Timidez O Cavalinho Branco Análise de cada um deles. (dupla) Pus o meu sonho num navio À tarde, o cavalinho branco e o navio em cima do mar; Basta-me um pequeno gesto, está muito cansado: Motivo - depois, abri o mar com as mãos, feito de longe e de leve, para que venhas comigo mas há um pedacinho do campo para o meu sonho naufragar onde é sempre feriado. Eu canto porque o instante existe e eu para sempre te leve... e a minha vida está completa. Minhas mãos ainda estão molhadas O cavalo sacode a crina Não sou alegre nem sou triste: do azul das ondas entreabertas, — mas só esse eu não farei. loura e comprida sou poeta. Uma palavra caída e a cor que escorre de meus dedos e nas verdes ervas atira das montanhas dos instantes colore as areias desertas. desmancha todos os mares sua branca vida. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. O vento vem vindo de longe, e une as terras mais distantes... Seu relincho estremece as raízes Atravesso noites e dias a noite se curva de frio; — palavra que não direi. e ele ensina aos ventos no vento. debaixo da água vai morrendo Para que tu me adivinhes, a alegria de sentir livres meu sonho, dentro de um navio... entre os ventos taciturnos, seus movimentos. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, apago meus pensamentos, Trabalhou todo o dia, tanto! Chorarei quanto for preciso, ponho vestidos noturnos, — não sei, não sei. Não sei se fico desde a madrugada! para fazer com que o mar cresça, ou passo. e o meu navio chegue ao fundo — que amargamente inventei. Descansa entre as flores, cavalinho branco, e o meu sonho desapareça. de crina dourada! Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E, enquanto não me descobres, E um dia sei que estarei mudo: Depois, tudo estará perfeito; os mundos vão navegando — mais nada. praia lisa, águas ordenadas, nos ares certos do tempo, meus olhos secos como pedras até não se sabe quando... A Pombinha da Mata e as minhas duas mãos quebradas. Três meninos na mata ouviram — e um dia me acabarei. Jardim da igreja uma pombinha gemer. Dalila e Lélia, Retrato "Eu acho que ela está com fome", e Júlia e Eulália disse o primeiro, cortavam dálias. Encomenda Eu não tinha este rosto de hoje, "e não tem nada para comer." Dalila e Lélia, Desejo uma fotografia assim calmo, assim triste, assim magro, Três meninos na mata ouviram Eulália e Júlia nem estes olhos tão vazios, como esta — o senhor vê? — como esta: cantavam dúlias. uma pombinha carpir. Dálias e dúlias nem o lábio amargo. em que para sempre me ria e harpas eólias... como um vestido de eterna festa. "Eu acho que ela ficou presa", E a alada lua Eu não tinha estas mãos sem força, disse o segundo, Como tenho a testa sombria, "e não sabe como fugir." -- alta camélia? tão paradas e frias e mortas; -- célia magnólia? derrame luz na minha testa. eu não tinha este coração Três meninos na mata ouviram dália – Flor Deixe esta ruga, que me empresta que nem se mostra. uma pombinha gemer. dúlia - Culto prestado aos anjos e santos. um certo ar de sabedoria. harpa eólia: instrumento de cordas que, "Eu acho que ela está com saudade", Eu não dei por esta mudança, Não meta fundos de floresta quando suspenso, emite sons disse o terceiro, harmoniosos pela acção do vento. tão simples, tão certa, tão fácil: nem de arbitrária fantasia... — Em que espelho ficou perdida Não... Neste espaço que ainda resta, "e com certeza vai morrer." alada - Que tem asas. camélia – Flor a minha face? ponha uma cadeira vazia. magnólia – Flor