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Faculdade de Ciências e Tecnologia

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

GEOGRAFIA DA VIDA CAMPONESA:


Espaços de vida, espaços de produção no Assentamento Nova Conquista

PROJETO DE PESQUISA

Candidata: Ana Lúcia Teixeira


Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Feliciano

PRESIDENTE PRUDENTE – SP
FEVEREIRO DE 2013
Sumário

RESUMO.......................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA: ................................................... 4
2. OBJETIVO GERAL: .............................................................................................. 11
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ......................................................................... 11
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 12
4. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 13
5. PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ........................ 14
5.1. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO................................................................ 15
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 16

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RESUMO

Palco de intensos conflitos fundiários, a região do Pontal do Paranapanema traz em seu


cerne, uma história de grilagens por parte de latifundiários e de luta dos camponeses num
primeiro momento pela terra e posteriormente pela permanência nela, evidenciando ainda
a luta dos sujeitos pela reprodução de relações sociais de produção distintas das formas
capitalistas. O assentamento configura-se como a unidade territorial camponesa, que
abrange os espaços de cada unidade (lote), dedicados a produção voltada para o
autoconsumo que suprem diretamente as necessidades do espaço doméstico e espaços
dedicados à produção para a comercialização. Neste contexto, abordaremos o território
objeto desta proposta, o Assentamento Nova Conquista, que contém 104 unidades sendo
que destes 77 localizam-se no município de Rancharia-SP e 27 no município de
Martinópolis-SP. Buscar-se-á com base no cenário supracitado, a compreensão do
processo de formação da unidade territorial camponesa, bem como as formas de
socialização existentes e suas relações com os demais setores da sociedade , no contexto
de um arranjo territorial específico através da análise dos espaços doméstico e o de
produção. A referida busca configura-se como o questionamento central desta proposta
de trabalho, em que investigar os conflitos e as relações que a unidade territorial mantém
com o Estado e com a sociedade no geral, torna-se basilar para que o trabalho possa servir
de subsidio para uma atuação de assentados e poder local em prol da realidade pesquisada.

Palavras chave: espaço de consumo, espaço de produção; território; Estado; Pontal do


Paranapanema

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA:

Localizada a oeste do Estado de São Paulo, a região denominada Pontal do

Paranapanema, constitui-se num território marcado por intensos conflitos fundiários.

Segundo Passos (2004, p.177), o Pontal do Paranapanema “é uma mesopotâmia limitada

ao norte pelo rio Paraná, ao sul pelo rio Paranapanema, a oeste pela confluência desses

dois rios. O seu limite leste deslocou-se ao sabor do avanço da fronteira agrícola”.

Leite (1999) nos diz que, no “processo de ocupação de terras, então reservadas,

tudo era válido: o suborno de escrivães, juízes e promotores; o compadresco político e,

eventualmente, o recurso às armas de grupos de jagunços e soldo dos interessados”. A

prática da grilagem foi amplamente disseminada entre os grandes proprietários da região,

concentrando grandes propriedades (antes áreas de reservas florestais).

As áreas de reservas foram devastadas, pois uma quantidade considerável de

pessoas chegavam na região por volta de 1940 e 1950, as ações eram no sentido de abrir

espaço para as propriedades. Assim num primeiro momento ocorreu a frente de expansão

que segundo Martins (1975,p.46), a principal caraterística é o uso privado de terras

devolutas, todavia esta não é utilizada como mercadoria e seus principais atores são

ocupantes ou posseiros. Os novos “desbravadores” não apresentavam o menor pudor de

invadir terras devolutas (Leite, 1999). Sobre a frente pioneira que veio posteriormente,

Martins (1975,p.47) nos revela que esta caracteriza-se pelo empreendimento econômico:

“empresas imobiliárias, ferroviárias, comerciais, bancarias etc” a terra neste caso não é

ocupada, mas comprada ou seja, a terra transformada em mercadoria. Os grandes

latifúndios atualmente nos apontam, para o fato de que os grandes proprietários foram os

que mais se beneficiaram, nessa invasão de terras devolutas, visto o predomínio das

fazendas na região.

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Dentre os embates ocorridos na região, protagonizados por movimentos sociais

(principalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) versus União Democrática

Ruralista (protagonizada por pecuaristas), temos então, a luta dos assentados pela

reprodução de relações sociais de produção distintas das formas capitalistas.

De acordo com Tavares dos Santos (apud Oliveira (2007, p.41-42),os elementos

estruturais da produção camponesa constitui-se assim no diferencial dessa classe em

relações as formas de produção capitalistas (assalariamento), sendo eles:

• a “força de trabalho familiar” que segundo Oliveira é fundamental para o

trabalho na unidade camponesa;

• “Ajuda Mútua entre os camponeses” que fundamenta-se na prática do mutirão

ou auxilio simples nos dias de trabalho entre eles;

• “parceria” decorre da ausência de condições financeiras e ao contratar um

parceiro os custos e também os lucros são divididos;

• “trabalho acessório” ocorre quando em determinados períodos o camponês

transforma-se num trabalhador assalariado recebendo então pelo período de

trabalho;

• “jornada de trabalho assalariada” ocorre quando em momentos que exigem a

realização de tarefas com uma certa rapidez num ciclo agrícola o camponês

começa a combinar a força de trabalho familiar e assalariada;

• “socialização do camponês” é fundamental na medida em que por meio desta

as crianças são inseridas como elementos da divisão social do trabalho;

• “propriedade da terra” que na unidade camponesa segundo Oliveira (2007) é

a propriedade familiar, é terra de trabalho e não instrumento de exploração.

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• “propriedade dos meios de produção” em que na maioria dos casos, parte

destes meios é adquirida (mercadoria) e a outra parte é produzida pelos

camponeses;

• “jornada de trabalho” em que não há rigidez de horário sendo que esta varia

de acordo com a época do ano e os produtos cultivados.

A compreensão desses elementos da classe camponesa indicados é fundamental

para relacionarmos com a comunidade que pretendemos pesquisar.

Neste contexto após muito confronto e um processo intenso de ocupações de terras

foi conquistada a unidade territorial objeto desta pesquisa: o Assentamento Nova

Conquista. O Assentamento contém 104 lotes sendo que destes, 77 localizam - se no

município de Rancharia - SP e 27 no município de Martinópolis – SP, compreendendo

uma área total de 2.493,12 hectares, englobando estradas, ribeirões, áreas de mata e de

preservação ambiental e espaço comunitário. As fazendas: Faxinal (Bairro Rural Laranja

Doce – Martinópolis) e a Matão e São João da Mata (Bairro Rural Bartira – Rancharia)

foram as fazendas desapropriadas para a implantação do PA. (Fernandes, 1999).

A tabela a seguir elaborada no plano de desenvolvimento sustentável do

assentamento sob coordenação de Fernandes (1999), nos mostra dados já evidenciados

no parágrafo anterior e dados referentes ao tamanho das áreas destinadas a diversos fins

no assentamento:

CARACTERIZAÇÃO DO PA NOVA CONQUISTA - RANCHARIA


Denominação do imóvel PA Nova Conquista

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Coordenação regional ITESP-CR-X – Presidente Prudente
Municípios onde se localiza o assentamento Rancharia e Martinópolis
Número de lotes localizados em Rancharia 77
Número de lotes localizados em Martinópolis 27
Total de lotes 104
Número de famílias assentadas 104
Número de famílias excedentes 07
Data de criação do PA 14 de Dezembro de 1995
Período do assentamento emergencial 1996/1998
Assentamento definitivo Outubro de 1998
Área total 2.493,12 há
Área útil 1.860,26 há
Área requerida para reserva legal 502,64
Área de preservação permanente 106,11
Total de reservas florestais 608,65
Reservas averbadas 476,82
Total de lotes em área de mata 37
Estrada 29,64 há
Centro de equipamentos e serviços 3,32 há
Área média das parcelas 18,1 há
Fonte: Fernandes, 1999.

Para estudarmos esta realidade é necessário realizar uma revisão bibliográfica

sobre os conceitos que se referem a essas unidades camponesas e sua composição no

intuito de apreender sobre o universo empírico deste projeto.

Dentre estes evidenciamos inicialmente os estudos realizados por Heredia (1979)

sobre a organização interna de unidades de produção camponesa, na região nordeste do

Brasil; A autora destaca que a unidade camponesa é ao mesmo tempo unidade de

produção e unidade de consumo, num estudo sobre a oposição casa – roçado, verificando

ainda que os membros que compõem tal unidade estão “relacionados a priori ao processo

produtivo e mediante laços de parentesco” (Heredia, 1979, p.17).

Em um estudo sobre territorialização camponesa no estado paulista, Bombardi

(2004, p.324) define essa unidade como sitio onde este constitui-se numa

“materialização, no sentido literal do termo, dos conhecimentos que foram adquiridos

ao longo de gerações, e também daqueles que são adquiridos por meio da troca de

informações com os vizinhos”. A autora ainda nos direciona sobre a visão que os sujeitos

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têm da unidade territorial em tela, sendo que através de um acumulo de conhecimentos

estes tem a noção do que é belo e do que constitui-se como um trabalho realizado com

capricho e dedicação.

No que concerne às análises sobre o espaço doméstico e mais especificamente ao

reassentamento de famílias ribeirinhas no Pontal do Paranapanema – SP, Rebouças

(2000) nos diz que,

No espaço doméstico, a sociabilidade esta concentrada no núcleo


familiar que rege tanto as atividades do domínio roça – pasto, quanto as
do domínio casa – quintal. No espaço local, a unidade social é um pouco
mais abrangente, incluindo a vizinhança e as áreas comuns que
circundam cada unidade doméstica, a mata, o riacho, o rio. O espaço
regional já inclui elementos externos aos demais domínios, cujo acesso
possibilita as experiências sociais envolvidas na vida pública dos
passeios e saídas para as cidades vilarejos vizinhos (Rebouças, 2000,
p.95).

Garcia Jr. (1983) no livro intitulado Terra de Trabalho nos direciona, para a

necessidade de estudar as atividades desenvolvidas dentro da casa e as relações existentes

em cada cômodo desta. Sucintamente o autor descreve que,

Nos quartos, o dormir; na sala de janta, o comer; na sala de visitas, o


contato com o mundo exterior à família. Note – se que as atividades
artesanais domésticas, como costurar, que se destinam à venda ao
mundo exterior, á rede de parentesco e vizinhança, se realizam na parte
“mais externa” da casa, a sala de visita (Garcia Jr, 1983, p.173).

Na mesma unidade territorial (Lote) encontramos o espaço de produção. No

âmbito do espaço de produção verificamos de acordo com as bibliografias, que o roçado

adquire um caráter de maior importância em relação à casa, pois este é que provém a

unidade doméstica dos produtos para o consumo (Heredia, 1978).

O roçado é também um espaço de trabalho tradicionalmente masculino em

oposição às atividades domésticas que são de caráter feminino. As mulheres podem em

alguns momentos auxiliar os homens no roçado, pois algumas atividades como plantar

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são destinadas a elas, mas nunca em caráter integral apenas se o homem estiver por algum

motivo, impossibilitado de realizar as tarefas do roçado (Heredia, 1978).

Ainda no que concerne ao espaço de produção, devemos levar em consideração

no que se refere aos assentamentos rurais, o fato de que esses espaços variam de acordo

com o planejamento de cada assentamento, pois quando encontramos famílias que

residem numa agrovila o espaço de produção não é contiguo ao espaço doméstico.

(ITESP/UNIARA, 2003).

Frequentemente, encontramos nos espaços de produção dos assentamentos do

Estado de São Paulo, o plantio em consórcio onde há uma cultura destinada a

comercialização e outras destinadas ao autoconsumo. Um exemplo mais comum é

“encontrar o cultivo de plantas de pequeno porte (abóbora, quiabo) entre as fileiras das

culturas de café ou de outras espécies de maior porte”. Os produtos do roçado

normalmente localizam-se em áreas mais distantes da moradia ocorrendo o mesmo com

os pastos onde se desenvolve a produção leiteira (Itesp/ Uniara, 2003, p.38).

Sobre o autoconsumo verificaremos os estudos de Catia Grisa que realiza um

trabalho sobre “A produção pro gasto” em três municípios do Rio Grande do Sul. Sobre

autoconsumo a autora nos revela que,

Ao produzir para o autoconsumo as unidades familiares dispõe de maior


controle sobre uma das dimensões mais significativas para a sua
reprodução social: a alimentação. Além disso, trata – se de uma forma
de minimizar as exposições das famílias as relações mercantis e é uma
fonte de renda não monetária, que inserida no escopo da diversificação
dos modos de vida, proporciona maior estabilidade e segurança as
mesmas (Grisa, 2007, p.28).

Referenciando-se em Ploeg (2006), Grisa nos revela que o autoconsumo trata-se

de uma forma de co-produção gerada através de uma relação entre homem/ trabalho/

natureza ; “onde a maioria dos recursos necessários à produção encontra – se disponível

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localmente e cabe ao agricultor articular os conhecimentos indispensáveis à

artesanalidade que este tipo de produção geralmente envolve”. (Grisa, 2007, p.48).

Com base no trabalho supracitado indicamos ou concluímos que se torna relevante

o estudo da temática, visto que a compreensão dos aspectos internos que compõe o

Assentamento Nova Conquista, bem como os aspectos de cada uma de suas unidades

territoriais e de suas relações com os agentes externos, nos auxilia na compreensão de

uma realidade de amplitude bem maior. Ao estudarmos a temática, temos a pretensão de

identificar as singularidades do Assentamento, todavia buscar o entendimento dos

aspectos que se fazem presentes também numa escala regional.

Entendemos que os sujeitos sociais em estudo compõem uma parte da sociedade que

exerce uma função diferenciada, contraditória a lógica capitalista em que as estratégias

de produção (já citadas) são múltiplas e garantem a reprodução da família camponesa.

O trabalho sobre a unidade territorial torna-se fundamental e atual, pois esta é o espaço

de vida do camponês onde localiza-se a moradia da família, espaço repleto de

significados, pois constitui-se na unidade de produção dedicada predominantemente a

agropecuária. Esta unidade é responsável pela produção de alimentos saudáveis, em que

parte de sua produção esta subordinada ao sistema capitalista devido ao fato de que este

estabelece os preços da mercadoria. (Fernandes, 2012).

Busca-se com o estudo, também trazer uma análise que forneça subsídios para o

trabalho de pesquisadores que queiram se aprofundar no tema, entretanto, o intuito maior

desta é fornecer aos assentados e ao poder público um trabalho que disponibilize

informações para que sejam planejadas intervenções reais neste território.

O projeto trará o estudo sobre elementos e estruturas que compõem uma classe social

e que poderá se aplicar a outras unidades camponesas, resguardando suas especificidades.

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OBJETIVO GERAL:

Temos como proposta de estudo compreender o processo de formação da unidade

territorial camponesa, bem como, as formas de socialização existentes e suas relações

com o poder público, no contexto de um arranjo territorial específico através da análise

do espaço doméstico e o de produção. Tendo como objeto de pesquisa a formação do

Assentamento Nova Conquista localizado no município de Rancharia-SP.

1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Compreender a formação de uma unidade territorial camponesa (Assentamento

Nova Conquista);

2. Entender as configurações do arranjo territorial das unidades (lotes) em evidência;

3. Analisar os processos e a conflitualidade que se dão no interior da unidade

territorial através da produção voltada para o autoconsumo e para a

comercialização;

4. Analisar a configuração geográfica do espaço doméstico e o de produção no

assentamento;

5. Buscar a compreensão das relações que se dão entre os assentados e os demais

sujeitos e instituições que se relaciona com atores numa escala local;

6. Identificar as formas de socialização e os conflitos existentes no território;

7. Compreender as principais relações que a unidade territorial mantém com o

Estado e com a sociedade no geral.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização da pesquisa, o primeiro recurso consultado será a pesquisa

bibliográfica, que visa o aprofundamento teórico sobre o tema. Este recurso será utilizado

em diferentes momentos da pesquisa, pois na medida em que desvendamos parte da

realidade é necessário recorrermos frequentemente as nossas bases teóricas. Os conceitos

de território, espaços de consumo, espaços de produção, Estado e unidade camponesa

serão estudados neste projeto, pois constitui-se numa parte fundamental da pesquisa.

A Observação Participante constituiu-se numa técnica fundamental para a

pesquisa. Técnica que deriva da Antropologia Social permitindo uma verticalização do

pesquisador na realidade e nas atividades cotidianas, em que o “participante torna-se parte

de um grupo ou organização para entendê-los” (May 2004, p.174). Esta é necessária na

medida em que nos propomos a investigar as relações que se dão no interior do

assentamento, assim como o envolvimento dos sujeitos em situações cotidianas que só

poderão ser contempladas se a observação for realizada, de forma a obter-se uma maior

clareza do dia-a-dia e das estratégias do conjunto de agentes que a investigação visa

acompanhar. Utilizaremos tal técnica na medida em que desenvolvemos os trabalhos de

campo.

Serão construídos diários de campo em vários momentos da realização de cada

trabalho de campo, pois segundo Lima (2002, p.143)

O diário de campo pode ser compreendido, em primeira


instância, como um instrumento pessoal de coleta de dados de
pesquisa. No entanto, cabe ressaltar como o grupo faz uso desta
prática, exercitando – a não somente como uma descrição de
fatos emergentes nas idas a campo. Antes de pensar os diários de
campo como simples coleta de dados, é preciso entender que este
consegue ir além desta função, quando favorece uma abertura
para expressar preocupações que guiam o pesquisador no interior
da pesquisa (LIMA, 2002, p.143).

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A entrevista oral consiste em mais uma técnica a ser utilizada no projeto. A partir

da escolha adequada de interlocutores (inicialmente as lideranças do assentamento) o

roteiro elaborado buscará privilegiar a posição do interlocutor e o entrevistador não

trabalhara com questões rigidamente pré-fixadas, porém os cuidados com o andamento

da entrevista serão imprescindíveis, pois cabe ao entrevistador nortear toda a ação. O

registro de informações ocorrerá, através da gravação e o entrevistador poderá realizar as

anotações simultâneas, o que é importante também na medida em que funciona como um

novo roteiro que vai se construindo no momento da ação.

A elaboração de croquis e de mapas a partir de trabalhos desenvolvidos através da

cartografia social constitui-se numa importante técnica na medida em que os sujeitos vão

construindo suas representações com base em suas próprias experiências, valorizando seu

processo histórico e os elementos considerados relevantes em seu território. Tais técnicas

fornecerão subsídios para a análise do arranjo espacial dos lotes (espaço doméstico e de

produção) e constituirá uma representação que servirá de subsidio visual e politico, como

ferramenta de luta das famílias para a compreensão da totalidade de unidades territoriais.

O último trabalho que será abordado dentro do processo de pesquisa será a redação

da dissertação, que abrangerá todos os dados coletados por meio das demais metodologias

e que, numa articulação com o referencial teórico, visa a elaboração de um material novo

que pretende acrescentar para a bibliografia referente a assentamentos.

3. FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com base no suporte teórico, que será obtido através do aprofundamento na

bibliografia relacionada ao tema desta proposta, realizaremos as análises sobre os

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materiais de trabalho levantados durante a pesquisa de campo, sendo abordados

entrevistas, questionários e diários de campo.

Os dados serão analisados de forma qualitativa quando abordaremos as

entrevistas, depoimentos, croquis individuais e coletivos. Serão analisados

quantitativamente por meio do tratamento dos dados obtidos através de questionários, que

possibilitarão a construção de tabelas, gráficos, entre outros, contribuindo assim para o

enriquecimento do trabalho.

Os trabalhos desenvolvidos a partir da metodologia da Cartografia Social, poderão

ser apresentados no formato de croquis e mapas temáticos construídos em conjunto com

a comunidade estudada, transformando-se assim como uma ferramenta de luta dos

assentados na compreensão da sua realidade e mais uma forma de análise da pesquisa.

Através da análise empírica da unidade em questão, poderemos mediante

observação e participação obter informações importantes, na medida em que este

privilegia o contato com os camponeses e com outros elementos do território.

A partir dessa somatória de informações teóricas e empíricas, trataremos assim da

elaboração da redação final. O trabalho parcial obtido será apresentado em Simpósios e

encontros, bem como socialização deste com os alunos dos grupos de pesquisa que tratam

da temática, todavia, considero primordial que os resultados da pesquisa atravessem o

âmbito acadêmico e forneça subsídios aos sujeitos e atores que serão aqui abordados.

4. PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

1. Levantamento e revisão bibliográfica;

2. Créditos em disciplinas;

3. Colóquios com o orientador e em grupos de pesquisas com temáticas

semelhantes;

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4. Levantamento de dados secundários: ITESP, INCRA, prefeitura,

secretarias, documentos oficiais sobre a área de estudo etc;

5. Transcrição das entrevistas;

6. Realização dos trabalhos de campo com entrevistas, elaboração dos

croquis, mapas sociais e diários de campo;

7. Análise dos resultados obtidos no trabalho de campo;

8. Relatório do exame de qualificação;

9. Tratamento dos dados e elaboração de tabelas e gráficos;

10. Apresentação de trabalhos em eventos;

11. Redação final da dissertação;

12. Apresentação e defesa.

4.1. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO


ETAPAS 1°trimestre 2°trimestre 3°trimestre. 4°trimestre 5°trimestre 6°trimestre. 7°trimeste 8°trimestre 9°trimestre 10°trimetre
2013 2013 2013 2013 2014 2014 2014 2014 2015 2015

1 X X X X X X

2 X X X X

3 X X X X X

4 X X X X X

5 X X

6 X X X X

7 X

8 X

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9 X X

10 X X X X

11 X X

12 X

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGAMASCO, S.M.P.P. e NORDER, L.A.C. Os impactos regionais dos


assentamentos rurais em São Paulo (1960-1997) in MEDEIROS, L.S.;LEITE,S. (org) A
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Universidade/UFGS/CPEDA, 1999.

BOMBARDI, Larissa Mies. O bairro Reforma Agrária e o processo de


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CHAGAS, Anivaldo Tadeu Roston. Questionário na pesquisa científica. Administração


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FUNDAÇÃO ITESP/UNIARA. Da terra nua ao prato cheio: produção para consumo


familiar nos assentamentos rurais do Estado de São Paulo. (Org) SANTOS,I.P;
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