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Respostas ás Questões de avaliação do


Módulo
Caldas Chemane

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BOLET IM DA REPÚBLICA PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE SUMÁRIO A V…


sidonio joaquim suande

Avaliação do Módulo de NIDT SS Respost as ás Quest ões de avaliação do Módulo


Caldas Chemane

Legislação aplicada à saúde do Trabalhador


Eliseu Videira
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Direito

Mestrado em Direitos Sociais

Higiene e Segurança no Trabalho

Respostas ás Questões de avaliação do Módulo

Caldas Xavier Chemane

Maputo
Abril 2017
Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Direito

Mestrado em Direitos Sociais

Higiene e Segurança no Trabalho

Respostas ás Questões de avaliação do Módulo

Este trabalho responde às questões de


avaliação para o curso de Mestrado em
Direitos Sociais, relativo ao módulo de
Higiene e Segurança no Trabalho, a ser
submetido à
Prof. Ana Cristina Ribeiro Costa

Caldas Xavier Chemane

Maputo

Abril 2017

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Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

Teste – Módulo Higiene e Segurança no Trabalho


Mestrado em Direitos Sociais – Universidade Eduardo Mondlane 2016/2017 – 3ª ed.
Ana Cristina Ribeiro Costa
Prazo para conclusão: 75 dias
Entrega da resposta via email: anarcosta@gamalobomelo.com
20. valores

1. Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações, a respeito do


Direito à saúde e segurança no trabalho, indicando qual(quais) a(s) norma(s)
aplicável(is):

1. Um carpinteiro que tenha caído de um escadote, em horário e no local de


trabalho, e tenha ficado paraplégico, receberá uma pensão vitalícia por parte do sistema de
Segurança Social por essa incapacidade.

2. Um trabalhador que sofra acidente de trabalho tem direito ao pagamento dos


tratamentos, medicamentos e bens estragados no acidente, como uma jóia e os óculos.

3. Quando uma empresa não celebrou seguro de acidente de trabalho, o trabalhador


tem que o celebrar.

4. Quando uma empresa comunicou à seguradora um salário inferior ao real,


poderá ter que se responsabilizar proporcionalmente pelas prestações que sejam devidas ao
trabalhador pela diferença não comunicada.

5. Em caso de morte do trabalhador decorrente de acidente de trabalho, os seus


sucessores vão ter direito a várias prestações.

6. Quando o trabalhador necessitar de assistência de terceira pessoa após um


acidente de trabalho, terá que custear ele mesmo a correspondente despesa.

7. Um trabalhador que sofra de uma doença decorrente da exposição a amianto tem


que demonstrar a relação dessa doença com o seu trabalho para poder beneficiar das prestações
legais.
7 valores

2 – Leia o seguinte texto e responda à questão que se segue:


“Produtora de “Star Wars” multada em 1,7 milhões de euros
Durante as filmagens do mais recente filme da saga de “Star Wars”, o ator Harrison Ford
fraturou a perna esquerda depois de ter sido atingido com uma porta da nave
Millennium Falcon. A produtora da fita terá agora de pagar uma multa por não proteger os
atores e os trabalhadores
(…)http://expresso.sapo.pt/autores/2015-05-03-Expresso A produtora
britânica Foodles Production, propriedade da Disney, foi condenada esta quarta-feira a
pagar 1,7 milhões de euros, devido ao acidente que envolveu o ator Harrison Ford, atingido
por uma porta hidráulica durante as filmagens de “Star Wars: O despertar da força”.
O tribunal, citado pelo jornal “The Guardian”, referiu que a porta atuou como uma
“guilhotina, passando a poucos milímetros da cara do ator antes deste cair no

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Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

chão”. Harrison Ford, que interpretava a personagem Han Solo, fraturou a perna esquerda e
teve de ser operado.
O procurador Andrew Marshall mencionou que o acidente “poderia ter provocado a morte de
uma ou duas pessoas”. Marshall leu ainda no tribunal parte da declaração de Harrison Ford,
que referia que “o protocolo não tinha sido seguido e que a cena foi feita de forma diferente
do que seria se fosse suposto a porta estar fechada”.
A porta tinha sido programada para poder ser fechada remotamente por um operador de
efeitos especiais. Logo após o acidente, os membros do staff agiram rapidamente no sentido
de travar o fecho da porta, conseguindo pará-la um pouco antes de se fechar completamente.
O juiz Francis Sheridan mencionou também que a produtora falhou na comunicação com o
ator e que este “devia ter sido alertado para os perigos que teria de evitar”.
Em dezembro do ano passado, no talk-show de Jonathan Ross, Harrison Ford referiu a
propósito do acidente que as portas hidráulicas da nave Millennium Falcon tiveram um
desenvolvimento considerável desde 1977, altura em que eram controladas com uma roldana
manual. “Agora temos muito dinheiro e tecnologia e por isso eles constroem portas
hidráulicas fantásticas que se fecham à velocidade da luz”, comentou então o ator.
Harrison Ford recuperou do incidente a tempo de concluir a sua personagem no mais recente
filme da saga.”
Fonte: Expresso, 12.10.2016 às 23h54, disponível
em http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-10-12-Produtora-de-Star-Wars-multada-em-
17-milhoes-de-euros,
Comente o artigo, invocando qual seria o tratamento a dar ao evento em causa caso
Harrison Ford estivesse ao serviço de empresa moçambicana, em território nacional,
apreciando as eventuais obrigações das partes que poderão ter sido violadas, bem como
as consequências e responsabilidades existentes.
4 valores

3 - Um trabalhador que procedia a uma tarefa de reparação de uma avaria elétrica, sofreu
queimaduras de 1º e 2º graus após rebentamento de um cilindro de águas quentes que se
encontrava no mesmo local onde efetuava a reparação, mas que em nada se relacionava com a
mesma. O rebentamento terá ocorrido devido a um furo no cilindro, provocado por uma
sobrepressão decorrente de uma avaria da válvula de segurança.
De acordo com os dados apurados, constatou-se que aquela tarefa de reparação não estava
compreendida na categoria profissional do trabalhador e que este não teria tido formação
adequada para a realização da mesma.
Resultou também demonstrado que o trabalhador não dispunha de equipamentos de proteção
individual adequados à minimização dos riscos derivados da reparação, sendo que os mesmos
não lhe tinham sido fornecidos pelo empregador.
Identifique as normas legais a analisar na hipótese em apreço, entre elas os deveres e
direitos de empregador e trabalhador em matéria de segurança e saúde no trabalho,
concluindo pela eventual verificação, ou não, de uma contingência profissional, e, em caso
afirmativo, indicando quem seria responsável pela reparação dos danos decorrentes da
mesma.
5 valores

4 – Ao trabalhador António foi diagnosticado pelo médico assistente um cancro do pulmão em


fase muito avançada. Indignado, o trabalhador intentou contra a entidade empregadora uma
ação judicial, pedindo que a empresa fosse condenada a pagar-lhe todos os tratamentos e a
compensá-lo pelos danos morais sofridos.

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Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

Segundo o António, a empresa nada teria feito para impedir que os seus colegas de trabalho
fumassem no local de trabalho. Ademais, o médico do trabalho, aquando dos exames médicos
feitos à data de admissão na empresa, não teria detetado a sua doença, apesar de o ter
examinado há dois anos atrás.
Na sua contestação, a empresa, entre outros argumentos, alegou que o António tinha o dever
de zelar pela sua própria saúde, devendo ausentar-se dos locais com fumo, tendo ainda
defendido que pelas instalações da empresa estavam afixados vários avisos de proibição de
fumar. Além disto, a empresa indicou que sabia que o António tinha sido fumador, quando
jovem, durante cerca de 10 anos, pelo que nenhuma responsabilidade lhe poderia ser assacada.
4.1. Os argumentos do António têm fundamento legal? Se sim, qual? Que outros
argumentos poderia o António ter invocado?
2 valores
4.2. A argumentação da empresa tem cabimento legal? Se sim, qual? Que outros
argumentos poderia a empresa ter invocado?
2 valores

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Índice

Lista de símbolos, siglas e abreviaturas: ................................................................................ 7

1. Respostas às questões verdadeiras ou falsas e normas aplicáveis .................................... 8

2. Comentário ao artigo sobre o acidente do Actor Harrison Ford..................................... 10

2.1 Introdução ................................................................................................................. 10

2.2 Conceito de acidente de trabalho ................................................................................ 10

2.3 Obrigações Violadas e Consequências................................................................... 11

2.3.1 Obrigações Violadas ...................................................................................... 11

2.3.2 Consequências e Responsabilidades ............................................................... 12

3. Identificar Normas Legais Aplicáveis e Responsabilidades .......................................... 13

3.1 Introdução ................................................................................................................. 13

3.2 Conceito de acidente de trabalho ................................................................................ 13

3.2.1 Graus das Queimaduras ....................................................................................... 13

3.2.2 Normas Legais Relevantes ............................................................................. 14

3.2.3 Evidência de Causalidade Profissional ........................................................... 15

3.3 Responsabilidades ................................................................................................. 15

4. Identificar Normas Legais Aplicáveis e Responsabilidades .......................................... 17

4.1 Fundamentos legais do António ................................................................................. 17

4.2. Enquadramento legal da argumentação da empresa ................................................... 19

4.3 Conclusão .................................................................................................................. 20

Bibliografia ......................................................................................................................... 22

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Lista de símbolos, siglas e abreviaturas:

C129 - Convenção 129

C158 - Convenção 158

CA-OIT - Conselho de Administração da OIT

CIT - Conferência Internacional do Trabalho

COIT - Constituição da OIT

GdM – Governo de Moçambique

IBCC – Instituto Brasileiro de Controlo de Câncer

INSS – Instituto Nacional de Segurança Social

LTM – Lei de Trabalho de Moçambique


OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

RJAT - Decreto n.º62/2013 De 04 de Dezembro - regulamento que estabelece o regime jurídico


de acidentes de trabalho e doenças profissionais
RSSO – Decreto 53/2007 de 3 de Dezembro - Regulamento da Segurança Social Obrigatória
UEM – Universidade Eduardo Mondlane

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1. Respostas às questões verdadeiras ou falsas e normas aplicáveis

As respostas abaixo estão suportadas pela legislação em vigor em Moçambique, com destaque
para a Lei n.º 23/2007 de 1 de Agosto, a Lei de Trabalho de Moçambique (LTM) e ainda o
Decreto n.º62/2013 De 04 de Dezembro, Regulamento que estabelece o Regime Jurídico de
Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais em Moçambique (RJAT)

Questão V/F Normas Aplicáveis


a) Um carpinteiro que tenha O sistema de protecção social em Moçambique,
caído de um escadote, em FALSA estabelecido pela Lei 4/2007 de 7 de Fevereiro, não
horário e no local de prevê a compensação por acidentes de trabalho. As
trabalho, e tenha ficado compensações por acidentes de trabalho devem ser
paraplégico, receberá uma cobertas através do seguro colectivo obrigatório
pensão vitalícia por parte para acidentes de trabalho nos termos do artigo 231
do sistema de Segurança da LTM e do artigo 7 (nº 1 e 3) e seguintes do RJAT.
Social por essa Este caso trata-se de um acidente de trabalho que se
incapacidade. enquadra no artigo 222 da LTM sendo o direito da
respectiva pensão prevista, no Artigo 233, nº1,
alínea a). No RJAT aplica-se o Artigo 9, nº 1,
conjugado com Alínea b) do nº 3 do Artigo 19 que
definem o acidente de trabalho e fixam o direito de
pensão vitalícia neste caso que é uma incapacidade
permanente, supostamente, acima de 50%.
a) Um trabalhador que sofra Falsa O direito à reparação está previsto no artigo 228, nº
acidente de trabalho tem 2 da LTM, bem como no artigo 19 (tipo de
direito ao pagamento dos prestações) do RJAT. Em ambos os casos não se
tratamentos, medicamentos prevê a reposição de bens pessoais excepto se se
e bens estragados no tratar de próteses. Seria discutível, nos termos do nº
acidente, como uma jóia e 2 do artigo 19 do RJAT, se os óculos fossem de
os óculos. vista, pois seriam “necessários para a recuperação
da capacidade de trabalho”.
b) Quando uma empresa não Falsa O seguro de acidente de trabalho é obrigatório nos
celebrou seguro de termos do artigo 7 (nº 1 e 3) e seguinte do RJAT,
acidente de trabalho, o 231 da LTM. Por ser um seguro colectivo nas
trabalhador tem que o seguradoras, este seguro apenas é celebrado por
celebrar. entidades empregadoras. O trabalhador pode,
voluntariamente, celebrar seguro do ramo vida, com
outras características, como o seguro de vida, que
dão direito a prestações em caso de acidente, doença
ou morte.
c) Quando uma empresa Verdadeira Conforme o nº 5 do atrigo 7 da RJAT
comunicou à seguradora reforçado pelo nº 6, “o empregador responde, neste
um salário inferior ao real, caso, pela diferença e pelas despesas efectuadas com
poderá ter que se a assistência médica, medicamentosa e transporte,
responsabilizar na respectiva proporção”
proporcionalmente pelas
prestações que sejam
devidas ao trabalhador pela
diferença não comunicada.
d) Em caso de morte do Verdadeira O artigo 6, alínea e), do Regulamento da SSO,
trabalhador decorrente de Decreto 53/2007 de 3 de Dezembro, estabelece as
acidente de trabalho, os várias prestações a que os sucessores têm direito

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Questão V/F Normas Aplicáveis


seus sucessores vão ter em caso de morte do trabalhadores, nomeadamente
direito a várias prestações. a pensão de sobrevivência; subsídio de funeral e;
subsídio por morte.

Nos termos do RJAT, no Artigo 19, nº 3, alíneas


c), d) e e), são descritas as prestações em dinheiro
que em caso de morte, os familiares terão direito.
No que tange à pensão de sobrevivência, o Artigo
45 do RJAT enuncia os diferentes critérios de
cálculo da pensão.

e) Quando o trabalhador Falsa A Convenção 17 da OIT, sobre compensações após


necessitar de assistência de acidente de trabalho, no artigo 7 prevê, de uma
terceira pessoa após um forma geral o direito a uma indemnização
acidente de trabalho, terá suplementar quando a vítima necessitar de ajuda
que custear ele mesmo a permanente de terceiro.
correspondente despesa. Entretanto, nos termos do Artigo 228, nº 3 da LTM
é imposto ao empregador o dever de custear a as
despesas da terceira pessoa que for necessária para
assistir o acidentado durante o tratamento.
Um dos tipos de dessas despesas são relativas ao
transporte e estadia nas viagens para tratamento
que o Artigo 33, nº 4 do RJAT estende o direito
para a pessoa que acompanhar o sinistrado quando
a natureza da lesão ou doença exigirem esse
acompanhamento.

f) Um trabalhador que sofra Verdadeira De acordo com o artigo 224 nº 2, alínea e) da LTM
de uma doença decorrente são “consideradas doenças profissionais as
da exposição a amianto tem resultantes […] de exposição de fibras ou poeiras de
que demonstrar a relação amianto no ar ou poeiras de produtos contendo
dessa doença com o seu amianto”. A exposição ao amianto é também
trabalho para poder prevista no nº 2 do artigo 20 do RJAT como causa
beneficiar das prestações de doenças profissionais sobre as quais tem direito a
legais. prestações legais.
Entretanto, nos termos do artigo 23, nºs 1 e 2 do
RJAT, de facto, cabe ao trabalhador demonstrar que
padece de alguma doença resultante da sua
exposição ao amianto no trabalho. Essa prova deve
ser sustentada através de um mapa passado pela
Junta Nacional de Saúde.

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2. Comentário ao artigo sobre o acidente do Actor Harrison Ford

2.1 Introdução

O comentário que se segue toma em conta a necessidade de invocar qual seria o tratamento a
dar ao acidente ocorrido com o Harrison Ford, se ele estivesse ao serviço de uma
empresa moçambicana, em território nacional, descrevendo as eventuais obrigações das partes
que poderão ter sido violadas, bem como as consequências e responsabilidades existentes, à
luz da legislação moçambicana.

Neste comentário assim como em relação às questões subsequentes, primeiro é feita a


confrontação do facto relatado com o conceito de acidente de trabalho e a sua tipificação. Uma
vez confirmado se tratar de um acidente de trabalho tipificado na lei, de seguida é feita a análise
dos direitos e obrigações das partes conforme a questão colocada.

2.2 Conceito de acidente de trabalho

O artigo descreve que o “actor Harrison Ford fraturou a perna esquerda depois de ter sido
atingido com uma porta da nave Millennium Falcon, durante as filmagens do mais recente
filme da saga de ´Star Wars´”.

Tendo em consideração a LTM, através do artigo 222 e conjugado com o RJAT, no seu artigo
9 nº 1, o descrito acima configura um acidente de trabalho, uma vez que tratou-se de um sinistro
que:
• se verificou, no local e durante o tempo do trabalho (durante as filmagens);
• resultou numa lesão directa (fractura da perna) no trabalhador (actor)
• Por consequência da perna fracturada, houve redução na capacidade de trabalho, tendo
retomado, após cura, a tempo de concluir as filmagens.

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2.3 Obrigações Violadas e Consequências

2.3.1 Obrigações Violadas


O empregador, violou os seguintes dispositivos legais no que tange à segurança no trabalho:
• o nº 2 do artigo 216 da LTM – Faltou a devida comunicação e o cumprimento dos
procedimentos de segurança - Ao referir em declaração no tribunal que “o protocolo
não tinha sido seguido e que a cena foi feita de forma diferente do que seria se fosse
suposto a porta estar fechada” nota-se aqui a violação da necessidade de assegurar um
ambiente físico de trabalho apropriado e de comunicação ao trabalhador com o máximo
de detalhes sobre os perigos a que está exposto e os procedimentos de segurança
específicos que deve seguir. O tribunal remata que o actor “devia ter sido alertado
para os perigos que teria de evitar”.
• o nº 4 artigo 216 da LTM – O trabalhador foi exposto a elevados riscos do local de
trabalho que não foram devidamente acautelados conforme a lei moçambicana o exige
do empregador - O facto do tribunal afirmar que “a porta atuou como uma
´guilhotina´” e agravado pela declaração do Harrison Ford em tribunal de que “portas
hidráulicas … fecham-se à velocidade da luz” atesta que cuidados minuciosos deviam
ter sido tomados para evitar qualquer perigo de vida numa situação que pelo nível de
perigosidade o procurador mencionou até “que o acidente ´poderia ter provocado a
morte de uma ou duas pessoas´”.
• o artigo 217 no seu número 1 - Falta de comissão de segurança no trabalho – dado o
elevado grau de perigosidade do ambiente de trabalho com riscos excepcionais de
acidentes, seria obrigação do empregador constituir uma comissão de segurança no
trabalho que, pelo relatado, não terá sido constituída, o que seria uma violação à LTM.
Por seu lado, o trabalhador, neste caso o Harrison Ford, nos termos do nº 3 artigo 216 da LTM
também teria o dever de velar pela sua própria segurança, embora estivesse limitado pela
informação que o empregador devia disponibilizar. Ele tinha a obrigação de verificar o grau de
perigosidade em que estava exposto e solicitar, do empregador, o necessário rigor nos
procedimentos de segurança.

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2.3.2 Consequências e Responsabilidades

Na legislação moçambicana sobre acidentes de trabalho ocorridos no território nacional, no


geral, há o direito a reparação sendo que, especificamente para o caso em análise pode-se
recorrer ao artigo 54, nº5, alínea h) da LTM conjugado com Art 229 nº 1 e 2 que estabelecem
o direito de reparação e que o trabalhador deve “beneficiar de assistência médica e
medicamentosa e de indemnização em caso de acidente de trabalho”, dispositivo cumprido pelo
empregador no que tange à assistência médica e medicamentosa. No texto em análise não há
indicação de qualquer indemnização paga ao actor, embora o tribunal tenha condenado o
empregador a pagar uma multa de 1,7 milhões de euros.

Nos termos do artigo 19, nºs 1 e 2 do RJAT o empregador cumpriu com a responsabilidade de
reparação através da cirurgia e assistência médica. Porém, à luz do mesmo artigo, no nº 3 alínea
a), o trabalhador devia receber uma indemnização pela incapacidade temporária parcial
provocada pelo acidente de trabalho.

Quanto às consequências pela violação dos diferentes dispositivos legais prevê-se que:

• Nos termos da LTM, o artigo 267, nº 1 alíneas a) e b) estabelece multas pela violação
dos artigos 216 e 217 da LTM até um máximo de 10 salários mínimos do sector, por
cada trabalhador abrangido. Mesmo considerando o salário mínimo mais alto praticado
no País, não seria possível atingir o valor da multa de 1,7 milhões de Euros paga no
caso relatado;

• O artigo 50 do RJAT estabelece critérios para o cálculo das indeminizações com base
na remuneração diária do acidentado. Neste caso, se fosse conhecida a remuneração do
Sr Ford e os dias que ficou sem trabalhar por conta do acidente, seria possível calcular
o valor da indeminização multiplicando os dias pelo valor diário.

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3. Identificar Normas Legais Aplicáveis e Responsabilidades

3.1 Introdução

A presente análise conforme a questão colocada, pretende identificar as normas legais


aplicáveis na hipótese em apreço, entre elas os deveres e direitos de empregador e trabalhador
em matéria de segurança e saúde no trabalho, concluindo pela eventual verificação, ou não, de
uma contingência profissional, e, em caso afirmativo, indicando quem seria responsável pela
reparação dos danos decorrentes do acidente onde um trabalhador que sofreu queimaduras de
1º e 2º graus após rebentamento de um cilindro de águas quentes, enquanto fazia uma reparação
eléctrica para a qual não tinha experiência não estava devidamente equipado, daqui em diante
tratado como “caso das queimaduras”.

3.2 Conceito de acidente de trabalho

3.2.1 Graus das Queimaduras


Para melhor compreender a dimensão gravidade do acidente importa descrever
sucintamente o significado dos graus das queimaduras. As queimaduras, quanto à sua
profundidade, podem ser enquadradas em três níveis, nomeadamente, 1º, 2º e 3º graus. Segundo
o Ministério da Saúde do Brasil (MSB),
• Queimaduras do primeiro grau são consideradas superficiais, afectando apenas
superfície da pele, com pouca dor e que se assemelham ao eritema solar que
provoca uma macha na pele sem formar bolhas, podendo desaparecer ou descamar
facilmente em 4 a 6 dias; 1
• Queimaduras do segundo grau são as de espessura superficial e profunda, afeta a
epiderme e parte da derme, forma bolhas. Quando é superficial a bolha é mais
húmida e dolorosa enquanto que quando a queimadura é profunda a base da bolha
é branca, seca, menos dolorosa (queima parte de terminações nervosas). A
restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. Em determinados casos profundos,
pode requerer cirurgia para reparação da pele;

1
Transcrito de B(2012:12)

13
Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

• Queimaduras do terceiro grau consideradas de espessura total, pois afectam a


epiderme, a derme e estruturas profundas. É indolor dor é geralmente pequena
pois a queimadura é tão profunda que danifica as terminações nervosas da pele e
pode ser fatal. Carboniza a pele que fica escura ou desaparece. Normalmente a
reconstituição da pele necessita de uma cirurgia (enxertia da pele) 2.

3.2.2 Normas Legais Relevantes


As normas legais que são relevantes para a análise deste caso de queimaduras são as seguintes:
• As normas que definem o acidente de trabalho, nomeadamente o artigo 222 na LTM e
o artigo 9, nº 1 do RJAT, que passo a citar;
“Acidente de trabalho é o sinistro que se verifica, no local e durante o tempo do trabalho, desde
que produza, directa ou indirectamente, no trabalhador por conta de outrem lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou redução na capacidade de trabalho
ou de ganho3.
• O Artigo 10 do RJAT, sobre a prova da origem da lesão que se presume originada do
acidente de trabalho até prova em contrário;
• O Artigo 11, nº 1, alínea c) do RJAT que se refere à descaracterização do acidente de
trabalho. Neste caso, nos termos da alínea c) do nº 1 do artigo em referencia, não
havendo clareza de que o trabalhador foi ordenado pelo empregador para realizar a
reparação, nas condições que o fez até ocorrer o acidente, existe uma possibilidade de
descaracterizar o acidente, alegando que o trabalhador ao realizar uma tarefa que sabia
não estar qualificado para ela, à priori, expôs-se numa cena onde ocorreu o acidente. A
falta de uso de equipamento apropriado é um factor de risco, porém o tipo de
equipamento de segurança para a reparação eléctrica não protegeria o trabalhador das
queimaduras, pelo que não existe relação causa-efeito entre a falta do equipamento e as
queimaduras;
• Os princípios gerais de higiene e segurança no trabalho, previstos na LTM, artigo 216,
especificamente o parágrafo nº 4 e o nº 5 estabelecem o dever do empregador adoptar
“todas as precauções adequadas” para que os postos de trabalho, sejam quais forem,
sejam seguros assim como “fornecer equipamentos de protecção e roupas de trabalho
apropriados com vista a prevenir os riscos de acidentes”. No caso em análise, o
empregador devia ter tomado as precauções necessárias para reparar a avaria na válvula

2
Transcrito de B(2012:12)
3
Citação do artigo 9, nº 1 do RJAT

14
Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

de segurança da botija que provocou o incêndio e, provavelmente, naquela área de


trabalho, havendo riso de explosão das botijas, seria obrigação do empregador fornecer
equipamento apropriado para caso de incêndio, a todos que se aproximassem da área
das botijas, o que não foi feito;

3.2.3 Evidência de Causalidade Profissional


Tendo em consideração o previsto nos termos do artigo 222 na LTM e do artigo 9, nº 1 do
RJAT, o caso das queimaduras em análise configura, sim, uma causalidade profissional
designado acidente de trabalho que pode degenerar numa perda de capacidade permanente
parcial, pelas seguintes evidências:
• A explosão do cilindro de águas quentes ocorreu no local e durante o tempo de trabalho
(não havendo indicação diferente);
• Da explosão, resultaram queimaduras do 1º e 2º graus que constituem uma lesão
corporal;
• Havendo queimaduras do 2º grau que podem ser relativamente profundas é muito
provável que o trabalhador tenha redução de capacidade de trabalho por um período
mínimo de 7 dias;
• Adicionalmente, caso o acidentado tenha queimaduras que, embora sendo do segundo
grau, tenham atingido partes sensíveis do corpo, rosto ou tecidos musculares, cuja
reposição não se efective na totalidade, poderá ficar com uma incapacidade parcial
permanente.

3.3 Responsabilidades

Provado que se trata de um acidente de trabalho, emergem as seguintes responsabilidades:


• Artigo 11, nº 2 do RJAT, estabelece a obrigação do empregador em prestar primeiros
socorros e levar o acidentado a uma unidade sanitária de emergência;
• O Artigo 16 da RJAT além de enunciar o direito do trabalhador á reparação,
responsabiliza o empregador para assegurar uma ocupação adequada ao estado do
trabalhador, caso este tenha uma lesão permanente ou indemnizá-lo nos termos
previstos no nº 3 do artigo em referência;

15
Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

• Sendo obrigação previa a existência de um seguro de acidentes de trabalho, a


seguradora teria a obrigação de indemnizar o acidentado pela incapacidade parcial e,
provavelmente, a permanente, nos termos do artigo 19, nº 2 e nº 3, alíneas a) e b);
• Caso a seguradora, evoque a falta de nexo entre o trabalho realizado pelo trabalhador,
e o acidente ou ainda no caso do trabalhador não estar coberto por um seguro de
acidentes de trabalho, a coberto do artigo 57 da RJAT, caberá ao empregador a
responsabilidade de indemnizar o trabalhador ou accionar um seguro alternativo
apropriado para cobertura de todos os custos inerentes à recuperação das capacidades
de trabalho do acidentado e para a cobertura das prestações devidas legalmente.

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4. Identificar Normas Legais Aplicáveis e Responsabilidades

4.1 Fundamentos legais do António

O trabalhador António, no geral, apresenta argumentos que têm cobertura legal em termos de
posicionamento, contudo alguns detalhes carecem de melhor enquadramento. De seguida são
destacados os principais aspectos da sua argumentação:
• O Sr António afirma que contraiu cancro como consequência do fumo de cigarros dos
colegas, como fumador passivo. O Instituto Brasileiro de Controle de Câncer escreve
na sua página web que “O tabaco presente nos cigarros apresenta mais de 4.700
substâncias químicas, das quais 43 são carcinogénicas” o que mostra que
cientificamente, é possível contrair cancro como consequência do fumo do cigarro.
Sendo que o António estava exposto a poluentes durante o dia de trabalho como se
estivesse também a fumar então ele foi afectado pela chamada poluição tabagística
ambiental. Segundo o documento da CIPA, “em um ambiente poluído por fumaça de
cigarro, os não-fumantes podem ter respirado o equivalente a 10 cigarros no decorrer
de um dia”. A doença apesar de não ser uma consequência directa do trabalho que
realizava, mas sim do ambiente do trabalho, fica legalmente coberto o pedido de
reparação que o trabalhador faz, nos termos do nº 3 do artigo 20 do RJAT, segundo a
qual “havendo uma relação entre a doença e o ambiente laboral, o médico assistente
deve comprovar a existência dessa relação, constituindo-se assim o trabalhador no
direito à reparação”4.
• O Sr António afirma também que a empresa não tem tomado qualquer acção para
penalizar os que violam os avisos de proibição de fumar no local de trabalho. Ele
assume, neste argumento, que é da responsabilidade da empresa criar condições de
trabalho sem possibilidade de intoxicação com fumo de cigarro. O seu argumento é
concordante com o artigo 7 da Convenção 148 da OIT, segundo a qual o empregador
deverá “obrigar os trabalhadores à observância das normas de segurança destinadas a
prevenir e a limitar os riscos profissionais devidos à contaminação do ar […] no local
de trabalho”. Adicionalmente, quando as medidas tomadas não reduzam a
contaminação do ar, a limites especificados de acordo com os limites de exposição

4
O Instituto Brasileiro de Controle de Câncer descreve os vários perigos de cancro pelo fumo do cigarro na sua
página web consultada no dia 17-Abr-2017, http://www.ibcc.org.br/duvida/agentes-
cancerigenos/tabagismo/1/5/

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Avaliação do Módulo de HST Caldas Chemane

tecnicamente aceitáveis, “o empregador deverá proporcionar e conservar em bom


estado o equipamento apropriado de proteção do pessoal”5.
• O terceiro argumento é que quando foi admitido não apresentava sintomas da doença,
o que, se for provado, reforça a possibilidade de ter contraído a doença em resultado da
poluição do ar no local de trabalho e, por via disso ter direito à reparação.
• Há dois detalhes que é levantam algumas dúvidas, nomeadamente, (i) a prova do nexo
de causalidade entre a doença e o fumo inalado no local de trabalho que deveria ser
sustentada por um documento da junta médica que não foi presente; (ii) não está
claramente previsto na LTM assim como na RJAT a demanda que o St António faz para
ser indemnizado por danos morais. O RJAT apenas prevê este tipo de reparação, em
caso de acidentes de trabalho, não em casos de doenças provocados pelos ambientes de
exercício profissional.

Outros argumentos poderia o António ter invocado

Além dos argumentos acima, o trabalhador António podia ter invocado também os seguintes
articulados que protegem os seus direitos para o caso em análise:

• Nos termos do Artigo 9 da Convenção 148 da OIT, na medida do possível, dever-se-á


eliminar todo risco devido à contaminação do ar, através de mecanismos técnicos e
medidas complementares de organização do trabalho. Esta posição é reforçada pela
LTM, no seu artigo 216, nº 1 e nº 2, assim como é reafirmado pelo artigo 226 nº 1,
sendo que este último defende o dever da empresa de proteger os trabalhadores para a
prevenção de doenças.
• O Artigo 4 do Decreto 11/2007 de 8 de Maio proíbe claramente o consumo de tabaco
nos locais de trabalho e institui a obrigação de se criar áreas isoladas para o tabagismo,
o que não foi cumprido pelo empregador do Sr António. Na empresa, não há indicações
de haver tal espaço obrigatório e com ventilação isolada para fumadores.
• Nos termos do artigo 12, nº 1 do RJAT, o Sr António pode ainda defender-se alegando
que apesar de ter predisposição da patológica, isso não exclui o direito de reparação, se
for provada a relação entre a doença e o ambiente de trabalho e não ter sido ocultado o
cancro na altura admissão. Daí a pertinência da melhor sustentação da prova de nexo
de causalidade.

5
Tradução do Artigo 10 da Convenção 148 da OIT

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4.2. Enquadramento legal da argumentação da empresa

No conjunto, a argumentação da empresa não tem base legal e, a parte prevista na lei está ferida
de uma interpretação incoerente. Nos parágrafos que se seguem é feita uma análise sugerindo
os aspectos legais que deviam ter sido respeitados pela empresa.

“Na sua contestação, a empresa, entre outros argumentos, alegou que o António tinha o dever
de zelar pela sua própria saúde, devendo ausentar-se dos locais com fumo”. Este argumento
apresenta uma interpretação incorrecta do artigo Artigo 7, nº2 da Convenção 148 da OIT que
se refere ao dever de contribuição do trabalhador para a sua segurança no trabalho e também
contraria o Artigo 4 do Decreto 11/2007 de 30 de Maio, que não prevê que o não-fumador se
afaste dos fumadores, mas sim a empresa deve criar espaços isolados para os fumadores não
fazerem o fumo passar para os restantes espaços do local de trabalho.

A empresa, ao defender que “pelas instalações da empresa estavam afixados vários avisos de
proibição de fumar” ignorou o prescrito no artigo 9 da Convenção 148 da OIT e no artigo 216,
nº 4 e o nº 5 da LTM, que obrigam o empregador a estabelecer e implementar “todas as
precauções adequadas” para que haja a segurança necessária para o trabalho em ambiente
seguro, não sendo por isso suficiente o simples facto de ter montado os avisos de proibição.
Além disto, a empresa indicou que sabia que o António tinha sido fumador, quando jovem,
durante cerca de 10 anos, pelo que nenhuma responsabilidade lhe poderia ser assacada. Se a
doença estava dormente, a poluição no local de trabalho poderá ter agravado e multiplicado o
risco de contrair o cancro. A empresa teria de provar que o Sr António, quando foi admitido
tinha a doença.

Que outros argumentos poderia a empresa ter invocado?


Tendo em conta o conjunto dos argumentos apresentados no texto em análise, há mais
evidências favoráveis ao trabalhador e atribuindo as principais responsabilidades ao
empregador. Entretanto, seguem abaixo dois aspectos que podem ser acrescentados nos
argumentos do empregador:

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• A Convenção 148, no seu Artigo 7, nº2 estabelece o direito dos trabalhadores ou seus
representantes apresentar propostas, receber informações e orientação, e a recorrer a
instâncias apropriadas, a fim de assegurar a proteção contra riscos profissionais devidos
à contaminação do ar entre outros riscos. A empresa podia ter argumentado que o Sr
António, ao ver-se exposto ao risco deveria ter exercido esse direito a tempo de evitar
que a sua exposição ao fumo acabasse por degenerar em cancro. Pelo texto, não há
evidências de que o Sr António, alguma vez se manifestara ou apresentara o caso em
instâncias apropriadas com vista a obrigar a empresa a proteger os não fumadores .
• O segundo argumento está assente nas circunstâncias em que foi feito o teste há dois
anos e nas que foi feito o último teste que detectou cancro. Embora o texto do caso seja
omisso em relação às circunstâncias, nos termos do artigo 7, nº 2, da LTM, pode ser
que o médico assistente não tenha comunicado nada sobre a doença pois a Lei lhe
proibia de fazê-lo, tratando-se de uma doença que, na altura do teste, provavelmente,
não teria implicação nas capacidades de realização das suas tarefas ou ainda os testes
realizados nessa altura podem não ter sido direccionados para a identificação do cancro;
• Por fim, nos termos do nº 3 do artigo 20 do RJAT, tratando-se de uma doença que não
consta directamente da lista nacional das doenças profissionais “quem deve provar o
nexo da doença com o ambiente de trabalho é o médico assistente. Só após essa prova
é que o trabalhador no direito à reparação, nos termos definidos no RJAT.
Adicionalmente, o trabalhador deve apresentar uma prova da junta médica que
corrobore com a alegação de que a doença é resultante da sua exposição ao fumo no
local de trabalho.

4.3 Conclusão

De forma conclusiva, o trabalhador António tem motivos legais para demandar a empresa de
modo a custear o tratamento do cancro, porém deverá assegurar que possui prova, passada pelo
médico assistente e corroborada pela junta médica sobre o nexo da doença com a actividade ou
com o ambiente laboral.
É inequívoco que a empresa violou a obrigação de criar uma área isolada para fumadores e não
esteve em conformidade com o dever de fazer cumprir as normas que proibiam que os colegas
de António fumassem no local de trabalho. Por essa violação, além da reparação do dano no Sr
António, terá que ser devidamente penalizada pela Inspecção Geral do Trabalho.

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Bibliografia

ALVARENGA, Rúbia. A Organização Internacional do Trabalho e a Proteção


aos Direitos Humanos do Trabalhador. Revista Electronica, Ano III
– Número 38, Rio Grande do Sul, 2007
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Abr-2017.
http://www.esalq.usp.br/cipa/informativo/Os_Males_do_Tabaco.pdf
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acessada no dia 28-02-2017
GdM – Governo de Moçambique. Lei 23/2007 de 1 de Agosto, Lei do Trabalho.
Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo, 2007
GdM Governo de Moçambique. Decreto 14/2015 de Julho, Sobre a abrangência
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Própria. Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo, 2015
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2012
MOÇAMBIQUE - República de Moçambique, Constituição da República.
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OIT Convenção 148. Tradução pela OIT BRASIL. 1977
http://www.oitbrasil.org.br/node/500, Acessado no dia 18-04-2017

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