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UNIVERSIDADE SALAGADO DE OLIVEIRA

DISCIPLINA: CONTABILIDADE DE CUSTOS


Prof. Jorge Vargas

1. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS

1.1 Conceito de Contabilidade de Custos

A Contabilidade de Custos ou Contabilidade Industrial é um ramo da Contabilidade aplicado às


empresas industriais.
Quando falamos em Custo Industrial estamos nos referindo aos procedimentos contábeis e
extracontábeis necessários para se conhecer o quanto custou para a empresa industrial à fabricação dos
seus produtos, por meio do processo industrial.
A movimentação do Patrimônio das empresas industriais, com exceção da área de produção,
assemelha-se à movimentação do Patrimônio dos demais tipos de empresas. Por esse motivo, para se
controlar a movimentação do Patrimônio das empresas industriais aplicam-se os Princípios Fundamentais
de Contabilidade, também utilizados para os outros tipos de empresas. Porém, o que torna a Contabilidade
de Custos diferente dos demais ramos da Contabilidade são os procedimentos praticados na área de
produção da empresa industrial, os quais exigem a aplicação de critérios específicos para se apurar o Custo
de Fabricação.

1.2 Campo de Aplicação da Contabilidade de Custos

O campo de aplicação da Contabilidade de Custos abrange o Patrimônio das empresas industriais.


Empresa industrial é aquela cuja atividade preponderante se concentra na transformação de matéria-prima
em produtos.
Sabemos que são vários os tipos de empresas, diferindo umas das outras pelas suas atividades
características. Pelo tipo da empresa apresentado a seguir, você consegue facilmente imaginar o que elas
fazem. Existem empresas comerciais, agrícolas, extrativas, industriais, transportadoras, bancárias e uma
infinidade de outras que prestam serviços.
O que diferencia as empresas industriais dos demais tipos de empresas são as atividades operacionais de
produção que se caracterizam pela transformação de matérias-primas em produtos industrializados. Essa
atividade de transformação denomina-se produção industrial; ela pode ocorrer em função da
transformação, do beneficiamento, da montagem de peças e da restauração.
Indústrias de transformação – a transformação das matérias-primas pode ocorrer por processo mecânico,
térmico ou químico. Exemplos: indústrias de móveis de madeira (a partir da madeira, fabricam mesas,
dormitórios, cadeiras etc.), indústrias siderúrgicas (transformam minérios de ferro em lingotes), indústrias
petrolíferas (a partir do petróleo, produzem gasolina, óleo, gás, parafina etc.).
Indústrias de beneficiamento – a atividade industrial de beneficiamento é a operação que visa modificar,
aperfeiçoar e até mesmo dar uma melhor aparência ao produto sem que haja transformação. Exemplo:
empresas beneficiadoras de arroz (apenas retiram as cascas e impurezas). Existem indústrias que se
especializam no beneficiamento de peças para outras indústrias, isto é, recebem peças inacabadas e as
aperfeiçoam por meio de polimentos, limagens, cromagens, etc.
Indústrias de montagem de peças – o produto final desse tipo de indústria resulta da montagem de peças
produzidas normalmente pelas indústrias de transformação. Exemplos: indústrias automobilísticas, de
rádios, de aparelhos de televisão, de relógios etc.
Indústrias de restauração ou recondicionamento – são aquelas cuja atividade se concentra na recuperação
de produtos, usados ou mesmo deteriorados. Exemplos: indústrias que retificam motores, recauchutadoras
de pneus etc.
Considerando a natureza dos produtos que fabricam, você poderá encontrar inúmeros tipos de indústrias;
veja alguns deles:

Indústrias de: Produtos


Produtos Metalúrgicos Ferro e aço.
Produtos metalúrgicos não ferrosos.
Estruturas metálicas.
Utensílios domésticos.

Produtos Mecânicos Motores de combustão interna.


Rolamentos
Câmaras e balcões frigoríficos.
Exaustores, aspiradores e ventiladores
industriais.
Máquinas, aparelhos industriais.

Material Elétrico e de Comunicações Motores, geradores e transformadores.


Lâmpadas e pilhas elétricas.

Objetos de Madeira Mesas, cadeiras, bancos, guarda-roupas,


escrivaninhas, estantes, etc.

● Indústrias de móveis de aço.

● Indústrias de alimentos congelados.

● Indústrias automobilísticas.

● Indústrias de papéis e derivados.

● Indústrias de vidro.
● Indústrias de materiais plásticos.

● Indústrias farmacêuticas.

● Indústrias de cimento.

● Indústrias têxteis.

1.3 - A Contabilidade de Custos, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial

Sentimo-nos muitas vezes, confundidos com as expressões Contabilidade Financeira, Contabilidade de


Custos e Contabilidade Gerencial. São sinônimas? Representam disciplinas distintas? São apenas enfoques
diferentes dados à Contabilidade?
Essas e outras dúvidas são comumente dirimidas por meio de uma ligeira análise histórica; esta, ao explicar
cronologicamente o aparecimento de cada expressão e a razão de seu uso, acaba por dar-nos uma visão
mais ampla dos conceitos em questão. Por isso, e para podermos também saber o porquê de muitos dos
princípios utilizados na Contabilidade de Custos, faremos um breve retrospecto histórico.

1.3.1 Da Contabilidade Financeira à de Custos

Até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que,
desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais.
Para a apuração do resultado de cada período, bem como para o levantamento do balanço em seu final,
bastava o levantamento dos estoques em termos físicos, já que sua medida em valores monetários era
extremamente simples: o Contador verificava o montante pago por item estocado, e dessa maneira
valorava as mercadorias. Fazendo o cálculo basicamente por diferença, computando o quanto possuía de
estoques iniciais, adicionando as compras do período e comparando com o que ainda restava, apurava o
valor de aquisição das mercadorias vendidas, na clássica disposição:

Estoques Iniciais

(+) Compras

(-) Estoques Finais

(=) Custo das Mercadorias Vendidas

Confrontando esse montante com as receitas líquidas obtidas na venda desses bens, chegava-se ao lucro
bruto, do qual bastava deduzir as despesas necessárias à manutenção da entidade durante o período, à
venda dos bens e ao financiamento de suas atividades. Daí o aparecimento da também clássica
Demonstração de Resultados da empresa comercial:

Vendas Líquidas XXXXX

(-) Custo das Mercadorias Vendidas

Estoques Iniciais XXXXXX

(+) Compras XXXXXX

(-) Estoques Finais (XXXXXX) (XXXXXX)

(=) Lucro Bruto XXXXXXX

(-) Despesas

Comerciais (Vendas) XXXXXX

Administrativas XXXXXX

Financeiras XXXXXX (XXXXXX)

Resultado Antes do Imposto de Renda XXXXXX

Os bens eram quase todos produzidos por pessoas ou grupos de pessoas que poucas vezes constituíam
entidades jurídicas. As empresas propriamente ditas viviam basicamente do comércio, e não da fabricação
(fora, é lógico, as financeiras). Dessa, forma, eram bastante fáceis o conhecimento e a verificação do valor
de compra dos bens existentes, bastando a simples consulta aos documentos de sua aquisição.
Com o advento das indústrias, tornou-se mais complexa a função do Contador que, para levantamento do
balanço e apuração do resultado, não dispunha agora tão facilmente dos dados para poder atribuir valor
aos estoques; seu valor de "Compras" na empresa comercial estava agora substituído por uma série de
valores pagos pelos fatores de produção utilizados.
Nada mais razoável, para solução desse problema, do que vermos o Contador tentando adaptar à empresa
industrial os mesmos critérios utilizados na comercial. Nesta, no balanço final, permaneciam como
estoques no Ativo apenas os valores sacrificados pela compra dos bens. Nenhum outro valor relativo a
juros e outros encargos financeiros, a honorários dos proprietários e administradores, a salários e
comissões de vendedores etc. era ativado. Todos estes gastos eram automaticamente apropriados como
despesas do período,
Independentemente, da venda ou não de mercadorias.
Começou-se então a adaptação, dentro do mesmo raciocínio, com a formação dos critérios de avaliação de
estoques no caso industrial.

1.3.2 Princípios Básicos da Contabilidade de Custos Industrial

O valor do Estoque dos produtos existentes na empresa, fabricados por ela, deveria então corresponder ao
montante que seria o equivalente ao valor de "Compras" na empresa comercial. Portanto, passaram a
compor o custo do produto os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção, deixando-se
de atribuir aqueles outros que na empresa comercial já eram considerados como despesas no período de
sua incorrência: despesas administrativas, de vendas e financeiras.
Esta forma de avaliação tem sido seguida ao longo dos anos em quase todos os países, continuando em
vigor com a mesma estrutura principalmente por duas razões:
Primeira: Com o desenvolvimento do Mercado de Capitais nos EUA e em alguns países europeus, fazendo
com que milhares de pessoas se tornassem acionistas de grandes empresas, interessadas agora na análise
de seus balanços e resultados, e também com o aumento da complexidade do sistema bancário e
distanciamento do banqueiro com relação à pessoa do proprietário ou administrador da companhia
necessitada do crédito, surgiu a figura da Auditoria Independente. E esta, no desempenho de seu papel,
acabou por fumar e às vezes criar princípios básicos de Contabilidade de tal modo que pudesse ter critérios
relativamente homogêneos para comparar as demonstrações contábeis de empresas diferentes (além de
comparar os da mesma empresa, feitos em datas diferentes). Ao deparar a Auditoria independente (ou
Externa) com essa forma de avaliação de estoques, em que o valor de compra é substituído pelo valor de
fabricação, acabou por consagrá-la, já que atendia a diversos outros princípios mais genéricos, tais como:
Custo como Base de Valor, Conservadorismo (ou Prudência), Realização etc.
Essa consagração por parte dos Auditores Externos foi a responsável, então, pela manutenção dos
princípios básicos da Contabilidade de Custos até hoje, no que diz respeito a sua finalidade de avaliação de
estoques.
Segunda: Com o advento do Imposto de Renda, provavelmente em função da influência dos próprios
princípios de Contabilidade já então disseminados, houve a adoção do mesmo critério fundamental para a
medida do lucro tributável; no cálculo do resultado de cada período, os estoques industrializados deviam
ser avaliados sob aquelas regras. Apesar de algumas pequenas alterações e opções, na grande maioria dos
países o Fisco tem adotado essa tradicional forma de mensuração (há exceções, como a Holanda, por
exemplo).

1.3.3 Da Contabilidade de Custos a Contabilidade Gerencial

A preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais foi a de fazer da Contabilidade de Custos uma
forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não a de fazer
dela um instrumento de administração. Por essa não utilização de todo o seu potencial no campo gerencial,
deixou a Contabilidade de Custos de ter uma evolução mais acentuada por um longo tempo.
Devido ao crescimento das empresas, com o consequente aumento da distância entre administrador e
ativos e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada como uma eficiente forma
de auxílio no desempenho dessa nova missão, a gerencial.
É importante ser lembrado de que essa nova visão por parte dos usuários de Custos não data de mais que
algumas décadas, e, por essa razão, ainda há muito a ser desenvolvido. É também importante ser
constatado que as regras e os princípios geralmente aceitos na Contabilidade de Custos foram criados e
mantidos com a finalidade básica de avaliação de estoques e não para fornecimento de dados à
administração. Por essa razão, são necessárias certas adaptações quando se deseja desenvolver bem esse
seu outro potencial; potencial esse que, na grande maioria das empresas, é mais importante do que aquele
motivo que fez aparecer a própria Contabilidade de Custos.
O estágio atual da Tecnologia de Informação possibilita soluções bastante satisfatórias, processando
simultaneamente as três contabilidades e conciliando as diferenças.
Nesse seu novo campo, a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxilio ao Controle e a
ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao Controle, sua mais importante missão é fornecer
dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio
imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores
anteriormente definidos.
No que tange à Decisão, seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de
informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre
medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou
produção etc.
Resumindo, a Contabilidade de Custos acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na
avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais.
Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam
industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de
decisões em uma empresa. Isto ocorre, pois, devido à alta competição existente, as empresas já não podem
mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços
praticados no mercado em que atuam.
O conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável,
se é possível reduzi-los (os custos). Assim, a Contabilidade mais moderna vem criando sistemas de
informações que permitam melhor gerenciamento de Custos, com base nesse enfoque, tais como o Activity
Based Costing (doravante tratado como ABC) e o Custeio-Alvo,
que procuram atingir tal objetivo.
Obviamente, estas suas novas missões não compreendem o todo da Contabilidade Gerencial; esta é mais
ampla, porém suas bases são esse aspecto comentado da Contabilidade de Custos.
A ilustração a seguir dá uma idéia de como se situam a Contabilidade Financeira, a de Custos e a Gerencial
— além do sistema de orçamento — no contexto de um Sistema de Informação:

1.4 A Terminologia Contábil

As áreas administrativas, contábeis, econômicas, financeiras e de custos das organizações possuem


terminologia própria que, entretanto, muitas vezes é utilizada de forma equivocada.
Não existe uma linguagem universal, entre os empresários e os profissionais das diversas áreas,
quanto ao uso da palavra “custo”.
As definições apresentadas a seguir são aceitas pela maioria dos autores e estudiosos do assunto e
serão de fundamental importância para entendimento dos próximos capítulos. Não estão em ordem
alfabética, mas seguem um ordenamento mais lógico para a compreensão dos diversos conceitos.
A palavra custo possui significado muito abrangente. Veja alguns exemplos: em uma empresa
comercial pode ser utilizada para representar o custo das compras de mercadorias, o custo das mercadorias
disponíveis para venda, o custo das mercadorias vendidas etc.; em uma empresa de prestação
de serviços pode ser utilizada para representar o custo dos materiais adquiridos para aplicação na
prestação de serviços, o custo dos serviços prestados etc.; em uma empresa industrial pode ser utilizada
para representar o custo das compras de matérias-primas, o custo das matérias-primas disponíveis, o custo
das matérias-primas aplicadas no processo de fabricação, o custo direto de fabricação, o custo indireto de
fabricação, o custo da produção acabada no período, o custo dos produtos vendidos etc.
Assim, precisamos ter consciência de que poderemos encontrar conceitos distintos de custo. Será
necessário analisar esses conceitos de acordo com o enfoque que estiver sendo dado a cada caso em
particular.
Como o objeto dos nossos estudos é a empresa industrial e, mais precisamente, a função de produção
desse tipo de empresa, nosso enfoque estará sempre voltado ao custo de fabricação, embora outros
aspectos importantes também sejam tratados.

1.4.1 Gastos

Todas as vezes que a empresa industrial pretende obter bens, seja para uso, troca, transformação ou
consumo, ou ainda utilizar algum tipo de serviço, ela efetua gastos. Esses gastos podem ser pagos à vista ou
a prazo.
Quando, por exemplo, no momento da obtenção do bem ocorre o respectivo pagamento, dizemos que
o gasto foi pago à vista, pois houve desembolso de numerário no momento da sua consumação. Se, no
entanto, no momento da compra não ocorre pagamento, o qual deverá ser feito posteriormente, dizemos
que o gasto ocorreu para ser pago a prazo, pois não houve desembolso de numerário no momento da
compra.

1.4.2 Desembolso

Se caracteriza pela entrega do numerário, pode ocorrer antes (pagamento antecipado), no momento
(pagamento à vista) ou depois (pagamento a prazo) da consumação do gasto. Entretanto, ele não interfere
na classificação do gasto em investimento, custo ou despesa.

1.4.3 Investimentos

Os gastos que se destinam à obtenção de bens de uso da empresa (computadores, móveis, máquinas,
ferramentas, veículos etc.) ou a aplicações de caráter permanente (compra de ações de outras empresas,
de imóveis, de ouro etc.) são considerados investimentos.
Consideram-se ainda investimentos os gastos com a obtenção dos bens destinados à troca
(mercadorias), à transformação (matérias-primas, materiais secundários, materiais auxiliares e materiais de
embalagem) ou consumo (materiais de expediente, higiene e limpeza), enquanto esses bens não forem
trocados, transformados ou consumidos.

1.4.4 Custos

Quando os gastos são efetuados para a obtenção de bens e serviços que são aplicados diretamente na
produção de outros bens, esses gastos correspondem a custos.
Quando os bens, que serão aplicados no processo de fabricação, são adquiridos em grandes
quantidades, no momento da compra serão estocados e, por esse motivo, classificados como
investimentos. Esses bens somente deixarão de ser investimentos para serem classificados como custos a
partir do momento em que forem retirados dos estoques e inseridos no processo de fabricação.

1.4.5 Despesas

Quando os gastos são efetuados para obtenção de bens ou serviços aplicados na área administrativa
ou comercial, visando direta ou indiretamente a obtenção de receitas, esses gastos correspondem a
despesas.
Quando ocorrerem gastos na compra de bens de consumo em grandes quantidades, os quais serão
inicialmente estocados (ativados) para serem consumidos, no futuro nas áreas administrativa ou comercial,
esses gastos serão inicialmente classificados como investimentos. Quando esses bens são retirados dos
estoques para serem consumidos nas áreas administrativa ou comercial da empresa, eles passam da fase
de investimentos para serem classificados como despesas.

1.4.6 Perda

Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Não se confunde com a despesa (muito
menos com o custo), exatamente por sua característica de anormalidade e involuntária ; não é um
sacrifício feito com intenção de obtenção de receita. Exemplos comuns: perdas com incêndios, obsoletismo
de estoques etc.
São itens que vão diretamente à conta de Resultado, assim como as despesas, mas não representam
sacrifícios normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à obtenção da receita. E
muito comum o uso da expressão Perdas de material na produção de inúmeros bens e serviços; entretanto,
a quase totalidade dessas “perdas” é, na realidade, um custo, já que são valores sacrificados de maneira
normal no processo de produção, fazendo parte de um sacrifício já conhecido até por antecipação para a
obtenção do produto ou serviço e da receita almejada.
O gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda, não um custo de
produção. O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma perda,
e não um custo; aliás, não haveria mesmo lógica em apropriar-se como custo essas anormalidades e,
portanto, acabar por ativar um valor dessa natureza.
Cabe aqui ressaltar que inúmeras perdas de pequeníssimo valor são, na prática, comumente consideradas
dentro dos custos ou das despesas, sem sua separação; e isso é permitido devido à irrelevância do valor
envolvido. No caso de montantes apreciáveis, esse tratamento não é correto.

1.4.7 Diferença Entre Custo e Despesa

Para que possamos diferenciar de forma cristalina custo de despesa, em uma empresa industrial,
podemos pensar assim: “a despesa vai para o resultado enquanto que o custo vai para o produto”; “a
despesa não será recuperada enquanto que o custo será recuperado por ocasião da venda do produto”.
A despesa, quando incorrida e paga à vista provoca diminuição no Ativo, pela saída do dinheiro;
quando reconhecida como incorrida, porém a ser paga no período seguinte, gera aumento no Passivo pelo
compromisso assumido. Em ambos os casos, ela exerce função negativa no Patrimônio, diminuindo o Ativo
e aumentando o Passivo. Em contrapartida, essas situações provocam diminuição no Patrimônio Líquido
em decorrência da ressunção do lucro.
Por outro lado, o custo, ao integrar o valor do produto fabricado, será totalmente recuperado pela
empresa por ocasião da venda do respectivo produto.
Finalmente para, fixar o preço de venda de um produto, o empresário leva em conta os custos de
fabricação dos produtos que incorrem na área de produção, despesas administrativas, comerciais e
financeiras que incorrem nas áreas administrativa e comercial, além da margem de lucro desejada.

ATIVIDADES (CAPÍTULO 1)

1. Responda:
1.1 O que é gasto?

1.2 Quando um gasto deve ser classificado como investimento

1.3 O que são despesas?


1.4 Quando um gasto deve ser classificado como despesa?

1.5 O que é Custo de Fabricação?

1.6 Quando um gasto deve ser classificado como custo?

1.7 Qual a diferença entre custo e despesa?

1.8 Em uma empresa industrial que abriga no mesmo imóvel alugado os departamentos de produção, administração e comercial,
qual a classificação correta a ser dada ao gasto com aluguel?

1.9 Quantos e quais são os elementos do Custo de Fabricação?

1.10 O que é mão de obra?

1.11 O que são Gastos Gerais de Fabricação?

2. Indique se a afirmativa é falsa (F) ou verdadeira (V):

2.1 (___) Toda despesa corresponde a gasto, porém, nem todo gasto corresponde a despesa.

2.2 (___) Todo custo corresponde a despesa, porém nem toda despesa corresponde a custo.

2.3 (___) Os materiais a serem aplicados no processo de fabricação, quando adquiridos em grandes quantidades, no momento em
que são adquiridos devem ser considerados como investimentos.
2.4 (___) Os gastos que representam consumo de bens ou utilização de serviços correspondem a despesas mesmo que integrem o
processo de fabricação.

2.5 (___) O Custo Industrial se caracteriza pelo consumo de bens e/ou pela utilização de serviços que ocorrem nas áreas comercial
e administrativa da empresa.

2.6 (___) O desembolso corresponde a saída de numerário da empresa decorrente de um gasto realizado à vista, a prazo ou a
realizar.

2.7 (___) Os gastos com salários e encargos pagos ao pessoal que trabalha no departamento de informática e presta serviços de
manutenção e assistência técnica a todos computadores existentes na empresa, seja da área administrativa, comercial ou de
produção, deverão ser classificados como despesa.

2.8 (___) Os gastos com café-da-manhã, servido gratuitamente a todos os empregados da empresa, sejam das áreas administrativa,
comercial ou de produção, incluídos os salários e encargos do pessoal que trabalha na suposta cozinha, deverão ser classificados
parte como despesas e parte como custos. O critério para se fazer essa segregação poderá ser o número de empregados que atua
em cada área da empresa.

2.9 (___) Uma das diferenças entre custo e despesa é que o custo será recuperado pela empresa enquanto que a despesa não.

2.10 (___) Materiais auxiliares compreendem os materiais que, embora sejam aplicados no processo de fabricação, não entram na
composição dos produtos.

2.11 (___) Materiais secundários são os materiais que, embora necessários ao processo de fabricação, não entram na composição
dos produtos.
2.12 (___) Matéria-Prima, materiais secundários, materiais auxiliares, material de acabamento e material de embalagem, embora
com fins específicos no processo de fabricação, são todos integrantes do elemento materiais que compõem o Custo de Fabricação.

3. Marque a alternativa correta:

3.1 O desembolso à vista ou a prazo para obtenção de bens ou serviços, independentemente de sua destinação dentro da empresa,
denomina-se:

a) Gasto
b) Investimento
c) Despesa
d) Custo

3.2 Os gastos decorrentes da aquisição dos bens de uso classificam-se como:

a) Gasto
b) Investimento
c) Despesa
d) Custo

3.3 Os gastos com bens ou serviços aplicados diretamente na produção denominam-se:

a) Gasto
b) Investimento
c) Despesa
d) Custo

3.4 Os gastos decorrentes do consumo de bens e da utilização de serviços nas áreas administrativa e comercial, que direta ou
indiretamente visam a obtenção de Receitas, classificam-se como:

a) Gasto
b) Investimento
c) Despesa
d) Custo

4. Classifique os gastos a seguir:


a) Custos (C), Despesas (D), Investimentos (I), Parte Custo e Parte Despesa (C/D) ou Outros (O);
b) Com relação ao desembolso, responda: SIM ou NÃO;
c) Somente para os gastos que corresponderem a custos, responda: Matéria-Prima (MP), Material
Secundário (MS), Material Auxiliar (MA), Material de Embalagem (ME), Mão de Obra (MO) ou Gastos
Gerais de Fabricação (GGF).

Nº GASTOS A B C
1. Compra, à vista, de 1.000 m de tecidos para serem aplicados
imediatamente na fabricação. C SIM MP
2. Compra, à vista, de um computador.
3. Compra, a prazo, de 1.000 m 3 de madeira, para serem estocados
em uma empresa que fábrica móveis de madeira.
4. Compra, à vista, de 50 folhas de lixa para aplicação imediata no
processo de produção em uma indústria de móveis de madeira.
5. Em uma indústria que atua no ramo de confecções, ocorreu
transferência de 2.000 m de tecidos do almoxarifado para a
produção. Esses tecidos foram avaliados em R$ 4.000,00.
6. Pagamento, em cheque, de conta de energia elétrica no valor de R$
800,00. O consumo refere-se à área comercial.
7. Pagamento, em dinheiro, de conta de energia elétrica que engloba o
consumo de toda empresa industrial, incluindo as área
administrativa, comercial e de produção.
8. Pagamento, em dinheiro, do aluguel da fábrica.

9. Pagamento, em dinheiro, do aluguel do imóvel que abriga toda a


empresa industrial com suas áreas de produção, administrativa,
comercial e financeira.
10. Pagamento, em dinheiro, de conta de água referente ao consumo da
fábrica.
11. Pagamento, em dinheiro, de conta de água da área administrativa.

12. Pagamento, por meio de créditos em contas correntes bancárias, de


salários e encargos do pessoal da fábrica.
13. Pagamento, em cheque, do pró-labore do sócio-gerente que atua na
área de produção. Trata-se de obrigação já apropriada no mês
anterior.
14. Pagamento, em cheque, do pró-labore do sócio-gerente que atua
integralmente na área comercial. A obrigação tinha sido apropriada
no mês anterior.
15. Apropriação dos encargos sociais incidentes sobre a folha de
pagamento do pessoal da fábrica.
16. Apropriação da folha de pagamento do pessoal administrativo.

17 Compra, a prazo, de lubrificantes e graxas para uso imediato nas


máquinas da fábrica.
18. Pagamento da NF nº 123 ao Posto Mangueira Ltda., referente à
gasolina do automóvel da Administração. O consumo refere-se ao
exercício anterior e a obrigação estava devidamente registrada no
grupo das Contas a Pagar.
19. Compra, a prazo, de duas toneladas de caixas de papelão para
embalar produtos. O consumo está previsto para seis meses.
20. Em uma indústria de confecções houve transferência do
almoxarifado para a área de produção, de aviamentos no valor de R$
2.000,00.

BIBLIOGRAFIA

MARTINS, Eliseu. CONTABILIDADE DE CUSTOS. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.


RIBEIRO, Osni Moura. CONTABILIDADE DE CUSTOS FÁCIL. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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