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Profª Simone C.

Santos

10/12/1920
09/12/1977
Profª Simone C. Santos

Nasce, a 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik (Ucrânia).


O nascimento ocorre durante viagem de emigração da família em
direção à América.
Em 1922, a família chega a Maceió em março e passa a viver
modestamente. Para a autora era um período bom, registrado,
inclusive, em alguns contos seus. Em 1931, envia, sem sucesso,
vários contos para a seção “O Diário‟ das Crianças” do Diário de
Pernambuco: suas histórias não falavam de “fatos”, mas de
“sensações”.
Profª Simone C. Santos

Em 1939 – Começa o curso superior na Faculdade Nacional de


Direito. Trabalha como secretária, sucessivamente em um escritório
de advocacia e em um laboratório, além de fazer traduções de
textos científicos para revistas.

Em 1940 – Insatisfeita com o tipo de trabalho de escritório


que vinha realizando, Clarice Lispector acaba ganhando o lugar de
redatora e repórter da Agência Nacional. Começava aí uma carreira
paralela: o jornalismo.
Profª Simone C. Santos

Em 1942 – Cursou Antropologia brasileira e Psicologia, ao


mesmo tempo em que frequentava a faculdade de Direito.

Escreveria seu primeiro romance, elaborado de março a


novembro, tendo sido concluído em mês de isolamento numa
pensão da rua Marquês de Abrantes, no Botafogo. O título, Perto do
coração selvagem.
Profª Simone C. Santos

Características literárias

O objetivo de Clarice, em suas obras, é o de atingir as


regiões mais profundas da mente das personagens para
aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa
procura que determina as características específicas de
seu estilo.
Profª Simone C. Santos

Características literárias

O enredo tem importância secundária. As ações – quando


ocorrem – destinam-se a ilustrar características
psicológicas das personagens. São comuns em Clarice
histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia,
mais que uma escritora, uma "sentidora", porque
registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que
histórias, seus livros apresentam impressões.
Profª Simone C. Santos

Características literárias

Predomina em suas obras o tempo psicológico, visto que o


narrador segue o fluxo do pensamento e o monólogo interior
das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se.

O espaço exterior também tem importância secundária, uma vez


que a narrativa concentra-se no espaço mental das
personagens. Características físicas das personagens ficam em
segundo plano. Muitas personagens não apresentam sequer
nome.
Profª Simone C. Santos

Características literárias

As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num


mundo absurdo; esta descoberta dá-se normalmente diante de
um fato inusitado - pelo menos inusitado para a personagem. Aí
ocorre a “epifania”, classificado como o momento em que a
personagem sente uma luz iluminadora de sua consciência e que
a fará despertar para a vida e situações a ela pertencentes que
em outra instância não fariam a menor diferença.
Profª Simone C. Santos

Características literárias

Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da


personagem para sempre.

Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam
faíscas e lascas como aços espelhados". "Mas já que se há de
escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as
entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu
domínio sobre o mundo."
Profª Simone C. Santos

Obras – Romance

1944 – Perto do coração selvagem


1946 – Lustre
1949 – A cidade sitiada
1961 – A maçã no escuro
1964 – A paixão segundo G.H.
1969 – Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres
1977 – A hora da estrela
Profª Simone C. Santos

Obras – Contos e Crônicas

1960 – Laços de Família


1964 – A legião estrangeira
1971 – Felicidade clandestina
1973 – A imitação da Rosa
1974 – Via-crucis do corpo
1979 – A bela e a fera
Profª Simone C. Santos

Obras – Literatura infantil

1967 – Mistério do coelho pensante


1974 – A vida íntima de Laura
1969 – A mulher que matou os peixes
1978 – Quase de verdade
Profª Simone C. Santos

“Meus livros felizmente para mim não


são superlotados de fatos, e sim da
repercussão dos fatos nos
indivíduos.”
Profª Simone C. Santos

“Eu me refugiei em escrever. Acho


que consegui devido a uma vocação
bastante forte e uma falta de medo
ao ser considerada diferente no
ambiente em que vivia.”
Profª Simone C. Santos

“Com sete anos eu mandava


histórias e histórias para a seção
infantil que saía às quintas-feiras
num diário. Nunca foram aceitas.”
Profª Simone C. Santos

• Temas – Estilo

* A descoberta do amor Um vislumbre do fim *


* Lucidez em excesso Temperamento impulsivo *
* Escritora, sim; intelectual, não Ideal de vida *
* A síntese perfeita A certeza do divino *
* Viver e escrever A importância da maternidade *
* Viver plenamente
Profª Simone C. Santos

Trechos da obra A hora da estrela

“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a


outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a
pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o
que, mas sei que o universo jamais começou.”

“As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar
muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer.”
Profª Simone C. Santos

Trechos da obra A hora da estrela

“Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um
cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz.”

“Quem não é um acaso na vida?”

“A eternidade é o estado das coisas neste momento.”

“Aliás – descubro eu agora – eu também não faço menor falta, e até


o que escrevo um outro escreveria.”
Profª Simone C. Santos

Trechos da obra A hora da estrela

“Não tenho medo nem das chuvas tempestivas nem das grandes
ventanias soltas. Pois eu também sou o escuro da noite.”

“Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia alguém não
viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. Por falta de
quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim
porque é assim.”
Profª Simone C. Santos

Trechos da obra A hora da estrela

“– Sabe o que mais eu aprendi? Eles disseram que se devia ter alegria de
viver. Então eu tenho. Eu também ouvi uma música linda, eu até chorei.
– Era samba?
– Acho que era. E cantada por um homem chamado Caruso que se diz que já
morreu. A voz era tão macia que até doía ouvir. A música chamava-se “Uma
Furtiva Lacrima”. Não sei por que eles não disseram lágrima.
“Uma Furtiva Lacrima” fora a única coisa belíssima na sua vida.
Enxugando as próprias lágrimas tentou cantar o que ouvira. Mas a sua voz era
crua e tão desafinada como ela mesma era. Quando ouviu começara a chorar. Era
a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. Chorava,
assoava o nariz sem saber mais por que chorava. Não chorava por causa da vida
que levava porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com
ela era “assim”. Mas também creio que chorava porque, através da música,
adivinhava talvez que havia outros modos de sentir, havia existências mais
delicadas e até com um certo luxo de alma.”
Profª Simone C. Santos

Trechos da obra A hora da estrela

“Macabéa ficou um pouco aturdida sem saber se atravessaria a rua,


pois sua vida já estava mudada. E mudada por palavras – desde
Moisés se sabe que a palavra é Divina. Até para atravessar a rua ela
já era outra pessoa. Uma pessoa grávida de futuro.”

“E agora – agora só me resta acender um cigarro e ir para casa.


Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu
também?!”

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