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02/04/2022

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

SISTEMAS ELÉTRICOS

PROFº DR. ALBERTO LIMA

ENERGIA E DESENVOLVIMENTO
1.1. Introdução;

Foi descoberta por um filósofo grego chamado Tales de Mileto que, ao esfregar
um âmbar a um pedaço de pele de carneiro, observou que pedaços de palhas e
fragmentos de madeira começaram a ser atraídas pelo próprio âmbar. Do âmbar
(gr. élektron) surgiu o nome eletricidade.

Tal observação iniciou o estudo de uma nova ciência derivada dessa atração.

Os estudos de Thales foram continuados por diversas personalidades, como o médico da rainha
da Inglaterra Willian Gilbert, que, em 1600, denominou o evento de atração dos corpos
de eletricidade.

Também foi ele quem descobriu que outros objetos, ao serem atritados com o âmbar, também
se eletrizam, e por isso chamou tais objetos de elétricos.

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ENERGIA E DESENVOLVIMENTO
Em 1730, o físico inglês Stephen Gray identificou que, além da eletrização por atrito, também
era possível eletrizar corpos por contato (encostando um corpo eletrizado num corpo neutro).
Através de tais observações, ele chegou ao conceito de existência de materiais que conduzem
a eletricidade com maior e menor eficácia, e os denominou como condutores e isolantes
elétricos. Com isso, Gray viu a possibilidade de canalizar a eletricidade e levá-la de um
corpo a outro.

O químico francês Charles Dufay também contribuiu enormemente para a aprimoração dos
estudos da eletricidade, quando, em 1733, propôs a existência de dois tipos de eletricidade, a
vítrea e a resinosa, que fomentaram a hipótese de existência de fluidos elétricos .

Essa teoria foi, mais tarde, por volta de 1750, continuada pelo conhecido físico e político
Benjamin Franklin, que propôs uma teoria na qual tais fluidos seriam na verdade um único
fluido. Baseado nessa teoria, pela primeira vez se conhecia os termos positivo e negativo na
eletricidade.

ENERGIA E DESENVOLVIMENTO
As contribuições para o então entendimento sobre a natureza da eletricidade tem se
aprofundado desde o século XIX, quando a ideia do átomo como elemento constituinte da
matéria foi aceita e, com ela, a convicção de que a eletricidade é uma propriedade de partículas
elementares que compõem o átomo (elétrons, prótons e nêutrons).

Em 1882, Tesla descobriu o campo magnético rotativo, um princípio fundamental da física e da


base de todos os dispositivos que usam correntes alternadas. Nesse mesmo ano, trabalhou na
Companhia Continental Edison, em Paris. Dois anos depois, foi convidado para trabalhar na
firma de Thomas Edison (1847-1931) em Nova Iorque, para onde se mudou.

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ENERGIA E DESENVOLVIMENTO
As divergências de opinião entre Tesla e Thomas Edison, sobre corrente contínua, foi o motivo do
desentendimento entre eles. Tesla havia criado ferramentas para tornar viável o uso da corrente alternada,
uma forma eficiente de transmitir energia a grandes distâncias, mas perigoso em caso de acidente.
Edison, que baseava suas tecnologias na corrente contínua, era contra a “corrente assassina de Tesla”.

A corrente alternada de Tesla é a que hoje corre nos fios de alta tensão do planeta.

Por volta de 1960, foi proposta a existência de seis pares de


partículas elementares dotadas de carga elétrica – os quarks, que
compõem outras particularidades como os prótons que, então, deixam
de ser elementares.

ENERGIA ELÉTRICA X DESENVOLVIMENTO

ENERGIA É um ingrediente essencial para o desenvolvimento, que é uma das aspirações


fundamentais da população dos países da América Latina, Ásia e África. O consumo de energia
per capita pode ser usado como um indicador da importância dos problemas que afetam estes
países, onde se encontram 70% da população mundial.

Nos países em desenvolvimento mais pobres:

• a expectativa de vida é 30% menor;


• a mortalidade infantil, superior a 60 por 1000 nascimentos,
é inferior a 20 nos países industrializados;

• analfabetismo supera a taxa de 20%;

• número médio de filhos é maior do que dois em cada


família e a população está crescendo rapidamente; nos
países industrializados, ele é igual a dois, que é justamente
o necessário para manter o equilíbrio populacional.

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ENERGIA ELÉTRICA X DESENVOLVIMENTO


Na maioria dos países, nos quais o consumo de
energia comercial per capita está abaixo de
uma tonelada equivalente de petróleo (TEP)
por ano, as taxas de analfabetismo, mortalidade
infantil e fertilidade total são altas, enquanto a
expectativa de vida é baixa. Ultrapassar a
barreira 1 TEP/capita parece ser, portanto,
essencial para o desenvolvimento.
À medida em que o consumo de energia
comercial per capita aumenta para valores
acima de 2 TEP (ou mais), como é o caso dos
países desenvolvidos, as condições sociais
melhoram consideravelmente. O consumo
médio per capita nos países industrializados da
União Europeia é de 3.22 TEP/capita; a média
mundial é de 1.66 TEP/capita.

ENERGIA ELÉTRICA X DESENVOLVIMENTO


O Brasil, com 1.3 TEP por habitante, encontra-se em
posição razoável no cenário internacional.

No entanto, o consumo de energia tem crescido 4.6%


por ano desde 1970 – duplicando a cada 15 anos –
acompanhando de perto o crescimento do produto
interno bruto. No período de 1970 a 1996 o consumo de
energia triplicou o crescimento da população na década
de 90, no Brasil, foi de 1.3% ao ano; o consumo de
energia per capita, 3.3% ao ano.

Por esse fato, é razoável esperar que esse consumo


atinja um valor de 2.5 ou 3.0 TEP/capita dentro de 20
anos, aproximando-se do valor atual dos países da
Europa, o que será perfeitamente satisfatório
porque energia no Brasil não é necessária para o
aquecimento de ambiente no
inverno.

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O papel do setor energético em países em desenvolvimento

Um dos fundamentos da sustentabilidade econômica de um país é a sua capacidade de


prover logística e energia para o desenvolvimento de sua produção, com segurança e em
condições competitivas e ambientalmente sustentáveis.

Podemos afirmar que o Brasil tem feito seu “dever de casa” na área energética, tanto que é
citado como referência internacional na produção de petróleo em águas profundas, na
produção de etanol, no seu parque de geração hidrelétrico, no exponencial
aproveitamento da energia eólica, no seu extenso e integrado sistema de transmissão de
energia elétrica e, especialmente, na renovabilidade de sua matriz tanto energética quanto
de produção de energia elétrica.

O papel do setor energético em países em desenvolvimento

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O papel do setor energético em países em desenvolvimento

Figura 3 - População sem acesso à energia elétrica por região e tipo de zona, em milhões
de habitantes
Fonte: (IEA, 2010b)

O papel do setor energético em países em desenvolvimento

Todos os anos, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) apresenta, por meio do Plano
Decenal de Expansão de Energia (PDE), a configuração de referência para a expansão da
geração e das principais interligações dos sistemas regionais, atendendo aos critérios de
sustentabilidade socioambiental e de garantia de suprimento.

Este estudo subsidia o processo licitatório para expansão da oferta de energia elétrica,
com vistas a garantir o abastecimento adequado para o crescimento do país.

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Princípios do planejamento energético

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Princípios do planejamento energético

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Em 10 anos, de janeiro de 2012 a


janeiro de 2022, o aumento da
capacidade instalada de fontes
eólica e solar no país foi de 2.562%,
saindo de apenas 282 MW para os
atuais 23.664 MW.

Somente em dezembro de 2021,


último mês completo de uso da
nova capacidade instalada, o
Brasil teve a geração de 8.546
MW através de fontes eólicas e
solares, de acordo com o Painel
do ONS – energia suficiente para
abastecer mais de cinco milhões
de casas populares.

O Setor Energético Brasileiro – Cenário Atual

O setor energético brasileiro é composto por empresas e instituições do poder público, como a
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Eletrobras e Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), e da iniciativa privada, que atuam em diferentes frentes, da geração à distribuição, passando
também pela regulamentação do setor.

A crise energética que afeta boa parte dos países do mundo foi potencializada pela pandemia do novo
coronavírus, levando esses agentes que compõem o setor energético brasileiro a buscar alternativas
para evitar perdas que pudessem prejudicar as operações e, por consequência, o consumidor final.

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, as companhias de energia elétrica deixaram
de arrecadar mais de R$ 16 bilhões somente entre março e outubro do ano de 2020.

Para resguardar o setor, o governo federal criou a Conta-Covid, uma medida de apoio às distribuidoras de
energia elétrica. Os empréstimos, que também totalizam cerca de R$ 16 bilhões, são feitos via BNDES e visam a
cobrir déficits ou antecipar as receitas das empresas até dezembro de 2020, poupando, assim, os consumidores
de possíveis aumentos tarifários.

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O Setor Energético Brasileiro

Nesse mesmo sentido, a Medida Provisória 998, editada no Congresso, prevê que as empresas de
transmissão e geração de energia destinem os valores previstos para a área de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que financia
políticas públicas de benefício ao setor elétrico.

O objetivo é aliviar o peso do auxílio ao setor para os consumidores.

A MP também propôs a retirada dos subsídios concedidos a empresas de geração de


energia renovável, como usinas eólicas, solares e de biomassa.

A saída para a crise energética e para situações como as causadas pela pandemia
passa por investimentos em fontes de energia renovável capazes de trazer uma maior
diversificação para a matriz energética brasileira.

MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL


MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

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Percebemos pelo gráfico que a matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial.
Essa característica da nossa matriz é muito importante.

As fontes não renováveis de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases de
efeito estufa (GEE). Como consumimos mais energia das fontes renováveis que em outros países,
dividindo a emissão de gases de efeito estufa pelo número total de habitantes no Brasil, temos que
nosso país emite menos GEE por habitante que a maioria dos outros países.

O Setor Energético Brasileiro

A matriz elétrica é formada pelo conjunto


de fontes disponíveis apenas para a
geração de energia elétrica em um país,
estado ou no mundo.

A geração de energia elétrica no mundo é


baseada, principalmente, em combustíveis
fósseis como carvão, óleo e gás natural, em
termelétricas.
MATRIZ ELÉTRICA MUNDIAL (2020)

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O Setor Energético Brasileiro

A matriz elétrica brasileira é ainda mais renovável do


que a energética, isso porque grande parte da energia
elétrica gerada no Brasil vem de usinas hidrelétricas.

A energia eólica também vem crescendo bastante,


contribuindo para que a nossa matriz elétrica continue
sendo, em sua maior parte, renovável.

MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA (2020)

O Setor Energético Brasileiro

O gráfico mostra que a matriz elétrica brasileira é baseada em


fontes renováveis de energia, ao contrário da matriz elétrica
mundial.

Nota-se então que o Brasil tem menores custos de operação


nas usinas que geram energia a partir de fontes renováveis e
que emitem bem menos gases de estufa.

COMPRAÇÃO DE FONTES RENOVÁVEIS E NÃO


RENOVÁVEIS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA NO BRASIL E NO MUNDO

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Universalização do acesso à energia elétrica no Brasil

• O Censo 2000 do Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística (IBGE)
identificou a existência, na época, de
2,5 milhões de domicílios sem acesso
à energia elétrica. Desses, 80%
estavam localizados no meio rural,
totalizando 10 milhões de pessoas.

• Alicerçado nessa motivação, o


Governo Federal institui em 2003 o
Programa Nacional de Universalização
do Acesso e Uso da Energia Elétrica –
Programa Luz para Todos (LPT).

Universalização do acesso à energia elétrica no Brasil

• Desde 2004, foram realizadas mais de 3,5 milhões de ligações, beneficiando 16,8 milhões
de pessoas, evidenciando o inegável avanço proporcionado pelo LPT.

• No entanto, existem comunidades, localizadas principalmente em áreas mais distantes das


redes de distribuição, que ainda não têm acesso ao serviço público de energia elétrica.

• Estudo elaborado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) estimou em 990 mil o
número de pessoas nessa condição na Amazônia Legal; pouco mais de 32% delas
residindo em terras indígenas, territórios quilombolas homologados, unidades de
conservação ou assentamentos rurais. Parcela importante dessa população localiza-se em
áreas onde a baixa densidade populacional e as restrições geográficas e ambientais
impedem a extensão das redes de distribuição.

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Universalização do acesso à energia elétrica no Brasil

• Assim a oferta de serviços públicos de


energia elétrica deverá ser viabilizada por
meio de geração descentralizada de
pequeno porte. Com o objetivo de levar
energia elétrica às regiões remotas da
Amazônia Legal, o Governo Federal lançou
em 2020 o “Programa Nacional de
Universalização do Acesso e Uso da
Energia Elétrica na Amazônia Legal – Mais
Luz para a Amazônia (MLA)”.

Universalização do acesso à energia elétrica no Brasil

• No entanto existem algumas lacunas no desenho e implementação do Programa que


são:

• (i) dimensionamento dos sistemas de geração de modo que atendam as demandas


produtivas locais;

• (ii) articulação do MLA com outras políticas setoriais;

• (iii) planejamento da logística de instalação e de descomissionamento dos sistemas de


geração;

• (iv) envolvimento das comunidades na concepção, operação e manutenção dos


sistemas, e

• (v) garantias de financiamento da universalização do acesso à energia elétrica.

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