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ENSINO DA
LÍNGUA INGLESA I
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a nossa caminhada inicial por entre os caminhos
práticos do ensino da língua inglesa. Esse é o início de uma trajetória que visa lhe prover
os conhecimentos necessários para que você esteja devidamente aparelhado e prepa-
rado para desenvolver um trabalho de qualidade, quando se deparar com as dificulda-
des e desafios nos mais diversos contextos educacionais que se relacionam ao ensino e
aprendizagem de língua inglesa no Brasil.
Ressaltamos que o nosso foco reside em transportá-lo(a), de forma introdutória, ao con-
texto prático do ensino da língua inglesa em solo brasileiro. Pretendemos realizar uma
discussão que contemple algumas realidades que compõem o sistema educacional do
nosso país, bem como uma discussão que possa dialogar com os professores que atuam
ou atuarão em escolas públicas de ensino básico regular, com professores inseridos no
mercado de trabalho das academias de idiomas privadas, além dos profissionais que
atuem em contextos mais independentes, ou, ainda, qualquer pessoa que tenha inte-
resse no ensino de idiomas.
Apesar de nossa grande preocupação com o contexto prático, pensamos que uma boa
base de teoria e historicidade sempre precede uma prática coerente. Por isso, construi-
remos nosso primeiro capítulo traçando uma breve retomada histórica das práticas pe-
dagógicas relacionadas ao ensino de línguas estrangeiras que mais exerceram influên-
cia no professorado brasileiro. Esse caminho histórico culminará nas discussões acerca
da abordagem comunicativa, que é amplamente utilizada atualmente no contexto bra-
sileiro de ensino de línguas estrangeiras.
No segundo capítulo, trataremos dos estudos e teorias relacionados à aquisição e apren-
dizagem de uma língua estrangeira. Já que o nosso foco é o ensino e aprendizagem
da língua inglesa como idioma estrangeiro, é de vital importância que entendamos o
processo pelo qual o estudante de idiomas passa no processo de apropriação da língua
estrangeira.
Buscaremos nesse capítulo um diálogo com as teorias mais relevantes, no que se refere
aos processos de aquisição e aprendizagem, no intuito de deixá-lo(a) mais preparado e
mais consciente das consequências de suas abordagens.
Em seguida, no terceiro capítulo, estreitaremos nossa relação com a prática, discutindo,
mais especificamente, as estratégias que os estudantes utilizam para a aprendizagem
de idiomas.
No quarto capítulo, apresentaremos, de modo mais específico, como se dá o trabalho
do docente com relação às quatro habilidades linguísticas: audição, oralidade, leitura e
escrita.
APRESENTAÇÃO
Por fim, no quinto capítulo, traremos uma reflexão das propostas discutidas até en-
tão nos principais contextos educacionais de línguas estrangeiras, visando prover a
você a independência e competência necessárias para utilizar proveitosamente os
conhecimentos adquiridos neste livro, além das habilidades criteriosas para selecio-
nar e dialogar com a gama de materiais didáticos existentes no mercado e, princi-
palmente, as habilidades necessárias para refletir e construir um contexto favorável
para o desenvolvimento pleno de seus alunos.
Esperamos que este material seja de grande valia em seu processo de formação e
que atinja o objetivo de prover bons alicerces para sua constituição como professor
de língua inglesa. Desejamos, assim, muito sucesso a você, aluno(a)!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
16 Método
22 Método Direto
25 Método Audiolingual
28 Abordagem Comunicativa
28 Competência Comunicativa
37 Considerações Finais
UNIDADE II
45 Introdução
55 Teoria da Interlíngua
58 Teoria do Discurso
61 Teoria Behaviorista
63 Teoria de Krashen
67 Considerações Finais
UNIDADE III
73 Introdução
74 Memória
76 Cognitiva
78 Compensação
80 Metacognitiva
82 Afetiva
84 Social
88 Considerações Finais
11
SUMÁRIO
UNIDADE IV
95 Introdução
UNIDADE V
119 Introdução
143 CONCLUSÃO
145 REFERÊNCIAS
149 GABARITO
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professor Me. Fábio Gonçalves Fernandes
I
ESTUDO E REFLEXÃO DAS
UNIDADE
PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA - MÉTODOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar os principais métodos e abordagens para o ensino de
uma língua estrangeira.
■■ Evidenciar, por meio de um levantamento histórico, o construto
teórico de cada método e/ou abordagem de ensino.
■■ Prover informações sobre as caraterísticas e o funcionamento dos
métodos e/ou abordagem no processo de ensino de uma língua
estrangeira.
■■ Promover reflexões sobre a prática docente no processo de ensino e
aprendizagem de uma língua estrangeira.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Método
■■ Método da Gramática e Tradução
■■ Método Direto
■■ Método Audiolingual
■■ Abordagem Comunicativa
■■ Competência Comunicativa
■■ Princípios da Abordagem Comunicativa
■■ Aula sob a perspectiva da abordagem comunicativa
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
MÉTODO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Antes de iniciarmos nossa
retomada pelas diversas téc-
nicas que têm sido utilizadas
ao longo do tempo no ensino
e aprendizagem de línguas
estrangeiras, é importante
deixar claro uma questão:
método e abordagem são a ©shutterstock
mesma coisa?
Na verdade, não. Há uma confusão recorrente com relação a essa discussão
no contexto brasileiro de ensino e aprendizagem de idiomas. Muitos profissionais
envolvidos nessa área acreditam que os dois vocábulos se referem simplesmente
a duas maneiras distintas de tratar o mesmo assunto, entretanto, há diferenças
importantes entre os dois conceitos.
Abordagem é o nome dado ao conjunto de reflexões que envolve todo o
contexto de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Na abordagem,
evidenciam-se os aspectos teóricos da língua e as discussões acerca de quais
seriam os melhores caminhos para que os indivíduos possam adquiri-la. De
acordo com Richard & Rodgers (1985, p. 16), abordagem refere-se às “teorias
sobre a natureza da língua e do aprendizado da língua que servem de fonte para
as práticas e princípios no ensino de idiomas”.
Em outras palavras, a abordagem centra suas informações nos motivos que
impulsionam o ensino de um idioma, o que exatamente será ensinado nesse pro-
cesso e o modo como esse aprendizado ocorrerá.
Método
18 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MÉTODO DA GRAMÁTICA E TRADUÇÃO
1
Tradução nossa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
entretanto, não há preocupação com o conteúdo dos textos, as atenções
são focalizadas completamente às estruturas.
Embora tenha sido concebido para o ensino de grego e latim, esse método, pos-
teriormente, expandiu-se para o ensino de idiomas modernos. Naturalmente,
o método viria a sofrer diversas críticas com o curso do tempo, principalmente
com o surgimento do fenômeno da globalização, que impulsionou a demanda
por habilidades comunicativas mais expressas entre povos de várias nações.
Um dos argumentos utilizados frequentemente em defesa do método refe-
re-se à ideia de que o estudo minucioso de uma gramática estrangeira poderia
contribuir, inclusive, para um domínio mais eficiente da própria língua materna
do estudante.
Porém, os argumentos favoráveis não foram suficientes para que o método
permanecesse imune às duras críticas que seus opositores viriam a formular ao
longo do tempo. Rivers (1968 p.17,18)2 aponta algumas de suas falhas que foram
duramente pontuadas pelos críticos:
Pouca ênfase é colocada na pronúncia e entonação precisa; habilidades
de comunicação são negligenciadas; há uma grande ênfase nas regras e
exceções, mas pouco treinamento no uso ativo da língua para expressar
o próprio significado, mesmo na escrita. Em um esforço para prati-
car a aplicação de regras e o uso de formas excepcionais, o estudante é
frequentemente treinado em formas artificiais de linguagem, das quais
algumas são raras, antiquadas e de pouco uso prático.
2
Tradução nossa.
before the world, plainly, succinctly, and without comment, a series of mere household
events. In their consequences, these events have terrified -- have tortured -- have des-
troyed me. Yet I will not attempt to expound them. To me, they have presented little but
Horror -- to many they will seem less terrible than barroques. Hereafter, perhaps, some
intellect may be found which will reduce my phantasm to the common-place -- some
intellect more calm, more logical, and far less excitable than my own, which will percei-
ve, in the circumstances I detail with awe, nothing more than an ordinary succession of
very natural causes and effects.
Edgar Allan Poe (1845)
Quadro 1 - Exemplo de aula com base no Método da Gramática e Tradução
I a student.
He a pilot.
My mother a teacher.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I Brazilian.
Quadro 3: Proposta de atividade Método da Gramática e Tradução
MÉTODO DIRETO
O Método Direto tem sua gênese a partir das críticas direcionadas ao método
da Gramática e Tradução. Logo, naturalmente as duas práticas se opõem
estruturalmente.
O Método Direto surgiu como uma resposta ao Método da Gramática e
Tradução. Se no método mais antigo o professor partia da estrutura para o uso
efetivo da língua, no Método Direto o aluno é, primeiramente, exposto a situa-
ções práticas do idioma alvo, para, posteriormente, conhecer, de forma descritiva,
as sistematizações da língua. Isso contribuiria para a aprendizagem indutiva dos
aspectos gramaticais e culturais da língua-alvo.
Alguns teóricos, que já tinham algum prestígio sobre professores de línguas
estrangeiras no final do século XIX, partilhavam um mesmo ponto de vista no
que se refere à aquisição de uma língua,
e explicado na língua-alvo.
Para que essa proposta de imersão no contexto da língua estrangeira tivesse
sucesso, foi acordada entre os defensores desse método a abolição do uso da lín-
gua materna no contexto de ensino e aprendizagem, nem mesmo a tradução era
permitida nessa prática pedagógica.
Diante desse panorama, os
alunos deveriam estar comple-
tamente imersos no contexto da
língua-alvo, para que todas as
situações de comunicação con-
tribuíssem para a aprendizagem.
Logo, os professores ministrariam
suas aulas totalmente no idioma
estrangeiro.
©shutterstock
3
Tradução nossa.
Método Direto
24 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
abaixo, estão expostas réplicas plásticas de frutas que podem exemplificar o uso
de objetos concretos para memorização de voca- bulário
em sala de aula), e, quando se tratava de voca-
bulário abstrato, o ensino era conduzido
por meio de associação de ideias.
O Método Direto gozou de grande
popularidade em todo o mundo, principal-
mente entre o fim do Século XIX e início
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do século XX, sendo amplamente utili-
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zado por diversas instituições de ensino na
Bélgica, França, Alemanha, Estados Unidos
e Brasil, onde foi implantado, primeiramente, no Colégio Pedro II, em 1932.
Contudo, nem o apoio e o prestígio recebidos foram capazes de sustentar o
sucesso do método por muito tempo.
Foram vários os contratempos que prejudicaram a prática satisfatória do
método, pois, para a sua boa manutenção, era necessário alto investimento
financeiro em objetos diversos, professores nativos ou muito bem qualificados,
constante atenção individualizada e, por conta de sua ainda frágil consistência
teórica, enorme esforço pessoal do professor.
Frequentemente, o ímpeto inicial do professor e dos estudantes com a novi-
dade altamente sedutora era arrefecido com o passar do tempo, pois dificilmente
o professor conseguia manter a condução da aula completamente em língua-
-alvo durante muito tempo.
MÉTODO AUDIOLINGUAL
Método Audiolingual
26 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
governo foi levado, então, a contratar importantes linguistas da época, como
Leonard Bloomfield, um expoente da linguística norte-americana, e encomen-
dou um método para que os soldados pudessem aprender idiomas variados em
larga escala e em curto período de tempo. Esse seria o método audiolingual.
Harmer (2010, p. 49) salienta que esse método tem estreita relação com as
ideias behavioristas e que tais ideias influenciaram muito a criação do método,
O método Audiolingual casa essa ênfase nos padrões gramaticais com
as teorias behavioristas de aprendizagem. Essas teorias sugeriam que
muito do aprendizado é resultado da formação do hábito, onde a reali-
zação de uma resposta correta a um estímulo significa uma recompen-
sa dada; e a repetição constante dessa recompensa faz a resposta auto-
mática. Esse procedimento se refere ao condicionamento. Na verdade,
aulas baseadas no método Audiolingual fazem excessivo uso de com-
pletar, nas quais os alunos produzem o mesmo padrão gramatical mas
são induzidos a utilizar diferentes palavras nesses padrões, na expecta-
tiva de que eles possam adquirir bons hábitos de linguagem. Mantendo
a produção correta durante essas fases de repetição, os alunos podem
ser condicionados a aprender a língua.
Método Audiolingual
28 UNIDADE I
ABORDAGEM COMUNICATIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
Dessa forma, o ensino das quatro habilidades, oral (listening and speaking), escrita
(reading and writing)4, passa a ser conhecido como o Ensino Comunicativo, em
que as ações passam a ser realizadas, organizadas conforme suas funções comu-
nicativas. Por exemplo: são comuns, em sala de aula, os trabalhos em pares ou
em grupos, considerando sempre o uso da língua em contexto a partir de simu-
lações do uso real, isto é, a ênfase do ensino centra-se no texto, com atividades
de leituras, em uma visão interacionista da linguagem, em que a interação em
sala de aula constitui-se como foco dos objetivos da prática docente no ensino
de uma LE.
Competência Comunicativa
30 UNIDADE I
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1. Competência gramatical: refe-
re-se ao domínio das estruturas
linguísticas da língua-alvo, pos-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sibilitando ao aprendiz de LE
reconhecer as características
linguísticas da língua estran-
geira e usá-las, para formar
palavras e períodos, isto é, essa
competência é similar ao con-
ceito de competência linguística
proposto por Chomsky.
2. Competência sociolinguís-
tica: está relacionada ao
conhecimento das conven-
ções socioculturais subjacentes
ao uso da língua, a compreen-
são do contexto social no qual
a língua é usada. Essa compe-
tência permite o julgamento da
adequação do uso da língua às
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©shutterstock
essa competência é conhecida
como estratégia de compensação.
Competência Comunicativa
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A AC teve origem na década de 70 e ganhou força nos anos 80 por meio de sua
natureza não extremista da linguagem, uma vez que a preocupação da AC fun-
damenta-se no conceito da competência comunicativa, que entende a realidade
linguística adequada ao contexto de uso.
Sobre a AC no ensino de LE, Widdowson (1990) explica que, na década
de 90, as aulas de LE passaram a ser focadas na habilidade de comunicação e
interação da língua, em que os professores deveriam buscar diferentes méto-
dos que pudessem expor os alunos ao input5, isto é, nessa época, o objetivo era
encontrar meios, a fim de possibilitar aos alunos que chegassem a uma compe-
tência comunicativa na língua-alvo.
No sentido de prover conceitos à prática docente acerca do ensino de LE,
exporemos, a seguir, os princípios básicos que norteiam a AC.
5
Sobre esse tópico, ver discussão na unidade II.
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AULA À LUZ DA ABORDAGEM COMUNICATIVA
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Uma aula sob AC está relacionada com um ensino significativo para o apren-
diz de LE, com ações mais voltadas à função, em detrimento da forma. Além
disso, existe uma preocupação em trabalhar com mais conteúdo às estruturas
gramaticais.
Por esse viés, as estruturas consideradas como erros devem ser relevadas.
Contudo, isso não significa que se deve desconsiderar o estudo das estruturas,
apenas não devemos usá-las como barreira ao aprendizado de LE.
Para um melhor entendimento sobre uma aula a partir da AC, apresentaremos
uma proposta de aula sob essa abordagem. A título de explicação, acreditamos
na importância de um trabalho com o gênero textual, charge, por exemplo, uma
vez que, segundo Bakhtin, os gêneros se relacionam diretamente às diferentes
situações comunicativas que os determinam com características temáticas, com-
posicionais e estilísticas.
[...] o enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de
cada esfera, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal,
ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais,
fraseológicos e gramaticais –, mas também, e, sobretudo, por sua cons-
trução composicional (BAKHTIN, 2000, p. 279).
Como expõe Bakhtin (2000), as relações entre linguagem e sociedade são indis-
sociáveis das diferentes esferas da atividade humana, entendidas como domínios
discursivos (jurídico, religioso, educacional, jornalístico), que dialogam entre si
e produzem, em cada esfera, formas relativamente estáveis de enunciados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Chegamos ao fim desta unidade. Esperamos, até aqui, termos contribuído com
o seu entendimento sobre as Práticas de Ensino de Língua Estrangeira, especi-
ficamente, a língua inglesa, uma vez que um determinado método e/ou a fusão
de vários pode permear a prática docente.
Os métodos que apresentamos a você, aluno(a), foram: o Método da gramá-
tica e tradução, Método direto, Método audiolingual e a Abordagem comunicativa.
Primeiramente, apresentamos o método da Gramática e Tradução que sur-
giu na época do renascimento e continua sendo empregado até hoje. Trata-se de
um método de ensino amparado na gramática e na tradução de literaturas da lín-
gua-alvo, em outras palavras, o ensino de LE ocorre por meio da língua materna.
Em função disso, toda informação necessária para a construção de uma frase, as
interpretações de um texto, por exemplo, são realizadas por meio de explicações
na língua materna do aluno, logo, parte-se da regra para os exemplos.
Por sua vez, o Método direto, como vimos anteriormente nesta unidade,
surgiu como uma reação ao método anterior. O princípio fundamental desse
método considera que o ensino e aprendizagem de LE ocorrem a partir da lín-
gua-alvo. Nesse sentido, a língua materna deve ser desconsiderada no processo
de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, possibilitando a integra-
ção das quatro habilidades comunicativas no processo de aquisição da língua
inglesa, como: listening (ouvir), speaking (falar), reading (ler) writing (escrever).
Já o método audiolingual surgiu durante a II Guerra Mundial, quando o
exército estadunidense sentiu a necessidade de falantes fluentes de diversas lín-
guas estrangeiras para estabelecer a comunicação com seus aliados ou com as
Considerações Finais
38 UNIDADE I
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Por fim, a abordagem comunicativa, como vimos, teve origem na década de
70, a partir do interesse das teorias linguísticas voltadas para o discurso e o uso
real da linguagem. Ressaltamos que a ideia desse conceito não é somente a compe-
tência gramatical do falante, mas também, e sobretudo, o conceito de competência
linguística considerando os elementos semânticos e pragmáticos da linguagem.
Consoante a esse panorama, podemos evidenciar que a AC possibilita um
aprendizado significativo, ao dar relevância aos interesses do aprendiz e possibi-
litar a comunicação entre os falantes da língua, pois o ensino e a aprendizagem
da LE não se limitam tão somente a uma obrigação ou imposição.
Portanto, o ensino e a aprendizagem de uma língua significa, para esse método,
um ensino que pode ir além de simplesmente expor o aluno ao vocabulário, à
gramática da língua, à oralidade. Significa que o ensino pode ter como premissas
basilares uma importância voltada às necessidades de comunicação do apren-
diz de uma LE.
Ao término desta unidade, caro(a) aluno(a), seja qual for o método eleito
pelo professor para subsidiar a sua prática, ressaltamos que é de fundamental
importância que o processo de ensino e aprendizagem de uma LE possa prover
ao aluno um propósito, uma intenção comunicativa, um significado, uma neces-
sidade de transmitir informações, de estabelecer vínculos e interagir de maneira
harmoniosa com os falantes da língua-alvo, haja vista que as variáveis que podem
afetar o processo de ensino podem ultrapassar um método.
Nesse sentido, aluno(a), acreditamos que o melhor caminho seja optar por
um método que condiz e que seja apropriado ao contexto situacional do apren-
diz de outra língua.
I play the piano very well. I don’t play the piano very well
Jane plays the piano very well. ................................................
They know my phone number. ................................................
We work very hard. ................................................
He has a bath every day. ................................................
You do the same thing every day. ................................................
Quadro 8: Proposta de atividade
Fonte: adaptado de Murphy (1997)
a) Abordagem comunicativa, haja vista que esse tipo de atividade foca as neces-
sidades comunicativas do aprendiz em língua inglesa.
b) Abordagem comunicativa, uma vez que atividades com estruturas repetitivas
e/ou com um modelo padrão de respostas possibilita o desenvolvimento das
necessidades comunicativas do aprendiz na língua-alvo, como: sugerir, opinar
etc.
c) Método Direto, visto que a natureza desse tipo de atividade tem o objetivo de
ensinar a língua-alvo a partir da língua materna.
d) Método Audiolingual, já que esse tipo de atividade dá ênfase à oralidade.
e) Método Audiolingual, já que esse tipo de exercício com estruturas repetitivas
e/ou com um modelo padrão de respostas converge para o condicionamento
da linguagem.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Inimigo Meu
Autor: Wolfgang Petersen
Ano: 1985
Sinopse: Seres humanos e uma raça de alienígenas travavam uma
batalha espacial quando o soldado humano Davidge e o alienígena
Jeriba acabam perdidos em um planeta inóspito. Antes inimigos
mortais os dois personagens passam a estabelecer um vínculo de
parceria para sobreviver às duras condições do planeta desconhecido. Com o passar do tempo a
relação entre os dois gera consequências inesperadas.
Comentário: No filme (Inimigo meu), os dois personagens centrais fazem parte de espécies diferentes,
consequentemente, não partilham da mesma língua. Entretanto, as adversidades pelas quais os
dois passam juntos fazem que se constitua uma comunicação entre eles, superando, inclusive, a
barreira da língua.
Você consegue pensar no processo que possibilitou que os dois personagens passassem a se
comunicar?
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Nestas sugestões de leitura abaixo, você encontrará mais informações sobre métodos
de ensino de LE, especificamente sobre a abordagem comunicativa. Trata-se de uma
dissertação de mestrado da pós-graduanda Luciana Cabrini Simões, sob orientação da
professora Dr.ª Telma Nunes Gimenez, esta muito conceituada e competente acerca do
ensino e aprendizagem de LE.
<http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?view=vtls000098034>. Acesso em: 17
out. 2014
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professor Me. Fábio Gonçalves Fernandes
II
UNIDADE
DO ENSINO E APRENDIZAGEM
DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar um estudo dos conceitos de ensino e aprendizagem
de acordo com diferentes visões teóricas e as implicações dessas
percepções na prática docente, mais especificamente, no ensino e
aprendizagem de língua estrangeira.
■■ Apresentar um breve histórico das concepções de ensino e
aprendizagem, bem como as implicações pedagógicas desses
pressupostos.
■■ Oferecer aos professores oportunidade de refletir sobre as questões
aqui apresentadas e sobre sua prática pedagógica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O que vem a ser a aquisição e a aprendizagem de uma língua
estrangeira?
■■ Concepções teóricas acerca do ensino e aprendizagem de uma
língua estrangeira.
■■ A teoria cognitivista da aquisição da linguagem
■■ A teoria sociointeracionista da linguagem
■■ A Teoria da aculturação
■■ A Teoria dos universais linguísticos
■■ A Teoria da interlíngua
■■ A Teoria do discurso
■■ A Teoria behaviorista
■■ A Teoria de Krashen
45
INTRODUÇÃO
São grandes os desafios que o professor enfrenta em seu cotidiano, mas, manter-
-se atualizado e desenvolver uma prática pedagógica significativa para o aluno
são os principais desafios de hoje. Nesse sentido, acreditamos que o professor
deve estar consciente que sua formação é contínua e deve estar integrada ao seu
dia a dia e à sua prática docente.
Esta unidade tem como objetivo oferecer a você, futuro(a) professor(a) de
língua inglesa, um momento para a reflexão da sua prática pedagógica e enten-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
46 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA?
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE A AQUISIÇÃO E
APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA
TEORIA DA ACULTURAÇÃO
1
Usamos os termos L1 com referência à língua materna do aprendiz e L2 com referência à língua-alvo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
envolve, ainda, a integração de
outras habilidades (sub-habi-
lidades) que se iniciam como
processos controlados e são auto-
matizados com a prática. Nessas
sub-habilidades, encontram-se a ©shutterstock
aplicação de regras gramaticais,
a escolha do vocabulário apropriado, as convenções pragmáticas que orientam
o uso de uma língua específica.
No processo de automatização, o aprendiz organiza e reestrutura a nova
informação adquirida, integrando, assim, as informações novas às informações
que já possui, alcançando níveis mais altos de domínio da LE.
O aprendiz de LE percebe, seleciona e organiza os objetos, os acontecimen-
tos e os significados por meio de representações internas, assim, no processo de
aquisição de línguas, essas representações estão amparadas no sistema linguístico
e incluem as estratégias para a seleção de vocabulário e das regras gramaticais.
Dessa forma, tanto a automatização quanto a reestruturação são centrais na teo-
ria cognitiva.
Diante do exposto, caro(a) aluno(a), podemos entender que os princípios da
Teoria Cognitiva acreditam que a aprendizagem se dá por meio de um processo
mental que exige a análise e estruturação da língua antes de ela ser processada,
isto é, a visão cognitiva baseia-se na psicologia cognitiva, que se opõe à visão
comportamental, logo, o foco de aprendizagem ocorre por meio de processos
mentais, uma vez que a linguagem é vinculada à cognição.
Por esse viés sociointeracionista, o que interessa dessa visão a você, como
futuro(a) professor(a) de LE, é a percepção de que o ser humano desenvolve-se
em um ambiente social e a interação com outras pessoas é fundamental para o
processo de ensino e aprendizagem. A seguir, vejamos as possíveis contribui-
ções da Teoria Sociointeracionista à prática docente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
√√ Possibilidade de aulas ocorrerem em contextos significativos.
Quadro 12 - Contribuições da Teoria Sociointeracionista à prática docente
Neste tópico, resolvemos trazer a você uma das ideias mais interessantes e ainda
amplamente debatidas que lança uma hipótese curiosa à discussão referente ao
processo de aquisição da língua materna dos seres humanos.
É a Teoria dos Universais Linguísticos desenvolvida por Noam Chomsky,
em seu livro Aspectos da Teoria da Sintaxe, do ano de 1965. Essa teoria discute a
possibilidade da existência de uma espécie de mecanismo genético que é inato
ao ser humano e que contribui para aquisição da linguagem. Esse mecanismo
é denominado LAD (Language Acquisition Device: Dispositivo de Aquisição da
Linguagem).
Para supor a validade dessa teoria é preciso aceitar previamente duas S.
Primeiramente, que o ser humano nasce com habilidades cognitivas linguísticas
preestabelecidas que auxiliam na compreensão e codificação de suas experiên-
cias reais. Também é necessário pensar que a mente humana possui, pelo menos,
dois sistemas cognitivos autônomos e que um deles esteja exclusivamente a ser-
viço da linguagem.
Segundo a teoria, a aquisição de uma língua é um fenômeno que ocorre em
todas as crianças, independente das condições sociais, geográficas e da quali-
dade do canal linguístico de recepção.
É interessante imaginar também que o fenômeno da aquisição ocorre basi-
camente no mesmo período da vida infantil desses indivíduos, seja qual for sua
nacionalidade, realidade social ou variedade de idioma a que são exposto. Por
exemplo, uma criança brasileira tende a adquirir sua língua materna, via de regra,
no mesmo período que as crianças de todas as partes do mundo. Para Chomsky,
esse sincronismo na aquisição da língua materna é fruto da interferência do LAD.
Mas não apenas isso, para o teórico, o LAD tem relação direta com a eficiên-
cia de processamento cognitivo relacionado à linguagem. Chomsky aponta que o
processamento linguístico da criança é amplamente superior ao processamento
relacionado a outras áreas da mente. A criança, no período de aquisição de sua
língua materna, é capaz de processar informações extremamente complexas rela-
cionadas à linguagem, em uma velocidade muito maior do que a velocidade com
que processa outras informações no mesmo período de sua infância.
A partir dessas informações,
o linguista defende que a mente
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humana é dotada geneticamente de
uma área específica voltada, exclu-
sivamente, à linguagem. O linguista
defende esse ponto de vista apresen-
tando o que seriam os elementos
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TEORIA DA INTERLÍNGUA
Teoria da Interlíngua
56 UNIDADE II
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gua inglesa um falante de língua portuguesa tenha que se apresentar à turma e
dizer a sua idade. Nessa fase da interlíngua, é provável que o aluno diga “I have
8 years old”, ao contrário de “I am 8 years old”, isso porque, para nos referirmos
à idade na língua portuguesa, utilizamos o verbo “ter”.
Outro passo relaciona-se ao trabalho desenvolvido pelo instrutor ou profes-
sor atuante no processo de ensino e aprendizagem e às ferramentas pedagógicas
utilizadas. Selinker (1974) defende que a mediação da aquisição pode estar conta-
minada de certas falhas que podem ser adquiridas e enraizadas pelos estudantes.
Professores que utilizam uma estrutura ou pronúncia errada frequentemente ou
materiais didáticos e audiovisuais que contenham falhas podem contribuir para
a manutenção dos erros no desenvolvimento dos alunos.
Por exemplo, é possível que um professor, falante nativo de língua portuguesa
que não domine completamente a pronúncia da língua inglesa, confunda-se na
produção sonora de algumas palavras. Imagine que esse professor, na tentativa
de se referir a cor vermelha, pronuncie erroneamente a palavra “head” e não
“red”. Os alunos fatalmente incorporarão o erro do professor, o que contribuirá
para a manutenção da interlíngua do estudante.
O terceiro passo está ligado às estratégias de aprendizagem de uma língua
estrangeira, nesse caso, o estudante tende a utilizar várias estratégias para adqui-
rir a língua-alvo. Peruchi (2006, p. 12) indica que
Aprendizes empregam várias estratégias de aprendizagem para desen-
volver sua Interlíngua. Os diferentes tipos de erros refletem as diferen-
tes estratégias de aprendizagem assim, por exemplo, erros de omissão
sugerem que o aprendiz esta simplificando a tarefa de aprendizagem
Isso pode ser evidente quando, por exemplo, um aluno está no processo de apren-
dizagem do conteúdo referente ao “present continuous”. Pode ocorrer que o aluno,
quando convidado a formular alguma frase utilizando a nova estrutura, diga “I
studying”, quando deveria dizer “I’m studying”. Isso ocorre porque o estudante
está simplificando a estrutura. Isso seria uma estratégia de omissão, pois o aluno
ainda não estaria pronto para a complexidade da estrutura. Desse modo, a omis-
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Teoria da Interlíngua
58 UNIDADE II
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não fossilize e internalize falhas linguísticas como se essas fossem naturais e
partes constituintes da língua-alvo. Dessa forma, é importante que o professor
busque sempre expor seus alunos a contextos diversos de uso da língua-alvo. Na
impossibilidade de colocar os estudantes em contato direto com falantes nativos
da língua-alvo, é importante tentar sanar essa lacuna com materiais audiovisuais
contextualizados. É, ainda, de extrema importância que o professor ou instrutor
tenha domínio ideal do conteúdo da língua-alvo que trabalhará com seus alunos.
TEORIA DO DISCURSO
De outro lado, povos dominadores impuseram seus idiomas para que o abafa-
mento de manifestações culturais suprimisse o risco de resistência nas dominações
bélicas e políticas.
Desse modo, a linguagem é mais que ferramenta para comunicação eficiente,
é produção e manutenção de cultura. Por isso, está carregada de características
internas e externas que propiciam uma riqueza de possibilidades ideológicas
sedutora, mas que deve ser apreciada com cuidado.
A gama de possibilidades que os caminhos da linguagem possibilitam aos
usuários deve ser tratada com cautela, porque um usuário ingênuo da língua pode
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Teoria do Discurso
60 UNIDADE II
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Vale ressaltar aqui que
sob esse ponto de vista, ini-
cialmente, não há grande
preocupação com domínio
exato e perfeito dos detalhes
estruturais da língua-alvo.
Centra-se a atenção na
comunicabilidade. Portanto,
a Teoria do Discurso prevê
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
naturalmente a aquisição da
língua-alvo em um ambiente
de interação entre falan-
tes, pois, nesse contexto, a
significação da produção lin-
guística seria levada a cabo
mais efetivamente.
Para nós, professores, é importante refletir acerca dessa teoria, pois, em deter-
minados contextos, a realidade sociopolítica em que nossos estudantes estão
inseridos dificulta seu contato com falantes nativos. Logo, devemos estar aten-
tos e propiciar, dentro das possibilidades de cada realidade, a interação entre os
estudantes, utilizando a língua-alvo da maneira mais significativa possível. Além
de auxiliar, de forma natural, na negociação de significados.
Propor e conduzir exercícios de conversação entre os alunos é passo vital
para o desenvolvimento da competência discursiva do grupo. Sendo essa teoria
pautada na comunicabilidade, o professor deve formular os exercícios contextua-
lizando as situações, diálogos, simulações etc., de modo a torná-los significativos.
TEORIA BEHAVIORISTA
Teoria Behaviorista
62 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
çar afirmativamente os esforços discursivos de nossos estudantes, quando são
satisfatórios. Nesse caso, é importante estimulá-los nossos estudantes para que
realizem as tentativas de comunicação na língua-alvo e, a partir dessas tentati-
vas, devemos estar atentos para darmos o reforço positivo, quando necessário.
TEORIA DE KRASHEN
Além dos aspectos mais técnicos relacionados a ferramentas e teorias que pos-
sam auxiliar o professor na condução de seu alunado para a aprendizagem de
uma língua estrangeira, há outro lado, que só passou a figurar entre as discussões
mais relevantes nesse campo há pouco tempo. Estamos falando da afetividade
no contexto de ensino de idiomas.
O linguista estadunidense Stephen Krashen, desenvolveu sua teoria sobre a
aprendizagem e aquisição de linguagem pontuando cinco principais hipóteses
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acerca de aquisição de uma segunda língua. Sua teoria abarca, além dos elemen-
tos relacionados à língua e ao contexto, a relação afetiva que o aprendiz precisa
desenvolver com a aprendizagem.
A primeira das cinco hipóteses de Krashen que discutiremos aqui se refere
à diferença apontada por ele entre aquisição e aprendizagem. O linguista pos-
tula que aquisição é o processo pelo qual o aluno adquire a língua estrangeira
de forma similar à que o nativo adquire sua língua materna, utilizando a lin-
guagem em contextos reais de interação linguística, em que o uso da linguagem
se dá de forma significativa, contextualizada e prática. Já aprendizagem se rela-
ciona estritamente com o contexto escolar, de sala de aula, no qual o aprendiz
estuda e aprende as regras estruturais da língua, preocupando-se diretamente
com a forma. Entretanto, essa relação não é excludente, pois é no contexto de
aprendizagem que o aluno poderá adquirir as ferramentas para se desenvolver
no contexto aquisitivo.
A hipótese do monitor trata-se de um dispositivo adquirido pelo aprendiz ao
longo do processo de aprendizagem que atua internamente, fiscalizando a pro-
dução linguística do indivíduo. Caso o aluno cometa alguma falha na produção
e já tenha aprendido a forma correta, o monitor auxiliará para que o próprio
aluno se corrija e produza a forma correta. A atuação do monitor pode ocorrer
antes, durante ou depois da produção.
Há, também, a hipótese da ordem natural, a qual defende que o indivíduo tende
a adquirir as estruturas gramaticais da língua-alvo em uma determinada ordem
específica, que seria mais ou menos comum a todos os aprendizes. Essa ordem
traz, inicialmente, estruturas menos complexas e se desenvolve gradativamente.
Teoria de Krashen
64 UNIDADE II
Entretanto, para que a ordem natural não seja prejudicada, o aluno não pode ser
exposto a atividades que impliquem raciocínio metalinguístico relacionado ao
contexto de aprendizagem, como reitera Bezerra (2003, p. 35):
o aprendiz apresenta essa ordem em sua produção se estiver envolvido
em atividades de comunicação natural, no entanto tal ordem é per-
turbada caso ele tenha que desenvolver atividades que exijam ou per-
mitam a utilização de conhecimento metalinguístico obtido através de
aprendizagem.
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mento gradual do aluno como aprendiz da nova língua. Krashen (1985) defende
que é necessário desafiar o aprendiz constantemente, sempre com conhecimento
ligeiramente acima do que o próprio aluno apresenta, contribuindo, assim, para
que o aluno continuamente suba novos degraus. Essa hipótese traz a ideia do
“i+1”, em que “i” seria o conhecimento prévio do aluno e “+1” seria a adição de
novo conhecimento. Não podendo ser o novo desafio muito superior ao estágio
em que o aluno se encontre, o que frustraria sua aprendizagem.
Por fim, há a hipótese do filtro afetivo. Segundo Krashen (1985), há diversas
variantes de ordem afetiva que podem contribuir para a aprendizagem. O filtro
afetivo é formado por alguns elementos, dentre eles, a motivação e pré-disposi-
ção que o aluno tem para aprender o idioma e as razões que atraem o interesse
do aluno, como a cultura inerente ao idioma e, também, a identificação e a rela-
ção entre aluno e docente.
Além das motivações, o nível de ansiedade também é importante fator na
constituição do filtro afetivo, bem como a autoconfiança do estudante. Nesse
panorama, para que a aquisição ocorra de forma favorável, o aluno não pode
estar com seu nível de ansiedade elevado, pois isso prejudicaria os fatores de
aprendizagem, funcionando como barreira aos novos conhecimentos introduzi-
dos pelo professor. A autoconfiança deve estar em um nível elevado, para que o
estudante sinta-se confortável no momento da aprendizagem. Segundo Krashen
(1982), esses variados fatores têm papel vital em um bom processo de aprendi-
zagem, pois um filtro afetivo baixo possibilitará uma aprendizagem efetiva, ao
contrário de um filtro afetivo alto, que impedirá o aprendiz de adquirir satisfa-
toriamente os conteúdos referentes à língua-alvo.
É importante lembrar que nossos alunos estão em contato com uma língua dife-
rente. Mesmo que a língua inglesa esteja muito presente no dia a dia de muitos
brasileiros, a intensidade de exposição é limitada, o inglês ainda é uma língua
distante da língua portuguesa.
Consequentemente, nossos alunos estarão em contato com uma língua que
tem uma estruturação muito diferente de nossa língua materna, fato que pode
trazer insegurança e incômodo. Além disso, vimos que a aprendizagem implica
no erro e errar pode trazer acanhamento aos aprendizes, principalmente quando
eles erram na presença de outras pessoas.
Logo, é necessário construir uma atmosfera que favoreça a diminuição do
filtro afetivo dos estudantes, incentivando, criando um ambiente receptivo, traba-
lhando a motivação e organizando nossos passos didáticos, de modo a apresentar
os desafios gradualmente, nunca expondo nossos alunos a conteúdos muito mais
complexos do que eles estão acostumados.
Para você, na condição de professor de LE, quais aspectos das teorias expos-
tas nesta unidade podem contribuir para a sua prática em sala de aula? Em
que sentido?
Teoria de Krashen
Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico
Nesta unidade, discorremos acerca das principais teorias, no processo de aprendizado
de uma língua estrangeira, sobretudo, a língua inglesa, entretanto, destacamos a visão
socionteracionista da linguagem por influenciar as práticas de aprendizagem mais atu-
ais, uma vez que, para Vygotsky, é na interação com outros que são internalizados co-
nhecimentos, funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria
consciência.
Nesse sentido, sugerimos a leitura do livro Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um
processo sócio-histórico, que apresenta as principais ideias sociointeracionistas. Koll, a
autora desse livro, mostra um percurso histórico no qual Lev Vygotsky viveu e desenvol-
veu seus estudos.
A autora, ainda, enfatiza a importância que Vygotsky concedeu à cultura e à linguagem
na constituição humana, ao explorar as relações entre o histórico-social e a linguagem
no desenvolvimento do indivíduo. Assim, ao ler essa obra, você entenderá que Lev Vy-
gotsky considera a origem e a evolução do psiquismo humano, um processo de intera-
ção com o contexto social em que está inserido.
Portanto, aluno(a), a leitura da presente obra configura-se como um instrumento que
reúne de maneira clara e didática o pensamento vigotskyano com suas contribuições
que são necessárias a todos os educadores na busca pelo fazer pedagógico mais eficaz
e eficiente em sala de aula.
KOLL, Marta de Oliveira. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-
-histórico. São Paulo: Scipione, 2010.
Fonte: Os Autores.
67
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
1. Na teoria de Krashen, referente ao input/insumo e ao i+1, é importante que:
a) O professor traga frequentemente conteúdos que estão muito acima do co-
nhecimento atual do aluno, para que este possa desenvolver estratégias de
superação na aprendizagem do idioma.
b) O professor raramente traga conteúdos que estão ligeiramente acima do co-
nhecimento atual do aluno, para que este possa desenvolver estratégias de
superação na aprendizagem do idioma.
c) O professor não ofereça atividades que estejam em um nível diferente do
nível atual do aluno, para que este não se sinta desmotivado pela dificuldade
do desafio.
d) O professor traga frequentemente conteúdos que estão ligeiramente acima
do conhecimento atual do aluno, para que seu aprendizado siga um processo
comparável aos degraus de uma escadaria.
e) O professor não ofereça desafios ao aluno, para não afetar o filtro afetivo dele.
2. Sobre a Interlíngua, é correto afirmar que:
a) O aprendizado do aluno independe do nível de língua do professor/instrutor.
b) Se o aluno for frequentemente exposto a contextos genuínos da língua-alvo,
ele permanecerá por menos tempo na interlíngua.
c) Se o aluno for frequentemente exposto a contextos genuínos da língua-alvo,
ele permanecerá por mais tempo na interlíngua.
d) A exposição do aluno a contextos genuínos da língua-alvo pouco importa
para sua aprendizagem.
e) A fossilização de falhas e desvios não compromete à aprendizagem do aluno.
3. A fim de identificar suas crenças sobre o processo de ENSINO E APRENDI-
ZAGEM de língua estrangeira, complete as orações a seguir conforme suas
concepções e crenças.
a) Ensinar é ...
b) Aprender é...
c) Um bom professor é aquele que...
d) A melhor forma de aprender a língua inglesa é...
69
4. Agora que você, aluno(a), já fez o levantamento de suas crenças e/ou con-
cepções sobre o processo de ensino e aprendizagem de LE, reflita sobre
você como professor de língua inglesa e preencha o quadro abaixo.
Nell
Autor(a): Michael Apted
Ano: 1994
Sinopse: Nell é uma garota que cresceu isolada em uma floresta
afastada do ambiente urbano. Nell nasceu e se desenvolveu tendo
contato apenas com sua irmã gêmea e sua mãe, uma eremita que,
devido a um problema de saúde, falava com grande dificuldade.
Após a morte de sua mãe, Nell é descoberta por Jerome, um
médico local. Jerome se interessa pela curiosidade do caso e entra
em contato com Paula, uma psicóloga. Entretanto, o médico e a psicóloga discordam sobre
o que deve ser feito com o futuro de Nell. Paula deseja estudá-la em laboratório, opção que é
desaprovada por Jerome. Após uma disputa judicial, a justiça determina um prazo de três meses
para que Nell seja observada em seu habitat.
Comentário: No filme, (Nell) a personagem que dá nome à trama desenvolve uma linguagem
diferente de tudo o que já se viu, o que causa curiosidade e interesse por parte de médicos,
psicólogos e da universidade local.
Você consegue ver alguma relação entre as teorias discutidas nessa unidade com o processo de
aquisição da linguagem de Nell?
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professor Me. Fábio Gonçalves Fernandes
ESTRATÉGIAS PARA O
III
UNIDADE
ENSINO DO IDIOMA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Mostrar como as estratégias de ensino funcionam na prática e
como podemos utilizá-las na condição de ferramentas auxiliares no
processo de aprendizagem de nossos alunos.
■■ Evidenciar a efetividade das estratégias de ensino para o ensino e
aprendizagem de LE.
■■ Prover informações sobre as estratégias de aprendizagem de
forma a auxiliar professores e alunos a obterem mais sucesso na
aprendizagem de línguas estrangeiras.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Memória
■■ Cognitiva
■■ Compensação
■■ Metacognitiva
■■ Afetiva
■■ Social
73
INTRODUÇÃO
Introdução
74 UNIDADE III
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MEMÓRIA
Memória
76 UNIDADE III
COGNITIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tica recorrente no contexto de ensino e aprendizagem, para que o aluno possa, de
fato, aprender a usar o idioma de forma satisfatória, mais ainda quando se trata
de uma língua estrangeira que possui nuances diferentes da língua materna do
aprendiz. Para que esse possa alcançar um bom nível de língua no idioma alvo,
a prática é insubstituível para desenvolver sua mente e seu aparelho fonador de
acordo com a língua pretendida.
Portanto, nessa subárea, exercícios de repetição são fundamentais, pois
repetir oralmente novas palavras aprendidas ou reescrever diversas vezes novas
expressões pode contribuir para que o aluno memorize padrões de pronúncia
ou padrões estruturais da língua.
Ainda que descontextualizado, o uso desses mecanismos pode familiari-
zar o aluno com o idioma, mostrando indiretamente características formais da
língua-alvo. Além disso, o seu uso contextualizado também pode trazer benefí-
cios. Nessa categoria também pode se encaixar a repetição de expressões usadas
corriqueiramente, por exemplo, “May I go to the bathroom?”, que, certamente,
contribuirão para a internalização da expressão.
A prática também abrange o uso livre do idioma, por exemplo, quando o
aprendiz se dedica a leitura de livros ou revistas, assistir filmes e seriados ou
ouvir música, ele está se dedicando espontaneamente à prática. Nesses casos,
poderá haver uma integração entre aspectos que ele já conheça e novos conteú-
dos com os quais ele deverá dialogar, tornando essa prática muito valiosa para
a aprendizagem.
As estratégias de recepção e envio de mensagens englobam as técnicas que
os estudantes utilizam para compreender textos escritos ou orais, mesmo não
Cognitiva
78 UNIDADE III
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dos envolvidos e outros elementos que possam contribuir para que o aluno saiba
o máximo que puder sobre o texto antes mesmo de recebê-lo de fato.
Quando da leitura propriamente dita, é importante indicar que, inicialmente,
os alunos devem se atentar as palavras principais, ou mesmo, nas ideias princi-
pais, e não, necessariamente, ater-se a todos os detalhes do discurso.
Finalmente, podemos indicar ao alunado que não se prive da utilização de
resumos, anotações ou marcações antes, durante e depois das leituras. Esses proces-
sos auxiliarão o processo de aprendizagem, pois contribuirão para que o aprendiz
desenvolva suas habilidades manipulativas e transformativas da língua-alvo.
COMPENSAÇÃO
gua portuguesa “pós” e poderá compreender que a palavra se refere a algo como
“pós data”. O mesmo pode ocorrer com a palavra “anticipate”, com o prefixo
“anti”, que pode ser facilmente relacionado com o prefixo da língua portuguesa
“ante” e que culminará na palavra “antecipar ou antecipado”.
Mesmo que não haja uma relação transparente entre sufixos ou prefixos da
língua materna e língua-alvo do estudante, é possível que este use estratégias de
compensação. Vejamos o caso do sufixo “ful” que em língua inglesa é referente
à abundância. Nesse caso, ao se deparar com as palavras “colorful”, “powerful”
ou “painful” é provável que o aluno faça relação com alguma outra que possua a
mesma característica que ele já tenha domínio e, consequentemente, chegue aos
significados “cheio de cores ou colorido”, “cheio de força ou poderoso” e “muita
dor” ou “doloroso”.
A transparência também pode ser utilizada como ferramenta dessas estraté-
gias. Sabe-se que diversas palavras da língua portuguesa têm grande semelhança
com palavras de outros idiomas, inclusive com a língua inglesa. Isso devido
às coincidências que podem ocorrer pela semelhante origem grega, latina ou
mesmo de outras línguas modernas. Entretanto, deve-se ter cautela com essa
ferramenta, pois é possível que nossos alunos caiam nas armadilhas dos falsos
cognatos, palavras que se parecem muito na constituição, mas que em nada se
relacionam no sentido. Como o exemplo da palavra inglesa “pretend” que em
língua portuguesa seria algo como “fingir”, e não “pretender”.
Há, ainda, a possibilidade de usar estratégias corporais no intento de suple-
mentar a comunicação. Os alunos podem lançar mão de gestos e mímicas para
tentar tapar alguma lacuna linguística.
Compensação
80 UNIDADE III
Outra estratégia que pode ser utilizada é a seleção de tópicos a serem dis-
cutidos. Alunos tendem a abordar assuntos que tenham mais familiaridade e
com os quais se sintam mais seguros para produzir linguagem. Nesse sentido,
os estudantes ajustam a mensagem que querem enviar utilizando as possibilida-
des com as quais podem contar.
Do ponto de vista do professor, é de suma importância que possamos maxi-
mizar as estratégias de compensação dos alunos, para que eles sintam-se cada
vez mais confiantes em utilizar a língua-alvo. Desse modo, é importante que pro-
fessores não recebam negativamente as tentativas de compensação dos alunos,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
incentivando-os e dando suporte quando necessário.
O professor pode, ainda, chamar atenção e enfatizar as características das
palavras que possam ser aproveitadas nessas estratégias, como sufixos, prefixos,
semelhanças com a língua materna etc.
METACOGNITIVA
Metacognitiva
82 UNIDADE III
seu progresso (68%); ter objetivos claros para melhorar as habilidades no inglês
(55%) e planejar o horário para estudar inglês (54%). 75% dos aprendizes tam-
bém monitoram as suas reações emocionais e percebem quando estão tensos ou
nervosos enquanto estudam ou usam o inglês.
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AFETIVA
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Outra estratégia de aprendizagem de
línguas, proposta por Oxford (1990),
está relacionada ao subgrupo das
estratégias indiretas, isto é, àquelas
que trabalham com fatores extralin-
guísticos, que atuam no controle das
emoções, das atitudes etc. do aprendiz.
Conforme Oxford (1990), a estra-
tégia afetiva constitui-se como um
recurso que pode reduzir a ansiedade
do aluno com relação ao aprendizado
em LE, uma vez que essa estratégia incide nas “ações específicas realizadas pelo
aluno para tornar a aprendizagem mais fácil, rápida e agradável, mais centrada
no indivíduo, mais eficaz, e melhor adaptável a novas situações” (OXFORD,
1990, p. 8).
A fim de provermos um melhor entendimento e funcionamento dessa estra-
tégia, vejamos o quadro abaixo:
Estratégia afetiva
Diminuir a ansiedade
Como podemos observar, essa estratégia pode auxiliar o nosso aluno a melhor
gerenciar a aprendizagem, sem fazer o uso direto da língua-alvo, isto é, pode auxi-
liar o aprendiz de LE a controlar emoções, motivações e atitudes (OXFORD, 1990,
p. 140), haja vista que esse fator, afetividade, pode ser responsável pelo sucesso
ou não no processo de aprendizagem da língua-alvo do aluno.
Diante do exposto, caro(a) aluno(a), consideramos de fundamental impor-
tância a você, professor(a) e ou futuro(a) professor(a), entender o funcionamento
da natureza dessa estratégia, para que você possa possibilitar ou levar o seu aluno
a fazer uso de ações, como controlar a ansiedade, as autocobranças que o dis-
cente pode fazer sobre a própria aprendizagem, a melhorar a autoestima, dentre
outras possibilidades, uma vez que o fator afetividade pode contribuir para um
melhor controle emocional durante o processo de apropriação da língua-alvo.
Afetiva
84 UNIDADE III
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SOCIAL
Estratégia social
ii. Pedir para ser corrigido: “pedir a alguém para te corrigir durante a
conversa. Essa estratégia é usada com mais frequência nas conver-
sas, mas pode ser utilizada na escrita também” (OXFORD, 1990,
p. 147).
Social
86 UNIDADE III
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Ao refletir sobre as estratégias de ensino explicitadas nesta unidade, verifi-
ca-se que todas podem privilegiar o estudo da língua, sejam materializadas
pelas estruturas gramaticais, vocabulário ou, ainda, extralinguísticas: ao le-
var em conta o processo e/ou as condições de aprendizagem. Nesse sentido,
cabe ao professor estimular o aprendiz a assumir uma posição ativa durante
o processo de apropriação da LE, a fim de que ele possa desenvolver uma
autonomia face à aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
novos conhecimentos adquiridos.
Depois, vimos a estratégia Cognitiva, a qual o aluno pode utilizar ao com-
preender e ou produzir uma nova informação a partir da repetição, da prática
de sons na língua-alvo, anotações sobre as novas informações adquiridas; visu-
alização de filmes, noticiários e músicas.
Ainda dentro do grupo das estratégias Diretas, vimos a estratégia de
Compensação, que possibilita ao usuário da língua-alvo utilizá-la, mesmo que
este não tenha conhecimentos dessa língua, uma vez que, a partir de pistas lin-
guísticas, como prefixos, o estudante de línguas poderá recorrer à língua materna,
à utilização de gestos, a fim de compensar limitações ao fazer o uso dessa estra-
tégia de aprendizado.
Tratamos, também, da exposição das estratégias pertencentes ao grupo das
Indiretas, que relacionam o processo de aprendizagem às ações, como os esta-
dos socioafetivos e metacognitivos.
Dentre as estratégias Indiretas, tratamos da estratégia Afetiva, em que os
estados, como a emoção, atitudes, motivação e valores, são fatores que podem
influenciar na aprendizagem do aluno.
Outra estratégia que estabelece relação com fatores socioafetivos diz res-
peito à estratégia Metacognitiva, que consiste em ações que os aprendizes lançam
mão com o objetivo de autocoordenarem o aprendizado, por meio de planeja-
mento, avaliação.
Por fim, esta unidade trouxe informações sobre a estratégia Social, que
permite ao estudante de LE aprender a língua-alvo por meio da interação e da
colaboração com outros falantes, sejam estes aprendizes ou falantes dessa língua.
Consideramos, portanto, que a compreensão sobre a natureza de cada estra-
tégia é essencial para que você, como professor(a) de LE, possa otimizar suas
aulas, haja vista que essas estratégias de aprendizagem podem auxiliar as ativida-
des linguísticas, além de fatores relacionados com a aquisição, como os sociais,
afetivos e os metacognitivos.
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Considerações Finais
1. As informações abaixo relacionam-se às características da Estratégia da
Memória, EXCETO:
a) Criação de relações mentais.
b) Associação entre vocábulos da língua-alvo e a materna.
c) Contexto de uso.
d) Uso de imagens, rimas, palavras-chave, listas de palavras etc., para memorizar
novos vocabulários.
e) Pedir para ser corrigido.
2. Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta, com relação
às características das Estratégias de Ensino propostas por O’Malley e Cha-
mot (1987) e Rebecca Oxford (1989):
I. Oxford (1990) propôs a classificação das estratégias de ensino em 2 (dois) gru-
pos: estratégias diretas e indiretas.
II. As Estratégias que pertencem ao grupo das Diretas são as que se referem às
ações Afetivas e Sociais.
III. As Estratégias Indiretas têm por objetivos básicos planejar, monitorar e avaliar
a aprendizagem, isto é, são as estratégias empregadas para o gerenciamento da
aprendizagem e de estados sociais e afetivos.
Estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) Todas estão corretas.
3. Assinale a alternativa que caracteriza a Estratégia Metacognitiva:
a) Autoavaliação.
b) Negociar significados.
c) Respirar Fundo.
d) Uso de pistas linguísticas.
e) Exercícios de repetição.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
AS QUATRO HABILIDADES
IV
UNIDADE
COMUNICATIVAS NO ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Mostrar os diferentes procedimentos de leitura (reading).
■■ Elaborar atividade didática para produção escrita (writing).
■■ Prover informações sobre as principais estratégias no ensino da
habilidade de ouvir (listening).
■■ Descrever as estratégias de compreensão oral (speaking).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O processo de compreensão escrita (reading).
■■ O processo de produção escrita (writing).
■■ O processo de compreensão oral (listening).
■■ O processo de produção oral (speaking).
95
INTRODUÇÃO
O foco desta unidade orienta-se pelos pressupostos que norteiam uma prática
de ensino dialógica. Nesse sentido, trataremos, nesta unidade IV, das 4 (quatro)
habilidades no ensino de língua inglesa: i) o processo de compreensão escrita
(reading); ii) o processo de produção escrita (writing); iii) o processo de compre-
ensão oral (listening) e o processo de produção oral (speaking) e suas aplicações
no processo de ensino e aprendizado de língua inglesa.
Primeiramente, na primeira seção, apresentaremos o processo de com-
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Introdução
96 UNIDADE IV
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Como podemos observar, esse teórico defende a importância tanto das estruturas
formais da língua, quanto do papel do leitor no uso e na construção dos sentidos
do discurso, seja falado e/ou escrito. Por esse viés, compartilhamos com as pos-
tulações de Calicchio (2014), esta explica que “os gêneros do discurso2 podem
1
Neste material, tomaremos o enunciado segundo a concepção bakhtiniana da linguagem, que é por meio
dos gêneros discursivos que o uso da língua se processa por enunciados orais e escritos, produzidos pelos
integrantes de uma determinada esfera discursiva (BAKHTIN, 2000, p. 279).
2 Conforme Bakhtin (2000), os gêneros discursivos são histórica e socialmente construídos, uma vez que
se relacionam diretamente às diferentes situações comunicativas, que por sua vez, os determinam com
características temáticas, composicionais e estilísticas (CALICCHIO, 2014, p.32).
Nessa relação tríade, o leitor (aprendiz de LE) pode fazer uso de técnicas de lei-
tura, como predizer, antecipar, formar e reformular hipóteses, avaliar, concordar,
discordar, inferir com base em pistas textuais e extratextuais conforme explica-
remos a seguir.
3 Neste livro de estudos, tomaremos o conceito de gêneros textuais como sinônimo de gêneros do discurso,
assim como denominou Calicchio (2014).
4 Entendemos por condição de produção todos os elementos que envolvem uma situação comunicativa
entre falantes de uma determinada língua, como: o que foi escrito? Quem escreveu? Para quem? Com que
finalidade? De que forma? Quando? Onde?
PREDICTION
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leitor possa inferir eficientemente o signifi-
cado de uma palavra desconhecida ou o conteúdo
de um texto, ele poderá fazer uso de:
a) Seu próprio conhecimento sobre o assunto (background knowledge),
isto é, o leitor pode inferir o conteúdo de um texto por meio do conheci-
mento prévio do assunto abordado nele, pois o significado das palavras
cognatas5 e/ou conhecidas, por exemplo, pode ajudar a entender o con-
teúdo de um texto. Vejamos o exemplo:
Como podemos observar, caro(a) aluno(a), no quadro 16, como o leitor poderia
predizer que o texto é sobre a doença de Parkinson, se não tivesse conhecimento
prévio sobre o assunto? Além disso, as palavras cognatas, no caso desse exemplo
(neurological), fornecem ao leitor pistas para a compreensão geral do assunto.
b) Contexto semântico: é um conjunto de palavras que formam o con-
texto imediato, no qual a palavra desconhecida está inserida. Se o leitor
quer descobrir o significado da palavra disease (do exemplo acima), ele
deve examinar o seu contexto imediato, que é formado pelas palavras
parkinson’s, progressive, neurological e disorder, que o ajudarão a infe-
rir o significado de disease.
SKIMMING
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Na linguagem jornalística, corresponde a parte inicial de um texto (notícia) que fornece ao leitor a
6
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objetivo de leitura.
SCANNING
PUNCTUATION
©s
hu
tificará um enunciado com esse recurso
tte
rst
estratégico por meio de palavras-chave (Key
oc
k
word): because.
A fim de mostrarmos a funcionalidade dessa estratégia, vamos analisar
um trecho da letra da música de Elvis Presley, Suspicious Mind. Por exemplo, a
palavra BECAUSE está iniciando uma ideia que pode guiar o leitor a inferir uma
relação de cause and effect, isto é, a causa do eu lírico não conseguir sair de uma
determinada situação amorosa (efeito), haja vista que ele, o eu lírico da canção,
evidencia o seu grande amor pela pessoa amada (causa):
TIME SEQUENCING
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√√ finally, at last, to conclude, para evidenciar o fechamento, conclusão de
uma ideia.
Esferas da atividade humana: entendidas como domínios discursivos (jurídico, religioso, educacional,
7
jornalístico), que dialogam entre si e produzem, em cada esfera, formas relativamente estáveis de
enunciados – Bakhtin (2000).
Calicchio (2014) explica que, para Marcuschi (2002), ao contrário dos tipos
textuais (dissertativo, descritivo e narrativo, por exemplo), os gêneros textuais
materializam-se em esferas discursivas diversas, uma vez que são resultantes e
determinados por um domínio discursivo.
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escolha é feita considerando, sempre, o contexto comunicativo.
Por exemplo, escrever uma carta pessoal é diferente de escrever uma carta
formal; escrever uma receita não é o mesmo que escrever um editorial. Do mesmo
modo, redigir um relato, é diferente de redigir um resumo, visto que as condi-
ções de produção (quem escreve? sobre o que escreve? para quem? para quê?
quando? onde? e de que forma escreve?) parametrizam a organização textual,
conforme os objetivos comunicativos do produtor do texto.
Conforme Zanini (2009), “A escrita acontece segundo um processo em
que o autor se envolve num contínuo refazer-se, elaborando o seu conheci-
mento de mundo, de línguas e de si mesmo” (ZANINI, p. 20, apud ANTONIO;
NAVARRO, 2009)
A partir desse panorama sobre os gêneros textuais, consideramos a você,
futuro(a) professor(a) de LE, a importância do ensino da habilidade escrita a
partir desses enunciados, uma vez que, da mesma forma que pode acontecer
com a língua materna, também pode acontecer com o ensino em língua inglesa,
assim, apresentaremos a você situações práticas a partir dos gêneros textuais que
podem ser aplicáveis ao ensino da produção escrita (writing) em LE.
√√ Quando?
√√ Onde?
2. Primeira produção de escrita (writing). Nessa ocasião, o professor pode estimular
o aprendiz a escrever o texto conforme as condições de produção. Além disso,
esse é o momento que o professor pode avaliar o desempenho do aprendiz, a
partir da pertinência ao tema escolhido, organização textual (coesão e coerência)
e o uso dos mecanismos linguísticos. Essa primeira produção da escrita pode ser
realizada coletiva ou individualmente e pode ser avaliada por você, professor(a),
contudo, essa avaliação tem como objetivo um treinamento do aprendiz sobre o
gênero, para que possa ser feito ajustes posteriormente.
3. Nessa etapa da atividade de escrita, há o reconhecimento das características da
atividade e encaminhamento de ações (atividades, tarefas) com vistas à melhoria
de problemas com relação à produção do gênero proposto, na produção inicial.
4. Etapa que há uma sequência de atividades por meio de tarefas, de exercícios que
podem levar o aluno a superar problemas com relação ao gênero proposto.
5. Momento da segunda produção textual (escrita), isto é, nesse momento, o apren-
diz pode pôr em prática o que aprendeu durante as etapas anteriores. Nessa fase,
ele tem a possibilidade de refletir sobre sua aprendizagem e entender o que fez,
por que fez e como fez.
6. Momento da avaliação. Essa avaliação deve levar em conta toda a etapa de pro-
dução textual feita pelo aluno, além do que lhe falta para alcançar uma produção
efetiva da escrita, conforme o gênero proposto.
Quadro 17 – Modelo de situação prática para o ensino da escrita a partir dos gêneros textuais – adaptado de
Zanini (2009)
Sequências
Apresentação Produção Produção
de produção Avaliação
da situação Inicial final
da atividade
Como podemos observar, esse modelo de atividade pode orientar a relação pro-
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fessor-aluno durante o processo de ensino da produção escrita, visto que sua
natureza possui concepções teóricas de ensino voltadas às situações concretas
de uso da língua.
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um desempenho mais satisfatório, melhorar a autoconfiança do aluno, ao fazer
uso desses movimentos.
uso da língua inglesa. Conforme vimos na unidade III deste livro de estudos,
segundo Oxford (1990), existe uma inter-relação entre as estratégias diretas e as
indiretas para o ensino de línguas.
ESTRATÉGIAS DIRETAS
• Associar/elaborar: relacionar informação nova com outras já existentes na memó-
ria.
• Colocar novas palavras no contexto. Ex.: Elaborar frases.
• Fazer uso de palavras-chave.
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ESTRATÉGIAS DIRETAS
• Autoavaliação (avaliar o próprio progresso).
Afetivas
• Relaxar, respirar fundo, meditar.
• Usar música.
• Rir: assistir a uma comédia, ouvir/ler piadas.
• Fazer autoavaliação.
• Escrever um diário/agenda com data/ tópico do livro de estudos.
Sociais
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• Pedir esclarecimentos.
• Cooperação entre pares.
• Desenvolver compreensão cultural, por exemplo: tentar entender a cultura do
outro.
• Refletir a respeito dos sentimentos e dos pensamentos dos outros.
Quadro 18 – Estratégias de ensino, adaptada de Oxford (1990)
Você já se perguntou como você aprende? Que critérios você utiliza para
determinar o que quer ou precisa aprender? Como você estuda para desen-
volver as habilidades orais em LE? Você tem dificuldades de compreensão e
produção oral em LE? Se tem, quais são? Como você detectou essas dificul-
dades? O que faz para superá-las?
Os enunciados e o ensino de LI
Para o PCN de língua estrangeira, o ensino de línguas deve considerar uma natureza
sociointeracional da linguagem, uma vez que os enunciados envolvem sempre uma in-
teração entre falantes de uma determinada língua em situações efetivas de uso.
Por esse viés, segundo Bakhtin (2000), o texto é a materialização de um enunciado e é
entendido como unidade contextualizada da comunicação verbal, isto é, para o autor, o
texto não se limita tão somente às estruturas linguísticas de uma língua, mas se organiza
a partir de formas relativamente estáveis determinadas pelas condições de produção,
denominadas de gêneros do discurso.
Ainda conforme Bakhtin (2000), os gêneros discursivos desenvolvem-se por meio do
tempo e correspondem às esferas discursivas de atividades humanas, que se diferen-
ciam e se desenvolvem à medida que cada esfera discursiva comporta um gênero,
como: discurso jornalístico, o jurídico, religioso, educacional etc.
Nesse contexto, chegamos a um ponto interessante de convergência do gênero discur-
sivo com o social, pois, se considerarmos a natureza social da linguagem, não podemos
tratar de forma isolada o gênero do discurso e a sua relação social com as atividades
humanas.
Por esse viés, entendemos que o gênero discursivo abrange um gênero de forma espe-
cífica, o gênero textual, ao materializar situações comunicativas recorrentes, isto é, são
textos que fazem parte de nosso dia a dia e que apresentam características definidas por
suas composições, funções e objetivos comunicativos, como uma carta comercial, um
sermão, um bilhete, uma receita culinária, um e-mail, uma bula de remédio, instruções
de uso, edital de concurso etc.
É notável, portanto, a relevância de um ensino de línguas a partir dos gêneros textuais,
haja vista que existe uma infinidade de enunciados com suas características funcionais
determinadas pelas situações comunicativas.
Isso explica formas de trabalhos didáticos voltando-se para uma prática de ensino de
LE por meio dos gêneros textuais, haja vista que, nesses enunciados, o professor pode
abordar não apenas o funcionamento sistêmico da língua, mas também pode abordar o
funcionamento das relações sociais.
Além disso, uma prática de ensino de LI com os gêneros textuais pode permitir ao pro-
fessor tratar integradamente as habilidades de ensino da língua inglesa, como a produ-
ção escrita, a leitura e compreensão textual, a análise linguística e a oralidade.
Assim, o ensino da língua estrangeira, especificamente a língua inglesa, pode ampa-
rar-se na diversidade dos gêneros textuais, na busca da compreensão das diferentes
formas de materialização da linguagem.
Fonte: Os Autores.
112 UNIDADE IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta unidade. Esperamos, até aqui, termos contribuído com
o seu entendimento sobre as quatro habilidades: ler, escrever, ouvir e falar e o
processo de aprendizagem delas. Desse modo, buscamos trazer um estudo sobre
as estratégias de ensino para a aprendizagem das habilidades discutidas nesta
unidade.
Inicialmente, tratamos de apresentar processo de compreensão oral (Reading)
que consiste na capacidade que o aprendiz de LE pode desenvolver referente à
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leitura e à compreensão de enunciados. Para tanto, fizemos uma exposição das
estratégias de leitura que estão a serviço do processo de leitura como Prediction,
que é uma das habilidades de leitura que envolve adivinhações, suposições do
aprendiz de LE, da habilidade conhecida como Skimming, que refere-se à lei-
tura rápida de um texto para se adquirir uma ideia global sobre um determinado
assunto.
Também vimos a habilidade que diz respeito ao Scanning, que é uma leitura
rápida em que o leitor percorrerá o texto, observando as informações não-ver-
bais, para descobrir aquilo que realmente lhe interessa.
Ainda, sobre o processo de compreensão escrita (Reading), vimos a habilidade
que se refere ao uso dos sinais de pontuação, que funcionam como recursos que
podem facilitar o processo da leitura em língua inglesa, uma vez que esse recurso
linguístico pode revelar informações tanto principais como adicionais à com-
preensão global dos enunciados. Essa habilidade é conhecida como punctuation.
Além dessas estratégias de leitura, tratamos, do recurso estratégico de leitura
(cause and effect), ao evidenciar enunciados que mostram como um fato causa o
outro. Essa habilidade é marcada pelos meios linguísticos, como: because, when etc.
Considerações Finais
1. Quando uma leitura envolve constantes guesses (adivinhações, suposições),
o leitor faz uso da estratégia:
a) Scanning.
b) Skimming.
c) Punctuation.
d) Predicting.
e) Cause and effect.
2. As alternativas abaixo constituem as situações práticas que envolvem o
ensino da escrita por meio dos gêneros textuais, EXCETO:
a) Apresentação da situação.
b) Produção inicial e final.
c) Sequências de produção da atividade.
d) Exposição da produção escrita.
e) Avaliação.
3. Analise as assertivas abaixo e indique a alternativa correta:
I. Quando o aprendiz faz uso do seu conhecimento de mundo para atribuir
significado a respeito dos enunciados, ele faz uso do movimento top-down,
processamento profundo.
II. O processamento bottom-up, processamento superficial, ocorre quando o
aprendiz faz uso apenas do significado das estruturas formais de um enun-
ciado.
III. Quando o aprendiz faz uso do seu conhecimento de mundo para atribuir
significado a respeito dos enunciados, ele faz uso do movimento top-down,
processamento superficial.
IV. O processamento bottom-up, processamento superficial, ocorre quando o
aprendiz faz uso não somente do significado das formas de um enunciado,
mas também de seu conhecimento de mundo.
Estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas III e IV.
e) Todas estão corretas.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
Professora Me. Fátima Christina Calicchio
Professor Me. Fábio Gonçalves Fernandes
V
REFLEXÃO SOBRE PROPOSTAS
UNIDADE
METODOLÓGICAS DE ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA ADAPTÁVEIS A CADA CONTEÚDO
E SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM
Objetivos de Aprendizagem
■■ Prover informações sobre os diferentes contextos que envolvem o
trabalho do professor.
■■ Evidenciar os diferentes fatores que se relacionam à prática docente
nas diferentes instituições de ensino de língua inglesa.
■■ Prover reflexões sobre o papel do livro didático no processo de
ensino e aprendizagem.
■■ Refletir sobre a constituição do projeto político pedagógico e suas
implicações.
■■ Explicitar concepções e/ou crenças sobre o planejamento de aulas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Ensino de língua inglesa em escolas de idiomas
■■ Ensino de língua inglesa em escolas regulares
■■ Análise do livro didático em língua inglesa
■■ Análise do projeto político pedagógico e análise do planejamento
docente
■■ Análise do plano de aula
119
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a disciplina de língua inglesa nas escolas básicas de nosso país não
possui grande prestígio entre a sociedade em geral. Não porque haja desinte-
resse acerca do ensino do idioma nas escolas públicas, mas porque a eficiência
do inglês trabalhado nas escolas básicas é, frequentemente, alvo de críticas e des-
confiança. Vários podem ser os motivos apontados para a constituição negativa
da imagem do inglês nas escolas brasileiras, aspectos históricos, sociopolíticos,
estruturais etc. Entretanto, não é o objetivo desta unidade a discussão aprofun-
dada desse tema, porém ter em mente esse panorama pode ajudar a compreender
a grande expansão dos cursos livres de inglês.
Introdução
120 UNIDADE V
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No sistema educacional brasileiro, além da disciplina de língua inglesa que é
comumente oferecida na grade da educação básica formal das escolas públicas,
há um vasto mercado de cursos livres de línguas estrangeiras fora das escolas
administradas pelo Estado.
Muitas vezes, essas academias de idiomas assumem a responsabilidade de
resolver as lacunas não preenchidas pela educação pública. A crença popular de
que se aprende pouco ou se aprende mal a língua inglesa na escola pública e a
oferta de idiomas que se limita quase sempre a apenas esse idioma contribuem
para que se perpetue a crença de que o Estado peca no que diz respeito ao acesso
e ensino de línguas estrangeiras.
Nesse contexto, as academias de idiomas encontram grande mercado
consumidor para oferecer cursos de várias línguas. Desse modo, é comum,
principalmente em grandes centros, a oferta de cursos, como francês, espanhol,
italiano, alemão, japonês e mandarim, mas a língua que ainda predomina como
preferência pela maioria dos interessados é a língua inglesa.
Na esteira do interesse econômico, empresários e investidores entenderam
o fenômeno da globalização e a expansão do acesso e da procura por línguas
estrangeiras como oportunidade de empreendedorismo. Nesse contexto, sur-
giram, fortaleceram-se e se expandiram diversas franquias que respondem por
grande parte das escolas de cursos livres de idiomas em solo brasileiro. Embora
haja diversas outras escolas que não pertençam a franquias desse segmento, a
força publicitária dessas marcas as coloca em grande evidência e, consequente-
mente, as torna referências de aprendizagem de idiomas. Além disso, o grande
gens diversas. É possível, inclusive, que muitas escolas possuam seus próprios
métodos, desenvolvidos a partir de estudos e reflexões de outros métodos mais
consagrados. Desse modo, muitas escolas oferecem treinamentos, cursos ou capa-
citações para adequar os profissionais a suas expectativas. Em outras palavras,
cada escola terá determinados procedimentos a serem seguidos pelos profissio-
nais. Sistemas de avaliação, planos de aula, e modelos de planejamento podem
ser modelados pela própria escola. Sendo assim, muito da rotina de trabalho é
particular de cada escola.
No entanto, o que pode ser apontado como comum a maioria dos estabele-
cimentos particulares de ensino de idiomas?
Facchin (2009, p. 8) aponta que
A escola de idiomas é considerada escola livre e por isso não precisa
seguir um projeto político-pedagógico como as escolas regulares. Além
disso, a escola de línguas também não é cobrada pela formação de in-
divíduos críticos e reflexivos, cabendo-lhe apenas o ensino de língua
estrangeira. Toda a responsabilidade formadora que tem sido cobrada
nas escolas de ensino regular obrigatório ainda não está formalizada
para as escolas de idiomas. Por isso, a escola de línguas não recebe a
verdadeira atenção como detentora da função de formar indivíduos e
não tem, assim, a mesma projeção pedagógica que tem a escola de ensi-
no regular no que diz respeito aos princípios formadores do indivíduo.
Essa configuração reitera a posição técnica das escolas de idiomas. Nesse con-
texto, mais tecnicista e menos humanista, o professor de idiomas precisa de
grande domínio linguístico, pois seu foco será quase que exclusivamente o ensino
da língua em si.
Consequentemente, há grande exigência de bom domínio linguístico por
parte do professor, pois, a princípio, o aluno que busca as academias de idioma
está buscando estritamente a aprendizagem de uma nova língua.
Outros fatores que distinguem os cursos livres dos cursos regulares são o
nivelamento dos estudantes e o reduzido número de alunos por classe, fatores
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que tendem a influenciar diretamente a prática docente. No contexto do ensino
regular, é comum encontrar turmas com número excessivo de alunos, onde há
desde estudantes com pouca ou nenhuma familiaridade com a língua estrangeira,
até aprendizes que tenham grande domínio do idioma. Esse panorama prejudica
e dificulta planejamento e atuação do professor, além de provocar o desinteresse
em parte da turma. Esse desnivelamento raramente ocorre nos cursos livres, pois
os critérios de divisão de grupos não são baseados em idade ou séries escolares,
mas no nível linguístico que se encontra cada indivíduo.
Em suma, o contexto das escolas de idiomas não segue um padrão fixo e o
professor que pretende atuar nesse nicho precisará ter disposição para apren-
der e se adequar a diversas situações. Daí a necessidade de conhecer as diversas
metodologias e abordagens discutidas na primeira unidade deste livro, além
de estar antenado às novas propostas e tendências que constantemente surgem
nesse meio. O professor que estiver familiarizado com as mais diversas situações
de ensino e aprendizagem estará mais preparado para se adaptar aos diferentes
contextos que esse mercado oferece.
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linguísticas, que poderão lhe proporcionar mais autonomia em um contexto
internacional globalizado. Os PCNs também apontam que a aprendizagem de
uma língua estrangeira pode contribuir inclusive para o desenvolvimento comu-
nicativo da própria língua materna do indivíduo e que a abordagem tende a ser
mais voltada ao desenvolvimento da leitura dos estudantes.
Com exceção da situação específica de algumas regiões turísticas ou de
algumas comunidades plurilíngües, o uso de uma língua estrangeira
parece estar, em geral, mais vinculado à leitura de literatura técnica ou
de lazer. Note-se também que os únicos exames formais em Língua Es-
trangeira (vestibular e admissão a cursos de pós-graduação) requerem
o domínio da habilidade de leitura. Portanto, a leitura atende, por um
lado, às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade
que o aluno pode usar em seu contexto social imediato. Além disso,
a aprendizagem de leitura em Língua Estrangeira pode ajudar o de-
senvolvimento integral do letramento do aluno. A leitura tem função
primordial na escola e aprender a ler em outra língua pode colaborar
no desempenho do aluno como leitor em sua língua materna (BRASIL,
1998, p. 20).
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assolam as escolas públicas brasileiras há tempos. E a falta de investimento tam-
bém contribui para a baixa qualidade do ensino de língua estrangeira nas escolas
regulares. Ora, o ensino de línguas estrangeiras demanda materiais diversos,
principalmente relacionados a ferramentas de mídia. Materiais de vídeo, áudio,
imagens e objetos de realia são necessários para que os professores possam aten-
der as diferentes necessidades e expectativas dos alunos. Apenas a tradicional
dupla giz e quadro-negro não é suficiente para o desenvolvimento das habilida-
des linguísticas dos estudantes.
Diante de tantos obstáculos, o que você, caro(a) aluno(a), pode fazer para
estar bem preparado para atuar em uma classe de inglês do ensino regular?
Boa formação e domínio linguístico é fundamental para garantir a confiança
dos estudantes. Conduzir com segurança as aulas e garantir a familiaridade com
os conteúdos linguísticos que trabalhará é primordial para construir um ambiente
favorável à boa prática docente.
Ainda que frequentemente as condições estruturais oferecidas em diversas
escolas não sejam as ideais, o professor de inglês deverá buscar alternativas para
a falta de materiais didáticos eficientes. Confeccionar suas próprias imagens por
meio de recortes ou impressões, criando seu próprio acervo imagético pode ser
uma boa opção para despertar o interesse e atenção dos alunos. Construir um
arquivo de vídeos e áudios que possa ser utilizado em determinados contextos
também é uma boa tática, desde que tais documentos sejam frequentemente
atualizados. A constituição de um arquivo de objetos que possa exemplificar ou
contextualizar conteúdos linguísticos é ainda uma riquíssima opção para dei-
xar sua aula mais atraente. Prender-se a uma rotina pautada apenas em textos é
uma postura arriscada.
A saída que pode ser proposta para superar o problema das turmas numero-
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sas é a divisão de grupos para atendimentos mais pontuais. Pedir que os alunos
formem grupos menores e orientar os grupos de forma mais exclusiva pode tra-
zer bons resultados. Nesse ponto, é necessário tentar utilizar a desvantagem a seu
favor. Proponha situações de interação entre os membros dos grupos, exercícios
de oralidade ou simulações são exemplos que podem aproveitar a interação entre
eles. Há, ainda, a possibilidade de recorrer à monitoria, delegando aos alunos
mais habilidosos com o idioma a tarefa, voluntária, de auxiliar os outros estu-
dantes que demonstrem mais dificuldade.
Para lidar com o desnivelamento das turmas, você deverá trabalhar sempre
precavido com atividades extras, que possam desafiar alunos em níveis mais avan-
çados ou reforçar a aprendizagem de alunos em níveis mais atrasados.
Com relação aos materiais didáticos, você deve escolher criteriosamente
um material que possa atender da melhor forma possível todos os alunos de sua
classe. Se a escolha não for de sua responsabilidade, você deverá tirar o melhor
proveito possível do material que tem em mãos. As discussões acerca do mate-
rial didático serão desenvolvidas a seguir.
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car professores e alunos como receptores passivos dos materiais didáticos sem
que os indivíduos se posicionem e dialoguem com o livro:
O professor recebe um ‘‘pacote’’ pronto e espera-se dele que o utilize.
Ele é visto como usuário, assim como o aluno, e não como analista. Ele
é um consumidor do produto, segundo as diretrizes ditadas pelo autor.
Essa concepção do professor como consumidor e não construtor, como
usuário e não analista pode ser inferida também por outra característi-
ca do livro do professor, bastante difundida, embora haja livros que não
a sigam, que é a de apresentar respostas a todos os exercícios. Tais pro-
cedimentos, que estabelecem o LD como um objeto fechado à interpre-
tação, revelam a concepção, pelo autor e editor do LD e, possivelmente,
também pelos seus consumidores, de que o livro seja um lugar no qual
os sentidos se fecham, se completam e aparecem de forma transparente
ao professor (GRIGOLETTO, 1999, p. 68-69).
Desse modo, é necessário que o professor esteja preparado para receber o material
criticamente e possa analisar todos os aspectos do livro, a fim
de poder melhor utilizar todas as suas ferramentas.
Machado (1996) indica que o livro didático
precisar ter algumas características minimamente
eficazes para atingir seu objetivo principal, que é
servir de auxílio no processo de ensino e apren-
dizagem. O autor indica que os aspectos básicos
do livro didático devem ser:
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uso dos elementos visuais pode trazer benefícios ao professor. As ilustrações de
um texto, por exemplo, podem e devem ser utilizados nos exercícios de pré-lei-
tura, contextualizando o aluno sobre o que está sendo discutido naquela situação.
Mesmo as ilustrações gerais devem ser adequadas ao conteúdo relacionado para
que o próprio aluno possa ter autonomia de dialogar com seu material.
É indispensável para um livro didático que este possua um manual para
auxiliar o professor em seu planejamento. Assim, principalmente os objetivos e
procedimentos metodológicos têm que estar claros para que o professor possa
planejar suas ações. Além disso, o material deve conter caminhos que levem ao
aprofundamento do conhecimento, deixando sempre outras possibilidades em
aberto, apresentando indicações de leitura, websites e outros materiais que pos-
sam contribuir para enriquecer o trabalho pedagógico. Outros aspectos que não
podem ser ignorados pelo material são as indicações e sugestões avaliativas.
E claro, o livro deve conter bom conteúdo. De nada adianta um livro estru-
turalmente bem organizado se seu conteúdo for fraco ou conter falhas e erros.
Cabe ao professor identificar se a forma como os conteúdos e atividades são
expostos no livro é satisfatória e, ainda, se o conteúdo empregado no material é
coerente, válido e correto.
A escolha do livro didático não deve ser realizada individualmente. É inte-
ressante que você enquanto professor possa dialogar com a equipe pedagógica
e outros professores, a fim de democratizar a discussão sobre qual é a melhor
opção de material. Caso a escolha não esteja ao seu alcance, você deverá dialogar
da melhor forma possível com o material, aproveitando seus aspectos positivos
e o adaptando ao seu contexto de trabalho, sem perder de vista sua criticidade.
Você já ouviu falar do PPP? Essa é a sigla para Projeto Político Pedagógico, que
nada mais é do que um documento desenvolvido pelas instituições educacionais
para nortear todas as ações que permeiam o ambiente escolar.
O MEC indica que o PPP
É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão, de decisões so-
bre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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que ministrará. Conhecer profundamente o conteúdo evita que você adiante
informações que podem ser melhor aproveitadas no futuro, além de possibilitar
uma compreensão do todo, contribuindo para que você introduza as informa-
ções mais relevantes nos momentos mais apropriados.
Você deverá sempre ter em mente qual é a finalidade do conteúdo que traba-
lhará, como desenvolverá o conteúdo e qual é o objetivo de trabalhá-lo. Sem esses
questionamentos, fica difícil obter bons resultados. Sem objetivos e metas, não
podemos traçar um plano de trabalho. Entretanto, lembre-se: seu planejamento
deve ser flexível, permitindo mudanças quando elas se tornarem pertinentes.
Além disso, no planejamento, você deverá traçar quais metodologias utilizará
em cada situação, organizando, também, quais serão os recursos e ferramentas
que necessitará. Sem organização prévia, a utilização de materiais de apoio pode
gerar grandes complicações e, ainda, não atingir os resultados esperados.
Como vimos, a tarefa de ensinar um idioma estrangeiro pode ser muito tra-
balhosa. Mas o trabalho pode ser ainda mais desafiador quando o nosso pú-
blico é composto por crianças. Esse público geralmente tem problemas em
dedicar o tempo necessário aos estudos, eles têm dificuldade em se orga-
nizar para desenvolver sua rotina. Portanto, se os pais ou responsáveis não
participarem de maneira efetiva na vida escolar de seus filhos, certamente
você terá ainda mais dificuldades de ensinar a língua inglesa. Além disso,
durante as aulas, as crianças tendem a se concentrar por menos tempo, dis-
traindo-se com facilidade e perdendo o foco frequentemente.
Para combater essas adversidades, você deverá estar preparado para sem-
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pre manter seus alunos concentrados. Isso demanda que você tenha diver-
sas atividades altamente interativas e, até mesmo, atividades extras, que
possam ser utilizadas quando os alunos começarem a se dispersar. Você
deverá ter sempre a denominada “carta na manga” para nunca ser pego de
surpresa.
Fonte: Os Autores.
Os passos finais de seu planejamento serão dados durante sua rotina pedagógica.
É durante a execução de seu trabalho prático que se farão necessárias as últimas
ferramentas de um bom planejamento, os planos de aula.
Os planos de aula são documentos nos quais você sistematizará e registrará
previamente a organização de suas aulas. Aulas sem planejamento prévio podem
acarretar graves problemas na sua prática docente, por exemplo, o desinteresse
dos alunos, falta de objetivos, falhas de conteúdo etc. Professores desprepara-
dos podem facilmente se perder durante as aulas, se não tiverem previamente
traçado alternativas para os problemas que possam emergir durante a prática.
Mesmo que não seja possível manter todas as situações sob controle, o impro-
viso só deve ser usado quando não houver outras possibilidades.
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giz, quadro, projetor, aparelho de som, DVD etc.
Além disso, deve estar previsto no plano quais serão os conteúdos trabalha-
dos, como se dará a articulação entre teoria e prática e quais serão as metodologias
utilizadas para conduzir a aula.
Outro ponto que deve ser levado em conta na constituição do plano é como
serão realizadas as avaliações, como o professor poderá verificar o avanço e a
aprendizagem dos alunos.
É indispensável que o plano contenha a previsão de tempo de duração de
cada atividade, para que a aula se mantenha organizada e para que o professor
possa aproveitar da melhor forma possível os momentos da ação docente.
©shutterstock
fessores deixem preparadas
respostas e explicações para
possíveis questões e dúvidas
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I. Plano de Aula: Data: nesse campo, o professor deverá incluir a data em que a
aula será realizada.
II. Dados de Identificação: nesse campo, deverão ser incluídas as informações a
seguir:
Escola:
Professor (a):
Professor (a) estagiário (a):
Disciplina:
Série:
Turma:
Período:
III. Tema:
- Nesse ponto, o professor deve expressar o assunto que será trabalhado na aula.
Aqui, trata-se ainda do assunto mais amplo, por exemplo, o contexto de com-
pras e vendas de comidas e bebidas.
- Aqui, o professor pode detalhar um pouco mais o assunto, exemplificando, por
exemplo, que nessa aula serão trabalhados os vocabulários referentes a fast-
-food e às estruturas linguísticas comumente utilizadas para comprar e vender
alimentos desse tipo em contextos de utilização de língua inglesa.
IV. Objetivos: nesse ponto, o professor explicitará quais são os objetivos a serem
alcançados pelos estudantes. A pergunta que move esse tópico é: o que os alu-
nos deverão ter aprendido ao final dessa aula?
Objetivo geral: aqui, o professor deverá indicar qual é o objetivo central da aula.
Objetivos específicos: e aqui deverão ser especificados os objetivos mais deta-
lhadamente. Geralmente, são três ou quatro objetivos indicados nesse tópico.
OBS.: frequentemente, escrevem-se aqui verbos indicativos que indicam as ha-
bilidades que os alunos devem desenvolver, como: identificar, reconhecer, usar
etc.
V. Conteúdo: aqui, o professor pode organizar em tópicos e mais diretamente
quais serão os conteúdos trabalhados durante a aula.
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VI. Desenvolvimento do tema: nesse ponto, o professor pode indicar como
procederá para desenvolver sua aula, como desenvolverá o conteúdo, quais
metodologias utilizará e, ainda, quais serão as estratégias para contextualizar as
atividades.
VII. Recursos didáticos: projetor, giz, computador, mapas, imagens, realia, apa-
relho de som, livros, revistas, DVDs etc.
VIII. Avaliação: as avaliações podem ser diagnóstica, formativa e somativa.
Também podem ser descritos aqui quais serão os procedimentos avaliativos,
questões, discussões em grupo, avaliação escrita, trabalhos em grupo etc.
XIX. Bibliografia: nesse tópico, o professor deve indicar toda a bibliografia usa-
da para o desenvolvimento da aula.
Quadro19 – Modelo de plano de aula
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
1. Qual das soluções a seguir pode vir a ser mais efetiva para contornar os pro-
blemas estruturais que as escolas públicas tendem a apresentar com rela-
ção ao ensino de língua estrangeira?
a) Solicitar que os alunos levem à sala de aula todos os materiais multimídia que
tiverem em casa.
b) Utilizar apenas o que estiver disponível na escola, pois sempre é o necessário.
c) Buscar alternativas, além dos materiais oferecidos pela escola, por exemplo,
criando um acervo próprio de vídeos, imagens físicas, objetos de simulação
etc.
d) Substituir as atividades que necessitem de ferramentas multimídia por ativi-
dades no caderno ou livro.
e) Evitar as atividades que necessitem de materiais e ferramentas multimídia.
2. Qual das alternativas abaixo NÃO pode ser uma boa opção para contornar o
problema da superlotação das salas de aula no contexto do ensino regular:
a) Propor trabalhos de monitoria, em que alunos mais habilidosos auxiliem
alunos que apresentem mais dificuldades na língua-alvo.
b) Dividir a turma em grupos e assessorar esses grupos de maneira mais
próxima e mais individualizada.
c) Explicar os conteúdos individualmente, sem se preocupar com o tempo
da aula, pois o que importa é apenas o bom aprendizado do estudante.
d) Preparar sempre tarefas extras e desafiadoras, que possam ser destina-
das a alunos que não encontrem dificuldades para realizar as atividades
propostas para a turma.
e) Preparar sempre tarefas extras que possam reforçar o aprendizado dos
alunos que demonstrem mais dificuldades frente aos conteúdos.
3. Um bom material didático NÃO deve ter:
a) Conteúdo claro que o próprio aluno possa compreender.
b) Imagens e cores que auxiliem na compreensão de conteúdos.
c) Um manual que auxilie no planejamento dos professores.
d) Atualização constante dos conteúdos.
e) Imagens e cores que visem aprimorar a estética do material.
4. Quais fatores devem ser levados em conta quando da organização de um
plano de aula?
MATERIAL COMPLEMENTAR
Escritores da Liberdade
Sinopse: A professora Erin Gruwell aceita o desafio de
educar um grupo de adolescentes em situação de risco. Em
sua prática docente a professora se depara com situações
complexas em uma escola que sofre com problemas de ordem social. A princípio, a professora
recebe dura resistência por parte dos estudantes e do contexto em geral. Assim, Erin deve buscar
soluções e saídas para vencer o difícil desafio que tem pela frente.
Material Complementar
143
CONCLUSÃO
Neste livro, apresentamos as principais questões que movem o ensino de uma lín-
gua estrangeira, limitando o seu objetivo e, também, o seu objeto de estudo.
Na primeira unidade, ao elencar os principais métodos e abordagens para o ensino
de uma língua estrangeira, tivemos por objetivo tornar claro ao(à) aluno(a) infor-
mações sobre as caraterísticas e o funcionamento dos métodos e/ou abordagem
no processo de ensino de uma segunda língua, além de reflexões sobre a prática
docente no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira.
Em seguida, procuramos apresentar um breve histórico das principais concepções
de ensino e aprendizagem, bem como as implicações pedagógicas desses pressu-
postos na prática docente. Procedemos desse modo para que você pudesse com-
preender como um estudo dos conceitos de ensino e aprendizagem de acordo com
diferentes visões podem proporcionar aos professores reflexões sobre a sua con-
cepção de ensino.
Nas unidades III e IV, procuramos trazer as principais estratégias de ensino e habili-
dades de compreensão da língua inglesa e a sua funcionalidade na prática, ainda,
como utilizá-las na condição de ferramentas auxiliares no processo de aprendiza-
gem dos estudantes de LE.
Por fim, na unidade V, apresentamos os aspectos do ensino e aprendizagem de idio-
mas estrangeiros, como as concepções teóricas, abordagens, metodologias, técni-
cas e estratégias discutidas nas unidades anteriores que podem ser aplicadas em
diferentes contextos de ensino e aprendizagem de língua inglesa no Brasil.
Apesar da nossa intenção de apresentar um estudo que abrangesse várias questões
a respeito daquilo que poderíamos denominar como prática de ensino de inglês,
devemos alertar para o fato de que esta é apenas uma introdução para estudos
mais aprofundados sobre o assunto, nesse sentido, aluno(a), você poderá consultar
as sugestões indicadas no decorrer das unidades, além de consultar as referências
bibliográficas.
Esperamos ter conseguido alcançar nosso objetivo de apresentar e introduzir refle-
xões sobre a prática docente, levando-o(a) à reflexão sobre a prática docente em
situações concretas de uso da língua inglesa.
145
REFERÊNCIAS
UNIDADE I
1. Na abordagem comunicativa da língua, para ser um bom professor de lín-
gua estrangeira, é fundamental que:
a) O professor exponha o aluno a exercícios do tipo estímulo e resposta.
b) Os alunos tenham domínio da terminologia gramatical e o conhecimento pro-
fundo das regras com todas as exceções da língua-alvo.
c) Somente o aluno é responsável pelo próprio aprendizado.
d) Tanto o professor quanto o aluno precisam estar envolvidos efetivamente no
processo. Inicialmente, o professor deve adequar-se à turma, conhecer os alunos
e analisar o ambiente escolar.
e) Haja um empenho significativo do aluno no sentido de evitar erros estruturais
da língua-alvo.
2. As informações das alternativas abaixo estão relacionadas com o conceito
do método audiolingual, EXCETO:
a) Nesse método não existe uma ordem de preferência na apresentação das habili-
dades comunicativas (ouvir, falar, ler e escrever).
b) Os conteúdos são introduzidos sempre em forma de diálogo.
c) Não há explicação gramatical, pois as estruturas são ensinadas por meio do pro-
cesso indutivo.
d) O processo de aquisição de uma língua é apenas uma questão de constituição
de hábito.
e) As aulas baseadas no método audiolingual fazem excessivo uso de completar,
em que os alunos produzem o mesmo padrão gramatical, mas são induzidos a
utilizar diferentes palavras nesses padrões, na expectativa de que eles possam
adquirir bons hábitos de linguagem.
3. Analise, abaixo, uma proposta de atividade de inglês e assinale qual é o mé-
todo ou a abordagem subjacente ao exercício proposto.
GABARITO
a) Abordagem comunicativa, haja vista que esse tipo de atividade foca as necessi-
dades comunicativas do aprendiz em língua inglesa.
b) Abordagem comunicativa, uma vez que atividades com estruturas repetitivas e/
ou com um modelo padrão de respostas possibilita o desenvolvimento das ne-
cessidades comunicativas do aprendiz na língua-alvo, como: sugerir, opinar etc.
c) Método Direto, visto que a natureza desse tipo de atividade tem o objetivo de
ensinar a língua-alvo a partir da língua materna.
d) Método Audiolingual, já que esse tipo de atividade dá ênfase à oralidade.
e) Método Audiolingual, já que esse tipo de exercício com estruturas repetitivas e/
ou com um modelo padrão de resposta converge para o condicionamento da
linguagem.
UNIDADE II
1. Na teoria de Krashen, referente ao input/insumo e ao i+1, é importante que:
a) O professor traga frequentemente conteúdos que estão muito acima do conhe-
cimento atual do aluno, para que este possa desenvolver estratégias de supera-
ção na aprendizagem do idioma.
b) O professor raramente traga conteúdos que estão ligeiramente acima do conhe-
cimento atual do aluno, para que este possa desenvolver estratégias de supera-
ção na aprendizagem do idioma.
151
GABARITO
RESPOSTA ESPERADA: Essa atividade objetiva fazer com que o aluno realize um le-
vantamento de suas crenças e/ou concepções sobre o processo de ensino e apren-
dizagem de línguas estrangeiras.
GABARITO
UNIDADE V
1. Qual das soluções a seguir pode vir a ser mais efetiva para contornar os
problemas estruturais que as escolas públicas tendem a apresentar com re-
lação ao ensino de língua estrangeira?
a) Solicitar que os alunos levem à sala de aula todos os materiais multimídia que
tiverem em casa.
b) Utilizar apenas o que estiver disponível na escola, pois sempre é o necessário.
c) Buscar alternativas, além dos materiais oferecidos pela escola, por exemplo,
criando um acervo próprio de vídeos, imagens físicas, objetos de simulação etc.
d) Substituir as atividades que necessitem de ferramentas multimídia por ativida-
des no caderno ou livro.
e) Evitar as atividades que necessitem de materiais e ferramentas multimídia.
2. Qual das alternativas abaixo NÃO pode ser uma boa opção para contornar o
problema da superlotação das salas de aula no contexto do ensino regular:
a) Propor trabalhos de monitoria, em que alunos mais habilidosos auxiliem alunos
que apresentem mais dificuldades na língua-alvo.
b) Dividir a turma em grupos e assessorar esses grupos de maneira mais próxima e
mais individualizada.
c) Explicar os conteúdos individualmente, sem se preocupar com o tempo da aula,
pois o que importa é apenas o bom aprendizado do estudante.
d) Preparar sempre tarefas extras e desafiadoras que possam ser destinadas a alu-
nos que não encontrem dificuldades para realizar as atividades propostas para
a turma.
e) Preparar sempre tarefas extras que possam reforçar o aprendizado dos alunos
que demonstrem mais dificuldades frente aos conteúdos.
3. Um bom material didático NÃO deve ter:
a) Conteúdo claro que o próprio aluno possa compreender.
b) Imagens e cores que auxiliem na compreensão de conteúdos.
c) Um manual que auxilie no planejamento dos professores.
d) Atualização constante dos conteúdos.
e) Imagens e cores que visem aprimorar a estética do material.
GABARITO