37
5.1.1 Regras de York e Antuérpia de 1877 ..........................................................39
5.1.2 Regras de York e Antuérpia de 1890 ..........................................................40
5.1.3 Regras de York e Antuérpia de 1924 ..........................................................41
5.1.4 Regras de York e Antuérpia de 1950 ..........................................................43
5.1.5 Regras de York e Antuérpia de 1974, emendada em 1990 ........................44
5.1.6 Regras de York e Antuérpia de 1994 ..........................................................45
5.2 Composição das Regras de York e Antuérpia................................................46
5.3 Principais alterações nas Regras de York e Antuérpia de 2004.....................48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................51
REFERÊNCIAS.........................................................................................................53
APÊNDICES..............................................................................................................55
APÊNDICE A – Quadro comparativo das Regras de York e Antuérpia de 1974, 1994
e 2004 .......................................................................................................................56
ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS......................................................................79
7
1 INTRODUÇÃO
aquelas feitas no ano de 2004 são o objeto de estudo deste trabalho de iniciação
científica.
Este trabalho está estruturado de forma que no primeiro capítulo há a
introdução ao tema das avarias e das Regras de York e Antuérpia, os objetivos da
pesquisa, a justificativa da importância do tema, a abordagem geral do problema,
suas questões específicas e pressupostos.
No segundo capítulo estão as especificações da metodologia utilizada para o
desenvolvimento do trabalho. No terceiro capítulo apresenta-se a evolução histórica
do institudo das avarias, a origem etimológica do termo avaria, as possíveis
classificações, e encerra com a definição de avaria simples.
No quarto capítulo é trabalhada a avaria grossa, o seu conceito, justificativa,
requisitos e a consequência do ato de avaria grossa. Por fim, no quinto capítulo são
apresentadas as Regras de York e Antuérpia, seu histórico, sua composição e em
destaque as atualizações feitas a estas Regras na conferência do Comitê Marítimo
Internacional no ano de 2004, em Vancouver, Canadá.
1.3 Justificativa
tomadas para evitar que navio, carga e frete sofram maiores danos e perdas no caso
de um perigo iminente, geram benefício às partes, cria-se uma obrigação às partes,
de tal forma que seus custos devem ser divididos entre todos aqueles que
participaram da expedição marítima.
As avarias foram conhecidas e praticadas desde os primeiros tempos da
navegação, quando as regras eram baseadas nos costumes, e portanto tornava-se
difícil a sua aplicação, pois estas regras variavam de nação para nação. Após
inúmeras tentativas de criação de unificação internacional das regras de avaria
grossa através de instrumentos legais, foram criadas as Resoluções de Glasgow
(1860), que em 1864 foram revistas, tornando-se nas Regras de York, e por sua vez
originaram as Regras de York e Antuérpia em 1877. Estas regras sofreram 7
alterações no decorrer dos anos (1890, 1924, 1950, 1974, 1990, 1994 e 2004), e o
objetivo deste trabalho de iniciação científica é apresentar as alterações feitas no
ano de 2004.
1.6 Pressupostos
2 METODOLOGIA
3 AVARIA
Lei Ródia (encontrada no Digesto Justiniano, livro XIV, título II), que tem os oito
primeiros fragmentos relativos ao alijamento1 e à contribuição.
A Lei Ródia decreta que, se uma carga for atirada borda afora para aliviar
um navio, e que isto tenha sido feito para o bem de todos, [essa mercadoria]
2
será substituída pela contribuição de todos. (ROSE, 2005, p.1)
Como se observa no texto de Jonas, a solução para salvar o navio que estava
em situação de perigo foi lançar toda a carga ao mar, afim de aliviar o peso da
embarcação e garantir a segurança dos marinheiros. Nesse mesmo contexto há
outro testemunho escrito também na Bíblia, mas no Novo Testamento, no livro dos
Atos dos Apóstolos, capítulo XXXVII versículos 18 e 19, narrando que no momento
em que o navio que conduzia o apóstolo Paulo costeava Creta, foi atingido por uma
tormenta que agitou o mar, obrigando o alijamento da carga e dos aparelhos
(VITRAL, 1977) e (SANTOS, 1968). Dessa forma é possível constatar que o
1
Alijamento é o ato de lançar cargas ao mar com o fim de aliviar o peso da embarcação. Esta era a
forma racional que os romanos previam para salvar o navio que ameaçava perigo.
2
Tradução livre da autora, extraído do original:The Rhodian law decrees that if in order to lighten a
ship merchandise is thrown overboard, that which has been given for all shall be replaced by the
contribution of all.
3
Tradução livre da autora, extraído do original: Los Romanos habrían recogido esta costumbre
practicada por los navegantes de Rodas, según la cual el armador y los proprietarios de las
mercancías debían contribuir a la reparación de las averías sobrevenidas durante la expedición.
16
alijamento era um recurso usado com frequência pelos navegadores daquela época,
e é produto de uma elaboração fundamentada nos usos, costumes e nas legislações
antigas.
Com a queda do Império Romano e a invasão dos bárbaros, iniciou uma
época de obscurantismo, onde a cultura greco-romana sofreu um abatimento quase
que total (MIRANDA FILHO, 1995). Foi em meio deste contexto que foram criados o
Consulado do Mar e Os Rolos de Oléron, tidos como os principais institutos jurídicos
de fundamental importância para o Direito Marítimo na Idade Média.
O Consulado do Mar foi criado por autor desconhecido e apresentava
costumes que eram aplicados pelos cônsules do mar, daí a razão de sua
denominação (ANJOS; GOMES, 1992). De acordo com Ripert (1954), neste livro são
descritos os costumes do povo do mediterrâneo, que tinha como prática o embarque
dos comerciantes no navio para acompanhar suas mercadorias. O proprietário do
navio e os comerciantes formavam um grupo no qual todos se consideravam
associados para resistir aos perigos da expedição, evidenciando assim a associação
de interesses.
Os Rolos de Oléron (ou Julgamentos de Oléron), eram também uma coleção
de costumes marítimos de autor desconhecido. Tratavam-se de “julgamentos
redigidos em pergaminhos e conservados enrolados, derivados da ilha de Oléron,
nas costas do Atlântico, na França, sede de um amplo comércio de vinho e sal”
(GIBERTONI, 2005, p.9). Grande parte dos capítulos dos Rolos de Oléron foram
reproduzidos em diversas ordenanças e regulavam matérias como alijamento,
acidentes da navegação, busca e salvamento, responsabilidades do capitão e da
tripulação em relação à carga durante a viagem, etc.
É bem verdade que o direito da Idade Média foi usado na criação da
Ordenança de Agosto de 1681, na qual seus redatores tiveram o cuidado de
esclarecer o problema jurídico que envolvia a responsabilidade dos danos, a
repercussão dos custos das avarias ocorridas durante a viagem e reforçaram no
título VII a divisão das avarias em duas categorias: particulares e grossas (LE
CLÈRE, 1957).
Após a Ordenança de 1681, criou-se o Código Comercial da França e as
demais legislações sobre as quais exerceu influência, incluindo a brasileira. Cabe
acrescentar que “no Brasil, antes de entrar em vigor o Código Comercial, essa
matéria foi disciplinada pelo Regulamento das Avarias, aprovado pela resolução
17
A influência do latim também foi comentada por Costa (1899 apud MARTINS,
2008) ao citar o exemplo de Richard Lowdes, que ao tratar da origem da palavra
inglesa average, como sendo uma sobrevivência do latim aversio, traz como
significado: meio de escapar do perigo.
Em todo caso, qualquer que seja a origem etimológica da palavra, observa-se
que ela toma o mesmo significado em muitos códigos modernos, podendo citar
algumas das suas formas: average em inglês, haverein em alemão, avarie em
francês, avere em italiano, e em portugês avaria.
18
Dado ao exposto, nota-se que o artigo citado define avaria de uma forma
ampla, considerando os danos ou despesas extraordinários ocorridos ao navio ou à
carga em qualquer momento da expedição marítima, independente de ter atingido a
um único bem ou ao conjunto de participantes da viagem.
O conceito de avaria para Santos (1968, p.354) tem duas direções, qual seja,
“avaria toma-se em dois sentidos: ora, em geral, significa todo dano parcial
acontecido ao navio ou carregação; ora se entende pela contribuição ao mesmo
dano”. É importante observar que o primeiro sentido a que Santos se refere é amplo
e imparcial, e tem aplicação a todos os casos de avaria, estando em consoancia
com o art. 761 do Código Comercial. De outro norte, o segundo sentido aplica-se
apenas aos casos de avaria grossa.
A citação de Santos demonstra que para um entendimento claro do instituto
das avarias, a classificação é de suma importância, pois cada uma resulta em
diferentes formas de contribuição. Dessa forma, observa-se o art. 763 do Código
Comercial Brasileiro, que assim dispõe:
e não considera a classificação da natureza (ou objeto), das avarias, que são citados
no art. 761 e compreendem em danos ou despesas.
3.3.1 Avaria-dano
3.3.2 Avaria-despesa
caráter extraordinário, isto é, quando não foram cogitadas e são motivadas por
casos de força maior”. Em suma, são despesas não inclusas no frete pelo fato de
não ser possível prevê-las, mas são de extrema necessidade para a conclusão da
viagem.
Segundo esse preceito, as despesas previstas antes do início da viagem não
constituem avaria-despesa, pois ainda que sejam realizadas em benefício do navio
e/ou da carga, são tidas como despesas ordinárias, ou ônus previstos (VALLE,
1921). A exemplo de despesas que não são consideradas avaria-despesa,
considera-se o exposto no Código Comercial Brasileiro:
Sendo assim, avarias simples e particulares são sinônimos e podem ser danos
ou despesas extraordinários ocorridos ao navio, à carga, ou à ambos, de forma
fortuita, independente do momento da viagem, e repercutirão apenas aos
particulares do bem avariado “salvo ação competente contra o culpado ou a
seguradora” (MARTINS, 2008, p.33). Geralmente são originadas de: I) fortuna do
mar; II) vício próprio do navio e/ou carga; III) fatos da tripulação; e IV) fatos do
transportador.
Conforme exposto, uma das origens de avaria simples está na fortuna do mar,
que é considerada nos casos fortuitos ou de força maior, que embora em rigor
tenham sentido diferente na linguagem da lei, sob o ponto de vista prático são
sinônimos (SIMAS, 1938). São consideradas fortuna do mar, “todas as ocorrências
que são peculiares à viagem marítima e que não podem ser previstas e controladas
pelo armador ou sua equipagem, como prováveis e necessários incidentes da
navegação” (MOURA, 1991, p.215). São exempos de incidentes da navegação as
tempestades, mudanças forçadas de derrota, abalroamentos, encalhes, naufrágios,
indêndios, ação das correntes oceânicas, nevoeiros, etc. (SANTOS, 1968). Ainda
Moura (1991) aponta que nos casos de fortuna do mar entende-se que o
transportador se exclui (ou limita) de responsabilidade, pois embora haja a perda ou
o estrago de mercadorias que estavam sob sua custódia, os danos são causados
por incidentes da navegação e portanto não significa que o transportador seja
necessariamente responsável.
Outra forma de ocorrência de avaria simples é o vício próprio, que é uma
condição inerente à natureza das coisas, que propicia a deterioração ou aniquilação
da coisa e exclui responsabilidade alheia. Por exemplo, “quanto ao navio (má
qualidade dos materiais de construção) e quanto à carga (facilidade de
decomposição de certas mercadorias, combustão espontânea [...], mau
22
É de suma importância ressaltar que o art. 766 não tem caráter taxativo, ou
seja, as avarias simples não se limitam aos os itens enumerados no artigo, pois
estes são simplesmente demonstrativos. Ainda no art. 766, na última alínea, conclui-
se que são avarias particulares: “em geral, as despesas feitas e o dano sofrido só
pelo navio, ou só pela carga, durante o tempo dos riscos”.
No rol de acidentes marítimos que geralmente resultam em avaria simples, se
enquadram: a colisão, o abalroamento, a água aberta, o incêndio e a explosão, entre
outros. No entanto, se enquadram em sede de avaria simples, sem exceção: os
acidentes de naufrágio, borrasca e encalhe, “posto que incompatíveis com os
23
4 AVARIA GROSSA
4
Tradução livre da autora, extraído do original: Estas personas, que no están ligadas entre sí por
ningún contrato, dependen sin embargo unas de otras por uma contribución común a las averías.
¿Cómo puede explicarse?
5
A Corte de Apelação é citada como Corte de Casación, ou Tribunal de Casación, que é em geral o
órgão judicial encarregado de resolver os recursos de sentenças judiciais, função que habitualmente
corresponde ao tribunal de mais alta hierarquia, o equivalente ao Superior Tribunal de Justiça no
Brasil. A expressão “Corte de Casación” é comum nos países de influência francesa.
25
4.2 Justificativa
6
Tradução livre da autora, extraído do original: It has been justified in general terms on the grounds
of mercantile custom, equity, convenience, utility and natural justice.
7
Tradução livre da autora, extraído do original: La institución de la avería común ha sugerido
numerosas teorias para explicar su fundamento jurídico. Se ha invocado la noción jurídica de la
responsabilidad objetiva; [...] Se ha aducido el concepto de la equidad como base, por la
coparticipación de diversos intereses em la misma aventura, [...] Se ha alegado como pase de la
institución la comunidad de riesgos y la unión temporal de intereses entre el armador y los
cargadores. También se ha basado en la amenaza común del peligro, que forma una comunidad real
de intereses, y finalmente, uma de las teorías más aceptadas y frecuentemente invocada em las
decisiones de los tribunales es la del enriquecimiento, sin causa lícita, aunque modernamente se
rechaza generalmente este concepto como base de la avería común.
28
4.3 Requisitos
interesses (navio, carga e frete) e por fim, o benefício gerado pelo ato de avaria
grossa, que pode também ser identificado como o resultado útil.
8
Código Comercial Brasileiro, art. 509: Nenhuma desculpa poderá desonerar o capitão que alterar a
derrota que era obrigado a seguir, ou que praticar algum ato extraordinário de que possa provir dano
ao navio ou à carga, sem ter precedido deliberação tomada em junta composta de todos os oficiais da
embarcação, e na presença dos interessados do navio ou na carga, se algum se achar a bordo. Em
tais deliberações, e em todas as mais que for obrigado a tomar com acordo dos oficiais do navio, o
capitão tem voto de qualidade, e até mesmo poderá obrar contra o vencido, debaixo de sua
responsabilidade pessoal, sempre que o julgar conveniente.
30
inicial da avaria grossa, eles não entram no cálculo da avaria comum, pois a
característica de caso fortuito é particular às avarias simples e suas perdas recairão
tão somente sobre aquele que a sofreu.
Como parte dos requisitos da avaria grossa está o perigo real e iminente, no
qual a necessidade fica em evidência, e no entanto essa obrigação de agir não
exclui o caráter da voluntariedade, por exemplo: os danos consequentes de um
combate de corsários ou piratas, embora não sejam voluntários, não deixam de
constituir avaria grossa.
Quanto ao ato em si, o capitão deve respeitar alguns critérios. Obviamente
isso acontece para impedir que ele aja de acordo com o seu bel-prazer,
transformando avarias particulares em avarias comuns. Em vista disso, cabe ao
capitão “praticar sómente os damnos indispensaveis para attingir ao fim almejado e
fará sómente as despezas immediatamente e indispensavelmente requeridas.”
(VALLE, 1921, p.13).
Segundo esse preceito, o capitão deve agir conforme o bom senso, assim
como expressa a Regra A das Regras de York e Antuérpia: “intencional e
razoavelmente [...], para a segurança comum, com o propósito de preservar de
perigo a propriedade envolvida em uma aventura marítima comum”. Assim, a
razoabilidade também se afigura elemento essencial do sacrifício voluntário. De fato,
danos ou despesas extraordinários e intencionais devem ser razoavelmente feitos ou
incorridos.
9
Tradução livre da autora, extraído do original: pour la bien comprendre il faut préciser qu’il n’est pas
nécessaire que l’avarie atteigne à la fois le navire et la cargaison; elle peut n’atteidre que l’un ou
l’autre.
33
4.4 Consequência
Diante desse quadro, Le Clère (1957) afirma que até os dias atuais não existe
uma convenção internacional em matéria de avaria grossa, “mas que a prática
chegou a um regime uniforme de determinação e de regulamentação das avarias
grossas pela forma contratual ao redigir um tipo de Código internacional de avarias,
chamado Regras de York e Antuérpia” (LE CLÈRE, 1957, p.101)10. Vale salientar
que as Regras de York e Antuérpia não substituem as regulamentações de cada
país, mas são vinculadas no momento em que assim for indicado nos
conhecimentos de embarque e cartas partidas, tratando-se então, de regras
contratuais padronizadas sobre avarias grossas.
10
Tradução livre da autora, extraído do original: mais que la pratique est arrivée à um régime
uniforme de détermination et de règlement des avaries communes par la voie contractuelle en
rédigeant une sorte de Code international des avaries appelé Règles d’York et d’Anvers.
37
11
O Lloyd’s foi fundado há mais de 300 anos na cafeteria de Edward Lloyd, onde proprietários de
navios se reuniam com pessoas que tinham capital para segurá-los. Desde essa época, o Lloyd's se
expandiu a partir de sua base em seguros marítimos e se tornou o maior mercado do mundo de
seguros especializados de patrimônio e contra acidentes, cobrindo alguns dos maiores, mais
complexos e insólitos riscos do mundo (LLOYDS).
12
A National Association for the Promotion of Social Sciences foi fundada em 1857, na Inglaterra e
operava como um fórum preeminente para a discussão de questões sociais e de difusão do
conhecimento na sociedade. Durante o seu período ativo (de 1857 a 1884), a Associação forneceu
orientação especializada para políticas de mercado (N.A.P.S.S.).
38
convenção internacional” (CORRÊA FILHO, 2001, p.16). Este projeto foi nomeado
“Resoluções de Glasgow”.
Uma tentativa de tal envergadura encontrou, como era natural, reservas e
oposições, principalmente por parte dos membros do Lloyd’s, embaraçados ante
uma série de inovações que entravam em conflito com os usos e as jurisprudências
ingleses (GONÇALVES, 1956). Ressalta-se que a postura do Lloyd’s frente às
Resoluções de Glasgow foi tão hostil que eles nem mesmo aceitavam a tentativa de
uma nova reunião para aprimoramento das mesmas.
Dois anos depois do Congresso de Glasgow, em 1862, realizou-se em
Londres o segundo Congresso Internacional de Avaria Grossa, no qual um projeto
de 126 artigos foi submetido à apreciação da conferência. Miranda Filho (1995)
esclarece que neste Congresso foram tantas as desavenças e indefinições (destaca-
se a ausência do Lloyd’s, como manifestação contrária a esta Conferência), que a
única conclusão efetiva foi a de formar um comitê, chamado de International General
Average Committee, que estudasse as resoluções apresentadas e estabelecesse
um sistema uniforme de avaria grossa para o comércio marítimo internacional.
O terceiro Congresso Internacional de Avaria Grossa se realizou em York, em
setembro de 1864, no qual se discutiram as antigas Resoluções de Glasgow e o
extenso e falho projeto de 126 artigos proposto na conferência anterior (CORRÊA
FILHO, 2001).
Delegados de diversos países estiveram presentes na Conferência de York,
com exceção do Lloyd’s, que mantiveram-se ausentes, sob o argumento de que as
regras discutidas visavam simplesmente mudar as leis inglesas sobre a matéria, e
não dar ao mundo regras unificadas de caráter internacional. Ao final desta
conferência chegou-se a um conjunto de 11 regras.
Observa-se que nas Regras de York nada foi citado sobre uma definição de
avaria grossa, nem princípios do instituto, tratando-se então, as regras aprovadas,
39
13
A "International Law Association", originalmente "The Association for the Codification and the
Development of the Law of Nations", foi fundada em uma conferência internacional em Bruxelas, em
1873, tendo como objetivos o estudo, esclarecimento e desenvolvimento do Direito Internacional
público e privado, do Direito Comparado e das Relações Internacionais (I.L.A.).
40
Com o passar dos anos, a prática das Regras de York e Antuérpia de 1877
revelou as suas omissões, que dificultavam as regulações dos casos de avaria
grossa, principalmente pela forte oposição da sua aplicação da parte de seguradores
ingleses e franceses. Foi então que alguns anos mais tarde, a pedido dos
ajustadores de Londres, o I.L.A. convocou uma conferência em 1890 em Liverpool,
para um impulso decisivo.
Depois de quatro dias de deliberações, algumas regras existentes sofreram
pequenas alterações e novas foram adotadas, resultando em um total de dezoito
regras (MIRANDA FILHO, 1995), eram as Regras de York e Antuérpia de 1890, que
segundo Gonçalves (1956), na conferência de Gênova de 1892, revogaram de vez
as Regras anteriores a estas.
No entanto, as Regras de 1890 apresentavam um corpo sem cabeça ou
espírito, pois lhes faltavam regras de princípios gerais. A sua constitução não
passava de uma série de soluções para casos específicos e ainda não continham
princípios ou regras que definissem a avaria grossa, de modo que estas regras
podiam ser comparadas, de forma maliciosa, mas justa, como uma receita de
cozinha. Assim, se um evento não fosse enquadrado em nenhum dos casos
previstos, a Regra XVIII das Regras de York e Antuérpia de 1890 subordinava às leis
e praxes locais, tudo no que eram omissas as normas.
41
Em comentário a esta regra, Miranda Filho (1995) diz que a sua importância
se dá pela questão de que um ato de avaria grossa sempre nasce como resultado
da culpa de uma das partes da aventura marítima comum, mas apesar disso, ao
reter o seu caráter de avaria grossa, a contribuição de cada interesse envolvido é
calculada normalmente, independente de culpa.
A próxima reunião se realizaria em Haia em 1914, mas em virtude da primeira
guerra mundial, os trabalhos da I.L.A. foram suspensos.
Miranda Filho (1995) relata que entre os anos de 1890 e 1922, houveram
grandes movimentos em diversos países, na tentativa de criação de um novo código
internacional relacionado à avaria grossa, tendo sido minutado um. Quando a ideia
tomou corpo, organizações de reguladores e seguradores concluíram que mais
simples seria a atualização das já existentes Regras de York e Antuérpia.
Diante disso, retomados os trabalhos do I.L.A. no período pós guerra, expõe
Fariña (1956), que a seção francesa do Comitê de Direito Marítimo desta
associação, por iniciativa de seu presidente M. Léopold Dor, iniciou em 1922, novos
trabalhos de redação das Regras, com o intuito de chegar a elaboração de normas
definidoras das propriedades constitutivas da avaria comum, e de regras gerais que
pudessem ser aplicadas a todos os casos que não estivessem estritamente previstos
nas regras em vigor.
42
14
Tradução livre da autora, extraído do original: De esta Conferencia salió el texto de las 30 “Reglas
de York y Amberes 1924”, con las siete nuevas, precedidas de letras, y las 23 numeradas, en las que
fueron introducidas algunas modificaciones, y la supresión de la Regla XVIII de 1890, sobre la
aplicación de las leyes nacionales a los casos no previstos em las reglas.
43
remoção por destroços por corte (Regra IV); encalhe voluntário (Regra V);
remuneração por salvamento (Regra VI); avaria às máquinas e caldeiras (Regra VII);
despesas no porto de refúgio (Regras X e XI); deduções do custo dos reparos no
navio (Regra XIII); quantia a ser abonada para carga perdida ou danificada por
sacrifício e valores contribuintes (Regras XVI e XVII); e juros sobre as perdas na
avaria grossa (Regra XXI).
As diversas alterações da versão de 1974 buscaram simplificar suas
aplicações e clarificar dúvidas persistentes nas interpretações, permanecendo então
inalteradas até o ano de 1990, quando a Regra VI, sobre remuneração por
salvamento, foi emendada às Regras de York e Antuérpia de 1974 na Conferência
do C.M.I. em Paris, daí a expressão “emendada em 1990”.
De acordo com Miranda Filho (1995), a emenda de 1990 foi executada em
conformidade com a Resolução adotada na Conferência Diplomática de Londres, em
1989, quando foi aprovado o novo texto da Convenção Internacional de Salvamento,
que se fez necessário após os naufrágios de grande impacto ambiental dos
petroleiros Torrey Canyon (em 1967) e Amoco Cadiz (em 1978). A emenda consistiu
basicamente em: a) admitir como avaria grossa gastos de salvamento nos quais a
perícia e os esforços dos salvadores buscam prevenir ou minimizar os danos ao
meio ambiente; b) não admitir nenhuma compensação especial aos salvadores,
ainda que tenham minimizado ou previnido os danos ao meio ambiente.
Em 1990 o C.M.I. decidiu voltar a estudar as avarias grossas, posto que uma
revisão se achava necessária. Foi então que a Comissão Internacional elaborou um
relatório a ser apresentado na XXXV Conferência, realizada em Sydney, em outubro
de 1994, na qual as modificações propostas foram aprovadas pela unanimidade dos
trinta e nove países participantes da Conferência, incluindo o Brasil, dando origem
às Regras de York e Antuérpia de 1994.
46
A revisão das Regras de York e Antuérpia que ocorreu em 2004 teve como
ponto de partida a solicitação feita pela International Union of Maritime Insures
(União Internacional dos Seguradores Marítimos) ao presidente do C.M.I., em março
de 1999. Esforços para esta revisão foram aplicados no Colóquio de Toledo em
2001, na Conferência de Singapura em 2001 e no Colóquio de Bordeaux em 2003,
no entanto as modificações foram efetuadas apenas em 2004, na XXXVIII
Conferência do C.M.I., realizada em Vancouver, entre 31 de maio à 4 de junho.
O objetivo da versão de 2004 foi o de reduzir o número de permissões e o
número das declarações de avaria grossa, assim como o seu custo. As reduções se
encontram nas alterações ocorridas nas Regras VI, XI, XIV, XX, XXI e na nova
Regra XXIII (MARTINS, 2008).
No quesito terminológico também houveram alterações. Houve a adoção
padronizada da expressão allowed as. “Consequentemente os termos admitted
(admitido em), admissible (Admissível como) e made good (abonado) foram
estandardizados para allowed as (permitido)” (MARTINS, 2008, p.11).
No mais, algumas regras tiveram a sua ordem de parágrafos alteradas
(Regras XI e XIII), e outras foram acrescidas de parágrafos, como as Regras XIV,
XX e XXI. As alterações específicas mais significativas das Regras de York e
Antuérpia de 2004 são encontradas nas regras VI, XI, XIV, XX, XXI e XXIII.
A Regra VI excluiu os custos de salvamento da regulação da avaria grossa,
incluindo os juros e encargos legais associados a estes custos, salvo quando uma
parte tiver pago toda ou qualquer proporção cujo custo seja devido por outra parte.
Outro custo excluído está na Regra XI, e refere-se aos salários do comandante, dos
oficiais e da tripulação, assim como sua manutenção durante o tempo de estada do
49
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CORRÊA FILHO, Olavo Caetano. Avaria grossa: de navios. São Paulo: Esplanada,
2001.
COSTA, José da Silva. Direito commercial maritimo, fluvial e aéreo. Tomo II. 3
ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1935.
GIBERTONI, Carla Adriana Comitre. Teoria e prática do direito marítimo. 2 ed. Rio
de Janeiro: Renovar, 2005.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARTINS, Eliane Maria Octaviano, Curso de direito marítimo, volume II. 1. ed.
Barueri: Manole, 2008.
54
MIRANDA FILHO, Ferdinand Verardy. O que você deve saber sobre avaria
grossa. Rio de Janeiro: Fundação de Estudos do Mar, 1995.
ROSE, Francis D. General average: law and practice. 2. ed. Londres: LLP, 2005.
VALLE, Numa P. do. Avarias marítimas: theoria e prática. São Paulo: Casa Duprat,
1921.
APÊNDICES
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1. O texto das Regras de York e Antuérpia de 1974 e 1994 foram extraídos da tradução executada
pela Associação Brasileira de Direito Marítimo (ABDM), assim como as regras que não sofreram
alterações no ano de 2004 (PEREIRA, 1996).
2. As alterações e inclusões feitas nas regras de 1994 e 2004 estão destacadas em itálico.
3. As atualizações de 2004 foram extraídas do site do Comitê Marítimo Internacional e foram
traduzidas livremente pela acadêmica, não possuindo caráter oficial.
reparos, tal custo não é admitido na avaria grossa, admitido na avaria grossa,
admitido em avaria grossa; quando incorrido em quando incorrido em
tal tempo extra será qualquer ou todas as qualquer ou todas as
admitido na avaria grossa seguintes circunstâncias: seguintes circunstâncias:
somente até o economizado
i. Como parte de uma i. Como parte de uma
na despesa que poderia ter
operação levada a efeito operação levada a efeito
sido incorrida e admitida
para a segurança comum, a para a segurança comum, a
como avaria grossa, se não
qual, se tivesse sido qual, se tivesse sido
tivesse havido tal tempo
empreendida por uma parte empreendida por uma parte
extra.
alheia à aventura marítima alheia à aventura marítima
comum, teria dado direito a comum, teria dado direito a
tal parte a uma recompensa tal parte a uma recompensa
de salvamento; de salvamento;
ii. Como uma condição de ii. Como uma condição de
entrada ou saída de entrada ou saída de
qualquer porto ou lugar, nas qualquer porto ou lugar, nas
circunstâncias previstas na circunstâncias previstas na
Regra X(a); Regra X(a);
iii. Como uma condição de iii. Como uma condição de
permanência em qualquer permanência em qualquer
porto ou lugar nas porto ou lugar nas
circunstâncias previstas na circunstâncias previstas na
Regra XI(b), sob condição Regra XI(b), sob condição
de que, quando houver um de que, quando houver um
escapamento real ou escapamento real ou
liberação de substâncias liberação de substâncias
poluentes, o custo de poluentes, o custo de
quaisquer medidas quaisquer medidas
adicionais, exigidas por adicionais, exigidas por
conta de prevenir ou conta de prevenir ou
minimizar poluição ou dano minimizar poluição ou dano
ao meio ambiente, não será ao meio ambiente, não será
admissível na avaria grossa. admissível na avaria grossa.
iv. Necessariamente, em iv. Necessariamente, em
conexão com a descarga, conexão com a descarga,
armazenagem ou armazenagem ou
recarregamento da carga, recarregamento da carga,
sempre que o custo destas sempre que o custo destas
operações for admissível operações for admissível
como avaria grossa. como avaria grossa.
Não será efetuada dedução Não será efetuada dedução c) Não será efetuada
de “novo por velho” no custo de “novo por velho” no custo dedução de “novo por
dos reparos provisórios dos reparos provisórios velho” no custo dos reparos
admitidos como avaria admitidos como avaria provisórios admitidos como
grossa. grossa. avaria grossa.
possa exceder o valor do dos reparos do dano possa dos reparos do dano possa
navio quando reparado, a exceder o valor da exceder o valor da
quantia a ser admitida como embarcação quando embarcação quando
avaria grossa será a reparada, a quantia a ser reparada, a quantia a ser
diferença entre o valor admitida como avaria admitida como avaria
estimado do navio em grossa será a diferença grossa será a diferença
estado são, depois de entre o valor estimado da entre o valor estimado da
deduzido deste valor o embarcação em estado são, embarcação em estado são,
custo estimado do reparo do depois de deduzido deste depois de deduzido deste
dano, o qual não é avaria valor o custo estimado do valor o custo estimado do
grossa e o valor do navio reparo do dano, o qual não reparo do dano, o qual não
em seu estado danificado, o é avaria grossa, e o valor da é avaria grossa, e o valor da
qual pode ser medido pelo embarcação em seu estado embarcação em seu estado
valor líquido da venda, se danificado, o qual pode ser danificado, o qual pode ser
houver. medido pelo valor líquido da medido pelo valor líquido da
venda, se houver. venda, se houver.
REGRA XIX REGRA XIX REGRA XIX
CARGA NÃO CARGA NÃO CARGA NÃO
DECLARADA OU DECLARADA OU DECLARADA OU
DECLARADA DECLARADA COM ERRO DECLARADA COM ERRO
ERRADAMENTE
Dano ou prejuízo a bens Dano ou prejuízo a bens a) Dano ou prejuízo a bens
embarcados sem embarcados sem embarcados sem
conhecimento do armador conhecimento do armador conhecimento do armador
ou seu agente ou a bens ou seu agente ou a bens ou seu agente ou a bens
intencionalmente mal intencionalmente intencionalmente
discriminados ao tempo do discriminados com erro ao discriminados com erro ao
embarque, não serão tempo do embarque, não tempo do embarque, não
admitidos na avaria grossa, serão admitidos na avaria serão admitidos na avaria
mas tais bens continuarão grossa, mas tais bens grossa, mas tais bens
responsáveis na continuarão responsáveis continuarão responsáveis
contribuição, se salvos. na contribuição, se salvos. na contribuição, se salvos.
Dano ou prejuízo causado Dano ou prejuízo causado b) Dano ou prejuízo
aos bens os quais tenham aos bens os quais tenham causado aos bens os quais
sido erroneamente sido erroneamente tenham sido erroneamente
declarados no embarque a declarados no embarque a declarados no embarque a
um valor menor que o seu um valor menor que o seu um valor menor que o seu
real valor, receberão real valor, receberão real valor, receberão
contribuição pelo que foi contribuição pelo que foi contribuição pelo que foi
declarado, mas tais bens declarado, mas tais bens declarado, mas tais bens
contribuirão na base do seu contribuirão na base do seu contribuirão na base do seu
valor real. valor real. valor real.
REGRA XX REGRA XX REGRA XX
PROVISÃO DE FUNDOS PROVISÃO DE FUNDOS PROVISÃO DE FUNDOS
Uma comissão de 2% (dois Uma comissão de 2% (dois a) A perda de capital sofrida
por cento) sobre os por cento) sobre os pelos donos dos bens
desembolsos de avaria desembolsos de avaria vendidos com a finalidade
grossa, outros que soldadas grossa, outros que soldadas de levantar fundos para
e manutenção do e manutenção do custear os desembolsos de
comandante, dos oficiais e comandante, dos oficiais e avaria grossa será admitida
da tripulação e combustível da tripulação e combustível na avaria grossa.
e provisões não renovados e provisões não renovados
durante a viagem, será durante a viagem, será
admitida na avaria grossa; admitida na avaria grossa.
entretanto, quando os
A perda de capital sofrida
fundos não são fornecidos
pelos donos dos bens
por qualquer dos interesses
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Nome do estagiário
Sarah Elizabeth Nunes Silva
Orientador de conteúdo
Prof. Bruno Tussi, LL.M. (IMLI)