Você está na página 1de 26

ESCOLA TÉCNICA MUNICIPAL DE SETE LAGOAS

ETMSL

Técnico em Química

Química Geral e Química Orgânica

Elemento Químico Mercúrio

Amanda Correa Rodrigues, Gustavo Vitor Braz De Freitas, Izabella Ferreira Dos
Santos,
Paloma Kathleen De Oliveira Abreu e Juliana De Brito Fonseca

Sete Lagoas – MG

2021

1
Esse documento é referente ao estudo da tabela periódica, ressaltando o elemento
mercúrio, demonstrando sua história e seu uso desde os tempos arcaicos ao
contemporâneo.

Orientador: Fernando Augusto

Instituição: ETMSL

2
Dedicamos esse trabalho a todos
os envolvidos, em principal ao
nosso orientador Fernando
Augusto pelo sincero apoio e
coordenação para a execução do
mesmo.

3
1. INTRODUÇÂO

1.1 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO MERCÚRIO

Número atômico: Z = 80
Massa molar: M = 200,59 g.mol-1
Ponto de fusão: Tf = -38,83 °C
Ponto de ebulição: Te = 356,73 °C
Densidade: 13,534 g.cm -3

O elemento químico mercúrio é simbolizado por Hg, uma redução da palavra grega
"Hydrargyrus" ("Hydrargyrum", em latim), que significa prata líquida, forma como o
mercúrio era conhecido na antiguidade. A derivação do latim é “Argentum Vivum”.
Contudo, o nome mercúrio é uma herança dos egípcios que, conhecendo sete astros
(Sol, Lua, Vênus, Marte, Saturno, Júpiter e Mercúrio), passaram a associá-los aos sete
metais conhecidos até então: ouro, prata, cobre, ferro, chumbo, estanho e mercúrio,
respectivamente. As associações não eram por acaso: Mercúrio, por aparentemente
mover-se mais rapidamente que os demais planetas, representaria adequadamente o
volátil metal. Na Figura 1 são apresentados alguns símbolos utilizados em diferentes
épocas para representá-lo.

Figura 1. Representações do mercúrio em diferentes épocas:


(a) e (b) símbolos alquímicos; (c) símbolo criado por John Dalton no início do séc. XIX;
(d) representação moderna, proposta por
Jacob Berzelius.

4
O fato de este elemento ser líquido à temperatura ambiente é conhecido desde a
antiguidade, mas explicar tal propriedade não é tão trivial, ainda que seja um ótimo
exemplo em uma aula de química para graduandos. Ao observarmos, na tabela
periódica, o seu vizinho Ouro (Au), podemos notar que a pequena diferença na
estrutura eletrônica, é crucial para propriedades físico-químicas tão diferentes como:
ponto de fusão, Au 1064ºC e Hg -39ºC; entalpia de fusão, Au 12,8 kJ.mol-1 e Hg 2,30
kJ.mol-1. O ouro é um excelente condutor, com condutividade de 426 kS.m -1, enquanto
o mercúrio é um fraco condutor com 10,4 kS.m -1. Conforme mostrado por Norrby em
seu artigo “Why is Mercury liquid?”, o orbital 6s no Hg é completamente preenchido e
relativisticamente contraído, o que desfavorece ligações metal-metal e resulta na
elevada energia de ionização (1007 kJ.mol-1) frente aos elementos da mesma família
na tabela periódica (Zn e Cd possuem 906,1 e 876,5 kJ.mol-1 , respectivamente).
Logo, as interações Hg-Hg tornam-se mais fracas do que deveriam ser.
De fato, o mercúrio é o único elemento químico, além dos gases nobres, cujo vapor é
quase inteiramente monoatômico, com pressão de vapor de 0,25 Pa a 25ºC. Devido a
estas propriedades, a formação de ligas com outros metais, como o ouro e o chumbo,
conhecidas como amálgamas, é facilitada. A destilação para separar o mercúrio do
amálgama empregava um grande forno conhecido como atanor (Figura 2), o qual
fornecia calor uniforme e constante.
Compostos de Hg (I) podem ser preparados a partir da redução dos sais
correspondentes de Hg (II), que é o estado de oxidação mais comum (íon mercúrico,
Hg+2), presente, por exemplo, no cinábrio (minério que contém sulfeto de mercúrio,
HgS), a principal matéria-prima para obtenção de mercúrio metálico, que ocorre por
meio da combustão do minério sob corrente de ar, com posterior condensação do
vapor e purificação do metal.

5
Figura 2. Representação esquemática de um forno
conhecido como atanor.

1.2. BREVE HISTÓRICO DO USO DE COMPOSTOS DE MERCÚRIO

De acordo com Caley (1928), o único composto de mercúrio conhecido pelos povos
antigos era o cinábrio, utilizado como pigmento em pinturas rupestres e como fonte de
mercúrio metálico. As primeiras evidências de uso de compostos de mercúrio foram
encontradas pelo arqueólogo Schliemann, durante suas viagens a Kurna, Egito.
Schliemann descobriu, conjuntamente com outros objetos, uma pequena quantidade
de mercúrio em uma tumba egípcia que data de 1500-1600 a.C. Contudo, a primeira
prova escrita do uso de mercúrio é dada por Aristóteles (Figura 3), que se refere a
esse composto como “prata fluida”. Outros relatos descrevem o seu uso em 133 a.C.,
na China, quando um alquimista ofereceu cinábrio ao imperador Han Wu-Ti, afirmando
que a ingestão de líquidos embebidos em vasos feitos daquele material poderia
conferir a imortalidade. Tal ideia era compartilhada pelos hindus e, de fato, o Hg
metálico produzido por condensação do vapor de cinábrio se caracterizava por uma
intensa coloração avermelhada, sendo então associado ao sangue e à capacidade de
devolver a vida. Desta forma, inúmeros povos o utilizavam para recobrir os mortos.
Um dos primeiros vestígios de seu uso no Brasil remonta a 1767, quando o cinábrio
era adquirido pela Câmara de Vila Rica, no Rio de Janeiro, juntamente com outros
materiais para pintura.
A amalgamação é um processo bem conhecido desde os tempos de Plínio (~100
d.C.), que em uma passagem citou o método de separação de mercúrio do ouro. No
entanto, séculos antes, Teofrasto (372 a.C.- 287 a.C.) descreveu a amalgamação.

6
Esta consiste na obtenção de mercúrio a partir da fricção de cinábrio com vinagre em
um almofariz e pilão de bronze. Plínio e Teofrasto são mostrados na Figura 3.

Figura 3. Aristóteles, Plínio e Teofrasto.

O sulfeto de mercúrio esteve diretamente envolvido nas práticas de transmutação do


"ouro alquímico", respaldada pela teoria árabe do "enxofre-mercúrio", concebida no
apogeu da alquimia árabe. Esta teoria, de forma simples, dizia que os metais são
resultados da combinação dos princípios enxofre e mercúrio, possibilitando a
transmutação de metais menos nobres em ouro. A conversão de elementos tão
desejada pelos alquimistas tornou-se realidade com a descoberta da radioatividade
por Henri Becquerel, em 1896. Anos mais tarde, nêutrons acelerados foram usados
para transmutar mercúrio em ouro radioativo, com tempo de vida de alguns dias no
máximo, como descrito por Sherr e colaboradores (1941).
No período de 750 a 1100 d.C. houve um domínio intelectual ininterrupto por parte das
culturas do Oriente Médio. No século XVI, numa tentativa de estabelecer sua própria
teoria da matéria, a tria prima, Paracelso (Figura 4) recorreu à teoria do "enxofre-
mercúrio" e a outro antigo princípio: a teoria dos quatro elementos aristotélicos.
Enxofre e mercúrio seriam agora, juntamente com o sal, princípios que explicariam
não como a matéria se constituía (o que permaneceria a cargo da teoria aristotélica),
mas suas transformações e propriedades: o sal seria o princípio do fixo, mercúrio, o
princípio da fusibilidade e da volatilidade e enxofre, o princípio da combustibilidade.
Paracelso, embora tenha mantido uma explicação metafísica para a matéria,
aproximou a alquimia da medicina ao estabelecer uma relação entre a tria prima e as
enfermidades. Assim, um desequilíbrio entre os três princípios no interior do
organismo seria a causa de uma doença.
Outro composto mercurial historicamente importante é o óxido mercúrico (HgO), sólido
que apresenta coloração vermelha ou amarelo-laranja. A diferença de coloração se
deve ao tamanho das partículas, sendo o sólido amarelo finamente dividido e,
portanto, mais reativo. O sólido amarelo pode ser obtido por precipitação de Hg 2+

7
aquoso com base, enquanto o vermelho pode ser obtido por aquecimento de Hg em
oxigênio a 350 °C ou por pirólise de Hg(NO 3)2. No início da década de 1770, Karl
Wilhelm Scheele (1742-1786), notável químico e farmacêutico sueco, ao aquecer HgO
e outros compostos como o carbonato de prata, obteve um gás ao que chamou "ar do
fogo". Scheele (Figura 4), que corajosamente costumava experimentar o sabor dos
compostos químicos que analisava, teve a morte associada à intoxicação por
mercúrio. Isaac Newton (1642-1727) também sucumbiu aos efeitos tóxicos do
mercúrio, devido à frequente exposição ao metal em suas então secretas práticas
alquímicas, causando-lhe delírios paranoicos.
Em 1774, Joseph Priestley (1733-1804) fez observações semelhantes às de Scheele,
obtendo o que denominou "ar deflogisticado", ao também aquecer ao rubro o m ercúrio
precipitado per se ou cal de mercúrio, nomes utilizados na época para o óxido
mercúrico. Ambos relataram suas observações ao químico francês Antoine Laurent
Lavoisier (1743-1794) que, influenciado por suas ideias de que "a Química apresenta
em geral dois meios para determinar a natureza constituinte de um corpo, a
composição e a decomposição", refez e aprimorou os experimentos de seus colegas,
dando o nome ao gás de oxygén, que significa formador de ácido, o que
posteriormente foi comprovado como equívoco. Fato é que suas descobertas fizeram
com que uma nova teoria da combustão fosse criada, refutando a teoria do flogístico,
amplamente aceita na época.
Em seu livro, "Experiments and observations on different kinds of air", Joseph
Priestley (Figura 4) descreveu a incrível insolubilidade do calomelano (Hg2Cl2) em
água, “necessitando para um grão do sal 2000 vezes o peso de água em ebulição
para dissolvê-lo”. Neste composto, o mercúrio se apresenta dimerizado, ou seja, ligado
a outro átomo de mercurio formando o íon [Hg-Hg]2+, sob estado de oxidação I (íon
mercuroso).

Figura 4. Paracelso, Scheele e Priestley.

8
Neste período, John Dalton (1766-1844) realizou ainda as primeiras medidas de
pressão de vapor de mercúrio, além de outros líquidos, como água, éter, amônia e
ácido sulfúrico. Usando um barômetro revestido de água com a substância em
questão, Dalton observou a depressão causada pela pressão de vapor em uma coluna
de mercúrio e concluiu que as pressões de vapor aumentavam em progressão
geométrica e, as temperaturas, em progressão aritmética.
Já o uso medicinal de compostos de mercúrio se deu do século XV ao início do século
XX, especialmente no tratamento da sífilis, por meio de pomadas, administração oral
ou do aquecimento do paciente em um forno, que liberava vapores de mercúrio
elementar. Desta forma, tais vapores de mercúrio provocavam intoxicação, com
sintomas que variavam desde dores de cabeça a queda de cabelos, depressão,
dermatites, insônia, falhas de memória e fraqueza muscular. Casos de intoxicação
mais grave levaram a óbito por sufocação, parada cardíaca e desidratação.

1.3. OCORRÊNCIAS

As anomalias regionais de Hg obtidas com geoquímica de superfície no Estado do Paraná


têm sua origem em (a) mobilização por fluidos termais, do metal contido em unidades
sedimentares da Bacia do Paraná, através de falhas profundas e sua deposição em
superfície associação com os processos mineralizadores a Pb-Zn-Ba do vale do rio
Ribeira.
Para confirmação destas referências históricas sobre a ocorrência do metal no Paraná,
foram utilizados alguns levantamentos geoquímicos de detalhe, realizados
anteriormente pela equipe da MINEROPAR, em épocas distintas.
Em 1984, na margem esquerda do rio Paranapanema, município de Salto do Itararé,
foram coletadas 75 amostras de horizonte B dos solos em malha regular, com linha base
orientada N75E, linhas tranversais espaçadas de 110 m, e amostras ao longo destas,
espaçadas em média de 45 m (MINEROPAR, inédito). As amostras foram analisadas em
laboratório comercial, na fração < 80 # (< 0,177 mm), por espectrofotometriade absorção
atômica sem chama.
Em 2003, no município de Palmeira, a oeste de Curitiba, foram coletadas 17 amostras
de SAD em afluentes da cabeceira dos rios Tibagi e Iguaçu (MINEROPAR e IEC - Instituto
2
Evandro Chagas, inédito). As áreas das bacias hidrográficas variaram de 10 a 60 km . As
amostras foram analisadas nas frações < 150 # (0,104 mm) e < 230 # (0,062 mm), pelo
Laboratório de Toxicologia, Seção de Meio Ambiente - SAMAM, do IEC por

9
espectrofotometria de absorção atômica sem chama.
Com o objetivo de tentar explicar a expressão geoquímica do metal em superfície,
correlacionando à geologia, e à sua possível associação com grandes estruturas
tectônicas, foram utilizados o mapa geológico simplificado do Estado do Paraná
(MINEROPAR, 1986), o mapa dos principais lineamentos estruturais do estado e um
perfil esquemático da Bacia do Paraná.
Com o objetivo de explicar a distribuição geoquímica do mercúrio no estado, foram
utilizados mapas geoquímicos regionais elaborados a partir dos resultados obtidos com
geoquímica de densidade ultrabaixa (Global Geochemical Reference Network -
GGRN), tanto em amostras do Levantamento Geoquímico Multielementar de Baixa
Densidade (SAD) (Licht, 2001), quanto em amostras do Levantamento Geoquímico
Multielementar de Solos - Horizonte B (Licht & Plawiak, 2004). No primeiro levantamento
foram coletadas 690 amostras de SAD, representativas das bacias hidrográficas do
Estado do Paraná, compondo 39 sub - células GGRN. No segundo foram coletadas 307
amostras de horizonte B dos solos compondo 43 sub - células GGRN, cobrindo todo o
território paranaense.
Os dados regionais referentes ao Hg foram obtidos pela técnica analítica de
espectrometria de fluorescência atômica de vapor frio (CV-AFS), no laboratório do
Institute of Geophysical and GeochemicalExploration - IGGE, Langfang, Hebei, China.

1.4. APLICAÇÕES

No cotidiano podemos ver aplicações dos mercúrios em varias situações como citados
a baixo:
- na indústria química como um catalisador
– como eletrodo em processos de produção de hidróxido de sódio e cloro; sendo este
método lentamente alterado até o ano de 2020
– na fabricação de termômetros, barômetros e equipamentos laboratoriais; em 2017 a
ANVISA aprovou uma resolução que proíbe a venda de termômetros que contenham
mercúrio
– como interruptor em equipamentos eletrônicos específicos
– forma facilmente amálgamas com outros metais – por exemplo: ouro, estanho e
prata; esta propriedade é útil em procedimentos de mineração do ouro
– sulfeto de mercúrio foi por muitos anos usados como corante – conhecido
como vermilion – e com uso abandonado devido à sua alta toxicidade
– seu uso na composição de pilhas e baterias foi abandonado pela toxicidade do
elemento

10
– na odontologia como uma amálgama para preenchimento de cavidades
– vapor de mercúrio é usado em lâmpadas fluorescentes
– na medicina em medicamentos muito específicos e com futura substituição por
substâncias menos tóxicas
– em telescópios com espelho líquido
– Fulminato de mercúrio (II) encontra aplicação bélica.
Também podemos observar a aplicação do mercúrio em varias áreas, como por
exemplo:
 Eletroeletrônica: Lâmpadas fluorescentes e de vapor de mercúrio, pilhas, baterias e
componentes elétricos.
 Metrologia: Barômetros, higrômetros, termômetros e manômetros.
 Medicina: Esfigmomanômetros, termômetros, amálgamas dentárias e conservantes de
vacinas (timerosal).
 Agricultura: Defensivos agrícolas.
 Indústrias: Petroquímica, Cloro-Soda, Bélica, Papeleira e Farmacêutica.
 Atividades: Extração de primária de mercúrio, Mineração de ouro e Geração de
Energia (queima de combustíveis fósseis).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. PRINCIPAIS REAÇÕES QUÍMICAS

O elemento mercúrio possui certa complexidade, uma vez que, esse elemento
consegue formar vários complexos icônicos solúveis e com variados graus de
estabilidade. Deste modo, havendo também vários estados de oxidação. Conforme,
exigência de oxirredução do sistema, pode advir o Hg0, Hg. Além disso, soma- se ao
potencial de oxirredução, o PH é a concentração de Íons Cl-. Sendo assim, o íon Hg2+
raramente é encontrado livre em suas condições naturais. Portanto, em soluções
ácidas, o Hg é estável a um potencial redox acima de 0,4 v e normalmente ocorre em
solos como o complexo HgCl0. Já, se estiver acima de 7,0 o PH o Hg(02H)2 é a forma
estável do Hg. Todavia, a concentração de íons Cl- em solução é de extrema
significância na mobilidade do Hg (II). Pois, esse ligante estabelece complexos de Hg
relativamente alta. Outrossim, é de suma relevância, ressaltar que, a habilidade do Hg
ao complexo com íon sulfeto. Em locais redutores a forma iônica do mercúrio é estável
na presença de Hg e HS-. Destarte, existe potenciais redox mais elevados que o HgS
antecipa, ou em sistemas de alcalinidade elevada, forma-se o íon HgS2-.

11
2.2. SÍNTESE

2.2.1. SÍNTESE FULMINATO DE MERCÚRIO (II)

Através do composto químico Hg(CNO)2 que é um explosivo primário e sensível a


fricção e ao impacto, é possível gerar um material petardo. Uma vez que, tal mistura é
considerada como um composto linear, e torna-se pouco estável devido sua ligação
entre o carbono e mercúrio:

O N C | Hg | C N O

Porém, ao impacto, essa ligação se quebra. De modo, que ocorre um conjunto de


reações extremamente acelerada, consequentemente a tornando explosiva.

2.3. PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Primária: Extração e refino de minério


- Acesso (90%) requer construção de túneis;
- As rochas são deslocadas por perfuração ou detonação;
- As mesmas são transportadas por esteiras, caminhões ou mini trens.
- Pode ser obtido pelo aquecimento do cinábrio e posterior condensação do vapor:
HgS + O 2 -> Hg + SO2

Secundária: Mercúrio recuperado


- Refino Petróleo/Gás Natural;
- Resíduos dos processos de produção industrial (Soda e Cl);
- Reciclagem de lâmpadas (a quantidade presente em cada lâmpada varia de 12 a
120 mg de Hg);
- O único componente da lâmpada que não é reciclável é o isolamento baquelítico.

2.4. FORMA DE EXTRAÇÃO

O mercúrio é o único metal líquido em temperatura ambiente, pode ser encontrado na


natureza em reservas de sulfeto de mercúrio, no minério de cinábrio, é encontrado
também em costas marítimas e até mesmo em rios, sendo o resultado de ações como

12
mineração, queima de carvão e outros processos industriais. E no nosso dia a dia está
presente em termômetros, lâmpadas fluorescentes, pilhas, etc.
O mercúrio encontra-se, na maioria das vezes na fora de sulfeto de mercúrio HgS, um
minério avermelhado ou preto, conhecido como cinábrio. A purificação desse minério é
feita por um método simples de extração metalúrgica:
O cinábrio é aquecido numa fornalha a aproximadamente 600 graus, temperatura a
qual minério sublima, isto é, passa diretamente do estado sólido para gasoso. O vapor
de mercúrio é coletado em uma série de tubos densadores, passando para o estado
conhecido como líquido.
Em um estudo realizado pelo Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do
Ceará, trás uma pesquisa sobre o mercúrio encontrado em águas costeiras e a forma
de extraí-lo, lembrando que pesquisas sugerem que o mercúrio lançado no ar acaba
se depositando nas águas dos oceanos e em regiões costeiras podendo assim trazer
contaminações, como por exemplo, dos peixes para consumo.
Tabela: Estimativa do percentual (%) das principais espécies químicas de mercúrio
presentes em águas salinas e salobras:

Espécies Água do mar Água do mar


Químicas (Cl)=0,7M (Cl)=0,2mM
Inorgânicas
Ph=6 Ph=7 Ph=8
HgCL42- 65,8 _ _ _
HgCl3Br2- 12,3 _ _ _
HgCl3- 12,0 0,1 0,1 _
HgCl2Br- 4,3 _ _ _
HgCl2 3,0 91,1 34,1 0,1
HgOHCl 0,2 8,5 49,4 6,3

13
2.4.1. TÉCNICA UTILIZADA PARA SEPARAÇÃO

Na técnica utilizada, o vapor frio de mercúrio foi gerado a partir do esquema


apresentado na Figura 1. Nesse esquema, a corrente gasosa contendo o vapor de
mercúrio, gerado no frasco I, e transportada por fluxo de argônio isento de mercúrio, a
760ml/min, é pré-tratada antes de chegar à armadilha de ouro. O tratamento consiste
na lavagem em solução de NaOH (frasco II), em água (frasco III) e em banho de gelo
(frasco IV), para prevenir o quenching promovido por substâncias tais como cloro,
bromo e vapor d’água, formadas durante o processo de geração do vapor. Esse
esquema permite que a medida do teor de mercúrio torne-se absoluta, uma vez que o
elemento é diretamente relacionado ao sinal analítico através de uma equação
matemática obtida da calibração do aparelho usando-se padrões sintéticos puros, visto
que no fluxo de medida somente a espécie mercúrio está presente, ou seja, na
ausência de interferentes para qualquer razão do elemento em análise.
A detecção do mercúrio em águas é feita no equipamento através de um tubo
fotomultiplicador (PMT) que lê a célula através de um filtro monocromático em ângulo
reto em relação a luz incidente. A luz direta não é vista pelo PMT, entretanto a
fluorescência produzida pelo mercúrio elementar na célula é multidirecionada e é
observada pelo PTM. O diagrama de fluxo do equipamento de detecção é apresentado
na Figura 2.

2.5. MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO

Os métodos para a determinação de mercúrio envolvem, em geral, as seguintes


etapas: “coleta da amostra, pré-tratamento/preservação/estocagem das amostras,
decomposição da amostra para liberação do mercúrio da matriz,
extração/purificação/pré-concentração, separação das espécies de mercúrio de

14
interesse e quantificação.” Algumas técnicas que podem ser aplicadas para a
determinação de mercúrio são:
▪ Espectrometria de Absorção Atômica por Forno de Grafite (GF-AAS), por Vapor Frio
(CV-AAS), ou por Decomposição Térmica e Amalgamação (TDA- AAS);
▪ Espectrometria de Fluorescência Atômica por Vapor Frio (CV-AFS);
▪ Análise por Ativação de Nêutrons Instrumental (INAA) ou Radioquímica (RNAA);
▪ Cromatografia Gasosa com Detector de Captura Eletrônica ou de Emissão Atômica
ou Espectrômetro de Massas;
▪ Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Ultravioleta ou
Eletroquímico;
▪ Espectrometria de Massa com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS) ou
Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICPOES).

Dentre estes métodos, o de maior aplicação é a CV-AAS, sendo inclusive


recomendado pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.
Porém, recentemente o uso de analisadores diretos de mercúrio que utilizam da
técnica de decomposição térmica catalítica da amostra, com posterior amalgamação e
detecção por absorção atômica, vem aumentando. Uma das grandes vantagens da
TDA-AAS é a não necessidade de decomposição da amostra, podendo ser aplicada
em amostras sólidas, líquidas ou gasosas. Espectrometria de Absorção Atômica A
técnica de Espectrometria de Absorção Atômica (AAS) foi introduzida em 1955 na
Austrália por Walsh e na Holanda por Alkemade e Milatez e o primeiro espectrômetro
de absorção atômica comercial foi introduzido em 1959. Após isso, o uso da técnica
(especialmente para metais) passou a ter um grande aumento ao longo dos anos
devido à sua simplicidade, seletividade, efetividade e baixo custo. Os processos pelos
quais a amostra passa na AAS dependem do tipo de técnica a ser empregada, porém
em todos os casos é necessário que o analito esteja no estado gasoso e em sua forma
elementar. Devido a isso, a principal etapa da AAS consiste na atomização, na qual o
analito é volatilizado, de forma a produzir uma nuvem gasosa de átomos no interior do
atomizador. Esta é a etapa mais crítica de toda a técnica, possuindo grande influência
na sensibilidade, precisão e exatidão. Em seguida, ocorre a aplicação de uma
radiação monocromática (com comprimento de onda definido de acordo com o analito)
sobre a amostra atomizada. Parte dessa radiação é absorvida, de acordo com a
quantidade de átomos elementares presentes na forma gasosa, sendo esta
quantidade definida como a absorbância do meio. A absorbância (A) pode ser
representada pela equação 1.

15
Em que “P0” representa a potência da radiação incidida sobre a amostra e “P” a
potência transmitida após passar pela amostra. A concentração do analito pode,
então, ser calculada através da lei de Beer, definida pela equação 2.

Em que “A” é a absorbância, “a” é a absortividade do composto em L g -1 cm -1, “b” é o


comprimento do caminho óptico em cm e “c” é a concentração em g L -1. A fonte
utilizada para a geração de radiação é uma lâmpada de cátodo oco, formada por um
ânodo de tungstênio e um cátodo cilíndrico de metal (o metal utilizado deve ser o
mesmo que se deseja determinar) selados em um tubo de vidro juntamente com um
gás inerte (Figura 1). Ao se aplicar uma tensão de 300 V através dos eletrodos, ocorre
a ionização do gás inerte e a geração de uma corrente durante a migração dos cátions
e elétrons para os eletrodos. Caso seja gerado um potencial suficiente, os cátions de
gás inerte chocam-se com o cátodo de forma a desalojar alguns átomos do metal e
formar uma nuvem atômica. Os átomos do metal removido ficam no estado excitado,
liberando radiação no seu comprimento de onda específico ao retornarem ao estado
fundamental.
Figura 1 – Lâmpada de cátodo oco.

Fonte: Skoog

Após passar pelo atomizador, a radiação passa pelo monocromador, que possui a
função de isolar a linha de interesse, e vai para o detector, que mede a potência final
da radiação e a transforma em um sinal elétrico, o qual pode ser interpretado em um
computador na forma de um pico, avaliando-se a área ou a altura do mesmo. Os
dispositivos utilizados para a atomização podem ser divididos em duas classes:
contínuos e discretos. Nos atomizadores contínuos a introdução da amostra ocorre de
forma contínua, como no plasma e na chama, enquanto que nos atomizadores

16
discretos a amostra é introduzida através de um dispositivo (seringa ou auto-
amostrador), como no forno de grafite. Os atomizadores de chama possuem um
nebulizador pneumático que converte a solução da amostra em uma névoa ou
aerossol para que em seguida seja introduzida no queimador, juntamente com o
oxidante e o combustível, formando a chama, que provocará, através da elevada
temperatura e processos químicos, a atomização do analito. No forno de grafite
apenas um pequeno volume da amostra é inserido em um forno, após essa introdução
ocorrem em sequência as etapas de secagem, pirólise e atomização, que possuem as
finalidades de evaporação do solvente, decomposição da matéria orgânica e
atomização do analito. Dessa forma, todo analito presente na alíquota da amostra é
atomizado em um curto intervalo de tempo. Portanto, os atomizadores eletrotérmicos
(forno de grafite) proporcionam maior sensibilidade ao método. Para a determinação
de mercúrio, a técnica mais comumente utilizada é a de CV-AAS, na qual ocorre a
redução do mercúrio ao seu estado elementar, através da utilização de cloreto
estanoso ou borohidreto de sódio como agente redutor. O mercúrio na forma de vapor
atômico é, então, arrastado (com auxílio de um gás de arraste) para a cela de
detecção, que consiste em um tubo de quartzo, no qual ocorre a leitura do sinal
analítico.

2.6. MEIO AMBIENTE

2.6.1. AMBIENTES AQUÁTICOS E EMISSÕES ATMOSFÉRICAS


Um dos poluentes com maior potencial tóxico dentre os metais pesados, o mercúrio
desperta uma grande preocupação ambiental, pois apresenta capacidade de
bioacumulação nos organismos e biomagnificação ao longo da cadeia trófica.
Somente cerca de 10% das 5500-8900 toneladas totais emitidas são provenientes de
fontes naturais, como emissão a partir de mercúrio presente em rochas, atividade
vulcânica e atividade geotérmica. Embora presente em pequena concentração na
natureza, os níveis de mercúrio têm aumentado devido a emissões provenientes de
atividades antropogênicas. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA 2013), tais atividades são responsáveis por 30% das
emissões atmosféricas de mercúrio. Pacyna e colaboradores (2006) relatam que a
principal fonte antropogênica de Hg à atmosfera global ocorre a partir da queima de
combustíveis fósseis, carvão, combustão de óleo, extração de ouro, dentre outros. Em
2008, o leste e sudeste da Ásia foram responsáveis pela emissão de 39,7% do total,
enquanto a América do Sul, por 12,5%. Para efeito de comparação, em 2000, somente
da China provieram 28% do total emitido, associado à intensa atividade industrial do

17
país. Em 2010, as emissões antropogênicas foram estimadas em 1960 toneladas. De
acordo com Miranda e colaboradores (2007), em ambientes aquáticos o mercúrio pode
ser encontrado sob diversas formas químicas e físicas: Hg metálico, mercúrio iônico e
espécies metiladas, cuja formação é mediada pelos organismos vivos. Dentre as
formas citadas, o metilmercúrio é a forma mais tóxica, devido à sua alta estabilidade e
capacidade de penetração nas membranas dos seres vivos. Desta forma, a ingestão
de alimentos contaminados, principalmente pescados, leva a uma distribuição do
metilmercúrio em todos os tecidos do organismo humano. Sua ação é concentrada
principalmente no sistema nervoso central, podendo causar redução do campo visual,
distúrbios de mobilidade, dor nos nervos, deterioração mental, paralisia e até a morte.
Em 1953, na tragédia de Minamata, Japão, dezenas de pessoas morreram e centenas
foram intoxicadas após se alimentarem de peixe e mariscos da baía de Minamata, que
estava contaminada com resíduos lançados por uma indústria de plástico que utilizava
metilmercúrio como catalisador em seus processos. Estima-se que cerca de 27
toneladas de organomercuriais tenham sido lançados no mar, desde 1930. O caso
levou vários anos para ser completamente esclarecido e ilustra o processo
denominado biomagnificação, que é a acumulação de mercúrio e outros metais ao
longo de cada nível trófico, em uma cadeia alimentar, em direção ao topo. Os altos
níveis de mercúrio na natureza afetam biotas marinhas em regiões como o Ártico, que,
devido aos reduzidos fluxos fluviais, apresentam uma concentração de mercúrio
quatro vezes maior que a aceitável em fígado de baleias e em focas aneladas no mar
de Beaufort. No Brasil, até 1970, praticamente todo o mercúrio emitido no ambiente
era de origem industrial. Na década de 1980, com a gradativa substituição de
tecnologias que de alguma forma utilizavam mercúrio por tecnologias mais "limpas" e
ascensão do garimpo de ouro, principalmente na região amazônica, esta realidade
modificou-se: atualmente, esta atividade passou a responder pela maior parte das
emissões de mercúrio no meio ambiente, sendo que o garimpo de ouro tornou-se
então a principal atividade relacionada com a aquisição de mercúrio no país. É
importante destacar que a utilização do mercúrio em atividades de garimpo expõe os
ribeirinhos do Rio Negro a um nível não tolerável ao organismo humano, de acordo
com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Contudo, outras regiões são
afetadas por atividades envolvendo mercúrio, como o semiárido brasileiro que,
similarmente à Região do Ártico, apresenta problemas de fluxos fluviais reduzidos,
colocando em risco as populações humanas que exploram tais recursos. Já o
alagamento de territórios férteis para a construção de hidrelétricas contribui para o
agravamento dos quadros de contaminação por mercúrio, devido a uma liberação do

18
mercúrio anteriormente estocado nos solos em sua forma inorgânica, convertido então
em metilmercúrio.

2.6.2. IMPACTOS AMBIENTAIS NA EXTRAÇÃO E USO

Os impactos ambientais podem ser definidos como alterações no meio ambiente


provocados pelo homem e suas atitudes, alterações das propriedades físicas,
químicas e biológicas no meio ambiente, causados por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam a
saúde, a segurança e o bem estar da população e a qualidade dos recursos
ambientais. Desde 1980 o consumo industrial de mercúrio vem caindo
substancialmente. Este fenômeno é resultado direto de uma legislação de controle
mais eficiente, que resultou no banimento do uso de mercúrio em certos setores (e.g.
como defensivo agrícola), na substituição de tecnologias (e.g. células de mercúrio na
indústria de cloro-soda), e no controle mais eficiente de efluentes industriais. O
controle das fontes industriais clássicas de mercúrio resultou em um decréscimo
significativo da contaminação por esse metal em áreas industrializadas no sul-sudeste
do país. Por exemplo, a concentração de mercúrio em peixes de rios e reservatórios
da região metropolitana de São Paulo diminuiu drasticamente entre 1979 e 1990. A
liberação de mercúrio pelos garimpos de ouro é muito significativa, uma vez que este
processo de mineração é muito pouco eficiente. O mercúrio é utilizado na separação
de partículas finas de ouro através da amalgamação e posterior separação
gravimétrica. O amalgama separado é queimado, geralmente a céu aberto, liberando
grandes quantidades de mercúrio para a atmosfera. Durante o processo, quantidades
variáveis de mercúrio são perdidas na forma metálica para rios e solos, e rejeitos
contaminados são deixados a céu aberto na maioria dos sítios de garimpo. O ouro
produzido desta forma ainda contém de 2 a 7% em peso de mercúrio como impureza,
este é sublimado a altas temperaturas durante a purificação do ouro, resultando em
séria contaminação dos ambientes de trabalho e da atmosfera urbana onde esta
operação é feita. O comportamento e a toxidez deste mercúrio será dependente não
só das quantidades emitidas mas principalmente das complexas reações
biogeoquímicas que poderão aumentar ou diminuir a biodisponibilidade deste
mercúrio. A grande utilização de recursos pesqueiros pela população local poderá
levar a impactos significativos sobre a saúde humana, ao contrário do verificado em
regiões industriais onde a dependência desses recursos naturais é bem menor. A atual
conscientização da sociedade com relação à questão ambiental, o processo de
globalização e a normatização crescente ratificam a necessidade da criação de um

19
programa de gestão de resíduos. A própria criação da ISO 14000, que versa sobre a
gestão e auditoria ambiental, é um reflexo de que a questão ambiental é cada vez
mais importante. Este estudo tem como objetivo discorrer sobre os impactos
ambientais e associados à saúde humana ocasionada pelo mercúrio.

A toxicidade do mercúrio varia nos seus diferentes compostos. A forma orgânica é


extremamente tóxica, não apenas para o ser humano, mas para toda a biota. Devido
ao radical orgânico, este composto pode entrar rapidamente na corrente sanguínea,
causando danos irreparáveis ao sistema nervoso central. O metilmercúrio, por
exemplo, pode ligar-se aos grupos sulfidrilas existentes nas proteínas dos seres
humanos. Uma vez no organismo, ele rapidamente se converte em um complexo
protéico, mantendo grande mobilidade através dos tecidos animais. Segundo os
estudiosos, o mercúrio apresenta duas características que o torna único como agente
tóxico e contaminante para o ambiente. Sua volatilidade, por apresentar uma espécie
química estável na atmosfera, o vapor de mercúrio pode ser transformado em escala
global, afetando áreas remotas longe de fontes pontuais de contaminação; e a
capacidade de sofrer transformações processadas por bactérias para compostos
alquilmercuriais de cadeia curta, que são lipossolúveis e muito bem absorvidos pelas
membranas biológicas de praticamente todas as cadeias alimentares. A complexação
com compostos orgânicos dissolvidos possibilita a manutenção de concentração
relativamente elevadas na coluna d’água e acesso preferencial à biota. Segundo
estudiosos, alguns ambientes e condições ambientais contribuem para aumentar os
mecanismos de metilação e complexação orgânica do mercúrio, levando a processos
diferenciados de contaminação. A existência de uma elevada quantidade de plantas
macrófitas nos corpos de água, o desmatamento para a agricultura, a criação de
reservatórios de água para as hidroelétricas, a característica levemente ácida das
águas e o transbordo dos rios em épocas de chuva contribuem para que os ambientes
aquáticos tropicais sejam considerados um lugar propício para a existência de
elevadas taxas de metilação, produzindo um aumento da disponibilidade do mercúrio
para a biota aquática. Isso facilita a permanência e o transporte de mercúrio no meio
aquático, transferindo a contaminação para ecossistemas afastados da fonte de
contaminação.

3. CONCLUSÃO

3.1. POSSIBILIDADES FUTURAS

20
Dentre os usos do mercúrio podemos citar os termômetros, barômetros e um uso
muito interessante é nas lâmpadas de vapor de mercúrio, telescópios com espelho
liquido entre outros usos.
Ainda olhando o uso do mercúrio nas tecnologias empregadas no dia a dia temos
algumas tecnologias em que o elemento numero 80 se destaca com o seu uso, o já
citado vapor de mercúrio é usado em lâmpadas fluorescentes, nestas lâmpadas o
vapor do mercúrio fica em baixa pressão quando a lâmpada é ativada os eletros de
uma extremidade vão em direção a outra extremidade da lâmpada e estes mesmos
eletros se chocam e transferem energia para os átomos de mercúrio com isso, a
energia que foi transferida para os átomos de mercúrio faz os elétrons do mercúrio
migrarem para um nível de energia mais elevado que oque estavam anteriormente,
porem nos sistemas físicos tem a tendência de migrar para um estado que demande
menos energia, então os elétrons de mercúrio que foram para um nível mais
energético com maior excitação vão voltar para o nível de menor energia , e com o
mercúrio neste retorno do nível de energia os eletros vão liberar energia em forma de
luz que é a ultravioleta, para que haja uso deste processo a luz que o mercúrio emitiu
vai ser absorvida pelo fosforo presente na tinta branca em torno da lâmpada e quando
o fosfora faz a absorção desta luz emitida os elétrons do fosforo vão para um nível de
energia mais elevado assim como o mercúrio e os fosforo átomos do fosforo vão emitir
energia em forma de luz visível esta forma iluminado a casa das pessoas que a
possuem.

Há também a possibilidade do uso do mercúrio na arte, ele foi usado uma vez para a
criação de uma obra de arte em que uma fonte que teria água tem como liquido
mercúrio, e foi criada pelo artista Alexander Calder com o intuito de simbolizar a
resistência republicana espanhola em meio fascismo. A obra ainda pode ser visitada e
a doente fica isolada por traz de uma parede de vidro para a segurança do público.

21
Como ultima citação da possibilidade de uso do mercúrio temos as pilhas de mercúrio
que são pequenas e são usadas em calculadoras, relógios, aparelhos para surdez e
outros fins, estas pilhas tem vida longa podendo ser usada por muito tempo, dentro da
pilha possuímos o anodo com amalgama de zinco (o zinco é dissolvido em mercúrio),
o catodo possui oxido de mercúrio e grafite e como eletrólito é usado hidróxido de
potássio.

No anodo ocorre a oxidação do zinco e no catodo há a redução do oxido de mercúrio e


podemos ver como isso ocorre vendo o a equação com reação global.

3.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

22
Conhecido desde a Antiguidade, o mercúrio teve diversas atribuições ao longo da
história: do uso em pinturas rupestres e associação à imortalidade, ao uso medicinal
no tratamento da sífilis, no século XV. Os efeitos de intoxicação por mercúrio, contudo,
foram associados à morte de Scheele e aos delírios paranoicos de Newton. Em 1953,
o efeito da contaminação por mercúrio atingiu milhares de pessoas no Japão,
resultando na Convenção de Minamata, a qual tem definido metas para o controle do
uso de mercúrio em dispositivos domésticos e industriais. No Brasil, os primeiros
relatos revelam sua entrada pelo Rio de Janeiro, na forma de cinábrio, como pigmento
para aplicações em pintura. A partir da década de 70, seu uso no garimpo de ouro,
inicialmente na Amazônia, expôs as comunidades ribeirinhas, o que voltou a ser
motivo de preocupação com a retomada da exploração na região recentemente. Além
disso, este cenário é agravado por leis de importação que ainda permitem o uso do
mercúrio na extração de ouro. A pergunta que ecoa é: Como tal elemento químico,
cujas propriedades seculares o homem domina desde a antiguidade, ainda parece-nos
desconhecido em terras brasileiras?

23
REFERÊNCIAS:

Faria, R. B.; Neves, L. S. História da Química, ed. Átomo: São Paulo, 2008.

Greenberg, A. Uma Breve História da Química: da Alquimia às Ciências Moleculares


Modernas, ed. Blucher: São Paulo, 2009.

Lee, J. D. Química Inorgânica não tão concisa, 5a ed., ed. Blucher: São Paulo, 2000.

Maar, Juergen Heinrich. Pequena História da Química, ed. Papa-Livro: Florianópolis,


1999.

Filgueiras, C. A. L. Havia Alguma Ciência no Brasil Setecentista? Química Nova 1998,


21, 351. [CrossRef]

Martins, R. A. Os Estudos de Joseph Priestley Sobre Os Diversos Tipos de “Ares” e


Os Seres Vivos. Filosofia e História da Biologia 2009, 4, 167.

UNEP. Global Mercury Assessment 2013: Sources, Emissions, Releases and


Environmental Transport. 2013. Acesso em: 29 de outubro de 2021.

Ito, S. Emissions Of Mercury And Other Trace Elements From Coal-Fired Power Plants
In Japan. Science of the Total Environment 2006, 368, 397. Acesso em: 29 de outubro
de 2021.

Feldmann, F. Consultor Ambiental. Jornal da ciência, fev. de 2013. Disponível em: .


Acesso em: 29 de outubro de 2021.

Pacyna, E. G.; Pacyna, J. M.; Steenhuisen, F.; Wilson, S. Global Anthropogenic


Mercury Emission Inventory For 2000. Atmospheric Environment 2006, 40, 4048.
Acesso em: 30 de outubro de 2021.

Miranda, M. R.; Coelho-Souza, S. A.; Guimarães, J. R. D.; Correia, R. S.; Oliveira, D.


Mercúrio em Sistemas Aquáticos: Fatores Ambientais que Afetam a Metilação.
Oecologia Brasilienses 2007, 11, 240. Acesso em: 30 de outubro de 2021.

24
Bisinoti, M.C. Jardim, W.F. O Comportamento Do Metilmercúrio (MetilHg) no
Ambiente. Química Nova 2004, 27, 593. Acesso em: 30 de outubro de 2021.
Lacerda, L. D.; Marins, R. V.; Dias, F. J. S.; Soares, T. M. O Paradoxo Ártico: Impacto
das Mudanças Climáticas Sobre Rios Árticos e do Semiárido Aumentam a Exportação
de Mercúrio para o Oceano. Revista Virtual de Química 2012, 3, 456. Acesso em: 30
de outubro de 2021.

Júnior, D.; Windmöller, W. A. A Questão do Mercúrio em Lâmpadas Fluorescentes.


Química Nova na Escola 2008, 28, 15. Acesso em: 30 de outubro de 2021.

MICARONI, R. C. C. M; BUENO, M. I. M. S; JARDIM, W.F. Compostos de mercúrio -


Revisão de métodos de determinação, tratamento e descarte. Química Nova.
Campinas – SP. Volume 23. Número 4. p 487- 495. 2000. Acesso em: 31 de outubro
de 2021.

SOARES, L. C. Mercúrio em Solos do Sudeste Brasileiro: Interações e Avaliação da


Vulnerabilidade Perante Mercúrio Elementar e Mercúrio (II). 2015. 192 p. Tese
(Doutorado em Ciências – Química). Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2015. Acesso em: 31 de outubro de 2021.

SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. 8.ed. São Paulo: Cengage


Learning, 2008. Acesso em: 31 de outubro de 2021. FUNDAÇÃO ESTADUAL DE
ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE (Rio de JaneiroRJ), Vocabulário Básico de Meio
Ambiente, Rio de Janeiro, 1990, e 133/135. MIRRA, Álvaro Luíz Valery. Principios
Fundamentais do Direito Ambiental. Revista de Direito Ambiental, no 2, ano 1, abril-
junho de 1996. Acesso em: 31 de outubro de 2021.

http://www.cprm.gov.br/publique/media/gestao_territorial/geologia_medica/Painel09.pd
f

https://www.tabelaperiodica.org/usos-do-elemento-mercurio-no-cotidiano-e-na-
industria/

https://cevs.rs.gov.br/mercurio

https://youtu.be/BxsPlPrUID8

25
https://www.tabelaperiodica.org/usos-do-elemento-mercurio-no-cotidiano-e-na-
industria/

https://imagens.tabelaperiodica.org/fonte-de-mercurio/

http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia2000/turmaA/grupo6/lampadas_fluorescente

https://www.youtube.com/watch?v=W0sTR0YBTds

26

Você também pode gostar