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5. LABIRINTO CONVENCIONAL
A construção de um labirinto é recomenda- pois a essa dose se somará a de espalhamento, que
da para diminuir a intensidade de radiação que chegará pelo labirinto. A parede interna do labirin-
chega na entrada da sala de tratamento, tornan- to também é usada para diminuir a espessura da
do desnecessária a instalação de uma porta mui- parede lateral adjacente ao ambiente externo. Um
to pesada. Nesse capítulo discutiremos projeto de labirinto longo é mais conveniente do ponto de vis-
labirinto para salas de aparelhos de média energia ta da blindagem da porta mas é menos prático e
(4< E <10 MV), onde a porta típica para blindar ergonômico. O projeto deve levar em conta esses
fótons consiste de uma lâmina de 0,6 mm a 15 mm dois fatores e uma boa solução é ter-se um labirinto
chumbo , colocada entre duas lâminas de madei- com comprimento entre 3 e 6 m.
ra ou aço.
A radiação que atinge a região da porta no labirin- Um dos métodos mais utilizados na determi-
to é proveniente tanto do espalhamento no paci- nação da quantidade de radiação incidente na
ente e nas superfícies da sala, quanto da penetra- entrada de um labirinto para fins de cálculo de blin-
ção direta de radiação pela parede do labirinto. A dagem da porta é o do NCRP-51. Entretanto, esse
região da porta deve estar fora do feixe primário, método não é aqui recomendado pois vários auto-
para evitar que a parede do labirinto tenha que ser res têm mostrado que seus valores são muito dife-
muito espessa, e a porta muito pesada. Assim sen- rentes dos medidos experimentalmente e dos ob-
do, a radiação que passa diretamente pela pare- tidos através de simulação de Monte Carlo. Essa
de do labirinto será a de fuga pelo cabeçote (que discrepância pode ser devida ao fato de que o mé-
ditará a espessura dessa parede) e a espalhada todo da NCRP 51 só leva em conta a radiação de
pelo paciente ou superfícies da sala . múltiplo espalhamento, desconsiderando a radia-
ção de fuga que atravessa a parede interna do la-
A espessura da parede do labirinto deve ser
birinto, e, também porque considera a energia
calculada pelo método convencional, levando-se
média do feixe primário como sendo metade do
em conta que ela deve reduzir a dose na região da
valor da nominal (o melhor valor seria 1/3) , assu-
porta a valores menores que os limites primários,
mindo que a energia média do campo de fótons na
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entradado labirnto seria 0,5 MV (o melhor valor A taxa de dose semanal na entrada devido ao
seria 0,2 MV). Alguns trabalhos recentes discutem espalhamento será:
a dose de fótons em labirintos: Morgan e outros
(1995), McGinley e James (1997) e Falcão e aWFT
Desp = ( 12 ) onde,
Okuno (1999). A seguir descrevemos em mais de- (dsec)2 (desp)2 400
talhes esses dois últimos métodos.
D esp é a taxa de dose da radiação espalhada
5.1. Método de Falcão e Okuno (1999)
(Sv/sem), a é a relação entre intensidade de radi-
Essas autoras brasileiras, baseadas no ação espalhada e a radiação primária, como defi-
NCRP-49, consideram que a taxa de dose na entra- nida na tabela B-2 do NCRP-49, W e T são os mes-
da do labirinto advém da radiação de fuga pela mos acima, desp é a distância (m) da fonte até a
parede interna do mesmo e do espalhamento nas parede espalhadora, dsec é a distância (m) da pare-
paredes da sala. de espalhadora até a entradado labirinto ( ver fi-
gura abaixo), F é o tamanho de campo em cm2 e
A taxa de dose semanal na entrada devido à fuga 400 no denominador é o tamanho do campo (cm2)
que atravessa a parede do labirinto será: considerado na obtenção de a.
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5.2. Método de McGinley (1998) primeira reflexão (na parede C); α2 é o coeficiente
da 2a reflexão (parede D) baseado na energia 0,5
De acordo com este autor, na região da porta pode MeV; A2 é a área (m2) da secção reta do labirinto;
chegar: di é a distância (m) do alvo até a primeira reflexão;
dr1 é a distância (m) central ao longo da primeira
a) radiação primária espalhada nas superfícies da
perna do labirinto; dr2 é a distância (m) central ao
sala ( Es );
longo da segunda perna do labirinto. A equação
acima é válida nas seguintes condições:
b) radiação de fuga espalhada pelas superfícies da
sala ( Ef );
I. A energia média do feixe primário é tomada
como 1/3 da nominal da máquina (MV), ao contrá-
c) radiação primária espalhada no paciente (Ep );
rio do NCRP-51 que recomenda o valor ½ do MV;
d) radiação de fuga transmitida pela parede do la-
II. O ângulo da radiação refletida é determinado a
birinto ( Flab )
partir de uma linha que se estende desde o centro
A figura abaixo mostra a situação de espalhamento do campo na parede C até um ponto P na figura;
nas superfícies, quando o feixe primário incide na
III. Os valores de α1, α2, dr1 e dr2 são diferentes da-
parede C:
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b) A radiação de fuga pelo cabeçote que atinge a Para o calculo dessa componente de dose na por-
parede C (figura abaixo) experimenta um único ta podemos usar:
espalhamento antes de chegar na entrada do la-
F0Wcα1A1
birinto. Essa radiação é mais energética do que a Ef = (14)
(dsdi)2
de duplo espalhamento do feixe primário ou do
onde,
que a espalhada a partir do paciente. Para feixes
primários com energias de 6 a 10 MV pode-se as-
Ef é a dose na região da porta devido à fuga pelo
sumir que a energia média dos fótons na entrada
cabeçote; F0 é a razão entre a dose no isocentro e
do labirinto é 0,3 MeV.
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