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Machado de Assis não sabia astrologia — pelo menos até onde eu sei,
não —, mas ele percebeu a mesquinharia brasileira. E quase todos os
seus contos e romances giram em torno disso. Do autoengano, da
mediocridade e da inveja.
Só que nós temos uma coisa chamada ego, soberba e vaidade. E para
não assumir para nós mesmos que somos só uns bostas mesmo, a
gente se auto-engana, mente, inveja, perverte.
Ele era negro, pobre, gago, epilético, órfão, e ainda vivia numa
sociedade escravocrata. E sofreu milhares de preconceito por conta
disso. Antes dos 8 anos ele tinha perdido a mãe e a irmã, e ele amava
a irmã. E pouco tempo depois ele fica órfão de pai também, e só lhe
sobra a madrasta. Machado vendeu doces numa escola para
sobreviver, e escutava as aulas pela janela do lado de fora, e no
intervalo vendia as balas.
E desde cedo Machado de Assis queria subir na vida, queria ter uma
vida intelectual, e queria fazer parte da elite intelectual. Machado era
extremamente ambicioso, em todas as áreas. E ele escreve
Memórias Póstumas de Brás Cubas com por isso. “Nasci preto,
pobre, e fudido e subi na vida por mérito próprio.”
Como quem diz: “e vocês deviam fazer o mesmo, deviam construir
uma vida digna, e no fundo vocês sabem que podem ser mais e não
são, e quando questionados, mentem e enganam a si mesmos.”