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Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Departamento de Ciência Política

Luccas Eduardo Ferraz da Silva

Pré-Ficha
Texto: MARX, Karl. Sobre a questão judaica. São Paulo: Editora Boitempo, 2009.
Tradução: Nélio Schneider.

Ficha: Fichamento detalhado dos capítulos I (Bruno Bauer, A questão judaica) e II (Bruno
Bauer, A capacidade dos atuais judeus e cristãos de se tornarem livres)

Texto: Entrega obrigatória para a FLP0101, com a prof.ª Eunice Ostrensky e monitoria de
Artur Batista, 1º semestre de 2022.

Fichamento

BRUNO BAUER, A QUESTÃO JUDAICA


1ª Parte: A emancipação judaica suas preposições e contradições. (§§1-12)

(§1) Apresenta a questão judaica. Os judeus alemães buscam a emancipação cidadã e


política. (§2) Anuncia a perspectiva de Bruno Bauer que responde o desejo pela
emancipação judaica. Ninguém na Alemanha, à época, é emancipado e a tentativa de uma
conquista dos direitos aos judeus e não aos alemães é “egoísta”. (§§3-7) Constata a
impossibilidade da emancipação dos judeus. Essencialmente, nem o Estado cristão nem o
próprio judeu podem conceder essa emancipação. Isso pois, o judeu ao se relacionar com este
Estado é estrangeiro e antagônico e é como se ele pedisse ao Estado cristão para abdicar de
seus preconceitos religiosos e de sua religião institucional. (§§8-9) Questiona a motivação da
emancipação judaica. O autor reflete o motivo que faria com que os judeus buscassem
direitos políticos e civis em um Estado cuja religião é sua inimiga mortal. (§§10-12) Narra
gradativamente o caminho para a resolução da questão judaica. O principal antagonismo
entre judeus e cristãos é o religioso, logo a única forma de torna-lo impossível é superando a
religião.

2ª Parte: A superação da teologia no campo político. (§§13-20)


(§13) Exibe a posição de Bauer sobre a posição de judeu e de cidadão. A identificação
religiosa como judeu não abarca uma “moralidade universalmente humana”, logo o judeu não
deve se emancipar como judeu e sim como cidadão. (§§14-15) Explicita a proposição de
Bauer sobre a emancipação política na França. A França ainda não alcançou um patamar de
liberdade jurídica, isso pois esbarra em questões de privilégios religiosos. Para resolver tal
questão seria necessário abolir todo privilégio e monopólio religiosos e assim com a retirada
de seu poder de exclusão ela deixará de existir (§16) Debate a superação da religião. Bauer
acredita que para superar a religiosidade na política é necessário superar toda a religião.
(§§17-18) Indaga as especificidades da emancipação política. Aqui são levantados
questionamentos sobre a formulação vigente da questão judaica como a quem deve ser dada a
emancipação e quais são as condições estão na base de sua exigência. (§§19-20) Critica a
visão de Bauer sobre o problema do “Estado”. Bauer critica em seu raciocínio unicamente o
Estado cristão e além de defender a supressão do judaísmo. Assim, Marx contra-argumenta
dizendo justamente que o problema não é o “Estado cristão” e sim o “Estado como tal” e que
não é necessário exigir o fim da prática religiosa individual e sim retirar a discussão sobre
“Estado” do campo teológico.

3ª Parte: A consolidação e emancipação do Estado Político. (§§21-34)

(§§21-22) Cita os estados livres norte-americanos como o exemplo da superação da


teologia. No Estados Unidos a questão judaica perdeu seu sentido teológico. Assim o Estado
se comporta de maneira política com a religião e assim, perdendo seu caráter religioso, “a
crítica de Bauer deixa de ser crítica” (§23) Analisa a emancipação política plena nos Estados
norte-americanos. Mesmo nos Estado norte-americanos a religiosidade não é, de forma
alguma, apagada, contudo, sua continuidade se dá sem nenhuma sustentação na razão e se
configura apenas como “limitação mundana” e a relação de emancipação política e religião se
torna uma relação de emancipação política e emancipação humana. (§24) Constata que o
Estado é emancipado da religião. A emancipação do homem religioso em relação ao Estado
é a emancipação do Estado da religião. Só assim o Estado se configura realmente como
Estado. (§§25-27) Explicita o processo de libertação humana. O fato de o Estado ter se
emancipado politicamente da religião não faz com que uma parte majoritária da população
deixe de ser religiosa. A forma que as pessoas se relacionam com a religião reflete no
comportamento do Estado com a religião e assim num processo de libertação do homem o
Estado é o mediador. (§§28-29) Explica sobre a anulação política da propriedade privada.
Aqui compreende-se que a anulação política além de anular a propriedade privada, à
pressupõe. (§§30-32) Demonstra a diferenciação entre Estado político e sociedade burguesa
Há uma dicotomia entre Estado político e a sociedade burguesa o indivíduo na sociedade
burguesa configura-se como “inverídico” enquanto dento do Estado político ele é “privado da
vida individual real e é preenchido com uma universalidade irreal”. Logo há uma contradição
entre home religioso e homem político que é a mesma entre burguês e cidadão. (§§33-34)
Esclarece a necessidade da sociedade burguesa. A sociedade burguesa é antagônica ao
Estado político, portanto se este é necessário a sociedade burguesa também o é.

4ª Parte: Concepções sobe o Estado cristão e o Estado ateu. (§§35-43)

(§§35-36) Desenvolve as consequências da emancipação política à religião. O homem que


se emancipa politicamente da religião vai de encontro à uma “esfera do egoísmo”. Configura-
se como a separação do home de sua comunidade. (§37) Relaciona a dissociação do homem
com sua emancipação. A dissociação de homem religioso e cidadão é a própria emancipação
política e por fim acaba ocorrendo a restauração da religião e propriedade privada. (§§38-39)
Defende a existência de dois tipos de Estados: o incompleto e o completo. Há dois tipos de
Estados, sendo o completo o “Estado ateu” e incompleto o “Estado cristão”. Marx atesta que
o Estado com a religião institucionalizada é um “não Estado”, pois não possui suas bases de
sustentação e de operação por si só e só encontra por inteiro a partir da esfera religiosa e a
religião é rebaixada à apenas aparência. Já o “Estado democrático” é um “Estado real” e não
precisa da religião para se completar, ele já o é por seus termos seculares. (§§40-43) Expõe o
entendimento de Bauer sobre o povo no estado cristão. O povo do Estado cristão não é povo,
pois não possui vontade própria e sua verdadeira existência se localiza no superior ao qual
está subordinado.

5ª Parte: Os preceitos da liberdade e a relação à religião e questão judaicas. (§§44-68)

(§44) Relaciona os fazeres do Estado ao seguimento da religião. Existe uma tendencia do


Estado religioso tentar seguir uma “Sagrada Escritura” ao qual seus dogmas estão ligados,
contudo se a realmente seguisse seria inevitável uma dissolução do Estado. (§§45-47)
Introduz a concepção do homem no Estado religioso e noções sobre democracia. No Estado
cristão a alienação é mais fundamental que o homem. Esse homem é religioso na vida estatal
e essa religião é a representação da sociedade burguesa. Além disso, é apresentado o conceito
de democracia política e que nela o homem “genérico” ganha um caráter de “ente soberano”.
(§§48-49) Demonstra a emancipação política em relação a religião. A emancipação política
faz com que a religião continue existindo dentro de determinada sociedade, ademais o Estado
emancipado coopta da religião seus membros. (§50) Aponta a problemática na questão
judaica. O desejo dos judeus se emanciparem politicamente, mas sem uma emancipação
humana conjunta é contraditório tanto na posição dos judeus quanto no termo “emancipação
política”. (§§51-52) Alude à posição de Bauer sobre os direitos humanos. Bauer diz que o
home tem que renunciar dos privilégios religiosos para acolher os direitos humanos. Isso
ocorre, pois, os direitos humanos são em parte direitos políticos e pelos direitos políticos
dentro da vida na comunidade estatal. (§§53-56) Atesta as demais extensões dos direitos
humanos à religião. Ao pensarmos nos direitos humanos, o homem é e deve ser livre para
exercer qualquer religião. Além desse fato, os direitos do homem são diferentes dos direitos
do cidadão. o homem é aquele que é membro individualizado da sociedade burguesa. (§§57-
62) Determina a noção de liberdade e sua implicação à propriedade privada. A liberdade é a
permissão de fazer tudo enquanto não prejudique um terceiro. A liberdade se estende ao
direito à propriedade privada e esse significa desfrutar ao seu bel prazer seu patrimônio. Um
outro indivíduo não vê mais no outro uma realização, mas sim a restrição de sua liberdade.
(§§63-68) Conceitua as ideias de igualdade e segurança. O significado de igualdade não está
no âmbito político, a igualdade, aqui, consiste em que a lei é para todos. Já a segurança é a
proteção concedida à conservação de sua pessoa, direitos e propriedade. A segurança é a
asseguração do egoísmo da sociedade burguesa.

6ª Parte: O caráter egoísta da emancipação política e da religiosidade. (§§69-83)

(§§69-70) Indaga a questão do homem egoísta na comunidade política. O povo recém


emancipado legitima o homem egoísta na comunidade política. A cidadania se torna meia pra
conservar os direitos humanos e logo o cidadão unicamente conservar os direitos humanos.
Assim, a vida política se torna meia para alcançar a sociedade burguesa. (§§71-73) Revela a
solução da questão do homem egoísta. A emancipação política é a representação do fim da
sociedade antiga. Deste modo, a revolução política fez com que o Estado fosse tomado como
assunto “universal e as particularidades da vida da sociedade burguesa se tornaram
individuais. (§§74-78) Anuncia os resultados da emancipação política. A emancipação
política dissociou a sociedade burguesa do fazer político, além do homem ganhar o direito à
liberdade da religião, propriedade privada e comércio. (§§79-80) Separa a individualidade
do indivíduo da cidadania. Existe uma distinção entre “homem real” este que englobaria sua
esfera individualizante e o “homem verdadeiro” que seria o cidadão. (§§81-83) Conclui seu
ensaio sobre a emancipação política. A emancipação política reduz o membro da sociedade
burguesa ao indivíduo egoísta e o cidadão à pessoa moral. A emancipação só estará completa
quando o homem individual se tornar cidadão.

II

BRUNO BAUER, A CAPACIDADE DOS ATUAIS JUDEUS E


CRISTÃOS DE SE TORNAREM LIVRES
7ª Parte: As bases práticas e teóricas para a emancipação do judeu. (§§84-105)

(§§84-91) Explica a concepção de Bauer sobre a capacidade dos judeus se tornarem livres.
O cristão tem apenas um degrau a caminho de tornar-se livre enquanto o judeu precisa
romper com sua essência e se desenvolver e transformando a questão judaica em uma questão
puramente religiosa com a emancipação dos judeus sendo um ato “teológico religioso”.
Assim o judeu precisa se libertar da religião, não sendo essa uma tarefa dos cristãos, pois a
estes os judeus só são interessantes no cunho humano. (§§92-99) Contra argumenta a tese de
Bauer sobre a teologização da emancipação judaica. A capacidade de emancipação do judeu
moderno é a relação do judaísmo com a libertação do mundo moderno. O fundamento, culto
e deus seculares do judaísmo são, respectivamente, o interesse próprio, o negócio e o
dinheiro. Logo a emancipação a esses preceitos é prática e seria uma autoemancipação
judaica (§§100-105) Mostra exemplos contemporâneos da emancipação judaica. A
emancipação do judeu é a emancipação da sociedade em relação ao judaísmo. Essa
emancipação já ocorreu em alguns lugares do mundo e não se trata de fatos isolados, esta
ocorreu pois “o dinheiro assumiu o poder sobre o mundo e o espírito prático do judeu se
tornou o espírito prático dos povos cristãos”. Desta forma, a diferença entre os direitos
políticos e os poderes práticos políticos dos judeus é a mesma entre a política e o poder
financeiro.

8ª Parte: A orientação do judaísmo e suas relações ao cristianismo. (§§106-134)

(§§106-117) Relaciona o judaísmo à louvação do dinheiro. O judaísmo é autor de críticas e


de questionamento da origem do cristianismo. A base para a religião judaica foi a
necessidade pratica egoísta e essa necessidade é também o princípio da sociedade burguesa e
a geração do Estado político. Logo o deus da necessidade pratica e do interesse próprio é o
dinheiro. (§§118-124) Compreende a religião judaica como incompleta. O judaísmo
estagnou no seu desenvolvimento teórico como religião e alcançou unicamente a prática.
Portanto o ponto alto da religião judaica é a realização plena da sociedade burguesa. (§§125-
131) Correlaciona o cristianismo e o judaísmo e suas bases. O cristão foi o judeu teorizador
e o judeu o cristão prático, além disso “o cristianismo é a ideia sublime do judaísmo, o
judaísmo é a aplicação ordinária do cristianismo”. Dessa maneira o egoísmo do cristão
converte-se no egoísmo do judeu. (§§132-134) Conclui o ensaio sobre a religião judaica. O
judeu ao superar sua essência empírica se tornará inevitável e a necessidade prática terá sido
humanizada. “A emancipação social do judeu equivale à emancipação da sociedade em
relação ao judeu”.

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