Cálculo Diferencial

e Integral II
Técnicas de Integração
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25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
1ª Edição
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Lívia Maria Figueiredo Lacerda

Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária

Carlos de Oliveira Varella

Núcleo de Educação a Distância (NEAD)

Márcia Loch
Sumário
Técnicas de Integração
Para início de conversa... ................................................................................. 4
Objetivo .......................................................................................................... 4
1. Integrais Imediatas ....................................................................................... 5
2. Integração por Substituição ou Mudança de Variável ...................... 6
Referências .......................................................................................................... 12

Cálculo Diferencial e Integral II 3

Para início de conversa... Objetivo
Vimos as principais propriedades de resolução de integrais indefinidas. Efetuar cálculo de integrais que envolvem o método da substituição de
Entretanto, muitas vezes precisamos resolver integrais de funções cujo variável.
integrando não seja apenas um polinômio ou funções simples. Para
facilitar o modo como resolvemos a integral, precisamos muitas vezes
reescrevê-las de uma maneira mais simples que nos permita calcular
a integral por meio das técnicas que vimos no Capítulo 1. Além dessas
ocasiões, temos integrais de funções, tais como as trigonométricas e
exponenciais, que possuem características particulares.

Outras vezes a integral pode parecer impossível de ser resolvida, pois

envolve desde radicais de funções até funções compostas. Nesse caso,
substituímos parte do integrando por meio da introdução de uma nova
variável para obter uma integral do tipo já conhecido pela solução
imediata.

No estudo e aplicação da matemática, um dos objetivos é simplificar um

problema complexo, transformando-o em um problema mais simples por
meio de uma mudança de variável. Para todos esses casos, é de grande
utilidade dominar as integrais imediatas, que são integrais cuja solução
é uma função conhecida. Em outras palavras, são integrais cuja solução
já é conhecida de imediato ao analisar o integrando.

Cálculo Diferencial e Integral II 4

1. Integrais Imediatas .

A integral de uma potência de x com expoente igual a −1, ou seja, a

Seja uma função f ( x ) definida em algum intervalo I . Chamamos de inversa da função x , é dada por
antiderivada de f ( x ) a função F ( x ) tal que: F ' ( x ) = f ( x ) para todo
valor de x pertencente ao intervalo I . Para cada função f ( x ) há um .
número infinito de soluções para a integral ∫ f ( x ) dx, todas diferindo
entre si apenas por uma constante C , de modo que
1
( F ( x ) + C=) ' A função f ( = x ) x= −1
F '( x) + C
=' f ( x ) +=
0 f ( x), não está definida no ponto x = 0.. Portanto,
x
ao avaliar a integral da função, devemos considerar se x < 0 ou
e x > 0, obtendo como resultado da integração F ( x ) = ln ( − x ) + C ou
F=( x ) ln ( x ) + C , respectivamente.
∫ f ( x=
) dx F ( x ) + C , se F ' ( x ) = f ( x ) .

A integração é o processo inverso da derivação. Assim como há uma

tabela de derivadas, também há uma tabela de integrais básicas Integral da função exponencial e x
proveniente da tabela de diferenciações. Considerando n ≠ 0 e C
constantes reais, das fórmulas de derivação já conhecidas, veremos as
fórmulas de integrais imediatas. É comum que fiquemos empolgados ao nos deparar com a integral de
uma função exponencial. Um dito comum é que “a integral (e, também, a
A integral de uma constante k derivada) da função exponencial é a própria função exponencial”. A fim
. de evitar erros, vamos elucidar a integral de uma função exponencial
cujo expoente é o produto de um número k ≠ 0 por uma função x
Caso k = 0, o resultado da integração é apenas a constante C.

Seja uma constante n ≠ 0,, a integral ∫x

n
dx é dada por

Cálculo Diferencial e Integral II 5

Exemplo: ▪ Integral da secante:

Calcule:

∫ dx b) ∫ x dx ▪ Integral do quadrado da secante:

2
a)

Solução:

a) Nesta integral, o valor do integrando é 1. Como estamos calculando a

integral de uma constante, temos

b) Integral de uma potência de x

Veremos, a seguir, as principais fórmulas de integração envolvendo

funções trigonométricas 2. Integração por Substituição ou
▪ Integral do cosseno: Mudança de Variável
Vimos até agora como determinar o valor de ∫ f ( x ) dx aplicando as
regras de integração imediata e propriedades da integral. Contudo,
▪ Integral do seno:
nem sempre é possível calcular a integral de uma função de maneira
simples, fazendo apenas alguma manipulação algébrica ou por meio
de integração imediata. Para operações envolvendo funções mais
▪ Integral da tangente:
complexas, precisamos aplicar certas técnicas a fim de determinarmos a
integral definida. Nesta seção, veremos a integração por substituição.

Cálculo Diferencial e Integral II 6

Sejam duas funções f ( x ) e g ( x ) , com g possuindo derivada.
Considerando a primitiva F ( x ) tal que F ' ( x ) = f ( x ) , dizemos que a
composição de funções F ( g ( x ) ) é uma antiderivada de f ( g ( x ) ) ⋅ g ' ( x ).
Uma fórmula para a integral por substituição é definida como:
, substituição. Olhando para a integral ∫ x( x + 5) dx e substituindo u
onde G ( u ) corresponde a G ' ( u ) = g ( u ) . De maneira geral, se f ( x )
pode ser escrita na forma u = u ( x ) , então uma antiderivada de f ( x )
será obtida por meio do cálculo da integral de g ( u ) , substituindo u por
u ( x ) . Vejamos alguns exemplos:
Exemplo:
Utilize a substituição de variável para calcular a integral
Solução:
Se tivéssemos apenas as regras básicas como recurso para resolver essa
integral, seria necessário, antes de qualquer coisa, expandir o termo
( x 2 + 5)100 , multiplicar o resultado por x e, por fim, efetuar a integração
de cada uma das dezenas de termos obtidos. Seria um procedimento
exaustivamente trabalhoso. A mudança de variável felizmente existe
para facilitar o cálculo desse tipo de integral. Analisando o integrando
Cálculo Diferencial e Integral II
x( x 2 + 5)100 , fazemos a substituição do termo entre parênteses pela nova
variável = u x 2 + 5.. Derivando u, temos:
Escrevendo a expressão anterior da forma du = 2 x dx, podemos fazer a
2 100
no integrando, devemos mudar também a variável cuja integral está
sendo calculada. Observe que, substituindo = u x 2 + 5 no integrando,
ainda temos ∫ x(u ) dx. A substituição não está completa, pois nossa
100
nova variável é u e devemos, portanto, integrar a função nessa variável.
Ainda temos que substituir x dx que ainda está no integrando. Vimos
que a derivada de u é 2 x dx. Manipulando a expressão
concluímos a mudança de variável, chegando à nova integral
.
Aplicando a propriedade da multiplicação da integral por uma constante,
reescrevemos a integral anterior como
.
Agora podemos resolver a integral normalmente, aplicando a regra da
potência e, em seguida, multiplicando o resultado por 1/ 2..
7
Por fim, após resolver a integral na nova variável, substituímos de volta a 3. Utilizando as duas equações obtidas nas etapas anteriores ( u = g ( x )
expressão na variável original x e obtemos o resultado final e du = g ' ( x ) dx ), reescreva todo o integrando, inclusive o termo dx,
combinando as duas equações, de modo que o novo integrando seja
.
escrito somente em termos de u e du.
4. Calcule a integral indefinida resultante em termos de u.
5. Utilizando a equação u = g ( x ) obtida na primeira etapa, reescreva a
A notação de integral no caso de integral por substituição de variável resposta da integração da etapa 4 nos termos da variável original x.
simplifica o que potencialmente seria uma forma mais complicada
em cálculos simples. Da mesma maneira que as regras básicas para a Exemplo:
integração podem ser pensadas como “processo reverso da derivação”,
o método de integração por substituição de variável é exatamente o Calcule a integral .
“processo reverso da regra da cadeia”.
Não existe uma regra imediata para integração de radicais. A primeira
simplificação para esse caso consiste em reescrever o radical como
O procedimento para calcular a integral de uma função f ( x ) pela uma potência de expoente fracionário. Nesse caso,
substituição de variável obedece ao seguinte desenvolvimento:
.
1. Determine a parte do integrando f ( x ) que é notavelmente du
relevante no sentido de que, se essa parte fosse trocada por uma u 2 x + 1, de modo que du = 2 dx e
Agora faremos a substituição = = dx.
2
nova variável, o integrando seria consideravelmente mais simples Temos, portanto,
de ser calculado. Substitua essa parte por u. A equação resultante
deverá ter a forma u = g ( x ) . .
2. Utilizando a equação u = g ( x ) encontrada na etapa anterior, u 2x +1 ,
Aplicando a regra da potência e, em seguida, substituindo =
determine a diferencial du. Agora a equação resultante deverá ter a obtemos
forma du = g ' ( x ) dx.

Cálculo Diferencial e Integral II 8

 Agora é só resolver normalmente a integral na variável u,
.
resultando em senu +C e, em seguida, substituir de volta para a variável
Escrevendo no formato de radical, concluímos que
original, obtendo
.
.
Exemplo:
Exemplo:
Calcule a integral
Calcule .
.
Fazendo u ( x ) = x ,, temos du = 2 x dx. Segue que:
2

Solução:

Temos aqui um exemplo interessante e bem esclarecedor. Além da

2
função trigonometria cosseno, temos um termo 2x e outro x . De
imediato, podemos ver a relação entre essas duas últimas funções, já
que a primeira é a derivada da segunda. Logo, u = x 2 e du = 2 x dx. É fácil
perceber que a substituição desse exemplo já está pronta. Para favorecer
a visualização da mudança de variável, vamos reescrever a integral.
Dependendo da forma do integrando original, pode ser que o método de
substituição não tenha sucesso na resolução da integral. Pode ser que,
após as manipulações algébricas na etapa 3 serem concluídas, a integral
resultante em u seja mais complicada que a integral original. Caso o
processo falhe, verifique novamente sua escolha para u, pois ele pode
ser eficaz para outra.

Cálculo Diferencial e Integral II 9

Exemplo: integração imediata de funções trigonométricas é primordial. Vejamos
alguns exemplos.
Calcule .
Exemplo:
Naturalmente, olhamos para o denominador do integrando e fazemos
a mudança de variável u = 1 + x 4. Derivando u , obtemos du = 4 x3 dx. ∫ sen x ⋅ cos x dx.
3
Calcule
O numerador do integrando original é x , logo
Temos aqui uma função seno elevada ao cubo e uma função cosseno. Já
. vimos a relação derivada/integral existente entre ambas as funções. Uma
4
Nesse caso, a mudança de variável u = 1 + x não resolveu nosso análise cuidadosa do integrando revela que tal relação está explícita na
problema, pois não há como fazer uma substituição que forneça de integral, pois cosseno de x é a derivada da função seno de x. Portanto,
imediato uma integral cujo método de solução seja conhecido. Contudo, efetuamos a mudança u = sen x, que resulta em du = cos dx. Temos, então,
podemos tentar uma nova mudança. Considerando que o numerador é
igual a x e o denominador é uma potência de grau 4, uma substituição
adequada seria u = x 2,,pois sua derivada resulta em um termo semelhante
ao numerador x. Dessa forma, u =x 2 ⇒ du =2 x dx e reescrevemos o isto é,
denominador da integral como

.
Exemplo:
Temos uma integral na variável u que resulta numa função trigonometria,
Calcule .
pois .

Portanto, . Tal como no exemplo anterior, temos uma composição de funções

trigonométricas envolvendo seno e cosseno. É fácil constatar que uma
Funções trigonométricas fornecem uma ampla gama de possibilidades. substituição adequada é dada por u = cos x, resultando em du = − sen x dx.
Em breve, veremos uma substituição em que o domínio das técnicas de

Cálculo Diferencial e Integral II 10

Logo Dessa maneira,

. .

Substituindo u = cos x, encontramos Exemplo:

. Utilizando substituição por mudança de variáveis, vamos verificar que

Exemplo: .

∫ sen x cos x dx.

4 3
Calcule Em trigonometria, a secante de uma função de x pode ser escrita por
meio da identidade
Pode ser uma tentação substituir de imediato u = sen x. Entretanto,
du = cos x dx não colabora com nossa solução, impossibilitando uma .
substituição viável.
Substituindo
= u sec x + tan x, obtemos a derivada du = ( sec x ⋅ tan x + sec 2 x ) dx.
De modo a facilitar a obtenção da integral, escrevemos cos = 3
x cos 2 x ⋅ cos x Temos aqui um ótimo exemplo de substituição, em que a nova variável é o
e efetuamos uma manipulação utilizando identidade trigonométrica, de denominador e o numerador corresponde ao diferencial du. Sendo assim,
modo que
sen 4 x ⋅ cos =
3
x sen 4 x ⋅ (1 − sen 2 x ) ⋅ cos x
x sen 4 x ⋅ cos 2 x ⋅ cos=
ou seja,
e nossa integral seja escrita como
∫ sec x dx= ln sec x + tan x + C .
∫ sen 4 x ⋅ cos 3 =
x dx ∫ ( )
sen 4 x ⋅ 1 − sen 2 x ⋅ cos x dx .
Este capítulo é um dos pilares da aprendizagem e utilização do cálculo
Substituindo u = sen x e du = cos x dx, temos integral. Vimos as principais formas de integração imediata. Embora
todas as formas estudadas possam ser deduzidas no processo inverso
à derivada, algumas das integrais imediatas são mais simples de serem

Cálculo Diferencial e Integral II 11

obtidas. Outras requerem prática e a consulta da tabela de integrais. Para
integrais de funções compostas, muitas vezes precisamos simplificar o Referências
integrando mudando a variável em questão. GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
A integração por substituição de variáveis é um dos métodos mais HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações:
importantes do cálculo das integrais indefinidas. Mesmo quando tópicos avançados. 11 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
utilizamos algum outro método, frequentemente somos obrigados
a recorrer à substituição de variáveis durante alguma operação
intermediária. O êxito da integração é altamente dependente da
habilidade para se escolher a substituição adequada ao efetuar
a mudança de variáveis que, por sua vez, simplificará a integral
original dada. Por isso, o estudo dos métodos de integração se reduz,
essencialmente, à determinação de uma mudança adequada de variáveis,
sendo de fundamental importância para a sequência da disciplina e
estudo de cálculo diferencial e integral.

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