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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
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ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS
Figura 2: (A) secagem das folhas na estufa e (B) trituração das folhas em pilão......21
LISTA DE TABELAS
DECLARAÇÃO
Declaro ainda que esta Monografia nunca foi apresentada em nenhuma outra
Instituição de Ensino para obtenção de qualquer nível ou grau académico.
__________________________
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista aos meus pais, Rui Alberto dos Santos Moda e Lúcia Miguel.
A minha filha Joyce Edgar Moda que com muito carinho e apoio, não mediram o
esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.
IX
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo Dom da vida, pela força para não desistir, pela coragem de lutar por
meus sonhos, pela serenidade que nos momentos mais desgastantes foi
fundamental e pela sabedoria que me guiou em todos momentos desse trabalho.
Ao meu supervisor MSc. Balduíno Aleixo, pela orientação científica deste trabalho,
que me auxiliou com valiosas sugestões e revisões, manifestando sempre uma
elevada disponibilidade de tempo.
À todos os docentes que leccionam neste curso aos MSc’s: Ancha Uazir, Francelina
Gavicho, Filomena Sitoe, Virgílio Cossa, Jeremias Chindia, Beni Chaúque, Mussa
Issufo, Belito Manuel e aos dr’s. Carlos Miguel Chicumbi e Adolfo Júnior pelo
inquestionável contributo que deram a minha formação académica.
Aos meus irmãos César Rui dos Santos Moda, Sérgio Rui dos Santos Moda,
Sergina Rui dos Santos Moda, Cleidson Rui dos Santos Moda, João dos Santos
Tony e Felizardo Arlindo Maganga, aos meus tios José Miguel e Raimundo Miguel, a
minhas tias Yolanda Miguel e Valeria Miguel e os meus avos Miguel Muipita e
Afonsina, o meu muito obrigado por tudo que tem feito na minha vida e por terem
contribuído incondicionalmente para que esta meta fosse uma realidade.
Aos meus amigos, Mariano Jr, Edson Machopal, Frede Gimo, dr. Nerinho Auate,
Marques Normal, Victória Waheia e aos meus colegas do mesmo ano, pela alegria,
tristezas e dores compartilhadas.
À todos que de forma directa e indirecta colaboraram com seu tempo e informações
preciosas.
RESUMO
Alelopatia é um fenômeno que envolve, direta ou indiretamente, benefícios ou
efeitos adversos de uma planta sobre outra planta, favorecendo ou prejudicando a
segunda mediante a liberação de substâncias químicas no ambiente. O objectivo
principal do estudo foi a de avaliar o potencial alelopático de extractos de plantas
medicinais (Plectranthus barbattus Andrews e Catharanthus roseus) na germinação
de sementes de Lactuca sativa. O estudo foi conduzido em 2021, no Laboratório de
Biologia da Universidade Rovuma, Extensão de Niassa. As plantas medicinais foram
colectadas e, posteriormente as folhas foram pesadas, em seguida, colocou-se em
estufa para secar a 50ºC durante 48 horas, e posteriormente foram trituradas em um
o pilão por meio do almofariz. Para a obtenção do extracto, 100g do triturado foi
dissolvido em 100 ml de água destilada, sendo a mistura mantida em frascos
fechado na geleira durante 48 horas de modo a se obter o extracto aquoso. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 10 tratamentos
dispostos em esquema fatorial 2 (diferentes extratos) x 4 (concentrações de extrato)
+ 1 (testemunha - água), com quatro repetições de 10 sementes de alface,
totalizando 40 unidades experimentais. Houve diferença significativa entre os efeitos
dos tratamentos e a testemunha para germinação, índice de velocidade de
germinação e sobrevivência das plantas e entre os tipos de extratos, entre as
concentrações e na interação do tipo de extrato com as concentrações para as três
variáveis analisadas para planta em estudo (Lactuca sativa). Concluiu-se que o
potencial Alelopático dos extractos de Catharanthus roseus exercem maior inibição
na germinação de sementes de Lactuca sativa em comparação com os extractos de
Plectranthus barbattus Andrews que exerce menor inibição quando comparados com
o tratamento controle que apresentou maiores médias. As concentrações 10%, 15%
e 20% dos extractos de Catharanthus roseus inibem acentuadamente a germinação
de sementes de Lactuca sativa.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Os aleloquímicos são substâncias importantes em várias linhas de pesquisas.
Dentre os agentes alelopáticos, existem mais de 300 compostos secundários de
plantas e microrganismos que representam várias classes químicas (Duke et al.,
2000) e este número continua aumentando com outras pesquisas mostrando
interações destas substâncias com plantas e outros organismos (Macías et al.,
2007). A diversidade de estruturas químicas existentes dificulta os estudos de
alelopatia. Outra complicação é que a origem de aleloquímico frequentemente é
obscura e a atividade biológica pode ser reduzida ou elevada pela ação
microbiológica, oxidação e outras transformações.
Espécies como alface (Lactuca sativa L.), milho (Zea mays L.), rabanete (Raphanus
sativus L.) e soja (Glycine max L.) são amplamente utilizadas em testes alelopáticos
por serem espécies com características de germinação conhecidas (Sartor et al.,
2015), o que facilita a identificação de anomalias. Contudo, a intensidade do efeito
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1.2. Problematização
Existe na área agrícola uma busca constante por produtos que promovam o
crescimento das plantas e o aumento da produtividade. (Araujo & Correia, 2010).
Dessa forma, o efeito alelopático pode ser utilizado em benefício de cultivos, sendo
importante que as plantas utilizadas sejam de fácil aquisição e que não sejam
tóxicas ao homem e ao meio ambiente.
1.3. Justificativa
A escolha do tema em pesquisa partiu-se sobretudo do pressuposto de que, as
plantas falso boldo (Plectranthus barbatus Andrews) e beijo da mulata (Catharanthus
roseus) são amplamente utilizadas na medicina popular, e já foram testadas com
relação ao efeito alelopático no crescimento inicial de várias culturas como a do
couve e tomateiro (Nariai et al., 2013) e em outros estudos. O uso destas plantas
está disseminado nas culturas locais, possibilitando fácil obtenção. Geralmente o
uso do falso boldo, beijo da mulata e erva-cidreira está associado como fitoterápicos,
tendo suas propriedades medicinais regulamentadas pela ANVISA. As plantas com
atividade alelopática podem ser úteis em várias práticas agrícolas, tais como:
estímulo ao desenvolvimento de plantas, produtividade, fitossanidade e cultivo em
consórcio. Essas plantas utilizadas na produção de extratos vegetais precisam ser
amplamente estudadas, pois não podem produzir metabólitos tóxicos aos animais,
incluindo o homem.
Nesse sentido, existem estudos que buscam por plantas medicinais que exerçam
alelopatia sobre outras olerícolas, para melhoria no desenvolvimento e produção.
Para investigar esse fenômeno, muitos pesquisadores têm realizado estudos com
intuito de compreender os mecanismos de ação dos aleloquímicos, além dos efeitos
alelopáticos de uma planta sobre outra e os mecanismos de ação de várias
substâncias importantes que estão envolvidas nesse processo de interação, tanto
em ecossistemas naturais como em ecossistemas agrícolas (Rodrigues et al., 1999).
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Deste modo, o presente estudo tem relevância a nível social na medida em que irá
trazer conhecimentos científicos sobre o potencial alelopático de extractos de
plantas medicinais (Plectranthus barbattus Andrew e Catharanthus roseus) na
germinação de sementes de Lactuca sativa (alface), podendo se recomendar o uso
desses extractos ou não na germinação de sementes.
A nível científico, o presente estudo tem relevância pois, irá trazer conhecimentos
concretos relactivos o potencial alelopático de extractos de plantas medicinais
(Plectranthus barbattus Andrew e Catharanthus roseus) na germinação de sementes
de Lactuca sativa (alface),
1.4. Objectivos
1.4.1. Geral
1.4.2. Específicos
2.1. Alelopatia
A Sociedade Internacional de Alelopatia (SIA) a define como: “A ciência que estuda
qualquer processo que envolva metabólitos secundários produzidos pelas plantas,
algas, bactérias e fungos que influenciam no crescimento e desenvolvimento de
sistemas biológicos” (Allem, 2010). O termo "alelopatia" foi criado em 1937, pelo
pesquisador alemão Hans Molisch, com a reunião das palavras gregas "allélon" e
"pathos", que significam respectivamente, mútuos e prejuízo. Segundo Molisch,
“alelopatia é a capacidade das plantas produzirem substâncias químicas que,
liberadas no ambiente, influenciam de forma favorável ou desfavorável o
desenvolvimento de outras plantas” (Santos, 2012).
A alelopatia é um fenômeno produzido por plantas, sendo que o mesmo não se trata
de uma competição, pois não ocorrem disputas por recursos limitados (Dias et al.,
2005). O que difere a alelopatia da competição entre plantas é o fato da competição
reduzir ou remover do ambiente um fator de crescimento necessário para ambas as
plantas, como água, luz, nutrientes e outros, enquanto a alelopatia ocorre pela
adição de um fator químico ao meio. Nos ecossistemas agrícolas, a ocorrência da
alelopatia é muito importante na determinação da interferência entre culturas e
comunidade infestante (Felix, 2012).
Também pode ser classificada em dois tipos, autotoxicidade, quando uma espécie
libera determinada substancia química que afetara o seu crescimento, retardando a
germinação da própria espécie, por um mecanismo intraespecífico; heterotoxicidade,
quando uma espécie libera uma substancia química cujo efeito fitotóxico afeta a
germinação e crescimento de uma planta de outra espécie (Pires et al., 2001).
Entre os estudos químicos, merecem destaque aqueles realizados por Zelnik et al.
(1977), que estudaram a composição química das folhas de P. barbatus e
estabeleceram a estrutura química de três diterpenos isolados: o barbatusin,
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É uma planta herbácea, delicada, com caule diminuto, onde se prendem as folhas.
Os dias curtos e as temperaturas amenas favorecem a vegetação. Já os dias longos
e temperaturas altas favorecem o florescimento. Em razão da grande aceitação, a
alface é uma hortaliça de consumo elevado. As folhas são a parte comestível da
planta e podem ser lisas ou crespas, fechando-se ou não na forma de uma "cabeça“.
A coloração das plantas pode variar do verde-amarelado até o verde-escuro e
também pode ser roxa, dependendo do cultivar (Vidigal, 1995).
O autor acima citado, enfatiza que, depois de 5 a 7 dias, tempo necessário para a
germinação, a cobertura de capim é retirado. As mudas estão prontas para o
transplantei-o quando tiverem com 4 a 6 folhas definitivas. Para o plantio de hortas
caseiras este sistema de produção de mudas pode ser utilizado. Mas, no caso de
sistemas de cultivo comercial, recomenda-se que as mudas sejam produzidas em
bandejas.7 – PLANTIO
A retirada das mudas da sementeira deve ser feita com cuidado para não prejudicar
as raízes. Seleccionar as mudas, escolhendo as mais vigorosas. Fazer o transplante
das mudas nos horários mais frescos do dia, principalmente à tarde ou em dias
nublados. Fazer a irrigação da sementeira e do canteiro definitivo antes do
transplante. O espaçamento indicado para o cultivo da alface é de 30cm x 30cm ou
de 25cm x 25cm (Filgueira, 2008).
A lixiviação pode ser definida como a remoção de substâncias químicas das plantas
pela ação da água através da chuva, orvalho ou neblina e pode-se citar compostos
como terpenóides e alcalóides. Outro método é exsudação radicular, onde muitos
compostos alelopáticos são liberados na rizosfera e podem atuar direta ou
indiretamente nas interações planta/planta e na ação de micro-organismos, entre
estes compostos podem ser citados o ácido oxálico, a amidalina e a cumarina. A
decomposição de resíduos acontece quando toxinas são liberadas pela
decomposição das partes aéreas ou subterrâneas, direta ou indiretamente, pela
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A B
A B
Figura 2: (A) secagem das folhas na estufa e (B) trituração das folhas em pilão. Fonte: O
Autor, (2021).
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A B
Figura 3: (A) água destilada em proveta graduada e (B) mistura conservada na geleira.
Depois deste período, o extracto obtido foi filtrado. A partir desse extrato bruto
(100% de concentração), foram feitas as diluições de 5, 10 e 15 e 20%. Para a
obtenção da diluição dos 5% do extrato, usou-se 5ml do extrato concentrado e
adicionou-se na água destilada de 100ml, obtendo-se deste modo, a diluição a 5%.
Para a obtenção da diluição dos 10% do extrato, usou-se 10ml do extrato
concentrado e adicionou-se na água destilada de 100ml, obtendo-se deste modo, a
diluição a 10% e para a obtenção dos 15% do extrato, usou-se 15ml do extrato
concentrado e adicionou-se na água destilada de 100ml, obtendo-se deste modo, a
diluição a 15%.
Onde:
N = número de sementes colocadas para germinar (ex.: 10);
i = número de dias após a semeadura (ex.: 3, 7 e 10 para L. sativa);
ni = número de sementes germinadas no dia i (ex.: 0, 1, 2, ...20).
c) Determinação da sobrevivência
Para determinação da sobrevivência utilizou-se a fórmula: % de plântulas
sobreviventes = 100 – (% de plântulas mortas no final do experimento).
Tabela 2: Efeito da interação entre os extratos e a concentração dos extratos sobre a germinação.
Extratos
Concentração Plectranthus barbattus Catharanthus
A. roseus Teste F Média
Germinação (%)2
0% 84,80 A a1 82,90 A a 20,70 ** 83,85
(Testemunha)
5% 70,80 A a 52,01 A a 22,66 ** 61,40
10% 76,84 A a 11,07 B b 42,92 ** 43,95
15% 67,40 A a 0,00 B b 35,2 ** 36,7
20% 52,01 A a 0,00 B b 35,2 ** 26,005
Teste F 0,78 NS 25,51 **
Média 69,99 30,77
1
Médias seguidas por mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade
pelo teste de Tukey, sendo que letras maiúsculas comparam os efeitos das diferentes
extratos dentro de uma mesma concentração e letras minúsculas comparam os efeitos das
diferentes concentrações dentro de um mesmo extrato. ** Significativo ao nível de 1% de
probabilidade, pelo teste F. NS Não significativo ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste F.
2
Dados transformados para arc sen (x/100) ½.
Com relação à análise para Índice de Velocidade de Germinação, nota-se que houve
diferença significativa entre os efeitos dos tratamentos e da testemunha, entre os
tipos de extratos, entre as concentrações e na interação do tipo de extrato com as
concentrações. Segundo a Tabela 3, tanto entre diferentes extratos com mesma
concentração quantos extratos similares com concentrações diferentes houve
diferença significativa.
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Tabela 3: Efeito da interação entre os extratos e a concentração dos extratos sobre o índice
de Velocidade de Germinação.
Extratos
Além disso, o efeito do tipo de extrato depende da sensibilidade da planta teste para
com o aleloquímico, sendo que, em determinadas espécies uma substância
alelopática pode ser inibidora da germinação ou do crescimento, e em outra esta
mesma substância pode ser inócua ou estimulante (almeida, 2005).
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O efeito alelopático dos extratos testados foi confirmado pela baixa sobrevivência
das plantas testes, desenvolvidas sob a ação dos extratos de Catharanthus roseus,
nas três concentrações do extrato (10, 15 e 20%).
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CONCLUSÕES:
O potencial alelopático de extractos de plantas medicinais (Plectranthus
barbattus Andrews e Catharanthus roseus) na germinação de sementes de
Lactuca sativa (alface) foi confirmado, porque houve diferença significativa entre
os efeitos dos tratamentos e a testemunha para germinação, IVG e sobrevivência
das plantas e entre os tipos de extratos, entre as concentrações e na interação
do tipo de extrato com as concentrações para as três variáveis analisadas para
planta em estudo.
SUGESTÕES:
Para os pesquisadores
Como forma de complementar o presente estudo, sugere-se a realização de
mais experiencias usando diferentes tipos de plantas infestantes em outras
culturas.
Que se façam estudos de modo a descobrir plantas medicinais com efeitos
estimulantes na germinação de sementes.
À Universidade Rovuma
Que incentive os estudantes a desenvolverem pesquisas de natureza experimental.
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6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALBUQUERQUE, R.L. Contribuição ao estudo químico de plantas medicinais do
Brasil: Plectranthus barbatus Andr. Plectranthus amboinicus (Lour) Spreng. 2000.
Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza.
2. ALLEM, L. N. Atividade alelopática de extratos e triturados de folhas de Caryocar
brasiliense Camb. (Caryocaraceae) sobre o crescimento inicial de espécies alvo
e identificação de frações ativas através de fracionamento em coluna
cromatográfica. 2010 84f. Dissertação (Mestrado em Botânica), Universidade de
Brasília, Brasília, 2010.
APÊNDICES
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Materiais e Métodos
Delineamento experimental
O delineamento experimental é inteiramente casualizado, organizado em fatorial: 2
(diferentes extratos) x 4 (concentrações de extrato) + 1 (testemunha - água), com
quatro repetições de 20 sementes de alface. Cada tratamento é composto por 80
sementes, com quatro repetições de 20 sementes de alface, distribuídas em fileiras
nas placas.
Semeadura e irrigação
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