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DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL | 2022
Introdução
Ensinar as crianças a ler, a escrever e a expressar as suas ideias com clareza, são das mais
importantes funções dos professores. (Lundberg, I. 1999)
Um dos muitos problemas, com que a escola se depara, tem que ver com o insucesso
escolar dos alunos. Somos confrontados com alunos cujo perfil requer uma análise atenta e
rigorosa, no sentido de aferir acerca das discrepâncias entre o seu potencial cognitivo e o
seu baixo desempenho em áreas da aprendizagem específicas. “Algumas crianças,
independentemente das suas inteligências normais, das suas adequadas acuidades
sensoriais, dos seus adequados comportamentos motores e socioemocionais, não
aprendem normalmente a ler, a escrever e a contar” (Fonseca, 2008, p.13).
Dentro do grupo das NEE, são as dificuldades de aprendizagem que representam a maior
percentagem, com uma taxa de incidência de 48% – cf. Gráfico 1.
Perceber até que ponto tal insucesso pode ter que ver com algum Transtorno de
Aprendizagem, é um desafio constante no dia-a-dia de um professor. Diagnosticar,
programar e planificar de forma adequada, pode evitar no aluno problemas, como baixa
autoestima, depressão e ainda segundo Correia (2004), pode inverter os níveis assustadores
de absentismo, insucesso e abandono escolar. Porém, muitos professores e a sociedade em
geral ainda confundem transtornos de aprendizagem ou dificuldades especificas com
dificuldades de aprendizagem, e quando isso acontece regra geral o aluno é rotulado de
preguiçoso, desleixado e desinteressado. A falta de informação pode impedir o
reconhecimento e identificação desses distúrbios nos alunos, resultando no diagnóstico
tardio, trazendo consequências negativas para o processo ensino aprendizagem que vão
com certeza refletir-se ao longo da vida inteira e gerar uma série de limitações.
Disgrafia
Deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “grafia” (escrita), a Disgrafia é, portanto, uma
perturbação de origem neurobiológica. Ou seja, é “uma perturbação de tipo funcional que
afeta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao seu traçado ou à grafia.”
(Torres & Fernández, 2001, p. 127); prende-se com a “codificação escrita (...), com
problemas de execução gráfica e de escrita das palavras” (Cruz, 2009, p. 180).
Regra geral, segundo Freitas (2004) as principais características da escrita de uma criança
disgráfica verifica-se da seguinte forma:
A criança acusa ainda sinais característicos que contribuem para agravar a sua dificuldade,
como sendo “uma postura incorreta, forma incorreta de segurar o lápis ou a caneta,
demasiada pressão ou pressão insuficiente no papel, ritmo da escrita muito lento ou
excessivamente rápido” (A.P.P.D.A.E., 2020); a chamada “letra feia”.
Para entender o distúrbio disgráfico deve ser analisado os dois contextos que o originam:
Partindo deste pressuposto, ganham clara importância os fatores de tipo motor que incidem
sobre a escrita, isto porque, são as alterações nestas capacidades que representam uma
problemática disgráfica.
Requisitos básicos essenciais para o sujeito escrever corretamente, segundo Vayer (citado
por Torres e Fernández, 2001):
Obviamente que uma criança quando esta a aprender a escrever, apresenta dificuldades no
traçado das letras. Assim sendo, durante este período o professor deverá estar atento e dar
orientações necessárias para que os alunos realizem de forma correta a escrita, evitando
traçados incorretos que poderão evoluir para um quadro de disgrafia.
Causas
Estudar a causa da disgrafia poderá ser complexo, isto porque existem muitos fatores que
podem levar a uma escrita alterada.
Contudo, Torres & Fernández (2001) agrupam em três tipos as causas da disgrafia:
maturativas, carateriais e pedagógicas.
Sinais de alerta
Caraterização
Vários autores têm sugerido caraterísticas comuns às crianças com disgrafia. No entanto, é
importante saber que a apresentação de apenas um/dois dos comportamentos que se
seguem não é suficiente para confirmar esta problemática. A criança deverá revelar o
conjunto das seguintes condições:
Letra muito grande (macrografia) ou pequena (micrografia);
Forma das letras irreconhecível, ou seja, quando a escrita é praticamente
indecifrável;
Traçado exagerado e grosso (que vinca o papel) ou demasiado suave e
impercetível;
Escrita demasiado rápida ou lenta;
Grafismo trémulo ou com uma marcada irregularidade, dando origem a
variações no tamanho dos grafemas;
Espaçamento irregular das letras ou das palavras, ou seja, as palavras
podem aparecer sobrepostas, ilegíveis ou desligadas ou, pelo contrário,
demasiado juntas;
Erros e borrões, que quase não deixam possibilidade para a leitura da escrita,
apesar da criança conseguir ler o que escreve;
Desorganização geral na folha, quer por orientação espacial, e/ou
desorganização do texto, isto porque não observam a margem ou linha
demarcada para a escrita, escrevem subindo e descendo de forma irregular;
Realização inversa dos traçados de algumas letras/números;
Utilização incorreta do lápis ou caneta.
Intervenção
Torres & Fernández (2001), apesar de seguir as mesmas propostas, ou seja, a importância
do treino de aspetos psicomotores e aspetos relacionados com o grafismo, acrescentam a
necessidade de se contemplarem técnicas de relaxamento global e segmentar, que podem
ajudar a criança a reduzir os índices de ansiedade, frustração, stresse e também baixa
autoestima. Isto porque estas crianças são tímidas, sossegadas (mas inquietas
internamente), com interesse/motivação pela escola reduzidos e principalmente com baixos
níveis de autoestima e autoconceito.
Disortografia
Pereira (2009) define disortografia como uma perturbação que afeta as aptidões da escrita e
que se traduz na manifestação de dificuldades persistentes e recorrentes, na capacidade da
criança produzir textos. De acordo com Barbeiro (2007) refere-se à dificuldade de escrita
que compromete a aprendizagem e a automatização dos processos responsáveis pela
representação ortográfica apropriada.
Este transtorno específico da escrita pode estar associado à dislexia, entretanto, alguns
alunos também podem apresentar alterações na escrita no decurso da falta de competências
técnicas e pedagógicas do docente relativamente a esta condição específica, ou seja, o
professor não utiliza metodologias e procedimentos eficazes no ensino da ortografia e da
gramática.
Causas
Citoler (1996, cit. por Cruz, 2009) apresenta como fatores potencialmente justificativos das
dificuldades disortográficas:
Para Torres & Fernández (2001), por outro lado, as causas da disortografia estão
relacionadas com aspetos percetivos, intelectuais, linguísticos, afetivo-emocionais e
pedagógicos.
Por último, as causas de tipo pedagógico remetem para métodos de ensino desadequados:
por exemplo, quando o professor se limite à utilização frequente do ditado, que não se
ajusta às necessidades individuais dos alunos e não respeita os seus ritmos de
aprendizagem. Assim, embora fornecendo nomenclaturas diferentes, os dois autores
completam-se, sendo indispensável considerar os seus respetivos contributos para que
possam encontrar-se, de uma forma abrangente, todas as possíveis origens desta
problemática.
Caracterização
1 - Disortografia temporal – situação em que o sujeito não é capaz de ter uma visão clara
dos aspetos fonéticos da cadeia falada com a ordenação e separação dos elementos.
Para este autor a disortografia compreende apenas erros na escrita, pois o sujeito
disortográfico não tem que necessariamente apresentar erros na leitura.
De uma forma geral, a caraterística mais comum nas crianças com disortografia é, sem
dúvida, a ocorrência de erros ortográficos, sejam estes de caráter linguístico-percetivo,
visoespacial, visoanalítico, de conteúdo ou referentes às regras de ortografia. No entanto,
quando intervimos junto destes indivíduos, devemos ter a noção de que outros aspetos
estão envolvidos no ato da escrita e, consequentemente, importa trabalhá-los.
A intervenção junto de alunos com disortografia não deve obedecer a um único modelo em
concreto, mas sim a uma variedade de técnicas que tenham em conta não apenas a correção
dos erros ortográficos, mas também a perceção auditiva, visual e espácio temporal, bem
como a memória auditiva e visual.
Revela-se importante que o docente observe as trocas mais frequentes que o aluno efetua,
de modo a planificar e realizar atividades mais diretas, relacionadas com essas dificuldades.
Trabalhar numa vertente lúdica, incentivar a brincadeira, o jogo e a música, para que a
criança tenda a interessar-se pela atividade.
Por outro lado, é importante, também, que se diferenciem os erros de ortografia das falhas
na compreensão e, consequentemente, da possibilidade de elaboração de respostas. No
momento da avaliação, é importante dar-lhe mais tempo para responder às questões e/ou
certificar-se de que os enunciados/questões foram compreendidos; privilegiar a expressão
oral também poderá ser uma boa estratégia.
Não devemos considerar as dificuldades de aprendizagem, como algo sem solução, mas
sim como um desafio diário que faz parte deste processo. Identificar precocemente a
complexidade, para que as devidas medidas sejam tomadas, evitando assim o sofrimento
prolongado do aluno. Urge estabelecer relações do conteúdo que o aluno já aprendeu com
o que está a aprender. A sala de aula deve ser um ambiente agradável e favorável à
aprendizagem. Promover valorização das habilidades, atitudes e conhecimento que o aluno
tem, dá-lhe oportunidade a que possa desenvolvê-las de maneira satisfatória. O Educador
deve despertar a curiosidade e o interesse do discente, assim o ato de ensinar e aprender
torna-se eficaz e aprazível.
Para finalizar, importa acrescentar que qualquer que seja o procedimento a adotar, é
importante que o educador (seja ele o professor, o psicólogo, o pai, o tio ou o irmão) tenha
em conta as reais habilidades e dificuldades da criança e seja capaz de planear um conjunto
de atividades que vão ao encontro dessas (in)capacidades específicas.
Considerações finais
Para tal, e para que tal aconteça, é fundamental que os professores compreendam as
particularidades, as limitações e as potencialidades de todos os alunos, com especial
atenção os diagnosticados com Dificuldades Especificas da Aprendizagem, mais
concretamente a Disgrafia.
O educador que trabalha com uma criança com disgrafia deve procurar conhecê-la muito
bem, para saber quais são as suas dificuldades, mas sobretudo as suas potencialidades, para
depois solicitar-lhe a realização de atividades que possam ser bem sucedidas e,
consequentemente, motivá-la para a realização de tarefas mais complexas. Deve também,
saber quando é realmente necessária a sua intervenção e qual a melhor forma de proceder,
e não esquecer de elogiar a criança mesmo que os progressos sejam mínimos. Por último, e
de forma mais especifica, deve fazer atividades que estimulem não só o desenvolvimento
psicomotor da criança, mas sobretudo, preocupar-se com os aspetos relacionados com a
qualidade da escrita.
Atualmente, este continua a ser o grande desafio que se coloca às escolas: encontrar, para
cada indivíduo com dificuldades, as respostas adequadas às suas necessidades específicas,
Urge, portanto, que os docentes (das várias disciplinas do ensino regular e do ensino
especial), mas também os psicólogos, os psicopedagogos e todos os outros profissionais,
que diariamente interagem com estas crianças, estejam preparados para realizar uma
intervenção adequada às necessidades dos seus alunos. E também o papel dos pais, em
articulação com os outros profissionais, é de fulcral importância no desenvolvimento dos
seus educandos, pois embora a criança passe grande parte do dia na escola, não deixa de
procurar em casa a compreensão e auxílio perante as suas dificuldades.
Importa ainda realçar que estas crianças podem precisar de apoio reforçado em momentos
muito precisos do seu percurso escolar, tornando-se indispensável que, os que as
acompanham no seu percurso escolar reúnam as ferramentas necessárias para identificarem
esses períodos e responderem de forma célere e eficaz, o que poderá fazer toda a diferença
num futuro próximo.
Referências Bibliográficas