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01432021 1337
artigo article
perspectiva de gestores e profissionais: estudo de caso em região
do estado de São Paulo, Brasil
Abstract This article aims to analyze the per- Resumo Este artigo tem como objetivo anali-
spective of managers and professionals about the sar a perspectiva de gestores e profissionais sobre
performance of the Mobile Emergency Care Ser- o desempenho do SAMU na região do Grande
vice (SAMU) in the Grande ABC region. This is ABC. Trata-se de estudo de caso, de abordagem
a qualitative case study based on the formulation qualitativa, baseado na formulação de modelo
of a theoretical-logical model of intervention and teórico-lógico da intervenção e entrevistas semies-
semi-structured interviews. The Theoretical-Log- truturadas. O Modelo teórico-lógico traduziu as
ical Model translated the dimensions of SAMU dimensões de análise do SAMU: regulação, assis-
analysis: regulation, care and management. The tência e gestão. O processo de regulação foi enten-
regulation process was understood as a strategic dido como espaço estratégico onde o julgamento
space where the judgment of the patient’s need and da necessidade do paciente e o tempo de despacho
the ambulance dispatch time have the potential to da ambulância tem potencial de influenciar nos
influence the outcomes of the cases transported. In desfechos dos casos transportados. Na assistência
health care, the main themes that emerged were os principais temas que emergiram foram inves-
investment in the qualification of the team and timento na qualificação da equipe e em telemedi-
in telemedicine with the perspective of improv- cina com a perspectiva de melhorar a qualidade
ing the quality of care and making the diagnosis do cuidado e tornar o diagnóstico mais preciso.
more accurate. In management, challenges such No âmbito da gestão desafios como integração do
as integrating SAMU with tertiary centers, im- SAMU com centros terciários, aperfeiçoamen-
proving the information system, and monitoring to do sistema de informação e monitoramento e
and evaluation were highlighted aiming to qual- avaliação foram destacados visando qualificar os
ify the regulatory processes by aligning them with processos regulatórios alinhando-os aos objetivos
the objectives proposed in the health policy. The propostos na política de saúde. O conjunto de da-
set of data analyzed reinforces the capacity of the dos analisados reforça a capacidade do SAMU na
1
Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca, SAMU in emergency care in the region; howev- atenção de urgência na região, no entanto a in-
Fundação Oswaldo Cruz. er, the intervention needs to overcome important tervenção precisa superar importantes desafios em
R. Leopoldo Bulhões 1480, challenges in order to improve the prognosis of the busca de melhor prognóstico entre os casos trans-
Manguinhos. 21041-210
Rio de Janeiro RJ Brasil. cases transported. portados.
catiacoliver19@gmail.com Key words SAMU, Case study, Health manage- Palavras-chave SAMU, Estudo de caso, Gestão
2
Faculdade de Medicina, ment, Regulation em saúde, Regulação
Universidade de São Paulo.
São Paulo SP Brasil.
1338
Oliveira CCM et al.
23º40'0''S
23º15'0''S
23º30'0''S
23º45'0''S
23º50'0''S
Região ABC Paulista
24º0'0''S
Curso d'água
Represa Billings
10 5 0 10 20 30 40 50
km Limite Municipal
Diadema
Mauá
Ribeirão Pires
Rio Grande da Serra
24º0'0''S
2 10 2 4 6 8 10 Santo André
km São Bernardo do Campo
São Caetano do Sul
NVivo versão 9.0. O estudo foi autorizado pelo estratificação do risco de gravidade do paciente
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de auxilia a tomada de decisão, entretanto a mobi-
São Paulo. lização para envio da ambulância, forte ou fraca,
irá depender da percepção ou não de sinais de-
tectáveis durante a chamada do paciente:
Resultados e discussão [...] entender o que a pessoa relata para catego-
rizar a gravidade da situação [...] às vezes a pessoa
O SAMU na região do Grande ABC foi criado a não consegue passar direito a informação, então
partir de iniciativa das Secretarias Municipais de tem que pedir para ser mais preciso (MR1).
Saúde em conjunto com o Ministério da Saúde. A queixa é uma informação base para direcio-
Inicialmente, a implantação na região ocorreu em nar o tipo de atendimento e quanto mais precisa
2004 em Santo André e, posteriormente, entre os a informação melhor a orientação que pode se dá
anos de 2004 e 2005, expandiu-se para os demais (MR6).
municípios. Como na época alguns municípios Para Almoyna16 a regulação é uma forma de
não tinham porte de implantação para consti- triar as saídas de ambulâncias, porém no Brasil
tuir uma central de regulação do SAMU, foram essa prática ainda ocorre de forma bastante in-
realizadas pactuações para instalação regional e, cipiente apontando a necessidade de aprimorar
sendo assim, a base de Mauá é referência para Rio diversos aspectos na tentativa de assegurar maior
Grande da Serra/Ribeirão Pires, a de Santo André equidade na assistência à saúde16. O médico re-
é interligada a de São Caetano do Sul, e Diadema gulador precisa julgar a gravidade de cada caso,
e São Bernardo possuem bases próprias. através de orientação médica ou pelo envio de
A região conta ainda com um Grupo Condu- equipes de assistência, num curto espaço de tem-
tor Regional da Rede de Urgência e Emergência po e utilizando técnicas específicas para este fim
(Comitê Gestor). Apesar da literatura apontar o no intuito de desencadear a melhor resposta.
potencial da APH em impactar a dinâmica dos Na Inglaterra foi elaborado pelo National He-
sistemas locais de saúde na atenção a usuários em alth Service (NHS) protocolo padronizado por
condições de urgência, o SAMU na região tem categorias de gravidade, que estabelece o tempo
ainda desafios como reduzir o tempo de trans- que o serviço móvel tem para tomada de decisão
porte de pacientes vítimas de trauma e urgências sendo que para o nível 1, considerado de maior
clínicas, garantir a referência de forma oportuna gravidade, 30 segundos depois da chamada a am-
e melhorar o prognóstico dos pacientes atendi- bulância já deve ser despachada17.
dos. Na Região do Grande ABC, embora os ges-
Para melhor compreensão da lógica de fun- tores tenham relatado dificuldade em mensurar
cionamento do SAMU foram propostas três com precisão o tempo de resposta total, ficou
dimensões para o modelo teórico-lógico: regu- clara a existência de esforço para aprimorar essa
lação, assistência e gestão, que se baseiam nos etapa no processo de trabalho. Entrevistados en-
objetivos e nas características das práticas da fatizaram preocupação quanto à necessidade im-
APH de urgência na região. A estrutura teórica plementação de estratégias que pudessem reduzir
do SAMU foi em sequência validada, por meio o tempo de transporte tais como posicionamento
de entrevistas com atores-chave, visando julgar a das equipes móvel no território e a identificação
pertinência e relevância das dimensões e ações. da referência mais adequada e próxima do local
As sugestões foram consensuadas e incorporadas de ocorrência do agravo ou acidente, de forma a
ao diagrama final explicitado na Figura 2. garantir racionalidade sistêmica na utilização dos
recursos:
Dimensão Regulação [...] a referência hospitalar fica a cerca de 10
minutos do centro e a 40 minutos do ponto mais
Para alcançar um dos objetivos do SAMU no distante no município que é Paranapiacaba então
que concerne à regulação é essencial que o pa- o tempo resposta varia entre esse intervalo (MR3).
ciente tenha o pedido de socorro acolhido, prio- Resultados do estudo desenvolvido por Cico-
rizado e atendido no menor intervalo de tempo net7 evidenciaram como fatores que permanece-
possível. As entrevistas apontaram que assegu- ram associados estatisticamente com maior tem-
rar a escuta médica permanente nas urgências é po de resposta total (mediana de 19 minutos) o
um processo complexo diante da necessidade de tipo de socorro clínico, turno da noite, dias úteis
rapidez e precisão no julgamento da real neces- da semana e ocorrência de incidente no local do
sidade do caso. A existência de algoritmos para chamado7. Na Região do Grande ABC a implan-
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Processo
Resultados Resultados
Estrutura Iniciais Intermediários
Regulação Assistência Gestão
Objetivos do Proporção das
Central de População da
SAMU na região Registrar e dar Realizar Coordenar internações
Regulação região coberta
do grande ABC respostas às abordagem a equipe do reguladas pelo
pelo SAMU
Técnicos ocorrências dos pré-hospitalar SAMU e realizar SAMU
Redução do Percentual
operadores usuários de urgência apoio logístico
número de de saídas Percentual de
da central de segundo
óbitos, do Classificar Integrar de equipes casos atendidos
regulação protocolos
tempo de o grau de o SAMU de Suportes no SAMU em
definidos
internação e Médicos urgência dos com centros básico e até 2 horas
de sequelas reguladores pacientes Realizar terciários avançado de
incapacitantes Taxa de
procedimentos regionais vida
provenientes Ambulâncias de Referenciar mortalidade
e condutas
Suporte básico adequadamente Realizar Tempo médio hospitalar
de agravo clínico assistenciais
e avançado de os pacientes processos de resposta imediata
ou acidente adequadas
vida educativos das chamadas imediata dos
Monitorar o
Realizar das equipes de urgência pacoentes
Bases atendimento
atendimento via de regulação e do SAMU transportados
descentralizadas realizado pelas
telemedicina, assistência pelas equipes de
equipes de
Equipamentos quando Suporte básico
Suporte Básico Monitorar e
para as necessário e e avançado de
e Avançado de avaliar o SAMU
ambulâncias possível Vida
Vida
Resultado finalístico: contribuiu com a redução da taxa de mortalidade hospitalar na região do grande ABC
Figura 2. Modelo Teórico-Lógico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na Região do Grande ABC-SP,
2017/2018.
Fonte: Autoras.
tação de sistema de rastreamento através de GPS social e emocional pode resultar em um aumen-
nas ambulâncias surgiu como uma proposta para to no número de solicitações não oportunas do
agilizar a transmissão de dados para a Central de serviço:
Regulação em tempo real: Eles acham que o SAMU é para tudo e não é
Nós pensamos em colocar GPS nas ambulân- [...] tem que conversar com a população o que é
cias para facilitar o deslocamento e o monitora- risco de vida e o SAMU é para urgência (GM3).
mento em tempo real (GM3). Em trabalho desenvolvido por Almeida18 no
Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais município de Botucatu, em São Paulo, obser-
distantes. No destino final do paciente, encontra- vou-se que muitos pacientes após avaliação pela
mos dificuldades para encontrar os pacientes [...] equipe do SAMU, não possuíam necessidade de
às vezes as ambulâncias percorrem longas distân- serem encaminhados a um serviço de urgência18:
cias (GM4). Para a população tudo é grave...então a gente
A presença de conflito entre os usuários e os tem muito trabalho para explicar se precisa mesmo
médicos reguladores em relação à compreensão de uma USA ou de uma básica ou até mesmo se é
sobre a urgência da demanda surgiu como um caso de uma orientação por telefone (MR2).
ponto emblemático o que, segundo os entrevis- A população cobra muito do SAMU para tudo
tados, repercute na agilidade da tomada de deci- e acha que a gente precisa dar prioridade para
são e redução do tempo resposta. Percebeu-se nas o caso sempre e não é assim, temos uma agenda
falas dos entrevistados que os usuários sentem (GM3).
“desqualificação” de sua queixa no momento da Uma das gestoras, inclusive, mencionou a
chamada na central de regulação. De fato, a dis- importância do diálogo com a população para
tinção feita pelos usuários sobre o que é ou não esclarecer melhor sobre os motivos que devem
urgente é subjetiva o que aliado a vulnerabilidade ser considerados ao chamar o serviço de ambu-
1342
Oliveira CCM et al.
lância. Segundo as diretrizes para emergências to rápido das condições que colocam o paciente
cardiovasculares da American Heart Association em risco de morte adotando medidas adequadas
(2019) a cadeia de sobrevida inicia-se pelo acio- ao seu estado de saúde de forma a minimizar o
namento do serviço móvel de urgência o que tor- tempo de atendimento no local da ocorrência do
na essa modalidade crucial em circunstâncias de evento e garantir o transporte até o local de re-
risco de vida que requerem o APH com rapidez ferência:
e precisão19: Fazer rápida anamnese, [...] pressão, frequên-
[...] já têm vários estudos publicados que é im- cia cardíaca, oxigenação, se é para ser ofertado oxi-
portante conscientizar a população sobre primeiros gênio. O mais importante é estabilizar o quadro do
socorros [...] também para divulgar o quanto é im- paciente [...] (MS2).
portante chamar rápido o SAMU [...] faz toda a Nesse campo de produção de cuidados, mé-
diferença no resultado final (GM5). dicos e enfermeiros das equipes convergiram nas
A integração do SAMU aos centros terciários falas quanto à importância do reconhecimento
regionais sobressaiu-se como um dos principais precoce dos sintomas e à chance de sobrevida dos
desafios no processo de encaminhamento dos pacientes transportados. Situações de urgência
pacientes. Mesmo com a existência de protoco- são complexas e dinâmicas e, portanto, requerem
lo de regulação regional, que estabelece critérios decisões críticas com muita rapidez.
para as solicitações das transferências e define Como ressalta Giglio-Jacquemot22 a experi-
a grade única de unidades pactuadas para refe- ência da equipe, aliada ao atendimento precoce,
rência considerando o grau de complexidade, a tem efeito mais importante no aumento da so-
dificuldade de integração na rede de urgência e brevivência do que intervenções posteriores.
emergência tende a impactar negativamente a Procedimentos como eletrocardiograma
coordenação do cuidado e seus resultados. Esse (ECG) e uso de trombolíticos foram considera-
tema remete à discussão da organização da re- dos primordiais em caso de suspeita de Infarto
gulação que é pautada predominantemente pela Agudo do Miocárdio (IAM), no entanto esse
oferta. A literatura reforça a importância de rever tema gerou controvérsias entre os profissionais
esse processo à luz das demandas advindas dos entrevistados, pois muitos médicos não se sen-
territórios proporcionando resposta adequada e tem seguros quanto ao diagnóstico de algumas
adaptada às necessidades do cidadão. patologias que requerem medicação imediata,
Na Região do Grande ABC quando não há optando pela rápida transferência para centro
leito disponível é possível ainda acessar a Cen- especializado, principalmente para as UPAS,
tral de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde conforme pactuado em portaria ministerial. Es-
(CROSS), gerida pela Secretaria Estadual de Saú- tudos internacionais demonstraram que o uso
de de São Paulo, que tem como objetivo a distri- apropriado de trombolíticos seria mais eficiente
buição adequada dos pacientes para as vagas de do que esperar até o paciente chegar na unidade
atendimento nas áreas hospitalar e ambulatorial, de referência para ser avaliado23:
independente da disponibilidade de vagas20: Dependendo da situação de atendimento mé-
[...] Quando não tem vaga na grade a gente dico no pré-hospitalar móvel já é introduzido o
precisa ligar para o colega daquela unidade e ex- trombolítico com conhecimento e autorização do
plicar a urgência para receber o paciente (MR1). médico regulador (MI5).
Países com mais experiência nessa modali- A aplicação do trombolítico na atenção pré
dade de atenção operacionalizam o sistema de -hospitalar, a partir de recomendação médica, é
forma regionalizada e hierarquizada com bases usado desde 2004 em municípios como Diade-
descentralizadas, posicionadas por meio de pac- ma, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra,
tuação de fluxos de atenção, visando diminuir o São Caetano e Santo André, sendo a necessidade
deslocamento das ambulâncias e a efetivação da identificada dentro da própria ambulância. O
integralidade da atenção no menor tempo pos- município de São Bernardo fez uso desse proce-
sível21. dimento até 2011, quando foi inaugurado o Hos-
pital de Clínicas, optando desde então pela trans-
Dimensão Assistência ferência imediata dos pacientes para o serviço de
hemodinâmica que assume os cuidados médicos
A organização do processo de trabalho no de urgência apropriados do cidadão:
SAMU, que se efetiva com o atendimento das Aqui no município o metalyse consegue atuar
ocorrências em cena, engloba um amplo leque de em cerca de 95% dos casos que demandam o uso
cuidados e um aspecto central é o reconhecimen- (MS1).
1343
financeiro para manutenção e compra de novas gações anônimas que podem gerar deslocamento
ambulâncias. Foram relatadas ausência e/ou de- de viaturas sem necessidade. Os entrevistados
ficiência de equipamentos, mobiliários e outros destacaram que a estratégia vem demonstrando
insumos necessários para APH. Em um cenário bons resultados na diminuição dessas chamadas,
com recursos limitados esse quadro pode inter- além de ser também um mecanismo de diálogo
ferir na capacidade de produzir resultados mais do serviço com a população enfatizando a sua
favoráveis. Tal achado corrobora a literatura, importância em situações de risco:
considerando que o SAMU é um serviço oneroso [...] nós temos trabalho com o samuzinho nas
que exige recurso financeiro compatível para a escolas para tentar diminuir trote e conversar mais
sua consolidação enquanto tecnologia de apoio com a população sobre o papel do SAMU (GM6).
a vida29: A população ainda não entendeu para que ser-
Aporte do MS é insuficiente que não custeia ve o SAMU [...] precisamos divulgar mais sobre
nem a central de regulação muito menos a parte o que é o SAMU [...] fazer mais trabalhos com o
assistencial (GM1). Samuzinho (ES1).
Existe problema de falta de equipamentos im- Embora tenha sido identificada nas entre-
portantes e alguns estão obsoletos [...]. Tem atraso vistas a relevância da consolidação regional do
tecnológico. Infraestrutura poderia ser melhor por- SAMU não se observou integração entre os mu-
que os equipamentos são caros (GM3). nicípios com essa perspectiva; exceto um dos
Todos os informantes convergiram sobre o gestores que ressaltou que o desenho do SAMU
treinamento das equipes, que aliado à experiên- na rede poderia oportunizar o acesso e garantir
cia proporcionada pela prática, prepara a APH desfecho mais adequado para o paciente.
para situações que exigem tomada de decisão rá- A regionalização e o posicionamento das
pida e intervenção assertiva. Exceto São Caetano equipes de APH móvel no território são aspectos
do Sul, todos os municípios possuem Núcleo de a serem observados para melhor desempenho no
Educação em Urgência (NEU), segundo as dire- atendimento as vítimas em situações graves de
trizes do Ministério da Saúde, visando promover urgência, contribuindo com o estado de saúde
capacitação e educação permanente dos traba- em que os pacientes chegam aos hospitais.
lhadores da saúde, especialmente naquelas áreas Em pesquisa desenvolvida por Ibanez32 ob-
onde são encontradas mais dificuldades como servou-se que a integração da APH na rede de
durante o manejo clínico na assistência30: atenção limita-se ao encaminhamento dos casos
[...] precisamos investir mais em treinamento e na maioria das situações é dependente do pro-
principalmente em cardiologia (G4). fissional de saúde, ao invés de ser uma atividade
[...] treinar mais os profissionais aqui, investir padronizada no sistema. Konder et al.33, no Mu-
no NEU e fazer parcerias com os hospitais para dis- nicípio do Rio de Janeiro, observaram que há di-
cussão da atenção cardiológica (GM6). ficuldade de interlocução entre os componentes
No Brasil os NEU foram acoplados ao SAMU da RUE sendo indicada referência da UPA pelo
com a finalidade de contribuir para a qualidade SAMU apenas nos quadros clínicos de dor torá-
assistencial proporcionando espaço de discussão cica.
sobre questões relativas à atenção ao paciente [...] na gestão do SAMU, o ideal é a regionali-
transportado. Esses núcleos, atualmente, vêm zação do SAMU. Agregar todas as centrais de re-
sendo implementados em maior escala no país gulação. Já houve debate sobre isso, levantamento
com pressuposto de investir nas necessidades de custo inclusive, mas não foi adiante. Deveria ter
educacionais e ofertas de formação no ambiente uma Central de Regulação única em rede integrada
do trabalho a partir da supervisão. Na França, o (GM2).
treinamento de equipes do SAMU requer habili- Outro aspecto relevante na dimensão de Ges-
dades específicas definidas pelo sistema de saú- tão do SAMU está relacionado ao monitoramen-
de local, diferente de outros países como Reino to e à avaliação enquanto ações estratégicas no
Unido e Austrália onde treinamento pré-hospi- sentido de propiciar um gerenciamento eficaz,
talar foi formalizado com o desenvolvimento da comportando mecanismos de ajustamento para
medicina de emergência como subespecialidade a contínua vigilância do desempenho, elemento
médica30,31. vital de todo o processo de garantia de qualidade.
Cabe destacar que em Santo André o NEU O E-SUS-SAMU é o sistema em vigência
lançou o Projeto SAMU nas escolas que vem utilizado para captura de dados dos atendimen-
atuando nas comunidades para ampliar a divul- tos e registros dos procedimentos realizados no
gação sobre o SAMU e reduzir trotes, ou seja, li- SAMU, mas que ainda apresenta uma série de
1345
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