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Dem ocracia e Aut ogest ão

Nildo Vian a *

As ex pressões dem ocracia e aut ogest ão são v ist as, m u it as v ezes, na hist ória
do pensam en t o polít ico, com o sen do opost as, e, ou t ras vezes, com o sen do
com plem ent ares. A dem ocracia m oderna é u m a dem ocracia represen t at iv a,
en quant o qu e a au t ogest ão geralm en t e é com preendida com o “ dem ocracia diret a”.
A form a de relacionar dem ocracia e au t ogest ão depende da definição e sign ificado
dos t erm os dem ocracia e aut ogest ão. No presen t e t ex t o, apresen t arem os
resum idam ent e as t eses qu e defendem a com plem ent aridade e a oposição ent re
au t ogest ão e dem ocracia para depois realizar um a discu ssão t eórica referent e aos
conceit os de dem ocracia e aut ogest ão e, post eriorm ent e, apresen t ar nossa posição
nest e debat e.

Ent re os que defendem a t ese da com plem en t aridade ent re dem ocracia
represen t at iv a e aut ogest ão ( “ dem ocracia diret a” ) , t em os u m conj unt o de
pensadores, em bora n em sem pre claros em seus post u lados, m as que possu em sua
pré- hist ória na social-dem ocracia alem ã de Kau t sk y, n os represen t an t es do
ch am ado au st ro- m arxism o de Max Adler e Ot t o Bau er, no Gram sci da época de
seus escrit os na prisão, ent re out ros ( Cout in ho, 1 98 5) . Mas a concepção
com pat ibilist a ent re dem ocracia e aut ogest ão ( com preendida com o “ dem ocracia
diret a” , ou dem ocracia de base ou fu ndada em con selh os operários) t eve com o
prim eiros def ensores explícit os aut ores com o Togliat t i, I ngrao, ent re out ros, que
defen deram a “ t erceira v ia” , t endên cia cham ada “eurocom u nist a” . Para Togliat t i, a
lut a pelo socialism o n ão ex clui a lu t a pela dem ocracia ( Togliat t i, 19 66) , pois ent re
elas exist e u m nexo indissolúv el ( Togliat t i, 198 0) . Ele defende o qu e denom ina
dem ocracia progressiva, qu e seria um processo de aprofu ndam ent o da dem ocracia
no qual chegaria a um m om en t o em que conviveriam harm onicam ent e as
inst it u ições da dem ocracia represent at iv a com as inst it u ições da dem ocracia de
base ( conselhos de fábrica, de bairros, et c.) .

Seguindo est a linh a de Togliat t i e I ngrao, Carlos Nélson Cou t inh o defende a
“ dualidade de poderes”, ist o é, a conv iv ência ent re dem ocracia represen t at iv a e
dem ocracia diret a ( 198 5) , t ese ret om ada em out ro escrit o sem , n est e caso, a
referên cia à du alidade de poderes ( 19 92) . Cout in ho part e da discu ssão realizada
por Lênin e Trot sky a respeit o da du alidade de poderes du rant e a revolução russa,

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ex pressando a exist ência de u m poder prolet ário e um poder burguês, um se
m anif est an do at ravés dos sov iet es ( conselhos operários) e o ou t ro at rav és do
Est ado. A t ese de Lênin e Trot sky era a de qu e est a du alidade de poderes era
provisória e com a derrocada do poder burguês, se in st auraria apenas um poder
prolet ário. Cou t inh o ret om a v ários aut ores para reform u lar t al con cepção e
defen der sua t ese da dualidade de poderes com o elem en t o com ponent e da fu t ura
sociedade socialist a. Fazen do u m a int erpret ação quest ionável de algun s au t ores,
en t re os quais Rosa Lux em bu rgo, Max Adler, Ot t o Bauer, ent re ou t ros, e buscan do
“ conquist á- los para suas t eses” , Cou t inh o fundam en t a su a posição at ravés das
m u danças hist óricas. É dest a form a que ele explica o que ele denom ina “ concepção
rest rit a de Est ado” e t eoria da “ revolu ção ex plosiv a” em Marx, Lênin e Trot sk y.
Est es aut ores apresent aram um a concepção rest rit a do Est ado por n ão t erem
ult rapassado u m nível de abst ração e ch egando ao Est ado em sua concret icidade
m as ist o n ão foi apenas u m problem a m et odológico, pois o Est ado, n a época e
lugar em que eles produ ziram suas t eses, era realm ent e m ais rest rit o. Com as
m u danças hist óricas, est es au t ores cont in uam apresent ando con t ribu ições
im port ant es, m as, segu ndo Cout in ho, é preciso ir além da concepção rest rit a de
Est ado e de revolução explosiv a para con st it uir u m a con cepção am pliada de Est ado,
o que j á foi realizado por Gram sci, e um a concepção processual de rev olução, na
qu al h av eria “reform as de est rut u ra” ( Cou t inh o, 1 982 ) . É por isso que est e aut or
poderá, post eriorm en t e, post u lar a t ese da “ dem ocracia com o v alor u niv ersal”
( 198 0) e, port an t o, indo além da sociedade capit alist a.

Out ra posição que considera a ex ist ência de u m a com pat ibilidade ent re
dem ocracia dir et a ( aut ogest ão) e dem ocracia represent at iv a part e de qu est ões
m ais prát icas de organ ização da fut ura sociedade aut ogerida, pois em um a
em presa aut ogerida, o processo é relat iv am en t e claro e sim ples, m as se
com plexifica quan do se passa para a escala global da sociedade:

“ A part ir do m om ent o em que se deixa o escalão da em presa para passar


aos nív eis m ais elev ados da au t ogest ão, por ex em plo, para t rat ar dos
problem as de pessoal qu e devem receber um a solução int erprofissional,
t orna- se prat icam en t e im possív el pen sar no ex ercício de u m a dem ocracia
diret a. Nesse caso só poderá t rat ar -se de dem ocracia represent at iv a, por
m ais lam ent áv el qu e isso sej a. É a est es nív eis que o sindicat o é ch am ado
a t ornar posição ‘em nom e’ dos t rabalh adores das em presas, ao passo qu e
em cada um a delas em part icular a sua v ocação é ser con selheiro da

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dem ocracia diret a sem j am ais se su bst it u ir a ela, por pou co que sej a”
( Chauv ey , 19 70, p. 1 89) .

Aqu i t em os um a v isão da aut ogest ão enquant o “ dem ocracia diret a” e a


dem ocracia represent at iva, por m ais problem át ica ( ou “ lam en t áv el”) que sej a, um a
form a aceit ável de relação polít ica n ão só n a sociedade m odern a m as at é m esm o
na sociedade pós- capit alist a. Para Cout inho, a dem ocracia represen t at iva seria um
“ valor u niv ersal” enquant o qu e para Chauvey, a con t ragost o, a aceit a n um a fu t ura
sociedade aut ogerida.

Posição ant agônica é a daqueles que consideram qu e a au t ogest ão é m ais do


qu e um a “ dem ocracia diret a” ou form a de dem ocracia diret a aplicada à gest ão de
em presas. A aut ogest ão seria u m a relação social específica, um a relação de
produção, o que significaria relações de t rabalho e de dist ribu ição. A aut ogest ão
seria a decisão colet iv a dos produt ores sobre o processo de produção, ist o é, os
próprios produt ores iriam gerir o processo de produção. A au t ogest ão é um a
relação social fu ndant e de um a nova form ação social, um a n ov a sociedade. Nest a
perspect iv a, a au t ogest ão seria um processo de aut ogovern o, ou um a “ livre
associação dos produ t ores” , segun do ex pressão de Marx. A dem ocracia
represen t at iv a, n est a v isão, seria u m a form a de reprodução da div isão da
sociedade de classes, u m a form a de dom inação. Marx foi o prim eiro a desenv olver
est a t ese ao realizar a crít ica do Est ado capit alist a e apresent ar su as t eses
referen t es à fu t ura sociedade com un ist a. Para Marx, o Est ado capit alist a é um
aparat o da classe bu rgu esa, u m a expressão de seus int eresses de classe ( Marx e
En gels, 198 8) . A dem ocracia bu rguesa é a “ form a lógica da dom inação burgu esa”,
segu ndo Engels ( apud. Moore, 1 988 ) .

“ O carát er das eleições, escrev e Marx, ‘não depen de de su as denom inações


e sim de seus fu ndam ent os econ ôm icos, dos vín cu los econôm icos ent re os
m em bros do eleit orado...’. Ele sust en t a qu e a fu nção norm al do sufrágio
universal nas sociedades capit alist as é a decidir u m a vez a cada t rês ou
seis anos qu e m em bro da classe dom inan t e irá represen t ar o povo n o
parlam en t o” ( Moore, p. 9 6) .

Em con t rast e com a dem ocracia bu rguesa, Marx apresent av a a sociedade


com unist a com o form a de “aut ogoverno dos produt ores” (Marx, 1 98 6) , part indo da

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ex periên cia hist órica da Com un a de Paris. O regim e com un al seria u m a “ livre
associação dos produ t ores” n os qu ais o Est ado capit alist a seria abolido j u nt am ent e
com t odo o aparat o burocrát ico, o que significaria, por conseguint e, a abolição da
dem ocracia repr esen t at iva. Em bora n ão u t ilizasse a ex pressão “ aut ogest ão” , sua
concepção é n it idam en t e au t ogest ionária, t al com o m uit os observ aram ( Massari,
19 77; Gu illerm e Bourdet , 1 976 ) .

Depois de Marx, um dos au t ores que se dest acou n a análise crít ica da
dem ocracia bu rguesa e na defesa da aut ogest ão foi o pen sador m arx ist a An t on
Pann ek oek. Pann ek oek realizou um a crít ica radical à dem ocracia burguesa, m ais
desenv olvida em sua época do qu e n o t em po de Marx , qu alifican do- a de form a de
dom inação bu rgu esa ( Pann ek oek, 1 978 ; Pan nekoek , 197 7) e con t rapondo a ela o
“ sist em a con selh ist a” , ist o é, o sist em a dos conselhos operários que dev eriam
au t ogerir o processo de produção e dist ribu ição da sociedade com u nist a
( Pannekoek , 19 77; Vian a, 20 05 ; Gu illerm e Bou rdet , 197 6) . Se a dem ocracia e o
parlam en t o são form as burguesas de escravização do prolet ariado ( Pann ek oek,
19 78) , en t ão a ação diret a e lut a operária aut ônom a se t orna o seu m eio de
libert ação visan do um a sociedade fu ndada n o aut ogov ern o dos conselh os operários,
na au t ogest ão social.

Poderíam os cit ar out ros pen sadores que part em da posição an t agon ist a ent re
dem ocracia e au t ogest ão, t al com o João Bern ardo ( 19 75 ) e t am bém algun s
pensadores an arquist as, m as, por qu est ão de espaço, n os lim it arem os a Marx e
Pann ek oek, dois dos nom es m ais ex pressiv os dest a t endência.

A resolução da quest ão da com pat ibilidade ou incom pat ibilidade ent re


dem ocracia e aut ogest ão depende da definição fornecida a est es t erm os. A quest ão
da definição de um a palavra não é coisa sim ples e inocent e. Para com preender ist o
podem os part ir da cont ribuição da filosofia da lin guagem de Mikh ail Bakht in:

“ Um sign o não exist e apenas com o part e de u m a realidade; ele t am bém


reflet e e refrat a u m a out ra. Ele pode dist orcer est a realidade, ser - lhe fiel,
ou apreendê- la de u m pont o de v ist a específico, et c. Todo signo est á
su j eit o aos crit érios de avaliação ideológica ( ist o é: se é v erdadeiro, falso,
corret o, j ust ificado, bom , et c.) . O dom ín io do ideológico coin cide com o
dom ín io dos signos: são m ut uam ent e corresponden t es. Ali on de o signo se

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en cont ra, encont ra- se t am bém o ideológico. Tudo que é ideológico possu i
um valor sem iót ico” ( Bak ht in , 19 90, p. 32 ) .

Assim , Bak ht in relacion a signo e ideologia. O ideológico, qu e para Bakht in é o


m esm o que valorat iv o, acaba t om ando con t a dos sign os. A palavra é, para ele, um
fen ôm en o ideológico. “ O sign o se t orn a aren a onde se desenv olv e a lu t a de classes”
( Bak ht in, 19 90, p. 4 6) . Dest a form a, não é difícil com preen der que a concepção
com pat ibilist a e a concepção ant agonist a de dem ocracia e au t ogest ão sej am
defen didas por posições polít icas diferent es. No ent ant o, é preciso diferen ciar ent re
a palavra u t ilizada n a lin guagem cot idiana e os t erm os com plex os ut ilizados, os
conceit os e falsos conceit os, const rut os ( Vian a, 19 97 ), sendo o prim eiro part e de
um discu rso t eórico e o segun do de um discu rso ideológico. Cabe lem brar que
nossa concepção de ideologia difere da de Bak ht in , sign ifican do, t al com o em Marx,
falsa con sciência sist em at izada. Os conceit os são hist óricos, t ransit órios, t al com o a
realidade qu e eles expressam . Os con st ru t os podem ser fix os, a-h ist óricos,
dependendo da ideologia qu e lhe dá suport e. Os conceit os são expressão da
realidade m as t am bém podem os pensar em “ conceit os ant ecipadores” (Viana,
19 97) , qu e são expressões de um a realidade desej ada m as ainda- não- exist ent e,
para u t ilizar ex pressão de Ernst Bloch ( 20 05) . Est a realidade desej ada é u m proj et o
e um a possibilidade hist órico, e, assim , o con ceit o ant ecipador é um con ceit o
possív el qu e pode ou n ão se realizar.

Aqu i cabe dist inguir en t re o conceit o ex pressiv o e o con ceit o ant ecipador,
ex pressão de um ideal. Mu it os con fun dem con ceit os expressivos e con ceit os
an t ecipadores e ao fazê- lo perdem de v ist a a capacidade de an alisar det erm inados
fen ôm en os hist óricos. Est e é o caso da ex pressão dem ocracia, palav ra que possui
um a carga v alorat iva posit iva m u it o grande. Daí se con funde a dem ocracia
desej ada com a dem ocracia efet iva. A dem ocracia exist ent e de fat o é aquela que
su rge com a sociedade m oderna a part ir das rev oluções burguesas e que se
t ran sform ou hist oricam ent e. Ela é um a dem ocracia represen t at iv a e é a
represen t ação qu e lhe caract eriza, em bora a form a de represent ação t en ha m u dado
hist oricam ent e.

A dem ocracia m oderna, in icialm ent e, foi um a dem ocracia cen sit ária, na qual a
represen t ação era facu lt ada a quem det in ha det erm in ado n ível de renda, a part ir do
século 19 , com o result ado das lu t as operárias, a dem ocracia passou a se organizar
sob a form a de sist em a part idário, no qual os part idos polít icos se t orn av am os
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órgãos m ediadores e que, após a segunda guerra m un dial, se t orna am plam ent e
um sist em a burocrát ico ( Viana, 200 3) . Assim , a dem ocracia represen t at iv a
m oderna é um produt o do desenv olv im en t o das lut as sociais e da ação do Est ado
m oderno. Est e, por sua v ez, expressa os in t eresses da classe dom in an t e. Por
conseguint e, a dem ocracia represent at iva m oderna é “ u m a das form as com o o
Est ado capit alist a se relacion a com as classes sociais” , sendo, pois, “ um regim e
polít ico bu rguês, caract erizado pela part icipação rest rit a das classes sociais” (Vian a,
20 03, p. 4 8) .

Por con segu in t e, est a é a dem ocracia represen t at iv a realm en t e ex ist en t e e


não o ideal de dem ocracia ou a expressão fidedigna de sua et im ologia ( dem o =
povo; cracia = gov ern o = governo do pov o) . Ela se fun dam ent a n um a sociedade
dividida em classes sociais fundada em um processo de ex ploração e dom inação
qu e t em no Est ado o seu principal su port e de reprodução. Obviam ent e que a
percepção dist o pressupõe um a análise hist órica e um a discussão acerca dos
conceit os, que esboçam os aqui e desenvolv em os em out ro lu gar (Viana, 199 7) . Mas
além de t udo, h á a qu est ão apon t ada por Bakh t in, do en volv im ent o dos signos com
as lu t as de classes, que acabam geran do opções e concepções.

Passem os, ent ão, para o conceit o de au t ogest ão. Est e é um t erm o que est á
na m oda, onde se confu nde cooperat ivas e “econ om ia solidária” com aut ogest ão
social. Mas a m oda j á é “ ant iga” na Eu ropa, pois j á na década de 7 0 j á est av a em
voga ( Guillerm e Bou rdet , 19 76) . Exist em div ersas con cepções de au t ogest ão, m as
aqui part irem os daquela esboçada por Marx e Pan nekoek , época em que a
ex pressão ain da nem ex ist ia, para apresen t ar nossa concepção de aut ogest ão.
Aqu i, ela não é, com o para algun s, “m ét odo de gest ão de em presas” ou com o, para
ou t ros, u m a “ form a polít ica” qu e assum e o com u nism o, ou sej a, a “ dem ocracia
diret a” . Aqui part im os da idéia da hist oricidade do conceit o, dependen t e e
indissolu velm ent e ligada à hist ória da sociedade.

Ant es de t u do, t al com o fizeram A. Guillerm e Y. Bou rdet ( 197 6) , é út il


dist in gu ir o conceit o de au t ogest ão de out ras palavras qu e m uit os pensam t er o
m esm o significado. Aut ogest ão n ão possu i o m esm o significado que “ part icipação” ,
“ co- gest ão” , “ con t role operário” ou “ cooperat iv ism o”. Vej am os o significado dest as
palavras:

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A) PARTI CI PAÇÃO: Part icipação não sign ifica au t ogest ão, pois ela sign ifica
part icipar de algo j á exist ent e, ou sej a, de um a at ividade qu e possu i est rut u ra e
fin alidade próprias. Segun do Guillerm e Bou rdet , o part icipant e é com o um flaut ist a
nu m a orqu est ra: part icipa se m ist uran do individualm en t e a um grupo qu e lh e é
preex ist ent e:

B) CO- GESTÃO: A co- gest ão é um a t ent at iva de int egrar a criat iv idade e a
iniciat iv a operária no processo produ t ivo capit alist a ( com o obj et iv o de aum ent ar a
produt ividade e, conseqüent em ent e, a ex t ração de m ais- v alor relat iv o - ou m ais-
valia relat iv a) e que perm it e a part icipação dos t rabalhadores apen as no processo
de produção, nos m eios e n ão nos fin s. Mas m esm o essa co- gest ão n os m eios é
lim it ada, pois a defin ição por out ros sobre os fin s lev a à um a pré- det erm inação no
qu e se refere ao m eios.

C) CONTROLE OPERÁRI O: Segun do Gu illerm e Bou rdet , o cont role operário


sign ifica u m passo adian t e em relação à co- gest ão, m as ainda não é aut ogest ão,
pois o cont role operário su rge com o produt o de um a in t erv en ção con flit u osa que
arranca concessões para os t rabalh adores, em bora se lim it e a ex ercer- se sob
pont os específicos que não quest ionam o salariat o. Para M. Brint on, a propost a de
“ cont role operário” apresen t ada por diversos grupos polít icos (principalm ent e
lenin ist as e t rot sk ist as) ex pressa a v ont ade de apresen t arem - se com o m ais
dem ocrát icos e fazem ist o bu scando nos ilu dir com a afirm ação de que o len inism o
sem pre defendeu t al propost a. Para ele, o cont role operário, ao cont rário da
au t ogest ão, não sign ifica que a classe operária irá gerir a produ ção e sim qu e ela
irá “ superv ision ar” , “ in specionar” ou verificar as decisões t om adas por “ in st âncias
ex t eriores” ao processo produ t iv o, t al com o o est ado ou o part ido (Brint on, 1 975 ) .

D) A COOPERATI VA: Segun do Guillerm e Bou rdet , “ esqu em at icam ent e, pode-
se, com efeit o, conv ir qu e ( ... ), as cooperat iv as t êm ‘v eget ado’ sem pre sob form as
locais, a t al pont o que est a lim it ação se t ornou seu sinal dist in t iv o. Por isso, para
design ar a generalização dos sist em as de cooperat ivas, far- se- á m ist er u m a palavra
nova. O t erm o aut ogest ão deve assu m ir o papel” ( Gu illerm e Bourdet , 1 97 6, p. 19 -
20 ). Acont ece que, no int erior da sociedade capit alist a, as cooperat iv as não
det erm inam seus fin s, pois o m ercado e o est ado sem pre int erferem n as fin alidades
de um a cooperat iva e n ão só nos fin s com o, em m enor grau, t am bém nos m eios.

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Em sínt ese, a part icipação, o cont role operário, a co- gest ão e as cooperat ivas
podem ex ist ir no int erior do m odo de produção capit alist a e são assim iláveis por
ele. O capit alism o env olv e t odas est as m an ifest ações e as colocam sob sua direção,
diret a ou indiret am ent e. Não ex ist em n em podem exist ir “ ilhas de au t ogest ão”
cercadas pelo m ar do capit alism o. A au t ogest ão só pode ex ist ir em locais isolados
por um cu rt o período de t em po e em confront o com o con j un t o da sociedade
capit alist a ( Est ado, m ercado, et c.) e dest a lut a um dos dois vencerá, ocorrendo a
dest ru ição da ex periên cia aut ogest ionária ou a generalização da au t ogest ão a nív el
nacion al e post eriorm ent e m u ndial.

Podem os dizer t am bém que as defin ições acim a deix am ent rever que não
ex ist e m uit a diferença ent re t odos est es t erm os, pois t odos eles possu em algo em
com um : em t odas essas f orm as de “ part icipacionism o” perm anece ext erior aos
t rabalh adores a det erm inação dos fins e u m a “co-det erm inação” no qu e se ref ere
aos m eios. Por conseguint e, o t erm o co- gest ão en globa t odos os ou t ros t erm os e,
sendo assim , ele é suficient e para m arcar a diferença en t re a au t ogest ão e as
ou t ras form as de gest ão que se dizem “ dem ocrát icas” . Mas o que é a au t ogest ão?
Para responder a est a qu est ão é necessário com preender a sua possibilidade
hist órica e o locus on de est a possibilidade ocor re, ist o é, o capit alism o.

Todo m odo de produção possui um a det erm in ação fun dam ent al que é
ex pressa pelo conceit o de relações de produ ção e que serve de fundam en t o para
t odas as ou t ras relações sociais. Marx dem on st rou qu e a relação de produ ção
( det erm inação f undam en t al) do f eudalism o é a serv idão:

“ Em vez do h om em independen t e, en cont ram os aqui t oda a gent e


dependent e, servos e senh ores, v assalos e suseranos, laicos e clérigos. Est a
dependência caract eriza t ant o as relações de produção quant o t odas as
ou t ras esferas da v ida social, às quais serve de fu ndam en t o” ( apud.
Poulant zas, 1 988 ) .

A relação de produ ção capit alist a ex pressa o fu ndam ent o da sociedade


capit alist a. O capit al n ão é só “ os m eios de produ ção” m as é, f undam en t alm ent e,
um a relação social, u m a relação de produ ção.

As relações de produção capit alist as se baseiam na ex t ração de m ais- t rabalho


sob a form a de m ais- valor ( ou, segun do lin gu agem corren t e, m ais- v alia) . O

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propriet ário dos m eios de produ ção, o capit alist a, com pra a força de t rabalho do
produt or e paga por ela o valor n ecessário para sua reprodução en quant o força de
t rabalh o. A força de t rabalho, porém , produz m ais do qu e o n ecessário para sua
reprodução e est e valor a m ais, acrescent ado à m ercadoria e apropriado pelo
capit alist a é o que se cham a m ais-v alor. No processo de produção do m ais- valor há
um duplo carát er: de um lado, é u m processo de t rabalho caract erizado pela
ex ploração e alien ação do t rabalh ador; de out ro, é um processo de valorização dos
m eios de produção. Só a f orça de t rabalho acrescen t a v alor às m ercadorias, pois os
m eios de produção apen as t ran sm it em seu v alor ao produ t o- m ercadoria fabricado.

A ev olução do m odo de produ ção capit alist a t ransform a est a relação. Com o
desenv olvim en t o e acu m u lação dos m eios de produção h á a desvalorização da força
de t rabalh o e a v alorização dos m eios de produção. Os m eios de produção foram
valorizados pela força de t rabalho e por isso se t ornam , com o desenv olvim ent o do
capit alism o, um dispêndio cada vez m aior para o capit alist a.

Com isso o capit alist a in vest e cada vez m ais n os m eios de produção e cada
vez m en os na força de t rabalho. Assim , com o só a força de t rabalh o produz m ais-
valor, su rge a t endência para hav er a qu eda da t axa de lu cro m édio. O aum ent o de
produt ividade busca ev it ar est a queda, j á que aum en t a a ext ração de m ais- valor
relat iv o. Ent ret ant o, ist o cria um a nova t en dência à baix a da t ax a de lucro m édio,
pois o aum en t o do m ais- v alor relat iv o significa que a força de t rabalho acrescen t ou
m ais valor ain da à m ercadoria e ist o t orna m ais dispen dioso os m eios de produ ção.

Est a é a t endência declinant e da t ax a m édia de lucro. O capit alism o, at ravés


de seus agent es, cria t am bém cont rat en dên cias e bu sca fazer ist o de várias form as,
t al com o at ravés do au m ent o da int erferência do est ado n o processo de produção e
dist ribuição ou da expan são do consum o, ent re ou t ras.

O m odo de produção capit alist a, com o v im os, se caract eriza pelo dom ín io do
t rabalh o m ort o sobre o t rabalh o v iv o. Est a relação de dom inação do t rabalho m ort o
sobre o t rabalho vivo at ravés da produção de m ais- valor é a det erm inação
fun dam ent al do capit alism o ( Bernardo, 197 5) . Torn a- se necessário, ent ão,
descobrir qual é a det erm in ação fun dam ent al do m odo de produ ção com u nist a.

A det erm inação f undam en t al do m odo de produ ção com un ist a só pode ser a
au t ogest ão. I st o signif ica, en t re ou t ras coisas, qu e a aut ogest ão não é apenas a

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“ form a polít ica” ( dem ocracia diret a) do com un ism o e n em m ero “ m ét odo de gest ão
das em presas” . A aut ogest ão é um a relação de produ ção que se gen eraliza e se
ex pande para t odas as out ras esferas da v ida social. A aut ogest ão inv ert e a
relação ent re t rabalh o m ort o e t rabalho v iv o inst aurada pelo capit alism o e, assim ,
inst aura o dom ínio do t rabalh o v ivo sobre o t rabalho m ort o. A au t ogest ão sign ifica
qu e os próprios “ produ t ores associados” dirigem sua at ividade e o produ t o dela
derivado. Abole- se, assim , o est ado, a dem ocracia represent at iva, as classes
sociais, o m ercado, et c., j á qu e com a au t ogest ão abole- se a div isão social do
t rabalh o. Con seqü ent em ent e, abole- se a divisão ent re “ econ om ia” , “ polít ica” , et c.

Aqu i devem os abrir um parent esis para relacion ar est a posição com as t eses
de Marx, pois segun do a in t erpret ação dom inant e do pen sam ent o dest e au t or, ele
seria m ais um defen sor de um Est ado socialist a que seria a base da t ransicao ent re
capit alism o e o com un ism o ( com preendido aqui com o sociedade aut ogerida) e não
um defen sor da abolição im ediat a do Est ado, que seria t ese anarquist a. Para Marx,
haveria u m “ período de t ransição” en t re capit alism o e com u nism o cham ado
“ socialism o”. Nest e período, o est ado dirige a econom ia at rav és de um plano e se
m ant êm o dinheiro, o t rabalho assalariado e at é m esm o a “ lei do v alor” .

No ent ant o, Marx j am ais af irm ou ist o e com preender a concepção de


au t ogest ão acim a colocada pressu põe ent ender ist o, j á qu e Marx foi um dos
prim eiros a t eorizar a sociedade aut ogerida. As colocações de Marx sobre a
passagem do capit alism o ao com unism o que são u t ilizadas pelos qu e defendem t al
t ese são fun dam ent alm ent e du as: a) a perm an ência do t rabalh o assalariado; b) a
ex ist ên cia de u m “ est ado de t ran sição” n o socialism o. Mas, an t es de t udo,
devem os dizer que Marx n ão u t ilizava as noções de “ período de t ransição” e de
“ socialism o”. Essas noções foram criadas pela t radição bolchev ique e sim ilares e
foram erigidas ao nível de v erdadeiros “ con ceit os” , que foram reificados e passaram
a ser, na ideologia da bu rocracia, u m a et apa n ecessária na h ist ória. O que Marx
colocou é qu e a sociedade com un ist a, t al com o surge do capit alism o, at ravessa
du as fases, o qu e significa qu e são duas fases do com u nism o e não que um a delas
sej a de “ passagem ” para ele. As colocações de Marx sobre a perm an ên cia do
t rabalh o assalariado e a exist ên cia de um est ado de t ransição se referem a est a
prim eira fase do com un ism o.

Ent ret an t o, é necessário colocar qu e Marx reform u lou as su as t eses sobre a


prim eira fase do com unism o. Marx h av ia colocado que nest a prim eira fase deveria

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haver a “ est at ização dos m eios de produção” , e é aí que se pode falar em “ est ado
de t ransição” . Acon t ece que, após a ex periên cia da Com u na de Paris, ele
reform u lou est a t ese, t al com o dem onst ra o seu art igo sobre a com un a ( Marx,
19 86) e os “ posfácios” ao Manifest o Com un ist a ( Marx e En gels, 198 8) . Para Marx , a
classe operária não pode se apossar do est ado, pois deve dest ru í- lo e em seu lu gar
im plant ar o “ aut ogov ern o dos produ t ores” , ou sej a, a aut ogest ão. Tal com o fizeram
os prolet ários du rant e a Com un a, dev e- se abolir o exércit o perm an en t e e a
bu rocracia do est ado.

Out ra colocação que Marx ref orm ulou é a de que na prim eira fase da
sociedade com unist a t odos deveriam receber salários equiv alent es ao dos
operários, o que pressupõe a perm an ência do t rabalh o assalariado, só que
fun cionando sob out ra form a. Post eriorm ent e, ele afirm ou que os t rabalhadores
receberiam bônus com provando o t rabalh o execut ado:

" Do que se t rat a aqu i não é de um a sociedade com u nist a que se


desenv olv eu sobre sua própria base, m as de u m a qu e acaba de sair
precisam ent e da sociedade capit alist a e que, port ant o, apresent a ain da em
t odos os seu s aspect os, n o econôm ico, no m oral e no int elect ual, o selo da
velha sociedade cu j as ent ran has procede. Con gruent em ent e com ist o, n ela
o produ t or individu al obt ém da sociedade – depois de feit as as devidas
deduções – precisam en t e aquilo que deu. O que o produ t or deu à
sociedade con st it ui sua cot a individual de t rabalho. Assim , por exem plo, a
j orn ada social de t rabalh o com põe- se da som a das horas de t rabalh o
indiv idu al; o t em po in div idual de t rabalh o de cada produt or em separado é
a part e da j orn ada social do t rabalho com qu e ele cont ribui, é su a
part icipação nela. A sociedade ent rega- lhe um bôn us con signando que
prest ou t al ou qual quant idade de t rabalho (depois de descon t ar o qu e
t rabalh ou para o fundo com u m ) , e com est e bôn us ele ret ira dos depósit os
sociais de m eios de consum o e part e equiv alent e à quant idade de t rabalh o
qu e deu à sociedade sob um a form a, recebe- a dest a sob um a out ra f orm a
dif eren t e” ( Marx, 1 978 , p. 213 ) .

Ent ret an t o, o sist em a de bôn us n ão é a m esm a coisa qu e o salariat o. O


salário é pago em papel- m oeda ( dinh eiro) , qu e é u m “ m eio de t roca un iversal” e
pode ser, por isso, acu m u lado e ut ilizado para com prar m eios de consu m o e
produção e/ ou força de t rabalho. O bôn us propost o por Marx era t rocáv el apenas
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por m eios de consum o e por isso não t em n ada a v er com o dinheiro, o t rabalho
assalariado e a “ lei do v alor” . Por con segu int e, a prim eira fase do com u nism o j á
seria m arcada pela abolição do est ado, do t rabalho assalariado, do din heiro, et c., e
pela inst au ração da aut ogest ão social ou , segun do a lingu agem de Marx, da livre
associação dos produ t ores.

Marx colocou qu e o t rabalho se generalizaria du ran t e a prim eira fase do


com unism o, m as sem ligação com o salariat o e sim com o sist em a de bônu s. Nest a
fase predom in a o princípio “ de cada u m segun do sua capacidade à cada um
segu ndo seu t rabalho”. Na segu nda fase predom ina o prin cipio “ de cada um
segu ndo sua capacidade à cada um segundo suas necessidades” . Assim , os escrit os
de Marx apont am para u m a concepção au t ogest ion ária e não para u m a concepção
bu rocrát ica-part idária, t al com o foi desenv olv ido post eriorm en t e por Lênin e por
ou t ros pret en sos m arx ist as.

A dem ocracia represent at iva é u m a f orm a sob a qu al o Est ado capit alist a se
relacion a com as classes sociais e est á env olvida n o con j unt o de relações sociais
dest a sociedade ( Est ado, div isão social do t rabalho, m ercado, classes sociais,
capit al, et c.) e n ão pode ser int elect ualm ent e t ranspost a para out ra sociedade, pois
não t eria nem sequer sent ido prát ico em out ras sociedades ( qu al sen t ido, base e
ut ilidade t eria a dem ocracia represent at iv a n um a sociedade feu dal ou com unist a?) .
A dem ocracia r epresen t at iv a f ora do capit alism o é um anacronism o.

Assim , é necessário recon hecer a hist oricidade das sociedades e dos con ceit os
qu e são su a expressão, bem com o a radicalidade da t ransform ação con ceit u al
qu ando se passa de u m a form a de sociedade para ou t ra. A com preen são da
sociedade feudal requer conceit os específicos que ret rat am relações sociais
específicas, o qu e n ão im pede a u t ilização de conceit os m ais am plos para ex pressar
relações sociais que m an t ém o seu con t eú do em bora m ude de form a. Assim , os
conceit os de feu do, servidão, servo, sen hor feudal, en t re inúm eros ou t ros, só
ex ist em e possuem sent ido na sociedade feudal, assim com o t rabalho, cult u ra,
sociedade, en t re in úm eros ou t ros, são ex pressões de sem elhanças ent re est a
sociedade e as dem ais, pois se t rat a de conceit os un iv ersais. No ent ant o, a
dem ocracia m odern a, represent at iva, burgu esa, ou qualquer nom e que se lhe dê, é
um conceit o específ ico e próprio da sociedade m odern a.

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Já o conceit o de au t ogest ão n ão expressa nenhu m a realidade j á exist ent e.
Obv iam ent e que se pode ut ilizar a palav ra em out ros sen t idos, t al com o se definir
au t ogest ão en qu ant o “ cooperat iv a” , com o algun s fazem . Mas pensar aut ogest ão no
sent ido ant eriorm ent e delim it ado, enquant o relação de produção qu e se gen eraliza
para t odas as relações sociais, ent ão é um conceit o ant ecipador, qu e expressa um a
realidade ainda- não- exist ent e. A au t ogest ão seria o conceit o fu ndam ent al de um a
sociedade f ut ura e, port ant o, in com pat ível com relações sociais, e, por conseguint e,
conceit os, de nossa sociedade. Enfim , por t al m ot ivo au t ogest ão social é dist int a e
incom pat ív el com dem ocracia represent at iva.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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Marin gá/ PR. N 4 8, m aio/ 20 05. h t t p: / / www.espacoacadem ico.com . br/ 048 / 48
cv iana.ht m

RESUMO:
Os t erm os dem ocracia e aut ogest ão são considerados, para alguns, com o opost os
e, para ou t ros, com o com plem ent ares. A form a de relacionar dem ocracia e
au t ogest ão depende da definição e significado at ribu ídos a est es t erm os. Após
ex porm os as t eses da com plem ent aridade e do an t agon ism o ent re aut ogest ão e
dem ocracia, apresen t am os u m a discussão con ceit ual e n ossa própria defin ição
dest es t erm os, apresent ando a part ir dist o a t ese de sua incom pat ibilidade ent re
am bos derivada de su a h ist oricidade.

Palavras- Ch av e: dem ocracia represent at iva, aut ogest ão social, relações de


produção, conceit os, hist oricidade,

Abst ract :
Th e ex pressions dem ocracy an d self- gov ernm en t are seen, a lot of t im es, in t he
hist ory of t h e polit ical t h ou ght , as being opposit e, an d, ot her t im es, as being
com plem ent al. Th e form of relat in g dem ocracy and self- gov ernm en t depen ds on
t he definit ion an d m ean ing of t h e t erm s dem ocracy an d self - gov ern m ent . Aft er
t erm s ex posed t h e t h eses of t he com plem ent arit y an d of t he in com pat ibilit y
bet ween self- gov ernm en t and dem ocracy , we presen t ed a concept ual discussion
an d ou r self- governm ent defin it ion and dem ocracy, presen t ing st art ing from t his
t he t hesis of y our derived in com pat ibilit y of y ou r hist orical charact er.
Word- key: represen t at iv e dem ocracy, social self- governm ent , produ ct ion
relat ionships, concept s, hist orical charact er.

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Dem ocracia e au t o- gest ão Nildo Vian a

* Professor da Universidade Est adu al de Goiás e Dout or em Sociologia/ Un B. Em ail:


nildoviana@t erra.com .br

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