Você está na página 1de 3

Uma história real de descaso, porque a obra da FACEDI não deu certo?

A obra da FACEDI, construção e reforma, foi feita num processo de muitos erros, muito
descaso e muita incompetência, e de quem é a culpa?
Escrevo aqui o que vivenciei nestes seis anos como membro da comissão da obra e
acompanhando de perto, durante muito tempo, toda segunda-feira ia na obra observar
seu desenvolvimento, pena que não bati fotos sempre, só no início.
Na primeira reunião que tivemos no DAE ficou decidido o cronograma da obra, iniciaria
pela construção da parte nova até seu término, quando terminada, a faculdade se
mudaria para este prédio novo, e a partir daí começaria a reforma na estrutura que já
era pronta, ok decidido e batido o martelo entre o DAE, a UECE e a FACEDI. Partimos
para a obra que se iniciou sem projeto, SEM PROJETO??? Sim sem projeto, nem
projeto arquitetônico, nem projeto estrutural e muito menos projetos finalísticos, elétrico,
hidráulico e lógica, começou sem uma visita técnica ao local da obra pelos órgãos
responsáveis pela obra, na época o DAE e a engenharia da UECE, não houve o
batimento de nível do terreno, uma das etapas mais importantes e fundamentais de uma
obra de construção civil, principalmente uma obra desta envergadura, mesmo assim,
inicia-se a construção, traz um projeto de prédio de salas de aula dali, o RU dacolá e a
biblioteca de outro canto, e joga tudo neste terreno bota um aqui, o outro ali e o último
acolá, isso sendo feito, tenho certeza pelo Google Maps, porque aqui os caras não
vieram e é tanto que colocaram um portão de entrada de cargas do RU onde no caminho
tem dois cajueiros, como assim produção? Dois cajueiros no caminho? É isso
mesmo...mas toca a obra tinha que ser feita né, o dinheiro já foi liberado, nove milhões
de reais, dinheiro muito, porém a licitação foi ganha por pouco menos de sete milhões
de reais, SETE MILHÕES? E isso é possível? Sei não, mas foi..., mesmo com estes
pequenos detalhes que faltavam, “os projetos”. O DAE entrega a construtora a proposta
para a construção, alguns projetos estruturais, aqueles que vieram daqui, dacolá e de
outro canto e seus respectivos locais para serem construídos, até aquele com os
cajueiros no caminho.
Começam a obra pelas torres de água, com o pensamento que seria ligada a rede para
o uso na obra, já que se consome muita água numa obra civil, não aconteceu, a água
de uso na obra está sendo fornecida pela faculdade, do seu poço e da sua conta da
CAGECE, isso também está acontecendo com a energia elétrica, a construtora que
ganhou a licitação, sequer solicitou a ligação de um registro de energia próprio, o que
tem que ser feito, pelo que eu saiba, e que acompanhei nas obras durante minha vida
de serviço público e do meu pai que foi prefeito na UFC, sempre a construtora contratada
pagava pela sua energia consumida na obra, mais aqui tudo é diferente e a construtora
passou a usar a energia da faculdade mesmo, não tem problema, a UECE aceita e paga
a conta. Continuando a construção vai-se para os blocos de sala de aula, “vixe”, não
pode fazer como está previsto, o terreno não foi medido o nível, como dizem nas obras
“não foi batido o terreno”, e do centro da rua para o final do mesmo tem uma diferença
de três metros e dez centímetros, e agora, o que fazer??? Corre todo mundo, e faz
reunião de emergência no DAE a comissão da obra, a construtora e a engenharia da
UECE para liberar a construção de um muro de arrimo, se não os prédios vão tombar,
lógico, e esta culpa é de quem, faltou a medida de nível do terreno, a obra foi enterrada
em um buraco, basta ver a altura da rua para o estacionamento, quem autorizou fazer
assim??? Buscam-se as respostas e nunca as terão...Continuando a peleja da obra
contra o tempo, levantam-se os projetos estruturais os prédios em si, os blocos de sala
de aula, a biblioteca e o RU, que teve um pequeno problema, o teto do salão ficou muito
baixo, sabe por quê??? Lembram que este projeto veio dacolá, e o acolá não era igual
o aqui, ou seja, a adaptação não deu certo, mandaram fazer e foi feito né, será que tem
correção??? Ao terminarem os blocos de sala de aula, notaram uma questãozinha
básica, cadê a acessibilidade para o segundo andar??? Caraca, temos que colocar uma
rampa né, inventa daqui, mede dali e faz-se a rampa, porém faltou outro detalhe, na
acessibilidade agora a rampa tem que ser coberta, não tínhamos pensado nisso, mas
isso deixa para depois, depois dá-se um jeito, a arquitetura e engenharia são capazes
de tudo. Terminado a parte estrutural, concreto e alvenaria, vem os acabamentos e
projetos finalísticos, e cadê, não existiam, ninguém os fez ainda, o DAE não tem gente
suficiente para tantas obras no governo Cid Gomes, aí a construtora iria parar, não tinha
mais o que fazer, e como construtora de obra pública vive de uma coisa chamada de
“medição” (fez, mediu, pagou), não teria mais medição, e não teria mais dinheiro a
receber e sem entregar a obra, então teve que ir buscar outra forma de apurar o dinheiro.
Neste momento veio a proposta que destruiu toda a faculdade, transformou-a em um
canteiro de obras. Vamos iniciar a reforma, mexe onde não tem movimento, onde não
vai atrapalhar, a proposta é apresentada em uma reunião de CONFAC, lembram que a
decisão era terminar a construção se mudar e depois reformar, isso foi descartado
porque o CONFAC aprovou que a construtora poderia iniciar a reforma, primeiro mexe
na cantina, não era usada mesmo, depois nas salas do CA de Pedagogia e salas dos
projetos de extensão, não impactariam nas aulas, passou-se para o prédio que era a
biblioteca, e a biblioteca vai para onde??? Põe no auditório lá cabe...e está lá até hoje,
quase cinco anos depois. Até iniciar a pandemia, onde as colações de grau foram online,
a FACEDI precisou arranjar espaços fora do seu campus para fazer sua Colação de
Grau, e em 2022.1 e mais alguns daqui para frente vai ter que fazer o mesmo. Mas isso
era pouco, a obra nos prédios novos caminhando a passos extremamente lentos, e no
prédio antigo intervenções que só atrapalhavam a vida acadêmica, não achando pouco
o incomodo, a construtora resolveu fazer o piso industrial das salas de aula, eu faço
duas por vez, não vai atrapalhar, passou seis meses atrapalhando, ocupando as salas
e a direção tendo que se virar na logística para onde colocar os professores seus alunos
e suas aulas. Junto com o piso veio a parte elétrica, tiraram o forro e os ventiladores de
teto, colocaram vidros fixos onde ficavam as longarinas basculantes, porém este modelo
de janelas colocado não estava no projeto, era para ser janelas de alumínio com
basculantes de vidro, então alguém responsável não viu aquilo, e os responsáveis pela
obra e deixaram fazer??? Sempre os questionamentos, que chato isso...Neste interim
de fatos, e não finalização da obra, a construtora que até já tinha ganhado adicional
financeiro na obra, mas ele não disse que construiria e reformaria pelo preço ganhou
que a licitação, àqueles pouco menos de sete milhões, isso não estava no contrato
assinado e firmado? São muitos questionamentos...E mesmo recebendo várias
medições e até um aditivo a construtora foi desclassificada e a obra parou por dois
longos anos, e com a pandemia mais um ano e meio. Veio uma nova licitação, ganhou
outra construtora, valor só para terminar, passou-se um ano só para o governo do estado
assinar o reinício da obra, mais um questionamento, seu governador estava faltando
tinta na caneta???.
Para iniciar a obra, aconteceu uma conversa na sala dos professores na faculdade, onde
estavam presentes a reitoria, a construtora, a engenharia e a FACEDI, foi dito que
faltava pouca coisa a ser feito, tem como fazer por este valor da licitação, e no tempo
determinado, até o final de agosto de 2022, e foi decidido que terminaria o prédio novo,
até o final de março, pelo menos o prédio das salas de aula, para poder ocuparmos, e
depois voltaria a reforma. Meu Deus como fazer isso, não tem energia, o projeto
energético venceu, tem que atualizar, com as novas especificações da ENEL, e não tem
ainda projeto de lógica, como trabalhar em uma universidade sem internet, e não tem
esgoto, o projeto original que era uma ETE não pôde ser feito, e aí vem outro
questionamento, e porque não, lembra que os responsáveis não vieram conhecer o
terreno, mais sabiam que passava um rio dentro do campus, e foi proposto que os
dejetos tratados da ETE fossem para este rio, porém é só um riacho não perene, e com
isso não pode receber dejetos, muda-se os planos e vai atrás da CAGECE para montar
a rede de esgoto para receber o esgoto da faculdade, já está pronto viu, quando vai
receber esgoto ninguém sabe, porém se ligar a rede a UECE terá que começar a pagar
mesmo não usando.
O que ficou definido na reunião de reinício da obra não aconteceu, o prédio de salas de
aula não ficou pronto, não pode ser habitado pelos professores, seus estudantes e suas
aulas, e este é o nosso grande problema, seis anos depois de iniciada a obra, nem
temos um prédio novo terminado, e a reforma mexeu com toda a estrutura da faculdade,
que hoje atrapalha o seu funcionamento normal, e pensar que antes de iniciar a reforma
funcionávamos até bem, nas condições que tínhamos, tinha uma biblioteca, apertada,
quente porém funcionava, salas para o projetos de extensão se reunirem e produzirem,
tinha sala da coordenação, era um banheiro improvisado, mais tinha, as coordenações
tinham onde atender seus alunos e guardar seus materiais, seus computadores estavam
lá para acesso e trabalho. Tínhamos um auditório, que com todo os seus problemas,
funcionava para muitos fins na faculdade, inclusive a solenidade magna da universidade
a Colação de Grau.
A FACEDI hoje não passa de um canteiro de obras desorganizado, com estrutura
precária para o ensino, e por estes problemas voltamos as origens, ao Colégio Estadual
de onde uma grande luta do movimento estudantil e das lideranças da cidade fez sair
para o prédio que hoje é a FACEDI, e ainda temos que ocupar outro prédio público a
UAB, por que hoje a faculdade não dispõe de salas suficientes para a comportar os
cursos de Pedagogia e Ciências Sociais juntos, é muito complicado, para quem vive da
FACEDI, para a comunidade facediana, professores, funcionários e estudantes, porém
permaneçamos na luta e na esperança que um dia esta faculdade estará pronta e
totalmente reformada, com conforto para todos.
Peço desculpas antecipadamente se alguém se sentiu ofendido por este texto, mas é
foi a única forma que tive de comemorar o aniversário de seis anos da obra da FACEDI.

Professor Petronio Souza


Química/FACEDI/UECE

Você também pode gostar