Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revista Brasileira
de Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage:https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe
Introdução
A precipitação é elemento essencial nos distribuição das chuvas sobre o globo depende de
estudos climáticos e ambientais, tendo importância diversos fatores, tais como a topografia, a distância
nas mais variadas atividades humanas. Dinku et al. de grandes corpos hídricos e a direção e caráter das
(2007) afirmaram que ela pode ser um recurso massas de ar predominantes (Ayoade, 2010).
crucial para a agricultura ou para o planejamento Segundo Collischonn (2006) a
urbano. Porém, a sua distribuição sobre a superfície precipitação pode ser considerada a variável do
terrestre é muito mais complexa que a insolação ou ciclo hidrológico que apresenta a maior
a temperatura do ar. Sendo assim, o padrão de variabilidade espacial, sendo esta dependente, na
maioria dos casos, dos postos pluviométricos para convecção do ar, ou também por meio da orografia,
sua representação. que dependendo da orientação dos ventos forçam a
O município de Recife, capital de elevação da massa de ar para altitudes mais
Pernambuco, Brasil, possui particularidades elevadas. Esse fator contribui para que as encostas
geográficas que podem interferir na distribuição a barlavento tenham precipitações maiores que as
espacial das chuvas em topo escala. Nesse encostas a sotavento. Apesar da consideração
contexto, a alta variabilidade espacial da desses fatores isoladamente, podemos ter a
precipitação sugere que a distribuição dessa interação entre esses condicionantes. Ou seja, as
variável, no espaço urbano da cidade, esteja nuvens cumulus podem ser formadas com a
relacionada a fatores como a topografia, direção atuação do aquecimento da superfície, orografia e
dos ventos, tipos de chuvas atuantes, orientação das convergência de ventos ao mesmo tempo
vertentes e a vegetação. Essa variabilidade (Schroeder e Buck, 1970).
aumenta a complexidade das variações espaço- O processo básico de formação de nuvens
temporais dos elementos climáticos dentro do é determinado por vários fatores dinâmicos:
território do município e demanda um movimentos verticais, fluxos de advecção e
reconhecimento do comportamento das chuvas. . turbulência de calor e vapor de água. Com a
Concomitante, a cidade apresenta ascensão do ar em áreas de baixa pressão, em níveis
suscetibilidade aos eventos extremos de fixos, a temperatura do ar diminui e a umidade
precipitação, que, de acordo com Wanderley, et al. relativa aumenta com o tempo, aproximando o
(2018) apresentam elevada de recorrência. vapor de água do nível de saturação. Alcançado
Ademais, tais eventos pluviométricos estão esse patamar de saturação, o ar nos níveis mais
relacionados à ocorrência de alagamentos, elevados forma as nuvens, aumentando o tamanho
inundações e a escorregamentos de terra, os quais das gotículas sob a influência da condensação. Esse
representam riscos diante na vulnerabilidade processo culmina na formação da nuvem de
socioeconômica verificada no contexto urbano da precipitação. O tipo e a intensidade da precipitação
cidade (Girão et al., 2006; Cavalcanti, 2012; Rocha vão variar de acordo com a estratificação termal é
e Schuler 2016) observada próxima ao nível de condensação
Compreender como esses fatores quando o nível de saturação é alcançado
climáticos atuam e influenciam a variação espacial (Shiklomanov, 2009).
das chuvas, permite uma gestão de risco mais Algumas teorias para formação das chuvas
eficiente frente aos impactos ocasionados pela são discutidas ao longo do tempo. Dentre elas,
precipitação dentro do espaço urbano, como destaca-se a Teoria de Bergeron-Findeisen e a
deslizamento de terra, alagamentos e inundações. Teoria da Coalescência. A primeira teoria afirma
Além disso, será possível estimar a precipitação, que os cristais de gelos dentro da nuvem tornam-se
para áreas onde a disponibilidade de dados pesados demais para serem mantidos na mesma,
pluviométricos é comprometida. ocasionando a precipitação. Esses cristais de gelo
Diante do pressuposto acima, o objetivo irão derreter, caso a temperatura próximo à
desse trabalho é analisar os padrões de variação superfície terrestre estiver alta, no entanto, se a
espaço-temporal da precipitação em Recife e superfície estiver com a temperatura próxima do
investigar quais os principais fatores que nível de congelamento os cristais de gelo cairão em
interferem na sua distribuição espacial. forma de granizo. No caso da Teoria da
Coalescência, é afirmado que as gotas de água
Referencial teórico maiores dentro das nuvens caem e absorvem as
Processos formadores das chuvas e os gotas menores ao longo do seu percurso. Julga-se
fatores geográficos relacionados que esse processo é responsável pelo crescimento
mais rápido das gotas de água, se comparadas com
Para a formação de nuvens e precipitação, o processo de condensação (Ayoade, 2010).
a atmosfera deve estar saturada com umidade. Essa Nesse sentido, as diferenças espaciais da
saturação na atmosfera depende das variações e precipitação estão relacionadas as variadas
interação entre a temperatura e pressão. Existem interações entre os fatores geográficos e como elas
duas formas principais de saturar a atmosfera de se distribuem no espaço geográfico. Com o
umidade: adicionar umidade no ar ou, diminuir a objetivo de identificar quais os fatores geográficos
temperatura do ar (Schroeder e Buck, 1970). interferem na distribuição espacial das chuvas na
A ascensão do ar é o princípio básico para Baía de Ilha Grande – RJ, Soares et al. (2014)
resfriar uma parcela de ar por meio do resfriamento verificou que a interação do sistema atmosférico
adiabático. Essa elevação do ar pode ocorrer por atuante, relevo e distância do litoral favorecem ou
meio do aquecimento da superfície, provocando a inibem o acúmulo de quantidades precipitadas.
No caso do Nordeste Brasileiro, Nimer estabilidade em sua área central e instabilidade nas
(1989) afirma que a interação de fatores que bordas do sistema. As chuvas associadas a esse
influenciam na distribuição das chuvas é bastante sistema atmosférico tendem a ser concentradas no
complexa. Para ele, a relação entre os sistemas tempo e no espaço, produzidas por nuvens do tipo
atmosféricos atuantes com alguns fatores estáticos, cumulonimbus, as quais geram trovoadas e até
determina a variação significativa da precipitação. precipitação de granizo (Kousky e Gan, 1981;
Dentre esses fatores estáticos, o autor considera Reboita et al., 2010).
que a altitude e as linhas gerais do relevo, podem No litoral oriental do NEB, o que abrange
contribuir para concentração da precipitação, todo o litoral pernambucano, as precipitações de
principalmente se as orientações das vertentes outono-inverno são moduladas por Distúrbios
forem de encontro com as correntes de ar. Ondulatórios de Leste (DOL) que se propagam do
Além disso, as particularidades dos oceano em direção ao continente. A gênese dos
núcleos de condensação para formação das chuvas, DOLs está relacionada a perturbações
segundo Nimer (1989), levantam a relação da barométricas, no campo de propagação dos alísios,
poluição de áreas urbanizadas – que emitem mais geradas pela ZCIT ou por frentes frias que atingem
partículas para atmosfera – com maiores menores latitudes. Essas ondas atmosféricas
quantidades precipitada, se comparadas com áreas favorecem a convecção na área do cavado, onde
de uma atmosfera menos poluída. ocorrem preferencialmente as precipitações mais
Sob uma análise da topo-escala, Landsberg intensas (Molion e Bernardo, 2002; Machado et al.,
(1981) afirma que os efeitos da urbanização podem 2012; Neves et al., 2016).
afetar a precipitação pela combinação complexa de A convecção modulada pelos DOL’s pode
determinados fatores. Dentre eles, a existência de ser intensificada pela atuação das brisas ao
zonas de maior temperatura – provocada pelo alcançarem a região litorânea. Albuquerque et al.
aquecimento dos materiais das edificações – (2013) constataram que as chuvas na cidade do
favorecem os processos convectivos e, Recife possuem maior frequência entre 6 e 7h da
consequentemente a formação da precipitação manhã. Esse padrão horário da precipitação é
nessas áreas. Além desse fator, a presença de explicado pela convergência da brisa terrestre com
aerossóis favorece a condensação das nuvens, já os alísios de sudeste nas primeiras horas da manhã,
que partículas suspensas na atmosfera se intensificando o efeito da convecção ocasionada
comportam como núcleos de condensação. Apesar pelos DOL’s.
dessas considerações, Landsberg (1981) ressalta a Um dos sistemas que atuam em Recife é a
complexidade das interações desses fatores, Brisa marítima e brisa terrestre. Esses sistemas são
ressaltando que apenas os efeitos da urbanização resultantes do gradiente térmico e,
não seriam suficientes para explicar anomalias consequentemente de pressão, entre as superfícies
espaciais de precipitação. terrestres e marítimas. As chuvas desses sistemas
possuem curta duração (Ferreira e Melo, 2005).
Sistemas atmosféricos atuantes em Recife Apesar do extenso conhecimento a respeito
da influência da circulação atmosférica regional na
Os controles climáticos regionais estão distribuição temporal e espacial das chuvas no
associados, em primeira ordem, aos centros de ação setor oriental da Região Nordeste do Brasil, o
climáticos e de maneira secundária aos fatores comportamento das chuvas na escala do
climáticos locais (como relevo, maritimidade e microclima urbano do Recife ainda demanda
continentalidade). Os regimes pluviométricos do investigações.
Nordeste Brasileiro estão relacionados às variações
energéticas desses centros de ação climáticos, os Material e métodos
quais estão condicionados à expansão ou contração
em decorrência da variação sazonal do gradiente Área de estudo
térmico latitudinal (Molion e Bernardo, 2002; A área de estudo compreende o município
Ferreira e Melo, 2005). de Recife (capital de Pernambuco). A sua altitude
Um dos sistemas atuantes em Recife são os varia do nível do mar (0 metros) até 120 metros,
Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN). Esse aproximadamente. De acordo com a série histórica
sistema é caracterizado por uma divergência na dos dados meteorológicos obtidos no Banco de
área imediatamente abaixo dos fluxos subsidentes Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa do
das altas camadas da atmosfera, gerando INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a
convergência nas bordas do sistema. Por essa direção predominante dos ventos é sudeste (Figura
razão, quando posicionado sobre o continente no 1).
NEB, o VCAN ocasiona tipos de tempo distintos:
Figura 1. Mapa hipsométrico de Recife e seus municípios limítrofes com a direção predominante dos ventos.
Um padrão espacial nessa distribuição a ser média dos três anos (2015, 2016, 2017 e 2018),
destacado é o aumento gradual da precipitação no verifica-se que as mesmas estão localizadas em
sentido SE-NO. Se forem considerados os outros bairros próximos (Várzea e Córrego do Jenipapo).
municípios representados no mapa, percebe-se que Essas estações pluviométricas, de modo geral,
há uma região com concentração da chuva, que registraram as maiores precipitações nos quatro
abrange, além de Recife, os municípios de anos de observação.
Camaragibe e Jaboatão. Por outro lado, uma das Por outro lado, as estações com menores
áreas com menor quantidade precipitada registros de precipitação estão mais próximas do
concentra-se próximos ao litoral. litoral (Areias, Dois Unidos, Pina e Campina do
Essas variações podem ser detalhadas a Barreto). Exceto no ano de 2017, as menores
partir da observação da quantidade precipitada por quantidades precipitadas localizaram-se no bairro
postos pluviométricos em Recife entre os anos de do Pina.
2015 e 2018 (Quadro 1). Ao serem analisadas as
duas estações mais chuvosas de Recife a partir da
Quadro 1. Precipitação anual por postos pluviométricos em Recife, com variações de cores do mais chuvoso
(verde) para o mais seco (vermelho) entre os anos de 2015 e 2018.
Além dessa variação espacial da foi de aproximadamente 300 mm. Tal fato, já
precipitação por ano, existiu uma diferenciação da levanta a importância de se mapear a precipitação,
quantidade precipitada ao longo dos anos. De modo pois algumas áreas suscetíveis a deslizamentos
geral, o ano que foram registradas as maiores podem ser potencializadas de acordo com a
quantidades precipitadas nas estações foi 2017, quantidade precipitada naquele local (Modesto e
enquanto o que registrou as menores foi no ano de Nunes, 1996).
2018. É importante ressaltar que os anos mais
secos das estações pluviométricas não foram os Análise espacial e estatística dos possíveis fatores
mesmos, sendo ora em 2018, ora em 2016. Isso que contribuíram na distribuição espacial da
evidencia que na análise dos anos mais secos, não precipitação
existe um padrão para todas as estações, o que não
aconteceu com o ano mais chuvoso de todas as Devido ao fato dos ventos alísios de
estações, que foi em 2017. sudeste terem sido predominantes nos anos
Um dos fatores a serem considerados estudados, as nuvens, em baixos níveis, também
sobre essa variação espacial é que as maiores teriam essa direção de deslocamento. Com a
diferenças entre os postos localizados em Recife, configuração espacial do relevo formando uma
apresentaram, no mínimo, 536 mm, no ano mais planície em boa parte do território recifense, as
chuvoso (2017); enquanto nos anos que nuvens poderiam ter sido barradas nas encostas
apresentaram as menores precipitações, a diferença situadas na porção oeste e noroeste de Recife.
orientações das vertentes seriam voltadas para elas, a tendência nos quatro anos das maiores
sudeste, devido ao efeito topográfico sobre a quantidades precipitadas situarem a oeste do
convecção atmosférica em baixos níveis. município do Recife (Figura 4).
Essa correlação espacial foi identificada na É importante ressaltar que as maiores
Baía da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde as quantidades precipitadas no oeste recifense, podem
maiores precipitações eram maiores a barlavento potencializar os efeitos de inundação mesmo em
das encostas fluminenses (Soares et al., 2014). Por áreas próximas do mar, visto que toda a água
isso, essas correlações entre o relevo e a chuvas precipitada nas porções mais elevadas ao oeste
podem facilitar no processo de interpolação dos tende a drenar e escoar seu fluxo em direção aos
dados, principalmente quando há ausência de bairros mais a leste do Recife. Esses processos
dados pluviométricos, pois com a utilização da entre relevo, precipitação e drenagem já foram
geoestatística, essas correlações poderiam ser abordados por Correa e Galvani (2018) na bacia do
utilizadas como parâmetros para a interpolação das Rio Piquiri, no estado do Paraná.
chuvas (Goovaerts, 2000). É essa configuração espacial do relevo que
Dependendo do sistema atmosférico poderá ser fundamental na distribuição espacial das
atuante, a direção dos ventos pode ser alterada, chuvas. Como a linha de costa do estado de
resultando em outras configurações espaciais da Pernambuco é perpendicular à direção
chuva. Partindo desse contexto, Forgiarini et al. predominante dos ventos (SE), é provável que as
(2014) identificaram que a direção dos ventos nuvens carregadas, ao chegarem na costa recifense,
interferia na distribuição espacial da quantidade façam seu trajeto aumentando a sua intensidade a
precipitada, de maneira que não existia um padrão medida que as rugosidades do relevo forcem a uma
nas orientações de barlavento e sotavento. maior turbulência do ar. Por meio do levantamento
No caso presente, entre 2015 e 2018, foram dessa hipótese, justifica-se o fato das maiores
predominantemente ventos de sudeste nos eventos quantidades precipitadas – mesmo em anos mais
que foram registradas precipitações em Recife o secos – concentrarem-se próximos das encostas
que favorece uma visualização mais clara da localizadas ao oeste do município. Essas
relação entre as orientações das encostas com a concentrações das chuvas foram maiores na zona
distribuição das chuvas. oeste e norte de Recife devido à concentração do
Para verificar essa correlação, uma fluxo de umidade, tanto de modo convectivo, como
representação em três dimensões da rugosidade do advectivo.
relevo foi relacionada às chuvas anuais e a
orientação predominante dos ventos. Algumas
particularidades são apresentadas no mapa, dentre
Figura 4. Visualização em 3D das médias anuais de precipitação associadas ao relevo e a direção dos ventos e
o transecto utilizado no perfil.
Figura 5. Visualização em 3D das médias anuais de precipitação associadas ao relevo e a direção dos ventos e
o transecto utilizado no perfil.
A partir da análise do perfil, fica evidente encontrados pelos autores, é que a escala de análise
que nas proximidades das encostas, a precipitação dos autores mencionados abrangeu uma área bem
foi maior em todos os anos, ao mesmo tempo que a maior e com uma amplitude altimétrica de 1.000
sotavento das encostas houve uma diminuição da metros. Por isso, uma das particularidades do
precipitação. Com os mesmos procedimentos presente estudo é que mesmo que a altitude no
metodológicos, Correa e Galvani (2018) traçaram município de Recife possua uma amplitude de,
um perfil da altitude e a precipitação e aproximadamente 100 metros, ainda é identificada
identificaram que a precipitação tende a aumentar uma correlação espacial com a quantidade
à medida que vai aumentando a altimetria. O que precipitada.
difere os resultados dessa pesquisa dos que foram
Figura 6. Linha de tendência e correlação entre a altitude em relação ao nível do mar dos postos pluviométricos
e a média anual precipitada, de 2015 a 2018.
Diante dessa discussão, é possível que haja facilita a identificação das áreas onde houveram
algum processo convectivo forçado promovido maiores turbulências e ascendência dos ventos –
pela topografia de Recife, mesmo que a altitude que no caso presente foi próximo as encostas das
não seja considerável. É válido salientar que a vertentes – assim como no reconhecimento das
análise por meio da regressão linear entre a altitude áreas a sotavento das encostas.
e a precipitação (Figura 6), as correlações Como proposta de aproximação do
estatísticas não apresentaram correlações conceito de sopé das encostas e precipitação, para
consideráveis. Soares et al. (2014) e Liu e Shen análise, foram considerados a diferença de altitude,
(2008) identificaram, no entanto, que as maiores em um raio de 2 km do posto pluviométrico, e a
quantidades precipitadas tendem a ocorrer próximo média da quantidade precipitada (Figura 7).
aos sopés das encostas, sendo ainda regiões de Partindo dessa análise, as correlações foram mais
baixa altitude e leve declividade. Destarte, a evidentes que a altitude.
apresentação dos resultados por meio de perfis,
Figura 7. Linha de tendência e correlação entre a diferença de altitude num raio de 2km da estação
pluviométrica e a média anual precipitada, de 2015 a 2018.
Correlacionando essa possível ascendência sobre o relevo de Recife, foi possível identificar
do ar, e consequentemente maior desenvolvimento uma concentração, no sentido horizontal, do fluxo
vertical das nuvens, com a modelagem dos ventos dos ventos próximo ao bairro da Várzea (Figura 8).
Figura 8. Modelagem espacial do fluxo horizontal dos ventos de acordo com a topografia. Em destaque, postos
pluviométricos utilizados.
Figura 9. Modelagem da pressão dos ventos sobre as encostas em Recife-PE e a velocidade dos ventos a partir
das cores dos vetores.
Figura 10. Modelagem da pressão dos ventos sobre as encostas em Recife-PE e a velocidade dos ventos a partir
das cores dos vetores.
Outro fato a ser destacado é que as áreas estudada, já que os resultados não apresentaram
com maiores manchas urbanas não apresentaram as uma relação de manchas urbanas com maiores
maiores quantidades precipitadas. Tais fatos quantidades precipitadas.
podem apresentar que as áreas urbanizadas não Corroborando tais afirmativas, ao observar
tenderão a apresentar maiores quantidades a Figura 11, observa-se que as correlações
precipitadas em todos os casos, contrapondo a ideia estatísticas entre a vegetação no entorno do posto
de Landsberg (1981) sobre essa questão, onde o pluviométrico e a quantidade precipitada são
mesmo afirma que a presença de áreas urbanizadas menores que a diferença de altitude num raio de 2
favorece a formação das chuvas. Alguns estudos km do posto pluviométrico. É válido ressaltar que
sugerem que, por meio de modelagens, as áreas tais correlações estatísticas foram mais claras que a
urbanizadas favorecem os processos convectivos, altitude, inferindo que o último não seja tão efetivo
favorecendo a formação das chuvas, como como os outros, no caso de Recife.
mostraram Souza et al. (2017). Partindo desse pressuposto, cada área
Todavia, os resultados presentes podem estudada poderá ter níveis de interações entre os
levantar o fato de que os processos formadores das fatores que influenciam nas chuvas de maneira
chuvas podem dar-se de maneira diferenciada de complexa e diferenciada, ressaltando a importância
acordo com os fatores atuantes em cada área de um estudo minucioso.
Figura 11 - Linha de tendência e correlação entre a média da reflectância do NDVI num raio de 2km da
estação pluviométrica e a média anual precipitada, de 2015 a 2018.