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ECONOMIA DO
SETOR PÚBLICO
<http://lattes.cnpq.br/0168207316464790>
<http://lattes.cnpq.br/0458701505878523>
APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) ao livro de Economia do Setor Público. É com
muito prazer que apresento a você este livro, resultado de um trabalho feito com muito
carinho. Sou a Professora Me. Daniela Carla Monteiro, autora deste material, o qual pre-
parei com muita dedicação para que você aprenda acerca do relevante papel do setor
público na economia.
Assim, ressalto que os assuntos que você estudará nesta disciplina serão de grande re-
levância para sua formação, ao passo que o domínio dos conteúdos ministrados aqui
propiciarão uma nova maneira de pensar, já que reúne discussões sobre: (a) o setor pú-
blico na economia; (b) as atribuições econômicas dos estados modernos; (c) sistema
tributário, incidência tributária e eficiência; (d) estrutura, crescimento e contenção das
despesas e das dívidas públicas; (e) orçamento público: conceitos, princípios, ciclos e
orçamento participativo. Meu objetivo, ao escrever este livro, foi criar meios para que
você compreenda, da melhor maneira possível, conceitos, instrumentos e mecanismos
que fazem parte da economia do setor público, pois o ajudarão a encontrar possíveis
respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidia-
namente.
Ainda nessa vertente, o conhecimento em questão proporcionará a você melhor com-
preensão das políticas de cunho econômico vigentes no país, de modo que o exercício
da cidadania se fortalecerá. A título de exemplo, considere um cidadão que conheça
bem o contexto socioeconômico do país em que vive. Tal cidadão será capaz de identi-
ficar e de avaliar com mais propriedade, em um período eleitoral, as propostas de viés
socioeconômico dos candidatos, não é mesmo?
Ressalto ainda que, embora os conteúdos do livro tratem apenas de modo introdutó-
rio e simplificado os principais conceitos, instrumentos e mecanismos que envolvem o
tema, ele permitirá a compreensão de questões de extrema relevância. Por isso, sugiro
que aproveite!
Com relação à estrutura geral, o livro foi organizado em cinco unidades que foram elen-
cadas da seguinte maneira: Unidade 1, O Setor Público na Economia, nesta unidade,
você aprenderá, entre outros, o papel, as competências e as principais relações do se-
tor público no contexto econômico. Na Unidade 2, Atribuições Econômicas dos Esta-
dos Modernos, por sua vez, você aprenderá sobre as funções econômicas do governo
e sobre as falhas de mercado que justificam a intervenção do Estado na Economia. Se-
quencialmente, na Unidade 3, Sistema Tributário, Incidência Tributária e Eficiência, você
aprenderá sobre as características do sistema tributário vigente, bem como sobre os
efeitos da tributação sobre a atividade econômica. Posteriormente, na Unidade 4, Es-
trutura, Crescimento e Contenção das Despesas e das Dívidas Públicas, você aprenderá
sobre despesa pública, déficit governamental, dívida nacional e política fiscal. Por fim,
na Unidade 5, Orçamento Público: Conceito, Princípios, Ciclos e Orçamento Participati-
vo, você aprenderá sobre conceitos e princípios do orçamento público. Ademais, apren-
derá, entre outros, sobre ciclos orçamentários, etapas de elaboração do orçamento e
orçamento participativo.
APRESENTAÇÃO
Vale relembrar que este livro, caro(a) acadêmico(a), foi pensado para você enquanto
cidadão ativo em nosso país e enquanto estudante de graduação. Nesse sentido,
fique atento aos conteúdos que serão ministrados e estabeleça relações do mesmo
com as situações vigentes no mundo e no país em que vivemos.
Ademais, dedique-se a ler e a interagir com os textos, fazer anotações, anotar e es-
clarecer suas dúvidas, verificar as indicações de leitura, realizar novas pesquisas so-
bre os assuntos abordados, responder às atividades de autoestudo, entre outros.
Lembre-se de que toda e qualquer informação ou conhecimento adicional contri-
bui, e muito, para a construção e para a solidificação de sua formação.
Por fim, esperamos que esta iniciação ao conhecimento da economia do setor pú-
blico seja de grande valia para a sua vida pessoal e profissional. Em caso de dúvidas,
encontro-me à sua disposição juntamente com a equipe Unicesumar.
Um forte abraço!
09
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
16 Política Econômica
20 Política Fiscal
28 Política Monetária
31 Política de Rendas
32 Considerações Finais
40 Referências
41 Gabarito
UNIDADE II
45 Introdução
55 As Falhas de Mercado
70 Considerações Finais
78 Referências
79 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
83 Introdução
92 Princípios Tributários
97 Competências Tributárias
121 Referências
122 Gabarito
UNIDADE IV
125 Introdução
160 Referências
161 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
ORÇAMENTO PÚBLICO
165 Introdução
198 Referências
199 Gabarito
200 Conclusão
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Diego Figueiredo Dias
INSTRUMENTOS DE
I
UNIDADE
POLÍTICA ECONÔMICA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Explicar o que é política econômica.
■■ Compreender a política fiscal enquanto principal instrumento de
política econômica.
■■ Analisar a relevância da política monetária enquanto instrumento de
política econômica.
■■ Discutir as políticas cambial e comercial enquanto instrumentos
externos de política econômica.
■■ Estudar o instrumento de política econômica conhecido como
política de rendas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Política Econômica
■■ Política Fiscal
■■ Política Monetária
■■ Políticas Externas: Cambial e Comercial
■■ Política de Rendas
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
POLÍTICA ECONÔMICA
Com o objetivo de atuar nos âmbitos da produção, circulação e consumo dos bens
e serviços, o governo tem adotado um conjunto de medidas, chamado de política
econômica. Tanto o conteúdo quanto o alcance dessas medidas são variáveis. O
que quero dizer é que a política econômica varia de economia para economia e
depende muito do modo de produção em que está inserida e do grau de diversi-
ficação da economia. Ademais, depende do ponto de vista dos chefes de estado
e/ou chefes de governo quanto ao papel do Estado na economia e quanto aos
objetivos que pretende alcançar.
Afinal, quais são os objetivos de política econômica que usualmente têm sido
discutidos? De acordo com Albergoni (2008, p. 215), os referidos objetivos são:
• Crescimento – melhoria ou expansão dos recursos, implantação de
infraestrutura adequada e adequação da poupança externa e interna.
Note que tais objetivos, quando alcançados, geram crescimento econômico que,
por conseguinte, podem gerar desenvolvimento econômico. Para que você possa
compreender melhor o que estou explicando, vamos conhecer os dois conceitos
supramencionados. Segundo Vasconcellos e Garcia (2014, p. 110), quando se fala
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Política Econômica
18 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dizer que é possível que haja crescimento sem desenvolvimento, mas que não
será possível desenvolvimento sem crescimento, compreende? Esse é o caso do
Brasil. Enquanto economia subdesenvolvida, nossos períodos de crescimento
nem sempre possibilitam desenvolvimento.
Os termos mais comuns são: (a) curto prazo – longo prazo; (b) conjuntu-
ral – estrutural; (c) estabilização – crescimento/desenvolvimento. Os primeiros
termos, descritos em (a), referem-se ao horizonte temporal tanto para aplicar
instrumentos de política econômica quanto para averiguar as respostas da sua
empregabilidade. Destaca-se que o critério temporal, via de regra, é subjetivo e
discutível. Os termos descritos em (b) referem-se à responsabilidade do governo
quanto à regulação e ao controle da economia. Esse tipo de ação é empregado
por meio de mecanismos que afetam a demanda agregada num intervalo bem
curto de tempo. Os aspectos comportamentais da economia que, em geral, estão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em foco nesse contexto, são: (1) Resultado das contas do governo; (2) Equilíbrio,
Superávit ou Déficit do balanço de pagamentos; (3) Volume de emprego; (4)
Ritmo de variação inflacionária.
Nessa direção, pode-se dizer que a política de cunho estrutural remete à socie-
dade como um todo a problemas de ordem qualitativa ou estrutural, bem como
a problemas de ordem microeconômica. A solução para tal depende de mudan-
ças de cunho institucional. Ademais, depende de mudanças de regras, costumes,
normas, leis ou padrões sociais. Essas mudanças conceituam entre os agentes
econômicos, suas relações, motivações e expectativas. Tais mudanças estabele-
cem direitos, obrigações e incentivos que, por sua vez, determinam resultados.
Por fim, os termos descritos em (c) referem-se às políticas de estabilização
que procuram o equilíbrio macroeconômico, via variáveis de ordem conjuntural,
por serem de respostas rápidas. Assim, as políticas de desenvolvimento não só
afetam o crescimento de curto prazo, mas também a construção de uma estru-
tura econômica com capacidade de sustentação a longo prazo. Ou seja, implicam
reformas estruturais de longo prazo.
Você aprenderá, a partir de agora, os instrumentos de política econômica, a
saber: (a) política fiscal; (b) política monetária; (c) política cambial; (d) política
comercial; (e) política rendas. Vamos lá?
Política Econômica
20 UNIDADE I
POLÍTICA FISCAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O primeiro instrumento de política econômica que você aprenderá é a “polí-
tica fiscal”. Essa política, como todas as outras que você aprenderá na sequência,
deverá manter uma estreita ligação com os objetivos que os governos perseguem,
dentre os quais estão: (a) crescimento do produto interno bruto (PIB); (b) pleno
emprego; (c) melhor distribuição de renda; (d) taxa de inflação baixa e estável; (e)
taxas de juros baixas; (f) investimentos em expansão; (g) equilíbrio no balanço
de pagamentos (que trata das contas externas).
Destaca-se que conseguir atingir mais de um objetivo é o grande desafio que
os governos enfrentam, porque, via de regra, há conflitos entre eles. O objetivo
de crescimento do PIB, por exemplo, pode colidir com o de taxas de inflação
baixas ou o objetivo de reduzir os impostos pode resultar no aumento da dívida
pública interna, e ter consequências negativas sobre as contas públicas.
Assim, é fundamental compreender que cada um dos instrumentos de polí-
tica econômica que você estudará nesta unidade, tem direta influência sobre as
variáveis que compõem a demanda agregada. O que quero dizer é que a inter-
venção governamental na economia, por meio de um ou mais instrumentos de
política econômica, deve afetar o consumo privado, o investimento privado ou
as exportações, de modo a alterar o nível da demanda agregada, o que influen-
ciará no nível do produto interno bruto, na geração da renda nacional e no nível
de emprego.
A constante utilização desta política, a partir da década de 1930, fez com que
surgissem discussões acerca dos limites dos gastos públicos. Os governos tor-
naram-se altamente endividados no final dos anos 70 e com o Brasil não foi
diferente. Os gastos do governo compõem-se de despesas correntes e de inves-
timentos. Nas despesas correntes, incluem-se quatro itens:
■■ O consumo do governo (pagamento dos funcionários e despesas, como
energia elétrica e materiais).
Política Fiscal
22 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para o produtor.
Política Fiscal
24 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
necedores de produtos ou bens de capital.
É importante ressaltar que o efeito dominó, como aqui estou chamando para
que você possa compreender melhor, tem um limite, mas tem efeitos de expan-
são além daquele relacionado à construção da sede da universidade. A variação
da demanda agregada a partir de um aumento de gastos é o que nós, economis-
tas, denominados multiplicador keynesiano de gastos do governo.
De acordo com a Teoria Keynesiana, você sabia que um aumento nas despe-
sas do setor público tem como efeito um aumento da atividade econômica
mais que proporcional a essa variação?
(Leide Albergoni)
∆DA
KG =
∆G
Em que:
KG: multiplicador keynesiano de gastos do governo..
ΔDA: variação da demanda agregada.
ΔG: variação dos gastos do governo.
20
K=
G = 2
10
Ou seja, o multiplicador indica que, para cada R$ 1,00 gasto na construção da
sede da universidade, gerou-se um aumento de R$ 2,00 na demanda agregada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você consegue perceber a eficácia da política fiscal expansionista para o fim que
ela se propõe? Tenho certeza que sim. Logo, se o objetivo é expandir a atividade
econômica, podemos certamente afirmar que, por meio do exemplo utilizado,
o objetivo é facilmente atingido.
Agora, imaginemos que, ao realizar uma política fiscal expansionista, o
governo opte pela redução dos tributos sobre as atividades de consumo de
produção ou sobre a renda das famílias. Primeiramente, consideremos sobre as
atividades de produção e consumo. Assim, imagine que o saco de arroz de 5 qui-
los que você compra todos os meses no mercado custe R$ 15,00. Sendo que desses
R$ 15,00, R$ 10,00 correspondam ao custo de fatores e que R$ 5,00 correspon-
dam aos tributos, ou seja, uma alíquota de 50%. Assim, é possível afirmar que
com uma renda de R$ 150,00 é possível adquirir 10 sacos de arroz de 5 quilos.
Agora, considere que, realizando uma política fiscal expansionista via tribu-
tos, o Estado reduza a alíquota para 20%, reduzindo, assim, o preço do saco de
arroz de 5 quilos para R$ 12,00. Note que, nesse novo contexto, com uma renda
de R$ 150,00, seria possível comprar 12,5 quilos. Portanto, fica evidente, por
meio do simples exemplo adotado, que a redução da alíquota de tributos sobre
a produção e o consumo implica em aumento do consumo, certo?
Agora, pensaremos juntos na tributação sobre a renda. Observe que uma
redução da tributação resultará em aumento da renda disponível, certo? Por
exemplo, se você tem uma renda de R$ 10.000,00 por mês e se a alíquota de tri-
butação é de 27,5%, sua renda disponível será de R$ 7.250,00. No entanto, se
a alíquota for reduzida para 15%, então a renda disponível passará a ser de R$
8.500,00. Observe que nessa simples mudança de alíquota você passará a ter R$
Política Fiscal
26 UNIDADE I
1.250,00 a mais para gastar. Nessa direção, é fato que o aumento da sua renda e
de todas as pessoas que forem beneficiadas com a diminuição da alíquota impac-
tará sobre o consumo e estimulará as empresas a realizarem investimentos para
expandir a produção, certo? No que isso implicará, caro(a) aluno(a)? Em cres-
cimento econômico. Novamente, por meio do exemplo adotado, consegue-se
verificar a eficácia da política fiscal expansionista para o fim que ela se propõe,
qual seja: expandir a atividade econômica, que implica em geração de empre-
gos e, consequentemente, de renda.
Por fim, destaco que a empregabilidade dessa política com tais características
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é utilizada principalmente em períodos em que a economia não caminha bem
sozinha, então, faz-se necessária a intervenção do governo. A título de exemplo,
cito o momento em que o governo brasileiro reduziu ou isentou o Imposto sobre
Produtos Industrializados, popularmente conhecido como (IPI) de alguns produ-
tos da indústria nacional (carros e linha branca), fazendo-os ficar mais baratos,
estimulando as vendas e, por conseguinte, a atividade econômica como um todo.
Da mesma forma que iniciei a explicação sobre política fiscal expansionista, ini-
ciarei a da contracionista, explicando qual é o seu objetivo. Pois bem, o objetivo
da política fiscal contracionista é “obter estabilidade econômica”. Em outras pala-
vras, se o objetivo do governo for estabilizar a economia, ele poderá valer-se de
uma política fiscal contracionista, que poderá ser realizada de duas formas: (1)
aumentando a carga tributária; (2) reduzindo os gastos do governo.
Iniciaremos o seu aprendizado pela redução de gastos públicos. Essa redu-
ção, quando necessária, é popularmente chamada de ajuste fiscal. Tenho certeza
que você já deve ter ouvido muitas vezes esse termo, não é mesmo? Afinal, não
é novidade para você e nem para ninguém que o grau de endividamento do
governo brasileiro sempre foi motivo de preocupação para todos nós. Destaco
que quando o Estado opta por reduzir seus gastos, consequentemente, reduz a
sua necessidade de financiamento do déficit. Tal condição, por sua vez, resulta
na redução do endividamento.
Por outro lado, a redução dos gastos diminui a pressão sobre a demanda agre-
gada. Aquele “efeito dominó” que você acabou de aprender é reduzido e pode deixar
de acontecer. Note que estamos falando do efeito contrário ao estudado ou do
efeito que a falta de gastos, via investimentos, pode provocar. Ademais, a redução
dos gastos públicos faz com que o nível de preços não sofra alterações relevantes,
justamente por conta de a incapacidade da oferta agregada atender a um possível
aumento da demanda agregada. Destaco que não haverá necessariamente uma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
queda da demanda, no entanto, é fato que o ritmo de expansão será muito menor
do que antes de promover redução dos gastos públicos.
Não obstante, falemos agora do aumento da tributação. Se apenas a tributa-
ção sofrer um aumento, sem que o setor público reduza suas despesas, o objetivo
da política com essas características não será atingido ou não será tão efetivo.
Lembra-se dele, certo? Estabilidade econômica é o objetivo. Como é possível
manter a economia estável, aumentando tributação sem reduzir despesas? Você
se lembra que aprendeu que a redução de tributos aumenta o consumo? Pois
bem, o aumento de tributos provoca o efeito contrário. O aumento da tributação
sobre a produção, consumo ou renda reduz o consumo, ao passo que as pessoas
terão menor disponível para gastar.
Destaco que os efeitos do aumento da tributação sobre a atividade econômica
são intensos, muito mais do que a redução de gastos públicos, desestimulando a
atividade de produção. Com isso, registro que essa política é tomada quando a
demanda da economia está muito elevada, podendo causar pressões inflacionárias.
Política Fiscal
28 UNIDADE I
POLÍTICA MONETÁRIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A política monetária também é um dos mais relevantes instrumentos de política
econômica. A política em questão é decorrente da atuação do governo sobre a quan-
tidade de moeda e títulos públicos existentes na economia. A política monetária é
empregada quando o governo atua sobre a quantidade de moeda e títulos públicos.
Para tal, o governo se vale de alguns instrumentos a saber: (a) emissões; (b)
reservas compulsórias; (c) Open Market; (d) redescontos; (e) regulamentação
sobre crédito e taxa de juros.
Nessa direção, por exemplo, se um dos objetivos do governo for controlar
a inflação, via política monetária, deverá destruir moeda, ou seja, diminuir o
estoque monetário da economia. Como poderá fazer isso? O governo, via Banco
Central do Brasil, poderá, entre outras formas existentes, aumentar a taxa de
juros, aumentar as reservas compulsórias ou vender títulos no mercado aberto.
Todavia, se a meta for crescimento econômico, o processo seria o inverso.
Ou seja, o governo teria que reduzir a taxa de juros e a de reservas compulsó-
rias. Ademais, teria que comprar títulos no mercado aberto, o que resultaria em
aumento de liquidez da economia.
sobre a fiscal é que a monetária, logo após a sua aprovação, pode ser implemen-
tada, ao passo que depende apenas de decisões decorrentes das autoridades
monetárias. Ressalta-se que o processo fiscal, via de regra, é mais lento, pois
depende de votação no Congresso Nacional e está vinculado a princípios, tais
como o da anterioridade, o que por sua vez faz com que a defasagem de tempo
aumente entre a tomada de decisão e a implantação das medidas fiscais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das importações. Destaca-se que o controle das importações é feito via barrei-
ras quantitativas e tarifas sobre as importações.
Faz-se necessário ressaltar que as decisões de política cambial e comercial são de
alçadas diferentes. A cambial é de alçada das autoridades monetárias e, a comercial,
dos ministros do Planejamento, Indústria, Comércio e Agricultura, com o apoio do
ministério das relações exteriores (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014).
POLÍTICA DE RENDAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Política de Rendas
32 UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a política econômica em curso em nosso país. Por conseguinte, você aprendeu,
num primeiro momento, sobre o principal instrumento: a política fiscal, que,
como vimos, pode ser de cunho expansionista ou contracionista, dependendo
apenas do objetivo que o governo pretende atingir, sendo eles: (a) expansão da
atividade econômica ou (b) estabilidade econômica, respectivamente. Pois bem,
após aprender sobre política fiscal, você aprendeu sobre política monetária, cam-
bial, comercial e de rendas.
Assim, após tanto aprendizado, você será capaz de identificar cada política,
por meio das variáveis que o governo manipular. Quero dizer que se a variável for
a taxa de juros, você saberá que é política monetária; se for câmbio, que é polí-
tica cambial; se forem estímulos fiscais e creditícios, será de renda; e, se for na
formação de rendas e salários, será de rendas. Interessante, não é mesmo? Você
tinha ideia da quantidade de atuações que são de competências do governo? Ou
melhor, você tinha ideia da relevância da atuação do governo com essas políticas?
Espero que esta primeira unidade tenha sido proveitosa e que você tenha
gostado de aprender sobre instrumentos de política econômica. Parabéns pelo
aprendizado!
2. A política utilizada pelo governo para arrecadar tributos e para controlar seus
gastos é denominada política fiscal. Assim sendo, por meio da política fiscal via
tributação, o governo controla a estrutura e as alíquotas tributárias, inibindo
ou estimulando os gastos de consumo do setor privado. Já se for via política de
gastos, o governo controla seus investimentos no sistema.
A respeito desse assunto, avalie as afirmações a seguir e assinale com V, as ver-
deiras, e F, as falsas:
I. A diminuição do IPI para a aquisição de eletrodomésticos (linha branca), rea-
lizada pelo governo brasileiro há alguns anos, pode ser apontada como uma
política fiscal expansionista.
II. Uma política fiscal expansionista é decorrente do aumento de gastos e/ou
aumento dos tributos.
III. Uma política fiscal restritiva é utilizada pelo governo com o intuito de esti-
mular a demanda, via consumo.
34
4. As políticas (a) fiscais, (b) monetárias, (c) comerciais, (d) de rendas e (e) cam-
biais são os principais instrumentos empregados pelo governo no exercício de
suas funções. Com elas, espera-se que a economia cresça, que a distribuição de
renda melhore, que os preços se mantenham estáveis, que os juros não sejam
abusivos e que o desemprego não atinja números alarmantes. Ou seja, tais po-
líticas, enquanto mecanismo de atuação dos governos, são empregadas isola-
da ou concomitantemente para se atingir os objetivos descritos. Considerando
esse contexto, avalie as afirmativas que se seguem:
I. O consumo privado, o investimento privado ou as exportações podem ser
afetados pela política econômica, por meio de ação governamental, o que,
por sua vez, resulta em alteração da demanda agregada.
II. A partir de 1930, o controle dos agregados monetários passou a combater
os efeitos da grande depressão, o que, por sua vez, dispensou uma atuação
governamental, via política fiscal, mais efetiva.
III. Uma das dificuldades enfrentadas pelo governo para atingir mais de um
objetivo perseguido, ao executar uma determinada política, é a geração de
conflito entre eles. Um exemplo desses conflitos é o aumento da dívida pú-
blica causada pelas advertências entre o crescimento do PIB e as taxas de
inflação baixas.
IV. A política fiscal pode ser utilizada de modo expansivo ou restritivo, isto é, para
objetivos distintos. Ou seja, pode ser utilizada tanto para expandir a demanda
da economia como para restringir a referida demanda.
Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.
36
Material Complementar
REFERÊNCIAS
1. C.
2. C.
3. A.
4. D.
5. C.
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Diego Figueiredo Dias
ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS
II
UNIDADE
DOS ESTADOS MODERNOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender as principais atribuições econômicas do setor público.
■■ Discutir as falhas de mercado mais relevantes existentes na economia.
■■ Entender o papel dos Estados Provedores e dos Estados Reguladores.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Atribuições econômicas do setor público
■■ As falhas de mercado
■■ Estado Provedor versus Estado Regulador
45
INTRODUÇÃO
Introdução
46 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR PÚBLICO
ao passo que havia uma clara crise de superprodução e o Estado precisava inter-
vir para solucionar o problema. Em outras palavras, a depressão advinda da crise
de 1929 deu origem a estudos que justificaram a intervenção do governo na eco-
nomia para combater, entre outros, a inflação e o desemprego.
A partir de então, o Estado passou a incorporar em suas funções ativida-
des que iam além da manutenção da justiça e segurança, passando também a
ofertar bens públicos, como eletricidade, rodovias, saneamento básico, ferro-
vias, portos etc.
Nessa direção, ao longo do tempo, a participação do Estado na economia
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cresceu e vem crescendo por diversas razões, dentre elas: o desemprego, a neces-
sidade de manutenção do poder de compra da moeda e as mudanças tecnológicas
e populacionais. Ademais, a existência de alguns problemas na livre movimenta-
ção de mercado fez com que o Estado também tivesse que intervir fortemente e
executar alguns papéis importantes para a melhor condução da economia com
fins de promover o bem-estar a toda população.
Em outras palavras, pode-se dizer que as atribuições econômicas do setor
público ganharam força nos três primeiros quartéis do século passado, corrobo-
rando com a doutrina que via com bons olhos a necessidade de intervenção do
Estado na economia. Nesse período, houve também mudanças na visão da socie-
dade quanto a preferir a intervenção efetiva do governo em assuntos econômicos,
principalmente quando se tratava de ações relacionadas à distribuição de renda.
De acordo com Rezende (2007),
As duas grandes guerras mundiais também provocaram alterações de-
finitivas nas preferências da coletividade quanto à necessidade de in-
terferência do governo, visando à promoção do bem-estar social, isto
é, uma distribuição de renda mais equitativa e uma ampliação das ati-
vidades previdenciárias e de assistência social para o atendimento das
classes menos favorecidas. No pós-guerra, por sua vez, a preocupação
com os problemas de desenvolvimento econômico constituiu-se em
outro fator importante para aumentar as atribuições do governo – es-
pecialmente em países retardatários na corrida pelo desenvolvimento.
(REZENDE, 2007, p. 18).
O referido autor reafirma que de uma atuação inicial pouco invasiva, como
vimos, na qual lhe cabia apenas a prestação de serviços essenciais à população,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cas e competências distintas que você passará agora a conhecer.
FUNÇÃO ALOCATIVA
Sabe-se que o mercado privado não consegue fornecer “tudo” o que a população
precisa ou tudo que a população pode pagar. Ou seja, alguns bens e serviços a
iniciativa privada não tem interesse em ofertar, ao passo que o dispêndio finan-
ceiro para ofertar não é compatível com o retorno por ele gerado e com o esforço
para uma eficiente gestão. A título de exemplo, podemos citar a segurança nacio-
nal, como um tipo de serviço que a iniciativa privada, se assim pudesse, não teria
interesse em oferecer. Em contrapartida, existem outros bens e serviços que ofe-
rece de maneira muito eficiente, tais como os serviços de assistência à saúde, mas
tais serviços oferecidos são excludentes, pois uma boa parte da população não
pode pagar por eles. É aí que entra o exercício da função alocativa.
O exercício da função alocativa visa corrigir as falhas deixadas pelo mercado,
isto é, corrigir as lacunas deixadas no oferecimento de bens e serviços pela ini-
ciativa privada. Essas falhas/lacunas são o “não oferecimento” de determinados
bens/serviços ou o oferecimento excludente. Para corrigi-las, o governo tende
a oferecer os produtos e serviços identificados para a população com o menor
custo possível.
Em outras palavras, a existência da função alocativa é decorrente da neces-
sidade de atuação do governo nos casos em que não há eficiência e/ou interesse
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FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
Alguns governos marcaram suas gestões pela ênfase no exercício dessa fun-
ção. Em alguns casos, as ações e os programas por eles promovidos foram efetivos,
em outros casos não. O que quero dizer é que, atualmente, alguns programas ou
ações criadas no passado ainda vigoram, dada a sua efetividade, enquanto outros
foram extintos, pois não eram tão efetivos quanto se esperava. O Programa Fome
Zero; Bolsa Família, Bolsa Escola e Fundo Social de Emergência (FSE) são exem-
plos de programas e/ou ações que foram implementadas por meio do exercício
da referida função.
Pode-se dizer que a função distributiva consiste em arrecadar tributos dos
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mais ricos ou das regiões mais desenvolvidas e transferi-los para os mais pobres
e regiões mais carentes. Existem impostos, enquanto espécies de tributos, por
exemplo, que são capazes de onerar mais quem tem mais a pagar, ou seja, os mais
ricos; o Imposto de Renda, popular IR, é um bom exemplo. Portanto, é dessa
maneira que o Brasil vem tentando distribuir melhor a renda que é injustamente
distribuída no atual modo de produção, o capitalismo.
Essa função é vista como uma das mais relevantes, por alguns doutrinado-
res, pois, segundo eles, a distribuição no sistema capitalista não é feita da forma
mais justa. Considerando o processo de evolução da economia, cabe ao Estado
criar mecanismos que melhorem a distribuição de renda da população e, para
tal, vale-se de impostos diretos, indiretos, isenções, incentivos, subsídios etc.
Em 2012, foram divulgadas algumas pesquisas que revelaram que o Brasil,
em 2011, teve o melhor índice de distribuição de renda desde o início da década
de 60. O governo utilizou vários programas para que isso fosse alcançado, porém
os mais relevantes foram o Bolsa Família e o Prouni.
FUNÇÃO ESTABILIZADORA
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mercado. Essa ação é realizada por
meio de uma função conhecida como
função estabilizadora.
Podemos dizer que a função estabilizadora tem por objetivo a manutenção
da estabilidade econômica, cujo intuito é diminuir o impacto econômico e social
em cenários de recessão ou crises. Ou seja, as decisões no plano macroeconômico
visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Por meio do exercício dessa
função, os níveis de preços são mantidos estáveis, os efeitos das crises ou reces-
são são minimizados e os níveis de emprego tendem a permanecer constantes.
Em outras palavras, pode-se dizer que a função estabilizadora é a qual o
governo procura atingir um de seus objetivos, que é a “estabilização econômica”,
ou seja, a estabilidade dos preços, uma das condições necessárias para que os
investimentos aumentem e, com eles, o crescimento econômico, o emprego e a
renda nacional.
Essa função é considerada, pelos estudiosos de gestão pública, bastante atual,
afinal, o Estado busca constantemente o equilíbrio macroeconômico. Este signi-
fica a busca pelo crescimento econômico, aumentando constantemente os níveis
de emprego na economia, sem esquecer a manutenção do poder de compra da
moeda nacional, ou seja, a baixa inflação.
De acordo com Nascimento (2010), a função estabilizadora corresponde à
aplicação das diversas políticas econômicas, pelo governo, a fim de promover o
emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, quando o mercado é incapaz de
assegurar o alcance desses objetivos. Ou seja, é a intervenção do governo para
atingir algumas metas de estabilidade macroeconômica.
soal e regional).
4. Equilíbrio nas contas externas, ou seja, que o país possa arcar com os
compromissos financeiros assumidos com os demais países.
Assim sendo, com o objetivo de resolver ou pelo menos minimizar esses tipos de
problemas econômicos, os governos fazem quase que diariamente intervenções na
vida das pessoas e das empresas, via decisões políticas com interesse econômico.
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A preocupação fundamental em manter a estabilidade econômica consiste
em controlar o nível agregado de demanda, com o propósito de atenuar o
impacto social e econômico de crises de inflação ou depressão. O controle
da demanda agregada implica intervir sobre o crescimento das despesas
privadas e governamentais de consumo ou de investimento por meio, por
exemplo, do controle dos gastos públicos, do crédito e dos níveis de tributa-
ção. Vale a pena notar que problemas de estabilidade econômica são parti-
cularmente importantes no caso de economias subdesenvolvidas, na medi-
da em que a manutenção da estabilidade constitui um requisito importante
para que seja alcançado o objetivo de manutenção de taxas elevadas de
crescimento.
Fonte: Rezende (2007, p. 20).
AS FALHAS DE MERCADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BENS PÚBLICOS
As Falhas de Mercado
56 UNIDADE II
do serviço de defesa nacional aos que já estão usufruindo dela (não rivalidade).
Ademais, o fato de um cidadão brasileiro a mais consumir o referido serviço,
não exclui o direito de usufruir deste serviço os que já estão usufruindo e de
outros que queiram vir a usufruir (não exclusivo). Logo, pode-se dizer que um
bem público puro compreende duas características principais, sendo: (a) a não
rivalidade; (b) a impossibilidade de exclusão de consumo.
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Lembre-se: um bem público é um bem não exclusivo e de consumo não
rival, que pode ser disponibilizado a baixo custo para muitos consumidores,
mas que, uma vez disponibilizado, pode ser consumido por outros.
(Robert Pindyck e Daniel Rubinfeld)
Afinal, por que um bem público gera falha de mercado? Porque o mecanismo de
mercado ou a iniciativa privada oferecessem ineficientemente ou simplesmente
não se interessam em oferecer esse tipo de bem ou serviço. A falta de interesse ou
a ineficiência é decorrente do fato de que não há incentivo algum para se ofere-
cer um bem ou um serviço que possa ser consumido por qualquer pessoa e sem
custo, já que a característica da não rivalidade e exclusão deve ser respeitada. É
aqui que entra a atuação do governo, pois caberá a ele ofertar tais bens e serviços.
A atuação do governo, no entanto, não para por aí. Há também os famosos
bens, chamados de semipúblicos ou meritórios. Em outras palavras, esse tipo
de bens/serviços também cabe ao governo fornecer. A título de exemplo, pode-
mos citar como um serviço semipúblico a educação. Observe que tal serviço,
no Brasil, não possui as características de um bem público puro, ao passo que,
embora seja não rival, é excludente. Nessa direção, cabe também ao governo for-
necê-lo, ainda que parcialmente.
Diante do contexto apresentado, caro(a) aluno(a), convido-o(a) a refle-
tir sobre o seguinte questionamento: o crescimento populacional exerce efeito
direto sobre o volume de bens públicos e semipúblicos?
Por outro lado, há que se destacar que pode haver mudanças de ordem etá-
ria da população. Em outras palavras, a população pode ser considerada mais
jovem ou pode ser considerada mais idosa, e tal consideração pode influenciar,
e muito, na atuação governamental. Suponha, por exemplo, que determinada
população seja considerada em sua maioria jovem. Suas demandas, em decor-
rência dessa característica, estarão mais voltadas a bens e serviços que atendam
às suas necessidades, tal como educação. No entanto, se a modificação se refere
ao aumento da população inativa por idade elevada, a demanda será outra e o
governo terá que se preocupar muito mais com necessidades de outra natureza,
como pensões e aposentadorias.
Em suma, nas situações elencadas, além do crescimento da demanda de bens
públicos e semipúblicos, expandem-se os gastos governamentais com o ofereci-
mento e a manutenção dessas atividades.
Por fim, é preciso destacar que o aumento do nível de renda per capita e do padrão
de vida da população amplia o tempo disponível para o entretenimento, o que
implica, novamente, na necessidade de atuação governamental para a criação
As Falhas de Mercado
58 UNIDADE II
de novos tipos de bens/serviços públicos, quais sejam: (a) museus, (b) parques,
(c) jardins, (c) praias (REZENDE, 2007). Assim sendo, você consegue perceber
o quanto é importante a atuação governamental no oferecimento desses bens e
serviços e na minimização das falhas dessa natureza que o mercado gera?
Tenho certeza que sim! Para finalizar essa falha de mercado, convido-o(a)
a pensar sobre como o processo de crescimento econômico requer a manuten-
ção constante de bens e serviços oferecidos pelo governo. Não só a manutenção
como a criação de novos bens/serviços de caráter público, ao passo que a atua-
ção governamental neste âmbito precisa acompanhar a evolução dos mercados
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que, cotidianamente, criam novas obrigações aos governos.
EXTERNALIDADES
As Falhas de Mercado
60 UNIDADE II
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Em outras palavras, as externalidades implicam tanto custos quanto benefícios
sociais diferentes dos custos e benefícios privados. Assim sendo, o sistema de
preços reflete apenas os custos e os benefícios privados.
É exatamente diante deste contexto que se faz necessária a presença do
governo que, em alguns casos, incorporará as externalidades aos custos priva-
dos, via alguns mecanismos, tais como: (a) incentivos fiscais ou (b) tributação.
A título de exemplo, retomaremos o exemplo das fábricas poluindo rios, pio-
rando a qualidade de vida das pessoas. Diante desse contexto, o que o governo
poderá fazer? O governo fará com que os malefícios causados sejam incorpo-
rados aos custos privados de produção. Em outras palavras, o governo também
poderá regular a emissão de poluentes, multando ou taxando as referidas fábri-
cas. Assim sendo, o custo privado elevar-se-á, aproximando-se do custo social.
E em se tratando de externalidades positivas? Qual o papel do governo?
O papel do governo, em algumas situações dessa natureza é fazer com que os
benefícios gerados pelas externalidades alcancem o maior número de pessoas,
de modo a maximizar o bem-estar de todos. Retomemos o exemplo das vacinas.
Considerando-o, caberá ao governo campanhas de conscientização, separação
dos indivíduos em grupos de risco, disponibilização gratuita da vacina à popu-
lação, entre outros. Por conseguinte, o governo também aumentará o benefício
privado mediante a distribuição de vacinas ou descontos para a população que
esteja fora de risco.
PODER DE MERCADO
As Falhas de Mercado
62 UNIDADE II
Diante do exposto, destaca-se que é evidente que preços mais elevados pre-
judicam os consumidores e é exatamente ponto que o governo tende a atuar, ou
seja, limitando o poder de mercado das firmas, para corrigir a referida falha. A
imposição do limite é feita por meio de várias formas de regulação, quais sejam:
(a) fixação de preço máximo; (b) fixação de lucro máximo; (c) estímulo à con-
corrência, via incentivos diretos à instalação de competidores ou via limitação
de fusões.
Rezende (2007) nos explica ainda que:
No Brasil, com a privatização dos serviços de utilidade pública – Tele-
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comunicações e Energia Elétrica –, o governo criou a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) e a Agencia Nacional de Telecomunicações
(Anatel), com o intuito de regular as atividades desses setores, por natu-
reza pouco competitivos e que prestam um serviço essencial à popula-
ção. (REZENDE, 2007, p. 29)
Também é preciso destacar que existem diversos órgãos do governo com a fun-
ção de regular o mercado, entre eles: o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, popularmente conhecido como CADE. O conselho em questão é
uma autarquia em regime especial em todo o território nacional, mas, atenção,
o CADE não é uma agência reguladora da concorrência.
Você sabia que não estão dentre as atribuições do CADE regular preços e
analisar os aspectos criminais das condutas que investiga? E que suas ativi-
dades não se confundem com a defesa do consumidor dos trabalhadores,
ou outras políticas públicas?
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
FUNÇÕES DESCRIÇÃO
Controle de fusões, aquisições, incorporações e outros atos de
Preventiva concentração econômica entre grandes empresas, que possam
colocar em risco a livre concorrência.
Combate a cartéis e outras condutas nocivas ao ambiente con-
Repressiva
correncial.
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ASSIMETRIA DE INFORMAÇÕES
As Falhas de Mercado
64 UNIDADE II
A seleção adversa é uma forma de falha de mercado que ocorre quando, por
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causa de informações assimétricas, produtos de diferentes qualidades são
vendidos a um preço único; dessa maneira, vendem-se inúmeros produtos
de baixa qualidade e pouquíssimos de alta qualidade.
Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p. 552)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cita-se a necessidade de uma intervenção mais efetiva, via regulação, nos merca-
dos financeiros e nos fluxos internacionais de capitais, com o propósito de evitar
crises, ao passo que esses fluxos são altamente voláteis. A partir de então, pas-
saram a ser criadas novas instituições para mediar os conflitos em tais relações.
No âmbito doméstico, a abertura comercial tem criado a necessidade de se
repensar em mecanismos de defesa da concorrência. Destaca-se que a ausência
de barreiras tarifárias, em algumas situações, não coloca fim a práticas restritivas
ao livre comércio, muito menos ao abandono a práticas desleais em sua atuação.
Rezende (2007, p.31) nos ensina ainda que:
As exigências da competitividade demandam nova postura diante do pro-
cesso de fusão e incorporação de empresas, em face da importância da
escala produtiva para a preservação de padrões de competitividade com-
patíveis com os apresentados por grandes conglomerados internacionais.
Você sabia que quanto maior for o espectro de questões a serem objeto da
regulação, maior será a transferência para o setor privado de custos até en-
tão suportados pelo governo, o que exigirá maior rigor na aferição de seus
benefícios?
(Fernando Rezende)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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sendo privatizados. O impacto inicial da privatização sobre as
Autonomia
desigualdades regionais e sociais requer cautela e preocupação
por parte do governo, para evitar conflitos que possam compro-
meter o próprio avanço do processo.
Fonte: adaptado de Rezende (2007, p. 32).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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economia do setor público, mas enquanto cidadão, pertencente a esse contexto.
Ou seja, ao analisar as políticas públicas implementadas pelos governos, será
capaz de perceber se o objetivo deles é alocar, distribuir ou estabilizar.
Pois bem, após aprender tais pontos, você estudou sobre as falhas de mer-
cado mais relevantes existentes na economia, sendo: (a) Bens Públicos; (b)
Externalidade; (c) Poder de Mercado; e (d) Assimetria de Informações. São inte-
ressantes, não é mesmo? Tendo aprendido, verifique no dia a dia, por meio dos
noticiários e/ou outras fontes de informação, de que modo o governo tem atu-
ado no sentido de corrigir e/ou minimizar essas falhas.
Por fim, você aprendeu sobre o Estado Provedor e o Estado Regulador. A
partir desse aprendizado, será capaz de avaliar qual o tipo de Estado que atual-
mente vigora e se exerce corretamente as suas competências.
Espero que esta unidade tenha sido proveitosa e que você tenha gostado de
aprender, ainda que sucintamente, sobre as atribuições econômicas dos Estados
Modernos.
Parabéns pelo aprendizado!
PORQUE
II. O pensamento que predominava naquela época era o da “mão invisível”, de
Adam Smith, que difundia a ideia de que os mercados eram autorreguláveis
e, portanto, não precisavam de intervenção do Estado.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta
da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa
correta da I.
c) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa.
d) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
3. Sabe-se que o setor público tem diversas funções a serem cumpridas e, dentre
elas, estão as funções consideradas econômicas. Em outras palavras, a existên-
cia de alguns problemas na livre movimentação de mercado faz com que o
Estado tenha que intervir e cumprir alguns papéis importantes para a melhor
condução da economia.
A partir do enunciado e das ideias que transmitidas, leia atentamente as afir-
mações a seguir e, na sequência, assinale a alternativa correta.
I. A função estabilizadora corresponde à aplicação das diversas políticas eco-
nômicas, pelo governo, a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e
a estabilidade, quando o mercado é incapaz de assegurar o alcance desses
objetivos.
II. A função alocativa consiste em arrecadar impostos e contribuições dos mais
ricos ou das regiões mais desenvolvidas e transferi-los para os mais pobres
e regiões mais carentes.
III. A função distributiva do setor público refere-se à alocação de recursos por
parte do governo, a fim de oferecer bens públicos, bens semipúblicos ou
meritórios.
IV. A função alocativa diz respeito à atuação do governo quando não houver
eficiência da iniciativa privada ou quando a natureza da atividade indicar a
necessidade de presença do Estado.
73
AUTORIDADE PÚBLICA
Diante da necessidade de suprir “interesses coletivos” que, por sua vez, não são ofereci-
dos - eficientemente - pela iniciativa privada ou que os indivíduos sozinhos não conse-
guem alcançar, justifica-se a existência do Estado. Nessa direção, diante da existência
do Estado para tal competência, os interesses supracitados passam a ser denominados
interesses públicos.
Assim sendo, cumpre enfatizar que o direito reconhece o interesse público, titularizado
pelo Estado, como mais relevante que o interesse privado, titularizado pelos particula-
res. Logo, quando o interesse público se choca com o interesse privado, a preferência
será sempre do interesse público. Em outras palavras, a proteção jurídica do interesse
privado é menos intensa que a que foi dada ao interesse público. No entanto, vale ob-
servar que não se trata de supremacia do interesse público frente ao interesse privado e
sim de prioridade. Isto é, supremacia é a qualidade do que está acima de tudo e o inte-
resse público não está acima da ordem jurídica. Destaca-se ainda que o interesse públi-
co reconhece o direito privado, respeitando seus limites. A título de exemplo, podemos
citar a desapropriação via indenização em vez de confisco, quando o interesse público
tiver prioridade sobre o privado frente à propriedade de um imóvel.
Em se tratando de autoridade pública, faz-se relevante mencionar que ela decorre da
maior importância dada aos interesses públicos. E essa maior importância é fruto da
qualificação feita pelo constituinte ou pelo legislador, dos interesses classificados como
mais importantes. Logo, pode-se dizer que o interesse público para o mundo jurídico
surge quando as normas atribuem ao Estado poderes de autoridade.
São duas as formas pelas quais o poder de autoridade manifesta-se (vide quadro XX),
sendo elas:
Nessa direção, discute-se ainda a outorga de direito que o doador faz ao donatário e a
outorga de direito que o Estado faz ao particular. Na outorga de direito que o doador faz
ao donatário (direito privado) há o vínculo obrigacional, tratando-se do repasse do bem.
Já na outorga de direito que o Estado faz ao particular, não há vínculo obrigacional, o
que há é atribuição de um direito (ex.: usucapião).
Assim sendo, fica claro que o poder estatal é meramente instrumental, ao passo que
só se justifica em decorrência de interesses públicos que são reconhecidos pela ordem
jurídica.
Por fim, em função da autoridade pública atribuída ao Estado, diz-se que as relações
jurídicas entre ele (polo superior) e os particulares (polo inferior) são verticais, em fun-
ção da superioridade. Já nas relações privadas são horizontais, ao passo que não há
exercício de autoridade de um sobre o outro. A verticalidade da relação supracitada é
apontada como uma característica do direito público. Mas, é importante ressaltar que
existem outros princípios que caracterizam tal relação, entre eles a submissão do Estado
ao ordenamento jurídico. Logo, o direito público não é construído apenas no princípio
da autoridade pública.
É fato ainda que nem sempre o Estado exerce poderes de autoridade pública em relação
aos particulares. Há casos, por exemplo, em que ocorrem vínculos obrigacionais entre
eles (contrato de empréstimo entre o Estado e um banco) e casos em que o Estado,
segundo alguns doutrinadores, submete-se ao direito privado. Mas, mesmo sem autori-
dade pública, sua submissão ao direito privado não é uma submissão convencional, pois
exercerá função, respeitará o princípio da igualdade e assim por diante. Assim sendo, a
ausência de autoridade pública na relação Estado-particular apenas assemelha o direito
público ao privado, ou seja, em hipótese alguma haverá semelhança absoluta.
Fonte: Sundfeld (2004).
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
78
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIA ON-LINE
¹ Em: <http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/copy_of_com-
petencias/capa-interna>. Acesso em: 21 fev. 2019.
79
GABARITO
1. A.
2. A.
3. D.
4. B.
5. C.
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Diego Figueiredo Dias
III
SISTEMA TRIBUTÁRIO,
UNIDADE
INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA E
EFICIÊNCIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir tributos e suas respectivas espécies.
■■ Apresentar os principais princípios tributários.
■■ Discutir as competências tributárias.
■■ Entender a classificação dos impostos.
■■ Analisar os efeitos da tributação sobre a atividade econômica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Definição e espécies de tributos
■■ Princípios Tributários
■■ Competências Tributárias
■■ Os impostos e sua classificação
■■ Os efeitos da tributação sobre a atividade econômica
83
INTRODUÇÃO
unidade foi dividida em cinco tópicos: (1) definição e espécies de tributos; (2)
Princípios Tributários; (3) Competências Tributárias; (4) os impostos e sua clas-
sificação; (5) os efeitos da tributação sobre a atividade econômica.
Iniciaremos o primeiro tópico conceituando tributos e suas respectivas
espécies, sendo: (a) impostos; (b) taxas; (c) contribuições de melhorias; (d) con-
tribuições sociais; (e) contribuições de intervenção no domínio econômico. Por
conseguinte, o segundo tópico tratará dos principais princípios tributários, quais
sejam: (a) Princípio da Neutralidade; (b) Princípio da Equidade, subdivido em:
Princípio do Benefício e Princípio da Capacidade de Pagar. No terceiro tópico
faremos uma breve discussão sobre competência tributária, que nada mais é do
que a atribuição, conferida pela Constituição Federal de 1988, União, Estados,
Municípios e Distrito Federal da prerrogativa de instituir tributos. No quarto e
antepenúltimo tópico, por sua vez, trataremos da classificação dos impostos, quais
sejam: (a) diretos e indiretos; (b) regressivos e progressivos; (c) específicos e ad
valorem; (d) proporcionais ou neutros. No último tópico, aprenderemos acerca
dos efeitos da tributação sobre a atividade econômica, mais especificamente os
efeitos Evasão Fiscal, segundo Laffer, Tanzi e Patinkin ou Bacha.
Assim sendo, ao término desta unidade, você saberá como funciona, de
modo geral, o sistema tributário brasileiro e se é um sistema eficiente ou não.
Bons estudos e forte abraço!
Introdução
84 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEFINIÇÃO E ESPÉCIES DE TRIBUTOS
De acordo com a Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Art. 3º), que dispõe
sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributá-
rio aplicáveis à União, Estados e Municípios:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plena-
mente vinculada (BRASIL, 1966, on-line).
Assim sendo, o Art. 5º da referida Lei esclarece ainda que os tributos são subdi-
vididos em três espécies: (a) impostos; (b) taxas; (c) Contribuições de Melhorias.
Ademais, a literatura reconhece como espécies de tributos as (d) contribuições
sociais e as contribuições de intervenção no domínio econômico.
Vamos conhecer, ainda que sucintamente, cada uma dessas espécies? Tenho
certeza que gostará desse conteúdo e que, a partir dessa aula, passará a empregar
corretamente os termos tributários. Digo isso, porque é muito comum as pes-
soas chamarem toda prestação pecuniária de imposto e este é apenas uma das
IMPOSTOS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
hipótese alguma, transferi-lo para outrem. O contribuinte de fato é aquele
que suporta o ônus fiscal, mesmo não sendo designado pela lei para supor-
tá-lo.
Fonte: a autora.
São exemplos de impostos vigentes no Brasil: (1) IPI - impostos sobre produtos
industrializados; (2) IE - impostos sobre produtos nacionais exportáveis; (3)
II - impostos sobre importação de produtos; (4) IR - imposto sobre renda e
proventos de qualquer natureza; (5) IOF - imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro ou valores mobiliários; (6) ITR - imposto sobre propriedade
territorial rural. Todos os impostos supracitados são de competência da União,
ou seja, cabe a ela a prerrogativa de instituir e arrecadar impostos dessa natu-
reza. Tal competência é atribuída pela Constituição da República Federativa do
Brasil (1988) e é privativa, facultativa, não prescreve, não se prorroga, não se
renuncia e, por fim, é indelegável.
TAXAS
Segundo Viceconti e Neves (2010, p. 444), “As taxas têm como fato gerador o exer-
cício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”.
Note que, ao definir “taxas”, os autores chamam atenção para o fato de que
elas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia. Você sabe o
Você sabia que a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos
aos que correspondem a impostos?
(Silvério das Neves e Paulo Viceconti)
Em outras palavras, Costa e Souza (2008) lecionam que a taxa é exigida tendo em
vista uma atuação estatal determinada, ou seja, é cobrada daqueles que provo-
cam uma atuação por parte do Estado e se beneficiam dela, de maneira direta e
específica. Para exemplificar a fala dos autores, reflita e responda a seguinte ques-
tão: qual a atuação cobrada por parte do Estado para que você pague a taxa de
coleta de lixo? Certamente, você respondeu: que o lixo seja recolhido semanal-
mente no bairro, que seja tratado e destinado corretamente para não contaminar
o meio ambiente, certo? Pois bem, é exatamente assim que as taxas funcionam.
Nós, enquanto cidadãos contribuintes, exigimos do Estado determinada atuação
que, por sua vez, exige de nós uma contraprestação, ou seja, o pagamento da taxa.
Logo, pode-se afirmar que a razão de ser da taxa é a necessidade estatal de
cobrir custos pela execução de atividades que são usufruídas por um contribuinte
ou grupo determinado deles. Ou seja, “[...] é o recolhimento relativo ao pagamento
por um serviço específico prestado pelo setor público” (COSTIN, 2010, p. 82).
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Também será feita uma academia para a terceira idade e um parquinho para as
crianças. Legal, não é mesmo? Quem não gostaria de ter uma praça assim perto
de casa?! Pois bem, é exatamente num contexto como esse que se institui as con-
tribuições de melhorias, ou seja, é necessário dinheiro para financiar uma obra
como essa. Ademais, essa obra valorizará seu imóvel, que ficará próximo a um
lugar tão agradável para crianças, adultos e idosos.
É exatamente por isso que esse tributo tem esse nome. Observe que se trata de
uma “contribuição de melhoria”, ou seja, contribuir porque melhorará. Em outras
palavras, é uma contraprestação pela valorização do meu imóvel e também por
poder usufruir da praça. São exemplos também de contribuições de melhorias:
(a) a pavimentação e o asfaltamento de vias; (b) a construção de museus; (c) a
construção de avenidas e viadutos.
Enfim, concluímos as três espécies de tributos: (a) impostos; (b) taxas; e (c)
Contribuições de Melhorias, previstas no Art. 5º da Lei n. 5.172/1966. Vamos
relembrar aqui, ainda que brevemente, tudo que você aprendeu sobre tais espé-
cies? Para tal, preparei o Quadro 1, que o(a) ajudará a comparar as espécies que
CONTRIBUIÇÕES DE
IMPOSTOS TAXAS
MELHORIAS
Aquele não vinculado a uma É o recolhimento relativo ao Um valor pago para finan-
despesa pública específica. pagamento por um serviço ciar uma obra pública, in-
Ex.: IRRF; ICMS - que finan- específico prestado pelo cidente somente na região
ciam diversas despesas setor público. por ela beneficiada.
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b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
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reta. Observe ainda que essa expropriação é lícita, pois é regulamentada por lei.
Assim sendo, os recursos advirão dos orçamentos de todos os entes federados,
por meio das contribuições elencadas nos incisos I, II, III e IV, respectivamente.
Nessa direção, cumpre esclarecer que as “contribuições sociais” tem
como finalidade “financiar a seguridade social”. Em outras palavras,
tem como finalidade financiar as ações do Estado que se fizerem neces-
sárias para assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e a as-
sistência social (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 445-446, grifo nosso).
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PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE
Princípios Tributários
94 UNIDADE III
IMPOSTO DESCRIÇÃO
O imposto de renda deve ter altas taxas médias de alíquota e
baixas taxas marginais, uma vez que a decisão trabalho versus
lazer é tomada na margem; isto quer dizer que um imposto pro-
De renda gressivo com alíquotas de 18, 20 e 22% é, por exemplo, preferível
a outro com alíquotas de 10, 20 e 30%: a alíquota média, em am-
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bos os casos, é de 20%, mas as taxas marginais do primeiro são
menores do que as do segundo.
Os impostos sobre vendas devem incidir preferencialmente sobre
Sobre vendas produtos de demanda inelástica em relação ao preço porque as dis-
torções a serem provocadas na alocação de recursos são menores.
Em princípio, impostos gerais sobre vendas (com alíquota única
Gerais sobre para todos os produtos) são preferíveis, pois são mais neutros
vendas a impostos seletivos sobre vendas (com alíquotas diferenciadas
para todos os produtos).
Fonte: adaptado de Vicenconti e Neves (2010, p. 442).
Você concorda com a visão dos especialistas em finanças públicas? Vale a pena
refletir, não? Sabe-se que atualmente, na prática, não é comum visualizarmos o
princípio da neutralidade. Ou seja, as distorções provocadas pelos tributos são,
de modo geral, reais e efetivas.
Nessa direção, ressalta-se ainda que, em alguns casos, o governo se afasta do
princípio da neutralidade. Esses casos referem-se aos bens não meritórios, bens
que por princípios éticos se deseja coibir, como bebidas alcoólicas e cigarros.
PRINCÍPIO DA EQUIDADE
De acordo com o princípio da equidade, o sistema tributário deve ser justo. Ele é
subdividido em: (a) princípio do benefício; (b) princípio da capacidade de pagar.
Princípio do benefício
Princípios Tributários
96 UNIDADE III
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Ao estruturar um sistema tributário com base no princípio da capacidade de
pagar, admite-se que o sistema tributário só será justo se cada cidadão contribuir
para o erário público na proporção de sua capacidade de pagamento. A capaci-
dade de pagamento do cidadão contribuinte é, via de regra, mensurada pela sua
renda. Assim, quanto maior a renda, maior a capacidade de pagamento e quanto
menor a renda, menor a capacidade de pagamento.
Nessa direção, Viceconti e Neves (2010) explicam que:
A consequência desse princípio é que pessoas que possuam idêntica ca-
pacidade de pagamento devem contribuir com o mesmo montante de
tributo (a chamada equidade horizontal) e que pessoas com capacidade
de pagamento distintas devem contribuir de forma também desigual
no montante de tributos, de forma que as de maior capacidade con-
tribuam mais (equidade vertical)(VICECONTI; NEVES, 2010, p. 443)
COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS
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Competências Tributárias
98 UNIDADE III
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Art.155 da Constituição Federal de 1988, e os tributos que podem ser instituí-
dos por eles são:
■■ Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens e direito.
■■ ICMS, que é o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, que
incide sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal.
■■ IPVA, que é o imposto incidente sobre a propriedade de veículos
automotores.
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um contribuinte de fato do que um contribuinte de direito.
Nessa direção, vamos conhecer a primeira classificação de impostos? Você
tem ideia sobre quem incide os impostos diretos? Será que é sobre o contribuinte
de direito ou sobre o contribuinte de fato?
IMPOSTOS DIRETOS
Automotores (IPVA). Vale ressaltar que o IPTU, enquanto imposto direto, gera
muita polêmica. Muitos alunos questionam sobre o fato de serem locatários de
imóveis residenciais e comerciais e serem os responsáveis pelo pagamento do
IPTU, porque assim foi acordado em contrato. Numa situação como essa, o IPTU
deixaria de ser um imposto direto e passaria a ser um imposto indireto, pois o
contribuinte não estaria sendo o contribuinte de direito. Assim, o que dizer-lhe
sobre o tão polêmico IPTU? A literatura o classifica como um imposto direto,
ao passo que é de competência do proprietário do imóvel arcar com o seu ônus.
Ou seja, transferir o IPTU para um terceiro, no nosso exemplo, um locatário,
não é regra, pois depende do contrato de locação estabelecido. O que quero dizer
é que em alguns casos funciona assim e, em outros, não. Para evitar confusão,
principalmente na hora de estudar para a prova ou no momento de realizar um
concurso, considere sempre que é um imposto direto.
Em suma, imposto direto, contribuinte de direito, tudo bem? Agora, conhe-
ceremos os impostos indiretos. Fique atento(a) para os exemplos e para a principal
diferença existente entre eles, ou seja, entre o direto e o indireto.
IMPOSTOS INDIRETOS
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Você sabia que os impostos indiretos são aqueles que incidem sobre a pro-
dução, as vendas, a circulação ou o consumo de bens e serviços? São exem-
plos de impostos indiretos: (a) o imposto sobre serviços (ISS) e (b) o imposto
sobre importação (II).
(Paulo Viceconti e Silverio das Neves)
Compreende quando foi dito que, a partir desta aula, você descobriria que é
muito mais um contribuinte de fato do que um contribuinte de direito? Tenho
certeza que sim e, tenho certeza também, que você deve estar se perguntando
se é justo, ou não, um sistema tributário estruturado dessa maneira. Essa é uma
questão bastante polêmica e divide opiniões entre os estudiosos do assunto, mas
vale a pena refletir.
Em síntese, imposto indireto, contribuinte de fato, tudo bem? Agora, vamos
conhecer os impostos classificados como ad valorem!
Impostos ad valorem
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Note que a alíquota pode variar de 7,5% a 27,5%. Assim, esse imposto, ou seja,
o imposto de renda, além de ser um imposto direto, também é um imposto ad
valorem, ao passo que o valor do referido imposto é determinado de acordo com
uma alíquota que será aplicada sobre determinada base de cálculo. Nessa direção,
o valor que será arrecadado dependerá tanto da alíquota previamente deter-
minada quanto da base de cálculo sobre a qual a alíquota em questão incidirá.
Em suma, um imposto é classificado como ad valorem quando o valor arre-
cadado é determinado por uma alíquota que incidirá sobre determinada base.
No caso da tabela apresentada, observe que quanto maior a renda (acima de R$
4.664,68), maior a alíquota e, consequentemente, maior o valor da arrecadação.
Você sabia que o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) pode ser classifi-
cado como um imposto direto e um imposto ad valorem ao mesmo tempo?
Por fim, destaco que os impostos ad valorem podem ser arrecadados tanto pelos
contribuintes de direito (IRRF) quanto pelos contribuintes de fato (ICMS).
Agora, conheceremos os impostos classificados como específicos.
IMPOSTOS ESPECÍFICOS
IMPOSTOS REGRESSIVOS
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contribuinte menos favorecido, ou seja, o mais pobre, em decorrência da rela-
ção inversa ao nível de renda.
Considere, por exemplo, os impostos indiretos como ICMS e IPI, que não
incidem sobre a renda, mas sobre o preço das mercadorias e utilizam a mesma
alíquota para todos os contribuintes. Imagine um consumidor da classe A que
compra um saco de arroz de R$ 10,00 e nele há 18% de ICMS embutido, note
que esse consumidor pagará R$ 1,80 de imposto. Nessa direção, se um consu-
midor da classe D comprar o mesmo arroz, ele também pagará os mesmos R$
1,80. Por isso, no Brasil, proporcionalmente o pobre é mais onerado, devido a
esse tipo de imposto.
IMPOSTOS PROGRESSIVOS
entre os contribuintes, de acordo com a renda. Quem ganha mais, paga mais e,
quem ganha menos, paga menos.
Neste tópico, você estudará três efeitos da tributação sobre a atividade econô-
mica, sendo: (a) Efeito Evasão Fiscal, segundo Arthur Laffer; (b) Efeito Tanzi;
(c) Efeito Patinkin ou Bacha.
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Figura 1 - Arthur Laffer
Fonte: Wikipedia (2010, on-line)³.
Arthur Laffer, procurou mostrar o efeito evasão (como mostra a Figura 2).
Observe que a figura mostra uma clássica relação entre as alíquotas dos impos-
tos numa economia e a arrecadação tributária do governo. Note que na taxa zero
de alíquota, o governo não arrecada nada, à medida que a alíquota aumenta, a
arrecadação também aumenta, mas há limites, ou seja, há determinada alíquota,
denominada tmax que garante arrecadação máxima.
Observe na figura que para alíquotas superiores à tmax, a arrecadação passa a
decrescer. Para a alíquota t0, por exemplo, o volume de recursos arrecadados pelo
governo seria menor (apenas A0). Qual seria a razão para isso? Acredita-se que a
principal razão para tal comportamento é o estímulo à evasão fiscal e o desestí-
mulo às atividades produtivas, quando as alíquotas são excessivamente elevadas.
to
t max
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ao A max
Arrecadação tributária (R$)
Figura 2 - Curva de Lafer
Fonte: Vasconcellos (2009).
O ideal, portanto, seria que o governo encontrasse uma “tarifa ótima”, para que
pudesse estimular o pagamento de impostos e também a atividade econômica,
com mais empresas funcionando, mais o governo arrecadaria. Em outras pala-
vras, o efeito evasão perderia força sobre a atividade econômica.
Sabe-se que hoje, no Brasil, muitas empresas fecham devido a não capacidade de
pagamento dos tributos e, também, muitas pessoas sonegam impostos, pois são
muito caros. Se o governo diminuísse as tarifas, será que mais empresas seriam
abertas e mais pessoas pagariam seus impostos? Isto é o que Laffer sugere.
EFEITO TANZI
Quando a inflação reduz a receita tributária, em termos reais, em decorrência
da defasagem entre o fato gerador do imposto e sua efetiva coleta, e recebimento
dos recursos pela autoridade fiscal, diz-se que ocorreu o efeito Tanzi.
Em outras palavras, esse efeito é decorrente de inflação elevada, ao passo
que, em períodos de considerável inflação, há defasagem entre o momento da
geração do imposto e o do seu efetivo recolhimento.
Ou seja, a inflação reduz o valor real do imposto, embora o valor nominal
seja o mesmo a ser arrecadado pelo governo. Isso prejudica as finanças públi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cas, provocando déficits (gastos maiores que as receitas).
É como se o governo calculasse o imposto no final de um determinado ano
e em janeiro do ano seguinte mandasse imprimir os boletos para que fossem
entregues nas casas das famílias em fevereiro, com prazo para pagamento em
março. Períodos em que a inflação é elevada, o valor de dezembro estará defa-
sado em relação a março e o governo perderá dinheiro.
Vale lembrar que o Brasil já chegou a ter 80% de inflação em um único mês,
longe da nossa realidade atual. Portanto, o efeito Tanzi já foi muito presente na
economia brasileira. Qual é a forma que os governos encontraram para mini-
mizar esse efeito? A resposta está na adoção da indexação do sistema tributário.
Em outras palavras, cobrando os impostos em termos de um índice que acom-
panhe a evolução da inflação.
EFEITO PATINKIN
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma redução real de 10,5% nesses gastos. No Brasil, esse tipo de procedimento
ficou popularmente conhecido como administração dos recursos na “boca do
caixa”, em que as liberações para investimento e custeio eram feitas discriciona-
riamente, de acordo com as demandas mais urgentes.
Nessa direção, ressalta-se que o efeito Patinkin também tem a função de
acomodar ex ante, pela Lei Orçamentária, o conflito distributivo na disputa dos
vários setores por recursos fiscais. Ademais, destaca-se que o efeito Patinkin se tor-
nou mais forte à medida que a inflação atinge patamares mais elevados, ao passo
que o déficit público tende a ajustar-se, dado que os gastos não estão indexados,
enquanto a receita acompanha muito mais de perto a aceleração inflacionária.
Isto posto, é fato que o déficit público efetivo será sempre menor do que aquele
registrado no orçamento, dada a erosão real nos gastos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
114
I. Uma das principais fontes de receita do setor estatal são as taxas. Por meio
delas, alguns objetivos fundamentais traçados pela constituição federal, tais
como educação e saúde, são possíveis de serem alcançados.
PORQUE
II. É por meio do sistema tributário nacional que o estado pode atingir, mesmo
que parcialmente, seus objetivos, já que com base nele é possível prever e
concretizar alguns investimentos/gastos.
4. Os tributos no Brasil são classificados em: (a) impostos; (b) taxas; e (c) contribui-
ções de melhorias. Todos os tributos mencionados, embora sejam importantes e
contribuam efetivamente para a composição da carga tributária brasileira, são os
impostos que, por sua vez, promovem o maior montante, em termos de arreca-
dação. Em outras palavras, pode-se dizer que é no imposto que está, em termos
de tributos, a maior fonte de arrecadação do governo. De posse dessas informa-
ções e considerando o conhecimento obtido no material de estudo e videoaulas
sobre Tributação no Brasil, relacione as colunas que se seguem:
1) Impostos diretos.
2) Impostos indiretos.
3) Impostos específicos.
4) Impostos regressivos.
5) Impostos progressivos.
Por se tratar de estimativa, o governo pode arrecadar mais que o estimado. Isso pode
acontecer porque a economia se desenvolveu mais e, assim, houve maior arrecadação
com impostos. O contrário também pode ocorrer: uma crise inesperada pode reduzir a
entrada de dinheiro. Nesse caso, o governo precisa reduzir os gastos trabalhando com
um orçamento inicial e um atualizado. E também diferencia o valor estimado do efe-
tivamente arrecadado. O inicial é aquele previsto antes mesmo de o ano começar. O
atualizado reflete mudanças que influenciaram, para cima ou para baixo, a previsão da
receita. O valor arrecadado é o que entrou, de fato, no caixa do governo.
Dentro desse processo, há ainda as receitas extraorçamentárias, recursos que entram
na conta da União de forma temporária. Por exemplo, quando o governo exige caução
das empresas e depois precisa devolver o dinheiro. Esses recursos não fazem parte do
orçamento e não podem ser utilizados pelo governo para as ações.
Fonte: Brasil ([2019], on-line)4 e Brasil ([2019], on-line)5.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Finanças públicas
Fernando Rezende
Editora: Atlas
Sinopse: passados mais de 20 anos de seu lançamento, Finanças Públicas volta
agora, em sua segunda edição, com importantes mudanças. Novos capítulos
foram introduzidos e seções inteiras foram totalmente reformuladas para sanar
notórias deficiências acumuladas ao longo do tempo. A parte institucional
foi atualizada e a apresentação gráfica pôde beneficiar-se das modernas técnicas de editoração.
O resultado é um livro renovado, preservando as características básicas que contribuíram para
sua grande aceitação. O traço marcante do texto continua sendo o foco que põe na aplicação de
conceitos teóricos ao entendimento da realidade brasileira. Ao dedicar especial atenção a esse
aspecto, o livro se atém a uma preocupação de especial importância para o estudo da disciplina de
finanças públicas, em que a compreensão dos problemas institucionais é essencial para a passagem
da teoria à prática. Fiel ao objetivo inicial, essa segunda edição se volta principalmente para os
estudantes de cursos de graduação. Em linguagem simples e direta, apoiado em abundantes
evidências da realidade brasileira, o texto busca sustentar o interesse dos alunos pelo estudo dessa
disciplina que, nos últimos anos, merece crescente atenção de professores e estudantes em face do
papel destacado que o equilíbrio e a responsabilidade fiscais ostentam atualmente na formulação
de políticas e estratégias de desenvolvimento.
121
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
¹ Em: <http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-ren-
da-pessoa-fisica>. Acesso em: 22 fev. 2019.
² Em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/121866.html>. Acesso
em: 22 fev. 2019.
³ Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Laffer#/media/File:Artur_Laffer.jpg>.
Acesso em: 22 fev. 2019.
4
Em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/direitos-e-deveres/educa-
cao-fiscal>. Acesso em: 22 fev. 2019.
5
Em: <http://www.transparencia.gov.br/pagina-interna/603237-orcamento-da-re-
ceita>. Acesso em: 22 fev. 2019.
GABARITO
1. A.
2. E.
3. E.
4. A.
5. B.
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Diego Figueiredo Dias
IV
ESTRUTURA, CRESCIMENTO E
UNIDADE
CONTENÇÃO DAS DESPESAS E DAS
DÍVIDAS PÚBLICAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar o conceito, a execução e as fases da despesa pública.
■■ Compreender os diversos conceitos de déficits.
■■ Discutir a necessidade de financiamento do setor público, déficits e dívida
pública.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conceito, execução e fases da despesa pública
■■ Déficit Governamental
■■ Necessidade de financiamento do setor público, déficits e dívida pública
125
INTRODUÇÃO
Introdução
126 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITO, EXECUÇÃO E FASES DA DESPESA PÚBLICA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
• Juros da Dívida Pública.
• Diversos.
Fonte: adaptado de Brasil (1964, on-line).
As despesas de capital, por sua vez, de acordo com a Lei n. 4.320/1964, são
subdivididas em: (a) Investimentos; (b) Inversões Financeiras e (c) Transferências
de Capital (vide Quadro 2).
Constituição ou
• Serviços em regime de aumento de capital • Amortização da dívida
programação especial. de empresas ou pública.
• Equipamentos e Instalações. entidades comerciais ou
financeiras. • Auxílios para obras públicos.
• Material permanente . • Auxílios para
• Aquisição de títulos
• Participação em equipamentos e
representativos de
Constituição de instalações.
capital de empresas em
empresas ou entidades • Auxílios para intervenções
funcionamento.
industriais ou agrícolas. financeiras.
• Constituição de fundos
• Aumento de capital de • Outras contribuições.
rotativos.
empresas ou entidades
industriais ou agrícolas. • Concessão de empréstimos.
• Diversas inversões
financeiras.
Fonte: adaptado de Brasil (1964, on-line).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
qualquer espécie, já constituídas, quan-
• Aquisição e construções de instalações novas.
do a operação não importe aumento
• Equipamentos novos. do capital.
• Materiais permanentes novos. • Constituição ou aumento do capital de
• Constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a
empresas que não sejam de caráter co- objetivos comerciais ou financeiros,
mercial ou financeiro, e sim de caráter inclusive operações bancárias ou de
estritamente industrial ou agrícola. seguros.
Fonte: adaptado de Viceconti e Neves (2010, p. 439-440).
Você sabia que as despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder Legis-
lativo, por meio do ato administrativo, que é chamado orçamento público?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pois bem, tendo conceituado despesas públicas, quero que você se concentre em
compreender os requisitos dalas: (a) utilidade; (b) legitimidade; (c) discussão
pública; (d) possibilidade contributiva; (e) oportunidade; (f) hierarquia dos gas-
tos; e (g) legalidade. Afinal, o que cada um desses requisitos prevê?
■■ Requisito utilidade: as despesas públicas devem atender a um número
relevante de pessoas. A despesa pública deve ser direcionada a uma defi-
ciência pública que ajude a um número significativo de contribuintes.
■■ Requisito legitimidade: as despesas públicas devem atender necessida-
des públicas reais.
■■ Requisito discussão pública: as despesas públicas devem ser discutidas
e aprovadas tanto pelo poder legislativo quanto pelo tribunal de contas
do respectivo ente. Ou seja, nenhuma despesa pública poderá ser reali-
zada sem discussão ou aprovação do legislativo e do tribunal de contas.
■■ Requisito possibilidade contributiva: prevê que as despesas públicas
devem considerar a possibilidade de a população conseguir arcar com
a carga tributária decorrente da despesa. Em outras palavras, as despe-
sas públicas precisam estar de acordo com a possibilidade contributiva
de seus cidadãos.
Tanta para algo que, aparentemente, é tão simples de ser compreendido e seria,
se a despesa não fosse pública. Então, caro(a) aluno(a), seguiremos em frente
para finalizar esse tópico. A partir de agora, você compreenderá como a des-
pesa se divide e como se dá seu processamento. Começaremos pela divisão: (1)
Despesa Orçamentária e (2) Despesa Extraorçamentária. A despesa orçamentária
é aquela que, como vimos, depende de autorização legislativa para ser realizada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Além de depender de autorização legislativa, ela depende de crédito orçamen-
tário para concretizar-se. Dividem-se, como vimos, de acordo com o Art. 12
da Lei n. 4.320/1964, em: (a) despesas de custeio e (b) despesas de capital. As
Despesas Extraorçamentárias são aquelas que os pagamentos não dependem de
autorização legislativa. Não fazem parte do orçamento público. Logo, correspon-
dem à devolução de valores arrecadados na categoria receita extraorçamentária
(BRASIL, 1964, on-line).
Por fim, destaco que o “processamento da despesa” nada mais é do que o
montante de atividades realizadas por órgãos públicos cujo fim destina-se a
adquirir bens e serviços. Assim, o processamento envolve dois estágios: (a) a
fixação da despesa, que se subdivide em: (1) estimativa da despesa (fase em que
se estima as despesas para o ano-financeiro); e (2) conversão das estimativas em
orçamento (conversão por meio da Lei Orçamentária Anual) e (b) a realização
da despesa. No estágio de realização da despesa, têm-se a programação desta,
que nada mais é do que a programação dos gastos que cada ente vinculado ao
ente gerenciador da despesa poderá dispor.
3.
Pagamento
Fase em que se entrega o
2. dinheiro ao credor, após
Liquidação autoridade competente
1. determinar que a despesa
Empenho Etapa em que é combrada liquidade seja paga.
a prestação de serviços, a
Fase em que é entrega de bens ou a
criada a obrigação realização de obras.
de pagamento da Envolve todos os atos de
despesa pelo verificação e conferência.
governo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gue de acordo com o que que foram adquiridos
previsto.
foi comprado/contratado.
Fonte: adaptado de Brasil ([2019], on-line)¹.
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
Despesas frequentes, previstas no orça-
Sem previsão no orçamento. Despesas even-
mento. Decorrente de manutenção dos
tuais, decorrentes de situações calamitosas.
serviços estatais.
Fonte: adaptado de Nascimento (2010).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Agora, a classificação quanto à espécie que se subdivide em: in natura e em
dinheiro (vide Quadro 9).
IN NATURA EM DINHEIRO
Que não necessitam de dinheiro. Despesas que são liquidadas em dinheiro.
Fonte: adaptado de Nascimento (2010).
INTERNA EXTERNA
Despesas feitas no Brasil com moeda
Despesas feitas no Brasil em real (R$).
estrangeira.
Fonte: adaptado de Nascimento (2010).
ÚTEIS NECESSÁRIAS
Tais despesas não podem ser adiadas ou
Tais despesas podem ser adiadas ou atrasadas.
atrasadas.
Fonte: adaptado de Nascimento (2010).
DÉFICIT GOVERNAMENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caro(a) aluno(a), diz-se que quando a receita pública é menor do que os gas-
tos, o orçamento público entra em déficit. Afinal, tal resultado (déficit) é ou não
é ruim? Segundo Móchon (2007), duas relevantes correntes teóricas respon-
dem a essa questão, sendo: (a) a keynesiana e (b) a clássica. Você perceberá que
as duas concepções seguem linhas muito distintas. Procure compreender cada
linha e tente se posicionar. Você deve tentar perceber qual das duas linhas mais
lhe convence. A polêmica, por um lado, é decorrente dos problemas advindos do
financiamento do déficit público, assunto que trataremos no próximo tópico, por
outro, é decorrente da rigidez institucional que limita a política fiscal enquanto
instrumento de estabilização.
Iniciemos seu aprendizado com o que dizem os economistas ditos clássi-
cos. Segundo eles, a política fiscal é desnecessária, ao passo que a economia é
possuidora de mecanismos autocorretivos. Nessa direção, eles defendem que o
gasto público deve ser minimamente limitado e, o orçamento público, anual-
mente equilibrado.
Déficit Governamental
140 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mentário ou aumento do superávit.
Déficit Governamental
142 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tempo. De maneira mais específica, a dívida pública pode ser definida como
o valor total dos títulos emitidos pelo governo que se acham em poder do
público. Em um título é uma promessa pagar determinada quantia numa
data futura.
Fonte: Móchon (2010, p. 183).
Note que o resultado primário nada mais é do que a diferença entre o gasto público
e a arrecadação tributária num determinado exercício, desconsiderando juros e
correções de dívidas passadas. Destaca-se que nem sempre o resultado primário,
quando positivo, é suficiente para arcar com todas as despesas financeiras, ou
melhor, para arcar com todas as despesas advindas de dívidas anteriores, como
o pagamento dos títulos públicos, os juros e as correções monetárias. É a partir
daí, ou seja, desse ponto, que passa a ser relevante o conceito do resultado ope-
racional, que você conhecerá no próximo tópico.
Déficit Governamental
144 UNIDADE IV
Nessa direção, observe que o setor público tem arrecadado mais do que tem
gastado no período analisado (outubro/2018), ao passo que nos referimos a um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
superávit primário na casa dos R$ 7,8 bilhões. O destaque para fazer jus a esse
superávit vai para o governo central e para as empresas estatais, que registra-
ram em conjunto um considerável resultado primário, ao contrário dos governos
regionais, que registraram déficit da ordem de 3,1 bilhões.
Assim sendo, note que o resultado primário consolidado foi deficitário, mais
especificamente em R$ 51,5 bilhões (acumulado no ano até outubro de 2018).
Observe ainda que, de acordo com a Figura 2, no acumulado em 12 meses até
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DÉFICIT OPERACIONAL
O resultado nominal, por sua vez, que poderá resultar em déficit nominal ou
em superávit nominal, é “igual ao saldo operacional mais a correção monetária
e cambial” (SOUZA, 2009, p. 137).
Déficit Governamental
146 UNIDADE IV
Com base nos dados fornecidos pelo Banco Central do Brasil ([2019], on-line)²,
Os juros nominais do setor público consolidado, apropriados por com-
petência, alcançaram R$ 13,9 bilhões em outubro, comparativamente
a R$ 35,3 bilhões em outubro de 2017. Contribuiu para essa redução
o resultado das operações de swap cambial (ganho de R$19,3 bilhões
em outubro de 2018 ante perda de R$ 1,8 bilhão em outubro de 2017).
No acumulado em doze meses, os juros nominais atingiram R$ 379,7
bilhões (5,55% do PIB), reduzindo-se em relação ao período de doze
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
meses encerrado em outubro de 2017 (R$ 414,2 bilhões, 6,36% do PIB).
Assim, para finalizar esse tópico, preparei para você um quadro resumo dos três últi-
mos conceitos que aprendeu. Espero que ajude na memorização do conteúdo. Como
vimos, os conceitos são de fundamental importância para a sua formação. Observe
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que é possível, num dado momento, termos, por exemplo, superávit primário e
déficit nominal, não é mesmo? A partir de agora conhecendo bem esses concei-
tos, você conseguirá compreender e explicar corretamente, como isso é possível.
Déficit Governamental
148 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando se fala em necessidade de financiamento de déficit governamental, fala-
-se em medidas que precisam ser tomadas, além daquelas ditas tradicionais para
financiar o déficit. Em outras palavras, quando o governo está no vermelho, ou
seja, em situação de déficit, ele precisa buscar meios para financiá-lo. Uma medida
chamada tradicional é via política fiscal, instrumento de política econômica.
Assim, ela não sendo suficiente para corrigir o déficit, ou melhor, para financiar
o déficit, o governo pode valer-se de meios denominados extrafiscais: (a) emis-
são de moeda e (b) venda de Títulos da Dívida Pública ao setor privado. Vamos
conhecer separadamente de que maneira cada um desses meios é empregado?
a. Emissão e Moeda: por meio deste meio, o Tesouro Nacional (União) pede
emprestado, ao Banco Central do Brasil, a moeda. Em outras palavras, o
Banco Central do Brasil cria moeda, aumentando a base monetária para
financiar a dívida do Tesouro. Esse procedimento também é conhecido
como “monetização da dívida”. Destaca-se que esse meio “não aumenta
o endividamento público”, no entanto tem forma eminentemente infla-
cionária. Com esse meio, gera-se o imposto inflacionário.
b. Venda de títulos da dívida pública ao setor privado: este meio faz com
que o governo troque títulos por moeda que já está em circulação, des-
monetizando a economia. Isso significa que, a princípio, qualquer efeito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você sabia que a dívida pública aumenta quando ocorrem déficits públicos
que elevam o número de títulos estatais em poder do público? Os superá-
vits, ao contrário, reduzem o número de títulos em poder público e, assim
aliviam a dívida pública. Pense sobre isso.
(Francisco Móchon)
Quanta informação envolve a despesa pública, não é mesmo? Você tinha ideia
dessa gama de detalhes e informações? Espero que você tenha gostado de apren-
der sobre esse rico assunto, tão relevante para a sua formação. Nessa direção, para
finalizar, separei para você um material, preparado pelo Banco Central do Brasil,
em 2018, para que você saiba exatamente como se comporta a dívida líquida do
setor público e a dívida bruta do governo geral.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
efeito da desvalorização cambial acumulada de 12,4% (redução de 1,8
p.p.) e o efeito do crescimento do PIB nominal (redução de 2,1 p.p.).
ao passo que falamos de uma dívida que corresponde a 76,5% do PIB. Destaca-se
que a expansão da dívida pública do governo geral/PIB considerou os juros nomi-
nais do período, o efeito desvalorização cambial e o crescimento do PIB nominal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
152 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nessa direção, diante do contexto aprendido, pare e reflita sobre as medidas
que os governos vêm adotando recentemente para controlar o déficit brasileiro.
Espero que esta quarta unidade tenha sido proveitosa e que tenha gostado
de aprender, ainda que sucintamente, sobre estrutura, crescimento e contenção
das despesas e das dívidas públicas. Parabéns pelo aprendizado! Um forte abraço.
3. Você estudou que as despesas públicas podem ser definidas como os recursos pú-
blicos que são gastos com base em autorizações legislativas, o que significa dizer
que os gastos são pensados, avaliados e, até mesmo, planejados. Assim, as priori-
dades e o montante de recursos destinados por área são traçados de modo que as
necessidades da população sejam, ainda que parcialmente, satisfeitas.
Considerando esse contexto, avalie as afirmações a seguir e assinale com V, as
verdadeiras, e F, as falsas:
(( ) A transparência, o custeio e os investimentos são formas de gastos dispos-
tos pela classificação de acordo com a natureza do dispêndio. Tal classificação é
importante para que se possa acompanhar a participação do governo perante
a promoção do bem-estar econômico.
(( ) A classificação, quanto ao agente encarregado da execução, é responsável
pelos gastos diretos e indiretos, em que se levam em consideração as despesas
correntes, despesas de capital e despesas de transparência de capital.
(( ) A aquisição de imóveis, concessão de empréstimos e constituição de fundos
rotativos são exemplos de inversões financeiras. Esse tipo de despesa de capi-
tal é de responsabilidade do agente responsável pelo gasto, da administração
direta ou indireta.
155
4. A diferença entre a variação dos débitos fiscais entre dois períodos define a
ocorrência de superávit ou de déficit nominal, em outras palavras, é o balan-
ço entre as receitas totais e as despesas totais que equivale à necessidade de
financiamento do setor público. O superávit nominal, por exemplo, ocorre
quando há promoção do superávit primário, já que esse saldo torna possível o
pagamento de juros de dívidas públicas.
Sobre esse assunto, avalie as afirmativas que se seguem e assinale com V, as
verdadeiras, e F, as falsas:
(( ) A correção monetária não é incluída no conceito nominal de déficit, somen-
te as despesas financeiras fazem parte desse tipo de saldo.
(( ) Ao longo do tempo, com o superávit primário alcançado pelos governos,
tem sido possível quitar constantemente as dívidas.
(( ) Foi a partir de 2013 que o Brasil passou a apresentar déficits nominais decor-
rentes dos superelevados gastos com juros.
Assinale a alternativa correta:
a) V, V e V.
b) F, F e V.
c) V, F e F.
d) F, V e F.
e) F, V e V.
156
5. De acordo com Viceconti e Neves (2010, p. 468), “os gastos totais do governo
compreendem não apenas as despesas correntes (consumo de bens e serviços,
transferências e subsídios), mas também as chamadas despesas de capital, que
são os gastos que o Governo faz com investimentos” (aquisição de bens de
capital e variação de estoques).
Considerando esse contexto, avalie as afirmativas que se seguem:
I. A emissão de moeda e o lançamento de títulos públicos no mercado aberto
não são formas de financiar o déficit público.
II. O déficit público pode ser financiado por vias de recursos extrafiscais.
III. Em uma situação de déficit, uma das medidas do governo para a correção
da referida situação é utilizar a política fiscal, via aumento de impostos ou
corte de gastos.
IV. Se as despesas públicas, distribuídas entre o consumo governamental e o
investimento público, superar a receita tributária, têm-se uma situação de
superávit.
Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.
157
duzidas pela CGU, bem como para informar aos gestores sobre indicadores gerenciais
relativos à realização de gastos públicos, de modo a permitir análises comparativas,
subsidiando a tomada de decisões para melhoria da aplicação dos recursos públicos.
As informações geradas não são necessariamente relativas a fraudes ou mau uso do
dinheiro público, mas são situações “estranhas”, em que há grande possibilidade de isso
acontecer. Por esse motivo, os dados apurados são encaminhados aos auditores da CGU,
para que verifiquem se há irregularidades e tomem as providências necessárias.
O observatório da Despesa Pública (ODP) já conquistou alguns prêmios. Eles demons-
tram o valor que a iniciativa tem para aumentar a transparência da gestão e prevenir a
corrupção, por meio do uso de ferramentas e tecnologias avançadas.
PRÊMIOS INTERNACIONAIS
UNITED NATIONS PUBLIC SERVICE AWARDS 2011
Categoria: Avançando na Gestão do Conhecimento Governamental.
O United Nations Public Service Awards é o mais prestigioso reconhecimento interna-
cional de excelência no serviço público dado pela ONU. Premia os resultados e contri-
buições inovadores das instituições que conduzam a uma gestão pública mais efetiva e
responsável nos países em todo o mundo. Por meio de uma competição anual, o prêmio
promove o papel, profissionalismo e visibilidade do serviço público.
PRÊMIOS NACIONAIS
(a) Prêmio Conip de Excelência em Inovação na Gestão Pública 2013
Categoria: Sistemas de Informações Gerenciais e Geográficas.
Projeto: Banco de Preço de Referência, da Controladoria Geral da União.
(b) Prêmio Excelência em Governo Eletrônico (e-Gov) 2010
Categoria: e-Administração.
(c) Prêmio Conip de Excelência em Inovação na Gestão Pública 2009
Categoria: melhor projeto de informática pública.
(d) Prêmio TI & Governo 2009
Categoria: e-Democracia.
Fonte: Brasil (2014, on-line)2, Brasil (2018, on-line)3 e Brasil (2016, on-line)4.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
160
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
¹ Em: <http://www.portaltransparencia.gov.br/entenda-a-gestao-publica/execucao-
-despesa-publica>. Acesso em: 25 fev. 2019.
² Em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.
bcb.gov.br%2Fftp%2Fnotaecon%2Fnotecon3-p.asp>. Acesso em 25 fev. 2019.
3
Em: <http://www.cgu.gov.br/assuntos/informacoes-estrategicas/observatorio-da-
-despesa-publica>. Acesso em 25 fev. 2019.
4
Em: <http://www.cgu.gov.br/assuntos/informacoes-estrategicas/observatorio-da-
-despesa-publica/premiacoes>. Acesso em: 25 fev. 2019.
161
GABARITO
1. A.
2. E.
3. A.
4. B.
5. C.
Professora Me. Daniela Carla Monteiro
Professor Me. Diego Figueiredo Dias
V
UNIDADE
ORÇAMENTO PÚBLICO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Explicar os aspectos institucionais do orçamento público.
■■ Compreender os princípios orçamentários.
■■ Analisar o orçamento público no Brasil.
■■ Discutir a Lei de Responsabilidade fiscal.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Aspectos institucionais do orçamento público
■■ Princípios Orçamentários
■■ Orçamento Público no Brasil
■■ A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
165
INTRODUÇÃO
Introdução
166 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ASPECTOS INSTITUCIONAIS DO ORÇAMENTO PÚBLICO
ORÇAMENTO TRADICIONAL
ORÇAMENTO PÚBLICO
167
ORÇAMENTO MODERNO
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Princípios Orçamentários
168 UNIDADE V
PRINCÍPIOS DA UNIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você sabia que as fundações universitárias são exemplos de entidades não
autossuficientes?
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
ORÇAMENTO PÚBLICO
169
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE
De acordo com o princípio da não vinculação das receitas, a receita não poderá
estar vinculada a determinados gastos. Ou seja, nenhuma parte das receitas,
poderá estar vinculada a gastos. O referido princípio impede a vinculação de
receitas.
PRINCÍPIO DE EXCLUSIVIDADE
Princípios Orçamentários
170 UNIDADE V
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL
ORÇAMENTO PÚBLICO
171
municípios, ou seja, para cada ente da federação. Nessa direção, neste tópico,
você aprenderá a função de cada uma dessas leis na composição do sistema orça-
mentário brasileiro. Vamos lá?
e, obrigatoriamente, realizado por meio de lei. Mas, afinal, o que compreende tal
planejamento? Compreende a identificação das “prioridades” para um período
de quatro anos. Ademais, a identificação dos “investimentos” de grande porte,
também para um período de quatro anos. Em suma, cabe ao projeto do plano
plurianual identificar prioridades e investimentos de grande porte que deverão
ser trabalhados, ao longo do período supracitado.
Você sabia que o Plano Plurianual (PPA) é regulamentado, no Brasil, pelo De-
creto n. 2.829, em 1998, que, em suma, estabelece, entre outros: (1) medidas;
(2) gastos; e (3) objetivos que deverão ser perseguidos pela administração
ao longo de quatro anos?
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
Note que a lei que originará o Plano Plurianual conterá, de forma regionali-
zada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública Federal tanto para
as “despesas de capital” e outras delas decorrentes quanto para as relativas aos
“programas de duração continuada”. Você sabe o que são despesas de capital e
despesas relativas aos programas de duração continuada? Pois bem, falaremos
primeiro das despesas de capital. Estas decorrem da formação ou aquisição de
bens de capital. Logo, contribui com o Produto Interno Bruto (PIB), que nada
mais é do que a soma de todos os bens e serviços finais, produzidos numa deter-
minada economia em um determinado intervalo de tempo. Assim, as despesas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de capital compreendem: (a) os investimentos; (b) as inversões financeiras; e (c)
as transferências de capital (veja o Quadro 1).
Agora, conheceremos um pouco mais sobre as despesas relativas aos progra-
mas de duração continuada. Tal despesa é originada por meio de ato normativo.
É decorrente de despesa corrente e, por ser continuada, sua execução compre-
ende um período superior a dois exercícios financeiros. Em outras palavras, é
uma despesa corrente que pode ser originada por meio de lei, de medida pro-
visória ou de ato administrativo normativo e, em decorrência da sua natureza,
sua duração é maior que dois exercícios financeiros.
Destaca-se que as despesas correntes correspondem, de modo geral, ao
consumo do setor público de recursos para o funcionamento e manutenção da
máquina pública. Posto isto, compreendem (1) as despesas de custeio e as (2)
transferências correntes. As despesas de custeio consideram a manutenção de
serviços públicos e o atendimento de obras de conservação e adaptação de bens
imóveis. As transferências correntes, por sua vez, consideram despesas de enti-
dades públicas e privadas, cuja contrapartida direta não são bens ou serviços.
ORÇAMENTO PÚBLICO
173
Diante do que você aprendeu até aqui, cabe ressaltar que o projeto do Plano
Plurianual é encaminhado pelo Executivo ao Congresso até 31 de agosto do
primeiro ano de cada governo, mas só começa a valer no ano seguinte. Ou seja,
considere o Presidente da República eleito para assumir em 2019. Tal presi-
dente encaminhará ao Congresso, até 31 de agosto de 2019, o projeto do Plano
Plurianual elaborado por ele. O plano só começará a valer em 2020, o que sig-
nifica dizer que o presidente eleito que assumir em 2019 governará um ano com
o Plano Plurianual do presidente anterior, isto é, do presidente que está saindo,
e que deixará um ano de seu plano para o próximo governo que poderá ser ele
mesmo, caso seja reeleito. Em outras palavras, a vigência do Plano Plurianual do
presidente eleito para assumir em 2019 vai até o final do primeiro ano do pró-
ximo governo. Você tem ideia de qual é a finalidade do plano plurianual passar
de um governo para outro?
Isso ocorre para promover a chamada “continuidade administrativa”. dessa
maneira, o novo gestor, no caso do nosso exemplo, Jair Bolsonaro, poderá ava-
liar e até mesmo valer-se de partes do plano que está sendo findado.
Em suma, o plano plurianual é aprovado por lei quadrienal e está sujeito
a ritos e a prazos. Faz-se relevante destacar que por tratar-se de lei quadrienal,
é possível acompanhar a atuação do gestor público durante o período, princi-
palmente nos programas de duração continuada, tanto daqueles que já foram
instituídos quanto daqueles que ainda instituirão. Nessa direção, os gestores, de
modo geral, devem respeitar o princípio da continuidade da prestação do serviço
público, o que significa dizer que o interesse público deve prevalecer sobre os
interesses do gestor, decorrentes de seu plano de governo.
Você conseguiu perceber que com a obrigatoriedade do plano plurianual
faz se necessário que os gestores “obrigatoriamente” planejem suas ações e seus
orçamentos? Certamente que sim, não é mesmo? Tal obrigatoriedade visa não
ferir as diretrizes contidas no referido plano. Assim, por meio do PPA, espera-
-se do gestor apenas a execução de investimentos voltados a programas previstos
no PPA do período vigente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Você sabia que a Constituição da República Federativa do Brasil aponta que a
iniciativa privada também deve voltar suas ações para o desenvolvimento de
áreas ou de setores que são abordados pelo PPA vigente? Tem ideia do motivo?
■■ Regionalização do plano.
Sendo assim, cada plano de ação será previamente destinado a uma unidade
responsável, independentemente do envolvimento de outras unidades de esfera
pública se envolverem na execução. Cada ação prevista no PPA terá um “encar-
regado”. Esse encarregado será determinado diretamente pela Administração
Pública. Destaca-se que a integração de várias esferas do poder público e com o
ORÇAMENTO PÚBLICO
175
setor privado é sempre muito bem-vinda e que deve ser buscada, ao passo que
tal integração viabiliza melhor execução do plano.
Por fim, faz-se relevante destacar que em todos os anos que vigora a lei qua-
drienal que dá origem ao PPA, uma avaliação do andamento das medidas é feita.
Nessa direção, avalia-se não só o contexto de execução atual, mas também as medi-
das que podem sofrer acréscimos ou supressões (maior ou menor prioridade),
de modo a evitar desperdício de dinheiro público em ações pouco relevantes. É
com base nessa avaliação que o alicerce para a elaboração do orçamento anual
deverá ser traçado. As pesquisas de satisfação pública são exemplos de recursos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Fe-
deral, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
ORÇAMENTO PÚBLICO
177
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
f. O demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de re-
ceita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de cará-
ter continuado.
Em suma, observe que o anexo de metas fiscais, entre outros, abrangerá: (a) a
previsão da receita e da despesa por três anos (resultados primário e nominal);
(b) a previsão da dívida pública por três anos, a partir dos passivos financeiro e
permanente; (c) a análise e avaliação das metas do ano anterior em termos de
cumprimento; (d) a evolução do patrimônio líquido; (e) a análise e a avaliação
dos fundos de previdência (servidores públicos); (f) a estimativa da expansão
das despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC); (g) a estimativa de
compensação de renúncia de receitas, por meio de remissões, isenções, subsí-
dios e anistias.
ORÇAMENTO PÚBLICO
179
de cada ano para o congresso e deve obrigatoriamente ser aprovada até o dia 17
de julho (no caso da União).
Enfim, caro(a) aluno(a), chegamos na Lei Orçamentária Anual (LOA). Ela tem
por objetivo concretizar os objetivos e as metas propostas no Plano Plurianual,
segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO, em conformidade com o princípio
da unidade do orçamento público, também estudado no início desta unidade.
Nessa direção, leciona o Art. 165, § 5º da Constituição de 1988, que:
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Autarquias, inclusive as especiais, e Fundações instituídas e man-
tidas pelo ente público; abrange, também, as empresas públicas e
sociedades de economia mista em que o Poder Público, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a
voto e que recebam desta quaisquer recursos que não sejam prove-
nientes de participação acionária, pagamentos de serviços presta-
dos, transferências para aplicação em programas de financiamento
atendendo ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e
refinanciamento da dívida externa.
ORÇAMENTO PÚBLICO
181
Você sabia que a Lei Orçamentária Anual prevê também quanto o governo deve
arrecadar para que os gastos programados possam, de fato, ser concretizados?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 - Ciclo integrado de planejamento e orçamento
Fonte da imagem: Câmara dos Deputados ([2019], on-line)³.
Sem mais delongas, a técnica utilizada na elaboração das três leis orçamentá-
rias estudadas, sendo a do “Orçamento Programa”, ao permitir uma linguagem
comum nas relações entre a três leis, permite a integração entre o planejamento
e o orçamento.
ORÇAMENTO PÚBLICO
183
■■ O empenho.
■■ A liquidação.
■■ O pagamento (BRASIL, 1964, on-line)4.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tecedendo esses estágios, já que, após o recebimento do crédito orçamen-
tário e antes do seu comprometimento para a realização da despesa, existe
uma fase geralmente demorada de licitação obrigatória junto a fornecedo-
res de bens e serviços que impõe a necessidade de se assegurar o crédito até
o término do processo licitatório.
Fonte: Gonçalves (2010, p. 20).
ORÇAMENTO PÚBLICO
185
assim será possível extinguir a obrigação, que será efetuada por meio da chamada
nota de lançamento. Destaca-se que esta só será emitida após a identificação e
validação de todos os atos. Tais atos envolvem desde o fornecimento do material
ou início da prestação de serviço até o reconhecimento da despesa. Via de regra,
o fornecimento do material ou a conclusão da prestação de um determinado
serviço origina a emissão de uma nota fiscal, que deve ser entregue ao servidor
competente, acompanhada de uma cópia da nota de empenho. O referido ser-
vidor, em posse da nota fiscal, atesta em seu verso o recebimento do material ou
a conclusão do serviço/obra.
Por fim, chegamos ao último estágio da despesa, chamado de pagamento.
Esse é o momento mais esperado pelos fornecedores, compreende a entrega de
numerário ao credor do Estado, que, por conseguinte, extingue o débito. Quem
efetua esse procedimento? A tesouraria. Normalmente, o pagamento é feito via
depósito em conta corrente do fornecedor.
Ressalta-se, ainda, que todo o procedimento relatado está balizado nos
princípios que regem a administração pública e, em especial, nos princípios
constitucionais orçamentários que você estudou no início da unidade. O motivo
para tal cuidado é garantir sempre o interesse público.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em 4 de maio de 2000, foi instituída a Lei Complementar n. 101, cuja denomi-
nação é Lei de Responsabilidade Fiscal. (LRF) e tem amparo no Capítulo II, do
Título VI, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A Lei em
questão foi criada com o intuito de estabelecer “normas de finanças públicas”. Tais
normas, por sua vez, foram criadas com o intuito de criar “responsabilidade na
gestão fiscal”, ao passo que com essa responsabilidade instituída, o equilíbrio das
contas públicas poderia ser alcançado e mantido. Ademais, a ideia no momento
de sua instituição era de que tal conduta preveniria desvios.
Destaca-se, ainda, que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi instituída com
algumas premissas, sendo: ações que compreendem atividades de planejamento;
controle; transparência; e responsabilização de indiscutivelmente todos os órgãos
da administração pública. A grande questão para se refletir aqui é: de onde veio
essa necessidade? Ou melhor, de onde veio a necessidade de se instituir uma lei
com as características da Lei de Responsabilidade Fiscal? Veio dos constantes
desequilíbrios fiscais (receitas menores do que os gastos) enfrentados pela admi-
nistração pública brasileira.
ORÇAMENTO PÚBLICO
187
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As administrações que não cumprirem a lei perdem o direito de repasse vo-
luntário de verba da União (por exemplo, o repasse de parte do IPI e IR ar-
recadado pela União aos estados e municípios). Além disso, os responsáveis
podem sofrer sanções por crime de responsabilidade fiscal. Nessa direção,
pode-se dizer que com a Lei de Responsabilidade Fiscal, ganhou-se maior
eficiência na ação governamental, obrigando estados e municípios a explo-
rarem as receitas próprias, contribuindo decisivamente para o ajuste fiscal.
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p. 268).
ORÇAMENTO PÚBLICO
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Note que a referida lei (Lei n. 10.028/2000) contribuiu para a prática fiscal dese-
jada se consolidar, conforme passou a punir (ressarcimento e reclusão) os gestores
públicos pelo descumprimento da LRF.
Por fim, caro(a) aluno(a), ressalto que com o objetivo de implantar e difun-
dir uma nova cultura para o gerenciamento dos recursos públicos, bem como de
incentivar uma atuação mais cidadã, especialmente em termos de participação
do contribuinte no processo de fiscalização da aplicação dos recursos públicos
e de seus resultados, a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao ser instituída, vislum-
brou que a obediência a essas novas normas e princípios permitirá um “ajuste
fiscal permanente” no Brasil, enquanto que a disciplina fiscal proposta pela lei
proporcionará a reestruturação e o fortalecimento da situação financeira de todos
os entes da Federação. Por conseguinte, será possível a esses gestores adminis-
trar com maior disponibilidade de recursos que, por sua vez, serão transferidos a
investimentos em programas de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Muito interessante, não é mesmo? Nessa direção, vale relembrar que, na ótica
contemporânea, o orçamento público enquanto instrumento de administração,
foi aperfeiçoado e passou a auxiliar o executivo na programação, na execução e
no controle do processo administrativo.
Por conseguinte, você aprendeu os mais relevantes princípios orçamentários,
sendo: (a) princípio da unidade; (b) princípio da universalidade; (c) princípio
do orçamento bruto; (d) princípio da anualidade; (e) princípio da não vincula-
ção das receitas; (f) princípio da discriminação ou especialização; (g) princípio
da exclusividade; e (h) princípio do equilíbrio. Qual deles você mais gostou de
aprender? Confesso que o meu preferido é o da discriminação, uma vez que acre-
dito ser importantíssimo aparecer discriminadamente, no orçamento, as receitas
e as despesas. Em outras palavras, é indispensável a clareza quanto à origem e à
destinação dos recursos, não é mesmo?
Pois bem, após aprender tais pontos, você aprendeu sobre o orçamento público
no Brasil, cuja elaboração segue os passos determinados pela Constituição Federal
de 1988. Por fim, aprendeu que, para melhorar a eficiência dos gastos públicos,
foi aprovada, no Brasil, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Essa lei trouxe uma
nova noção de equilíbrio para as contas públicas, pois fez com que o chamado
equilíbrio das contas primárias se tornasse autossustentável.
Espero que esta quinta unidade tenha sido proveitosa e que você tenha gos-
tado de aprender sobre orçamento público. Parabéns pelo aprendizado!
ORÇAMENTO PÚBLICO
191
3. A Lei Complementar n. 101/2000 visa o controle dos gastos da União, dos es-
tados, do Distrito Federal e dos municípios. Sancionada pelo ex-presidente da
República Fernando Henrique Cardoso, a lei determina que as finanças sejam
apresentadas detalhadamente ao Tribunal de Contas da União, dos estados e
dos municípios. Considerando o contexto apresentado, pode-se afirmar que,
um dos principais objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal é:
a) Estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade
na gestão fiscal.
b) Planejar os gastos públicos por meio da PPA, LDO, LOA, IPCA, e IGP-M.
c) Correr riscos frente ao orçamento fiscal.
d) Evitar desvios na gestão do orçamento público, somente por meio da LOA.
e) Inserir, na discussão e na elaboração do orçamento, a participação popular.
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4. O governo brasileiro tem uma importante ferramenta de política fiscal que tem
como objetivo possibilitar o equilíbrio orçamentário do setor público. Essa fer-
ramenta é a Lei Complementar 101, do ano de 2000, conhecida com a Lei de
Responsabilidade Fiscal, importante para moralizar os gastos públicos e dar
mais transparência em sua aplicação. A respeito desse assunto, avalie as asser-
ções a seguir e a relação proposta entre elas.
Poder
Executivo
elabora,
consolida,
sanciona,
publica e
controla
Fundamentos de Economia
Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel Enriquez Garcia
Editora: Saraiva
Sinopse: Fundamentos de Economia é um livro dirigido a estudantes e
profissionais das áreas de Ciências Humanas em geral, que fornece uma visão
abrangente das principais questões econômicas de nosso tempo. Trata-se de
um livro introdutório de Economia Aplicada, no qual os autores explicam com
clareza e concisão conceitos e problemas econômicos fundamentais, de forma que os estudantes
possam ter melhor compreensão da realidade econômica.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
¹ Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
2
Em: <https://jus.com.br/artigos/14940/o-orcamento-publico-brasileiro/3>. Aces-
so em: 25 fev. 2019.
³ Em: <http://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/cidadao/entenda/curso-
po/planejamento.html>. Acesso em: 25 fev. 2019.
4
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
5
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10028.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
6
Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10028.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
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GABARITO
1. A.
2. E.
3. A.
4. A.
5. C.
CONCLUSÃO