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O ato dividiu opiniões entre usuários das redes sociais: o que para alguns
representa uma revolução fantástica no Mercado de Arte, para outros é desrespeitoso
e absurdo. O site “Arte que Acontece” já havia publicado em março de 2021, uma
matéria abordando a questão da NFT-Art.
De fato, “Fumeur V” não se trata de uma das obras mais destacadas do pintor
cubista, mas ainda assim representa uma fração, mesmo que pequena, do trabalho
do artista. Assumir que sua destruição não deveria gerar impacto é assumir que a
gravura é, em certo nível, descartável.
Embora a NFT art seja essencialmente utilizada para o comércio de obras
autorais, o caso de Picasso pode representar, sobretudo, uma significativa mudança
no mercado de arte e uma expansão no debate sobre os limites da tecnologia.
Conclusão
A demolição do Palácio Monroe é uma situação claramente distinta do "Picasso
queimado”, seja pelo contexto histórico em que ambas estão inseridas, seja pelo tipo
de linguagem que representam. Busquei estabelecer uma ponte entre as pautas da
arquitetura e da pintura, e deste modo, levantar questionamentos sobre os interesses
envolvidos na transformação destrutiva das artes através da comparação dos dois
casos. De um lado, há um Edifício Imigrante que marcou a memória da cidade do Rio
de Janeiro e, após muitas divergências, foi demolido para se tornar um
estacionamento (Atique, 2013). Do outro, há uma gravura de Pablo Picasso que foi
incendiada em 2021 para se tornar um non-fungible token.
O que observa-se, portanto, é que ambos os casos geraram um impacto nos
debates acerca da conservação, tendo repercussões amplamente discutidas através
de plataformas da internet. É possível notar o choque e o trauma, que se estabelece
em diferentes grupos, fomentados pelos processos que abalam a existência de algo
singular como uma obra.
Levando em consideração a trajetória do Palácio Monroe para se manter na
Avenida Central do Rio de Janeiro, e a importância da gravura de Picasso, encerro
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Departamento de História da Arte
Disciplina “Arte no Brasil I”
Gabriela Lima Lira, 2º Semestre
este ensaio com a seguinte pergunta: Quem tem o direito de decidir sobre o que vai
ser preservado?
Referências
AQUELE Abraço. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São
Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra70977/aquele-abraco. Acesso em: 09 de
dezembro de 2021. Verbete da Enciclopédia.
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14f. Disponível em:
http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1160.pdf. Acesso em 09 de dezembro de
2021
PABLO Picasso. The Smoker V (Flumeur V). In: MOMA, 2021. Disponível em:
https://www.moma.org/collection/works/71392. Acesso em 18 de dezembro de 2021.
RKAYN, Jamile. “Só se fala em crypto art e NFT art… Mas e agora? O que é isso?”.
Arte que acontece, 2 de março de 2021. Disponível em:
https://www.artequeacontece.com.br/so-se-fala-em-crypto-art-e-nft-art-mas-e-agora-
o-que-e-isso. Acesso em: 14 de dezembro de 2021.
RUBINSTEINN, Gabriel. “Grupo queima obra de Picasso e faz NFT: ‘Vivo para
sempre no blockchain’”. EXAME Future of money, 17 de Julho de 2021. Disponível
em:
https://exame.com/future-of-money/blockchain-e-dlts/grupo-queima-obra-de-picasso-
e-faz-nft-vivo-para-sempre-no-blockchain/. Acesso em 14 de dezembro de 2021.
SILVA, Aila; SILVA, Cassia. “Um quadro de Picasso encriptado: sobre NFT e
desmaterialização”. Jornal USP, 30 de agosto de 2021. Disponível em:
https://jornal.usp.br/artigos/um-quadro-de-picasso-encriptado-sobre-nft-e-
desmaterializacao/. Acesso em 14 de dezembro de 2021.