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“A primeira aproximação do Serviço Social latino-americano ao marxismo foi nas

décadas de 1960-1970, a partir do Movimento de Reconceituação na América Latina. Foi uma


aproximação do Serviço Social com as lutas, organizações e movimentos sociais que portam a
defesa dos direitos, interesses e projetos societários das classes subalternas. Esse universo
politico e cultural foi veiculado com forte influência da prática política da produção de
autores que subsidiavam programas e ações de grupos e organizações de esquerda nos
distintos países”. IAMAMOTO e SANTOS (2016). Outros fatos podem ser citados: "maio de
1968", em Paris, no centro da Europa; condenação generalizada da agressão imperialista
contra o Vietnã; o serviço social europeu, como os anglo-saxões, no horizonte das críticas ao
conservadorismo da indústria; a luta contra a ditadura de Salazar (1974) em Portugal; a longa
ditadura de Francisco Franco (1936-1973), na Espanha, apoiada pela Igreja Católica e pelos
militares por sua política anticomunista no contexto da Guerra Fria; a luta anticolonial na
África, que terminou com a independência de vários países. Lembrando que, o objetivo do
movimento de reconceitualização é buscar o estabelecimento de serviços sociais na América
Latina: recusa em introduzir teorias e métodos que não são familiares em nossa história, e
afirmar o compromisso com os oprimidos de lutar pela "sociedade", transformar e atribuir
caráter científico às atividades profissionais. Os assistentes sociais latino-americanos
aceitaram o desafio e contribuíram para a organização, capacitação e conscientização dos
diversos empregos e grupos “marginalizados” da região. A partir de 1971, “condensam as
primeiras aproximações do Serviço Social à tradição marxista, haurida em manuais de
divulgação do marxismoleninismo, na vulgata soviética, em textos maoístas, no
estruturalismo francês de Althusser, e nas elaborações relativas à teoria da dependência”
CARDOSO e FALETTO (1970).
“A segunda aproximação do Serviço Social latino-americano à tradição marxista se
expressa na superação do movimento de reconceituação, cuja referência é a experiência
brasileira na crise da ditadura e das lutas pela democracia. Sendo assim, no país, o período de
vigência da reconceituação (1965-1975) coincide com a vigência da ditadura civil-militar
(1964-1985)”. IAMAMOTO, Marilda V (p. 215). Nesse período, o Brasil, liderado pela
Escola de Serviço Social (ESS / UCMG) da Universidade Católica de Minas Gerais, resistiu
fortemente a essa tendência de modernização. Portanto, à medida que o processo produtivo
muda, o país se reorganiza sob a irradiação das instituições hegemônicas da sociedade civil, e
a ditadura aprofunda a expansão do monopólio. Desta forma, ainda durante a ditadura, pode-
se criar uma nova imagem profissional: consolida-se um efetivo mercado de trabalho nacional
de assistente social, a equipe profissional continua a crescer, a formação é efetivamente
incorporada ao corpo docente universitário e se fundamentam o ensino, a pesquisa e a
promoção sob demanda. É instala a pós-graduação stricto sensu para cultivar a produção
científica, o diálogo acadêmico com áreas afins, o mercado editorial e a atualização do corpo
docente. Tudo isso permite ao Serviço Social brasileiro atender às preocupações profissionais
e políticas do movimento de reconceituação.
Portanto, o caminho percorrido pelo debate brasileiro estabelece uma relação de
continuidade e interrupções com os interrogantes do movimento de reconceituação. A
continuidade visa manter o espírito de crítica ao conservadorismo profissional e à
vulgarização do marxismo, salvar o legado marxista e estimular a análise da sociedade e da
profissão. Por outro lado, as interrupções se estabeleceram no processo de aprofundamento da
premissa e finalidade da articulação do movimento supracitado com a luta e o movimento
social.

FONTES DE PESQUISAS:

CARDOSO, F. H. e FALETTO, E. Dependência e Desenvolvimento na América Latina:


ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. Disponível
em: file:///C:/Users/andesa/Downloads/18603-Texto%20do%20artigo-77564-1-10-
20181228%20(7).pdf. Acesso em: 15 de out. de 2021.

IAMAMOTO, Marilda V (p. 215). Marxismo e Serviço Social: uma aproximação.


Disponível em: file:///C:/Users/andesa/Downloads/18603-Texto%20do%20artigo-77564-1-
10-20181228%20(7).pdf. Acesso em: 15 de out. de 2021.

IAMAMOTO, M. V. e SANTOS, C. M (Coords). O Movimento de Reconceituação do


Serviço Social na América Latina (Argentina, Brasil, Chile e Colômbia): determinantes
tóricos, interlocuções internacionais e memória. UERJ/CNPQ, 2016. Disponível em:
file:///C:/Users/andesa/Downloads/18603-Texto%20do%20artigo-77564-1-10-
20181228%20(7).pdf. Acesso em: 15 de out. de 2021.

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