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28/01/2018 A primeira sustentação oral de um jovem advogado

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 11 de julho de 2016

A primeira sustentação oral de um jovem


advogado
Por Gabriel Bulhões

Por Gabriel Bulhões

Ao longo da nossa jornada, mas em


especial no início dela, sempre

precisamos de bons conselhos e de

boas referências que as digam. Se não


tivemos oportunidade de tê-las

naturalmente, temos que buscar


construí-las. Sempre busquei me

espelhar naqueles pro ssionais que para mim conseguiam reunir técnica e ética em um

contexto bem sucedido. E sempre fui muito atento aos ensinamentos desses mestres.
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28/01/2018 A primeira sustentação oral de um jovem advogado

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E um dos grandes conselhos que recebi (de um desses parâmetros de conduta
pro ssional que me espelho) foi de nunca deixar de sustentar, em último grau, o direito

do cliente. Essa é uma das maneiras de defender os interesses do constituinte, que

muitas vezes é deixada de lado pela advocacia.

Por hábito, costumo ir às sessões da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do meu

estado, e é forçoso perceber que a grande maioria dos pedidos (de Habeas Corpus,

Apelações, entre outros) ali julgados não recebe a devida atenção dos seus
procuradores. Falo isso, pois poucos são os casos em quê os advogados, mais ou menos

experientes, mais ou menos eloquentes, sobem à tribuna para sustentar!

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A sustentação oral é um momento gracioso para o postulante, que tem oportunidade de
expor aos julgadores do órgão colegiado os motivos e fundamentos do seu pleito. Esse Ci

momento toma especial relevância diante da nossa realidade estrutural e


Co
hegemonicamente cultura do nosso Poder Judiciário: existe uma política de massi cação

dos julgamentos, com decisões “em lote” (sic), e uma pauta pré-construída pelos

assessores que elaboram as minutas que muitas vezes o julgador apenas tem contato no
momento de lerem seus votos (quando não “acompanham o relator”).

O advogado, pois, pode tirar o seu caso como um ponto fora da curva, chamar atenção

dos julgadores para alguma questão mais especí ca e/ou única do seu processo. Assim,

tem-se alguma chance de que a análise da situação do seu cliente seja vista sob uma

ótica diferente da habitual, que por vezes é tão padronizada que lembra uma

mecanização (ou robotização).

Feitas essas considerações iniciais, tenho que, por dever pro ssional e obrigação moral,
nunca deixei nem espero deixar de sustentar em todas as oportunidades possíveis, o

direito dos meus clientes. E disso existem algumas consequências possíveis, como: i)

revisão de posicionamento do relator já preparado em minuta de voto antes da sessão;

ii) geração de divergência a partir do voto do revisor ou do(s) vogal(is); iii) levantamento

de questão de ordem em favor das liberdades/garantias pelo representante ministerial


(o que é louvável e possível, mas que eu particularmente nunca vi); ou iv) pedido de vista,

com revisão (ou não) posterior de posicionamento, do revisor ou do(s) vogal(is).


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Ateremos-nos a essa última hipótese possível.


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Voltando, assim, ao meu primeiro caso que realizei sustentação oral, tínhamos uma
D
prisão em agrante envolvendo um jovem de 19 anos de idade e uma adolescente de 16
D
anos, que foram interceptados em uma motocicleta próximos a uma das praias da

cidade. Com 25 gramas de maconha. D

D
A droga, segundo consta na versão apresentada pelo casal, seria consumida em conjunto
em uma praça próximo dali, e havia sido comprava há pouco na praia, pela quantia de D
R$ 50,00 (cinquenta reais). Não foram apreendidos outros materiais ilícitos. Ou dinheiro
D
em grande quantidade. Ou balança de precisão. Armas. Nada. Nenhum outro elemento,

sequer indiciário, o qual apontasse que aquela droga seria comercializada. Apenas D

outros utensílios relacionados ao uso da droga (papel de seda, isqueiro e um “triturador”)


D
e a fala de um dos policiais que indicou o agranteado como uma gura conhecida do
En
trá co na região.

Ex
Remetido o Auto de Prisão em Flagrante (APF) ao plantão judiciário, a prisão em agrante

é convertida em preventiva com base na “ordem pública” em razão do risco de reiteração In

delitiva apontado no depoimento do condutor/testemunha (policial). Detalhe: por um M


juiz de regular atuação em uma vara cível, que pela disposição das escalas de plantões
Po
do nosso tribunal, se ocupa igualmente de questões criminais e, por exemplo, familiares
ou de saúde (mas isso é tema para outro texto). Pr

Se
Impetrei, pois, de pronto, um Habeas Corpus no Tribunal de Justiça alegando

constrangimento ilegal do juiz plantonista. Apesar de não banalizar o pedido liminar em So

HC´s (pleiteando-o apenas em hipóteses em quê há chance real de deferimento), nesse


Tr
mandamus não fui agraciado na “antecipação dos efeitos da tutela” para afastar a

custódia cautelar, de forma que precisava con ar no julgamento de mérito. Aud

Bol
No caso especí co dos HC´s, os quais independem de inclusão em pauta para serem
julgados, é importante o advogado redobrar sua atenção para não quedar-se inerte Com

quando devia estar a sustentar. Digo isso por que muitas vezes os advogados somente
Co
sabem do julgamento dos seus HC´s, quando são intimados dos acórdãos, deixando
passar, portanto, as oportunidades de sustentação.
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passar, portanto, as oportunidades de sustentação.
Co
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É salutar, então, um acompanhamento de proximidade desse tipo de pedido (de rito
Ent
especial, célere), sendo necessário saber exatamente quando o writ está maduro para
julgamento (em regra, ocorre após o (in)deferimento da liminar, com a prestação das Not

informações pela autoridade apontada como coatora, e o parecer do parquet). Assim,


At
podemos nos antecipar e estar presentes e sustentar oralmente as razões dos nossos
Cu
pedidos veiculados através do remédio heroico.

Cu
Acompanhando o sistema virtual de processos do tribunal, pude perceber quando o
D
feito retornou da Procuradoria Geral de Justiça (Ministério Público Estadual de segundo
grau). Estava, portanto, maduro para ser julgado. Cabia-me, então, participar das sessões Er
subsequentes do órgão julgador, a m de veri car a inclusão do feito em pauta, me
Ev
inscrevendo para sustentar.
Re
Lá estava eu preparado (?) para minha primeira sustentação oral, sem ter a certeza se
seria naquele dia mesmo. Terça-feira, 8 horas da manhã: religiosamente inicia-se o dia

de trabalhos do órgão fracionário com competência para matéria criminal em nosso


tribunal local. Após a abertura da sessão, procurei me informar junto ao meirinho sobre

a pauta de julgamento, estando aí a con rmação: meu pedido ia ser julgado, e já que eu
estava ali seria um dos primeiros.

É práxis em alguns de nossos tribunais que os processos que possuírem advogados


aptos e dispostos a sustentar devem ter preferência no julgamento dos demais: de toda

justeza, pois evita que os causídicos percam longos períodos de tempo acompanhando o
deslinde de diversos outros casos que não os que lhe interessam. De certa forma, isso

funciona por que a grande maioria dos advogados, como já disse, não aproveitam esse
momento para – mais uma vez – levantar a voz pelos clientes. Precisamos mudar essa
cultura, começando pela formação dos nossos estudantes nas Faculdades.

No meio de quase meia dúzia de colegas advogados(as) e uma turma inteira de

graduação (que costuma ir a essas sessões a m de certi car horas complementares


para suas faculdades), fui um dos primeiros a ser chamado. O frio na barriga, a

tremedeira e outros sintomas do nervosismo estavam inconvenientemente presentes (e


me acompanham em menor ou maior grau, e acompanharão sempre: a única diferença
é que aprendemos a lidar com eles).

Sem querer passar qualquer tipo de fórmula ou manual para sustentar (até por que

estaria longe da minha competência qualquer pretensão nesse sentido), peço a


liberdade de pontuar algumas questões pequenas, mas de toda relevância.
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É preciso acompanhar a solenidade que o momento exige. Dessa forma, iniciar a fala

cumprimentando – formalmente – todos os presentes (os desembargadores,


representante ministerial, serventuários da justiça, colegas advogados(as) e os demais)
pode ser uma forma de vencer o nervosismo inicial, possuindo uma chance alta de sua

desenvoltura estar já nesse momento em outras condições.

Após esse momento inicial, com a fala e a postura mais uída, é relevante manter a
lógica e a coerência da argumentação, sendo o ideal seguir a ordem dos argumentos

expostas na petição (começando pelas preliminares e questões prejudiciais, se houver,


passando pelas razões e argumentos esposados, nalizando com uma recapitulação dos
pedidos ponto-a-ponto).

Foi exatamente o que z nesse dia e, apesar de todo o nervosismo, a fala saiu conforme

o script. Após nalizar, quedar-se rme na tribuna para eventualmente esclarecer alguma
dúvida ou consignar alguma questão de ordem até o nal do julgamento é algo também

aconselhável (pois muitos advogados descem e retiram suas “becas” após o m de suas
falas, sem esperar o resultado nal ainda ali, o que pode ser interpretado até mesmo
como falta de educação pelos julgadores).

Após o voto do relator, que não se alterou uma vírgula do que estava pré-concebido

desde antes da sessão se iniciar, minha surpresa: o revisor pediu um voto-vista! Isso
signi cava que, de alguma forma, eu o havia tocado a perceber naquele caso algo

diverso do que estava sendo posto até então. Assim, claro, me enchi de esperança!

Na sessão seguinte, depois de exatos sete dias, estávamos todos lá de novo para mais
uma sessão, na qual o revisor do meu processo incluiu novamente na pauta o
julgamento, pronunciando que seu entendimento era por abrir a divergência, em razão

de não ter encontrado elementos concretos que justi cassem a cautelar extrema,
votando pela substituição da prisão preventiva por outras medidas cautelares. O

posicionamento foi seguido pelo vogal e o voto do relator restou vencido.

Assim, nesse dia, mais uma lição: nossa missão é defender a justiça do que acreditamos
até o último momento, até o último recurso, mesmo na improbabilidade de êxito, pois a
sensibilidade e o toque do detalhe podem vir a todos, em qualquer momento, a

qualquer hora.

No processo penal brasileiro temos um contexto caótico, que é a babel de sentidos


dentro de cada Processo Penal, aplicado a partir da visão de cada julgador (singular ou
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colegiado). Como nos diz a teoria do caos a partir da visão de Edward Lorenz (efeito
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borboleta), ao tomarmos uma atitude – por mínima que seja, considerada muitas vezes
insigni cante –, com plena espontaneidade, podemos gerar uma transformação

inesperada em um futuro incerto. Daí a importância de não subestimar as ferramentas


que estão ao nosso alcance.

Foi o ocorrido, e graças a isso meu cliente pôde responder em liberdade até o desfecho

que o considerou do processo, tendo sido considerado culpado do crime do Art. 28


(descaracterizando, por conseguinte, o delito insculpido no Art. 33 da Lei 11.343/2006).

Pude sorrir após isso, por ter feito a diferença na vida de outro alguém.

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