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A GEOGRAFIA TEORÉTICO

 – 

 QUANTITATIVA:Vitor Vieira VasconcelosDoutorando em Geologia

 – 
 Universidade Federal de Ouro PretoConsultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais

 – 

 Assembleia Legislativade Minas GeraisSetembro de 2009

Resumo:

Este artigo tem como objetivo percorrer a história de formação da GeografiaTeorético-

Quantitativa, ou “Escola Espacialista” da Geografia. Especial atenção será

dada aos debates epistemológicos que se deram ao longo dessa história. Também serãoenfocadas as
contribuições dessa corrente da Geografia para os estudos contemporâneosque envolvem o espaço,
com auxílio dos Sistemas de Informações Geográficas.

Palavras Chave

: Geografia, Cartografia, Geoestatística, História.

1. História da Escola Espacialista Americana

A fundação da AAG (Associação Americana de Geógrafos), em 1904, abriu as

 portas para a chamada “Nova Geografia”. O contexto era de uma crítica às escolas

clássicas da Geografia, que não estariam conseguindo atender ao dinamismodemandado pelas duas
guerras mundiais (GOMES, 1996). Os governos procuravam poruma Geografia aplicada, que
respondesse de maneira ágil e confiável às novasnecessidades de planejamento (NARDY &
AMORIM FILHO, 2003). Essa demanda foiintensificada com a premência da reconstrução das cidades
européias no pós-guerra.A posteriori, pode-se analisar que os países em que essa premência de
umageografia aplicada foi mais marcante foram os Estados Unidos, a Inglaterra e a Suécia.Contudo,
3ainda era uma tarefa árdua, pois não havia metodologia e tecnologia
para potencializar esse desenvolvimento pretendido. Não obstante, houve avançosimportantes, com
modelos de Economia Regional e da Geografia Urbana. Tais avançosforam possíveis pela formação
das Escolas de Chicago, de Washington e, também, dealguns grupos europeus.A Escola de Chicago
contava com nomes importantes como Carl Sauer, EllenSemple, Paul Goode, Wallace Atwood, Harlan
Barrows e Walter Towers. Esse grupotambém estava em constante diálogo com sociólogos urbanos
de sua universidade,como Robert Park, Ernest Burgess e R. Mackenzie. Seus principais focos de
estudoeram os Estudos Urbanos e a Geografia Econômica. Seus pressupostos eram de que a

especialização funcional, a divisão do trabalho, os enclaves sociais e familiares, amobilidade social e


espacial, bem como aspectos culturais poderiam explicar aespacialização de fenômenos urbanos e
econômicos. Os primeiros estudos buscaraminspiração tanto em modelos ecológicos territoriais,
quanto em teorias como as de áreasconcêntricas e de lugares centrais.Seguindo suas linhas de
pesquisa, os primeiros modelos abarcavam as relaçõesespaciais relacionadas à Economia Regional e
à Geografia Urbana. A Economiaoferecia um apelo interessante à Geografia, pois aquela já
demonstrava, há algumtempo, um rol de lei e princípios com relativa estabilidade. O diálogo entre
Geografia eEconomia trouxe benefícios para as duas áreas de saber. Pois, se em um
primeiromomento a Geografia baseou-se em modelos econômicos, depois da RevoluçãoTeorético-
Quantitativa foi possível que a Economia Regional começasse a utilizar-sedas novas técnicas de
análise espacial geográficas.O grupo da Escola de Washington, também chamada de

Cadetes Espaciais
 foiliderado por William Garrison, com atuações importantes também de TorstenHargestrand e
Gunnar Olsson. Na Escola de Washington passaram grandes nomes, queterão papel importante na
Revolução Teorético-Quantitativa. Entre eles, destacam-seWaldo Tobler, Ulmann, Nystuen, Berry,
Bunge, Dacey, Getis, e muitos outros.Posteriormente, também se reuniram grupos importantes em
Iowa, Ohio e Michigan.Esses grupos pioneiros lançaram as bases para o que posteriormente seria
aRevolução Teorético-Quantitativa. Seus estudos estavam orientados aodesenvolvimento da
cartografia analítica e de métodos quantitativos,
incorporando princípios, leis e metodologias do que havia de mais moderno nas ciências desse perío
do histórico.Dentro de alguns anos, a partir de um salto no desenvolvimento das técnicas deanálise
espacial, houve uma verdadeira revolução acadêmica dentro da Geografia, quefoi chamada de
Revolução Teorético-Quantitativa. Em uma análise ampla, a GeografiaQuantitativa pode ser
considerada um esforço de transformar a Geografia, de fato, emuma ciência moderna, nos moldes
das demais ciências de ponta. Esse objetivo,
em parte, veio em decorrência de numerosas discussões anteriores sobre se a Geografiaseria mesmo
uma ciência, ou se seria uma arte, ou mesmo um modo de ver o mundo(GOMES, 1996).William
Bunge considera Schaefer como responsável por uma importanteruptura epistemológica na
Geografia desse período. Schaefer criticava a pouca ênfase

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dada pelas escolas francesas na busca de leis gerais que governem as distribuiçõesespaciais
(SCHAEFER, 1953. NARDY & AMORIM FILHO, 2003). Para ele, osgeógrafos regionalistas estariam
empenhando muito esforço na descrição, emdetrimento da explicação. Como contraposição,
Schaefer apontava a importância de seutilizarem modelos com maior rigor metodológico, os quais
pudessem comprovarhipóteses nos moldes das modernas ciências exatas e biológicas (CORRÊA,
1990).Schaefer envolveu-se em um clássico debate com Hartshorne. Hartshorne era
o principal representante da Geografia Clássica Americana e que, segundo Schaefer,defendia que a
Geografia seria uma ciência única, com uma metodologia única, paraestudar lugares únicos (CORRÊA,
1995) - o que tornaria também o geógrafo
um pesquisador com habilidades únicas. Schaefer critica esse excepcionalismo daGeografia, pois uma
ciência verdadeira deveria se preocupar em descobrir os padrõesgerais, e não se render às aparentes
singularidades (GOMES, 1996)

. Afinal, essassingularidades seriam apenas fenômenos ainda não explicados pela capacidade
teóricaatual das ciências (GOMES, 1996). Ao se atentar para o que havia de único nos lugares,os
regionalistas estariam se aproximando mais da arte do que da ciência.Hartshorne esforçou-se por
responder as críticas de Schaefer (NARDY &AMORIM FILHO, 2003), mas isso não impediu o deslanche
da corrente quantitativa.Contudo, Schaefer morreu antes de ver os efeitos de suas críticas.Também
houve críticas, por parte da corrente teorético-quantitativa, que osestudos regionais não utilizariam
as técnicas quantitativas e, por isso, não seriamadequados à comprovação pelo método científico.
Esse é o Princípio da
Refutabilidade, proposto por Karl Popper como modelo para todas as ciências (SILVEIRA, 1996, p.204
). Essa possibilidade de verificação empírica das hipóteses tornaria a Geografia maisconfiável,
mudando o foco de valorização de uma teoria para o rigor de seu discurso ede sua verificação, e
dando menos importância à prática arraigada de vincular o valor deum discurso apenas à autoridade
do pesquisador e de sua biografia.Para Ian Burton e William Bunge, a ciência geográfica, para ser
equiparada asoutras ciências, precisaria se esforçar por construir modelos que fossem preditivos,
alémde serem validados firmemente por dados empíricos

. Não bastava descrever, e mesmo

BURTON, 1963: “Num mundo sem teoria não há exceções; tudo é único.” (p. 7

4)

 BURTON, 1963. p. 75. -

“O cerne do método científico é a organização dos fatos em teorias e a

experimentação e aperfeiçoamento da teoria por meio de sua aplicação à previsão de fatos


desconhecidos.A previsão não é só um valioso subproduto da construção teórica, como também um
teste pelo qual a

validade da teoria pode ser demonstrada.”

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apenas explicar o passado. Pois se uma lei fosse realmente correta, ela precisariafuncionar para
dados passados, presentes e futuros (CAMARGO & REIS JÚNIOR,2007, p. 98).A base para a Escola
Espacialista é a apreensão do espaço por abstrações. Oespaço passa a ser compreendido por meio de
matrizes, polígonos, linhas, pontos,vetores e topologias, muitas vezes de forma intercambiável ao
mudarmos de escala. Porexemplo, fenômenos que ocupam áreas (polígonos) em uma escala de
análise, aodistanciarem-se para outra escala podem ser abordados como linhas e pontos.

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Figura 11

 – 

 Abstrações de fenômenos reais utilizadas pela escola espacialista. Fonte:Wayson (2008)O mais
relevante é que, por tratar-se sempre de entidades geométricas, torna-
se possível utilizar um sem número de análises matemáticas e estatísticas (FERREIRA,2007, p. 112-
117, 119). A abstração simplifica e, em parte, iguala os entes. Assim, nãose estuda a realidade em si,
diretamente, e sim um modelo abstrato. Nesse mesmoaspecto, passa-se de um espaço absoluto
(real) para um espaço relativo (abstrato). Essaabstração é, a priori, necessária para que possam ser
trabalhados matematicamente,como, por exemplo, a álgebra cartesiana, a teoria de grafos, entre
outras.Alguns geógrafos quantitativos partiam do pressuposto das planíciesanisotrópicas, as quais
seriam uma abstração que pressupunha que o espaço fossehomogêneo, sem diferenças de uma
região para outra. Na planície isotrópica supunhauma distribuição igual sobre o espaço para diversas
variáveis, tais como recursosnaturais, atrito da distância, liberdade de movimento, densidade
populacional, dentreoutros, a depender do modelo. Pressupostos como esse simplificam a realidade,
o que permitiu o desenvolvimento matemático, mas, por outro lado, excluía outros fatoresmuito
importantes para as análises geográficas (CORRÊA, 1995; GOMES, 1996). Porisso, os modelos nunca
fornecem respostas com eficácia total

.Sob esse aspecto, a simplificação ocasionada pela abstração dos modelos foifortemente criticada
por parte dos geógrafos das correntes mais tradicionais, queconsideravam importante para a
Geografia estudar o que há de único (idiográfico) emcada lugar. Todavia, essa crítica era respondida
basicamente pelo questionamento deSchaefer (1953), de que a ciência apenas evolui pelo que é
abstraído de forma a tornar-se comparável (nomotético).Como um saldo positivo para a evolução do
pensamento geográfico, aRevolução Quantitativa trouxe a Análise Espacial, e também a
quantificação, queentraram de forma permanente para a Geografia

. A quantificação aumentou bastanteas possibilidades instrumentais da Geografia (NARDY &


AMORIM FILHO, 2003).Um desses avanços foi, sem sombra de dúvida, a evolução da capacidade de
mensurar

 SANTOS, 2002

 – 

“Eliot Hurst (1973, p. 46) afirma que na paisagem a maior parte daquilo que éobjeto de nossa
experiência não é susceptível de análise quantitativa.”

 
4

 WRIGLEY, 1965 p.17. -

“O uso de técnicas estatísticas, se corretamente utilizadas, permite uma

maior precisão (...) os problemas práticos e metodológicos da geografia são de tal natureza que
autilização das técnicas estatísticas é adequada para exercer

uma forte atração”,

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certos dados físicos e sociais, estruturando-os em grandes bancos de dados. Porém nãofoi apenas
isso, pois a matematização, a estatística, o sensoriamento remoto e os SIG'strouxeram novas
capacidades de análise dessas estruturas de dados. No primeiro auge dos modelos espaciais
dessa corrente, criticou-se que algunstrabalhos eram muito sofisticados do ponto de vista
quantitativo, mas erravamvisivelmente quando seus resultados eram comparados aos dados
verificados em campo

. Um exemplo recorrente seria a situação em que se atribui, a certas variáveis,


valores ponderados equivocados para a constituição de um resultado quantitativo.Como um meio de
responder a tais constatações e críticas, procurou-se umamaior valorização da Epistemologia na
Geografia Quantitativa (NARDY & AMORIMFILHO, 2003). Essa foi a razão para que essa corrente de
pensamento passasse a recebera denominação de Teorético-Quantitativa, o que não foi apenas uma
mudança de nome,mas sim uma evolução no seu valor como ciência.Firmou-se como importante
fazer a quantificação geográfica com uma boa baseepistemológica, seja para obter o máximo de
alcance de análise espacial, seja paragarantir a acurácia dos resultados. O embasamento
epistemológico também é
proveitoso para garantir que não haja uma manipulação ideológica dos dados ou do próprio pesquisa
dor. Inobstante, ainda se pode fazer uma Geografia estritamente tecnocrática,com o enfoque
exclusivo no produto cartográfico a ser apresentado, porém cada vezmais se estima o trabalho
geográfico bem fundamentado em teorias epistemológicas efilosóficas.Esse retorno da valorização
da Epistemologia para a análise espacial
contribui para um maior relacionamento entre a Geografia e a Filosofia. A ligação entre essesdois
campos de saber já era considerada essencial para os gregos antigos, mas foi

“eclipsada” durante o per 


íodo subseqüente da história da humanidade. Como um benefício disso, a preocupação com epistem
ologia e metodologia dos trabalhosgeográficos permitiu à Geografia um diálogo mais proveitoso com
as demais ciênciasmodernas, por intermédio da Filosofia da Ciência.

 CHRISTOFOLETTI, 1985

 – 

“Numa primeira fase, portanto, houve a ‘magia do número’,

supondo que a quantificação por si só resolvia as questões. Evidentemente, acontecia que através
daanálise quantificada os problemas eram mais facilmente colocados e definidos, redundando em
soluçõesmais rápidas e mais bem documentadas. Pouco a pouco, entretanto, foi-se percebendo que
a quantificaçãolevantava inúmeros problemas; era um meio e não um fim em si mesma. O mais
importante era a noção eo conceito que se possuía dos fenômenos

 – 

 era a perspectiva teórica. O uso indiscriminado e abusivo dastécnicas estatísticas gerou insatisfação,
o que levou Brian Berry a denominá-

la de ‘geografia estatísticatradicional’ (Berry, 1972, p.3).”

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A Geografia Quantitativa, também conhecida por Geografia Pragmática, Teorética ou até


mesmo Nova Geografia, diz respeito a área de estudo sobre a análise espacial usando dados
numéricos e estatísticos.

Essa área foi desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente entre as décadas de
1960 e 1970, com o intuito de auxiliar os principais países capitalistas, como os europeus e os EUA, a
reestruturar suas e economias após um cenário de devastação pelos conflitos. Em geral essa área da
geografia se contrapõe de certa maneira a geografia tradicional, acreditando que os números
poderiam interferir na realidade dos espaços, de forma a substituir os trabalhos de campo por
estudos e análises laboratoriais mensurando dados estatísticos através de gráficos e tabelas.
Algumas de suas principais características são a base do conhecimento através da experiência,
defendendo os métodos científicos e matemáticos para a explicação de diversos fatores relacionados
ao espaço geográfico. Ela também vai recusar o dualismo existente entre ciências naturais e ciências
sociais.

A geografia quantitativa possui como outra característica importante uma base técnica e planejada,
tendo como foco o desenvolvimento capitalista, fazendo com que o pensamento geográfico torne-se
abstrato. Dessa maneira o uso de modelos matemáticos serve como análise do espaço para agir
sobre o meio, ou seja, fortalece investimentos governamentais ou privados sobre áreas específicas
em que a natureza possa representar uma funcionalidade, analisando meios estatísticos.

O conceito de natureza é alterado nessa área de estudo, sendo vista como um espaço geométrico,
matemático, hierarquizado, tendo como finalidade o interesse dos governos sobre seus recursos e
disponibilidades, servindo então ao sistema capitalista. Nesse sentido a natureza é vista como
importante recurso para o desenvolvimento econômico de uma região a partir de sua exploração,
isto é, a natureza passa a ser vista como objeto, não mais como parte do espaço.

Algumas críticas foram levantadas em relação e esse modo de estudar o espaço através da
matemática, pois ela compreendia o espaço como homogêneo e seus acontecimentos eram
apontados como gerais, sem levar em conta os intervalos e as particularidades.

Geografia Quantitativa no Brasil

No Brasil a geografia quantitativa é um elemento abordado principalmente pelo Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística (IBGE), onde é possível notar em seu próprio nome o uso dos estudos
matemáticos para a ciência geográfica.

As pessoas passam a ser vistas como números e não mais indivíduos com identidades, a produção de
conhecimento na geografia passa a ser impessoal, tendo como maior importância o método fatorial.

O uso dessa área de estudo no país não teve uma duração longa, seu surgimento ocorre no final da
década de 1960 e início de 70, porém nesse mesmo período houve o desenvolvimento de outro
ramo da geografia que teve uma função de contrapor a geografia quantitativa, essa que se forma é
chamada de Geografia Crítica.

A Geografia Crítica tem como base compreender as relações sociais como agentes do espaço,
excluindo a neutralidade trazida pela geografia tradicional e pela quantitativa, dessa maneira a
questão de classes sociais é posta como instrumento de análise do espaço. Com isso a geografia
crítica consegue romper com a quantitativa, trazendo um importante marco para o desenvolvimento
do pensamento geográfico no Brasil.

Bibliografia:

http://www.feth.ggf.br/Geoquant.htm

https://geografalando.blogspot.com/2012/03/assunto-evolucao-do-pensamento_16.html

http://www.ub.edu/geocrit/b3w-786.htm

 1

A CONCEPÇÃO DA GEOGRAFIA CRÍTICA


A influência desta corrente de pensamento na Geografia sóocorreu após a 2ª Guerra Mundial... “É
somente no limiar da crisedo pensamento tradicional que as idéias de Marx virão à tona nodebate da
Geografia. Tal processo se inicia no pós-guerra, eadquire alguma intensidade nos anos cinqüenta, já
no bojo deuma perspectiva de renovação da Geografia.”Segundo Horacio Capel, o aparecimento da
Geografia Crítica nosEstados Unidos ocorreu em 1969, quando foi apresentado nareunião da
Associação  dos  Geógrafos  Americanos a revista Antipode A  Radical  Journal  of  Geography editada
por Richard Peet . Cinco anos mais tarde, houve a organização da GeografiaCrítica americana através
da criação da Union of Socialist Geographers e da associação Socially and Ecologically
ResponsibleGeographers ( SERGE ). ( 1981, p. 427 ). Capel ainda afirma que a Geografia Crítica surgiu
na Europa, em parte, dadas as condições internas e também ao influxo da escola americana, que
teve forte influência em países como a França. Neste país, a Geografia Crítica teve, a partir de Yves
Lacoste e acriação da revista Herodote, em 1976, uma intensificação naformação de um expressivo
grupo de geógrafos críticos.

Matriz teórica

 2

O pensamento de Marx surgiu como uma visão geral da históriahumana, detendo-se com maior
profundidade nas característicasda sociedade capitalista, e visualizou a partir das
contradiçõesinerentes a esta sociedade, uma profunda transformação social.Enfim, o marxismo
caracteriza-se por um pronunciamento teóricoradical. Pretende ser uma cosmovisão e uma
revolução completa.Esta corrente não pode ser caracterizada por uma ética ! O pontode partida do
marxismo é o de ter uma concepção da sociedade ehistória humana que explicita os grandes
movimentos destasmesmas sociedade e história e, com isso, acredita ter condiçõesde vizualizar o
cenário futuro.Horacio Capel indica que o marxismo foi considerado até aPrimeira Guerra Mundial
como um pensamento que proporcionavauma visão completa da sociedade e da natureza, ( 1981, p.
439 )tendo assim proporcionado uma espécie de um novo padrãocientífico, pelo qual seria possível
um forma global de se analisara realidade.Após a Grande Guerra, a interpretação sobre o marxismo
primoupor uma discussão histórica; já não se alimentava a pretensãodesta corrente ser considerada
uma nova forma de fazer ciência,mas fundamentalmente uma nova forma de ver a sociedade.
Poreste enfoque a história humana seria compreendida por trocasnos sistemas sociais decorrentes
do esforço humano em dominara natureza, e esta mudança seria permeada por um progressoque
levaria a um fim.

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 3

A Geografia Radical alega que os elaborados métodosquantitativista, em função de sua base de


apoio, são enfoquesque não trazem contribuições para a compreensão da sociedade,além de ter
uma função mitificadora sobre a realidade; por trásda “parafernália” tecnológica há um subjacente
objetivo de nãorevelar os processos sociais, as dinâmicas das lutas travadas nobojo da sociedade.
( Mendoza et alli, 1982, p. 143 )

A Geografia Crítica no Brasil

Acredita-se que o grande gestor da Geografia Crítica foi omomento histórico que compreendeu o
início de abertura política,a volta dos exilados políticos e a realização de várias greves deoperários,
sobretudo no Estado de São Paulo ( o principal póloindustrial do país ), enfim, uma época propícia à
contestação !Com o estabelecimento da abertura política brasileira a partir dadécada de setenta, o
marxismo tornou-se um verdadeiro ponto dereferência na Geografia para ajudar a compreender o
que sepassava e o que passou. Cabe destacar, no entanto, que estevigor da Geografia Crítica foi mais
fácil ser verificado no ambienteuniversitário e muito menos nos órgãos de planejamento
dogoverno.Numa primeira avaliação, percebe-se que a Geografia Crítica, queatraiu tantos quadros
jovens à época, era emulada por umprocesso político que procurava restabelecer a ordem
democráticae lutar pela justiça social.

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 4

 No entanto, verifica-se, ao longo da década de 1980, que ocorreuuma inflexão neste processo, o que
levou Oliveira ( 1997, p. 155 )a observar:

 “A partir de 1989, esta Geografia (a Crítica) começou a apresentarseus primeiros sinais de
esgotamento diante da realidade emtransformação, expondo seus limites teórico-metodológicos.
Aqueda do muro de Berlim, o fim da URSS, aliados à crise domarxismo e à falência dos paradigmas da
modernidade naexplicação da nova realidade em mudança, inclusive o da teoriasocial crítica,
revolucionam o pensamento e a produção geográficaem todos os sentidos e direções.”

GEOGRAFIA CRÍTICA

OS GEÓGRAFOS E A CONJUNTURA SOCIAL

A partir da segunda metade da década de 70, os geógrafospassaram a ter preocupação maior com a
problemática social,considerando que o desenvolvimento industrial passou aexercer grande impacto
sobre a natureza e a sociedade,degradando e dilapidando os recursos naturais;

A situação tornou-se grave nos países desenvolvidos e muitopior no países subdesenvolvidos;

Assim, diante de tal situação, os cientistas em geral e osgeógrafos em particular não poderiam ficar
de “braçoscruzados” como meros espectadores. Os geógrafos deveriamser combatentes das causas,
comprometidos com osinteresses da sociedade; 

Duas correntes fortes surgiram: a Geografia Ecológica e aGeografia Crítica (ou radical);

A Geografia Ecológica tinha como objetivo a defesa do meioambiente, sendo esta o ponto principal
de sua argumentação,de seu trabalho;

A Geografia Crítica (ou radical) não apresenta uniformidadede pensamento, não forma propriamente
uma escola. Costuma-se catologar neste grupo geógrafos que se conscientizaram daexistência de
problemas muito graves na sociedade em quevivem e compreenderam que toda a Geografia, tanto
atradicional, quanto a Quantitativa e a da Percepção, emboraapregoando de neutras, tem um sério
compromisso com ostatus quo , com a sociedade de classe. A neutralidadecientífica apregoada é
uma forma de esconder oscompromissos políticos e sociais.

São chamados de radicais pois tomam uma atitude que, aoanalisar as injustiças sociais e os bloqueios
e umdesenvolvimento social, vão às raízes, às causas verdadeirasdestes problemas; e de críticos por
assumirem os seuscompromissos ideológicos, sem procurarem se esconder sobfalsa neutralidade.

Neste grupo, observam-se grandes subdivisões, como acorrente formada por geógrafos não
marxistas, mascomprometidos com reformas sociais, geógrafos comformação anarquista, com suas
críticas à sociedade burguesae defendem uma evolução libertária, e os geógrafos deformação
marxista.

A CONCEPÇÃO DA GEOGRAFIA CRÍTICA

A influência desta corrente de pensamento na Geografia sóocorreu após a 2ª Guerra Mundial... “É


somente no limiar da crisedo pensamento tradicional que as idéias de Marx virão à tona nodebate da
Geografia. Tal processo se inicia no pós-guerra, eadquire alguma intensidade nos anos cinqüenta, já
no bojo deuma perspectiva de renovação da Geografia.”Segundo Horacio Capel, o aparecimento da
Geografia Crítica nosEstados Unidos ocorreu em 1969, quando foi apresentado nareunião da

  Associação  dos  Geógrafos  Americanos a revista

Antipode

  A  Radical  Journal  of  Geography

editada por RichardPeet . Cinco anos mais tarde, houve a organização da GeografiaCrítica americana
através da criação da

Union of SocialistGeographers

e da associação

Socially and Ecologically ResponsibleGeographers

( SERGE ). ( 1981, p. 427 ).Capel ainda afirma que a Geografia Crítica surgiu na Europa, emparte,
dadas as condições internas e também ao influxo da escolaamericana, que teve forte influência em
países como a França.Neste país, a Geografia Crítica teve, a partir de Yves Lacoste e acriação da
revista

Herodote

em 1976, uma intensificação naformação de um expressivo grupo de geógrafos críticos.

Matriz teóri

O pensamento de Marx surgiu como uma visão geral da históriahumana, detendo-se com maior
profundidade nas característicasda sociedade capitalista, e visualizou a partir das
contradiçõesinerentes a esta sociedade, uma profunda transformação social.Enfim, o marxismo
caracteriza-se por um pronunciamento teóricoradical. Pretende ser uma cosmovisão e uma
revolução completa.Esta corrente não pode ser caracterizada por uma ética ! O pontode partida do
marxismo é o de ter uma concepção da sociedade ehistória humana que explicita os grandes
movimentos destasmesmas sociedade e história e, com isso, acredita ter condiçõesde vizualizar o
cenário futuro.Horacio Capel indica que o marxismo foi considerado até aPrimeira Guerra Mundial
como um pensamento que proporcionavauma visão completa da sociedade e da natureza, ( 1981, p.
439 )tendo assim proporcionado uma espécie de um novo padrãocientífico, pelo qual seria possível
um forma global de se analisara realidade.Após a Grande Guerra, a interpretação sobre o marxismo
primoupor uma discussão histórica; já não se alimentava a pretensãodesta corrente ser considerada
uma nova forma de fazer ciência,mas fundamentalmente uma nova forma de ver a sociedade.
Poreste enfoque a história humana seria compreendida por trocasnos sistemas sociais decorrentes
do esforço humano em dominara natureza, e esta mudança seria permeada por um progressoque
levaria a um fim.
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A Geografia Radical alega que os elaborados métodosquantitativista, em função de sua base de


apoio, são enfoquesque não trazem contribuições para a compreensão da sociedade,além de ter
uma função mitificadora sobre a realidade; por trásda “parafernália” tecnológica há um subjacente
objetivo de nãorevelar os processos sociais, as dinâmicas das lutas travadas nobojo da sociedade.
( Mendoza et alli, 1982, p. 143 )

A Geografia Crítica no Brasil

Acredita-se que o grande gestor da Geografia Crítica foi omomento histórico que compreendeu o
início de abertura política,a volta dos exilados políticos e a realização de várias greves deoperários,
sobretudo no Estado de São Paulo ( o principal póloindustrial do país ), enfim, uma época propícia à
contestação !Com o estabelecimento da abertura política brasileira a partir dadécada de setenta, o
marxismo tornou-se um verdadeiro ponto dereferência na Geografia para ajudar a compreender o
que sepassava e o que passou. Cabe destacar, no entanto, que estevigor da Geografia Crítica foi mais
fácil ser verificado no ambienteuniversitário e muito menos nos órgãos de planejamento
dogoverno.Numa primeira avaliação, percebe-se que a Geografia Crítica, queatraiu tantos quadros
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 No entanto, verifica-se, ao longo da década de 1980, que ocorreuuma inflexão neste processo, o que
levou Oliveira ( 1997, p. 155 )a observar:
 “A partir de 1989, esta Geografia (a Crítica) começou a apresentarseus primeiros sinais de
esgotamento diante da realidade emtransformação, expondo seus limites teórico-metodológicos.
Aqueda do muro de Berlim, o fim da URSS, aliados à crise domarxismo e à falência dos paradigmas da
modernidade naexplicação da nova realidade em mudança, inclusive o da teoriasocial crítica,
revolucionam o pensamento e a produção geográficaem todos os sentidos e direções.”

GEOGRAFIA CRÍTICA

OS GEÓGRAFOS E A CONJUNTURA SOCIAL

A partir da segunda metade da década de 70, os geógrafospassaram a ter preocupação maior com a
problemática social,considerando que o desenvolvimento industrial passou aexercer grande impacto
sobre a natureza e a sociedade,degradando e dilapidando os recursos naturais;

A situação tornou-se grave nos países desenvolvidos e muitopior no países subdesenvolvidos;

Assim, diante de tal situação, os cientistas em geral e osgeógrafos em particular não poderiam ficar
de “braçoscruzados” como meros espectadores. Os geógrafos deveriamser combatentes das causas,
comprometidos com osinteresses da sociedade;

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Duas correntes fortes surgiram: a Geografia Ecológica e aGeografia Crítica (ou radical);

 
A Geografia Ecológica tinha como objetivo a defesa do meioambiente, sendo esta o ponto principal
de sua argumentação,de seu trabalho;

A Geografia Crítica (ou radical) não apresenta uniformidadede pensamento, não forma propriamente
uma escola. Costuma-se catologar neste grupo geógrafos que se conscientizaram daexistência de
problemas muito graves na sociedade em quevivem e compreenderam que toda a Geografia, tanto
atradicional, quanto a Quantitativa e a da Percepção, emboraapregoando de neutras, tem um sério
compromisso com o status quo 

, com a sociedade de classe. A neutralidadecientífica apregoada é uma forma de esconder


oscompromissos políticos e sociais.

São chamados de radicais pois tomam uma atitude que, aoanalisar as injustiças sociais e os bloqueios
e umdesenvolvimento social, vão às raízes, às causas verdadeirasdestes problemas; e de críticos por
assumirem os seuscompromissos ideológicos, sem procurarem se esconder sobfalsa neutralidade.

Neste grupo, observam-se grandes subdivisões, como acorrente formada por geógrafos não
marxistas, mascomprometidos com reformas sociais, geógrafos comformação anarquista, com suas
críticas à sociedade burguesae defendem uma evolução libertária, e os geógrafos deformação
marxista.

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Essa geografia renovada ocupar-se-ia do espaço humanotransformado pelo movimento paralelo e
interdependente deuma história feita em diferentes níveis – internacional,nacional e local.

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ASSUNTO: Evolução do pensamento geográfico III - O Método Regional

MARÇO 16, 2012 GILVAN FONTANAILLES

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Fala galera!! Tudo bem? Hoje vamos falar do terceiro paradigma da geografia que é o Método
Regional (Estudos das diferenciações das áreas) que vem contrário ao Possibilismo e ao
Determinismo. As bases filosóficas dessas nova escola geográfica foram desenvolvidas por Richard
Hartshorne.

Então vamos lá...Richard Hartshorne não utilizava o termo região: para ele os espaços eram
divididos em classes de área, nas quais os elementos mais homogêneos determinariam cada classe,
e assim as descontinuidade destes trariam as divisões das áreas.

Este pensamento geográfico ficou conhecido como método regional. - O método era comparar
regiões, segundo critério de similaridade e de diferenciação.

IMPORTANTE:

Nele, a diferenciação de áreas é vista através da integração de fenômenos heterogêneos em uma


dada porção da superfície da Terra. Focalizando assim o estudo de áreas e atribuindo à diferenciação
como objeto de geografia.
OBSERVAÇÃO:

Embora o método regional tenha merecido a atenção dos estudiosos desde os séculos XVIII e XIX,
como por exemplo, em La Blache, a ideia de região na geografia só vai realmente ganhar maior
evidência a partir da década de 40 do século XX, pois a geografia passa a fazer um estudo
particularizado de cada área. Nesse contexto para esses geógrafo era preciso criar uma geografia de
nível regional para saber o potencial de cada região para melhor explorá-las de maneira mais
sistematizada.

Exemplificando:

Hoje em dia a geografia tem um conceito próprio para lhe dar com o conceito de vegetação. Que
conceito é esse? é o conceito de domínio morfoclimático que é um conceito síntese. Nele estão
sintetizado as características do relevo, do clima, da hidrografia, do tipo de solo predominante de
uma determinada área na sua vegetação.

A ideia de domínio morfoclimático foi de criar um conceito que sintetizasse a interação de todos


os elementos presente na natureza, representados no  aspecto mais visível dessa integração que é a
vegetação. Por isso, ele é considerado um conceito síntese a medida que ele integra o clima, o
relevo, o solo a hidrografia e a vegetação e contemple as interações entre esses elementos.

Esse conceito coincide com a ideia de região geográfica pois o conceito de REGIÃO é que essa é uma
área (porção do espaço geográfico) que foi separada, através de um critério, por possuir semelhança
em comum.

Dessa forma, o domínio morfoclimático, por exemplo, da Amazônia corresponde a uma área (porção


do espaço geográfico) que foi separada, através de um critério, por possuir semelhança em comum,
a partir da interação de todos os elementos presente na natureza, representados no  aspecto mais
visível dessa integração que é a vegetação. por possuir  semelhança em comum. a vegetação da
floresta  amazônica ou equatorial úmida

 Concluíndo:

Uma porção do espaço geográfico correlacionado com


continuidade e contiguidade (vizinhança), possuindo delimitação e características semelhantes,

Um outro exemplo, poderia a maneira didática de ser como é trabalhada a geografia regional
(continentes) nos livros

Metodo Regional

416 palavras 2 páginas

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