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Cuidados necessários

em canaris
Sumário
Capítulo 1: Alimentação balanceada no Capítulo 5: Ácaro de traqueia
período reprodutivo
Capítulo 6: Peito Seco
Capítulo 2: Uso indiscriminado
de vitaminas Capítulo 7: Bouba aviária
Capítulo 3: Curiosidades:
Capítulo 8: Problemas nas patas
Por que alguns filhotes já nascem
doentes? Capítulo 9: Diarréia/Coccidiose
O que é a pinta preta em filhotes
Capítulo 10: Problemas Hepáticos
de canário?
Capítulo 4: Canário doente- Capítulo 11: Estresse
O que fazer?
Alimentação
Capítulo 1 balanceada no
período reprodutivo
Os canário são aves granívoras, o que significa que sua dieta é composta quase que
exclusivamente por sementes, que não fornecem todos os nutrientes necessários,
principalmente no período reprodutivo em que as exigências de vitaminas, proteínas e
gorduras aumentam. Por isso, é preciso realizar a suplementação, especialmente nessa época.

Misturas de sementes
Práticas e baratas
Quantidades insuficientes de compostos essenciais; Lisina:
vitaminas A, D, K e E. crescimento da ave

Proporção inadequada de cálcio e fósforo; Metionina e Cisteína:


crescimento das penas
Baixos níveis de aminoácidos essenciais no
desenvolvimento das aves (lisina, metionina e cisteína);
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Minerais Cálcio Está intimamente associado
com fósforo e a vitamina D
Funções: (regula absorção e deposição),
Manutenção dos ossos, músculos e sistema nervoso; sendo que o desequilíbrio entre
Atua também na coagulação do sangue; esses três nutrientes pode
Responsável pela calcificação da casca do ovo. resultar em diversas condições
clínicas comuns em aves de
estimação.
Exigência depende de: Níveis ideais:
Espécie; Entre 0,3% e 0,7%;
Idade; Com proporção de cálcio e fósforo entre
1:1 e 2:1 (mautenção) ou 3:1 (fêmeas
Reprodução;
reprodutoras).
Quantidade de vitamina D da dieta.
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Essa maior necessidade acontece pois para a calcificação da casca do ovo precisa-se
de grandes quantidades de cálcio, que são retiradas dos ossos da fêmea caso não seja
fornecido uma quantidade adequada na dieta. A indicação é aumentar a quantidade de
cálcio na dieta da fêmea reprodutora antes e depois da época de reprodução, fazendo
com que seja o suficiente para a manter ou restaurar a densidade de cálcio ósseo.

Geralmente as rações extrusadas


Alimentações a base de sementes
apresentam níveis de cálcio
Cálcio presente principalmente na casca superiores a 0,7%, tornando a
das semestes
suplementação dispensável.
Animais descascam as sementes

Grande perda do mineral


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Suplementos utilizados:

Suplementos líquidos industrializados:


Avitrin Cálcio e outros suplementos a São mais pobres em cálcio, mas são
base de gluconato e lactato de cálcio. mais solúveis que carbonato, sendo
fornecidos aos animais junto à água
Fontes naturais: do bebedouro. É muito importante
brócolis, folhas de dente de leão, alfafa, lembrar de estar sempre atento à
trevo fresco e laranja, a própria casca variação na proporção entre cálcio e
do ovo; fósforo presente nesses compostos.
carbonato de cálcio presente em blocos
minerais, osso de choco, concha de
ostra.
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Deficiência de Cálcio - Hipocalcemia
Ovos com casca muito fina;
Retenção dos ovos;
Deficiência de mineralização dos ossos;
Osteomalácia com fraturas patológicas
(amolecimento dos ossos);
Excesso de Cálcio - Hipercalcemia
Deformações ósseas;
Calcificação dos tecidos moles;
Sintomas neurológicos.
Nefrocalcinose (calcificação dos rim);
Gota visceral (depósito de cristais nos
tecidos pelo mau funcionamento dos rins);
Diminuição da eclosão;
Aumento da mortalidade de embriões;
Anorexia e fraqueza muscular. 6
Minerais Fósforo

O fósforo tem sua ação ligada ao metabolismo do cálcio, mas sua suplementação não é
necessária em dietas à base de sementes, já que sementes descascadas apresentam
uma quantidade de fósforo suficiente para os animais.

Água A água disponibilizada aos animais é uma potencial forma de


transmissão de doenças, sendo o uso de bebedouros externos a gaiola
é preferencial (facilidade de manuseio e limpeza). Deve-se atentar
necessidade de suplementação ou medicamentos, nesses casos a
água do banho deve ser retirada para evitar que os animais bebam.
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Uso indiscriminado
Capítulo 2
de vitaminas
As vitaminas são divididas em duas grandes categorias:
Lipossolúveis Hidrossolúveis
Solúveis em óleos e gorduras; Solúveis em água;
Vitaminas A, D, E e K. Vitamina C e vitaminas do complexo B,
que são a tiamina (B1), a riboflavina (B2),
niacina (B3), ácido pantotênico (B5),
São armazenadas nos depósitos de
piridoxina (B6), biotina (B7), ácido fólico
lipídios dos tecidos, e isso faz com que
(B9) e cobalamina (B12).
os animais sejam mais resistentes a
deficiência e mais propensos a ter
problemas de toxicidade causados Têm reservas limitadas no organismo,
pelo excesso delas no organismo. esgotando de forma mais rápida, sendo
mais susceptíveis à deficiência.
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É necessário ter cuidado para não ultrapassar as
quantidades máximas de vitaminas suportadas pelo
organismo dos animais e levando a toxicidade. Casos de
hipervitaminose, que é quando alguma vitamina se encontra
em quantidade excessiva no organismo, quase sempre
acontecem por causa do uso de suplementos vitamínicos
em excesso ou sem necessidade. Vamos falar mais sobre
algumas vitaminas e as consequências de suas
hipervitaminoses nas aves.

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Vitaminas Vitaminas A Funções:
Manutenção da visão normal;
É produzida a partir de outras substâncias, Crescimento e imunidade;
chamadas de carotenóides, estão presentes em Reprodução e desenvolvimento
plantas e que são convertidas pelo intestino. dos embriões.

A toxicose ocorre pela utilização indevida, principalmente de suplementos


multivitamínicos, e o excesso pode interferir na absorção de vitamina E do organismo.

Consequências da má utilização

Diminui a atividade Ressecamento da Aumento de infecções,


antioxidante, fertilidade, taxa superfície da pele e dos redução do crescimento e
de eclosão e da sobrevivência olhos dos animais má aparência das plumagens
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Vitaminas Vitaminas E Consequências de
hipervitaminose

Deficiência na mineralização
É um forte antioxidante, que ajuda a reduzir os efeitos
óssea pela diminuição na
prejudiciais causados por oxidantes no organismo, como
absorção de vitamina D
os radicais livres de oxigênio. Tem sua necessidade
aumentada na época reprodutiva, principalmente em
machos, para proteção dos espermatozóides. Redução no armazenamento
Ela é sintetizada apenas em plantas, sendo os óleos da vitamina A
vegetais a fonte mais rica dessa vitamina, também
estando presente nas folhas verdes, sementes e grãos. Alterações no sangue por
deficiência de vitamina K
É uma das vitaminas lipossolúveis menos tóxicas, mas
em doses muito elevadas pode inibir as outras vitaminas
lipossolúveis.
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Vitaminas Vitaminas D

É um fabricada pelo organismo mediante exposição a


radiação UVB, emitida pelo sol, e por isso é importante que
os animais tenham acesso diário à luz solar. É essencial para
absorção do cálcio no intestino e deposição nos ossos.
Outra opção: oferecer Vit D3 na ausência de luz solar. Fonte: Pinterest

Consequências de hipervitaminose

Agravado quando os níveis de


Absorção em excesso
Cálcio e Fósforo da dieta Quadro de hipercalcemia
de Cálcio no intestino
também estão elevados
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Vitaminas Vitaminas C ou Funções:
Ácido Ascórbico Antioxidante e sequestradora
É encontrada em frutos frescos e vegetais de de radicais livres;
folhas verdes, e, por ser hidrossolúvel, o Síntese de colágeno,
consumo elevado tem baixa toxicidade. hormônios, ácidos graxos;
O organismo pode transformar a vitamina em Metabolismo de alguns
outras moléculas, como o ácido oxálico, que, ao fármacos.
contrário da vitamina C, possui uma toxicidade
mais elevada, que se liga ao cálcio e ao cobre
do sangue, impedindo o uso pelo organismo, Tem sua necessidade aumentada
podendo resultar em deficiência no crescimento quando as aves estão em situação de
e diminuição da elastina, que é uma substância estresse, o que torna necessária sua
importante para a conservação das veias e suplementação.
artérias.
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A suplementação é necessária especialmente na época reprodutiva, mas só deve ser
feita com conhecimento da composição nutricional da dieta, do suplemento e das
exigências nutricionais específicas das espécies. Também é importante prestar atenção no
modo como esse suplementos é fornecido, em forma de comprimidos, suspensões,
soluções, pós de revestimento ou pellets.
Através da água
Pó de revestimento Pallets
Solução muito instável,
Pouco efetivo, pois as Costumam ser rejeitados,
tem consumo muito
aves removem a casca o que reduz sua eficácia
variável e a presença de
das sementes antes de pela desproporção em
alguns minerais na água
ingerir, separando o pó relação a quantidade de
podem destruir as
do alimento; sementes ingeridas;
vitaminas.

Por isso, é preciso escolher qual é o método mais adequado


para oferecer a suplementação. 14
Capítulo 3 Curiosidades
Por que alguns filhotes já nascem doentes?

O Sistema Imune é um sistema composto células


derivadas da medula óssea que nas aves são
Intestino
desenvolvidas na bursa de Fabricius, órgão do sistema
linfóide localizado próximo ao final do intestino, e no timo.
Bursa de Fabricius: desenvolvimento e maturação dos
linfócitos B, que atuam na produção de anticorpos Timo
contra patógenos; Bursa de
Fabricius
Timo: órgão linfóide localizado no pescoço das aves, Medula óssea
onde há diferenciação dos linfócitos T, que são
responsáveis por reconhecer a presença de patógenos Fonte: Lunes, 2007 (adaptado).
no organismo e induzir o combate a eles.
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Filhotes:
Não nascem com o sistema imune totalmente formado

Desenvolvimento concluído ente 3ª a 6ª semana de vida

Muito dependentes da imunidade passiva (transmitida dos pais para os filhos)


e dos anticorpos que adquiriram ainda dentro do ovo

Nem todos possuem a mesma probabilidade de sobrevivência, devido a


eventuais problemas como malformação, baixo peso e rejeição dos pais

Além disso, o sistema de regulação da temperatura ainda não é totalmente eficiente


nos primeiros momentos de vida, tornando os filhotes susceptíveis a hipotermia, o
que diminui o metabolismo, resultando em menor absorção de água e alimentos pelo
intestino, levando a desidratação e eventualmente a morte do recém nascido.
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O que é a pinta preta em filhotes de canário?

A doença conhecida como Pinta Preta é uma


doença causada pelo Circovírus, quando atinge
recém nascidos ou filhotes apresenta altas taxas
de mortalidade (acima de 90%), em decorrência a
doenças secundárias. Isso porque o vírus afeta a
bursa de Fabricius (órgão essencial para o sistema
imune das aves).

Quando as aves são infectadas antes da


maturação do sistema imune, o desenvolvimento
do mesmo é prejudicado, aumentando a Fonte: canariosbelga.com.br
susceptibilidade a infecções secundárias.
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Transmissão: Sinais Clínicos:
Rota horizontal: de um pássaro para o Filhotes: aumento abdominal e
outro, por via feco-oral ou pelo pó congestão da vesícula biliar, que leva
contido nas penas; ao aparecimento de uma mancha
Rota vertical: da mãe para o ovo - pouco negra na pele;
comum em canários pela existência de Adultos: anorexia, cansaço, fraqueza
anticorpos protetores no ovo. e desordem das penas.

Diagnóstico: Tratamento:
Reconhecimento de corpos de inclusão Uso de antibióticos para eliminar
no interior das células atingidas durante a as infecções secundária;
multiplicação do vírus, no tecido bursa de Isolamento dos animais doentes
Fabricius; logo após o nascimento.
Visualização de partículas virais em um
microscópio eletrônico. 18
Canário doente -
Capítulo 4
O que fazer?
Como identificar um canário doente?
Assim como os seres humanos, as Quando o canário está doente,
aves também tem comportamentos geralmente, esses comportamentos
típicos de sua espécie, no caso dos são interrompidos ou saem do padrão.
canários, eles podem exibi-los através Algumas manifestações perceptíveis
do canto, emissão de diferentes sons e são:
expressões com seus corpos Apatia;
Falta de apetite;
Emagrecimento;
Regurgitação;
Secreções;
Alterações na cor e textura das fezes;
Alterações da condição da casca do
ovo e das penas
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O que fazer quando encontrar
um canário doente?
Ao identificar alguns desses sinais, é importante que o criador isole a ave das demais,
em uma gaiola separada fazendo uma quarentena, de no mínimo 21 dias, que também é
recomendada quando uma nova ave está sendo introduzida no plantel.

Além disso, deve-se recorrer a Outro passo a se seguir é a


um médico veterinário, para que higienação do recinto, da gaiola,
se possa prosseguir com a conduta do bebedouro e do comedouro
de tratamento específica para a da ave doente, para evitar que a
doença. doença se propague para os outros
O uso indiscriminado de antibióticos canários, caso seja uma afecção
pode gerar resistência, consulte um contagiosa
veterinário! 20
Temperatura Como prosseguir?
Quando o canário está doente, Utilizar uma fonte de calor para
também é comum que haja manter a gaiola aquecida, como
manifestação de hipotermia, que é uma lâmpada por exemplo. É
uma diminuição da temperatura indicado manter a temperatura
corporal, para isso, deve-se aquecer entre 30-35 °C nos primeiros 3 dias
o animal para estabilizar sua e ir diminuindo gradualmente
temperatura. depois
Para identificar se uma ave está Além disso, é bom manter a gaiola
passando frio, podemos observar protegida de correntes de ar e é
dois sinais clássicos: ela eriça suas muito importante manter a ave
penas e fica mais quieta em algum hidratada, com água sempre limpa e
canto da gaiola. fresca.

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Capítulo 5 Ácaro de traqueia
O que são ácaros de traqueia? Transmissão
O meio de transmissão ainda é
pouco conhecido, mas estudos
São os principais ectoparasitas que sugerem que pode ser por
acometem as aves, geralmente não causam contato direto entre a cavidade
muitos danos a saúde, exceto em grandes nasal da ave infectada com a
quantidades. Entretanto, existe um tipo cavidade nasal ou narina externa
chamado Sternostoma tracheacolum, o ácaro de aves saudáveis, ou por meio
de traqueia, que causa problemas indireto, quando aves saudáveis
significativos na traqueia, pulmões e sacos tem contato com água, ninhos,
aéreos, comprometendo a respiração dos poleiros ou objetos e materiais em
canários. que possam se alojar o ácaro.

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Os sinais mais comuns são A infecção pode durar
Sinais dificuldade respiratória, vários meses e, em casos
clínicos cansaço após exercícios graves, pode resultar em
físicos, como o vôo, tosse debilidade ou morte por
e espirro. asfixia

Tanto os sinais apresentados quanto a morte estão relacionados ao surgimento de


lesões causadas pelo ácaro no aparelho respiratório da ave.

É importante dizer que sinais clínicos respiratórios são comuns a várias outras
doenças e, por isso, não se deve usar acaricidas logo no aparecimento deles,
pois isso pode gerar resistência e camuflar infecções respiratórias, incitadas por
outros agentes, como bactérias causadoras de pneumonia, que causam
afecções mais graves e letais, por exemplo.
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Ciclo do ácaro Os adultos
depositam os
ovos nos
pulmões
Pouco tempo depois, as larvas
Nos parabrônquios posteriores,
eclodem e fazem várias
se transformam em adultos, se
metamorfoses, trocando de
reproduzem e migram para os
pele para permitir seu
parabrônquios superiores,
crescimento.
siringe e traqueia.
Quando as larvas se transformam em
sua fase intermediária, são chamadas
de protoninfas e saem do pulmão,
migrando para os parabrônquios
posteriores 24
Capítulo 6 Peito seco
O que é peito seco?

É um sinal clínico que se dá pela Um dos principais depósitos de


diminuição progressiva da gordura das aves está sobre os
musculatura do peitoral até músculos peitorais. Quando há
evidenciação da quilha, uma parte perda de condição corporal, essas
do osso externo, podendo levar à reservas são consumidas para
morte. O peito seco pode ser fornecer energia, evidenciando a
causado por diversos patógenos. quilha

O escore corporal é feito avaliando as características visuais e palpáveis, geralmente


da região peitoral, a ave é colocada de costas sobre a palma da mão, com a cabeça
entre os dedos indicador e médio, e realizando a palpação digital do animal.
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Quais são os escores?
IDEAL
A musculatura peitoral é arredondada e a quilha é sentida ao toque mas sem estar proeminente

SUBPESO
Na magreza há pouca ou nenhuma gordura subcutânea e a quilha é facilmente sentida na
palpação. Já na caquexia, casos mais graves, a perda muscular é quase total e a quilha é muito
proeminente.

SOBREPESO
A musculatura apresenta uma cobertura de gordura e para sentir a quilha é necessário
pressioná-la, em aves obesas isso é quase impossível.
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Agentes do peito seco

Macrorhabdus
Escherichia coli ornithogaster Capillaria sp
Normalmente faz parte do trato Ou mais conhecida como Podem infectar o trato
gastrointestinal e pode causar Megabacteria, é encontrada gastrointestinal das aves e
afecções em aves imunossuprimidas. normalmente na microbiota do costumam penetrar na parede dos
As infecções por E. coli, resultam em proventrículo das aves e pode ser órgãos quando adultos, causando
diversos sinais clínicos, geralmente um problema quando relação entre hemorragias. Dentre os sinais
inespecíficos, como letargia, hospedeiro e fungo se desequilibra, clínicos tem-se diarreia, perda de
anorexia, diarréia, penas arrepiadas, como em faso de fragilidade peso, penas arrepiadas, anorexia,
dispnéia, conjuntivite e vômito, por imunológica. As aves acometidas anemia, dentre outros. A doença
exemplo. Quando os filhotes são apresentam mucosas hipocoradas, pode levar a morte súbita, mas
acometidos é comum ocorrer morte ou seja, mais pálidas, temperatura geralmente a forma crônica e
súbita. corporal normal, atrofia dos debilitante é mais comum.
músculos peitorais (peito seco) e
fezes aquosas.
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Bouba aviária
A Bouba aviária, é causada por um grupo de
vírus chamados de poxvírus e afeta diversos Esse vírus pode permanecer no
tipos de aves, dentre elas canários, galinhas e local de entrada, causando infecção
pombos. É altamente infecciosa, podendo localizada, ou pode se espalhar pelo
causar grandes prejuízos ao criador e seu organismo através dos vasos sanguíneos,
plantel. alcançando fígado e medula espinhal,
Transmissão: ocorre principalmente por resultando em infecção generalizada. Seu
vetores mecânicos, como insetos sugadores tempo de incubação varia entre as
de sangue, especialmente mosquitos. Mas espécies, durando de quatro dias a três
também pode ocorrer pelo contato direto semanas nos canários.
com a ave infectada e contato indireto com
objetos contaminados. O poxvírus não é capaz
de penetrar em pele intacta, sendo necessário
a existência de lesões para sua entrada. 28
Existem 3 tipos de manifestação da bouba aviária:

Cutânea Septicêmica Diftérica


Localiza-se nos dedos, nas É a forma predominante em Apresenta lesões na mucosa
pernas, ao redor dos olhos, canários, afetando o sistema da língua, faringe e laringe, de
narinas e bico. As lesões se respiratório, entretanto, a caráter fibrinoso e cor cinza e
desenvolvem como pápulas respiração ocorre de forma marrom. Casos mais graves
ou vesículas, que se abrem silenciosa, sem som de podem levar a ave a ter
espontaneamente, secam e chiado. As aves apresentam dificuldade de engolir e
se tornam crostas. A taxa de apresentar dispnéia, ou seja,
dispneia grave, apatia e
letalidade dessa forma é falta de ar.
baixa. cianose, a pele e o entorno
dos olhos ficam azulados ou
acinzentados. A ave torna-se
incapazes de comer ou
beber, a mortalidade é em
torno de 90 a 100%.
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Profilaxia Vacina
Não existe tratamento eficiente para a Importante ressaltar que existem
bouba, apenas maneiras de prevenir e vacinas disponíveis no mercado, porém
controlar a doença. Dessa maneira, dentre são específicas para o fowlpoxvírus,
as práticas indicadas para realizar o que acomete apenas galinhas. As
controle estão: vacinas para esse tipo de vírus não
Limpeza e desinfecção do criatório; oferecem proteção para os canários,
Controle de insetos, principalmente pois estes são acometidos pelo
mosquitos; canarypoxvirus. Alguma vacinas
Boas práticas de manejo sanitário; específicas para o canarypoxvírus estão
Aquisição de animais saudáveis; sendo desenvolvidas por cientistas, mas
E eliminação de aves portadoras. não existe nenhuma disponível no
mercado brasileiro atualmente.
30
Problemas nas patas
Capítulo 8
dos canários
O que é a pododermatite?

Os problemas nas patas que ocorrem


nos canários são conhecidos como
pododermatite. É caracterizada como
uma inflamação da pele na região dos
dedos com aspecto de nódulo
arredondado, situada nas articulações Fonte: UNIVERSO DOS CANÁRIOS

ou na base das unhas. Sinais clínicos


Áreas de vermelhidão
Esta doença pode ser comum em
aves silvestres mantidas em Úlceras superficiais ou profundas
cativeiro, roedores e lagomorfos, Necrose dos pés
como coelhos e lebres. Infecção generalizada 31
FATORES PREDISPONENTES INFECÇÕES SECUNDÁRIAS ASSOCIADAS
Obesidade
Deficiências nutricionais
Más condições de higiene Staphylococcus sp.
Traumatismos
Diminuição das atividades
Alterações anatômicas
Estresse S. aureus S. intermedius S. hyicus
Substratos e poleiros inadequados

32
Staphylococcus sp.

Essas bactérias são encontradas na


flora bacteriana da pele e do trato
respiratório de animais sadios

Associada a um desequilíbrio no
sistema imunológico da ave podem
atuar de forma prejudicial à
saúde

33
Staphylococcus aureus
Sintomas
Acometimento:
É tipo mais comum de ser encontrado, e Dispnéia Pulmões; Baço;
seus casos muitas vezes levam ao quadro Pneumonia Rins; Fígado e
de septicemia. Ele pode estar presente Inflamação dos
na mucosa oral e nasal dos seres Morte sacos aéreos
humanos, e acredita-se que tenha se
adaptado às aves a partir do contato
Fator de Risco
delas com o homem, nos momentos de Cruzamentos intensivos para a obtenção
manipulação, como limpeza, manuseio e de características desejáveis, pode levar
alimentação. a uma diminuição da resistência,
tornando o animal mais susceptível a
doenças oportunistas.
34
Staphylococcus intermedius

É um habitante normal das narinas de


pombos, sendo raramente isolado em Diagnóstico
lesões. Dentre seus achados macroscópicos
Sinais clínicos observados
estão hemorragias subcutâneas extensas
nas pálpebras e região craniana, bactérias Cultura microbiológica de
nos pulmões e manchas no fígado. uma amostra da lesão
Sensibilidade a antibióticos
(escolha do medicamento)
Exame radiológico
(envolvimento ósseo)
Fonte: ResearchGate Fonte: Rev@odonto Fonte: Pinterest 35
Staphylococcus hyicus

É um habitante normal da pele das aves.


Sintomas e achados macroscópicos
Dispnéia
Patogênico
Ruídos respiratórios crepitantes
Inflamação purulenta dos sacos aéreos
Morte súbita

S. hyicus Catapora
36
Como tratar?
Geralmente, as pododermatites são difíceis de serem curadas, e em caso de lesões
extensas e profundas o prognóstico é desfavorável.

Detectar e cuidar das infecções secundárias, caso existam


Aliviar pressão sobre a área infectada, realizando assepsia e curativos
nas áreas lesionadas (bandagens elásticas leves e material almofadado)
Remover tecidos mortos, limpando a área lesionada
Pomadas com antibióticos, antiinflamatório e enzimas proteolíticas.
Também é possível a utilização de analgésicos para aliviar a dor dos animais.

Tratamento Variação Espécie Grau da Ajuda profissional 37


lesão
Capítulo 9 Diarréria/Coccidiose
Coccidiose
Perda de
peso
O mais comum de ser encontrado no
plantel é a coccidiose, que nos
canários pode acontecer devido a duas Diarréia
espécies diferentes de Isospora, que
Isospora
são coccídeos que apresentam
oocistos, uma estrutura reprodutiva Baixa
semelhante a um ovo, que são reprodução
eliminadas nas fezes dos canários.
As duas espécies de Isospora são
Morte
semelhantes na sua estrutura, mas
possuem ciclos de vida diferentes.
38
IsosporaIsospora
canaria
canaria

Sinais Clínicos
Todo o seu ciclo de vida dentro das
células que revestem o intestino dos
canários.

Período entre a infecção e o Problemas Emagrecimento


aparecimento dos oocistos nas fezes intestinais
(Pré-patente) : 4 -5 dias após a infecção

Atinge somente o epitélio do intestino.


Tempo que fica no organismo: 11-13 dias
39
Isospora serini
Isospora canaria Pulmão

Epitélio
Também é conhecido como Atoxoplasma INFECÇÃO Tosse
intestinal
spp., e além de atingir as células do
intestino, infecta os órgãos das aves
Trato
(pulmão, fígado, baço, pâncreas e
gastrointestinal
pericárdio).

Período pré-patente: após 9-10 dias Sinais Clínicos


Anorexia Diarréia
Permanência no organismo: mais de Problemas
Problemas
230 dias (doença crônica). Neurológicos
Respiratórios
Geralmente é uma doença que afeta Hepatomegalia Morte
canários jovens, de 2 a 9 meses.
40
Tricomoníase Infecção
Contato com animais infectados
Ingestão de água ou alimento
Causada pelo protozoário flagelado contaminado
Trichomonas gallinae, que afeta sistema Pais infectados alimentam seus
gastrointestinal e causa diarréia. filhotes

Sinais Clínicos
Parasita principalmente pombos, que são
os responsáveis pela sua distribuição Perda de apetite Perda de peso
mundial. Mas também parasita canários. Vômito Incapacidade de
Diarréia se manter de pé
Penas eriçadas Papo flácido
41
Capítulo 10 Problemas Hepáticos
Fígado
É um dos órgãos que compõem o sistema
digestório, juntamente com a boca, faringe,
esôfago, papo, proventrículo, moela, pâncreas,
intestino e cloaca, no caso das aves.

Funções:
Estoque do excesso de gorduras e açúcares
Produção de algumas proteínas
Fonte: Feira de Ciências - Fisiologia das aves blogger
Emulsificação de gorduras
Excreção de metabólitos 42
Doenças hepáticas
Metais Doenças
Bactérias Vírus Fungos Parasitos
pesados Metabólicas

Origem Origem Intoxicações Origem


infecciosa infecciosa por aflatoxinas infecciosa
Causa Acúmulo de
Ex: Salmonella Ex: Circovírus Ex: Aspergillus Ex:Atoxoplasma Intoxicações
typhimurium Presente em spp. gordura nos
Poliomavírus sementes hepatócitos
aviário Isospora spp.
oleosas
Lesões:apatia, anorexia, dilatação da cavidade abdominal, fraqueza, diarréia com fezes de
coloração esverdeada, dispnéia e alteração das penas. 43
O que é Cantaxantina?
Ciclo da cantaxantina

Pigmento natural vermelho encontrado Penas Ingestão


em algas, camarões e penas de aves.

Pele Intestino
É usado para colorir suas penas com
fator vermelho, pois essas aves não
são capazes de sintetizar os Fígado
precursores dos pigmentos que dão
esse tom as suas penas.
armazenados e
sofrem algumas reações
44
Superdosagem Sinais Clínicos
Cantaxantina Tóxico Tonalidade avermelhada das fezes

Diminuição Problemas Plumagem amarronzada


Efeitos da visão no fígado Falta de apetite
Diarréia Morte precoce Dificuldades motoras

Cantaxantina Sementes oleosas Diagnóstico


(níger, linhaça e colza) Exames bioquímicos de função
hepática e renal
Lipidose hepática Hemograma completo
Como evitar? Exame de raio X
Melhora
Uso de protetores hepáticos Biópsia(em alguns casos) 45
digestão
Capítulo 11 Estresse
Síndrome Geral da Adaptação (SGA)

Existem alguns fatores que podem


predispor o estresse nos animais, sendo
que os em cativeiro são ainda mais
propícios a sofrerem desse problema. Estágios

A Síndrome Geral da Adaptação 1º estágio: Reação de alarme


(SGA), é um conjunto de respostas, 2º estágio: Adaptação ou resistência
dividida em três estágios,
3º estágio: Exaustão
desencadeados ao se deparar com um
agente estressante, também conhecido
como estressor.
46
1º Estágio

Ocorre quando o animal se depara


com o seu estressor, fazendo com
que o organismo seja inteiramente Sistema Nervoso Autônomo
mobilizado, com o intuito de se
adaptar às condições em que está
submetido.
Liberação de catecolaminas

Hormônios liberados pela


adrenal em resposta ao
estresse físico ou emocional
47
2º Estágio

Ocorre quando há a permanência do


estressor e a tentativa do animal de Aumento da atividade do
habituar-se a ele. Sistema Nervoso

Liberação de glicocorticóides
pela adrenal

Reduz a resposta da ave


aos estímulos.
48
3º Estágio
Ocorre quando o estressor é
mantido por muito tempo e o animal Esgotamento de reservas
já não tem mais capacidade de se energéticas
adaptar. Impedido de descansar e
retornar ao seu estado de equilíbrio,
conhecido como homeostasia.
Morte, por falência
orgânica múltipla

Não é irreversível: depende


dos órgãos afetados
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Causas de estresse

cada espécie tem suas preferências alimentares e


adaptações, tanto digestivas, quanto metabólicas,
Deficiência nutricional
que influenciam na sua necessidade por calorias,
nutrientes e água.

O alimento que os animais encontram na natureza é diferente do que é ofertado.


Portanto, é necessário ter um balanceamento nutricional e um manejo adequado
para evitar possíveis problemas que levam ao estresse.

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Fonte: Meupassaro.com
Devem ser colocadas uma a duas aves na mesma
Quantidade de gaiola, sendo que quando colocadas duas é ideal
animais no recinto que sejam um casal, pois a presença de dois
machos pode resultar em lutas territoriais.

Para estimular o canto desses animais: deve-se colocá-los em gaiolas


separadas que fiquem próximas e permitam o contato visual entre as aves.

Fonte: Canva
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Outros Fatores de Risco

Fatores de Risco
Falta de higiene das gaiolas

Erros no manejo dos pássaros Queda de imunidade do animal

Erros de aclimatação do ambiente


infecções virais, bacterianas, fúngicas
introdução de novo indivíduo a gaiola e parasitárias

Sendo possível ter mais de


uma delas por vez
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O cuidado com os animais e a atenção
aos fatores de riscos, são pontos
importantes que facilitam o controle de
doenças. É de extrema importância a
presença de um profissional que possa
auxiliar no reconhecimento de possíveis
doenças e que possa orientar quanto aos
métodos de tratamento e prevenção.

Neste contexto, a Vetjr. presta serviços


de consultoria aos criadores, preservando
a saúde e bem-estar dos animais e,
consequentemente, contribuindo com
uma criação mais eficiente!
Fonte: autoral
Produtos Animais Silvestres - Vetjr.

Realização de Exames: Manejo nutricional:


coleta de amostras laboratóriais formulação de dietas visando à
e posterior análise junto ao maximização de resultados em cada
laboratório de doenças das aves fase da vida do animal e aumentar a
da UFMG. lucratividade da criação.

Manejo de Instalações: Manejo Sanitário:


auxílio técnico veterinário na Criação de protolocos de
construção e reforma de higenização específicos para
instalações visando a melhoria prevenir a ocorrência de
do ambiente da saúde dos doenças e reduzindo gastos
animais. com medicamentos.
Produtos Animais Silvestres - Vetjr.

Manejo Reprodutivo: Gestão de Criatório:


Instalação de índices de controle Organização geral da criação,
zootécnicos, confecção de produzindo fluxogramas, melhoria
fluxogramas e estabelecimento dos índices zootécnicos e
de programa de melhoramento estabelecimento os manejos
genético da criação. gerais da criação.
Enriquecimento ambiental: Treinamento de Capacitação:
Melhorias ambientais de modo à treinamentos teóricos e práticos
minimizar os efeitos do estresse e realizados pela equipe VetJr.,
agregar valor a criação, além de evitando erros de manejo por
favorecer alguns tipos de parte do produtor e de seus
colorações em canários de cor. funcionários.
Autoria de Bárbara Calefo, Bruna Rafaela do Monte Morais, Daniel Reis Santos,
Gabriel Gandolfi, Gabriel Vieira, Vinícius Gregório.

Entre em contato: Universidade Federal de Minas Gerais,


(31) 9 8292-7161 Escola de Veterinária, campus Pampulha
silvestres@vetjr.com Av. Antônio Carlos, 6627
@vetjrufmg Belo Horizonte, MG
www.vetjr.com CEP: 31270-901

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