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A dinâmica horária da chuva no município do Rio de Janeiro: contribuições


para a análise geográfica dos episódios extremos

Conference Paper · October 2015

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Núbia Armond
Federal University of Rio de Janeiro
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO

A DINÂMICA HORÁRIA DA CHUVA NO MUNICÍPIO DO RIO DE


JANEIRO: CONTRIBUIÇÕES PARA A ANÁLISE GEOGRÁFICA DOS
EPISÓDIOS EXTREMOS
NÚBIA BERAY ARMOND1

Resumo: Este artigo analisa a relação entre a precipitação pluviométrica, em escala horária, e a
potencial deflagração de episódios extremos ocorridos no município do Rio de Janeiro. Foram
coletados dados de sete postos pluviométricos, agrupados em escala horária. Os valores de chuva
foram submetidos à estatística descritiva para obtenção das médias anuais, bem como as médias
horárias por posto na série histórica de 2011 a 2014. Os resultados da análise espacial apresentaram
uma complexa relação entre a altitude, a maritimidade e a continentalidade. Na análise temporal,
constatou-se o funcionamento do balanço de energia terrestre para o clima tropical, bem como a
influência da maritimidade em nível local, como fatores relevantes para compreender a marcha diária
das chuvas e os impactos deflagrados pelas suas dinâmicas.
Palavras-chave: Chuva horária; episódios extremos; Rio de Janeiro

Abstract: This article analyzes the relationship between hourly pluviometric precipitation and the
extreme episodes’ potential of triggering in Rio de Janeiro city. Data from seven rain gauges were
collected and clustered in hourly scale. Descriptive statistics were applied to obtain the annual and
hourly precipitation mean from 2011 to 2014. A complex relationship between height, maritimity and
continentality were shown in the spatial analysis. Primary energy balance for tropical climates and
local influence of maritimity were found as relevant factors to the understanding the daily march of
rainfall and the impacts triggered by its dynamics.
Key-words: Hourly precipitation; extreme episodes; Rio de Janeiro

1 – Introdução
Dotados de uma urbanização que se deu sem a promoção democrática de
espaços adequados para a ocupação, em geral os mais pobres da cidade de países
tropicais em desenvolvimento vivem em locais precários em infraestrutura urbana,
de serviços e de grande susceptibilidade à impactos deflagrados pelas chuvas.
Neste contexto, o trabalho pretende analisar a relação entre a precipitação
pluviométrica, em escala horária, e a potencial deflagração de episódios extremos
no município do Rio de Janeiro. O intuito é discuti-los sob abordagem da
climotologia dinâmica e geográfica, incorporando questões teóricas sobre suas
repercussões sociais e ambientais.

1
- Estudante de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FCT/UNESP – Presidente Prudente. E-
mail de contato: nubiaarmond@hotmail.com

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1.1. Eventos extremos de precipitação: limiares quantitativos e espaço


geográfico
A definição dos limiares dos eventos os quais se podem considerar como
extremas, varia muito na literatura, principalmente em função da relação entre
intensidade e frequência.
Limiares Fontes
Autores Área de estudo
Mm/24h Outros limites qualitativas
Konrad II (1997) Sudeste dos EUA - 50mm/6h Não
Brunetti et al (2001) Itália - Percentis 90, 95 e 99 Não
300% > que a média diária;
pelo menos 3 dias de
Chaves e
Nordeste do Brasil - persistência; ocorrência em Não
Cavalcanti (2006)
mais de duas áreas
homogêneas
Dias em que foram
Carvalho et al Sudeste da América precipitados pelo menos
- Não
(2002) do Sul 20% da chuva prevista para
a estação
Região Metropolitana
Vicente (2004) 50mm - Sim
de Campinas – SP
Ocorrências com
Silveira (2007) São Sepé – RS - Sim
38mm
Lima (2012) São Carlos – SP 30mm - Sim
Collischonn (2009) Venâncio Aires – RS 30mm - Sim
Gonçalves (2003) Salvador – BA 40mm - Sim
Oliveira e Hermann
Florianópolis – SC 40mm - Sim
(2005)
Quadro I: Síntese de limiares de chuvas potencialmente deflagradoras de episódios extremos

Na literatura consultada (Quadro I), a maior parte dos trabalhos analisou a


dinâmica das chuvas a partir de dados de acumulados em 24h. Diante da variação
dos limiares, foram encontrados impactos com chuvas diárias a partir de 30mm.
Ressalta-se que, mesmo com a precipitação de um total diário abaixo da
média, podem-se encontrar impactos. Entretanto, as proporções que uma chuva de
30mm registrada no dia variam em função da sua concentração horária. Assim, faz-
se necessário a investigação da dinâmica horária das chuvas.

1.2. Os estudos da dinâmica horária das chuvas


A origem dos estudos da dinâmica horária das chuvas se deu para fins
agrícolas (KINCER, 1916; PEZZOPANE et al, 1995).

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Kincer (1916) definiu que as áreas adequadas para o plantio de trigo seriam
aquelas cujas chuvas se concentram a noite com insolação no dia, o que ofereceria
condições adequadas para o plantio de trigo.
Pezzopane et al (1995) buscaram caracterizar a chuva horária de três cidades
do estado de São Paulo: Campinas, Ubatuba e Pindorama. Nos meses de verão
houve maior intensidade e frequência das chuvas no período da tarde, enquanto no
inverno a diferença horária das chuvas foi pouco pronunciada.
O mesmo padrão sazonal foi encontrado em Alves e Galvani (2012) para São
Paulo - SP, em Santos e Galvani (2014) para Caraguatatuba - SP e em Santos Neto
et al (2014) para Rondônia. Nestes trabalhos, a distribuição horária homogênea das
chuvas foi observada nos meses de inverno e primavera, enquanto o verão e outono
concentravam as chuvas nos finais de tarde e noite.
Nas regiões costeiras, as chuvas noturnas tendem a ser habituais por
influência de brisas, ainda que chuvas não-convectivas também ocorram com
predomínio à noite. A distribuição das chuvas no Triângulo das Bermudas é variável
no verão, com maior frequência nas horas mais tardias da noite (KRAUS, 1963).
Os mesmos resultados foram encontrados por Andersson (1969) para a
Suécia. O autor definiu dois padrões de variação horária da precipitação segundo
dois fatores geográficos do clima: continentalidade (com máximo de precipitação
durante a tarde) e maritimidade (máximo durante a noite).
Esse debate foi relativizado por Wallace (1975) e Gray e Jacobson Jr. (1977),
que realizaram estudos de caso e trouxeram a importância das escalas no que
chamaram de processos dinâmicos (gênese, ou o que se considera como escala
regional) e termodinâmicos (escala local, como as brisas).
Ferreira et al (2013) encontraram um resultado diferente para o leste da
Amazônia. A ilha de São Luís (MA) possui uma variabilidade horária das chuvas
pouco acentuada, dinamizada por conta da brisa.
.Para Andersson (1969), os horários de maior frequência são no final da
tarde, à noite e atravessam a primeira parte da madrugada. Porém, os extremos de
chuva não apresentam padrão; não é necessariamente nesses horários que se dão
as chuvas de maior magnitude.

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Entretanto, em realidades tropicais como a América Latina, os quais a


transição demográfica se deu de forma rápida e segundo uma racionalidade
hegemônica que relegou os espaços menos suscetíveis à episódios extremos às
camadas mais abastadas, não são apenas as chuvas extremas que podem deflagrar
impactos. Armond (2014) verificou que a intensidade das chuvas não é determinante
para a deflagração de episódios extremos.
A variação entre a dinâmica horária e sua relação com os fatores geográficos
do clima é fundamental, principalmente no caso do Rio de Janeiro que apresenta
uma realidade orográfica inserida num contexto particular.
Como um dos mais importantes fatores do clima, De Martonne (1944)
considerava fundamental o modelado na zona costeira brasileira no seu regime
climático. Com calor e umidade elevados e totais de precipitação significativos a
barlavento, as chuvas seriam deflagradoras de desastres (CONTI, 1975).
O detalhamento dessa relação se dá na escala local, já que a interferência do
relevo, de corpos d'água, produção agrícola, edificações e vegetação interferem na
produção dos climas. Segundo Sant'Anna Neto (2013), através da decomposição
horária dos elementos do clima pode-se identificar os sistemas atmosféricos
geradores de transtornos. A importância do conhecimento dos padrões, e
principalmente, das excepcionalidades se dá ao tornar geográfica a análise do
fenômeno climático (MONTEIRO, 1969, 1971, 1991; SANT’ANNA NETO, 2001).
No Rio de Janeiro, a proximidade à linha de costa e a orografia modulam seu
regime climático por diferentes variáveis. O município apresenta um regime de
chuvas caracterizado por um verão extremamente chuvoso, com declínio dos totais
em fevereiro e março e nova elevação dos totais de chuvas em abril (passagens
frontais), com os maciços da Tijuca e da Pedra Branca atuando como produtores de
áreas de sombra de chuva (SERRA e RATISBONNA, 1941; DE MARTONNE, 1944;
BERNARDES, 1951; SERRA, 1970; NIMER, 1989; SANT'ANNA NETO, 2005;
DERECZYNSKI et al, 2009; ARMOND, 2014).

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2 – Procedimentos Metodológicos
Os dados de precipitação pluviométrica foram obtidos no site Alerta Rio 2. O
banco de dados dispõe de uma série temporal a cada 15 minutos, que foi agrupada
em escala horária e por períodos do dia (de 1h às 6h – madrugada; das 7h às 12h –
manhã; das 13h às 18h – tarde; das 19h às 24h – noite) (figura 1).

Telepluviômetro Cota (m)


Santa Cruz 15
Bangu 15
Penha 111
Grota Funda 10
Riocentro 0
Tijuca 340
Vidigal 85
Figura 1: Telepluviômetros utilizados na análise, sobre mapa hipsométrico e informações das
respectivas cotas altimétricas
Fonte: Fundação GeoRio (2014)

Entre 32 postos pluviométricos disponíveis, foram escolhidos sete: três a


sotavento e quatro a barlavento.
Da estatística descritiva utilizou-se medida de tendência central (média),
obtidas no software Excel®. Da estatística multivariada, foi aplicado cluster analysis,
com a utilização do método de Ward e medida de distância Euclidiana, conforme
utilizado em Armond (2014). O software utilizado para esta etapa foi o MiniTab 17®.
Os produtos cartográficos foram obtidos através do ArcGis 9.3®.
2
O banco de dados pluviométricos e meteorológicos encontra-se disponível para download no site:
http://www.sistema-alerta-rio.com.br/

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3 – Resultados
3.1 – Das variações temporais
A maior parte das chuvas está concentrada a partir das 17h, com maior
intensidade a noite (Conjunto de gráficos 1). A análise dos dendrogramas atesta a
importância da noite como período da maior ocorrência de precipitação.
Em escala temporal, três grupos foram encontrados: o primeiro, com um
menor grau de similaridade, compreende os horários da madrugada e do início da
manhã; o segundo compreendeu os horários da manhã e da tarde, e o terceiro
apresentou maior grau de similaridade e abarcou os horários de fim de tarde e noite.
Constatou-se que o balanço de energia terrestre para o clima tropical e a
maritimidade em nível local são relevantes para compreender a marcha das chuvas.
A radiação solar incidente durante o dia aquece a superfície. O ar, aquecido
pelo calor irradiado da superfície, intensifica movimentos convectivos, podendo
desencadear chuvas no fim de tarde e início da noite (inversão do balanço de
energia). Por isso, as horas do dia em que ocorreu maior precipitação foram a noite.

Dendrograma
Ligação de Ward; Distância Euclideana

-193,69
Similaridade

-95,79

2,10

100,00
1 4 3 2 19 5 7 8 6 17 9 10 14 15 11 13 12 16 18 20 24 21 22 23
Observações

Conjunto de gráficos 1: Média horária das chuvas (por posto pluviométrico) na série histórica 2011-
2014 e dendrograma – agrupamento das horas do dia segundo a ligação de Ward, distância
Euclidiana.
Fonte dos dados: Fundação GeoRio, 2014.

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A dinâmica das brisas contribui para este processo. Ao sofrer aquecimento


pela irradiação do continente, o ar quente tende a subir, formando uma baixa
pressão. Como a rapidez em reter energia e irradiar calor da água é inferior a do
continente, ao fim da manhã e início da tarde formam-se as brisas marítimas. Fim de
tarde e início da noite, com a diminuição e fim da incidência direta da radiação solar
sobre a superfície, a situação é invertida, com as brisas terrestres. Os movimentos
convectivos do dia podem formar nuvens que precipitam no fim da tarde, e mesmo a
noite podem ocorrer brisas marítimas que geram chuvas na madrugada.
Mesmo a dinâmica regional das massas de ar pode ser compreendida dentro
do sistema termodinâmico complexo que é a atmosfera. Durante o dia, o avanço das
massas de ar se faz de forma mais contundente. A incidência da radiação sobre
determinada porção da Terra intensifica o aquecimento do ar, fortalecendo os
campos de pressão que formam e movimentam as massas. Com a rotação do
planeta, ocorre a desaceleração do aquecimento da porção da Terra em que se faz
noite. Assim, o movimento das massas se torna mais lento, ou mesmo regressivo.
Ainda que as chuvas concentrem-se a noite e madrugada, os impactos são
sentidos no fim de tarde. E mesmo que os episódios extremos não estejam
diretamente associados com as maiores médias horárias, a produção do espaço
urbano do Rio de Janeiro faz com que limiares de chuva horária habituais possam
deflagrar transtornos na mobilidade urbana, dinâmica comercial e de serviços.

3.2 – Das variações espaciais


A variação espacial tem como modulador a altitude e a relação maritimidade x
continentalidade. O posto Tijuca apresenta maior acumulado de chuva nos horários
da noite, seguido do posto Grota Funda e Santa Cruz (Conjunto de gráficos 2).
Ambos estão sob alinhamento longitudinal. O posto de Santa Cruz encontra-se entre
dois maciços: o de Gericinó ao nordeste, e o da Pedra Branca, a sudeste.
O posto Grota Funda também apresenta maiores totais de chuva na
madrugada, seguido da Tijuca e Vidigal. Os postos Tijuca e Vidigal encontram-se em
cotas acima de 100m e podem denotar a potencialização do efeito de brisa quando
atreladas a grandes rupturas de altitude em relação à costa. Esse efeito pode ser
encontrado também no posto Grota Funda, que apesar de se encontrar em uma

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altitude de 10 metros, situa-se muito próximo da costa, onde as brisas e o efeito


orográfico também tem atuação.

Conjunto de gráficos 2: Média das chuvas (por posto pluviométrico) em períodos do dia na série
histórica 2011-2014.
Fonte dos dados: Fundação GeoRio, 2014.

O posto da Penha, apesar de se localizar em um ponto de elevada cota


altimetrica, apresenta concentração das chuvas pouco expressiva no período da
noite e madrugada em comparação com outros postos. Conforme Armond (2014), a
região norte do município do Rio de Janeiro encontra-se sob sombra de chuva
(maciços da Tijuca e da Pedra Branca a sul e sudoeste, respectivamente,
contribuem para esse processo).
Os postos da Tijuca e Pedra Branca apresentaram maiores totais de chuva
para o período da manhã em comparação com os demais postos. Para o período da
tarde, Santa Cruz e Grota Funda apresentaram os maiores totais. Penha, Vidigal e
Tijuca apresentaram os menores totais de chuva para a tarde. Destaca-se sua
localização ao fundo da Baía de Guanabara e em área de sombra de chuva. Bangu
e Penha apresentaram os menores totais nos horários da manhã.

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4 – Considerações Finais
As chuvas horárias no Rio de Janeiro apresentam um padrão temporal
característico da tropicalidade, com chuvas concentradas nos horários da noite e
madrugada e insolação nos períodos da manhã e tarde.
A distribuição espacial da chuva horária não apresenta padrão definido,
apesar dos postos Santa Cruz, Grota Funda e Tijuca apresentarem maiores totais
durante a noite.
Pode-se considerar que a ocorrência das chuvas a partir do fim da tarde afeta
de forma central a dinâmica urbana, sobretudo em cidades como o Rio de Janeiro.
Atrelada às profundas alterações morfológicas/no terreno, a impermeabilização do
solo urbano, a retificação dos canais, principalmente nas áreas centrais e vias de
acesso, o tráfego intenso se dá a partir desse período. Assim, a formação de
bolsões d’água, e mesmo o transbordamento de cursos d’água outrora retificados e
sobre os quais foram construídas ruas e avenidas, causa grandes transtornos na
vida dos citadinos, principalmente na mobilidade urbana, ainda que ocorra uma
precipitação relativamente baixa em relação aos valores médios diários, mas intenso
em relação aos valores horários.
São necessárias maiores informações relacionadas à dinâmica dos ventos,
temperaturas e umidade do ar no Rio de Janeiro, bem como a análise detalhada da
participação do efeito orográfico na produção das chuvas locais.

5 – Agradecimentos
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP,
através da concessão de bolsa de pesquisa.

6 – Referências bibliográficas

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