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Souza Neto
(Org.)
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Ana Carla Barros Sobreira (Unicamp)
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rita de Cássia Souto Maior (UFAL)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB)
2021 - Editora Diálogos
Copyrights do texto - Autores e Autoras
Capa: @coladapreta
Diagramação: Geison Araujo Silva
Revisão: Editora Diálogos
L755
CDD 407
https://doi.org/10.52788/9786589932253
Editora Diálogos
contato@editoradialogos.com
www.editoradialogos.com
sU Á
Apresentação ....................................................................................................................... 7
Mauricio J. Souza Neto
Sobre o organizador.....................................................................................................197
Índice remissivo..............................................................................................................202
Apr E T ç ~
- Frantz Fanon
1 FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: Edufba, 2008, p. 25.
2 hooks, bell. A língua: ensinando novos mundos/novas palavras. In: Ensinando a transgredir: a educação como
prática da liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
3 hooks, 2017, p. 223.
4 PÊCHEUX, Michel. Delimitações, inversões, deslocamentos. Tradução de José Horta Nunes. In: Caderno de
Estudos Linguísticos. Campinas, v. 19, jul/dez, 1990, p. 7-24.
5 Pêcheux, 1990, p. 17.
Rogério Modesto
Departamento de Letras e Artes
Universidade Estadual de Santa Cruz
Introdução
O objetivo deste capítulo é abordar, ainda que de forma breve, uma vez
que se trata de um assunto bastante vasto, sobre violências contra mulheres
a partir da perspectiva dos Estudos Críticos do Discurso, dialogando com ou-
tros campos do saber, como os Estudos Culturais, Estudos de Gênero, além
de discorrer e problematizar sobre como práticas discursivas (re)produzem a
violência simbólica de gênero contra a mulher, tendo como material de análi-
se imagens e frases de efeito que circulam na internet. Observa-se que a vio-
lência simbólica de gênero contra a mulher, através do discurso veiculado via
internet, perpetua representações que se inserem na construção das identi-
dades e subjetividades das mulheres, bem como contribui para a (re)produ-
ção de assimetrias e desqualificações contra elas e o universo do feminino e
das feminilidades. A relevância deste estudo está ligada ao enfrentamento
das violências contra mulheres, levando em consideração as proporções cada
vez maiores dos atos de violência em diversas esferas do social.
1 O texto aqui apresentado com modificações, refere-se à minha monografia de graduação intitulada “Violência
simbólica contra mulheres na internet”, apresentada no ano de 2014 ao Instituto de Letras da Universidade Federal
da Bahia. O primeiro capítulo da monografia (e apenas ele), também incorporado a este capítulo em recortes e
com modificações, foi cedido na íntegra, em 2015, à página Não Me Kahlo para sua publicação online, ver página:
https://naomekahlo.com/o-poder-simbolico-e-a-violencia-simbolica/. Os outros capítulos são inéditos e também se
apresentam modificados e em recortes substanciais para fins de elaboração deste capítulo.
Estudos de Gênero
2 “Dizer que o gênero é performativo é dizer que ninguém realmente é um gênero desde que nasce” (Tradução
minha).
Análise de dados
9https://www.gov.br/dnit/pt-br/download/rodovias/operacoes-rodoviarias/estatisticas-de-acidentes/quadro-0302-
numero-de-condutores-envolvidos-por-sexo-e-idade-do-condutor-ano-de-2011.pdf. É importante ressaltar que estes
são dados coletados em 2013 e 2014, quando ocorreu a pesquisa que se transformou em uma monografia de
graduação. No site https://www.gov.br/dnit/pt-br/rodovias/operacoes-rodoviarias/estatisticas-de-acidentes (DNIT) é
possível encontrar este quadro e dados referentes aos anos de 2005 a 2011. Somente a partir de 2007 há dados
registrados por gênero. Existem dados reunidos e atuais também neste link: https://www.gov.br/infraestrutura/
pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/estatisticas-denatran (DENATRAN), embora não estejam registrados os
dados por gênero. É possível ainda encontrar dados atuais também no site da Polícia Rodoviária Federal: https://
www.gov.br/prf/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/dados-abertos-acidentes. Nos dados analisados de Totais
Gerais constata-se que os homens envolvem-se mais, morrem mais e matam mais em acidentes de trânsito.
4 Nomenclatura encontrada no documento. Não é possível encontrar o dado referido usando o termo gênero
neste documento, embora seja o termo adequado.
5 https://www.abetran.org.br/. Atualmente (2021) o site do Denatran comporta diretamente estatísticas de trânsito
e acidentes, bem como as estatísticas referentes a infrações, frota e condutores habilitados. Site do Denatran:
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/denatran
Referências
Introdução
O Racismo Estrutural
Por isso, a diferença pode ser reconhecida de forma negativa, por meio
da exclusão ou da marginalização de pessoas que são definidas como “outros”,
como o que ocorre com aqueles que sofrem com racismo.
Além disso, vale destacar que existe um padrão circular e fechado de
análise do racismo, que em si mesmo elabora as perguntas e as responde,
limitando a pesquisa empírica a confirmá-las. Assim, Machado (2000) reflete
a partir da ideia de que, se o racismo é estrutural e atravessa todas as ins-
tâncias institucionais e pessoais na sociedade, então ele estará em todos os
pensamentos e discursos. Logo, como em todos os discursos existe precon-
ceitos raciais e, por mais escondidos que estejam, empiricamente, é possível
revelá-los, então, o racismo é estrutural.
Para Almeida (2019) o preconceito deve ser entendido com a constru-
ção e definição de conceito sobre determinada pessoa ou grupo, estabelecida
2 Abuso de poder consiste no uso ilegítimo do poder, ou seja, na violação de normas e valores fundamentais, dos
direitos sociais e civis das pessoas, no interesse de quem tem o poder e contra os interesses dos outros. (DIJIK,
T. A. V. Discurso e poder. 2. ed., São Paulo: Contexto, 2015).
[...] o que mostra que a racionalidade em si não é suficiente para que todas as
pessoas possam abrir mão de suas crenças racistas. Em outros termos, os ra-
cistas são movidos por outra racionalidade, que não é necessariamente cientí-
fica (MUNANGA, 2017, p. 33).
(...) o biopoder parece funcionar mediante a divisão entre as pessoas que devem
viver e as que devem morrer. Operando com base em uma divisão entre os vi-
vos e os mortos, tal poder se define em relação a um campo biológico – do qual
toma o controle e no qual se inscreve. Esse controle pressupõe a distribuição da
espécie humana em grupos, a subdivisão da população em subgrupos e o esta-
belecimento de uma cesura biológica entre uns e outros (MBEMBE, 2020, p.17).
4 Achille Mbembe.
[...] relatou que o grupo tentava parecer e se identificar como pessoas com aparên-
cia comum da população. Que Djalma, era um “senhorzinho” com bigode. Eros
usava óculos e parecia mais intelectual, tentando parecer um professor, e al-
gumas mulheres que se vestiam bem; fugindo desse padrão, estava Natan, que
era magro e negro, e de fácil identificação, e por isso acredita que ele possuía o
encargo de despistar, estando sempre na cobertura [...] (BRASIL, 2020, p. 35,
grifo nosso).
[...] o réu era visto há mais de um ano perambulando pelo centro da cidade,
fingindo estar inserido na sociedade, buscando com isso um disfarce melhor para o
cometimento dos crimes, pelo que essa circunstância deve ser considerada em
seu desfavor (BRASIL, 2020, p. 55, grifo nosso).
Considerações finais
A partir da análise, podemos afirmar que o Estado, cada vez mais pro-
move a subordinação de minorias raciais, tendo em vista que as decisões ju-
rídicas, direta ou indiretamente, servem como instrumento de reprodução
da opressão racial, por meio do discurso que opera por intermédio de uma
“simples” desconsideração do impacto que uma prática social pode ocasionar
em um grupo.
Além disso, o Direito opera como um sistema que pode ser manipulado
para que a exclusão de grupos minoritários seja mantida em nossa sociedade
por meio da reprodução, de forma explícita, de discursos que promovem a
manutenção do binômio inferioridade e superioridade; um dos principais mar-
cadores do racismo como sistema hierárquico.
Nesse sentido, cerca das consequências do seu moderado poder, tendo
em vista que podem ter acesso à educação e à pesquisa, por conta do seu sa-
ber jurídico, ou da sua influência, os juízes são, em princípio, os únicos que
decidem acerca da liberdade, ou até da vida e da morte, cujas consequências
podem ser enormes. Dessa forma, na direção do pensamento de Van Dijik
(2015), para além da abrangência e dos diversos acessos discursivos, o poder
dos juízes poderia ser medido, a partir das consequências sociais e políticas
desse acesso.
No entanto, a transformação e inclusão social de grupos historicamente
excluídos, parte da verificação do sistema de justiça no Brasil, pois atua dire-
tamente na conformação de características penais.
Introdução
por um lado, há um conjunto de ações que privilegia as línguas como bens ju-
rídicos de natureza difusa a serem tutelados pelo Estado e, por outro, um viés
que deve contemplar, como bem jurídico a ser tutelado, o direito dos falantes,
vistos individualmente ou em grupo, de utilizarem as suas próprias línguas nas
mais diversas situações sociais, oficiais ou não (ABREU, 2016, p.175)
[d]eve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessio-
nárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difu-
são da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva
e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil (BRASIL, LEI de n.º
10.436/2002 - Artigo 2º).
1 Os registros como a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias - Estrasburgo (1992); a Declaração
Universal dos Direitos Linguísticos - Barcelona (1996); a Carta Europeia do Plurilinguismo - Paris (2005); e o
Manifesto de Girona sobre os Direitos Linguísticos (2010), são documentos que foram registrados e assinados
na Europa, como um pleito de espaço de enunciação heterogêneo, marcado por uma história que destaca um
elo entre países e à memória da colonização, sendo eles enquanto colonizadores, não enquanto colonizados.
Destacamos aqui no sentido de evidenciar a distância da memória e o espaço latino-americano, especificamente
o brasileiro.
Direitos Linguísticos
2 Tradução Livre: “La última década [los años 90] ha visto agravarse los conflictos minoritarios de una manera
que carece de precedentes en el Derecho internacional contemporáneo. La protección de las minorías constituye
uno de los mejores métodos para la prevención de determinados conflictos nacionales e internacionales, intentando
reducir las causas de su surgimiento, mediante el reconocimiento y protección de los derechos lingüísticos, así
como por el establecimiento de medidas para la solución de las tensiones, tanto internas como internacionales
(FERNÁNDEZ LIESA, 1999, p.8-9, grifos do original).
3 O significado de ÓBICE do dicionário Aurélio, diz que é “impedimento, embaraço, empecilho, obstáculo,
estorvo”. Porém, é um conceito de uso do contexto jurídico, e de acordo com Cintra, Grinover, Dinamarco, (2010,
p. 40), no contexto jurídico o uso do conceito ÓBICE tem o sentido de “admissão do processo”, ou seja, no âmbito
jurídico, o termo óbice legal é utilizado no sentido de “impedir algo, sendo, para isso, respaldado por alguma
norma ou lei previamente estabelecida e que assegure tal objeção.”
4 Alexandre de Moraes é um professor do curso de Direito que define doutrinariamente a distinção entre “ter
direitos” e “garantias fundamentais”. Para Moraes (2016), os DIREITOS para o ser humano são considerados
normas principais que representam bens jurídicos, já as “garantias fundamentais” são normas acessórias que
representam instrumentos de proteção ao indivíduo frente ao Estado.
5 Os “aplicadores da Lei” são todos aqueles “funcionários responsáveis pela aplicação da lei” incluindo todos os
agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes policiais, especialmente poderes de detenção
ou prisão. Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares, quer em uniforme,
quer não, ou por forças de segurança do Estado, será entendido que a definição dos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei incluirá os funcionários de tais serviços.” (ver Código de Conduta dos para os Funcionários
Responsáveis Pela Aplicação Da Lei Adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 17 de Dezembro de
1979, através da Resolução nº 34/169.) Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_criminal/
CAOCri_ControleExtAtivPol/C%C3%B3digo%20de%20Conduta%20para%20os%20Funcion%C3%A1rios%20
Respons%C3%A1veis%20pela%20Aplica%C3%A7%C3%A3o%20da%20Lei_2.pdf. Acesso em: 20 de ago. de 2021.
[...] sociológicos: variações originadas por idade, sexo, profissão, nível de estudo,
classe social, raça; – geográficas: compreendem variações regionais. Indivídu-
os de diferentes regiões tendem a apresentar diversidade no uso da língua, par-
ticularmente com relação ao vocabulário e expressões idiomáticas; – contextu-
ais: envolve assunto, tipo de interlocutor, lugar em que a comunicação ocorre,
relações que unem interlocutores (MEDEIROS, 2004, p.25).
7 FEBRAPILS – Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-
intérpretes de Língua de Sinais. Código de Conduta e Ética - Primeira alteração aprovada na Assembleia Geral
Ordinária - 13 de abril/2014. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B7ZxCOYQ0QJmTUdtZ2xIZHlqQ1U/
view?resourcekey=0-UR8f76e4adlVWnFLu1CTwQ>. Acesso em: 20 de jul. 2021.
Metodologia e procedimentos
8 Juridiquês é um neologismo que designa o uso excessivo do jargão jurídico e de termos técnicos do Direito.
Na prática esses excessos tornam a linguagem jurídica um idioma desconhecido para a maioria das pessoas:
juridiquês. Disponível: http://www.juridiques.adv.br/about.html. Acesso em: 15 out 2020.
9 Os Magistrados são considerados os “Ministros dos Tribunais Superiores, os Desembargadores e juízes dos
tribunais locais”, conforme apresenta a enciclopédia jurídica. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.
br/verbete/185/edicao-1/magistratura. Acesso em: 28 de ago. de 2021.
10 Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, produzido no âmbito do PEN Internacional e assinado pela
UNESCO, bem como denominado de Declaração de Barcelona em 1996. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/
direitos/deconu/a_pdf/dec_universal_direitos_linguisticos.pdf. Acesso em: 29 jun 2020.
11 Na apreciação da Ministra Nancy Andrighi da Terceira Turma do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ao
considerar uma obrigação de meio a contratação dos profissionais liberais, no qual equipara-se os TILS, define
que “a obrigação de meio limita-se a um dever de desempenho, isto é, há o compromisso de agir com desvelo,
empregando a melhor técnica para alcançar um determinado fim, mas sem obrigar à efetivação do resultado”.
Em específico ao prestar o atendimento no judiciário o resultado da interpretação ficará a cargo da decisão do
juiz. JUSBRASIL. Obrigações de meio resultado. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/112142153/
meio-ou-resultado-ate-onde-vai-a-obrigacao-do-profissional-liberal. Acesso em: 10 out. 2020.
De acordo com Nordin (2018, p. 82) foi pertinente analisar, mesmo que
ainda primariamente a questão do Sistema Judiciário, pois a autora ao men-
cionar que um “[...] juiz deve enxergar o intérprete como ferramenta de tra-
balho, assim sendo saberá o código de conduta e o seguirá com maestria para
melhor gerenciar sua audiência”. A autora enfatiza a importância dessa práti-
ca realizada junto ao Sistema Judiciário e, com isso, consideramos um discur-
so ideal para todo o Sistema Judiciário, contemplando a tarefa profissional
do TILS e garantindo assim, a acessibilidade comunicacional para o cidadão
surdo. A Lei de n.º 12.319/2020 do artigo 4º, nos incisos de I a III12 descreve
12 Art. 4º A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve
ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; II -
cursos de extensão universitária; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino
Considerações finais
Referências
Introdução
O corpo com deficiência somente se delineia quando contrastado com uma re-
presentação de o que seria o corpo sem deficiência. Ao contrário do que se ima-
gina, não há como descrever um corpo com deficiência como anormal. A anor-
malidade é um julgamento estético e, portanto, um valor moral sobre os estilos
de vida. Há quem considere que um corpo cego é algo trágico, mas há também
quem considere que essa é uma entre várias possibilidades para a existência
humana. (DINIZ, p. 4).
Essas barreiras se apresentam nas vias, nas edificações, nos espaços pú-
blicos e privados, nos transportes, nos sistemas de comunicação e tecnologia
e no comportamento das pessoas ao agirem de forma a impedir ou prejudicar
a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas.
A recente promulgação da Lei 13.146, que abraça o princípio do mode-
lo social da deficiência, reiterado pela Convenção da ONU, visa assegurar a
inclusão social e a cidadania das pessoas com deficiência em condições de
igualdade com as demais pessoas. Para tal, é imprescindível que as pessoas
com deficiência tenham acesso pleno às informações veiculadas nos meios
audiovisuais.
As pessoas com deficiência visual contam com o recurso da audiodescri-
ção para ter acesso a informações disponibilizadas em meios diversos. Por se
tratar de um recurso ainda pouco conhecido da maioria das pessoas, a seguir,
apresentaremos essa ferramenta de acessibilidade presente nos meios audio-
visuais e nos meios digitais de comunicação de massa.
Audiodescrição
1 São as vozes que leem, por meio dos softwares leitores de tela, o conteúdo das páginas da internet, do celular e
dos livros didáticos digitais, aos quais os alunos devem ter acesso. Para que os leitores de tela façam a descrição
das imagens encontradas nas mídias citadas, é necessário que tais descrições tenham sido associadas às
imagens, utilizando, por exemplo, as diretrizes da norma WCAG 2.0.
2 A profissão de audiodescritor, cujo código é 2614-30, foi reconhecida em 2013, passando, desde então, a integrar
a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO.
3 A deficiência visual pode ser total ou parcial. As pessoas com deficiência visual parcial são chamadas de
baixa visão, pois possuem algum resíduo visual, central ou periférico, que é utilizado no desenvolvimento das
atividades diárias.
4 A opção pelo termo “narrador” ao invés de “locutor” deve-se à importância de diferenciar esses dois
profissionais, já que em experiências anteriores, nas quais locutores profissionais foram contratados para
gravar roteiros de AD em estúdio e usaram artifícios como impostação de voz e vozes artificiais, os resultados
foram pouco positivos.
Quatro anos se passaram para que essa lei fosse regulamentada pelo
Decreto 5.296/2004, que em seu Artigo 52 determinou a oferta de aparelhos
de televisão equipados com recursos tecnológicos que pudessem ser usados
por pessoas com deficiência auditiva ou visual. E no Artigo 53, atribuiu à Ana-
tel a responsabilidade de regulamentar os recursos de acessibilidade na pro-
gramação veiculada pelas emissoras de TV. Entre os recursos previstos estão
o closed caption ou legenda oculta, audiodescrição e janela de Libras.
Um ano mais tarde, foram publicados dois novos decretos. O Decreto
5.371, de fevereiro de 2005, que aprova o Regulamento do Serviço de Retrans-
missão de Televisão e do Serviço de Repetição de Televisão, ancilares ao Ser-
viço de Radiodifusão de Sons e Imagens. E o Decreto 5.645, de dezembro de
2005, que altera o Artigo 53 do Decreto 5.296/2004, atribuindo ao Ministério
das Comunicações a responsabilidade pela regulamentação das normas téc-
nicas previstas na Lei 10.098/2000.
Ainda em 2005, o Comitê Brasileiro de Acessibilidade da Associação
Brasileira de Normas Técnicas publicou a Norma Brasileira NBR 15290, de
Acessibilidade em Comunicação na Televisão, que estabelece diretrizes ge-
rais a serem observadas, consideradas as diversas condições de percepção e
cognição, com ou sem a ajuda de sistema assistivo ou outro que complemente
necessidades individuais.
Considerações finais
Referências
Introdução
Com base nisso, Bakhtin (2011) elucida que o enunciador não espera uma
compreensão passiva do seu interlocutor, que a enunciação não se realiza
para meramente tornar inteligível o objeto de sua fala; ao contrário disso, o
sugere desde o início uma réplica de um diálogo não concluído. Essa ideia não
tende para o todo sistêmico-monológico completo e acabado. Vive em tensão
na fronteira com a ideia de outros, com a consciência de outros. É a seu modo
episódica e inseparável do homem (BAKHTIN, 2010, p. 36).
Fonte: Reprodução/Facebook
As peças em questão fazem parte da nossa campanha “Viva RedONdo”, que tem
como mote aceitar os convites da vida e aproveitar os bons momentos. No en-
tanto, fomos alertados nas redes sociais que parte de nossa comunicação pode-
ria resultar em um entendimento dúbio. E, por respeito à diversidade de opini-
Considerações finais
Referências
Palavras iniciais
Muitas vezes o trabalho intelectual leva ao confronto com duras realidades. Pode
nos lembrar que a dominação e a opressão continuam a moldar as vidas de todos
sobretudo das pessoas negras e mestiças. Esse trabalho não apenas nos arrasta
mais para perto do sofrimento como nos faz sofrer. Andar em meio a esse sofrimento
para trabalhar com ideias que possam servir de catalisador para a transformação
de nossa consciência e nossas vidas e de outras é um processo prazeroso e extático.
Quando o trabalho intelectual surge de uma preocupação com a mudança social e
política radical quando esse trabalho é dirigido para as necessidades das pessoas
nos põe numa solidariedade e comunidade maiores. Enaltece fundamentalmente a
vida. (HOOKS, 1995, pp.477 -478).
2 A lista completa das obras lidas no Leia Mulheres-Salvador pode ser consultada na página do grupo no
Instagram @leiamulheres_ssa, ou no site oficial do Leia Mulheres: https://leiamulheres.com.br/local/salvador/.
3 Existe um grupo em Salvador com esse propósito: o Lendo Mulheres Negras. Os encontros ocorrem mensalmente
no CEAO e as obras são divulgadas com antecedência na página do grupo no Facebook com mesmo nome.
Considerações finais
Língua(gem)-discurso-ideologia: o pós-feminismo e a
limitação da justiça social
Introdução
Os feminismos e a contemporaneidade
Interseccionalidade
Embora o fenômeno tenha sido reconhecido por autores como Karl Marx,
Friedrich Engels e Angela Davis em trabalhos anteriores (WALLIS, 2015, p.
606), o termo interseccionalidade foi cunhado por Crenshaw ( 1991) “como um
modo de explicar a opressão das mulheres afro-americanas” (BACHMANN,
HARP e LOKE, 2018, p. 3) e sua teoria lançou as bases para que outras estu-
diosas feministas no campo da comunicação “ampliassem seu escopo analí-
tico para incluir as relações de poder associadas com gênero e nacionalidade,
raça, etnia, sexualidade e processos de globalização” (BYERLY, 2018, p. 24). A
chamada “teoria da interseccionalidade explica como as subjetividades e as
experiências das pessoas são definidas por meio de um complexo e entrelaça-
do conjunto de identidades” (BACHMANN, HARP e LOKE, 2018, p. 3) e cons-
titui o alicerce argumentativo dos feminismos multicultural, pós-colonial e
Pós-feminismo
Além desse entendimento ser errôneo, por não considerar, assim como
no processo de comunicação linear2, contestado por Stuart Hall (2006), o pa-
pel ativo do indivíduo na interpretação e reprodução dos valores, um outro
2 Emissor/mensagem/receptor.
Assim, é pelo fato de o poder estar localizado, não nas estruturas pa-
triarcais, mas em todas as relações humanas, que os feminismos como movi-
mentos sociais, enquanto força de mudança, ameaçam o domínio vigente ao
terem o potencial para estabelecer representações que gerem práticas do eu
divergentes das hegemônicas. No entanto, isso não é fácil de acontecer. Como
argumenta Gerbner (1978, p. 47), sempre que um movimento social “ameaça
ou promete reestruturar um conjunto específico de relações sociais”, é con-
tra-atacado pelas “dinâmicas políticas de gerenciamento cultural dos movi-
mentos sociais” que se manifestam por meio das táticas de descrédito, isola-
mento e subcotação e pela função da imagem. A tática de descrédito mostra
o movimento de forma pejorativa, hostil e depreciativa; a de isolamento cria
um espaço para um elemento do movimento e o convence a não deixar nin-
guém interferir nesse “seu reino”; e a de subcotação consiste na desumani-
zação das mulheres, normalmente pela institucionalização do estupro e pela
objetificação sexual (GERBNER, 1978). Aplicando a teoria de Gerbner (1978)
ao contexto contemporâneo, percebemos nitidamente o descrédito no anti-
feminismo, que é uma das principais características da sensibilidade pós-fe-
minista. A subcotação está ainda mais presente com a extrema sexualização
da cultura e a substituição da objetificação pela subjetificação sexual. Já o
isolamento é instituído pelos mantras de individualismo e culto da confiança,
articulados para afastar o conceito de coletividade intrínseco aos feminismos
reais. No pseudofeminismo, propagado pelo pós-feminismo, o individualismo
Referências
Introdução
Estou referindo-me aqui, ao nível discursivo da escrita, que tenho tratado como
sendo um Discurso de Escrita, por oposição a um Discurso de Oralidade (1992).
O primeiro, aquele que tem efeito de “fim” e efeito-autor; e o segundo, o da
Oralidade, aquele que se estende sem “fecho” e sem efeito autor, ou menos, com
efeito autor irrelevante (GALLO, 2007, p. 213, grifos meus).
R1: O Portal Geledés é o espaço de expressão pública das ações realizadas pela
organização no passado e no presente, e de seus compromissos políticos com a
defesa intransigente da cidadania e dos direitos humanos, a denúncia permanente
dos entraves que persistem para a concretização da justiça social, a igualdade de
direitos e oportunidades em nossa sociedade (GELEDÉS, 1997, s/p, grifos meus).
R3: Um jornal antirracista é antes de tudo uma plataforma educativa pois, atra-
vés da informação, trabalhamos a mudança de termos e formas comunicacio-
nais historicamente preconceituosas e, que muitas vezes, já estão enraizadas
em nossa sociedade e expressam-se de uma forma quase que natural em nosso
cotidiano. Estas expressões, que foram historicamente integradas a linguagem, po-
dem, além de atingir moralmente quem as recebe, configurar crime de racismo e/ou
injúria racial (NOTICIA PRETA, 2018, s/p, grifos meus).
R5: Em nosso site e redes sociais você encontra reportagens, análises, cobertu-
ras de eventos, artigos opinativos e demais conteúdos jornalísticos em formato
textual e audiovisual. [...] A partir do jornalismo de qualidade, apresentamos
para a comunidade negra e não negra um olhar sobre a realidade mais fidedigna
ao cotidiano da maioria da população (ALMA PRETA, 2015, s/p, grifos meus).
R6: Desde o primeiro momento nosso desejo era ser referência para as mulhe-
res de ascendência Africana e aqueles que se identificam com o feminismo e a luta
antirracista das mulheres negras. [...] Somos um veículo de comunicação produ-
zindo um conjunto de informações atualizadas 5 vezes por semana, com tex-
tos originais, atingindo não só mulheres negras e afrodescendentes, mas também
todos aqueles que lutam, vivem e partilham do projeto feminista e antirracista de
sociedade (BLOGUEIRAS NEGRAS, 2012, s/p, grifos meus).
R7: O mundo negro é um portal de notícias voltado para a comunidade negra e de-
mais etnias que se interessam pelos assuntos relacionados à cultura e ao cotidiano
dos negros no Brasil e no mundo (MUNDO NEGRO, 2001, s/p, grifos meus).
R8: Um jornal antirracista é antes de tudo uma plataforma educativa pois, atra-
vés da informação, trabalhamos a mudança de termos e formas comunicacio-
nais historicamente preconceituosas e, que muitas vezes, já estão enraizadas
em nossa sociedade e expressam-se de uma forma quase que natural em nosso
cotidiano. [...] Mudar a forma como nos comunicamos é a principal ferramenta
na luta contra o racismo e as desigualdades (NOTÍCIA PRETA, 2018, s/p, grifos
meus).
R11: No ar desde 2001 ele é um dos primeiros sites com conteúdo exclusivo para
negros, produzidos por jornalistas, sendo um espaço de notória credibilidade, o que
numa era repleta de “produtores de conteúdo”, garante ao portal um destaque
em comparação aos demais veículos voltados para esse público. A nossa linha edi-
torial se pauta uma agenda positiva, não negando os problemas relacionados ao
público afrodescendente, mas principalmente apresentando um conteúdo que di-
virta, informe e eleve a autoestima por meio da informação e interatividade (MUN-
DO NEGRO, 2001, s/p, grifos meus).
Designações de
Recorte Designações de Espaço Designações das práticas
sujeitos
“jornalista”, “edito-
“comunicação como uma
“jornal”, “imprensa”, “por- ra-chefe”, “jorna-
R9 ferramenta”, “envio de
tal” listas voluntários”,
textos”
“seus textos”
“jornalismo qualificado
e independente”, “jor-
nalismo de qualidade”,
R10 “agência de jornalismo” “informar a sociedade de
maneira objetiva”, “cober-
tura objetiva e técnica da
realidade”
produção de “conjunto de
informações, atualizadas
R12 “veículo de comunicação”
5 vezes por semana, com
textos originais”
Fonte: Produção da autora.
Considerações Finais
Referências
El colorismo en Latinoamérica:
Lo negro también es bonito
Carlui Brower
Introducción
Fuente - Chavez-Dueñas, Nayeli Y., Hector Y. Adames, and Kurt C. Organista. “Skin-Color
Prejudice and Within-Group Racial Discrimination.” Hispanic Journal of Behavioral Scien-
ces 36, no. 1 (2014): 3-26.
1 El uso de la arroba @ ha sido usado en varios países Latinoamericanos para omitir la especificidad de género
en español. En este trabajo, hago uso de @ para referirme los géneros masculinos y femeninos presentes en
sustantivos y adjetivos.
2 Para mirar algunos ejemplos de racismo en Colombia, originados por el rechazo a los rasgos de personas negras,
por favor dirigirse al periódico El Espectador “El bar que no acepta negros”, o El Espectador “Discriminación
racial en una ciudad de mayorías negras”, o ver el video “Tenía rabia y él me estaba intimidando. No soy racista”
en la revista Semana.
3 Un programa de televisión estadounidense en el cual se plantean situaciones de la vida real para captar las
reacciones del público. En varios episodios se presentan casos de discriminación basados en el color de piel,
forma de vestir, acento, lugar de origen, entre otros temas controversiales. Un ejemplo puntual de un caso de
discriminación es el episodio llamado What Would You Do: Black Customer is Racially Profiled by Shopping at High
End Store que se encuentra en www.abcNEWS.com
4 El Ministerio de Cultura es la entidad rectora del sector cultural colombiano y tiene como objetivo formular,
coordinar, ejecutar y vigilar la política del Estado en materia cultural. Es una organización que actúa de buena
fe, con integridad ética y observa normas vigentes en beneficio de la comunidad y sus propios funcionarios.
(Tomado directamente desde la página web del Ministerio de Cultura de Colombia: http://www.mincultura.gov.
co/).
5 Estos datos fueron obtenidos en el Censo General 2005, realizado por el Departamento Administrativo
Nacional de Estadística (DANE) de Colombia.
6 Este apodo se le fue otorgado por sus rasgos físicos, y cercano parecido a la conocida muñeca “Barbie”.
7 Lo que en Estados Unidos se conoce como “Estados”, en Colombia se le llama “Departamentos”.
La señorita afrodescendiente
8 Algunos de los periódicos nacionales que hablaron del tema fueron: El Espectador, Pulzo, Canal Capital, entre
otros. Y algunos periódicos, revistas y blogs a nivel internacional que escribieron acerca del tema fueron:
Excélsior, Remezcla, VICE, HipLatina, Afroféminas, Nómada, entre otros.
Conclusión
Referencias
A
Acessibilidade 8, 9, 56, 59, 61, 63, 64, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 83, 84, 85, 87,
88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 198
D
Deficiência visual 9, 83, 84, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93
Discurso 6, 10, 16, 17, 18, 19, 24, 25, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 41, 44, 45,
48, 50, 73, 75, 86, 97, 98, 100, 101, 102, 125, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144,
145, 146, 147, 149, 154, 155, 157, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 169, 170, 173, 174,
175, 176, 177, 178, 179, 180, 198
E
Estudos Críticos do Discurso 8, 16, 17, 24, 41
F
Feminismo 6, 9, 10, 28, 33, 108, 118, 124, 125, 126, 127, 128, 130, 135, 137, 138,
139, 140, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 150, 152, 153, 154, 156, 157, 171, 180
G
Gênero 8, 10, 16, 17, 20, 21, 22, 23, 24, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 36, 118, 119, 120,
121, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 131, 134, 136, 137, 138, 140, 142, 143, 144, 145, 147,
150, 151, 154, 161, 169, 172, 176, 198, 199, 200
I
Ideologia 6, 10, 37, 41, 44, 45, 47, 48, 51, 126, 137, 138, 139, 142, 145, 151, 154, 155,
165
Língua 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 18, 20, 24, 25, 32, 53, 54, 55, 56, 59, 60, 61, 62,
64, 65, 66, 70, 74, 75, 78, 81, 91, 100, 101, 115, 138, 139, 145, 154, 165, 197, 198
M
Mulheres negras 22, 120, 124, 125, 126, 128, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 161, 168,
169, 171, 173, 200
P
Práticas discursivas 8, 16, 24, 29
R
Racismo 8, 10, 32, 35, 37, 38, 39, 40, 41, 43, 45, 46, 49, 50, 51, 52, 120, 121, 123,
124, 126, 127, 128, 130, 131, 134, 135, 147, 161, 168, 169, 171, 177, 181, 186, 194
Representações 9, 16, 17, 18, 20, 23, 25, 33, 66, 98, 118, 130, 131, 143, 148, 149,
150, 151, 152, 153, 198
S
Sexualidade 10, 33, 130, 138, 142, 143, 146, 147, 161, 172, 176
T
TILS 8, 9, 56, 57, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77,
78, 79
V
Violência 8, 12, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 25, 29, 32, 34, 43, 111, 127, 130, 131, 146