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Universidade Federal do Amazonas

Instituto de Ciências Exatas


Departamento de Fı́sica
Laboratório de Fı́sica Moderna 2
Decaimento Radioativo do Bário-137
Luciana Cerdeira Almeida - 21753838
24 de março de 2022

Resumo
O césio-137 é um isótopo radioativo (radioisótopo) do elemento quı́mico césio (Cs), cujo número
atômico (Z), isto é, a quantidade de prótons no núcleo atômico, é igual a 55, e o número de nêutrons
é de 82. Assim, a denominação “césio-137” vem do seu número de massa (A), que corresponde
à soma do número atômico com os nêutrons (55 + 82 = 137). Desse modo, sua representação é
dada por: 55137Cs.

1 Objetivo
Através das medidas de contagens pelo tempo, obter a equação de ajuste com estes dados e desta
equação extrair a constante de desintegração desse elemento e então pela equação teórica obter e
comparar a meia-vida do Bário 137m.

2 Introdução
O Césio 137 é um isótopo radioativo resultante da fissão de urânio ou plutônio, é usado em equipa-
mentos de radiografia, até aı́ tudo bem, o problema ocorre quando este isótopo é desintegrado e dá
origem ao Bário 137m que passa a emitir radiações gama. Os raios gama possuem um grande poder
de penetração, sendo nocivos ao ser humano.
O maior acidente já ocorrido com o Césio 137 foi na cidade de Goiânia, em 13 de setembro de
1987. Toda a tragédia foi decorrente de um descuido na fiscalização do lixo radioativo, onde catadores
de sucata retiraram de um aparelho de radioterapia abandonado aquilo que seria fatal: a cápsula
misteriosa. Dentro desta cápsula encontraram algo jamais visto, tinha aspecto brilhante e encantava
a todos, este material foi distribuı́do entre curiosos, inclusive crianças. A beleza radiante fez com que
passassem o material até pelo próprio corpo: era o brilho da morte.
Esse material era o Bário e se desintegrava em um pó azulado e fosforescente, altamente tóxico.
Somente após 16 dias da abertura da cápsula é que foi acionada a Comissão Nacional de Energia
Nuclear (Cnem) e o caso foi controlado. As consequências deste acidente são vistas até hoje, muitos
sobreviventes sofrem doenças como câncer, hipertensão e distúrbios variados, e recebem tratamento
médico contra estes males.

3 Fundamentação Teórica
O césio é um metal alcalino localizado no sexto perı́odo da Tabela Periódica. Suas propriedades são
semelhantes ao rubı́dio e ao potássio, localizados no mesmo grupo, como o fato de ser macio e dúctil,
além de ser explosivo em contato com a água. Seu ponto de fusão, de 28,4 °C, coloca-o como um

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Figura 1: Césio 137 é um elemento altamente radioativo.

dos poucos metais que podem ser lı́quidos em uma temperatura próxima à temperatura ambiente. É
extremamente reativo, inflamando-se espontaneamente em contato com o ar.
O césio, mais especificamente o isótopo 137, está, infelizmente, intimamente ligado à história de
nosso paı́s. No ano de 1987, em Goiânia, capital do estado de Goiás, catadores desmancharam um
aparelho radiológico abandonado e assim expuseram uma amostra azul radioativa de césio-137 (cloreto
de césio) direta ou indiretamente a centenas de pessoas. Segundo os dados oficiais do estado de Goiás,
quatro pessoas morreram no acidente, contudo a Associação de Vı́timas e o Ministério Público indicam
pelo menos 66 óbitos relacionados ao acidente.

3.1 Propriedades do Césio137


O césio é um metal alcalino com número atômico 55 e apresenta 40 isótopos, cujo número de massa
varia entre 112 e 151. Entre eles, há apenas um isótopo estável desse elemento, o césio-133, o qual ocorre
naturalmente. Os demais 39 isótopos são instáveis ou radioativos e sofrem desintegrações nucleares
por emissão de partı́culas beta (positivas ou negativas) com um tempo de meia-vida que varia de um
segundo até vários anos. O isótopo 137 possui um tempo de meia-vida de aproximadamente 30 anos,
o que o torna uma fonte de radiação gama () de longa duração, caracterı́stica que lhe rendeu usos na
indústria e no tratamento de câncer.
A radiação gama gerada pelo isótopo 137 ocorre quando ele decai ao isótopo 137 do bário. Em um
primeiro momento, o césio-137 sofre um decaimento beta (), gerando um isômero instável do bário-137,
cujo tempo de meia-vida é de 2,6 minutos. Posteriormente, para se estabilizar, a espécie instável de
bário-137 emite uma radiação gama de alta energia, extremamente penetrante e que afeta o corpo
humano.
O césio possui um baixo ponto de fusão em comparação a outros metais, sendo de 28,4 °C. Seu
ponto de ebulição é de 699,3 °C e, por conta de seu grande raio atômico, perde o elétron de valência
(6s1) com grande facilidade, adquirindo NOx +1 nos compostos.

3.2 Obtenção do Césio-137


A obtenção do isótopo 137 do césio ocorre por meio da fissão nuclear espontânea ou induzida de
vários radionuclı́deos pesados, como o urânio-233, o urânio-235 e o plutônio-239. Contudo, devido à
alta energia de ativação, a fissão espontânea é de certa forma improvável, sendo mais comum a fissão
induzida, aproveitando-se a energia de um nêutron. Para exemplificar, descreve-se a seguir a fissão
induzida do urânio-235 para a produção do césio-137.
O urânio-235, ao ser bombardeado com um nêutron, forma o isótopo instável urânio-236, que sofre
fissão, produzindo um radionuclı́deo de massa 137 (X) e outro radionuclı́deo Y, com dois a três nêutrons
nesse processo, além de energia.
O radionuclı́deo X pode ser tanto o bário (Z = 56), césio (Z = 55) ou outros isótopos de número
atômico menor que 55, de baixo tempo de meia-vida, os quais sofrem decaimento e produzem o
césio. Essa quantidade de possibilidades explica o baixo rendimento de produção do césio-137 por esse
método, o qual é de cerca de 6,8

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Boa parte do césio-137 presente na atmosfera se deve a testes de armas nucleares ocorridos durante
o perı́odo da Guerra Fria, mais especificamente nas décadas de 1950 e 1960. Os acidentes nas usinas
de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, e de Fukushima, em 2011, no Japão, também aumentaram muito
a concentração desse isótopo na atmosfera.

3.3 Aplicações do Césio137


Assim como o cobalto-60, o isótopo 137 do césio é muito utilizado como fonte de raios gamas para:
1. inativação, por radiação, de cancêr em seres humanos;
2. esterilização em escala industrial;
3. preservação de certos alimentos;
Por ter um tempo de meia-vida cerca de seis vezes maior que o cobalto-60, o césio-137 pode ser
utilizado sem necessidade de reposição constante. Além disso, o isótopo 60 do cobalto emite raios
gama de maior energia que o 137Cs, requerendo mais blindagem para a contenção dessa energia.
O césio-137 também pode ser utilizado como uma espécie traçadora, ou seja, utilizada para estudar
movimentos e caminhos de partı́culas no ar e na água. Como esses movimentos de partı́culas podem
levar anos para ocorrer, a meia-vida de 30 anos do 137Cs é muito adequada para esse feito.
Foi graças a esse radioisótopo que se descobriu que o movimento das águas de correntes oceânicas
ocorrem essencialmente em camadas horizontais, concluindo-se que partı́culas das camadas superiores
levariam milhões de anos para atingirem as camadas mais profundas.
Em um uso mais curioso, descobriu-se que as emissões caracterı́sticas do 137Cs servem para ajudar
na datação de vinhos extremamente antigos.

3.4 Precauções com o Césio-137


A desintegração do césio-137 gera raios gama, os quais interagem com componentes do corpo, ionizando
moléculas. Contudo, a quantidade de raios gama absorvidos pelo corpo depende da quantidade de fonte
radioativa e do nı́vel de proteção dela, o que quer dizer que uma fonte bem protegida desse radioisótopo
não oferece perigo.
Contudo, exposições por inalação, contato com a pele ou ingestão desse radioisótopo podem ser
mais graves, sendo necessário determinar o quanto foi absorvido e quais os órgãos que sofreram mais.
Tais exposições podem gerar problemas como náuseas, vômitos, diarreia, tonturas, queimaduras e até
mesmo a morte. Na ausência de tratamento médico, o césio-137 tem meia-vida de 70 dias no corpo
humano.

3.5 Acidente com césio-137 em Goiânia


Em 13 de setembro de 1987, dois moradores de Goiânia, capital do estado de Goiás, adentraram no
terreno do antigo Instituto Goiano de Radiologia, o qual passava por um imbróglio judiciário por
consequência de uma venda. Desempregados, estavam em busca de algum rendimento monetário
nos maquinários que continham ferro e chumbo, até que encontraram um aparelho radioterápico que
continha uma cápsula de césio-137 (na forma do sal cloreto de césio).
Os dois rapazes, então, romperam o invólucro de chumbo que exercia a proteção da amostra de césio
e o venderam para um ferro-velho. O proprietário do ferro-velho observou um brilho azul fascinante
vindo da amostra, divulgando-o em sua vizinhança e, sem ter noção dos riscos associados, distribuiu
fragmentos do pó desprendido entre parentes, vizinhos e amigos, iniciando-se, assim, a circulação da
amostra radioativa pelo bairro.
Contudo, logo o sı́mbolo de sorte e bem-aventurança se mostrou, no fim de setembro de 1987, o
inı́cio do maior acidente radiológico da história do Brasil. As pessoas, ainda sem saber o motivo,
começaram a buscar ambulatórios e hospitais em busca de ajuda para sintomas de contaminação por
césio, até que a esposa do dono do ferro-velho, suspeitando que o material poderia ter uma relação
com os eventos recentes, levou a peça para a Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual
de Saúde, onde enfim o material foi identificado como radioativo.
A Comissão Nacional de Energia – CNEN – foi então acionada e comunicou o fato à Agência
Internacional de Energia Atômica – AIEA. A partir daı́, diversas instituições locais, nacionais e inter-
nacionais se incorporaram na chamada “Operação Césio-137”.

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As primeiras medidas envolveram etapas de identificação, monitoramento, descontaminação, iso-
lamento e tratamento da população atingida. As áreas consideradas como focos principais foram
isoladas, removendo-se quantidades do solo e de construções, as quais foram demolidas. Ao mesmo
tempo, análises ocorreram para avaliar a dispersão do radioisótopo no ambiente, como solo, vegetais,
água e ar.
As vı́timas foram tratadas com medicamentos que se destinavam a acelerar a eliminação do 137Cs,
além da utilização de ferrocianeto de potássio, K4[Fe(CN)6], conhecido como Azul da Prússia. Tal
medicamento, utilizado em doses que variaram de 1,5 a 20 gramas, captura o césio radioativo no
intestino, impedindo sua absorção. Aproveitando-se de sua semelhança com o potássio, as equipes
também administraram diuréticos.
Nesse trágico episódio, faleceram quatro pessoas logo após a contaminação, incluindo uma criança
de seis anos. As investigações oficiais apontam que cerca de 250 pessoas foram submetidas a con-
taminações mensuráveis, enquanto 20 pessoas receberam nı́veis graves de radiação. Contudo, um
levantamento realizado pela Associação de Vı́timas do Césio-137 (AVCésio) e o Ministério Público de
Goiás indicam que ao menos 66 óbitos estariam relacionados ao evento, enquanto cerca de 1,4 mil pes-
soas foram contaminadas ao longo dos anos. Funcionários, voluntários, moradores, familiares, policiais
e bombeiros, muitos que tiveram contato direta ou indiretamente com o material radioativo, ou com
pessoas, ou com o terreno contaminado, acabaram também adoecendo ou morrendo.
Até os dias de hoje as pessoas contaminadas são monitoradas pelo Centro Estadual de Assistência
aos Radioacidentados Leide das Neves, o CARA, necessitando de tratamentos e medicamentos por
conta das sequelas causadas. Leide das Neves Ferreira era a sobrinha de seis anos do proprietário
do ferro-velho, Devair Alves Ferreira, e foi a primeira vı́tima dessa tragédia, tornando-se um trágico
sı́mbolo.

4 Equipamentos
1. Gerador de isótopos Cs-137, 400 kBq
2. Medidor de pulsação
3. Multı́metro digital
4. Tubo de contador, tipo A, BNC
5. Cronômetro, digital, 1/100 seg.
6. Alumı́nio, folha, 13203200mm, 5 pcs
7.Base do tripé - PASS-
8. Haste de suporte -PASS-, quadrado, l 250 mm
9. Grampo de ângulo reto - PASS
10. Grampo universal
11. Béquer de vidro, curto, 250 ml

Referências

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