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Sentenças de Tópicos, Parágrafos e Resumos: Construindo em Direção à Análise

O Resumo é indispensável para um ensaio argumentativo. Um resumo verdadeiro recapitula


de forma concisa a questão principal e as questões chave de suporte de uma fonte. O resumo
verdadeir não cita nem julga a fonte, concentrando-se, ao invés disso, em fornecer uma
representação justa da fonte.

Empregado de forma econômica, o resumo verdadeiro descreve trabalhos anteriores


realizados num campo, lembra os volteios narrativos de uma história ou sumariza os pontos
chave num conjunto de dados. Você pode importar um resumo desse tipo – normalmente
algumas sentenças, raramente mais de um parágrafo – para seu ensaio ao introduzir uma nova
fonte. Desse modo, informa seus leitores sobre os argumentos de um autor antes de analisá-lo.

Todo ensaio requer trechos de um resumo verdadeir ao longo do caminho para “orientar” os
leitores – para apresentá-los a personagens ou a críticos que eles ainda não conhecem, para
lembrá-los dos itens a que tem que recorrer para entender sua questão.
Além disso, um resumo verdadeiro é necessário para estabelecer um contexto para suas
asserções, o quadro de referência criado em sua introdução. Um ensaio

examinando o “passado utilizável” criado pelo Memorial dos Veteranos do Vietnã, por
exemplo, poderia começar pelo breve resumo da história da idéia de um passado utilizável ou
resumindo a visão de um teórico importante no tópico.

Algumas vezes os seus ensaios irão requerer um resumo interpretativo – um resumo ou


descrição que informa simultaneamente seu leitor sobre o conteúdo de seu texto-fonte e
destaca sua importância. O resumo interpretativo difere do resumo verdadeiro ao dar um
“giro” no material, dando ao leitor sugestões sobre sua avaliação da fonte. É assim mais
apropriado para descrições de fontes primárias.

Mas o propósito de um ensaio analítico é somente demonstrar parcialmente que você conhece
e pode resumir o trabalho dos outros. A tarefa maior é exibir suas idéias e sua análise do
material fonte. Tanto o resumo verdadeiro quanto o resumo interpretativo devem ser
utilizados como ferramentas em seu ensaio, ao invés de serem o próprio ensaio.

Telegrafando Suas Questões


O resumo deve sempre ajudar a construir seus argumentos. Quando os professores escrevem
“muito resumido—é preciso mais análise” na margem, geralmente eles querem dizer que o
ensaio não desenvolveu um argumento forte, que ele é mais um relatório sobre o que você
estudou do que sua análise sobre o assunto. Algumas vezes isso ocorre porque sua tese não é
realmente uma tese, mas uma declaração de alguma coisa óbvia sobre seu tema. (O óbvio não
pode ser discutido.) Outras vezes porque você seguiu a cronologia do texto-fonte, começando
no início, onde a fonte começa e prosseguindo, inevitavelmente, até o fim. O problema com
essa estrutura é que ela não lhe pertence—ela pertence à sua fonte—e, portanto, enfraquece a
originalidade de sua idéia. Em ambos os casos, você foi forçado a um resumo, uma lista de
exemplos a partir do texto, em vez de construir um argumento sobre o texto.

Uma estrutura “construída” resume de forma apenas frugal, para lembrar periodicamente o
leitor dos pontos cruciais. Se os seus exemplos estão subordinados ao ponto principal de um
parágrafo—ou seja, se eles ajudam a provar um argumento mais amplo sobre como o texto
opera —então eles se tornam peças de evidência que constroem um argumento, em vez de
substitutos de um argumento por meio do resumo do texto. Ao construir um ensaio em torno
de idéias e evidências em vez de exe mplos, você concentra a atenção sobre suas asserções em
vez de sobre as de outra pessoa.

Para certificar-se de que seu ensaio não caiu em uma série de resumos que de fato nunca
avançam em direção a uma análise, verifique suas sentenças de tópico, as quais, com
freqüência, mas nem sempre, são a sentença principal ou as duas primeiras sentenças em um
parágrafo. Se você estiver utilizando muitas palavras indicativas de tempo (como “próximo”,
“após” e “então”) ou palavras de listagem (como “também”, “um outro” e “além disso”), muito
provavelmente você está somente descrevendo o texto-fonte ao invés de construindo um
argumento por meio da análise do texto. Tenha em mente que, se você seguir a cronologia de
um texto-fonte,

sempre será preciso mostrar que existe uma razão para fazê-lo e que a razão decorre da lógica
de seu argumento e não do texto-fonte.

A melhor forma de demonstrar sua lógica é por meio de fortes sentenças de tópicos
informando o leitor sobre a sua questão. Elas podem tomar a forma daquilo que o guru de
redação John Trimble chama de “sentenças-ponte”, as quais indicam o que veio antes e o que
está por vir.(“Mas há uma pista para esse quebra-cabeça”.) As perguntas, normalmente aos
pares, constituem também boas sentenças de tópicos, pois elas abrem a pesquisa em vez de
fechá -la, como no exemplo a seguir: “Mas os americanos acreditavam serem eles mesmos a
realização do desejo de Deus? O nosso país foi unificado sobre todas as discordâncias por

meio da religião sagrada ou cívica? A história nos mostra o contrário...”

Fortes sentenças de tópicos, seja qual for sua forma, exibem suas idéias, fazem avançar seus
argumentos e ajudam a evitar que seu ensaio se transforme em um resumo de enredo.
Um Exemplo Útil

Observe o parágrafo do resumo interpretativo abaixo, extraído de um ensaio examinando uma


fotografia da Guerra Civil à luz do Endereço de Lincoln em Gettysburg. A ensaísta, Dara
Horn, sabia que precisava descrever a foto, mas o simples passeio através de seus detalhes iria
confundir e aborrecer seus leitores. Ela precisava revelar o centro de sua descrição em uma ou
duas sentença(s) de tópico (sublinhadas), resumir os detalhes da foto (itálico) e dar algum
“giro” interpretativo à descrição.

Como céticos modernos, geralmente relutamos em aceitar desenhos ou pinturas como


registros históricos, mas tendemos a acreditar em fotografias da mesma forma que acreditamos
em espelhos; simplesmente os aceitamos como verdade. A fotografia ‘ Casa Troussel’, de
Alexander Gardner, Campo de Batalha de Gettysburg, julho de 1863, poderia, portanto, ser
vista como evidência ao invés de comentário. Ao contrário de alguns outros “esboços” de
Gardner, essa foto não inclui rifles perfeitamente perfilados, nenhum ângulo artístico de um
rio e nenhum homem bem apresentado em seu uniforme—na verdade, nenhuma pessoa. A
composição da foto dificilmente seria mais prosaica; o horizonte corta a foto pela metade e o tema,
uma casa em estilo colonial,pousa em cheio no centro. Entretanto essa perspectiva direta e quase
inocente prepara o observador para o horror furtivo da fotografia. À primeira vista, a foto
parece ser um retrato de uma casa, talvez até mesmo um retrato pobre de uma casa; em um “livro
de esboços” de guerra, alguém poderia passar a página rapidamente e concentrar-se nas
imagens sangrentas de antes e depois dessa foto. Mas o terror dessa fotografia está no choque
retardado, na surpresa angustiante quando a luz na casa leva o olhar para a luz na cerca e o
observador percebe que a cerca do quintal está quebrada e então que o quintal é uma imundície,
atulhado com – o que é aquilo? – cavalos, cavalos mortos, doze cavalos mortos. O que deve ter
acontecido para fazer tombar doze cavalos de 450 quilos e onde estão as pessoas que os
cavalgavam? Esmagadas sob eles? O observador não sabe, porque a foto de Gardner não nos
diz. Tudo o que vemos é uma casa, uma cerca quebrada, doze cavalos mortos e um céu vazio.

Copyright Elizabeth Abrams, 1998 e o Presidente e Membros do Conselho do Harvard


College, para o

Centro de Redação na Universidade de Harvard

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