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GUIA DE RECOMENDAÇÕES:

DEFESA DISCIPLINAR PARA


SERVIDORES PÚBLICOS
Exemplos extraídos da experiência prática

“Verifique se os membros da comissão são


suspeitos, impedidos ou têm interesse no
desfecho do processo. ”
– Recomendação 2-b

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Respeito ao contraditório e ampla defesa
e o direito de revisão das decisões:
As Leis nº 8112/90 e nº 9.784/99 regulamentam no âmbito da administração federal os
procedimentos dos processos administrativos disciplinares. As empresas públicas e
sociedades de economia mista poderão ter regulamentos próprios, desde que observados
os preceitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Os outros entes públicos, estados, municípios, distrito federal e entidades vinculadas,


podem ter regramentos e procedimentos próprios, observados também os comandos
constitucionais.

Dentre outros, dois princípios importantes orientam a atuação da administração pública no


procedimento disciplinar. O respeito ao contraditório e à ampla defesa e o direito de revisão
das decisões. Todo servidor terá direito de ser ouvido, de apresentar provas e contestar as
acusações assacadas contra si.

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Este pequeno ensaio prático, com o título GUIA DE RECOMENDAÇÕES: DEFESA
DISCIPLINAR PARA SERVIDORES PÚBLICOS, objetiva destacar pontos, na visão deste
profissional, importantes para a compreensão e atuação segura no procedimento,
precisamente na fase instrutória.

São elementos extraídos da experiência prática, dos comandos legislativos e de julgados


que tratam do assunto. Siga até o final, pois faremos uma lista das recomendações mais
importantes e imprescindíveis para os servidores públicos que passam por PAD.

Frisamos, desde já, que atuação em processo disciplinar deve ser realizada sempre em
conjunto com profissional especializado, dada a natureza atípica do procedimento e as
particularidades que envolvem cada caso sob apuração.

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Presunção de inocência
É preciso centrar a atenção no fato de que cada ato processual, inclusive da Comissão
Apuradora, deve ter como horizonte propiciar ao servidor o livre e pleno exercício do
direito de defesa. A perspectiva é assegurar o exercício pleno do direito de defesa. Este
direito constitucional abarca todas as formas de expressão lícitas e possíveis para propiciar
o reconhecimento de sua inocência.

Outro alerta, por vezes deslembrado! Tanto servidor, quanto advogado e Comissão devem
caminhar sob a luz da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. A Comissão não é órgão acusatório e
sim apurador. Por muitas vezes, os integrantes apuradores exorbitam as suas funções e
movimentam-se como se fossem verdadeiros promotores de justiça. Esquecem o
preceito de imparcialidade. Por vezes, buscam elementos para justificar a imputação
infracional.
Abordaremos aspectos importantes da fase instrutória.

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FASES E RECOMENDAÇÕES – INSTRUÇÃO PROBATÓRIA

Investigação Preliminar, Sindicância


Investigativa ou Apuração Preliminar

É procedimento investigativo no sentido de apurar se os fatos vinculados às condutas dos


servidores têm alguma pertinência. Normalmente não se cogita do contraditório.

O servidor pode ser convocado apenas para prestar esclarecimentos. A convicção de


conduta infracional não está firmada. Muitas vezes este procedimento conclui pela não
ocorrência de ilegalidade.

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RECOMENDAÇÕES:
a) Se tiver conhecimento da acusação, contrate desde logo um advogado para orientar e
buscar, em conjunto, elementos sólidos de defesa como prevenção.
b) Não subestime os fatos apurados, porque nunca se sabe o que a investigação pode
concluir sobre as condutas.
c) Se tiver prestes a tirar férias, licença-prêmio ou outras vantagens, a instauração do
processo administrativo poderá suspender. Diante disso, aproveite esta oportunidade para
pedir o que efetivamente já tenha direito adquirido.
d) Verifique se dentre os membros da comissão nomeados existe algum inimigo pessoal, ou
que tenha interesse no desfecho desfavorável ao servidor na investigação. Da mesma forma,
verifique se há outros impedimentos legais e suspeição.
e) Identifique se as diligências na investigação são legais ou não, para suscitar no momento
certo a nulidade da apuração.
f) Identifique se as testemunhas ouvidas são suspeitas, impedidas ou inimigas do servidor.

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Notificação da abertura do Processo

RECOMENDAÇÕES:

a) Verifique se houve a descrição efetiva dos fatos e da conduta, o prazo para se manifestar
sobre provas, possibilidade de constituir advogado, forma de acesso ao processo e e-mail
para contato com a comissão. São todos elementos obrigatórios na notificação.
b) Verifique se os membros da comissão são suspeitos, impedidos ou têm interesse no
desfecho do processo.
c) Solicitar e obter as peças do processo (integral).
d) Constituir advogado e lhe repassar as peças para análise e debate com o profissional
para formalizar a defesa ou manifestação prévias em conjunto.
e) Faça uma busca sobre as funções ou cargo exercidos pelos membros da Comissão
indicada. Podem existir membros que não podem ser nomeados em razão do cargo.

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A manifestação sobre provas – DEFESA PRÉVIA

Em regra, a notificação da instauração do processo disciplinar estabelece o prazo de 10


(dez) dias para apresentação de provas. O prazo é contado em dias corridos e não em dias
úteis.

Existem algumas entidades públicas da administração indireta, entretanto, que já se


adequaram ao CPC e alteraram o prazo para dias úteis.

A recomendação primária neste caso é observar a contagem do prazo e data final para
cumprimento para não expor a risco este prazo importante.

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RECOMENDAÇÕES:

a) Indique as testemunhas com a qualificação e pelo menos dois endereços para contato,
se possível um eletrônico, e justificar a pertinência do arrolamento.
b) Proteste pela juntada de documentos, que pode ser realizada até a finalização da
instrução. Também verificar se tem perícia, que pode ser requerida.
c) Alegue na manifestação vício procedimental, se houver, e desde já, fatos jurídicos
prejudiciais como a prescrição e a decadência.
d) Não evidencie claramente neste momento as linhas de defesa que serão utilizadas
durante a instrução. Isto deve ser feito após a oitiva das testemunhas da administração ou
em Alegações Finais. A apresentação antecipada dos elementos de defesa pode influenciar
os apuradores a buscar questionamentos adicionais às testemunhas.

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e) Analise se na notificação houve juízo de valor na conduta apontando ou sugerindo
penalidade. Neste caso, o procedimento pode ser reconhecido nulo a partir da notificação.
A tipificação da conduta somente poderá ocorrer após a instrução.
f) Suscite suspeição de membros da Comissão por impedimento ou suspeição, se for o caso.
g) Suscite a nomeação imprópria de membro em razão de cargo inferior ao do servidor,
além de outras causas como o vínculo funcional direto.

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As testemunhas da Administração

As testemunhas de defesa e acusação podem ou não ser ouvidas num mesmo dia.

O interrogatório também pode ser na mesma data ou em data posterior.

É preciso se atentar para esse iter: se os depoimentos serão concentrados ou não. Isto para
identificar o momento para a juntada de documentos e análise de momentos importantes
verificados durante a instrução processual.

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RECOMENDAÇÕES:

a) Identifique se a testemunha é impedida ou suspeita e impugne após a qualificação.


Em quaisquer dos casos é preciso contraditar. Esclarecer as razões jurídicas. Isto pode ser
realizado desde o momento em que se tem notícia do arrolamento. Porém, é estratégico
que se faça após a qualificação na audiência, para evitar eventual substituição em prejuízo
ao servidor. Importante apresentar provas do impedimento ou suspeição, se houver.
b) Atente para a forma de inquirição das testemunhas. Os questionamentos realizados pela
Comissão não podem induzir a resposta da testemunha, que deve ser natural e espontânea.
c) As perguntas devem ser objetivas e não podem ter qualquer juízo de valor em relação às
condutas apuradas. Também é importante corrigir a conduta do inquiridor neste sentido.

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d) Também se deve impugnar a leitura de textos de depoimentos anteriores, colhidos na
fase investigativa, onde não houve o contraditório, pedindo que a testemunha apenas
confirme. Deve-se corrigir e pedir que as perguntas sejam refeitas sem fazer relação ao
depoimento anterior.
e) Se a audiência não for por mídia, videoconferência, é recomendado que seja gravada. Se
a comissão não gravar, peça autorização ou informe que estará gravando. Isto evita e pode
comprovar eventual constrangimento e abuso de autoridade.
f) Não pode haver a inversão da oitiva das testemunhas de defesa e da administração. Isto
pode representar nulidade do procedimento. Tampouco deverão ser ouvidas depois do
interrogatório. Se isso ocorrer também ocorrerá nulidade por ofensa ao princípio do
contraditório. Há procedimento, entretanto, de alguns entes que prevê o interrogatório
antes das testemunhas.
g) Impugne perguntas relacionadas a fatos que o depoente teve conhecimento por
terceiros. De ouvir dizer.

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As testemunhas de defesa

RECOMENDAÇÕES:

a) Analise a pertinência de ouvir a testemunha arrolada, a partir da análise dos


depoimentos das testemunhas da administração. E, se for o caso, desista de alguma que se
tornou desnecessária.
b) Prepare, com cautela, os questionamentos, idealizando as respostas que podem
favorecer o servidor.
c) A maioria das recomendações citadas para as testemunhas da administração se aplicam
para as testemunhas de defesa.

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Interrogatório

Esgotados os mecanismos de coleta de provas, encerra-se a fase instrutória. Em seguida,


será realizado o interrogatório do servidor. É neste momento que explanará a versão dos
fatos e poderá contrapor os depoimentos e impugnar os documentos acusatórios.

Importante ressaltar que há alguns procedimentos em que interrogatório ocorre antes do


depoimento das testemunhas. Exemplo disso é o procedimento da Procuradoria Geral do
Estado de São Paulo. É preciso observar, entretanto, que o servidor poderá pedir novo
interrogatório se houver justificativa pertinente durante a instrução processual.

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Em seguida, será estabelecido prazo para Alegações Finais. Na sequência será emitido o
Relatório ou Parecer Conclusivo da Comissão, com o enquadramento normativo ou
opinando pelo Arquivamento do processo.

Todo processo administrativo tem suas peculiaridades. Dessa forma, é importante que haja
um trabalho em conjunto do servidor com o profissional técnico –ADVOGADO
ESPECIALISTA- com experiência em PAD. Advogado e servidor enfrentarão, juntos, os
obstáculos e apresentarão, de forma correta, os elementos de defesa, maximizando
imensamente a possibilidade de um resultado FAVORÁVEL AO SERVIDOR.

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DEOCLÉCIO BARRETO MACHADO,
ADVOGADO ESPECIALISTA EM PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Advogado e mestre em Direito das Relações Sociais


pela PUC/SP, com experiência na atuação de
processos administrativos de empregados e
servidores públicos na esfera federal, estadual e
municipal. Ex-advogado de empresa pública
federal. Especialista em direito processual civil e
direito bancário. Professor Universitário. Integrou a
diretoria da OAB-Campinas e presidiu a comissão
de ética da entidade.

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