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QUÍMICA

I N O R G Â N I C A II

Montagem: Profº Luciano Cardoso

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PARTE I

TEORIAS ÁCIDO-BASE.

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PARTE I
TEORIAS ÁCIDO-BASE

Existem várias teorias que tentam explicar o comportamento dos ácidos e das bases, baseando-
se em algum princípio geral. Entre elas, iremos considerar três que surgiram no século XX e,
cronologicamente, na seguinte ordem: teoria de Arrhenius (1887), de Brønsted-Lowry ou teoria
protônica (1923) e de Lewis ou teoria eletrônica (1923).

1. Teoria ácido-base de Arrhenius

O químico sueco Svante August Arrhenius realizou experimentos que testavam a condutividade
elétrica em solução e verificou que determinadas substâncias sofriam ionização (reagiam com a água e
formavam íons) ou dissociação iônica (íons já existentes eram separados pela ação da água) e
conduziam corrente elétrica.

Ao analisar os tipos de íons que tais substâncias formavam em água, ele notou que algumas
produziam o mesmo tipo de cátion, outras produziam o mesmo tipo de ânion e, por essa razão,
possuíam propriedades muito parecidas, podendo ser agrupadas. Desse modo, surgiu o seu conceito
de ácido e base:

Ácido é toda substância que em água produz como cátion somente H+, e base é aquela que produz
como ânion somente OH–.

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Exemplos de ácidos de Arrhenius: Ácido + Água → Cátion + Ânion

- HCℓ(g) + H2O(ℓ) → H3O+(aq) + Cℓ-(aq)


- H2SO3(g) + 2 H2O(ℓ) → 2 H3O+(aq) + SO32-(aq)
- H3PO4(s) + 3 H2O(ℓ) → 3 H3O+(aq) + PO43-(aq)

Exemplos de bases de Arrhenius: Base + Água → Cátion + Ânion

- NaOH → Na + + OH-
- Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH-
- Al(OH)3 → Al3+ + 3 OH-

A neutralização seria a reação entre essas duas espécies iônicas, produzindo água:
H+(aq) + OH–(aq) → H2O(ℓ)

No entanto, apesar de explicar inúmeros fenômenos e contribuir para várias linhas de pesquisa
da química, essa teoria apresentava algumas limitações. Por exemplo, ela estava restrita a soluções
aquosas, não considerava compostos sólidos nem outros solventes diferentes da água.

2. Teoria de Brønsted-Lowry ou teoria protônica (1923):

Foi proposta de forma independente por G. Lewis (EUA), por T. Lowry (Inglaterra) e por J.
Brønsted (Dinamarca). Mas foi Brønsted um dos que mais contribuiu para o seu desenvolvimento.
Essa teoria é chamada de teoria protônica porque se baseia na transferência de prótons,
iguais ao íon H+, o núcleo do hidrogênio, mas que ao ser chamado de próton, ajuda a diferenciar da
teoria de Arrhenius. Além disso, nessa teoria não há necessidade da presença de água, como
solvente.

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Segundo esses cientistas:
Ácido é toda espécie química, íon ou molécula capaz de doar um próton, enquanto a base é capaz de
receber um próton.

Exemplos de ácidos e bases segundo a teoria de Brønsted e Lowry:


NH3 + HCℓ → NH4+ + Cℓ-
base ácido ácido base
forte forte fraco fraca

NH3 / NH4+ => par conjugado ácido-base


HCl / Cl- => para conjugado ácido-base

Observe que a amônia (NH3) é base porque ela recebe um próton (H+) do ácido clorídrico (HCℓ).
Nessa teoria, a reação de neutralização seria uma transferência de prótons entre um ácido e
uma base, como a reação explica acima.
Apesar de ser uma teoria que também permitiu o estudo e desenvolvimento de várias áreas e
de ser uma definição bastante utilizada e atual, ela também tinha uma limitação: não permitia prever o
caráter ácido ou o caráter básico de espécies químicas sem a presença de hidrogênio.

3. Teoria ácido-base de Lewis ou teoria eletrônica (1923):

G. Lewis (EUA) propôs essa teoria juntamente à teoria protônica. Ela foi proposta a fim de
eliminar todas as limitações mencionadas, podendo se aplicar a qualquer espécie química, sem
exceção.
Ela é também denominada de teoria eletrônica porque envolve a transferência de pares de
elétrons.

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Segundo Lewis:

Ácido é toda espécie química, íon ou molécula que aceita receber um par de elétrons, enquanto a
base é capaz de oferecer um par de elétrons.

O par eletrônico é representado por “:”. De maneira geral, a reação de neutralização pode ser dada
por:
A + :B = A:B

O composto A:B recebe nomes diversos, tais como: aduto, sal, complexo, complexo ácido-base,
complexo doador-aceitador etc.
Veja um exemplo desse tipo de reação:

Observe que a amônia é base porque ela fornece o par de elétrons, e o trifluoreto de boro é o
ácido de Lewis porque ele recebe o par de elétrons. O composto formado por meio do
compartilhamento de elétrons é neutro, por isso, essa é uma reação de neutralização.

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PARTE II

O Estudo Geral dos Metais

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PARTE II
O Estudo Geral dos Metais

* INTRODUÇÃO

1. Metal: Os metais são os elementos químicos capazes de conduzir a eletricidade e o calor, que
apresentam um brilho característico e que, à exceção do mercúrio, são sólidos à temperatura normal.

* Posicionamento dos Metais na Tabela Periódica

2. Propriedades Físicas Gerais dos Metais:

2.1. Cor e Brilho

Os metais, geralmente possuem cor a qual varia do branco ao cinzento. Fazem exceção o ouro,
que apresenta coloração amarela, e o cobre, que apresenta coloração avermelhada.
Quando puros, os metais apresentam um brilho típico chamado “brilho metálico”.

2.2. Dureza

Na ciência dos materiais, dureza é a propriedade característica de um material sólido.


Basicamente, a dureza pode ser avaliada a partir da capacidade de um material "riscar" o outro,
como na popular Escala de Mohs para os minerais, que é uma tabela arbitrada de 1 a 10 na qual
figuram alguns desses em escala crescente a partir do talco ao diamante.

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ESCALA MOHS, de Dureza.

Dureza Mineral Fórmula química Imagem

Talco (pode ser arranhado facilmente com a


1 Mg3Si4O10(OH)2
unha)

Gipsita (ou gesso) (pode ser arranhado com


2 CaSO4·2H2O
unha com um pouco mais de dificuldade)

Calcita (pode ser arranhado com uma moeda


3 CaCO3
de cobre)

Fluorita (pode ser arranhada com uma faca de


4 CaF2
cozinha)

Apatita (pode ser arranhada dificilmente com Ca5(PO4)3(OH-


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uma faca de cozinha) ,Cl-,F-)

Feldspato / ortoclásio (pode ser arranhado com


6 KAlSi3O8
uma liga de aço)

Quartzo (capaz de arranhar o vidro.


7 SiO2
Ex.: ametista)

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8 Topázio (capaz de arranhar o quartzo) Al2SiO4(OH-,F-)2

Corindon (capaz de arranhar o topázio.


9 Al2O3
Exs.: safirae rubi)

10 Diamante C

Os metais possuem dureza média, em torno de 5, na escala Mohs. O mais duro dos metais é o
cromo (dureza 7) e os mais brandos são os metais alcalinos (estes possuem aspecto de cera). A
cromação dos metais justifica maior dureza do cromo.

2.3. Densidade
Os metais de transição são bastante densos, tais como o ósmio - Os (d= 22,5 g/cm3), irídio - Ir
(d= 22,4 g/cm3), platina - Pt (d= 21,5 g/cm3), tungstênio – W (d=19,3 g/cm3), ouro – Au (d= 19 g/cm3).
Os metais alcalinos possuem baixa densidade, sendo menos densos que a água (o lítio é o menos
denso – d= 0,53 g/cm3).

2.4. Temperaturas de Fusão e de Ebulição

O mercúrio - Hg ocupa o extremo inferior e o tungstênio – W, o extremo superior:

Elemento Temperatura de Fusão (0C) Temperatura de Ebulição (0C)

Hg - 40 335

W 3.400 5.900

Os metais alcalinos são facilmente fusíveis, destacando-se o césio – Cs, cujo ponto de fusão é
0
28 C (no verão é líquido).

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2.5. Maleabilidade e Ductibilidade

A maleabilidade é uma propriedade que junto a ductilidade apresentam os corpos ao serem


moldados por deformação. A diferença é que a ductibilidade se refere a formação de filamentos e a
maleabilidade permite a formação de delgadas lâminas do material sem que este se rompa, tendo
em comum que não existe nenhum método para quantificá-los. O elemento conhecido mais maleável
é o ouro, que se pode malear até dez milésimos de milímetro de espessura. Também apresenta esta
característica, em menor escala, o alumínio, tendo-se popularizado o papel de alumínio como
envoltório conservante para alimentos, assim, como na fabricação do Tetra Brik. Em muitos casos, a
maleabilidade de uma substância metálica aumenta com a temperatura. Por isso, os metais são
trabalhados mais facilmente a quente. Ele é um material sólido é maleável quando pode ser dobrado
sem se romper. São exemplos de materiais maleáveis os papéis, alguns tipos de plásticos e os fios de
cobre utilizados em instalações elétricas. A propriedade da ductibilidade justifica, por exemplo, a
deformação de alguns metais para a obtenção de filamentos desses metais – fio de cobre, fio de
platina, fios e aço, etc.

2.6. Condutividade Elétrica


Os metais são bons condutores elétricos, destacando-se: parta, cobre, ouro e alumínio.

2.7. Condutividade Elétrica

Os metais são, também, bons condutores de calor, destacando-se: prata, ouro, cobre e
alumínio.

2.8. Resistência Mecânica

Os metais possuem alta resistência mecânica, a qual abrange a tenacidade (resistência ao


choque) e as resistências à compressão, à tração, à flexão e à torção.
O ferro – Fe é o metal de maior resistência mecânica, o que justifica a destacada importância
que possui na nossa civilização.

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3. Estrutura Cristalina dos Metais

Os materiais sólidos podem ser cristalinos ou amorfos. O conceito de estrutura cristalina está
relacionado à organização dos átomos de forma geométrica.
As estruturas cristalinas estão presentes em diversos materiais, em que os átomos distribuídos
dentro de sua estrutura formam uma rede chamada retículo cristalino. Possuem, portanto, estruturas
cristalinas os sais, metais e a maior parte dos minerais.
As moléculas das estruturas cristalinas podem possuir dois tipos de ligações, as direcionais, em
que se incluem as covalentes e dipolo-dipolo e as não-direcionais em que estão as ligações
metálica, iônica, van der Walls.
As estruturas cristalinas são formadas por células unitárias que são sua unidade básica, pois
constituem o menor conjunto de átomos associados encontrados numa estrutura cristalina.
Há sete tipos de sistemas cristalinos que abrangem as substâncias conhecidas pelo homem:

 Cúbico: em que todos os ângulos são iguais a 90º


 Tetragronal: em que todos os ângulos são iguais a 90º
 Ortorrômbico: em que todos os ângulos são iguais a 90º
 Monoclínico: em que há dois ângulos iguais a 90º e dois ângulos diferentes de 90º
 Triclínico: em que todos ângulos são diferentes e nenhum é igual a 90º
 Hexagonal: em que dois ângulos são iguais a 90º e um ângulo é igual a 120º
 Romboédrico: em que todos os ângulos são iguais, mas diferentes de 90º.

Para cada possível localização dos átomos, íons ou moléculas em determinados pontos, há uma
classificação das estruturas cristalinas em redes de Bravais. Assim, pode-se representar por uma tabela
com os dados de uma das sete classificações acima, de acordo com o material escolhido.

Estrutura Cristalina do NaCl

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Estrutura do diamante
É característica dos elementos metálicos a transformação de líquido para sólido, adquirindo
aspecto de estruturas densas, como a cúbica de corpo centrado.

Quando o mesmo elemento ou composto químico apresenta diferentes formas cristalinas de


acordo com as condições de pressão e temperatura, esse fenômeno é chamado polimorfismo. Como
exemplo tem-se o Ferro (Fe), que pode apresentar as estruturas CFC (cristalina cúbica de faces
centradas) e CCC (cristalina cúbica de corpo centrado), aspecto que deve ser considerado em sua
utilização, como em processos metalúrgicos. O carbono também é um exemplo de elemento
polimórfico, presente no diamante, que é uma estrutura extremamente dura, e também no grafite,
que é quebradiço.

Tipos de retículos cristalinos

A maior parte do conhecimento a respeito das estruturas cristalinas são adquiridas através de
técnicas de raio-x, possibilitando a obtenção de informações a respeito da localização correta de cada
átomo.

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Estrutura do grafite
As estruturas cristalinas possuem características como a piezoeletricidade, que é a capacidade
de gerar uma corrente elétrica se houver algum tipo de pressão mecânica; ferroeletricidade que,
embora não conduzam corrente elétrica, de acordo com a sua temperatura desenvolvem a polarização
espontânea, que pode ser invertida possibilitando a utilização de um campo elétrico externo; efeito
piroelétrico em que o aumento de temperatura causará a polarização espontânea, em que se poderá
utilizar o campo elétrico gerado na superfície do material e são semicondutores.

Em função destas propriedades, os materiais com estruturas cristalinas são amplamente usados
pela indústria na confecção de termômetros, transistores, máquinas fotográficas, relógios e balanças.

OS METAIS ALCALINOS – Grupo 1A


O Sódio – Na

Informações Gerais

Sódio é um metal macio, prateado que flutua na água, decompondo-a com evolução de hidrogênio
e formação de hidróxido. É altamente reativo, por isso não ocorre livre na natureza, apenas na forma
combinada. Ele é o quarto elemento mais abundante na terra. É também, o metal mais abundante
entre os elementos do seu grupo – os metais alcalinos.

Em 1807, Humphrey Davy isolou o sódio pela eletrólise da soda cáustica, poucos dias depois de ter
descoberto o potássio (K).

Em 1808, Gay–Lussac e Theuard descobriram um método químico para produção de grandes


quantidades de sódio e potássio. A reação envolvida é a fusão do álcali com ferro aquecido ao rubro, o
vapor do metal é liberado, condensado e coletado.

Nome do Elemento: Sódio


Símbolo Químico: Na
Número Atômico (Z): 11
Peso Atômico: 22,989770
Grupo da Tabela: 1 (IA)
Configuração Eletrônica: 1s2 2s2 2p2 3s1
Classificação: Metal Alcalino
Estado Físico: Sólido (T=298K)
Densidade: 0,968 g/cm3

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Ponto de Fusão (PF): 370,87 K
Ponto de Ebulição (PE): 1156,0 K

Ocorrência

a- No cloreto de sódio – NaCl, na água do mar e nas salgemas (denomina-se por salgema o cloreto de
sódio, acompanhado de cloreto de potássio e de cloreto de magnésio, que ocorre em jazidas na
superfície terrestre. Pertence ao grupo das rochas sedimentares, mais especificamente às rochas
sedimentares quimiogênicas, evaporitos, devido a ser formado por reações químicas).

jazida de salgema

b- No nitrato de sódio – NaNO3, também chamado de salitre do Chile.

c- Nos silicatos de sódio que ocorrem na crosta terrestre (são complexos e muito estáveis).

Origem do Nome

O nome sódio vem de soda. Seu símbolo Na, vem do nome latino natrium

Histórico

1807 – Seus compostos são conhecidos e usados há longo tempo e foi isolado pela primeira vez por
Davy pela eletrólise da soda cáustica.

Disponibilidade

Presença abundante no Sol e outras estrelas. As linhas do sódio estão entre as mais destacadas no
espectro solar.

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Participa com cerca de 2,6% da crosta terrestre e é o metal alcalino mais abundante ( segue os
elementos: O, Si, Al, Fe e Ca).

O mineral mais comum é o cloreto de sódio (sal de cozinha), mas existem outros como a criolita
(fluoreto de alumínio e sódio).

Produção

Comercialmente é obtido pela eletrólise do cloreto de sódio fundido.

Aplicações

Sódio metálico é usado na manufatura de ésteres e no preparo de compostos orgânicos.


Também é usado em certas ligas, para decapar metais e para purificar metais fundidos. Liga de sódio
com potássio é um eficiente meio de transferência de calor. Lâmpadas de vapor de sódio, onde
contribui com luz amarela, de boa acomodação visual.

. Atividade biológica

Nos fluidos que envolvem a célula biológica, há concentração de íons sódio (Na +), os quais
desempenham funções vitais (uma destas funções é o controle da concentração muscular). Os íons de
potássio (K+) ocorrem no interior das células, principalmente nas células vegetais, o que explica a
importância dos adubos que possuem o potássio. Para nós, a do sal comum: NaCl.

A Bomba de sódio e potássio

A bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte ativo que ocorre em todas as células do
corpo.
O processo ocorre devido às diferenças de concentrações dos íons sódio (Na +) e potássio (K+)
dentro e fora da célula.
Para manter a diferença de concentração dos dois íons no meio interno e externo da célula, é
preciso utilizar energia na forma de ATP. Assim, a bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte
ativo (o transporte ativo é o nome dado ao tráfego de moléculas através da membrana plasmática,
contra o gradiente de concentração, mediado por proteínas específicas transportadores e com a
mobilização de energia celular geralmente resultante da hidrólise de ATP).
A bomba de sódio e potássio está diretamente relacionada com a transmissão de impulsos
nervosos e contração muscular.

Funcionamento da Bomba de Sódio e Potássio

Em condições normais, a concentração de Na+ é mais baixa dentro da célula do que no


ambiente extracelular. Enquanto isso, a concentração de K+ é mais alta dentro da célula do que no
ambiente extracelular.
Nessa situação, naturalmente, o Na+ entra na célula e o K+ sai da célula, por difusão. Isso porque
os solutos tendem a se manter em equilíbrios de concentração.

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Entretanto, para realizar o seu metabolismo, a célula precisa manter as diferenças de
concentração entre os dois íons. Isso quer dizer que o Na + precisa se manter em baixa concentração
dentro da célula e o K+ em alta concentração.
O funcionamento da bomba de sódio e potássio é possível devido duas condições básicas:

(1) A presença de proteínas transmembranas ao longo de toda a membrana plasmática. Essas


proteínas contém sítios específicos para ligação dos íons Na + e K+;

(2) O gasto de ATP, já que a célula precisa manter a diferença de concentração entre os íons. Por isso,
a bomba de sódio e potássio é um tipo de Transporte Ativo.
As proteínas transmembranas expulsam o Na+ que entra na célula e buscam o K + que sai da
célula.
A cada acionamento da bomba de sódio e potássio, 3 Na + se ligam aos seus sítios específicos na
proteína. O ATP também liga-se à proteína e perde um radical fostato, transformando-se em ADP. Isso
provoca a alteração da conformação da proteína que libera os íons de Na + no meio extracelular.
No mesmo momento, os 2 K+ se ligam à proteína em seus sítios específicos. O fosfato é liberado
e a proteína retoma sua conformação original, liberando os íons de K + no interior da célula.

Esquema do funcionamento da bomba de sódio e potássio

* COMPOSTOS DE SÓDIO

# O CLORETO DE SÓDIO (sal de cozinha) é o sal que utilizamos em nosso dia a dia para salgar alimentos
preparados de forma artesanal ou processados (industrializados). Trata-se de uma substância que está
presente também, em diversos alimentos naturais consumidos por nós no dia a dia, como frutas,
verduras, legumes, sementes etc.

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a) Definição
O cloreto de sódio pertence à função inorgânica dos sais e é composto pela associação do cátion sódio
(Na+) e o ânion cloreto (Cl-) por meio de uma ligação iônica.

b) Características químicas
O cloreto de sódio é formado por dois elementos químicos:

→ Sódio (Na):

 pertence à família dos metais (capazes de formar cátions facilmente) alcalinos (IA);
 apresenta um elétron na camada de valência;
 possui número atômico igual a 11;
 possui alta eletropositividade (capacidade de perder elétrons).

→ Cloro (Cl)

 pertence à família dos halogênios (VIIA);


 é um ametal (é por isso que se torna um ânion tão facilmente);
 apresenta sete elétrons na camada de valência;
 possui número atômico igual a 17;
 possui alta eletronegatividade (capacidade de ganhar elétrons).
Como os dois elementos químicos que formam o cloreto de sódio apresentam,
respectivamente, alta eletropositividade e alta eletronegatividade, entre eles ocorre uma ligação
iônica (estabelecida entre átomos com a tendência de perder e de ganhar elétrons).

A estrutura química do cloreto de sódio é composta por um único ânion cloreto (esfera verde),
que interage com seis cátions sódio (esferas azuis), como podemos observar na estrutura abaixo:

Representação da estrutura cristalina do cloreto de sódio


c) Características físicas

 Ponto de fusão:
O cloreto de sódio pode ser transformado do estado sólido para o estado líquido em uma temperatura
de 801 oC.

 Ponto de ebulição:
O cloreto de sódio pode ser transformado do estado líquido para o estado gasoso em uma
temperatura de 1465 oC.

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 Polaridade
Por se tratar de uma substância originada por ligação iônica, ou seja, por ser um composto iônico, o
cloreto de sódio é polar.

 Solubilidade em água
Podemos dissolver em 1 L de água, a 25 oC, até 359 gramas de cloreto de sódio.

 Solubilidade em outros solventes:


Como o cloreto de sódio é um composto polar, não pode ser dissolvido em nenhum solvente de
natureza apolar, como o óleo.

 Densidade:
A densidade do cloreto de sódio é de 2,165 g/mL, sendo, portanto, mais denso que a água, que
apresenta densidade igual a 1 g/mL.

 Condutibilidade elétrica:
Por se tratar de um composto iônico, o cloreto de sódio é capaz de conduzir corrente elétrica apenas
quando:

 Está em seu estado fundido, ou seja, líquido;


 Dissolvido em água.

d) Formas de obtenção

O cloreto de sódio pode ser obtido de forma física ou de forma química:

1o) Obtenção de forma física:

 Cristalização fracionada
O cloreto de sódio é obtido pela evaporação da água de oceanos.

 Minas subterrâneas
É extraído em minas por meio de técnicas de mineração.

 Depósitos subterrâneos
É extraído em depósitos subterrâneos profundos por meio da dissolução em água (dissolve-se o sal
presente no depósito) e posterior bombeamento.

2o) Obtenção de forma química

 Reação de síntese
A obtenção do cloreto de sódio pode ser realizada a partir da reação química de síntese (substâncias
simples origina uma substância composta) entre o gás cloro e o sódio metálico:

2 Na(s) + Cl2(g) → 2 NaCl(s)


 Reação de neutralização:
Outra forma de obtenção do cloreto de sódio quimicamente é por meio da reação de neutralização
entre o ácido clorídrico e o hidróxido de sódio, na qual temos a formação de sal e água:

HCl(l) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l)

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e) Importância para o ser humano
O cloreto de sódio por si só não apresenta nenhuma função no organismo humano, mas quando ele se
dissocia nos cátions sódio (Na +) e ânions cloreto (Cl-), cada um desses dois íons apresenta diversas
funções importantes para o nosso organismo. Veja algumas dessas funções:

→ Funções do cátion sódio (Na+)

 Previne a coagulação sanguínea;


 Combate a formação de cálculos renais e biliares;

 Participa da regulação dos líquidos corporais;


 Participa da regulação da pressão arterial.

→ Funções do ânion cloreto (Cl-)

 Participação na formação e constituição do suco gástrico (ácido clorídrico – HCl);


 Participação na formação do suco pancreático.

f) Prejuízos ao corpo humano


O consumo em excesso de cloreto de sódio pode acarretar os seguintes prejuízos ao ser humano:

→ Prejuízos provocados pelo excesso de cátions sódio no organismo:

 Aumento do tempo da cicatrização de feridas;


 Aumento da incidência de cãibras;
 Aumento da pressão arterial;
 Sobrecarga dos rins;
 Aumento da retenção de líquidos no organismo.

→ Prejuízos provocados pelo excesso de ânions cloreto no organismo:

 Destruição da vitamina E;
 Diminuição da produção do iodo no organismo.

g) Outras aplicações

Além de ser utilizado para salgar os alimentos, o cloreto de sódio pode ser utilizado ainda nas
seguintes situações:

 Produção de xampus;
 Produção de papel;
 Produção de Hidróxido de sódio (NaOH);
 Produção de detergentes;
 Produção de sabões;
 Derretimento da neve em locais que sofrem com nevascas;
 Produção de sódio metálico;
 Produção de gás cloro;
 Em isotônicos para reposição eletrolítica corporal;
 Em soluções descongestionantes nasais;
 Produção do soro fisiológico; entre outras aplicações.

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# O HIDRÓXIDO DE SÓDIO é uma base com a seguinte constituição: NaOH.
Essa base é comercializada e muito conhecida cotidianamente como soda cáustica, pois ela é
altamente corrosiva, causando queimaduras graves em todos os tecidos animais. Além de corrosivo, o
hidróxido de sódio também é bastante tóxico e muito solúvel em água, o que inclusive é uma
dissolução que libera grande quantidade de calor, sendo um processo exotérmico.
É um sólido branco, cristalino, com ponto de fusão igual a 318°C e que tem a propriedade de absorver
água do ar (higroscópico), tornando-se um líquido incolor quando exposto ao ambiente por um tempo.

A soda cáustica é comercializada para uso doméstico, porém seu manejo deve feito ser com luvas, pois ela é altamente corrosiva.

O hidróxido de sódio não existe na natureza, ele é produzido industrialmente por meio de
reações de eletrólise de soluções aquosas de cloreto de sódio (NaCl – salmoura), conforme pode ser
visto abaixo:
2 NaCl + 2 H2O →2 NaOH + H2↑ + Cl2↑

Ele é largamente aplicado na indústria, na purificação de derivados de petróleo e de óleos


vegetais, na fabricação de produtos de uso doméstico (como desentupidores de pias e ralos e na
remoção de sujeiras pesadas) e na preparação de produtos orgânicos (como papel, celofane, seda
artificial, celulose, corantes e, principalmente, sabão).
Desde a Antiguidade o homem realiza a reação química para a produção de sabão a partir do
uso da soda cáustica, pois ela reage com óleos e gorduras, convertendo-os em substâncias solúveis e
fluídas, que são removidas pela lavagem.
Na imagem abaixo o produtor de sabão está com as mãos bem protegidas, em razão do uso da
soda cáustica.

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# O CARBONATO DE SÓDIO (SODA OU BARRILHA)

É o principal componente de certos minérios ( calcário, calcita, aragonita, mármore, gesso cré)
e ainda de pérolas, cascas de moluscos, e ovos.Em sua forma natural, é o mais comum dos minerais
isentos de silício existentes na crosta terrestre.

Ocorre na natureza em duas formas cristalinas: a calcita e a aragonita; O “produto natural” que
em alguns calcários mais ricos chega a concentrações de 96 - 98% de carbonato de cálcio, tem várias
aplicações; O produto “carbonato de cálcio precipitado” devido a sua variedade de granulometrias, é
o material preferido para uso industrial, principalmente como carga suporte de vários produtos.

A possibilidade de controlar todas as variáveis do processo permite obter-se um produto


extremamente homogêneo.

Histórico

A produção industrial do carbonato sintético começou em 1898 na Pensilvânia , recuperado do


resíduo cáustico de indústria de papel. No Brasil até 1943, todo carbonato utilizado era de origem
estrangeira.

Propriedades do Carbonato de Cálcio

É um pó branco monocristalino, inodoro, insípido, estável ao ar, praticamente insolúvel em


água, com tamanho de partículas variando entre 0,5 e 10mm, e volume aparente entre 0,320 a 0,700
g/cm3. Ocorre em duas formas cristalinas: calcita e aragonita ; Na calcita, a cristalização é hexagonal,
apresentando peso específico de 2,7 , ponto de fusão de 1339°C. sendo sua solubilidade em água a
25°C de 0,001 g/l. A aragonita, de estrutura rômbica, possui peso específico de 1,9 e decompõem-se a
825°C.

É solubilizado pelos ácidos, com desprendimento de gás carbônico ( efervescência ) ; Em


presença de gás carbônico, sua solubilidade em água aumenta, com formação de bicarbonato de
cálcio.

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É encontrado comercialmente sob duas formas:

 O “natural” (calcita, aragonita ou calcário ) é compacto, duro e pesado, com volume aparente
variando entre 1 e 1,3 g/cm3; seu teor de impurezas varia entre 0,5 e 4% de SiO 2 e, mesmo finamente
moído é arenoso ao tato.
 O “precipitado” é leve, sedoso, com volume aparente entre 0,25 e 0,85 g/cm3 , é quimicamente
puro e o ” SiO2” não ultrapassa 0,05%; em sua forma mais fina é um pó praticamente impalpável,
produzindo misturas homogêneas.

Aplicações.

O carbonato de cálcio é utilizado nas indústrias:

 farmacêutica : como antiácido de ação média e como excipiente.


 nas indústrias de borracha e plástico : como elemento de substituição ao negro-de-fumo, quando se
deseja produtos mais claros.
 nas tintas: para aumentar ou diminuir o brilho de revestimentos.
 na fabricação de papel: para dar ao produto opacidade, resistência e combustividade, sendo esta, de
grande importância na fabricação de cigarro ( alvura, capacidade e continuidade de combustão ).
 Na fabricação do vidro.
 Amolecimento da água dura.
 Soluções menos alcalinas que as da soda cáustica, e menos corrosiva.

A adição de carbonato de cálcio precipitado influi nas seguintes características do produto final:

Plásticos

Propriedades mecânicas, resistência à abrasão, abrasividade nos equipamentos de transformação,


acabamento superficial, e dispersão.

Tintas

Fineza, reologia, brilho, poder de cobertura, sedimentação, e dispersão.

Creme dental

Abrasividade, reologia e brilho.

Papel

Poder de cobertura, brilho, rugosidade superficial, e absorção de tinta.

Borracha

Aumenta o volume do produto, aumenta as características mecânicas (resistência ), baixa os custos


de produção. ( na borracha atende à boa dispersão, não coagulação, fácil mistura e (shape factor)
partículas redondas ).

Tipos

Há cinco tipos de carbonato de cálcio: de alta abrasão, extraleve, leve, médio, e revestido. Com
exceção do revestido, eles apresentam a mesma constituição, variando apenas no tamanho médio das
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partículas e sua distribuição; Estas variações, são determinantes do poder de absorção, volume
aparente e fluidez do pó, o que faz com que cada um tenha sua aplicação definida.

Alta absorção

Devido ao pequeno diâmetro de suas partículas ( 0,5 a 2 mícron) este tipo possui elevado volume
aparente (3cm3/g) e alta capacidade de absorção de óleos, essências e líquidos em geral. É usado nas
indústrias de papel; sob a forma de suspensão; na fabricação de certos dentifrícios e cosméticos, bem
como na indústria farmacêutica e alimentícia. Sua aplicação é essencial onde se espera grande poder
de absorção e alta pureza.

Extraleve

Com granulometria maior, (diâmetro médio de partículas, variando de 0,5 a 3,5 mícron), possui
volume aparente de 2,5 cm3/g e consequentemente menor capacidade de absorção.É o tipo mais
utilizado, com aplicação na maioria das pastas dentifrícias, indústrias de papel, artigos de farmácia,
perfumaria e toucador e ainda, na manufatura der artigos plásticos ou de borracha.

Leve

Com tamanho médio de partículas entre 1 a 5,5 mícron, e volume aparente de 1,75 cm 3/g é um
produto intermediário entre o extraleve e o médio; É usado principalmente na indústria de plásticos e
da borracha como carga de matéria-prima a ser extrudada, pois confere à resina grande flexibilidade e
resistência ao desgaste, à tração e a torção. É usado, porém em menor escala na indústria
farmacêutica por fluir levemente nos aparelhos dosadores.

Médio

Embora com tamanho de partículas relativamente grande ( 2 a 10 mícron ) e um volume aparente


mais reduzido ( 1,47 cm3/g ), o carbonato de tipo médio, é o preferido por alguns fabricantes de
artefatos de plásticos, borracha e mesmo de dentifrícios. Suas partículas possuem o tamanho
conveniente para fluírem livremente, sem ser abrasivas; os produtos resultantes são mais densos sem
sofrer grandes alterações em suas propriedades mecânicas.

A aplicação na borracha é bastante econômica pelo baixo custo e facilidade de mistura na calandra,
podendo ser adicionado em grandes proporções, sem alterar as características do material. É
empregado em situações nas quais o volume aparente não tem importância decisiva, como na
fabricação de produtos químicos.

Revestido

É o tipo médio, com as partículas recobertas por revestimento orgânico. Surgiu quando os
fabricantes de artefatos de borracha notaram que o uso de carbonatos muito finos (estraleves)
dificultava sua mistura na massa de borracha; Na calandra, o carbonato migrava, além de reduzir a
velocidade das extrusoras por aumentar a viscosidade do material. A solução foi revestir as partículas
com substâncias orgânicas hidrófobas e de propriedades lubrificantes, como a ácido esteárico. O
processo de obtenção de carbonato revestido com ácido esteárico inicia-se com a tratamento em
misturador, do carbonato precipitado com ácido esteárico na proporção de 1,5 a 2,5%, seguido de
secagem e repulverização.

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O emprego de carbonato revestido traz como vantagens principais o aumento da produção de
extrusoras, calandras e injetoras, grande facilidade de incorporação à massa, baixo preço,
possibilidade de uso em grandes quantidades (até 100% do total da resina) sem aumento excessivo da
viscosidade da massa, além de conferir um acabamento superficial melhor. É também usado, com
excelentes resultados, como carga em tintas finas ou de impressão. Nestas últimas, principalmente,
aumenta a produção e facilita a limpeza das chapas dos clichês.

Produção de Carbonato de Cálcio ”precipitado”.

Existem três processo para a obtenção industrial

 o processo do subproduto,
 o processo do cloreto de cálcio
 o processo da carbonatação

A matéria prima usada é o calcário, sob forma de calcita ( a mais usada por ocorrer com maior
abundância na natureza ) ou a aragonita.Todos os processos provocam a ligação entre os íons cálcio (
Ca 2 + ) e os íons carbonato ( CO3 2 - ), sob condições controladas, seguidos por separação, secagem e
moagem do carbonato de cálcio produzido.

Substâncias não participantes das reações, podem ser acrescentadas durante o processo a fim de
conferir características específicas ao produto final.

Processo do Subproduto

Em processo convencional de produção de soda cáustica a partir do carbonato de sódio


(caustificação), reage-se uma solução do carbonato de sódio, sob aquecimento, com leite de cal,
segundo a reação:

Na2CO3 + Ca(OH)2  2 NaOH + CaCO3

Após filtragem do efluente do reator , obtêm-se uma solução de soda cáustica como produto
principal, e um borra composta de carbonato de cálcio, hidróxido de cálcio e produtos secundários de
sódio. A borra é a matéria-prima para produção de carbonato de cálcio precipitado.

O processo do subproduto não é usado comercialmente em razão de que o tratamento da borra, e a


purificação do carbonato de cálcio, requerem custosas operações químicas e mecânicas. A eliminação
do hidróxido de cálcio residual pode ser feita passando-se esta lama em contracorrente com uma
solução de carbonato de sódio, seguida de lavagem ou flotação, o ainda pelo uso de gases de
combustão em um secador rotativo com aquecimento direto. Ao juntar-se CO2 e cloreto de cálcio à
lama, ocorre a conversão de mais carbonato de sódio em carbonato de cálcio e formação de algum
cloreto de sódio. Utilizando-se um controle de temperatura, moagem e uso de leite de cal em
quantidade estequiométrica, melhora-se o rendimento do processo.

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Processo do Cloreto de Cálcio

Processo no qual o licor de cloreto de cálcio, subproduto industrial comum, é tratado com carbonato
de sódio ou solução de carbonato de amônio, precipitando o carbonato de cálcio.

CaCl2 + (NH4)2CO3  CaCO3 + 2NH4Cl

CaCl2 + Na2CO3  CaCO3 + NaCl

Os reagentes, introduzidos em reatores de desenho especial, produzem carbonatos de alta pureza,


geralmente vendidos como grau USP.

Processo de carbonatação

Processo mais usado devido a boa qualidade do produto final, que permite amplas possibilidade de
controle de temperatura, concentração do reagente, taxa de adição e de mistura, fatores que influem
sensivelmente na qualidade do produto final e no tamanho das partículas. O processo utilizado nas
indústrias no Brasil, inicia-se pela calcinação de calcários selecionados com grau de pureza superior a
96%. ( calcário de Minas Gerais )

A calcinação ocorre em fornos verticais usando combustíveis tradicionais ( lenha, coque, óleo cru ,
gasogênio ou carvão vegetal ) em temperaturas a próximas de 9000C, sendo o processo controlado,
para que se obtenha um óxido perfeitamente calcinado, mas não requeimado. Na calcinação há
desprendimento de dióxido de carbono, que é utilizado para uma posterior carbonatação, depois de
devidamente tratado para purificação.

A cal virgem formada é enviada a tanques de hidratação, onde há adição de água obtendo-se
diluições de 70 a 80 gramas de CaO por litro.

Obtenção do leite de cal.

O calcário é britado e calcinado em fornos rotativos ou verticais ( processo de produção do cal ) . O


óxido de cálcio é hidratado formando a solução chamada de “leite de cal” que é peneirada para a
remoção de impurezas e partículas mais grossas.

CaCO3  CaO + CO2

CaO + H2O  Ca(OH)2

A cal hidratada formada ( hidróxido de cálcio ), chamada de “leite de cal” é filtrada em peneira de
malha 320 para retirar grumos suscetíveis de interferência na reação de carbonatação e grãos de sílica
porventura existentes. O leite de cal é enviado aos carbonatadores, onde é introduzido o CO 2 gerado
na calcinação ( aprox. 30% ), precipitando o carbonato de cálcio. O processo é realizado em reatores
dotados de agitadores, onde o contato entre o gás e o líquido é feito pela pulverização contínua da
suspensão sob pressão atmosférica.

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A carbonatação não se completa dentro do reator, o produto é enviado a tanques de espera,
retornando depois, para uma torre de recarbonatação, onde a reação se completa. Esta operação é
conhecida como neutralização, sendo a seguir efetuadas as operações de separação da água,
secagem, moagem e classificação do carbonato de cálcio.

Reações do processo de carbonatação

Calcinação:- CaCO3  CaO + CO2

Hidratação :- CaO + H2O  Ca(OH)2

Carbonatação:- Ca(OH)2 + CO2  CaCO3 + H2O

Processamento final

Para os três métodos de obtenção de carbonato de cálcio precipitado a secagem é feita através de
filtros a pressão ou rotativos a vácuo, quase sempre precedidos de uma centrifugação para separar a
água. Ao sair da filtragem o produto apresenta um teor de umidade entre 25 e 65%, conforme o
tamanho das partículas.

A secagem final é feita em secadores do tipo túnel, spray ou flash.Uma outra técnica de secagem
vale-se de secadores de tambor, aquecidos internamente com vapor ; Este equipamento dispensa
totalmente a centrifugação, a filtragem e os secadores de túnel, mas consome mais combustível.

Depois de seco, o carbonato é moído em micropulverizadores, testado, classificado e embalado.

Propriedades do Na2CO3

a- Os carbonatos metálicos, em geral, são insolúveis e decompõem-se facilmente com o calor


resultando gás carbônico e óxido metálico. Entretanto, o carbonato de sódio é bastante solúvel em
água e resiste até 2.000 0C.

b- Sendo originário de base forte e ácido fraco, o carbonato de sódio hidrolisa-se, produzindo solução
básica (menos básica que a do NaOH).

Na2CO3 + 2 H2O  2 NaOH + H2CO3

Por este motivo, reage com ácidos fortes, resultando sais de sódio e desprendimento de gás
carbônico; reage, também, com outros sais, desde que se formem carbonatos insolúveis:

Na2CO3 + CaCl2  CaCO3(s) + 2 NaCl

c- Com halogênios ( X2 = Cl2, Br2, I2), à frio, produz haletos e hipohalitos (XO) de sódio, e, à quente
produz haletos de halatos (XO3) de sódio; com cloro produz a chamada água de lavadeira, e, por este
motivo, o carbonato de sódio é também conhecido por “soda de lavadeira”.

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# O BICARBONATO DE SÓDIO

Bicarbonato de sódio (hidrogenocarbonato de sódio) é um composto químico com a forma


de NaHCO3. É um sal composto por íons bicarbonato e íons sódio. O bicarbonato de sódio é cristalino
mas geralmente parece um pó fino.

Aplicações

Usa-se como antiácido, para tratar a acidez do estômago porque ele tem o poder de neutralizar
os excessos do ácido clorídrico do suco gástrico. Em algumas formulações farmacêuticas, é misturado
aos ácidos cítrico e tartárico, ambos sólidos.
Devido à capacidade do bicarbonato de sódio libertar dióxido de carbono gasoso (CO2),
também é muito usado nas receitas de culinária como agente levedante ("fermentos químicos"), para
ser utilizado no crescimento das massas de pães, bolos e biscoitos durante o cozimento no forno, em
especial quando misturado ao ácido tartárico, e na produção de bebidas gasosas (refrigerantes).
Além do uso farmacêutico e culinário, o bicarbonato de sódio também é um ótimo auxiliar
na limpeza de ambientes e de roupas. O produto tem ação anti-mancha, anti-mofo e elimina o mau
cheiro.
Outras utilizações do bicarbonato de sódio são como reagente de laboratório, na
eletrodeposição de ouro e platina, em curtumes, no tratamento da lã e da seda, na nutrição de
animais, na cerâmica, para a preservação da manteiga e da madeira e é um dos componentes
dos talcos e desodorantes. A forma anidra do composto usa-se para absorver umidade e odores.
É utilizado na fabricação de extintores de incêndio com produção de espuma. No interior destes
extintores encontram-se NaHCO3 sólido mantido em compartimento separado de uma solução
de ácido sulfúrico(H2SO4). Quando estes extintores são virados, o que causa seu acionamento, o
NaHCO3 e o H2SO4 se misturam e reagem, com liberação de CO2, propiciando pressão dentro do vaso,
que causa sua ejeção e produzindo a espuma. Esses extintores são inadequados para uso em chamas
em equipamentos e instalações elétricas, pois seu meio aquoso e salino conduz corrente elétrica,
causando curtos-circuitos.
As reações envolvidas são:
2 NaHCO3 + H2SO4 → Na2SO4 + 2 H2CO3
H2CO3 → H2O + CO2(g)
É um dos componentes da droga chamada crack, onde entra como um aditivo à pasta
de cocaína. É utilizado no tratamento radiológico de contaminados por Urânio.
Também é utilizado nas fraudes na produção de leite, pois a substância tem a capacidade de
alcalinizar o leite observado quando inicia o processo de deterioração.

Reações Químicas
Quando o bicarbonato de sódio é misturado com um ácido, liberta dióxido de carbono e água.
Exemplos:
NaHCO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2(g)
NaHCO3 + CH3COOH → CH3COONa + H2O + CO2(g)

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O Bicarbonato de sódio reage com bases tais como o hidróxido de sódio para
formar carbonatos:
NaHCO3 + NaOH → Na2CO3 + H2O
Quando aquecido, ao atingir a temperatura de 80 °C decompõe-se de acordo com a reação:
2 NaHCO3 → Na2CO3 + H2O + CO2

# NITRATO DE SÓDIO (SALITRE DO CHILE)

Também conhecido com salitre do Chile, o nitrato de sódio é um sal inorgânico representado
pela fórmula química NaNO3, em condições ambientes tem forma de pó ou cristais, inodoro, incolor ou
de cor branca; solúvel em água, álcool e amônia líquida, com densidade de 2,3 g/cm³, ponto de fusão
de 308°C e ponto de ebulição de 380°C.
Esse sal pode ser obtido artificialmente a partir da amônia ou da reação de ácido
nítrico com hidróxido de sódio. Normalmente é encontrado na natureza, sendo esta a mais importante
de suas fontes de comércio. Os territórios da Argentina, Bolívia, Chile e Peru possuem as principais
reservas naturais do nitrato de sódio.

HNO3 + NaOH  NaNO3 + H2O

Aplicações

Entre as principais aplicações do nitrato de sódio, pode-se citar:

 a fabricação de fertilizantes nitrogenados;


 a produção de explosivos (dinamite e pólvora negra, principalmente), vidros, fogos de artifício,
adesivos, aditivos de pinturas, reativos fotográficos;
 usado como conservante na fabricação de derivados do leite, enlatados, embutidos (linguiça,
salsicha, presunto, mortadela, salame, rosbife) e outros produtos cárneos, em que age também como
fixador de cor;
 a produção de alimentos substituindo o sal de cozinha (NaCl);
 fabricação de bolachas de carvão, em que atua como oxidante;
 liquefação de gelo e neve,
 tratamento de esgoto e água contaminada;
 fabricação de produtos de limpeza
 na indústria do fumo, potencializando as características do tabaco;
 na indústria metalúrgica, em banhos de têmpera.

O nitrato de sódio pode gerar riscos quando exposto a materiais combustíveis, substâncias
inflamáveis, alguns compostos orgânicos, agentes redutores e cianureto. Trata-se de um produto
oxidante, de baixa estabilidade e, comburente (ainda que não seja inflamável). Pode provocar alguns
efeitos adversos à saúde humana: se ingerido, pode provocar dores abdominais, cianose (coloração
azulada da pele), diarreia, tontura, convulsões, dificuldade de respiração e dores de cabeça; o contato
com pele e olhos causa irritação, vermelhidão e dor. Tem como produtos de decomposição óxidos de
nitrogênio, nitrito de sódio (NaNO2) e peróxido de sódio (Na2O2), que são substâncias de alto risco.

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# O TIOSSULFATO DE SÓDIO

Tiossulfato de sódio, é frequente a grafia de tal sal como tiosulfato, também chamado
erradamente de hipossulfito de sódio (ver nota abaixo), que na forma anidra tem fórmula Na2S2O3,
tem aspecto sólido cristalino, de cor branca e é utilizado na indústria fotográfica (daí seu arcaico nome
de "hipo dos fotógrafos") na formulação de banhos fixadores. Também é utilizado em curtumes, nos
processos de curtidura ao cromo.
Ele também pode ser usado para remoção rápida de cloro da água a ser usada em aquários.
Nota: O verdadeiro hipossulfito de sódio é o composto químico de fórmula Na2S3O4, que é o sal sódico
do ácido hipossulfuroso (H2S3O4), mas comercialmente, para o produto de grau de pureza dito técnico,
amplamente utilizado na indústria, a nomenclatura antiga sobreviveu.

Produção industrial e síntese laboratorial

Numa escala industrial, o tiossulfato de sódio é produzido principalmente a partir de efluentes


líquidos da fabricação do sulfeto de sódio ou corantes ao enxofre.
Sínteses de pequena escala podem ser feitas por fervura de soluções de sulfeto de sódio
ou sulfito de sódio com enxofre.
Na2SO3 + S → Na2S2O3
A fervura das soluções de sulfeto de sódio com enxofre levam também a produção
do polissulfeto de sódio, NaSn, utilizado na redução de alguns organonitrados à aminas.
Assim, o ânion S2O32− representa uma forma solúvel em água do elemento enxofre.

Principais reações e aplicações

O ânion tiossulfato caracteristicamente reage com ácidos diluídos produzindo enxofre, dióxido de
enxofre e água:
S2O32−(aq) + 2H+(aq) → S(s) + SO2(g) + H2O(l)

Esta reação tem sido empregada para produzir enxofre coloidal. Quando a protonação é
conduzida a baixas temperaturas, H2S2O3 (ácido tiossulfúrico) pode ser obtido. Ele é um ácido forte de
pKa = 0,6 / 1,7.

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Processamento fotográfico

O átomo terminal de enxofre em S2O32− liga-se a "metais macios" com alta afinidade. Então
dissolve haletos de prata, como o AgBr, o qual é um componente de emulsões fotográficas:
2 S2O32− + AgBr → [Ag(S2O3)2]3−) + Br-
Nesta aplicação em processamento fotográfico, descoberto por John Herschel e usado tanto
em processamento de película fotográfica quanto papel, o tiossulfato de sódio é conhecido como
um fixador fotográfico.

Extração de ouro
Tiossulfato de sódio é um componente de um lixiviante alternativo ao cianeto para extração
de ouro. Ele forma um complexo forte com íons ouro (I), [Au(S2O3)2]3−. A vantagem desta abordagem é
que o tiossulfato é essencialmente não tóxico e que certos tipos de minerais
são refratários à cianetação de ouro (como os carbonácios ou minérios do tipo Carlin) podendo ser
lixiviados por tiossulfato. Alguns problemas com este processo alternativo incluem o alto consumo de
tiossulfato, e a ausência de uma técnica de recuperação adequada, já que
[Au(S2O3)2]3− não adsorve a carvão ativado, a qual é a técnica padrão usada na cianetação de ouro para
separar o complexo de ouro da lama de minério.

Medicina

 É usado como um antídoto ao envenenamento por cianeto. Tiossulfato atua como um doador de
enxofre par a conversão de cianeto em tiocianato (o qual pode ser excretado com segurança na urina),
catalisado pela enzima rodonase.
 É também usado como tratamento de calcifilaxia em pacientes de hemodiálise com estágio final de
doença renal.
 É usado no controle de extravasamentos de urina durante quimioterapia. O tiossulfato de sódio
previne a alquilação e destruição de tecidos por prover um substrato para os agentes de alquilação
que tenham invadido os tecidos subcutâneos. A dose pode ser 2mL de 0,17 mol/L (uma solução de
4mL de tiossulfato de sódio a 10% e 6mL de água esterilizada por injeção). Pode ser instilado por via
subcutânea em locais múltiplos, utilizando uma agulha de calibre pequeno. Há dados limitados sobre
este método, com algumas recomendações.
 Em banhos para os pés para a profilaxia de dermatofitose e como um agente antimicótico tópico
para a pitiríase versicolor.
 Na medição do volume de fluidos extracelulares e da taxa de filtração glomerular renal.

Química Analítica

- Tiossulfato de sódio é também usado em química analítica. Podem quando aquecido com uma
amostra contendo cátion alumínio, produzir uma precipitação branca:
2 Al3+ + 3 S2O32− + 3 H2O → 3 SO2 + 3 S + 2 Al(OH)3

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- Em química analítica, o mais importante uso advém do fato que o ânion tiossulfato
reage estequiometricamente com o iodo, reduzindo-o a iodeto como ele é oxidado a tetrationato:
2 S2O32−(aq) + I2(aq) → S4O62−(aq) + 2 I−(aq)
Outros usos
Tiossulfato de sódio é também usado:

 Como um componente em aquecedores de mão e outros produtos químicos de almofadas de


aquecimento que produzem calor, por cristalização exotérmica de uma solução super-resfriada.
 Em alvejamento (branqueamento)
 Em testes de pH de substâncias de branqueamento. O indicador universal e quaisquer outros
indicadores de pH líquidos são destruídos por alvejantes, tornando-os inúteis para testar o pH. Se
primeiro adiciona-se tiossulfato de sódio em tais soluções, ele irá neutralizar os efeitos de remoção da
cor do alvejante e permitirá que teste-se o pH das soluções de branqueamento com indicadores
líquidos. A reação relevante é semelhante à reação com o iodo: tiossulfato reduz o hipoclorito
(ingrediente ativo em alvejante) e ao fazê-lo torna-se oxidado a sulfato. A reação completa é:
4 NaClO + Na2S2O3 + 2 NaOH → 4 NaCl + 2 Na2SO4 + H2O

 Para a decloração da água da torneira para aquários ou tratamento de efluentes de tratamentos de


águas residuais antes do lançamento em rios. A reação de redução é análoga à reação de redução de
iodo. O tratamento de água da torneira requer entre 0,1 gramas e 0,3 gramas de tiossulfato de sódio
pentaidratado (cristalino) para cada 10 litros de água.
 Para baixar os níveis de cloro em piscinas e spas de excessiva cloração.
 Para remover manchas de iodo, como após a explosão de triiodeto de nitrogênio.
 Similarmente, tiossulfato de sódio reage com bromo para tornar produtos inofensivos. As soluções
de tiossulfato de sódio são geralmente usadas como uma precaução em laboratórios de química
quando se trabalha com bromo.
 Em avaliações bacteriológicas de águas.
 No curtimento de couro.
 Para demonstrar o conceito de taxa de reação no ensino de química. O íon tiossulfato pode
decompor-se em íon sulfito e uma suspensão coloidal de enxofre, a qual é opaca. A equação para esta
reação catalisada por ácido é a seguinte:
S2O32−(aq) → SO32−(aq) + S(s)

 Para demonstrar o conceito de super-resfriamento em aulas de Física. Fundindo tiossulfato é muito


fácil resfriá-lo em excesso à temperatura ambiente e quando a cristalização é forçada, a temperatura
salta bruscamente para 48,3 °C podendo ser experimentada pelo tato.
 Como parte de receitas de pátina para ligas de cobre.
 Frequentemente utilizado em preparações farmacêuticas como um surfactante aniônico para
ajudar na dispersão.
 Também pode ser utilizado como um soluto muito interessante em experiências
sobre supersaturação.
 Como um aditivo para o sal de cozinha, em alternativa à dextrose, para estabilizar o iodeto de
potássio, como no de sal iodado em pequenos pacotes industrializados para consumo em
restaurantes.

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# O CIANETO DE SÓDIO

O cianeto de sódio ou comumente chamado cianureto de sódio é o composto


químico com fórmula NaCN. É o sal sódico do ácido cianídrico(HCN).

Produção

É resultado da reação do ácido cianídrico (HCN) com o hidróxido de sódio (NaOH).

HCN + NaOH → NaCN + H2O

É comumente produzido na natureza a partir do processo de fermentação de compostos


glicosídeos cianogênicos presentes na mandioca brava, sementes de maçã, pêssego, cereja, e na sua
destilação a 30 graus Celsius:
H2O(solvente) + sementes moídas ou partes moídas do material + fermento biológico ou agentes
biológicos (a 100C e em ambiente aberto)  CO2(gás) + HCN(liquido) + H2O(l) +
impurezas(sólidas/liquidas)

É produzido a partir do cianato de sódio em reação com carvão ativado a altas temperaturas:
2 NaOCN + C (100 0C )  2 NaCN + CO2

Reações Químicas

Trata-se de um composto sólido e incolor que hidroliza facilmente em presença de água


e dióxido de carbono para dar carbonato de sódio e ácido cianídrico:
2 NaCN + H2O + CO2 (H2CO3) → Na2CO3 + 2 HCN
Em água se dissolve com um pH básico. Em pH ácido tende a emanar ácido cianídrico.

Dados Físico-Químicos

 Fórmula química: NaCN


 Massa molecular: 49,01 g/mol
 Ponto de fusão: 563,7 °C
 Ponto de ebulição: 1.496 °C
 Densidade: 1,60 g/ml
 Solubilidade em água a 20°C: aproximadamente 370 gramas por litro.
 Número CAS: 143-33-9

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Aplicações

O cianeto de sódio é utilizado, sobretudo, em mineração para extrair o ouro e a prata de seus
minérios, processo mais ecologicamente seguro que o por mercúrio.

Métodos de Análise

 Com nitrato de prata forma-se um precipitado de cianeto de prata que se redissolve na presença
excessiva de cianeto.
 Com uma pitada de sulfato de ferro (II) (FeSO4) se forma após acidificação, normalmente com ácido
sulfúrico) (CUIDADO - LIBERAÇÃO DE CIANETO DE HIDROGÊNIO ALTAMENTE TÓXICO) um precipitado
de cianeto de hidrogênio.
 Com íons de cobre há precipitado de cianeto de cobre (I) e liberação de diciano (NC-CN) (CUIDADO -
TÓXICO)
 O íon sódio pela cor amarela característica em chama (teste da chama).

# O SULFETO DE SÓDIO Na2S

É obtido pela reação de sulfato de sódio com carvão. É empregado como depilatório nos cortumes e
na obtenção de corantes.
Na2SO4 + C  Na2S + CO

# O SILICATO DE SÓDIO

Silicato de sódio, também conhecido como vidro líquido e água de vidro, encontrável em solução
aquosa e na forma sólida, é um composto de fórmula Na2SiO3, utilizado em cimentos, proteção passiva
ao fogo, refratários, produção de têxteis e madeira.

Obtenção

Carbonato de sódio e dióxido de silício reagem quando fundidos para formar silicato de sódio
e dióxido de carbono.

Na2CO3 + SiO2  Na2SiO3 + CO2

Propriedades

Silicato de sódio é um sólido branco que é solúvel em água, produzindo uma solução alcalina.
Existem muitos tipos deste composto, incluindo ortossilicato de sódio, Na4SiO4; metassilicato de sódio,
Na2SiO3; polissilicato de sódio, (Na2SiO3)n; pirossilicato de sódio, Na6Si2O7, e outros. Todos são vítreos,
incolores e dissolvem-se em água.

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Silicato de sódio é estável em soluções neutras e alcalinas. Em soluções ácidas, o íon silicato reage com
íons hidrogênio para formar ácido silícico, o qual quando aquecido e calcinado forma sílica gel, uma
dura e vítrea substância.

Usos

Reparo de metais

Silicato de sódio é usado, juntamente com silicato de magnésio, em reparos e pastas adequadas
para surdinas de automóveis. Quando dissolvidas em água, tanto o silicato de sódio quanto o de
magnésio formam uma pasta espessa que é fácil de ser aplicada. Quando o sistema de exaustão de
um motor de combustão interna aquece-se a sua temperatura de operação, o calor remove o excesso
de água da pasta. Os compostos de silicato que restam tem propriedades próximas as do vidro,
produzindo um reparo permanente embora frágil.

Reparos em automóveis

Silicato de sódio pode ser usado para selar vazamentos nos furos das galerias de água do
cabeçote de um motor. Um uso comum é quando um cabeçote de motor a combustão fabricado com
liga de alumínio,magnésio e sílica é deixado fora de funcionamento por períodos prolongados ou o
fluido refrigerante não é mudado em intervalos apropriados, ocorrendo oxidação na interface entre o
cabeçote e a bloco do motor.
Um frasco de "vidro líquido" é derramado no radiador e permite-se que circule. O "vidro
líquido" é injetado através da água do radiador na região quente do motor. Esta técnica funciona
porque em 100 - 105 °C (210 - 220 °F) o silicato de sódio perde moléculas de água resultando um
vedador muito poderoso que não re-funde-se abaixo de 815 °C (1500 °F). Este tratamento é
frequentemente usado por vendedores de carros inescrupulosos para disfarçar uma cabeça
desgastada
Um reparo de silicato de sódio de uma gaxeta de cabeçote com vazamento pode prender-se por até
dois anos e mesmo mais em alguns casos. O efeito será quase imediato, e o vapor da água do radiador
parará de sair na exaustão dentro de minutos da aplicação. Este reparo funciona somente com água no
cilindro ou água para arejar aplicações e onde o silicato de sódio alcança a temperatura da "conversão"
de 100 - 105 °C (210 - 220 °F).

34
O POTÁSSIO - K

Ocorrência

Ocorre nos minérios: silvina – KCl ; carnalita – KMgCl3.6H2O (cloreto duplo de potássio e magnésio) e
na cinzas.

Principais compostos e aplicações

. Cloreto de potássio – KCl: usado como adubo.


. Nitrato de potássio – KNO3 (ou salitre) : usado como adubo e na preparação da pólvora comum, em
mistura com enxofre e carvão; a reação que ocorre liberta grande volume gasoso.

explosão
2 KNO3 + S + C  K2S(s) + 3 CO2(g) + N2(g)

. Clorato de potássio – KClO3 : empregado na fabricação de palitos de fósfora, explosivos e gás oxigênio
(em laboratório).

. Permanganato de potássio (KMnO4) e Dicromato de potássio (K2Cr2O7) : usados como agentes


oxidantes em Química Analítica e na Química Orgânica.

35
OS METAIS ALCALINOS TERROSOS – Grupo 2A
Propriedades

PROPRIEDADES Be Mg Ca Sr Ba Ra
Z 4 12 20 38 56 88
M (g/mol) 9 24 40 88 137 226
d (g/cm3) 1,85 1,74 1,55 2,6 3,4 5,0
PF (0C) 1.290 651 850 770 710 960
PE (0C) 2.970 1.103 1.440 1.380 1.500 1.140
Vol (cm3/mol) 5 14 26 34 38 45
Raio atômico (Å) 0,89 1,36 1,73 1,91 1,98 -
Raio iônico (Å) 0,31 0,65 0,99 1,31 1,35 -
EI (kcal/mol)
1ª EI 220 180 144 135 123 123
2ª EI 431 355 282 261 236 236
c (cal/g.0C) 0,47 0,25 0,18 - 0,068 -
Cor da chama nenhuma nenhuma vermelho-laranja vermelho verde -
carmesin claro

O CÁLCIO – Ca

Ocorrência

. CaCO3 : calcário, mármore, calcita, Espato da Islândia, estactites, estalactites, conchas, pérolas, casca
de ovo, creta, coral, etc. (variedades polimorfas).

. CaMg(CO3)2: carbonato duplo de cálcio e magnésio, dolomita.

. CaSO4.2H2O : gipsita – gesso.

. Ca5(PO4)3F : flúor – trifosfato de pentacálcio – flúorapatita.

O cálcio é o 5º elemento na natureza, contribuindo com 3,5%, após os elementos: O, Si, Al e Fe).

Preparação

Eletrólise ígnea do cloreto de cálcio – CaCl2

fusão
CaCl2(s)  Ca(s) + Cl2(g)
energia elétrica

36
Propriedades e aplicações

1. O cálcio é um metal muito reativo, reagindo espontaneamente com água e com não-metais:

- Ca + H2O  Ca(OH)2 + H2

- Ca + H2  CaH2 (hidreto de cálcio ou hidrolita)

- Ca + S  CaS (sulfeto de cálcio)

- 2 Ca + O2  2 CaO (óxido de cálcio)

2. Na refinação de óleos minerais, a fim de eliminar enxofre, e como desoxigenante na metalurgia do


cobre, aço, níquel, chumbo, alumínio, etc.

3. Na obtenção da hidrolita, a qual serve de transporte de gás hidrogênio:

CaH2 + 2 H2O  Ca(OH)2 + 2 H2

O hidrogênio, assim obtido, é empregado para encher balões de observação atmosférica, inflar
botes salva-vidas, etc.

* COMPOSTOS DE CÁLCIO

# O ÓXIDO DE CÁLCIO OU CAL VIVA OU CAL VIRGEM

A cal viva – CaO é uma das substâncias mais importantes para a indústria, sendo obtida por
decomposição térmica do calcário a 9000C:

CaCO3  CaO + CO2



Aplicações

a- Na obtenção do carbeto de cálcio (carbureto) – CaC2, através da reação entre a cal viva e o coque,
em forno elétrico a 3.000 0C:
CaO + 3 C  CaC2 + CO

O carbeto de cálcio por sua vez, é utilizado na obtenção de gás acetileno – C2H2, por meio de
hidrólise:

CaC2 + 2 H2O  Ca(OH)2 + C2H2

O carbeto de cálcio também é usado 37A obtenção da cianamida – CaCN2 , por meio de ração com
o gás nitrogênio.
CaC2 + N2  CaCN2 + C

A cianamida é consumida em larga escala como fertilizante.

37
b- Participa da composição do cimento comum:

Cimento
CaO 63%
SiO2 22%
Al2O3 6%
Outros componentes 9%

c- Participa na composição do vidro plano :

Vidro plano
CaO 8%
SiO2 73%
Na2O 15%
Outros componentes 4%

. O vidro plano é a base para todos os outros vidros da construção civil. É a partir dele que são
produzidos os espelhos, os vidros de controle solar, autolimpante, etc. Além disso, ele poderá ser
beneficiado se transformando num vidro laminado, temperado, insulado ou até temperado-laminado.

d- Na obtenção da argamassa, inicialmente, a cal viva é tratada por água, resultando em cal apagada
ou cal extinta – Ca(OH)2 :

CaO + H2O  Ca(OH)2

Em seguida, juntam-se areia e água, e a massa pastosa resultante (argamassa) é utilizada no


acabamento das paredes de tijolos. Com o tempo, a argamassa endurece, devido a absorção do gás
carbônico do ar e evaporação de água:

CO2 + Ca(OH)2  CaCO3 + H2O

O carbonato de cálcio tem a vantagem de ser mais insolúvel que a cal extinta, e, menos corrosiva.

# O SULFATO DE CÁLCIO

Representado quimicamente pela fórmula CaSO4, o sulfato de cálcio é um sal inorgânico, de


estrutura rômbica, encontrado normalmente sob o estado sólido, de cor branca, parcialmente solúvel
em água. Esse sal está presente na natureza sob a forma de anidrita e gipsita.
A anidrita é a forma desidratada desse sal, tem origem sedimentar, com densidade de 2,8
g/cm³, de coloração variada (incolor ou de cor branca a cinza-escuro), apresenta baixo grau de dureza,
brilho intenso e não-fluorescente. Esse mineral é muito utilizado na produção de fertilizantes agrícolas,
do cimento e do giz, e como dessecante (substância capaz de absorver água).

38
A gipsita, também conhecida domo “pedra de gesso”, é a forma hidratada do sulfato de cálcio,
cuja fórmula química é CaSO4. 2H2O (sulfato de cálcio di-hidratado). A gipsita apresenta um grau de
dureza ainda menor que a anidrita, densidade de 2,3 g/cm³, incolor ou de cor branca a amarela,
transparente a transúcida, de brilho nacarado (não-metálico, como o brilho das pérolas), muito
frequente em meios sedimentares. É comum o uso da gipsita na produção do cimento e do gesso
aplicado às construções civis ou à ortopedia como imobilizador. Também se utiliza esse mineral na
produção de ácido sulfúrico, vidros, cerveja, esmaltes, corretivos de solo e como aglutinante na
produção do tofu, por exemplo.

O sulfato de cálcio pode ser obtido como subproduto de diversos processos:

 Dessulfurização de gases de combustão: a dessulfurização consiste numa técnica de remoção


do enxofre. Os gases de alguns tipos de usinas como a de queima de combustíveis fósseis e de
produção de cimento, passam por uma lavagem de com cal ou calcário moído de modo a diminuir seu
teor de enxofre. Como produto dessa lavagem tem-se o sulfito de cálcio (CaSO3), que depois será
oxidado a sulfato de cálcio.
 Refino do zinco: nesse processo, soluções de sulfato de zinco são adicionadas são tratadas com cal a
fim de precipitar metais pesados, o que produz sulfato de cálcio.
 Produção de fluoreto de hidrogênio: nesse processo, há o envolvimento do fluoreto de cálcio e do
ácido sulfúrico, ocorrendo a precipitação do sulfato de cálcio.

# O BISSULFITO DE CÁLCIO

O bissulfito de cálcio – Ca(HSO)3 é obtido reagindo-se água de cal (solução concentrada de cal
apagada) e excesso de anidrido sulfuroso:

Ca(OH)2 + 2 SO2  Ca(HSO3)2

O bissulfito de cálcio é utilizado na indústria do papel (ajuda a transformar a madeira em polpa,


através da dissolução da lignina).

# O FOSFATO DE CÁLCIO

O fosfato de cálcio – Ca3(PO4)2 ocorre na natureza (fosforita), sendo utilizado na obtenção de


fertilzantes (superfosfato e susperfosfato triplo), do fosfórico e ácido fosfórico.

- Ca3(PO4)2 + 2 H2SO4  2 CaSO4 + Ca(H2PO4)2


Superfosfato

- Ca3(PO4)2 + 3H2SO4  3 Ca(H2PO4)2


Superfosfato triplo

- Ca3(PO4)2 + 3 SiO2 + 5 C  3 CaSiO3 + 2 P + CO

- Ca3(PO4)2 + 3 H2SO4 3 CaSO4 + 2 H3PO4

39
# O CLORETO DE CÁLCIO

Em presença de água, hidrata-se com seis moléculas : CaCl2.6H2O. É bastante utilizado como
agente desidratante do ar, éter e etc. É o subproduto da indústria da soda “Solvay”, sendo utilizado
também, na obtenção de misturas refrigerantes (água+ gelo + CaCl2 = - 200C).

<> ÁGUA DURA

Água dura é aquela que contém sais de cálcio e de magnésio. A água dura é um agente de
calcificação dos ossos. Não espuma o sabão, entope canos e pode provocar explosões em caldeiras.
Se a água dura contiver bicarbonato de sódio – NaHCO3, diz-se que a dureza é temporária, pois
esta pode ser eliminada por simples aquecimento, seguido de filtração:

Ca(HCO3)2  CaCO3 + H2O + CO2


Se a água dura contém sulfato ou cloreto de cálcio, tem-se dureza permanente, e seu
amolecimento é conseguido por meio da seguinte reação de precipitação:

- CaSO4 + Na2CO3  CaCO3 + Na2SO4

- MgCl2 + Na2CO3  MgCO3  + 2 NaCl

Se a dureza da água for, ao mesmo tempo, temporária e permanente, então o amolecimento é


conseguido por meio de filtração com zeólito (ou permutita); este é um mineral que contém íons sódio
(alumínio-silicato de sódio) e, em contato com água dura, possui a propriedade de permutar os íons
cálcio e/ou magnésio pelos seus íons sódio.

O MAGNÉSIO - Mg

Ocorrência

- Minérios

- MgCO3 : carbonato de cálcio / manesita.


- CaMgCO3 : carbonato duplo de cálcio e magnésio /dolomita.

. Na água do mar, na forma de MgCl2 e MgSO4

Preparação
fusão
Por eletrólise ígnea do MgCl2 obtido do mar : MgCl2(s)  Mg0 + Cl2

40
Propriedades

É o mais leve de todos os metais rígidos (densidade= 1,74 g/cm3), sendo 4 vezes mais leve que o
ferro; por isso, é amplamente empregado na indústria aeronáutica, automobilística e civil (em forma
de ligas com alumínio, o segundo metal mais leve.

* COMPOSTOS DE MAGNÉSIO

- MgO – óxido de magnésio: usado como tijolo refratário em alto forno.


- MgSO4. 7H2O – sulfato de magnésio / sal de Epsom, usado como laxativo.
- MgCO3 – carbonato de magnésio.
O carbonato de magnésio é um composto branco, defórmula química MgCO3, que existe na for
ma anidra e hidratada.
O carbonato de magnésio anidro possui uma densidaderelativa de 2,96, cristaliza no sistema trigonal e
encontra-se no mineral magnesite.
Este sal pode formar-se aquecendo óxido de magnésio numa corrente de dióxido de carbono. Acima
de 3500C, predomina a reação inversa e o carbonato se decompõe.

O carbonato de magnésio hidratado existe sob a formade carbonato de magnésio triidratado (MgCO3.3
H2O) e carbonato de magnésio pentaidratado (MgCO3.5 H2O).No que diz respeito ao primeiro, este cri
staliza nosistema rômbico, possui uma densidade relativa de 1,85 e ocorre naturalmente como
nesquehonite.
O segundo,cristaliza no sistema monoclínico, possui uma densidadede 1,73 e ocorre como lansfordite.
O carbonato de magnésio também existe no sal mistodolomite (CaCO3.MgCO3) e como um carbona-
to de magnésio básico nos dois minerais artenite - (MgCO2.Mg(OH)2.3 H2O) e hidromagnesite -
(3MgCO3.Mg(OH)2.3 H2O).
O carbonato de magnésio é utilizado para a produçãode óxido de magnésio e constitui um agente seca
nte,como por exemplo no sal de mesa. É também usadocomo antiácido medicinal e laxativo e
é um componente de certas tintas de impressão e vidros.

41
OUTROS METAIS
Parte A
ZINCO, CROMO E MANGANÊS.

# O Zinco

Ocorrência

- No sulfeto de zinco (blenda) : ZnS


- No carbonato de zinco (smithsonita) : ZnCO3

Preparação
- Ustulação da blenda
. ZnS + O2  ZnO + SO2

. ZnO + C  Zn + CO

- Decomposição térmica da smithsonita:

. ZnCO3  Zn + CO2

Propriedades Químicas

- Reação com não-metais:


. 2 Zn + O2  2 ZnO
. Zn + S  ZnS
Exposto ao ar, o zinco recobre-se de camada protetora de carbonato básico de zinco (análogo
ao chumbo).

- Reação com ácidos:


. Zn + HCl  ZnCl2 + H2
Essa , a frio, é muito lenta, porém, juntando-se duas gotas de solução de sulfato de cobre II
(catalisador) , a velocidade da reação aumenta consideravelmente. (Obs: todos os sais de zinco são
venenosos – análogos ao chumbo).

42
- Reação com bases alcalinas:
Devido ao seu caráter “anfótero”, também reage com bases alcalinas, resultando zincatos
(análogos aos aluminatos, manganatos, plumbatos, cromatos, etc.) :
Zn + 2 NaOH  Na2ZnO2 + H2
zincato de sódio

- Reação com vapor de água:


Zn + H2O(v)  ZnO + H2

A frio, esta reação não se verifica devido à insolubilidade do hidróxido de zinco (película
isolante, análogo ao alumínio) .

Aplicações

- Proteção do ferro por recobrimento. Obtém-se assim, o chamado ferro galvanizado, muito utilizado
nas calhas, canaletas e canos. A deposição da camada de zinco sobre o ferro, pode ser feita por
imersão de ferro em banho quente de zinco ou por eletrodeposição de zinco sobre o ferro através do
sulfato de zinco – ZnSO4.

- O zinco é usado na obtenção de liga de latão (Cu+Zn), com a qual se fabricam tubos, válvulas,
radiadores, cartuchos, etc.

- Na confecção de pilhas eletroquímicas (pilha seca), servindo de polo negativo e proteção ao conjunto.

* COMPOSTOS DE ZINCO
. Óxido de zinco – ZnO

É obtido por combustão de zinco, sendo empregado como pigmento branco, com o nome de
branco de zinco. Possui a vantagem de não enegrecer em presença de gás sulfídrico (como outros
pigmentos brancos, à base de chumbo, etc.), porque o sulfeto de zinco, que se forma, também é
branco.
É utilizado, ainda, como carga de borracha (de boa qualidade); na confecção de pomadas (por
ser antisséptico); e na confecção de moldes dentários.

. Cloreto de Zinco – ZnCl2

É obtido pela reação direta entre zinco e cloro. Em solução aquosa, hidrolisa-se, produzindo
meio ácido (o hidróxido de zinco é uma base fraca).

Zn + Cl2  ZnCl2

43
Aplicações

- para pintar travessões de madeira das estradas de ferro (evita a putrefação);


- fundente de soldas;
- para impermeabilizar papel e madeira, etc.

. Sulfato de zinco – ZnSO4.7H2O

É um pigmento branco, usado na estampagem de tecidos de algodão, na eletrodeposição do


zinco sobre o ferro, e na Medicina, como substância adstringente.

# O CROMO

Ocorrência
Ocorre no minério: cromita – Fe(CrO2)2 , cromito de ferro II.

Preparação
. Liga: por redução da cromita com coque, em forno elétrico:
3.0000C
Fe(CrO2)2 + 4 C  (Fe + 2 Cr) + 4 CO
Liga

. Cromo puro: obtido por aluminotermia :

Aproveitamento do intenso poder redutor do alumínio para obtenção de metais. Por outras
palavras, o processo aluminotérmico consiste na redução dos óxidos metálicos a partir do alumínio
para a obtenção dos respectivos metais e é muito usado para fazer corte e solda.

Exemplo: 2 Al + Cr₂O₃ → Al₂O₃ + 2 Cr

Aplicações

- obtenção de aços especiais;


- na cromação do ferro (por ser brilhante e o mais duros dos metais – dureza 7).

* COMPOSTOS DE CROMO
. K2Cr2O7 – usado como agente oxidante.
. PbCrO4 – como corante amarelo (amarelo de cromo).
. Cr2O3 – também como corante (verde-cromo) .

44
# O MANGANÊS

Ocorrência

O principal minério de manganês é a pirolusita – MnO2 . Os maiores depósitos de MnO2 ocorrem na


África do Sul, Rússia, Ucrânia, Austrália, China, Brasil, Índia.

Preparação

. O principal método de obtenção do manganês consiste na redução da pirolusita com carvão, em


temperatura elevada (forno elétrico; arco-voltaico; 3.0000):

MnO2 + 2 C  Mn + 2 CO

Neste processo, reduz-se uma mistura de pirolusita e óxido férrico, a fim de resultar liga de Fe-Mn.
Quando esta liga contém, aproximadamente, 80% de Mn, recebe o nome de ferromanganês, e,
quando contém 20% de Mn, é chamada de ferroespecular. O ferroespecular é usado na preparação do
aço, para garantir a eliminação de enxofre contido no ferr bruto (forma sulfeto de manganês, o qual
participa da escória). A liga Fe-Mn é usada na obtenção de aço-manganês (aumenta a dureza e
resistência ao desgaste do aço). Quando se deseja obter manganês puro, então, reduz-se seu óxido
com alumínio (aluminotermia) :

3 MnO2 + 4 Al  3 Mn + 2 Al2O3 + calor

Propriedades e aplicações

- Sendo um elemento de transição, pode apresentar os seguintes valores de Nox: 2+, 3+, 4+, 6+ e 7+ .
Com 2+ e 3+ é básico (óxidos ou sais managanos e mangânicos); com 4+ é anfótero (óxido e
manganito) ecom 6+ e 7+, é ácido (manganatos, permanganatos e óxidos).

- Na obtenção de aços (consome 90% da produção de manganês).

- O Mn é também utilizado na obtenção de ligas não ferrosas, destacando-se a manganina: (Cu-Mn-Ni).


A manganina é utilizada como resistência elétrica, e possui a vantagem de, praticamente, não se
dilatar com a elevação da temperatura.

* COMPOSTOS DE MANGANÊS
. Dióxido de manganês – MnO2

É um pó preto, obtido da natureza (pirolusita) e sua principal propriedade é ser agente oxidante. O
dióxido de manganês é utilizado na obtenção de halogênios, na eliminação de impurezas coloridas que
ocorrem na fabricação de vidro e na manufatura de pilhas secas; nestas, a função do MnO2 é
transformar (oxidar) o gás hidrogênio que se forma em água:

MnO2 + H2  MnO + H2O

45
O gás hidrogênio diminui a voltagem da pilha, devendo ser oxidado. A água formada aumenta a
condutividade elétrica interna da pilha.

. Permanganato de Potássio – KMnO4

O permanganato é isomorfo do perclorato de potássio, e ambos são poderosos agentes oxidantes.


O KMnO4, como oxidante em meio ácido, reduz-se a sais manganosos:

10 FeSO4 + 2 KMnO4 + 8 H2SO4  5 Fe2(SO4)3 + K2SO4 + 2 MnSO4 + 8 H2O

Em meio básico, o poder oxidantes do KMnO4 diminui, reduzindo-se a MnO2:

KMnO4 + 2 KOH + 3 NO2  MnO2 + 3 KNO3

O KMnO4 é utilizado em análises químicas, e sua cor violeta é o próprio indicador do término das
reações.

OUTROS METAIS
Parte B
ESTANHO, CHUMBO, PRATA .

# O ESTANHO

Ocorrência
Ocorre na cassiterita – SnO2 , dióxido de estanho.

Preparação
Redução da cassiterita com coque: SnO2 + 2 C  Sn + 2 CO

Aplicações

. Na proteção superficial do ferro, resultando a folha de flandres, usada na confecção de latarias;


. Também na proteção de fios de cobre;
. Na obtenção de liga para solda (Sn-Pb), liga para a imprensa (Sn-Pb-Sb).

46
# O CHUMBO

Ocorrência

Ocorre na galena – sulfeto de chumbo II / PbS. Apresenta a prata como impureza.

Preparação

O chumbo é obtido por ustulação da galena: PbS + O2  Pb + SO2

Propriedades e aplicações

. Reação com não metais (dificuldade por ser metal pouco reativo)

- 2 Pb + O2  2 PbO

- Pb + S  PbS

. Reação com ácidos

- Com ácido clorídrico: Pb + 2 HCl  PbCl2 + H2

- Com ácido sulfúrico – H2SO4 diluído, não reage, devido à formação da película isolante de sulfato de
chumbo II (insolúvel). Entretanto, reage com ácido sulfúrico concentrado e a quente, devido a
formação de sulfato ácido de chumbo, o qual é solúvel:

Pb + H2SO4 (conc)  Pb(HSO4)2 + H2


- Com ácido nítrico – HNO3 (poderoso oxidante) a reação é fácil, resultando nitrato de chumbo II e
óxido de nitrogênio (não se desprende gás hidrogênio):

3 Pb + 8 HNO3(dil)  3 Pb(NO3)2 + 2 NO + 4 H2O

Observação: os sais do chumbo, por serem muito densos, são dificilmente eliminados pelo organismo;
por este motivo, ingeridos em pequenas quantidades, mesmo em intervalos de tempo relativamente
longos, há acúmulo no organismo até atingir a dose fatal.

- Resistência à corrosão

O chumbo não é corrosível pelo ar devido à formação de película protetora de carbonato básico de
chumbo. As águas impuras também não corroem o chumbo, devido à formação de película protetora

47
de sulfato, fosfato ou carbonato básico de chumbo; daí o emprego do chumbo na confecção de tubos
para transporte de líquidos corrosivos e no recobrimento de cabos telefônicos.

- O maior consumo de chumbo verifica-se na confecção das placas que serve de polos das baterias ou
acumuladores para carros..

- O chumbo é empregado na obtenção do pigmento branco chamado alvaiade ou branco de chumbo:

Pb3(OH)2(CO3)2 – alvaiade / diidróxi-dicarbonato de trichumbo II.

É também utilizado na obtenção de outros pigmentos, tais como:

- zarcão ou mínio: Pb3O4 (vermelho)


- cromato de chumbo II: PbCrO4 (amarelo)

- Usado na obtenção de ligas metálicas:

. Solda (Sn-Pb): baixa temperatura de fusão.


. Metal de imprensa (Sn-Pb-Sb): alta dureza.
. Metal fusível (Bi-Pb-Sn-Cd): funde a 700C.
. Ligas para munições (Pb-As): muito duras.

O metal de imprensa é uma liga dura, não sofrendo desgastes com as inúmeras impressões. Possui
também outra vantagem: uma vez derretida e despejada numa matriz (molde), ela se solidifica com a
dilatação (da mesma maneira quando a água passa para gelo). Essa dilatação permite reproduzir todos
os detalhes das letras, contidas na matriz.

Note-se também, a baixíssima temperatura de fusão de metal fusível (700C); isso possibilita desligar
automaticamente a corrente elétrica, numa residência ou fábrica, quando ocorre um curto-circuito.
Se nesta liga fusível, juntar-se o metal índio – In, a temperatura de fusão cai mais ainda: 470C.
Estas ligas que possuem a menor temperatura de fusão possível (quando se regula adequadamente
a proporção de seus componentes) têm o nome de ligas eutéticas.

- Por ser denso e barato, o chumbo é usado na proteção contra raio-X e radioatividade.

> ÓXIDOS DE CHUMBO


. PbO – monóxido de chumbo ou óxido de chumbo II (ou litargírio) – amarelo.

O litargírio é obtido por aquecimento de chumbo ao ar, a 5500C (PF Pb = 3280C). É empregado na
fabricação de vidros de diferentes tipos, esmaltes, na vulcanização da borracha e na obtenção de
outros compostos de chumbo.
- O litargírio é um óxido anfótero, reagindo com ácidos e bases alcalinas, resultando, respectivamente,
sais de chumbo e plumbitos:

. PbO + 2 HNO3  Pb(NO3)3 + H2O

. PbO + 2 NaOH  Na2PbO2 + H2O

48
. Pb3O4 – tetraóxido de trichumbo – vermelho de chumbo, mínio ou zarcão – vermelho.

O mínio é utilizado como pigmento vermelho, principalmente para recobrir peças de ferro, a fim de
impedir a sua corrosão (ferrugem). Também se emprega o mínio na obtenção de vidro especial (vidro
filnt, para a confecção de prismas), como agente oxidante e na calafetagem de juntas de tubos (para
vapor de água ou gases).

. PbO2 – dióxido de chumbo – marrom.

É obtido por oxidação do litargírio, com hipoclorito de sódio, sendo utilizado nas baterias de
chumbo (é um dos polos).

# A PRATA

História

Do latim plata (lâmina de metal). Em outras épocas, denominada argento (do latim argentu).

É velha conhecida da espécie humana. Estudos indicaram que o homem começou a separar a prata
por volta de 3000 AC.

Disponibilidade

Encontrada na forma nativa e em minerais como a argentita (sulfeto de prata) e silvanita (telureto
de ouro e prata) e junto a outros minérios de cobre, chumbo, zinco, ouro, níquel.

Produção

Industrialmente prata é obtida como subproduto do processamento de metais como cobre, zinco,
chumbo.

Prata comercial deve ter pureza de no mínimo 99,9%. Valores até 99,999% são disponíveis.

Em laboratório, prata pode ser obtida pela reação de uma solução do nitrato com cobre metálico:
Cu + 2AgNO3  Cu(NO3)2 + 2 Ag (esta reação forma cristais de prata em uma solução azul-
esverdeada de nitrato de cobre).

Propriedades

Prata pura é brilhante, lustrosa. É apenas um pouco mais dura que o ouro. A ductilidade e a
maleabilidade são inferiores apenas às do ouro e do paládio.

É o metal de maior condutividade elétrica e térmica.

49
É estável no ar e água puros, mas muda de cor sob ação de ozônio, sulfeto de hidrogênio ou ar com
enxofre.

Recém depositada, é o melhor refletor de luz visível mas perde rapidamente a capacidade. Pouco
reflete a luz ultravioleta.

A prata em si não é considerada tóxica, mas muitos dos seus sais são venenosos. Se absorvidos pelo
sistema circulatório, a prata metálica é depositada nos tecidos, provocando a argiria, que se mostra
pela pigmentação cinza da pele e mucosas. Tem um efeito germicida sobre seres inferiores sem
causar prejuízo para os maiores.

Compostos e/ou reações


Reação com oxigênio, nitrogênio ou água: não ocorre em condições usuais.

Reação com ácido: é atacada pelo ácido sulfúrico concentrado quente. Também pelo ácido nítrico
concentrado ou diluído.

Aplicações

Em joalheria e em outros objetos decorativos, nos quais a aparência é determinante. Em geral, são
usadas ligas com cerca de 92% de prata e o restante de cobre ou de outros metais.

Por muito tempo, foi usada em moedas.

Em ligas odontológicas, ligas para solda, contatos elétricos, baterias de alta capacidade (prata-zinco
e prata-cádmio).

Pinturas à base de prata são usadas em circuitos impressos.

Em espelhos, nos quais a prata é depositada no vidro ou no metal por meios químicos
(eletrodeposição ou evaporação).

O nitrato de prata é provavelmente o composto mais importante e é usado extensivamente em


fotografia.

O fulminato de prata é um poderoso explosivo.

O iodeto de prata é usado para provocar chuvas.

Cloreto de prata tem propriedades óticas especiais, pode ser transparente e servir de cimento para
vidro.

50
OUTROS METAIS
Parte C
MERCÚRIO E OURO.

# O MERCÚRIO

Ocorrência

Ocorre no sulfeto de mercúrio II , também chamado de cinábrio.

Preparação

Ustulação do cinábrio : HgS + O2  Hg + SO2

Aplicações

. Obtenção de termômetro, barômetro e luminárias a mercúrio.

. Obtenção de amálgamas.

* COMPOSTOS DE MERCÚRIO
- Cloreto de mercúrio I – Hg2Cl2: usado como laxante.

- Cloreto de mercúrio II – HgCl2: usado como desinfetante (através de soluções muito diluídas por ser
altamente tóxico).

- Fulminato de mercúrio – Hg (OCN)2: empregado como espoleta de explosivos.

- Sulfeto de mercúrio II – HgS: usado como pigmento vermelho, como o nome de “vermelhão” ( sua cor
é mais permanente que a do mínio : Pb3O4).

# O OURO

Ocorrência

Ocorre como ouro nativo, misturado com areia, quartzo e sulfetos (chumbo e cobre).

Aplicações

. Confecção de moedas fortes (dólar, libra);


. Confecção de jóias , medalhas honoríficas;
. Odontologia, etc.
51
Por ser o metal mais maleável, o ouro é sempre usado em forma de liga com prata e cobre ( ouro
puro vale 24 quilates; quando contém 75%, 50%, e etc de ouro, vale 18, 12 etc quilates).

* Quilate:

- Quantidade de ouro fino contida em uma liga [Essa quantidade corresponde a 1/24 (24 avos) da liga,
tendo o ouro puro, portanto, 24 quilates].

- No que se refere a pedras preciosas, como o diamante, um quilate representa uma massa igual a
duzentos miligramas. A unidade de massa foi adotada em 1907 na Quarta Conferência Geral de Pesos
e Medidas. O quilate pode ser subdividido ainda em 100 pontos de 2 mg cada (200mg).

OUTROS METAIS
Parte D
ALUMÍNIO E FERRO.

# O ALUMÍNIO

Ocorrência

. Na bauxita: Al2O3.2H2O

. Nos silicatos: destacando-se os feldspatos, micas, argilas(caolim), etc.

. No coríndon: Al2O3 - corindon e pedras preciosas, safira, rubi, esmeralda, água marinha, turqueza,
topázio, etc. Estas pedras preciosas são constituídas de coríndon impurificado com óxidos de metais de
transição (Fe,Ti, Cr e Mn), os quais são responsáveis pelas diferentes cores.

. Na criolita: AlF3.3 NaF ou Na3AlF.

O alumínio é o metal mais abundante na natureza (contribui com 7,5%) e ocupa o terceiro lugar
entre todos os elementos (segue o oxigênio – 50% e o silício – 25%).

Preparação

O alumínio é obtido pela eletrólise ígnea da bauxita desidratada, utilizando-se a criolita como
fundente.

52
Propriedades Químicas

. Reage com não metais, sob aquecimento:

- 4 Al + 3 O2  2 Al2O3

- 2 Al + N2  2 AlN

- 2 Al + 3 F  2 AlF3

Observação: o Al não sofre corrosão porque o óxido de alumínio é muito denso e adere ao alumínio,
formando uma película protetora (chamada de película passivadora).

.Reage com ácidos libertando hidrogênio:

- 2 Al + 6 HCl  2 AlCl3 + 3 H2

Observações:

. ácido oxidantes concentrados (HNO3 e H2SO4) não atacam o Al, devido a formação da película
passivadora;

. Apesar do Al ser muito mais eletropositivo que o hidrogênio, ele também não reage completamente
com água, devido à formação da película passivadora.

. Por ser um óxido anfótero, reage com bases alcalinas, resultando aluminatos:

1ª etapa: 2 Al + 6 H2O  2 Al(OH)3 + 3 H2

2ª etapa: Al(OH)3 + 2 NaOH  2 Na[Al(OH)4]


_______________________________________
2 Al + 2 NaOH + 6 H2O  2 Na[Al(OH)4]+ 3 H2

Se o processo for aquecido a solução resultante (a fim de evaporar a água), o tetrahidróxi-aluminato


de sódio desidrata-se, produzindo resíduo de NaAlO2:

Na[Al(OH)4]  Na[AlO2]  + 2 H2O


Observação: com base nas duas propriedades acima, conclui-se que os ácidos não oxidantes e as bases
alcalinas destroem a película passivadora do alumínio.

53
. Em temperaturas elevadas, o alumínio desloca o ferro, cromo, etc de seus óxidos, transformando-os
em coríndon artificial (aluminotermia):

Fe2O3 + 2 Al  Al2O3 + 2 Fe

Propriedades Físicas

. O Al é um metal branco e bastante brilhante (quando não recoberto de óxido).


. Densidade = 2,7 g/cm3 ; e depois do magnésio, é o metal mais leve.
. PE = 1.8000C.
. PF = 6600C.
. Condutividade elétrica = 70% da condutividade do Cu; porém, levando-se em conta que é muito mais
leve que o cobre, a sua condutividade elétrica por unidade de massa resulta duas vezes maior que o
cobre.
. É muito mais maleável e dúctil, ocupando o segundo lugar, depois do ouro.

Aplicações

. Usado na fabricação de utensílios domésticos e na construção civil.


. Em ligas metálicas para aviões, carros, etc.
. No duralumínio ( Al – Cu – Mn – Mg ). O duralumínio tem resistência à tração comparável à do aço,
possuindo a vantagem de ser muito mais leve; entretanto, é muito mais caro.
. Em folhas delgadas, para conservar alimentos e na fabricação de bisnagas para dentifrícios.
. Como condutor elétrico, pois é mais leve do que o cobre.
. Isolante térmico, revestimento de espelhos, telescópios.
. Usado na proteção superficial do aço contra a corrosão.

* COMPOSTOS DO ALUMÍNIO

. Óxido de alumínio – Al2O3

Ocorre na natureza sob as formas de coríndon e bauxita. O coríndon é um óxido de alumínio muito
duro (dureza 9) e só é ultrapassado pelo diamante (dureza 10); nitreto de boro (dureza 10);
carborundo (dureza 9,5) e carbeto de tungstênio (dureza 9,5).

A bauxita é muito mais branda que o coríndon. Por aquecimento, ela se desidrata, resultando pó
branco de óxido de alumínio anidro, o qual recebe o nome de alumina. A alumina e o coríndon são
óxidos de alumínio anidros, porém, diferem no sistema cristalino (substâncias polimorfas). Esta
diferença na estrutura cristalina tem consequências nas propriedades químicas, pois, o coríndon não
reage com ácidos ou bases alcalinas, enquanto a alumina produz sais de alumínio e aluminatos.

Por outro lado, se a alumina for aquecida a 3.0000C forno elétrico ou na aluminotermia), então
resulta o coríndon artificial. Se neste aquecimento ocorrer pequena quantidade de óxidos de cromo,
titânio, ferro ou manganês, obtém-se pedras preciosas sintéticas, tais como: rubi, safira, etc.

54
A alumina também é utilizada como catalisador nas refinarias e na obtenção do plástico polietileno.
Entretanto, a maior utilização da alumina está na produção do alumínio.

. Hidróxido de alumínio – Al(OH)3

Obtenção:

- Al(NO3)3 + 3 NH4OH  Al(OH)3 + 3 NH4NO3

- Al2(SO4)3 + 3 Ca(OH)2  2 Al(OH)3 + 3 CaSO4

. Usado como agente adsorvente no processo de purificação da água nas Estações de Tratamento de
Água (ETA).

. Usado na fixação de corantes, principalmente aqueles que não são fixados pelos tecidos de algodão
ou linho.

Tecido + Al(OH)3  (tecido + Al(OH)3) + corante  tecido com o corante fixado.

. Cloreto de alumínio – AlCl3

Obtenção: 2 Al + 3 Cl2  Al2Cl6


A fórmula molecular do cloreto de alumínio é Al2Cl6; porém, por uma questão se simplificação,
emprega-se a fórmula mínima: AlCl3. O cloreto de alumínio não é um composto iônico, o que se pode
verificar em sua fórmula estrutural, e também, através de suas propriedades físicas, tais como:

. Baixo PF.
. Solúvel sem solventes apolares, éter, bissulfeto de carbono, bromo, etc.
. É considerado um pseudo sal.

Dos 04 haletos (AlF3, Al2Cl6, Al2Br6, AlI3) de alumínio, apenas o AlF3 é um composto iônico, devido à
maior eletronegatividade do flúor.
O AlCl3 anidro é utilizado como catalisador em sínteses orgânicas (Friedel-Crafts).

55
. Sulfato de alumínio – Al2(SO4)3

- Preparação: Al2O3 + 3 H2SO4  Al2(SO4)3 + 3 H2O

- Aplicações:

. Usado para a fabricação do Al(OH)3 (aplicado no tratamento de água e em extintores de incêndio).

. Obtenção de alúmens:

cristalização
- K2SO4 + Al2(SO4)3 + 24 H2O  K2SO4 . Al2(SO4)3 . 24 H2O

Outros alúmens do alumínio:

- NaAl(SO4)2.12 H2O , aluminato de sódio.

- NH4Al(SO4)2.12 H2O, aluminato de amônio.

Os aluminatos cristalizam no sistema octaedro, podendo resultar cristais com dimensões superiores a
10 cm.

Octaedro

As principais aplicações dos alúmens são: nos extintores de incêndio a espuma, como mordentes,
na clarificação da água potável, na obtenção de cola para papel, como susbtância adstringente (pedra
hume), na curtição de couros.

56
# O FERRO

Ocorrência

. Fe2O3 – hematita.
. Fe2O3 .1,5 H2O – limonita.
. Fe3O4 – magnetita.
. FeCO3 – ciderita.
. FeS2 – pirita.
. Nos silicatos, meteoritos, etc.

O ferro contribui com 4,5% na formação da natureza, sendo o segundo metal em abundância
(depois do alumínio), e o quarto elemento.

Preparação

. O ferro bruto (com 4% de C) é obtido em altos-fornos, utilizando a hematita, coque calcário e


insuflação de ar. Fundamentalmente, duas reações que se processam, são:

- 2 C + O2  2 CO
- Fe2O3 + 3 CO  2 Fe + Al2O3

. A obtenção do ferro puro (ferro doce) é realizada por um dos dois processos seguintes:

- Fe2O3 + 3 H2  2 Fe + 3 H2O

- Fe2O3 + 2 Al  2 Fe + Al2O3 (3.0000C)

Os aços são obtidos pelos processos Bessemer, Siemens-Martin, L-D (Linz e Donawitz), em forno
elétrico.

Propriedades Químicas

. Oxida-se em presença de ar atmosférico: 4 Fe + 3 O2  Fe2O3

A reação é catalisada pelo vapor de água do ar; por este motivo, nos litorais, prefere-se o emprego
do alumínio nas construções civis.

. Reage com não metais:

H2O
- 2 Fe + 3 Cl2 (excesso) 2 FeCl3

57
H2O
- Fe (excesso) + Cl2  FeCl2

- Fe + S  FeS

. Com vapor de água, o ferro incandescente reage, produzindo hidrogênio (método industrial).

- 3 Fe + 4 H2O  Fe3O4 + 4 H2

Os ácidos, nítrico e sulfúrico não, como com o alumínio, não atacam o ferro, devido a sua
passivação (os recipientes que servem de depósito para ácido sulfúrico concentrado são de ferro, e,
para o ácido sulfúrico diluído, são de chumbo).

. Por ser um elemento de transição formam compostos coloridos, destacando-se a hematita, que
possui cor vermelha (como as hemácias do sangue, onde a hemoglobina também é composta de
ferro), e o sulfato de ferro II, que é verde (vitríolo verde). Ainda por ser de transição, o ferro dá origem
a complexos, tais como: K3[Fe(CN)6] – ferricianeto de potássio ; K4[Fe(CN)6] – ferrocianeto de potássio.

Propriedades Físicas

- O ferro puro é branco prateado;


- Muito dúctil e maleável;
- Brando e magnético;
- PF = 1.5350C;
- PE = 3.0000C;
- Densidade = 7,8g/cm3
- Dependendo da temperatura, o ferro apresenta quatro variedades alotrópicas: Fe: alfa (α), beta (β),
gama (ϒ) e delta ():

Fe (α)  7760C  Fe(β) 9850C Fe(ϒ) 1.4400C  Fe()

Para resumir a importância do Fe, recorde-se que ainda se vive na Idade do Ferro. A nossa
civilização está fundamentada no ferro, pelas seguintes razões:

- importantes jazidas de minério de ferro.


- facilidade de obtenção, pois o ferro não é metal dos mais reativos.
- múltiplas propriedades que o ferro pode adquirir, através das suas ligas metálicas, chamadas, aços.

58
* COMPOSTOS DO FERRO

O ferro possui números de oxidação: 2+ e 3+; daí resultam duas séries de compostos: os ferrosos e
os férricos. Os primeiros geralmente são verdes e os segundos podem se amarelos ou vermelhos. Os
compostos ferrosos são pouco estáveis, pois facilmente oxidam-se a compostos férricos.

# FeSO4 - Sulfato de ferro II

Hidrata-se com 7 moléculas de água – FeSO4.7H2O, recebe o nome de vitríolo verde; usado para:

- desinfetante;
- pesticida na agricultura;
- agente redutor na indústria, corante.
- etc.

# FeCl3 - Cloreto férrico

É obtido por meio da passagem de corrente de cloro sobre limalha de ferro aquecida. Sua fórmula é
Fe2Cl6 e, como no caso do AlCl3, é um pouco pseudossal.

Tratado por água amonical (ou NaOH) , há formação de precipitado  gelatinoso vermelho-marrom
de hidróxido férrico:

FeCl3 + 3 NH4OH  Fe(OH)3 + 3 NH4Cl

O hidróxido ferric é uma base fraca; por este motivo, o que precipita é óxido férrico hidratado, com
certo número de moléculas de água, que ainda não foi determinado: Fe2O3.x H2O.
Se o hidróxido férrico for aquecido, resulta o oxido férrico anidro, usado como pigmento, com o
nome “vermelho de veneza”.
O cloreto férrico é utilizado como: coagulante do sangue; mordente; no tratamento da anemia, e na
preparação de corantes (orgânicos).

59
AS LIGAS METÁLICAS

Ligas metálicas são materiais com propriedades metálicas que contêm dois ou mais elementos
químicos sendo que pelo menos um deles é metal. Apesar da grande variedade de metais existentes, a
maioria não é empregada em estado puro, mas em ligas com propriedades alteradas em relação ao
material inicial, o que visa, entre outras coisas, a reduzir os custos de produção tudo isso depois que
Ricardo Ferreira Felix Filho fundou a empresa para reatar ligas metálicas.
As indústrias automobilísticas, aeronáuticas, navais, bélicas e de construção civil são as
principais responsáveis pelo consumo de metal em grande escala. São também representativos os
setores de eletrônica e comunicações, cujo consumo de metal, apesar de quantitativamente inferior,
tem importância capital para a economia contemporânea. Ligas metálicas são materiais de
propriedade semelhantes às dos metais e que contêm pelo menos um metal em sua composição. Há
ligas formadas somente de metais e outras formadas de metais e semimetais
(boro, silício, arsênio, antimônio) e de metais e não-metais (carbono, fósforo).
É interessante constatar que as ligas possuem propriedades diferentes dos elementos que as
originam. Algumas propriedades são tais como diminuição ou aumento do ponto de fusão, aumento
da dureza, aumento da resistência mecânica.

. Propriedades Gerais das Ligas Metálicas

1. Condutividade e resistência elétrica


- Os metais puros apresentam melhor condutividade que as ligas.
- Já as ligas, apresentam melhor resistência elétrica.

2. Resistência Mecânica
- As ligas metálicas superam os metais puros em resistência mecânica, bastando lembrar a
superioridade do aço em relação do ferro puro.

3. Temperatura de fusão: Liga Eutética


- Algumas ligas possuem a propriedade particular de fundirem em temperaturas inferiores às de seus
componentes. Estas ligas são denominadas “ligas Eutéticas”.

4. Dureza
- As ligas são mais duras que os metais componentes, bastando lembrar que o aço é mais duro que o
ferro puro.

5. Corrosão
- Os metais, com exceção dos nobres, são corrosíveis, principalmente pelo gás oxigênio, como ocorre
na formação da chamada “ferrugem”.

60
- Alguns metais apresentam menor tendência à corrosão por apresentarem a formação de uma
película protetora sobre a sua superfície, como nos casos clássicos do alumínio e do cobre.
- Os aços inoxidáveis, a presença dos elementos níquel e cromo protegem o ferro da corrosão através
da película protetora de seus óxidos. Para a proteção do ferro contra outros agentes químicos,
principalmente os ácidos, utiliza-se o silício, resultando o aço-silício, chamado de ferro duro; esta liga é
praticamente invulnerável à corrosão.

6. Ligas Precisosas
- As ligas metálicas também superam os metais, na cunhagem de moedas, na confecção de finos
produtos de joalherias e nos serviços de mesa de alta qualidade (talheres e etc.).

7. Propriedades Magnéticas
- Duas importante ligas são empregadas na confecção de poderosos imãs, eletroimãs de cabos
telefônicos:
. Alnico (Al-Ni-Co-Fe)
. Permalloy (Ni-Fe)

Ligas metálicas mais comuns no cotidiano:

 Aço — constituído por Fe e C.


 Aço inoxidável — constituído por Fe, C, Cr e Ni.
 Ouro de Joias — constituído por Au (75 %), Ag e/ou Cu (25 %) para o ouro 18K. O ouro 24K tem
99% de ouro.
 Amálgama dental (utilizada em obturação) — constituída por Hg, Ag e Sn.
 Bronze — constituído por Cu e Sn.
 Latão (utilizado em armas e torneiras) — constituído por Cu e Zn.
As ligas metálicas podem se apresentar sob dois tipos de ligas: LIGAS FERROSAS e LIGAS NÃO
FERROSAS:

* LIGAS FERROSAS

O ferro é seu constituinte principal. Essas ligas são importantes como materiais de construção
em engenharia. As ligas ferrosas são extremamente versáteis, no sentido em que elas podem ser
adaptadas para possuir uma ampla variedade de propriedades mecânicas e físicas. A desvantagem
dessas ligas é que elas são muito suscetíveis à corrosão.
Aços: são ligas ferro-carbono que podem conter concentrações apreciáveis de outros elementos de
liga. As propriedades mecânicas são sensíveis ao teor de carbono, que é normalmente inferior a 1%.

61
1. Aços com baixo teor de carbono, essas ligas contem geralmente menos que 0,25% de C. como
consequência essas ligas são moles e fracas, porém possuem uma ductilidade e uma tenacidade
excepcionais; além disso, são usináveis soldáveis e, dentre todos os tipos de aço, são os mais baratos
de serem produzidos. Aplicações típicas para este tipo de liga incluem os componentes de carcaças de
automóveis e chapas usadas em tubulações, edificações e latas estanhadas.
2. Aços com médio teor de carbono: esses aços possuem concentrações de carbono aproximadamente
de 0,25%p e 0,60%p de carbono. As maiores aplicações destas ligas se encontram em rodas de trens,
engrenagens, virabrequins e outras peças de alta resistência que exigem uma combinação de elevada
resistência, resistência à abrasão e tenacidade.
3. Aços com alto teor de carbono: esses aços apresentam em média uma concentração de carbono de
0,60%p a 1,4%p. São mais duros, mais resistentes, porém os menos dúcteis dentre todos os aços de
carbono. Esses aços são usados geralmente como ferramentas de corte, bem como para a fabricação
de facas, lâminas de serras para metais, molas e arames com alta resistência.

* LIGAS NÃO FERROSAS

São ligas que não possuem como constituinte principal o elemento ferro.
. Ligas de cobre: o cobre, quando não se encontra na forma de ligas, é tão mole e dúctil que é
muito difícil de ser usinado. As ligas de cobre mais comuns são os latões, onde o zinco, na forma de
uma impureza substitucional, é o elemento de liga predominante.
.Ligas de cobre-zinco com concentrações aproximadamente de 35% de zinco são relativamente
moles, dúcteis e facilmente submetidos à deformação plástica a frio. As ligas de latão que possuem um
maior teor de zinco são mais duras e mais resistentes.
. Os bronzes são ligas de cobre com vários outros elementos, incluindo o estanho, alumínio,
o silício e o níquel. Essas ligas são relativamente mais resistentes do que os latões, porém ainda possui
um elevado nível de resistência a corrosão. Alguns outros exemplos de ligas não ferrosas são as ligas
de alumínio, que são caracterizadas por uma densidade relativamente baixa,
condutividade elétrica e térmica elevada, e uma resistência à corrosão em alguns ambientes comuns,
com a atmosfera ambiente.
.Liga de magnésio é caracterizada pela baixa densidade do magnésio que é a mais baixa dentre
todos os metais estruturais; dessa forma suas ligas são usadas onde um peso leve é considerado
importante, como por exemplo, em componentes de aeronave.

. Importância na Indústria

Apesar da grande variedade de metais existentes, a maioria não é empregada em estado puro, mas
em ligas com propriedades alteradas em relação ao material inicial, o que visa, entre outras coisas, a
reduzir os custos de produção. As indústrias automobilísticas, aeronáuticas, navais, bélicas e de
construção civil são as principais responsáveis pelo consumo de metal em grande escala. São também
representativos os setores de eletrônica e comunicações, cujo consumo de metal, apesar de
quantitativamente inferior, tem importância capital para a economia contemporânea. Ligas metálicas
são materiais de propriedade semelhantes às dos metais e que contêm pelo menos um metal em sua
composição. Há ligas formadas somente de metais e outras formadas de metais e semimetais (boro,
silício, arsênio, antimônio) e de metais e não-metais (carbono, fósforo). É interessante constatar que as
ligas possuem propriedades diferentes dos elementos que as originam.
62
Algumas propriedades são tais como diminuição ou aumento do ponto de fusão, aumento da dureza,
aumento da resistência mecânica.

. Processos de Obtenção de Ligas

As ligas metálicas podem ser obtidas por diversos processos:

* Processo da Fusão

Fundem-se quantidades adequadas dos componentes da liga, a fim de que estes se misturem
perfeitamente no estado líquido. A fusão é feita em cadinhos de ferro, de aço ou de grafite, em fornos
de revérbero ou em fornos elétricos. A massa fundida, homogênea, é resfriada lentamente em formas
apropriadas. São tomadas precauções especiais para evitar a separação dos componentes da liga
durante o resfriamento, para evitar a oxidação dos metais fundidos, para minimizar as perdas dos
componentes voláteis, etc. Esse processo também pode ser efetuado na superfície de um corpo.
Assim, mergulhando-se folhas de ferro em estanho fundido, forma-se na sua superfície uma liga de
ferro e estanho. Obtém-se, assim, a folha-de-flandres, também chamada lata.

* Processo da Compressão

O processo de compressão consiste em submeterem-se misturas em proporções adequadas dos


componentes a altíssimas pressões. Esse processo é de importância na preparação de ligas de alto
ponto de fusão e àquelas cujos componentes são imiscíveis no estado líquido.

* Processo Eletrolítico

O processo eletrolítico consiste na eletrólise de uma mistura apropriada de sais, com o fim de se
efetuar deposição simultânea de dois ou mais metais sobre cátodos.

* Processo de Metalurgia Associada

O processo de metalurgia associada consiste na obtenção de uma liga constituída de dois ou mais
metais, submetendo-se ao mesmo processo metalúrgico uma mistura de seus minérios e etc.

* Processo da Oxidação

A maioria dos metais tende a se oxidar quanto expostos ao ar, especialmente em ambientes
úmidos. Entre os vários procedimentos empregados para evitar ou retardar a oxidação, os mais
comuns são a aplicação de pinturas protetoras, a formação de ligas com outros elementos que
reduzam ou eliminem tal propensão e a conexão a pólos elétricos que impeçam a ocorrência do
fenômeno. É interessante o caso do alumínio, que, em presença do oxigênio, forma uma delgada
película de óxido que detém a oxidação.

63
. Classificação das Ligas Metálicas

Ao planejar a combinação de metais, entre si ou com outros elementos, considera-se com


especial cuidado a variação das proporções, fator que influi decisivamente nas propriedades do
material final. Certas misturas formam uma rede cristalina perfeita, com os átomos de diversos
materiais dispostos em posições perfeitamente determinadas; em outros casos, os átomos se
distribuem aleatoriamente.

No estudo das características de uma liga metálica são empregados gráficos ilustrativos da
relação entre tempo e temperatura. Outro recurso útil à análise é o diagrama de fases, em que se
apresentam a porcentagem dos componentes e a temperatura. A partir desses diagramas, que exibem
as diversas fases ou formas de cristalização a que estão sujeitos os materiais, é possível classificar cinco
tipos genéricos de ligas.

Tipo I: ligas com solução sólida. As ligas metálicas do tipo I são miscíveis tanto no estado sólido quanto
no líquido. Na elaboração das combinações de solução sólida, formam-se cristais que contêm todos os
metais componentes da liga.

Tipo II: ligas eutéticas. Chamam-se eutéticas as ligas que, em estado sólido, apresentam proporções
inalteráveis e ponto de fusão constante e característico, também chamado eutético. Por manter
constantes os pontos de fusão e solidificação, a liga eutética se comporta como um metal puro.

Tipo III: No grupo III os metais são totalmente miscíveis em estado líquido, mas em estado sólido só se
misturam parcialmente.

Tipo IV: O grupo IV inclui as ligas de metais não miscíveis em estado líquido.

Tipo V: ligas que formam compostos. Os metais do tipo V combinam-se para formar compostos
denominados intermetálicos, principais endurecedores das ligas industriais. Alguns, como os
carbonetos de boro e de tungstênio, estão entre os materiais mais duros e resistentes que se
conhecem.

64
Principais Ligas Metálicas Utilizadas na Indústria

 Aço– utilizado para produzir outras ligas metálicas.


 Aço inoxidável– utilizado para fabricação de peças de carro e brocas.
 Ouro– utilizado para a fabricação de joias.
 Amálgama– utilizada em obturações dentárias.
 Bronze– utilizado em moedas, sinos, medalhas e estátuas.
 Latão– utilizado em armas, torneiras, instrumentos musicais e produção de tubos.
 Solda– utilizada em solda de contatos elétricos.
 Magnálio– utilizado em peças de aviões e automóveis.
 Liga Wood– utilizada em resistências de chuveiros, ferros elétricos e fusíveis.

As ligas metálicas são utilizadas em todos os setores e em grande escala nas indústrias navais,
automobilísticas, aeronáuticas, bélicas e construção civil, além de apresentar significativamente os
setores de comunicação e eletrônica, seu uso é extremamente fundamental em nosso cotidiano, seja
para a utilização de utensílios domésticos à fabricação de peças de aviões, todos os setores se
beneficiam com as ligas metálicas.

65
PARTE III

O Estudo Geral dos Não Metais

66
PARTE A

Oxigênio, Ozônio, Hidrogênio, Água e Água


Oxigenada.

# OXIGÊNIO – O2

O gás oxigênio é um composto molecular, oxigênio constituído por moléculas diatômicas. É o


elemento mais abundante na natureza. O ar atmosférico encerra 21 % de oxigênio em volume e as
águas dos oceanos, mares, rios e lagos contêm 89% de oxigênio em peso. 65% do corpo humano e 47%
da crosta terrestre.

As principais características físico-químicas do gás oxigênio são resumidas no quadro:

67
História do Oxigênio

O chinês Mao-Khoa, no século VIII, e Leonardo da Vinci, no século XV, chegaram à conclusão de
que o ar não era um elemento. Para Mao-Khoa, o ar era composto por duas substâncias: ar completo e
ar incompleto. Já da Vinci percebeu que havia uma relação entre o fenômeno da combustão e o ar que
respiramos.
Em 1771 e 1774, dois cientistas realizaram experimentos diferentes, mas alcançaram o mesmo
resultado. Em 1771, Scheele produziu gás oxigênio a partir do aquecimento individual de substâncias
diferentes, como nitrato de potássio e o óxido de mercúrio. Já em 1774, Priestley aqueceu o óxido de
mercúrio II (HgO) e produziu o gás oxigênio (O2).
Em 1777, Lavoisier forneceu o nome do elemento oxigênio depois de verificar que esse elemento
químico fazia parte da composição (as moléculas apresnetam átomos de oxigênio) de diversos ácidos
inorgânicos.

O Ciclo do Oxigênio

O oxigênio (O2) é o elemento mais abundante no planeta, estando disponível na atmosfera, na água
e na crosta terrestre. É capaz de reagir com quase todos os elementos químicos, em especial o
carbono, formando monóxidos (CO) e dióxidos(CO2). Realiza combustão e oxida metais, produzindo a
ferrugem.

Importância

É indispensável à vida pois praticamente todos os seres vivos o utilizam na respiração,


excetuando os seres anaeróbios, como algumas bactérias. Participa também da fotossíntese (processo
em que as plantas produzem seu alimento) atuando juntamente com o carbono. O oxigênio
também compõe a camada de ozônio, defendendo a superfície terrestre dos raios ultravioletas (UVA e
UVB).

Etapas

As plantas terrestres usam o gás carbônico (CO2) do ar como combustível para a fotossíntese e liberam
oxigênio (O2) para a atmosfera. As plantas aquáticas usam carbonatos dissolvidos na água e liberam o oxigênio.
Acontece exatamente o oposto com os animais que respiram O2 e liberam CO2.

68
Obtenção industrial do oxigênio

O oxigênio é obtido industrialmente por dois processos: eletrólise e destilação fracionada do ar. A
eletrólise ocorre pela passagem de corrente elétrica na água. O processo torna-se inviável
economicamente por causa da energia elétrica que é de custo alto.

Outro processo é a destilação fracionada, feita por meio da liquefação, isto é, compressão e
resfriamento do ar atmosférico na temperatura de -200°C. Quando o ar se torna líquido, faz-se a
destilação fracionada.

69
Obtenção do oxigênio em laboratório

A obtenção do gás oxigênio em laboratório pode ocorrer de várias formas. Duas delas são:

(1) Por aquecimento do clorato de potássio (decomposição térmica) em presença de um catalisador


(substância que aumenta a velocidade da reação). Neste caso, o óxido de manganês:

MnO2
2 KClO3  2KCl + 3 O2

(2) Por aquecimento do óxido de mercúrio II

2HgO  2 Hg + O2

Os trabalhos de Priestley e Lavoisieir baseavam-se na reação acima, ou seja, no aquecimento de


óxido de mercúrio, que produz o metal mercúrio e o gás puro perfeitamente respirável, consumido por
completo em novas combustões.

Isótopos

O oxigênio tem três isótopos estáveis de dez radioativos. Todos os radioisótopos do oxigênio tem
uma meia-vida de menos de três minutos.

Isótopos mais comuns do Oxigênio

O16 O17 O18

Reações do Oxigênio

O oxigênio reage facilmente com metais e não metais originando a oxidação e com compostos
orgânicos, causando a combustão. Exemplos:

70
A combustão do acetileno (C2H2) com oxigênio (O2) resulta na denominada chama
oxiacetilênica cuja temperatura atinge 3120°C, superior a outras combinações do oxigênio com outras
substâncias como, por exemplo, oxigênio + propano: 2750°C; oxigênio + metano: 2730°C; oxigênio +
hidrogênio: 2500°C.

Compostos de Oxigênio

Sua alta eletronegatividade o faz reagir com muitos elementos químicos excetuando alguns
poucos gases nobres.

O composto mais notável do oxigênio é a água (H2O). Outros compostos importantes que
apresentam o elemento oxigênio em sua composição são: dióxido de carbono, os álcoois (R-
OH), aldeídos, (R-CHO), e ácidos carboxílicos (R-COOH).

Os íons clorato (ClO3-), perclorato (ClO4-), cromato (CrO42-), dicromato (Cr2O72-), permanganato (MnO4-
) e nitrato (NO3-) são fortes agentes oxidantes. Os epóxidos são éteres na qual o átomo de oxigênio é
um héterotomo.

O ozônio (O3) se forma mediante descargas elétricas a partir do oxigênio molecular (durante as
tormentas elétricas, por exemplo).

No oxigênio líquido já foi encontrado, em pequenas quantidades, uma dupla molécula de oxigênio:
(O2)2.

Aplicações

A principal utilização do oxigênio é como oxidante devido à sua elevada eletronegatividade


superada somente pela do flúor. Por isso, o oxigênio líquido é usado como comburente nos motores
de propulsão dos foguetes, apesar de que nos processos industriais o oxigênio para a combustão é
obtido diretamente do ar.

Outras aplicações industriais são na soldadura e na fabricação de aço e metanol. A medicina usa
o oxigênio administrando-o como suplemento em pacientes com dificuldades respiratórias.

71
Também é engarrafado para ser respirado em diversas práticas desportivas como, por exemplo,
o submarinismo ou em atividades profissionais para acessar locais de pouca ou nenhuma ventilação ou
em atmosferas contaminadas. O oxigênio provoca uma resposta de euforia quando inalado. No século
XIX era utilizado misturado com o óxido nitroso como analgésico. Atualmente, esta mistura ressurgiu
para evitar a dor em tratamentos dentários. O Oxigênio-15, radioativo com emissão de pósitron é
usado no exame PET do cérebro em medicina nuclear.

Ações Biológicas

O oxigênio respirado pelos organismos aeróbicos, liberado pelas plantas no processo


de fotossíntese, participa na conversão de nutrientes em energia intracelular.
A redução do nível de oxigênio provoca a hipoxemia e, a falta total ocasiona a anoxia, podendo
provocar a morte do ser vivo.
A hemoglobina é o pigmento que dá a cor aos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função
vital de distribuir o oxigênio pelo organismo.

Precauções

O oxigênio pode ser tóxico a elevadas pressões parciais.

Alguns compostos de oxigênio como o ozônio, o peróxido de hidrogênio e radicais hidroxila são muito
tóxicos. O corpo humano possui mecanismos de proteção contra estas espécies tóxicas. Por exemplo, a
glutação atua como antioxidante, como a bilirrubina que é um produto derivado do metabolismo
da hemoglobina.

# OZÔNIO – O3

O ozônio é uma variedade alotrópica do elemento oxigênio (alotropia = o mesmo elemento


forma substâncias simples diferentes e, portanto, com propriedades físicas e químicas diferentes).

Elemento Oxigênio – O { gás oxigênio O2 - gás ozônio O3 => O2 e O3 são alótropos entre si.

72
Ocorrência

O ozônio ocorre nas camadas mais altas da atmosfera (estratosfera/ozonosfera é a parte baixa
da estratosfera), por incidência dos raios cósmicos sobre oxigênio da atmosfera.

3 O2 + energia  2 O3

Preparação

O ozônio é obtido, fazendo-se passar ar entre os polos de um gerador de alta voltagem (20.000
V); durante a descarga, o gás oxigênio transforma-se em gás ozônio:

3 O2 + energia  2 O3

Na transformação de gás oxigênio em gás ozônio, há absorção de energia, e,


consequentemente, o gás ozônio é uma substância de formação endotérmica, possuindo muito calor
potencial, pouca estabilidade e muita reatividade química.

Este método de preparação justifica a formação do ozônio, durante as descargas elétricas


ocorridas na atmosfera, e, também, nas proximidades de máquinas elétricas de alta tensão, o que se
pode verificar devido ao seu odor irritante. Sendo pouco estável, ele, lentamente se transforma em gás
oxigênio, com libertação de energia, anteriormente absorvida:

2 O3  3 O2 + energia

Propriedades e aplicações

- A grande reatividade do gás ozônio pode ser exemplificada no fácil ataque a metais nobres, o que não
se verifica com o gás oxigênio:

2 Ag + O3  Ag2O2 + ½ O2

*Observações:

. Esta reação é usada no envelhecimento forçado de prata, nos antiquários;

. No caso da reação de gás ozônio com metais alcalinos dos mais reativos (K,Rb,Cs), o gás ozônio pode
produzir ozonetos, de fórmulas: KO3 , RbO3 , CsO3 :

K + O3  KO3 (K+ + O3-)


Ozoneto de potássio

- O gás ozônio é bactericida, sendo utilizado na esterilização da água potável (como alternativa ao gás
cloro), e na desodorização de interiores lotados: cinemas, velórios, etc.

- O gás ozônio é alvejante, pois oxigena as substâncias coloridas (corantes), dando origem a produtos
solúveis; daí o seu emprego para branquear polpa de papel, óleos, farinhas, açúcar, etc.; contudo, é
muito mais caro que o gás cloro, o qual é usado para o mesmo fim.

- O gás ozônio tem a propriedade de atacar e destruir borrachas.


73
Propriedades Físico-químicas do O3

 Forma triatômica do oxigênio;


 Gás com odor característico mesmo a baixas concentrações; cor azulada.
 Fórmula química: O3;
 Massa molecular: 48,0;
 Polaridade: molécula polar;
 Ponto de fusão a 1 atm: - 192,5 ºC;
 Ponto de ebulição a 1 atm: - 111,9 ºC;
 Massa específica do gás nas CNTP: 2,14 g/litro. O gás O 3 se liquefaz à temperatura de -112° C, seu
ponto de congelamento se dá a -251,4° C e sua decomposição ocorre acima de 100° C, ou em
temperatura ambiente quando usados catalisadores. Liquefeito, sua coloração é azul-escura.

# HIDROGÊNIO – H2

Ocorrência

O hidrogênio é o elemento químico que participa em maior número de compostos, destacando-se:


água, petróleo (HC), carvões, ácidos, etc. ; o número total ultrapassa a 3 milhões e é seguido pelo
elemento químico carbono (por causa dos compostos orgânicos).
É o principal constituinte do sol (90%) e das demais estrelas (conclusão obtida pela análise da luz
emitida pelos astros, através da análise espectroscópica).

Preparação

. No Laboratório:

- Pela reação entre zinco em pó e ácido clorídrico diluído: Zn + 2 HCl(dil)  ZnCl2 + H2

- Pela reação de hidreto de lítio com água: LiH + H2O  LiOH + H2

. Na indústria:

- Através do craqueamento de derivados do petróleo: querosene  gasolina + H2



- Pela eletrólise da água: H2O  ½ O2 + H2

- Destilação da hulha: gases combustíveis (50% de H2) + (alcatrão+águas amoniacais) + coque

- Na produção de gás d’água: H2O(v)  (CO + H2) (gás d’água


1.0000C

74
Preparação e Propriedades Químicas

. Obtenção de importantes produtos químicos:

- 1 N2 + 3 H2  2 NH3 (gás amoníaco)

- 1 H2 + 1 Cl2  2 HCl (ácido clorídrico

. Hidrogenação de gorduras:

- Óleo + H2  gordura artificial ou hidrogenada (margarina)

. Obtenção de metais:

- WO3 + 3 H2  W + 3 H2O

. Combustível, combustível solar e em maçaricos de solda.

Propriedades Físicas

O hidrogênio é o elemento mais simples da tabela periódica, pois possui apenas um próton e um
elétron e é o elemento mais abundante no universo.

- substância simples
- formula molecular H2 - dois átomos de H ligados por uma ligação covalente
- o mais leve que conhecemos
- inodoro
- insípido
- insolúvel em água
- temperatura de ebulição = -252,8 C
- temperatura de fusão = - 259,14 °C
- encontra-se livre na natureza

# ÁGUA
Introdução

A água (H2O, HOH) é a molécula mais abundante na superfície da Terra, cobrindo, somente em
sua forma líquida, cerca de 71% desta, além de estar presente em abundância na atmosfera terrestre,
como vapor, e nos polos, como gelo. Está em equilíbrio dinâmico entre os estados líquido e gasoso nas
condições ambientes de temperatura e pressão (21-23 °C, 1 atm). À temperatura ambiente, é um
líquido fracamente azul, praticamente incolor, insípido e inodoro.
Muitas substâncias se dissolvem na água e ela é comumente chamada "solvente universal". Por
isso, a água na natureza e em uso raramente é pura, e pode apresentar propriedades diferentes
daquelas encontradas no laboratório. Entretanto, há muitos compostos que são essencialmente, se
não completamente, insolúveis em água. A água é a única substância comum encontrada em todos os
três estados comuns da matéria. A água compõe cerca de 75% do corpo humano.
75
Histórico

As propriedades da água foram historicamente usadas para definir várias escalas de


temperatura. Notavelmente, as escalas Kelvin, Celsius e Fahrenheit foram, e ainda são, definidas pelos
pontos de fusão e ebulição da água. As escalas menos comuns de Delisle, de Newton, de Réaumur e
de Rømer foram definidas de maneira semelhante. O ponto triplo da água é ponto padrão usado mais
comumente nos dias atuais.
A primeira decomposição científica de água em hidrogênio e oxigênio, por eletrólise, foi feita
no ano 1800 pelo químico inglês William Nicholson. Em 1805, Joseph Louis Gay-Lussac e Alexander von
Humboldt mostraram que a água é composta de duas partes de hidrogênio e uma de oxigênio (em
volume).
Gilbert Newton Lewis isolou a primeira amostra de água pesada em 1933.
Poliágua foi uma forma polimerizada hipotética de água que foi alvo de controvérsia científica
durante o fim da década de 1960. O consenso atual é o de que tal polímero não existe.

Nomenclatura Sistemática

A nomenclatura IUPAC aceita para a água é simplesmente "água", mas há dois outros nomes
que podem ser usados para descrever a molécula.
O primeiro e mais sistemático é óxido de hidrogênio. Esse nome é análogo ao de compostos
correlatos, como o peróxido de hidrogênio(água oxigenada), o sulfeto de hidrogênio e o óxido de
deutério (água pesada). Um outro nome sistemático, oxidano, é aceito pela IUPACcomo um nome pai
para a nomenclatura sistemática de grupos substituintes baseados em oxigênio, apesar de mesmo
estes comumente terem outros nomes recomendados. Por exemplo, o nome hidroxila é recomentado
no lugar de oxidanila para o grupo −OH. O nome Oxano é explicitamente mencionado pela IUPAC
como incompatível com esse propósito, pois já é o nome de um éter cíclico também conhecido
como tetra-hidropirano no sistema de Hantzsch-Widman; dentre os compostos semelhantes, existem
o dioxano e o trioxano.

* Monóxido de diidrogênio (às vezes Monóxido de di-hidrogênio), ou DHMO é um nome sistemático


um tanto pedante para a água. O termo foi usado em paródias de pesquisas químicas que clamavam
pela abolição dessa "substância química letal". Na verdade, um nome sistemático mais realista seria
simplesmente óxido de hidrogênio, já que os prefixos "mono-" e "di-" são supérfluos. O sulfeto de
hidrogênio, H2S, nunca é chamado de "monossulfeto de diidrogênio", e o peróxido de hidrogênio,
H2O2, nunca é chamado de "dióxido de diidrogênio".
Algumas fichas de dados de segurança de material a respeito da água, exagerando, dizem: "Cuidado!
Pode causar afogamento!".
Um outro nome sistemático para a água é ácido hidróxico, ou ácido hidroxílico. De maneira
semelhante, o nome para a água como base é hidróxido de hidrogênio — os dois nomes existem para
a água porque ela pode reagir tanto como ácido quanto como base, dependendo da força do ácido ou
da base com que reage (veja anfoterismo). Nenhum desses nomes é usado com frequência fora desses
contextos humorísticos.

76
As formas da água

A água pode assumir várias formas. O estado sólido da água é comumente conhecido
como gelo (mas também existem muitas outras formas; veja sólido amorfo e gelo amorfo); o estado
gasoso é conhecido como vapor d'água, e a fase líquida comum é geralmente chamada simplesmente
de água. Acima de certa temperatura e pressão crítica (647 K e 22,064 MPa), as moléculas de água
assumem uma condição supercrítica, em que aglomerados líquidos flutuam numa fase de vapor.
A água pesada é a água cujo hidrogênio é substituído pelo seu isótopo mais pesado, o deutério.
A água pesada é quimicamente quase igual à água normal. É usada na indústria nuclear para
desaceleração de nêutrons.

Físico-Química da Água

A água é a substância química de fórmula H2O: uma molécula de água tem


dois átomos de hidrogênio ligados covalentemente a um átomo de oxigênio. A água é um líquido
insípido e inodoro nas condições ambientes de temperatura e pressão, e parece incolor em pequenas
quantidades, apesar de ter um matiz azul muito leve. O gelo também parece ser incolor, e o vapor
d'água é essencialmente invisível. A água é primariamente um líquido em condições ambientes, o que
não se prevê da sua relação com outros hidretos análogos da família do oxigênio da tabela periódica,
que são gases como o sulfeto de hidrogênio. Além disso, todos os elementos ao redor do oxigênio na
tabela — nitrogênio, flúor, fósforo, enxofre e cloro — se combinam com o hidrogênio para formar
gases. A razão pela qual o hidreto de oxigênio (água) forma um líquido é o fato de ele ser
mais eletronegativo que todos esses elementos (exceto pelo flúor). O oxigênio atrai elétrons muito
mais fortemente que o hidrogênio, levando a uma carga resultante positiva nos átomos de hidrogênio,
e uma carga resultante negativa no átomo de oxigênio. A presença de carga nesses átomos dá à água
um momento de dipolo. A atração elétrica devida a esse dipolo aproxima as moléculas de água,
tornando mais difícil separá-las e, por consequência, elevando o ponto de ebulição. Essa atração é
conhecida como ligação de hidrogênio. A água pode ser vista como um líquido polar que se dissocia
minimamente num íon hidrônio (H3O+(aq)) e um íon hidroxila (OH−(aq)) associado. A água está
em equilíbrio dinâmico entre os estados líquido, sólido e gasoso nas condições ambientes de
temperatura e pressão, e é a única substância pura encontrada naturalmente na Terra com essa
característica.

A água tem o segundo maior calor específico dentre os compostos químicos conhecidos, depois
da amônia, assim como uma alta entalpia de vaporização (40,65 kJ mol−1), ambos consequências da
extensa rede de ligações de hidrogênio entre suas moléculas. Essas duas propriedades incomuns
permitem à água moderar o clima da Terra, amortizando flutuações grandes de temperatura.
A entalpia específica de fusão da água é 333,55 kJ kg−1 a 0 °C. Das substâncias comuns, só a da
amônia é mais alta. Essa propriedade dá aos glaciares e aos gelos marinhos resistência ao
derretimento. Antes do advento da refrigeração mecânica, era comum o uso de gelo para retardar a
deterioração dos alimentos.

77
Densidade da água

A forma sólida da maioria das substâncias é mais densa que a fase líquida; assim, um bloco de
uma substância sólida pura afunda num recipiente cheio da mesma substância líquida pura. Mas, ao
contrário, um bloco de gelo comum flutua num recipiente com água, porque a água sólida
é menos densa que a água líquida. Essa é uma propriedade característica da água e extremamente
importante. À temperatura ambiente, a água líquida fica mais densa à medida que diminui a
temperatura, da mesma forma que as outras substâncias. Mas a 4 °C (3,98 °C, mais precisamente),
logo antes de congelar, a água atinge sua densidade máxima (aproximadamente 1,0 g/cm3) e, ao
aproximar-se mais do ponto de fusão, a água, sob condições normais de pressão, expande-se e torna-
se menos densa. Isso se deve à estrutura cristalina do gelo, conhecido como gelo Ih hexagonal. A água,
o chumbo, o urânio, o neônio e o silício são alguns dos poucos materiais que se expandem ao se
solidificar; a maioria dos demais elementos se contrai. Deve-se notar, porém, que nem todas as formas
de gelo são menos densas que a água líquida pura. Por exemplo, o gelo amorfo de alta densidade é
mais denso que a água pura na fase líquida. Assim, a razão pela qual a forma comum do gelo é menos
densa que a água é um pouco não-intuitiva e depende muito das propriedades incomuns inerentes
às ligações de hidrogênio.
Geralmente, a água se expande ao congelar devido à sua estrutura molecular aliada
à elasticidade incomum das ligações de hidrogênio e à conformação cristalina particular de baixa
energia que ela assume em condições normais de pressão. Isto é, ao resfriar-se, a água tenta
organizar-se numa configuração de rede cristalina que alonga as
componentes rotacionais e vibracionais das ligações, de forma que cada molécula de água é afastada
das vizinhas. Isso efetivamente reduz a densidade da água quando se forma gelo sob condições
normais de pressão.
A água compartilha o estado líquido mais denso com apenas alguns outros materiais, como
o gálio, o germânio, o bismuto e o antimônio.
A água desempenha ainda um papel importante no ecossistema da Terra. Por exemplo, se a
água fosse mais densa quando congelada, os lagos e os oceanos nas regiôes polares terminariam por
ficar inteiramente sólidos (da superfície ao fundo). Isso aconteceria porque o gelo desceria para o leito
dos lagos e rios, e o fenômeno de aquecimento necessário (veja abaixo) não aconteceria no verão, pois
a camada de superfície mais quente seria menos densa que a camada congelada abaixo.
De qualquer forma, a expansão incomum da água em resfriamento (em condições naturais em
sistemas biológicos relevantes) entre 0 e 4 °C, devido às ligações de hidrogênio, dá uma vantagem
importante à vida aquática no inverno. A água resfriada na superfície aumenta de densidade e desce,
formando correntes de convecção que resfriam toda a massa de água, mas quando a temperatura da
água chega a 4 °C, a água na superfície diminui de densidade à medida que se resfria e forma uma
camada superficial, que congela. Como a descida por convecção da água mais fria é impedida pela
mudança de densidade, qualquer grande massa de água tem sua região mais fria próximo à superfície,
longe do leito.
A água congela a 0 °C (32 °F, 273 K), mas pode ser superfundida em estado fluido até
sua nucleação cristalina homogênea a quase 231 K (−42 °C).[10]
A água se expande significativamente à medida que a temperatura sobe, a partir de 4 °C. Sua
densidade é 4% menor que a máxima quando a temperatura está próxima do ponto de ebulição.

78
O Ponto Triplo da Água

Os três estados físicos da matéria — sólido, líquido e gasoso — podem coexistir em equilíbrio num
sistema, em certas condições de temperatura e pressão. O encontro destas três fases
simultaneamente numa mesma substância ou solução recebe o nome de ponto triplo (ou ponto
tríplice).
Cada substância ou solução tem seu ponto triplo e para atingi-lo são necessárias condições muito
específicas de pressão e temperatura. No caso das substâncias puras, o ponto triplo é uma
propriedade física constante. A água, por exemplo, alcança seu ponto triplo a uma temperatura de
0,01 °C (que, na escala Kelvin corresponde a 273,16 graus) e pressão de 611 Pa, exatamente. Assim,
quando submetida a tais condições, há uma coexistência equilibrada de gelo (sólido), água líquida e
vapor d’água. Nenhuma combinação de pressão e temperatura diferente fará com que ocorra o ponto
triplo da água.

Gráfico do Ponto Triplo da Água

Tensão Superficial

As gotas de água são estáveis devido à alta tensão superficial da água, 72,8 mN/m, a mais alta dos
líquidos não-metálicos. Isso pode ser visto quando se coloca pequenas quantidades de água numa
superfície como o vidro: a água se mantém unida sob a forma de gotas. Essa propriedade é importante
para a vida. Por exemplo, quando a água é transportada por um xilema em caules de plantas, as fortes
atrações intermoleculares mantêm a coluna de água unida. Forças coesivas poderosas mantêm unida a
coluna de água, e as propriedades fortemente adesivas da água a mantêm presa ao xilema, e impedem
o rompimento da tensão causado pela corrente de transpiração. Outros líquidos de tensão superficial
menor teriam uma maior tendência a “quebrar”, formando bolsas de vácuo ou de ar que fariam parar
de funcionar o transporte de água pelo xilema.

79
Propriedades Elétricas

A água pura e sem íons é um excelente isolante elétrico, mas nem mesmo a água “deionizada”
é completamente sem íons. A água sofre auto-ionização a qualquer temperatura acima do zero
absoluto. Além disso, por ser um solvente de grande eficiência, quase sempre apresenta
algum soluto dissolvido, mais frequentemente um sal. Se a água contiver mesmo uma pequena
quantidade de tal tipo de impureza, poderá conduzir eletricidade, pois as impurezas como o sal se
separam em íons livres numa solução aquosa pela qual uma corrente elétrica pode fluir.
A água pode ser separada em seus elementos constituintes, hidrogênio e oxigênio, fazendo-se
passar uma corrente elétrica por ela. Esse processo se chama eletrólise. Neste processo, as moléculas
de água se dissociam naturalmente em íons H + e OH−, que são induzidos em direção aos eletrodos
denominados cátodo e ânodo. No cátodo, dois íons H+ ganham elétrons e formam gás H2. No ânodo,
quatro íons OH− se combinam e liberam gás O 2, moléculas de água, e quatro elétrons. Os gases
produzidos borbulham até a superfície, onde podem ser coletados.
Sabe-se que a resistividade elétrica máxima teórica da água é de aproximadamente
182 kΩ·m²/m (ou 18,2 MΩ·cm²/cm) a 25 °C. Esse valor é compatível com o que tipicamente se vê
na osmose inversa e em sistemas de água ultrapura ultrafiltrada e deionizada usados, por exemplo, em
fábricas de semicondutores. Um nível de contaminante salino ou ácido que exceda 100 partes por
trilhão em volume (ppt v:v) em água ultrapura começa a baixar perceptivelmente seu nível de
resistividade em até vários kΩ·m²/m (uma variação de várias centenas de nS/m de condutância).

Condutividade Elétrica

A água pura apresenta baixa condutividade elétrica, mas essa propriedade aumenta
significativamente com a adição de uma pequena quantidade de um eletrólito, como o cloreto de
hidrogênio. Assim, o risco de choque elétrico é muito maior em água com impurezas não encontradas
na água pura. (Convém notar, porém, que o risco de choque elétrico diminui quando a concentração
de impurezas é tal que torna a água um melhor condutor que o corpo humano. Por exemplo, o risco de
choque elétrico na água do mar é maior que em água doce, porque a água do mar tem uma
concentração muito maior de impurezas, particularmente o sal comum, e a corrente principal flui pelo
melhor condutor. Isso não é sempre garantido, contudo, e subsiste um risco substancial na água
salgada.) Todas as propriedades elétricas observáveis na água provêm dos íons de sais minerais e
de dióxido de carbono misturados nela. De fato, a água se auto-ioniza, processo em que duas
moléculas de água se tornam um ânion hidróxido e um cátion hidrônio, mas não o bastante para
carregar corrente elétrica suficiente para exercer qualquer trabalho ou dano na maioria dos casos. Em
água pura, um equipamento sensível pode detectar uma ligeira condutividade elétrica de
0,055 μS/cm a 25 °C. A água também pode, por meio de uma eletrólise, separar-se nos gases
hidrogênio e oxigênio, mas, na ausência de íons dissolvidos, esse é um processo muito lento, porque
apenas uma corrente muito pequena pode ser conduzida. Enquanto os elétrons são os principais
portadores de carga na água (e nos metais), no gelo (e em alguns outros eletrólitos) os prótons são os
principais portadores (veja condutor de prótons).

80
A natureza bipolar da água e a sua polaridade eletronegativa

Uma propriedade importante da água é a sua natureza polar. A molécula de água tem uma
forma angular, com os átomos de hidrogênio nas extremidades e o de oxigênio no vértice. Como um
átomo de oxigênio tem uma eletronegatividade maior que a do hidrogênio, o lado da molécula com o
átomo de oxigênio tem uma carga parcial negativa. Uma molécula com esse tipo der diferença de
cargas é chamada de dipolo. A diferença entre as cargas faz com que as moléculas de água sejam
atraídas umas pelas outras (as áreas relativamente positivas sendo atraídas pelas áreas relativamente
negativas) e por outras moléculas polares. Essa atração é conhecida como ligação de hidrogênio, e
explica muitas das propriedades da água. Outras moléculas também apresentam diferenças de
eletronegatividade entre seus átomos, mas, no caso do dióxido de carbono, a forma da molécula, por
ser simétrica, faz com que as cargas opostas se cancelem. Essa característica da água pode ser vista ao
se aproximar uma fonte de eletricidade de um filete de água: ele se curva em direção à fonte de
eletricidade.
Apesar das ligações de hidrogênio serem atrações relativamente fracas se comparadas
às ligações covalentes da molécula de água, elas são responsáveis por várias das propriedades físicas
da água. Duas dessas propriedades são os pontos de fusão e de ebulição relativamente altos da água;
mais calor é necessário para quebrar as ligações de hidrogênio entre as moléculas. Um composto
similar de hidrogênio, o sulfeto de hidrogênio (H2S), que tem ligações de hidrogênio muito mais fracas,
é um gás à temperatura ambiente, mesmo tendo duas vezes a massa molecular da água. As ligações
mais fortes entre as moléculas de água também são responsáveis pelo seu grande calor específico, o
que faz dela um bom meio de armazenamento de calor.
As ligações de hidrogênio também são a causa do comportamento incomum da água em
congelamento. Quando a água resfriada até próximo do ponto de fusão, a presença das ligações leva
as moléculas, que se reorganizam à medida que perdem energia, a formarem a estrutura
cristalina hexagonal do gelo, que tem uma densidade menor: por isso o gelo flutua na água. Em outras
palavras, a água se expande ao congelar, ao passo que quase todos os outros materiais se contraem na
solidificação.
Uma consequência interessante da forma sólida ser menos densa que a líquida é que o gelo
derrete se submetido a pressão suficiente. À medida que a pressão aumenta, baixa o ponto de fusão e,
logo que o ponto de fusão se torna menor que a temperatura ambiente, o gelo começa a derreter.
Mas é necessária uma pressão significativa para baixar o ponto de fusão.

Modelo de ligação de hidrogênio entre moléculas de água.

81
Polaridade eletronegativa
A água apresenta uma carga parcial negativa (σ−) próximo ao átomo de oxigênio, graças aos
pares de elétrons não compartilhados, e cargas parciais positivas (σ+) próximo aos átomos de
hidrogênio. Na água, isso acontece porque o átomo de oxigênio é mais eletronegativo que os de
hidrogênio — isto é, ele exerce uma força eletrostática maior sobre os elétrons da molécula, atraindo-
os (assim como suas cargas negativas) e fazendo com que a área em torno do átomo de oxigênio seja
mais negativa que as áreas em torno de cada um dos átomos de hidrogênio.

Capacidade de adesão

A água adere a si mesma (por coesão) por ser polar. Pelo mesmo motivo, também apresenta fortes
propriedades de adesão. Numa superfície de vidromuito limpa, a água ali depositada pode formar uma
fina camada, porque as forças moleculares entre o vidro e a água (forças adesivas) são mais fortes que
as coesivas. Nas células e em suas organelas, a água está em contato com superfícies hidrofílicas, que
apresentam forte atração pela água. Irving Langmuir observou uma grande força repulsiva entre
superfícies hidrofílicas. Desidratar superfícies hidrofílicas, isto é, remover as camadas de água
fortemente aderidas a elas requer esforço significativo contra as forças de hidratação. Essas forças são
grandes, mas diminuem rapidamente a uma distância de um nanômetro ou menos. A importância
dessas forças para a biologia foi exensivamente estudada por V. Adrian Parsegian, do Instituto
Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

Capilaridade

A capilaridade se refere ao processo de a água subir por um tubo estreito, contra a força
da gravidade. O fenômeno acontece porque a água adere às paredes do tubo e a tensão superficial
tende a nivelar a superfície, elevando-a e, por coesão, mais água entra na parte de baixo do tubo. O
processo continua até que haja no tubo água suficiente para que a força da gravidade contrabalance a
força de adesão.

Solvência

Também devido à sua polaridade, a água é um bom solvente. Substâncias que se misturam bem
e se dissolvem na água (por exemplo, os sais) são conhecidas como substâncias hidrofílicas, ao passo
que as que não se misturam bem em água (por exemplo, gorduras e óleos) são chamadas hidrofóbicas.
A capacidade de uma substância se dissolver em água depende de ela poder ou não igualar ou superar
as grandes forças atrativas que as moléculas de água exercem umas sobre as outras. Se uma
substância tiver propriedades que a impeçam de superar essas grandes forças intermoleculares, suas
moléculas são “expulsas” da água, e não se dissolvem. Ao contrário do que normalmente se acredita, a
água e as substâncias hidrofóbicas não se “repelem”, e a hidratação de uma superfície hidrofóbica é
favorável energeticamente, mas não entropicamente.
Quando um composto iônico ou polar entra em contato com a água, é rodeado por moléculas
de água (hidratação). O tamanho relativamente pequeno das moléculas de água tipicamente permite
que muitas delas rodeiem uma única molécula de soluto. As extremidades parcialmente negativas do
dipolo da água são atraídas pelos componentes positivamente carregados do soluto, e vice-versa com
as extremidades positivas.

82
Em geral, substâncias iônicas e polares como ácidos, álcoois e sais são relativamente solúveis
em água, e substâncias apolares como gorduras e óleos, não. Moléculas apolares permanecem juntas
na água porque é energeticamente mais favorável para as moléculas de água ligar-se umas às outras
por ligações de hidrogênio que se envolverem em interações de van der Waals com as moléculas
apolares.
Um exemplo de soluto iônico é o sal de cozinha; o cloreto de sódio, NaCl, se separa
em cátions Na+ e ânions Cl−, cada um rodeado por moléculas de água. Os íons são então facilmente
separados de sua rede cristalina. Um exemplo de soluto não-iônico é o açúcar comum. Os dipolos da
água criam ligações de hidrogênio com as regiões polares da molécula de açúcar (grupos OH) e lhe
permitem ser misturada na solução.

O caráter anfótero da água

Quimicamente, a água é anfótera — isto é, pode agir tanto como ácido quanto como base.
Ocasionalmente, o termo ácido hidróxico é usado quando a água atua como ácido numa reação
química. Em pH 7 (meio neutro), a concentração de íons hidróxido (OH−) é igual à dos
íons hidrônio (H3O+) ou hidrogênio (H+). Se esse equilíbrio for perturbado, a solução pode se tornar
ácida (maior concentração de íons hidrônio) ou básica (maior concentração de íons hidróxido).
De acordo com o sistema de Brønsted-Lowry, um ácido é definido como uma espécie química
que perde um próton (um íon H+) numa reação, e uma base, como uma espécie que recebe um próton.
Ao reagir com um ácido mais forte, a água atua como base; ao reagir com uma base mais forte, atua
como ácido. Por exemplo, ela recebe um íon H+ do ácido clorídrico:
HCℓ + H₂O → H₃O⁺ + Cℓ⁻. Nesta, a água atua como base, recebendo um íon H +.
Na reação com a amônia, NH3, a água perde um íon H+, atuando, pois, como ácido:
NH₃ + H₂O → NH₄⁺ + OH⁻

Acidez na natureza

Em teoria, a água pura tem um pH de 7 a (25 °C (298 K). A água exposta ao ar por qualquer
quantidade de tempo rapidamente dissolverá dióxido de carbono, formando uma solução de ácido
carbônico, com um pH limite de 5,7 unidades, diminuindo portando o pH, deixando a água, portanto,
mais ácida. Quando gotículas se formam nas nuvens e gotas caem na chuva, quantidades pequenas de
CO2 são absorvidas e, portanto, a maior parte da chuva é levemente ácida. Se grandes quantidades de
óxidos de nitrogênio e de enxofre estiverem presentes no ar, eles também se dissolverão nas nuvens e
nas gotas de chuva, causando problemas mais sérios, conhecidos como chuva ácida.

83
Ligações de Hidrogênio na água

Uma molécula de água pode formar, no máximo, quatro ligações de hidrogênio porque pode
receber dois hidrogênios e perder dois. Outras moléculas, como o fluoreto de hidrogênio, a amônia e
o metanol, também formam ligações de hidrogênio, mas não apresentam os comportamentos
anômalos de propriedades termodinâmicas, cinéticas ou estruturais que se observam na água. A
resposta para a aparente diferença entre a água e os demais líquidos que formam ligações de
hidrogênio é que, com a exceção da água, nenhuma das moléculas que formam ligações de hidrogênio
pode formar quatro ligações por não poderem perder ou receber hidrogênios ou devido a efeitos
estéricos em resíduos volumosos. Na água, uma ordem tetraédrica devida às quatro ligações de
hidrogênio leva a uma estrutura aberta e a uma rede de ligações tridimensional, que contrasta com as
estruturas mais unidas de líquidos simples. Há uma grande semelhança entre a água e a sílica em seu
comportamento anômalo, apesar de a água ser um líquido que tem uma rede de ligações de
hidrogênio e a sílica ter uma rede covalente com um ponto de fusão muito alto. Uma razão pela qual a
água é apropriada para a vida é a de que suas propriedades únicas aparecem num regime de
temperatura compatível com processos biológicos diversos, como a hidratação.
Acredita-se que as ligações de hidrogênio na água se devem em grande parte a forças
eletrostáticas e alguma parcela de covalência. A natureza parcialmente covalente das ligações de
hidrogênio, prevista por Linus Pauling na década de 1930, ainda não foi provada conclusivamente por
experimentos e cálculos teóricos.

Água Pesada

O hidrogênio tem três isótopos. O mais comum, presente em mais de 95% do total de água, tem
um próton e nenhum nêutron. Um segundo isótopo, o deutério (abreviado "D"), tem um próton e um
nêutron. A água com deutério, D2O, também é conhecida como água pesada e é usada em reatores
nucleares como moderador de nêutrons. O terceiro isótopo, o trítio (abreviado "T"), tem um próton e
dois nêutrons e é radioativo, com uma meia-vida de 12,32 anos. A água com trítio, T2O, ocorre na
natureza apenas em diminutas quantidades, sendo produzida primariamente em reações nucleares
causadas por raios cósmicos na atmosfera. D2O é estável, mas difere da H2O por ser mais densa — daí
o termo "água pesada" — e por outras tantas propriedades físicas ligeiramente diferentes da "água
leve" comum, com 1H. D2O ocorre naturalmente na água comum em concentrações muito baixas. O
consumo de D2O pura isolada pode afetar processos bioquímicos — a ingestão de grandes quantidades
prejudica o funcionamento dos rins e do sistema nervoso central. Entretanto, deve-se consumir uma
quantidade muito grande de água pesada para que surja algum nível de toxicidade, e quantidades
menores podem ser consumidas sem nenhum efeito danoso.

Cor

Embora pequenas quantidades de água pareçam transparentes a olho nu, a água é composto
químico de coloração levemente azulada. Ao contrário da ideia popular, a água possui uma cor
intrínseca que se deve ao espectro seletivo de absorção da luz.
O fato de água ser quase transparente à luz visível é fundamental para a fotossíntese no
ambiente aquático.

84
Turbidez e Parâmetro no controle de qualidade da água

A turbidez pode ser entendida como a medida do espalhamento de luz produzido pela presença de
partículas em suspensão ou coloidais, sendo expressa como Unidade Nefelométrica de Turbidez (NTU
– Nephelometric Turbidity Unity).

A turbidez é um dos parâmetros de qualidade para avaliação das características físicas da água
bruta e da água tratada. O valor máximo permitido para água tratada é de 1 NTU (unidade
nefelométrica de turbidez) na saída das estações de tratamento de água e 5 NTU em qualquer ponto
da rede de distribuição.

Água Dura

A água dura é aquela que possui sais de cátions cálcio (Ca2+(aq)), magnésio (Mg2+(aq)) e ferro II
(Fe2+(aq)),
que são insolúveis em água e reagem com os ânions dos sabões, produzindo compostos
insolúveis. As quantidades desses cátions determinam a dureza da água.

Quando a água é assim, por mais que se tente, não é possível produzir a espuma característica
dos sabões em água, assim como a limpeza não é efetuada com eficiência, pois esses sais insolúveis
precipitam e aderem ao tecido que está sendo lavado (ou à beira da pia, do tanque, da banheira etc.).

Se a água não possuir esses tipos de cátions, ela é uma água mole.

A dureza da água é importante principalmente no aspecto industrial, visto que esses sais podem se
acumular no interior das tubulações e causar prejuízos. Além disso, o cozimento de alimentos na água
dura faz com que eles endureçam em vez de amolecer, daí a origem desse nome.

# ÁGUA OXIGENADA – H2O2 (ou Peróxido de Hidrogênio)

Preparação

. Em laboratório:

- BaO2 + H2SO4  BaSO4  + H2O2

. Na indústria: (eletrólise de solução concentrada de ácido sulfúrico)


H2SO4(conc)
- 2 H2O  H2O2 + H2

85
Propriedades Químicas e Aplicações

- Baixa Estabilidade

Através do processo industrial de obtenção do peróxido de hidrogênio, pode-se concluir que se


trata de um composto de formação endotérmica; consequentemente, possui muita energia potencial,s
endo um composto pouco estável, decompondo-se facilmente em água e oxigênio.

2 H 2 O2  2 H 2 O + O 2

decomposição pode ser provocada por diversos fatores, tais como:

. Luz (daí ser guardada em frascos opacos ou escuros).


. Aquecimento.
. Presença de bases alcalinas.
. No organismo humano, existe um composto chamado catalase (proteína), o qual é o catalisador da
decomposição do peróxido de hidrogênio, o que justifica o emprego da água oxigenada no tratamento
de feridas (o gás oxigênio libertado é um poderoso bactericida).
Ao contrário dos fatores acima (catalisadores), apresença de ácidos, na água oxigenada, impede a
decomposição do peróxido de hidrogênio (costuma-se usar o ácido fosfórico – H3PO4, o qual recebe o
nome de inibidor).

- Agente Oxidante

A água oxigenada é agente oxidante pelo fato de possuir um excesso de oxigênio em sua molécula.

Exemplo:
2+ 1- 3+ 2-
2FeSO4 + H2SO4 + H2O2  Fe2(SO4)3 + 2H2O

Por ser oxidante, a água oxigenada é usada como alvejante de cabelos, tecidos, papel fino, etc.

- Agente Redutor

Diante de agentes oxidantes mais poderosos, a água oxigenada comporta-se como agente redutor:

1- 7+ 0 2+
5H2O2 + 2KMnO4 + 3H2SO4 → 5O2 + 2MnSO4 + K2SO4 + 8H2O

Os coeficientes da equação podem ser obtidos pelo “método redox”, se se admitir, teoricamente,
que todo o oxigênio do peróxido de hidrogênio é libertado na forma de oxigênio, e, portanto, que a
água formada não provém do peróxido.

86
Propriedades Físicas

O peróxido de hidrogênio é um líquido xaroposo, de densidade 1,46 g/cm3. É solúvel em água,


álcool e éter, em todas as proporções. Quando puro, recebe o nome oficial de peróxido de hidrogênio,
e, quando em solução aquosa, recebe o nome comercial de água oxigenada. A água oxigenada possui
caráter ácido, o que explica a sua corrosividade.

Concentração

O H2O2 costuma ser preparado e utilizado em solução aquosa (água oxigenada). A concentração da
solução é definida através do volume de gás oxigenado que é libertado por unidade de volume da
solução:

KMnO4
2 H 2 O2  2 H 2 O + O2 
H2SO4

Assim, se 1,0 cm3 (ou 1,0 L) de uma solução de água oxigenada é capaz de libertar 10 cm 3 (ou 10 L)
de gás oxigênio, nas CNTP. Nesse caso, diz-se que se trata de uma água oxigenada de concentração a
10 volumes.
Na indústria, prepara-se água oxigenada a 100 volumes. Nas desinfecções de feridas, emprega-se
água oxigenada a 5 ou 10 volumes, e, como alvejante (cabelos, etc.), a 20 volumes.

87
PARTE B
HALOGÊNIOS

Os halogênios (7A ou 17) nunca estão livres na natureza, mas os seus compostos ocorrem em
abundância, e são absolutamente indispensáveis ao homem moderno. Tomam parte na produção de
refrigeradores, na indústria química e farmacêutica, na metalurgia, na tecelagem, fabricação de papel,
filmes fotográficos e plásticos, no tratamento da água e até no metabolismo humano.

88
# O FLÚOR – F2

Onde se encontra

Preparação
KF
Eletrólise do fluoreto de hidrogênio anidro (puro): 2 HF(l)  H2 + F2

. O HF é obtido através da reação: CaF2 + H2SO4  CaSO4 + 2 HF

Para que serve

. Obtenção do Teflon : o teflon é um plástico inatacável pelos ácidos, incluindo-se a água régia
(mistura de 3 HCl : 1 HNO3) a qual ataca o ouro. Por isso, e por ser um ótimo isolante térmico e anti
aderente, o teflon é usado nos utensílios domésticos (panelas, firgideiras, etc.).

n C2F2  (C2F4)n
tetrafluoretileno politetrafluoretileno (teflon)

89
. Reage facilmente com substanciais consideradas inatacáveis, como o vidro (SiO2) e os gases nobres:

- SiO2 + 3 F2  SiF4 + O2

- Xe + 2 F2  XeF4 (Ni, 4000C, 60 atm)

* O HF – Fluoreto de hidrogênio

- Ocorre nas refinarias de petróleo – catalisador de reações que melhoram a qualidade da gasolina.

- Suas moléculas se associam por pontes de hidrogênio , podendo formar polímeros:

HF ----- HF => (H2F2) HF ---- HF ----HF => (H3F3) n HF => (HnFn)

- Em solução aquosa forma o ácido fluorídrico – HF(aq) - utilizado na gravação de peças em vidro e na
obtenção do fluoreto de cálcio:

2 HF(aq) + Ca(OH)2(aq)  CaF2 + H2O

. O CaF2 pode ser utilizado para a fluoretação das águas para consumo humano a fim de reforçar o
esmalte dos dentes, evitando assim, a formação de cáries.

Precauções

90
# O CLORO – Cl2

Onde se encontra

Preparação

- No laboratório:

. 1MnO2+ 4HCl 1 MnCl2+ 2H2O+ 1Cl2

. 2 KMnO4 + 16 HCl  2 KCl + 2 MnCl2 + 8 H2O + 5 Cl2

. CaCl(ClO) + H2O  Cl2 + Ca(OH)2

- Na indústria:

. eletrólise da salmoura: 2 NaCl + 2H2O  2 NaOH + Cl2 + H2

Para que serve

91
- Obtenção industrial do ácido clorídrico - HCl

. H2 + Cl2  2 HCl ( ou ácido muriático quando apresenta baixa pureza).

Obtenção do HCl em laboratório:

. 2 NaCl + H2SO4  Na2SO4 + 2 HCl ( a 8000C)

* aplicações do HCl : obtenção do cloreto de amônio, decapagem de metais, obtenção da glicose,


solução ácida para limpeza de pisos, vasos sanitários, etc (ácido muriático)

- Obtenção do hipoclorito de sódio – NaClO (água sanitária)

- Obtenção do clorato de sódio – NaClO3

3 Cl2 + 3 Na2CO3  5 NaClO3 + NaCl

O clorato de sódio é empregado no palito de fósforo (misturado com enxofre), nos pavios, nas
espoletas de explosivos, nos fogos de artifício, etc.

- Obtenção de solventes apolares (CCl4 , HCCl3); obtenção de agrotóxicos (BHC, DDT); obtenção de
plástico (PVC).

Precauções

# O BROMO – Br2

92
- Muito denso (d= 2,95 g/cm3)
- Seus vapores provocam inflamação nas vias respiratórias; em contato com a pele produz
queimaduras graves e de cura bastante demorada.
- Substância apolar; portanto, é solúvel em solventes orgânicos e pouco solúvel em água.

Onde se encontra

Preparação

. Em laboratório:

- NaBr + Cl2  2 NaCl + Br2

- 2 NaBr + MnO2 + 2 H2SO4  Na2SO4 + MnSO4 + 2 H2O + Br2


. Na indústria:

A diferença entre o método industrial e o de laboratório é que no industrial o brometo utilizado, na


realidade, é uma mistura de brometos e cloretos, enquanto que no laboratório, parte-se de brometo
puro (mais caro).

Para que serve

- Obtenção de ácido bromídrico – HBr

- Usado para a obtenção de bromato de potássio – KBrO3 e de brometo de potássio - KBr

. 2 KBrO3  2 KBr + 3 O2

Usado na farinha para fazer o pão, pois, durante o aquecimento, decompõe-se


produzindo O2, provocando o aumento da massa e a maciez do pão.

93
- Usado nas refinarias de petróleo juntamente com o chumbo, com o objetivo de melhorar a qualidade
da gasolina, porém, durante a queima do combustível, forma-se PbBr2 que é poluente ao meio
ambiente.

<> ÁCIDO BROMÍDRICO - HBr

Obtenção

- Em laboratório: NaBr + H3PO4  NaH2PO4 + HBr

- Na indústria:

. Br2 + H2SO3  2 HBr + H2SO4


. Br2 + H2S  2 HBr + S

Propriedades

- Ácido forte (mais forte que o HF e que o HCl)


- Ataca metais com facilidade (com exceção dos metais nobres – Cu, Hg, Ag, Pt e Au), óxidos metálicos,
bases e sais de ácidos fracos, resultando brometos metálicos.
- Usado na obtenção de brometo de prata – AgBr.

HBr + AgNO3  AgBr + HNO3

O KBr é um composto pouco estável devido à pequena reatividade da prata; por isso, em presença
da luz, ele se decompõe, e, por este motivo é que o KBr é usado nos filmes, tendo como suporte uma
lâmina de celuloide. O depósito de Ag0 metálica é proporcional à intensidade da luz emitida pelos
objetos, e esta diferença na quantidade de prata produz os contrastes necessários para distinção dos
objetos, após a revelação do filme.
Observação: 1) filme com AgBr produz fotografias em preto e branco; com sais complexo de ouro e
platina, resultam filmes coloridos.

Precauções

94
# O IODO – I2

Onde se encontra

Para que serve

Ocorrência

- Na forma de iodato de sódio – NaIO3 , ocorre misturado com o NaNO3 – nitrato de sódio, no salitre
do Chile.

- Na forma de iodetos alcalinos, ocorre nas águas salgadas de poços de petróleo, nos EUA.

95
Preparação

- Em laboratório:

. 2 NaI + Cl2  2 NaCl + I2

. 2 NaI + MnO2 + 2 H2SO4  Na2SO4 + 2 MnSO4 + 2 H2O + I2

- No Chile prepara-se iodo a partir da solução que sobra (água-mãe) da cristalização de NaNO3, do
salitre do Chile.
O iodato de sódio, que ocorre na água –mãe, é submetido à redução, com ácido sulfuroso:

2 NaIO3 + 5 H2SO3  4 H2SO4 + Na2SO4 + H2O + I2

Para que serve

Propriedades e aplicações

- O I2 possui propriedades químicas semelhantes as do cloro e bromo, sendo, porém, o menos reativo
da família, por ser o menos eletronegativo. Assim, com gás hidrogênio, a reação só ocorre a 1.000 0C, e
com reversibilidade:
H2 + I2  2 HI

Conclui-se que o HI é um composto de formação endotérmica, sendo pouco estável e muito reativo
(o que pode ser concluído também, pela pequena diferença de eletronegatividade entre o “H” e “I”).

- Sublimação: o iodo é sólido de cor preta (cinzento escuro), cuja densidade é 4,5 g/cm 3. Apresenta a
propriedade da sublimação, mesmo em condições ambientes. Submetendo-se o iodo a aquecimento, a
sublimação aumenta de intensidade. Os vapores de iodo, em contato com uma superfície fria, passam
para o estado sólido.

- Solubilidade: o iodo sendo apolar, é insolúvel em água e solúvel nos solventes apolares (CCl 4 , CS2 ,
etc). Porém, em solução aquosa contendo KI, o ido é muito solúvel devido à formação do triiodeto de
potássio, o qual é solúvel.
KI + I2  KI3

O triiodeto de potássio é um sal complexo, e esta técnica de solubilizar uma substância insolúvel por
meio da formação de um complexo solúvel é muito frequente (é a solubilização por complexação).

96
. Curioso é o fato das soluções de iodo adquirirem colorações diferentes dependendo do solvente:

- se o solvente é oxigenado: água, álcool, éter, acetona, etc, a cor é laranja;


- se o solvente é não-oxigenado, como o benzeno, tetracloreto de carbono, etc., a cor é violeta (mesma
cor do vapor de iodo);

- Usado com antisséptico: uma solução a 10% de iodo em álcool e utilizada como antisséptico
doméstico. Existe também o iodofórmio (CHI3) , o qual é um pó amarelo de odor irritante, usado nos
hospitais como antisséptico (responsável pelo odor característico dos hospitais).

- Na alimentação: o iodo é essencial para a saúde do homem, por ser constituinte da glândula tiroide.
Por este motivo, a ausência de iodo na alimentação, produz o papo ou bócio; daí o valor de alimentos
iodados, tais como, o peixe. Entre as populações ribeirinhas, que por força das circunstâncias se
alimentam de peixe, o papo é desconhecido. Porém, há regiões interiores, onde o papo é uma doença
endêmica (de fácil ocorrência), devido a falta de iodo; por isso, o Governo obriga a adição de iodeto de
sódio – NaI à água potável e ao sal de cozinha.

<> ÁCIDO IODÍDRICO – HI

Obtenção

- Em laboratório: NaI + H3PO4  HI + NaH2PO4

- Na indústria:

. I2 + H2SO3 + H2O  2 HI + H2SO4

. I2 + H2S  2 HI + S

Propriedades

- Ácido forte ( %α = 95%) , por isso ataca com facilidade, metais, óxidos metálicos, bases e sais de
ácidos fracos, produzindo iodetos metálicos.

- É usado na obtenção do iodeto de prata – AgI , substância fotossensível, nos filmes, juntamente com
o brometo de prata – AgBr. Porém, o iodeto de prata, sendo menos estável (o iodo é menos reativo
que o bromo) , se decompõe mais facilmente, diante da luz, que o brometo de prata (daí a maior ou
menor sensibilidade dos filmes à luz).

97
PARTE C
OUTROS NÃO METAIS

# O ENXOFRE
O enxofre é um elemento químico que foi classificado como tal pelo químico Antoine Lavoisier
em 1777. É representado pela sigla S por causa do nome em latim dado a ele: Sulfur.
O elemento enxofre está posicionado na Tabela Periódica no terceiro período (coluna horizontal) do
grupo 16 (conhecido como família VIA ou família dos calcogênios).

Características Atômicas

De forma geral, os átomos do elemento químico enxofre apresentam:

 Número atômico: 16

 16 prótons
 16 elétrons
 3 níveis de energia (K, L, M)
 Subnível mais energético 3p4
 Subnível mais externo 3p4

Vejamos a distribuição eletrônica do enxofre, na qual é possível conferir a quantidade de níveis de


energia, o subnível mais externo e o subnível mais energético.

Isótopos

Isótopos são átomos que apresentam o mesmo número de prótons, mas diferem no número de
nêutrons e no número de massa. Na natureza, existem cerca de 18 isótopos do enxofre, mas apenas
quatro deles são estáveis (todos os outros são instáveis, ou seja, radioativos). Veja os quatro isótopos
estáveis do enxofre:
 Enxofre-32 (cuja sigla é 16S32): é o isótopo do enxofre que apresenta número de massa igual a 32 e
número de nêutrons igual a 16;
 Enxofre-33 (16S33): é o isótopo do enxofre que apresenta número de massa igual a 33 e número de
nêutrons igual a 17;
 Enxofre-34 (16S34): é o isótopo do enxofre que apresenta número de massa igual a 34 e número de
nêutrons igual a 18;

98
 Enxofre-34 (16S36): é o isótopo do enxofre que apresenta número de massa igual a 36 e número de
nêutrons igual a 20.

Formas alotrópicas

 Assim como os elementos químicos carbono, oxigênio e fósforo, o enxofre apresenta a propriedade
de formar diferentes substâncias simples, os chamados alótropos(substâncias cujas moléculas são
formadas por átomos de um mesmo elemento químico). Veja dois alótropos do enxofre:

a) Enxofre rômbico (fórmula S8)

Forma mais comum do enxofre e o alótropo mais estável dele. É encontrado na forma de
cristais amarelos e transparentes.

Imagem de uma pedra de enxofre rômbico

 Seu ponto de fusão é 2,07oC;


 Seu ponto de ebulição é 444,6oC;
 Sua densidade é 2,07g/mL;
 É um material de baixa dureza.

b) Enxofre monoclínico (fórmula S8)

É uma forma menos estável do enxofre e é encontrado no formato de agulhas finas amarelas e
opacas.

99
Imagem de uma pedra de enxofre monoclínico

 Seu ponto de fusão é 119oC;


 Seu ponto de ebulição é 444,6oC;
 Sua densidade é 1,96 g/mL;
 É um material de baixa dureza.

Formas de obtenção

A forma de obtenção do enxofre está relacionada com a sua ocorrência na natureza. Ele pode
ser encontrado na forma livre ou associado a outros elementos.

a) Enxofre livre

Na forma livre, o enxofre pode ser encontrado em depósitos sedimentares e em regiões


vulcânicas.

Enxofre sendo extraído de região vulcânica

100
b) Enxofre associado

Quando associado a outros elementos químicos, formando sulfatos, sulfitos ou sulfetos, o enxofre
pode ser obtido a partir do petróleo, gás natural e carvão. Porém, o elemento enxofre é mais
comumente encontrado em minerais, como:

 Pirita (dissulfeto de ferro)


 Cinábrio (sulfeto de mercúrio)
 Esfalerita (sulfeto de zinco)
 Galena (sulfeto de chumbo)

O Ciclo do Enxofre

O Ciclo do enxofre é o processo pelo qual o enxofre é transformado pelos seres vivos, como
animais e plantas, e outros processos químicos. Em muitos aspectos, o ciclo do enxofre assemelha-se
ao ciclo do nitrogênio, exceto quanto à inserção desse elemento proveniente da litosfera através da
atividade vulcânica e à ausência do processo biológico de fixação do enxofre da atmosfera à terra ou à
água.

Propriedades Químicas
Por ter eletronegatividade moderada, o enxofre reage bem com os metais e não metais:

. 2 Na + S  Na2S - sulfeto de sódio


. Fe + S  FeS – sulfeto de ferro II
. 2 Ag + S  Ag2S – sulfeto de prata
. Cu + S  CuS – sulfeto de cobre II
. S + O2  SO2 – dióxido de enxofre
. C + 2S  CS2 – bissulfeto de carbono

101
Utilizações

 Fabricação de ácido sulfúrico;


 Fabricação de pólvora;
 Fabricação de adubos;

 Fabricação de defensivos agrícolas;

 Vulcanização da borracha;
 Produção de fertilizantes;

 Está presente na composição de todos os sulfatos, sulfitos e sulfetos;

 Na forma de sulfato, pode ser utilizado como medicamento laxante, bactericida, fungicida,
produção de suplementos para plantas, produção de alguns ácidos inorgânicos etc.;
 Na forma de sulfito, participa da produção de conservantes e como branqueador de papéis.

<> GÁS SULFÍDRICO – H2S

Sulfeto de hidrogênio, em nomenclatura antiga sulfureto de hidrogênio, citado algumas vezes


como gás sulfídrico ou sulfidreto, é um gás, com odor de ovos podres e carne em decomposição
(cadáver), em solução aquosa chamado de ácido sulfídrico. É solúvel em água e etanol e pode ser
preparado pela ação de ácidos minerais em sulfetos metálicos, geralmente em laboratórios pela
reação de ácido clorídrico com sulfeto de ferro II. Seu ponto de ebulição ocorre a 212,86 K.
O sulfeto de hidrogênio é um composto corrosivo, venenoso e gasoso no seu estado
natural que consiste em dois átomos de hidrogênio e um de enxofre. Encontrado no gás sintético
do carvão, no gás natural e nos tipos de petróleo que contêm enxofre; caracteriza-se pelo odor
de ovos podres.
O ácido sulfídrico, um outro nome usual para o composto, embora não quimicamente correto,
pois nome "ácido sulfídrico", só é dado quanto o sulfeto de hidrogênio está diluído em água. O
H2S dissolvido em água comporta-se como um ácido inorgânico fraco, formado pela ionização do H2S
em água. Com bases fortes, forma sais, os sulfetos. Numa solução ácida o ácido sulfídrico é um agente
redutor moderado. Este ácido tem um papel importante em análises qualitativas tradicionais, onde se
precipita metais com sulfetos insolúveis.
H2S 2 H+ + S2-
É um gás muito encontrado na indústria petroquímica e de refino de petróleo, onde determina-
se que todas as atividades devem ser paralisadas quando existir uma concentração maior que 8 ppm
(partes por milhão) na atmosfera local.

O ácido sulfídrico, como é popularmente tratado e que é sua solução aquosa, ocorre
naturalmente no petróleo cru, gás natural, gases vulcânicos, e mananciais de águas termais (próximas
a vulcões). Também pode ocorrer como resultado da degradação bacteriana de matéria orgânica em
condições anaeróbicas. Gera-se a partir de alguns aminoácidos ou pela redução de sulfatos presentes
em micro-organismos sulfatorredutores. É produto de dejetos animais e humanos. As bactérias que se
encontram na boca e no trato gastrointestinal produzem ácido sulfídrico, ao degradar materiais que
contêm proteínas vegetais e animais.

102
O ácido sulfídrico pode ser produzido por atividades industriais, tais como processamento alimentício,
coquerias, fábricas de papel, curtumes e refinarias de petróleo. O ácido sulfídrico (H2S) é um
gás inflamável, incolor, com odor característico de ovos podres (desagradável).

Propriedades

O odor do sulfeto de hidrogênio pode ser percebido pelos humanos (limiar do odor) em
quantidades tão pequenas quanto 8,1 ppb (11 μg/m3). É citada percepção em concentrações tão
baixas quanto 0,00047 partes por milhão (470 partes por trilhão).
O sulfeto de hidrogênio é levemente mais pesado que o ar; uma mistura de H2S e ar é
explosiva. Sulfeto de hidrogênio e oxigênio queimam com uma chama azul para formar dióxido de
enxofre e água.
Queima ao ar, quando nas condições adequadas, produzindo, igualmente, dióxido de enxofre e
água:
2 H2S + 3 O2  2 H2O + 2 SO2

Quando a quantidade de oxigênio não é a suficiente para a completa reação acima, forma-se
enxofre livre, conjuntamente com água:
2 H2S + O2  2 S + 2 H2O

Em alta temperatura ou na presença de Catalisadores, o dióxido de enxofre formado pode ser


conduzido a reagir com sulfeto de hidrogênio para formar enxofre elementar e água. Isto é explorado
no processo Claus, a principal meio para converter sulfeto de hidrogênio em enxofre elementar.
Em geral, o sulfeto de hidrogênio atua como um agente redutor, apresentando um forte
comportamento quando assim atua, do que pode-se apresentar vários exemplos:

 Reduz os halogênios, liberando enxofre e formando o ácido halogenídrico:

- I2 + H2S  2 HI + S
- Br2 + H2S  2 HBr + S

 Reduz o ácido nítrico a monóxido de nitrogênio: H2S + HNO3  2 H2O + SO2 + 2 NO

Se sulfureto de hidrogênio gasoso é colocado em contato com o ácido nítrico concentrado, ele
explode.
Sulfureto de hidrogênio é levemente solúvel em água e atua como um ácido fraco, dando o íon
sulfídrico HS− (pKa = 6,9 em soluções de 0,01-0,1 mol/litro a 18 °C) e o íon sulfeto S2− (pKa = 11,96). Uma
solução de sulfeto de hidrogênio em água, conhecida como ácido sulfídrico, ou ainda citada como ácido
hidrosulfúrico, ou ainda, em certos livros de química analítica, como "água de sulfidreto", a qual é
inicialmente clara, mas após certo tempo torna-se turva. Isto é devido à lenta reação de sulfeto de
hidrogênio com o oxigênio dissolvido na água, produzindo enxofre elementar, o qual precipita-se.

103
Reage com diversos sais de metais pesados (zinco, cobre, estanho, ferro, cobalto, níquel, etc)
formando os sulfetos insolúveis, quando em solução diluída:
SnCl2 + H2S  SnS + 2 HCl
ZnSO4 + H2S ZnS + H2SO4

Os sulfetos podem ser considerados os sais do sulfeto de hidrogênio Alguns minérios são
sulfetos. Sulfuretos metálicos frequentemente tem uma cor negra. O papel de acetato de chumbo (II) é
usado para detectar sulfureto de hidrogênio porque torna-se cinza na presença do gás à medida
que sulfeto de chumbo (II) é produzido.
A reação de sulfuretos metálicos com ácidos fortes libera sulfureto de hidrogênio.
Sulfeto de hidrogênio reage com álcoois formando tióis.
Em 2015, medições demonstraram que o sulfureto de hidrogênio é supercondutor a cerca de
200 graus Kelvin, cerca de 40 K mais elevados do que qualquer outro material conhecido até então.

Ocorrência

Pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio ocorrem em petróleo cru, mas o gás


natural pode conter até 90% deste composto. Vulcões e algumas fontes quentes (assim como fontes
frias) emitem algum H2S, onde ele provavelmente surge via a hidrólise de sulfetos minerais (SM):
SM + H2O → MO + H2S
Aproximadamente 10% das emissões globais de H2S devem-se à atividade humana. De longe, a
maior rota industrial para o H2S ocorre em refinarias de petróleo: O processo de hidrodessulfurização
libera enxofre do petróleo pela ação de hidrogênio. O H2S resultante é convertido em enxofre
elementar por combustão parcial via um processo denominado Processo Claus, o qual é a principal
fonte de enxofre elementar. Outras fontes antropogênicas de sulfeto de hidrogênio incluem fornos
de coque, fábricas de papel (usando o método do sulfato), e curtumes. H2S surge de virtualmente
qualquer enxofre elementar que entre em contato com material orgânico, especialmente a altas
temperaturas.
Sulfeto de hidrogênio pode estar presente naturalmente em água de alguma qualidade. Em tais
casos, ozônio é frequentemente usado para sua remoção; um método alternativo usa um filtro
com dióxido de manganês. Ambos os métodos oxidam sulfetos aos menos tóxicos sulfatos

Produção

Sulfureto de hidrogênio é mais comumente obtido por sua separação do "gás azedo", o qual é
gás natural com alto conteúdo de H2S. Também pode ser produzido por reagir-se gás hidrogênio com o
elemento enxofre fundido a aproximadamente 450 °C. Hidrocarbonetos podem substituir hidrogênio
neste processo.
Bactérias redutoras de sulfato geram energia usável sob condições de baixo oxigênio usando
sulfatos (possuidores do elemento enxofre) para oxidar compostos orgânicos ou hidrogênio; isto
produz sulfeto de hidrogênio como produto residual.

104
A preparação padrão em laboratório é lentamente aquecer sulfeto ferroso(FeS) com um ácido
forte num aparelho de Kipp.
FeS + 2 HCl → FeCl2 + H2S

Uma alternativa menos conhecida e mais conveniente é reagir sulfeto de alumínio com água:
6 H2O + Al2S3 → 3 H2S + 2 Al(OH)3
Este gás é também produzido pelo aquecimento de enxofre com compostos orgânico sólidos e por
reduzir compostos orgânicos sulfurados com hidrogênio.
O sulfeto de hidrogênio também é um subproduto de algumas reações e cuidado deve ser tomado
quando a produção é provável, pois, a exposição pode ser fatal.

Usos e aplicações

- Produção de compostos tioorgânicos


Diversos compostos organossulfurados são produzidos usando-se sulfeto de hidrogênio. Estes
incluem metanotiol, etanotiol e ácido tioglicólico.

- Sulfetos de metais alcalinos


Após combinar com bases de metais alcalinos, sulfeto de hidrogênio converte-se a hidrosulfitos
alcalino tais como hidrossulfeto de sódio e sulfeto de sódio, os quais são usados na degradação
de biopolímeros. Tanto a depilaçãode couros e deslignificação da polpa pelo processo Kraft são
efetuados por sulfetos alcalinos.

- Química analítica
Sulfeto de hidrogênio foi usado tendo importância em química analítica por bem mais de um
século na análise qualitativa inorgânica de íons metálicos. Nessas análises, íons de metais
pesados (e não metais (e.g., Pb(II), Cu(II), Hg(II), As(III)) são precipitados da solução por exposição ao
H2S. Os componentes do precipitado resultante redissolvem-se com alguma seletividade.
105
Para uso laboratorial em pequena escala em química analítica, o uso de tioacetamida tem superado o
H2S como uma fonte de íons sulfeto.

- Precursor para sulfetos metálicos


Como indicado acima, muitos íons metálicos reagem com sulfeto de hidrogênio dando os
correspondentes sulfetos metálicos. Esta conversão é amplamente explorada. Por exemplo, gases ou
águas contaminados por sulfeto de hidrogênio pode ser limpos com sulfetos metálicos. Na purificação
de minérios metálicos por flotação, pós minerais são frequentemente tratadas com sulfeto de
hidrogênio para melhorar a separação. Partes metálicas são algumas vezes passivadas com sulfeto de
hidrogênio. Catalisadores usados em hidrodessulfurização são rotineiramente com sulfeto de
hidrogênio, e o comportamento de catalisadores metálicos usados em outras partes de uma refinaria é
também modificado com sulfeto de hidrogênio.

- Outras aplicações
Sulfeto de hidrogênio é usado para separar óxido de deutério, ou água pesada da água normal
via o processo do sulfeto de Girdler.

. Remoção de gases combustíveis

Sulfeto de hidrogênio é comumente encontrado em gás natural, biogás e LPG. Ele pode ser
removido por uma variedade de processos.

. Reação com óxido de ferro


Gás é bombeado através de um recipiente de óxido de ferro (III) hidratado, o qual combina-se
com sulfeto de hidrogênio.
Fe2O3(s) + H2O(l) + 3 H2S(g) → Fe2S3(s) + 4 H2O(l)
De modo a regenerar óxido de ferro (III), o recipiente deve ser colocado fora de serviço,
preenchido com água e aerado.
2 Fe2S3(s) + 3 O2(g) + 2 H2O(l) → 2 Fe2O3(s) + 2H2O(l) + 6 S(s)
No final da reação de regeneração a água do recipiente é drenada e pode ser retornada ao
serviço.
A vantagem deste sistema é que ele é totalmente passivo durante a fase de extração.

. Hidrodessulfurização é um método mais complexo de remoção de enxofre de combustíveis .


Exemplo:
Etanotiol + Hidrogênio → Etano + Sulfeto de hidrogênio

C2H5SH + H2 → C2H6 + H2S

106
Toxicidade

Sulfeto de hidrogênio é considerado um veneno de largo espectro, o que significa que pode
envenenar diferentes sistemas no corpo, embora o sistema nervoso seja principalmente afetado.
A toxicidade do H2S é comparável com aquela do cianeto de hidrogênio. Ele forma uma ligação
complexa com o ferro nas enzimas citocrômicas mitocondriais, impedindo assim a respiração celular.
Dado que o sulfeto de hidrogênio ocorre naturalmente no organismo, no ambiente e no
intestino, as enzimas existentes no organismo são capaz de desintoxicá-lo por oxidação a sulfato
(inofensivo). Assim, baixos níveis de sulfeto de hidrogênio podem ser tolerados indefinidamente.
Em algum nível limítrofe, que se acredita na média em torno de 300–350 ppm, as enzimas
oxidativas tornam-se sobrecarregadas. Muitos detectores de segurança pessoal de gás, tais como
aqueles usados por trabalhadores da indústria petroquímica e em esgotos, são configurados para
emitir sinais em níveis tão baixos quanto 5 a 10 ppm e para entrar em alarme em 15 ppm.
Uma pista interessante de diagnóstico de intoxicação extrema por H 2S é a descoloração de
moedas de cobre nos bolsos da vítima. O tratamento envolve inalação imediata de nitrito de amila,
injeções de nitrito de sódio, inalação de oxigênio puro, administração de broncodilatadores para
superar eventuais broncoespasmo, e em alguns casos terapia de oxigênio hiperbárico (TOH). A terapia
TOH tem apoio anedotal e permanece controversa.
Exposição a baixas concentrações podem resultar em irritação do olho, dor de garganta e tosse,
náuseas, falta de ar e líquido nos pulmões. Estes efeitos são atribuídos como devidos ao fato de que
sulfeto de hidrogênio se combina com as substâncias alcalinas presentes em tecidos da superfície
úmida para formar sulfeto de sódio, um cáustica. Estes sintomas geralmente desaparecem em algumas
semanas.
A longo prazo, baixo nível de exposição pode resultar em fadiga, perda de apetite, cefaleias,
irritabilidade, perda de memória e vertigens. Exposição crônica abaixo nível de H2S (aproximadamente
2 ppm) tem sido associada com aumento de problemas de saúde reprodutiva e aborto entre os
trabalhadores russos e finlandeses de polpa de madeira, [23] mas os relatórios não tem sido replicado
(até em torno de 1995).

 0,00047 ppm é o limiar de reconhecimento, a concentração na qual 50% dos seres humanos
podem detectar o odor característico de sulfeto de hidrogênio,[24] normalmente descrito como de
"ovos podres".
 Menos de 10 ppm tem um limite de exposição de 8 horas por dia.
 10–20 ppm é a concentração limite da irritação ocular.
 50–100 ppm leva a danos aos olhos.
 A 100–150 ppm o nervo olfatório é paralisado após umas poucas inalações, e o sentido
do olfato desaparece, frequentemente em conjunto com a consciência do perigo. [25][26]
 320–530 ppm conduz a edema pulmonar com a possibilidade de morte.
 530–1000 ppm causa forte estimulação do sistema nervoso central e respiração acelerada, levando
à perda de respiração.
 800 ppm é a concentração letal para 50% dos humanos por 5 minutos de exposição (LC50).
 Concentrações acima de 1000 ppm causam colapso imediato com perda de respiração, mesmo
após inalação de uma única respiração.

107
Sulfeto de hidrogênio foi usado pelos britânicos como um agente químico durante a Primeira
Guerra Mundial. Não foi considerado um gás de guerra ideal, mas, enquanto outros gases estiveram
em curto suprimento, ele foi usado em duas ocasiões em 1916. O gás, produzido pela mistura de
ingredientes de uso doméstico, foi usado em uma onda de suicídio em 2008, primariamente mas não
exclusivamente no Japão. Já em 2010, isto tem ocorrido em um determinado número de cidades dos
EUA ( e em Putney West London, Inglaterra), com avisos alertando para socorristas que podem ser
expostos ao responder a um suicídio.
Acredita-se que um despejo de resíduos tóxicos contendo sulfeto de hidrogênio tenha causado 17
mortes e milhares de intoxicações em Abidjan, na costa da África Ocidental, no incidente do Despejo
de lixo tóxico na Costa do Marfim de 2006.
Em 1975, uma explosão de sulfeto de hidrogênio em Denver City, localizada nos condados
de Yoakum e Gaines, Texas, conduziu a legislatura do estado a focar-se nos perigos mortais do gás. O
representante estadual E L Short de Tahoka no Condado Lynn, conduziu o endosso de uma
investigação pelo Texas Railroad Commission e pediu que os moradores fossem avisados "batendo nas
portas, se necessário" do perigo iminente decorrente do gás. Pode-se morrer da segunda inalação de
gás, e um aviso em si pode ser tarde demais.

Segurança

Sulfeto de hidrogênio é um gás altamente tóxico e inflamável (faixa de inflamabilidade: 4.3 % -


46 %). Sendo mais pesado que o ar, tende a acumular-se no fundo de espaços pobremente ventilados.
Embora de odor muito pungente ao início, rapidamente enfraquece o sentido do olfato, assim as
vítimas potenciais podem não estar cientes da sua presença, até que seja tarde demais. Para os
procedimentos de manuseio, uma ficha MSDS (do inglês Material Safety Data Sheet, Ficha de
Segurança de Material) de sulfeto de hidrogênio deve ser consultada.

<> ÁCIDO SULFÚRICO – H2SO4

O Ácido Sulfúrico é um composto químico inorgânico, cuja fórmula é H2SO4. É um líquido incolor,
viscoso e oxidante, pouco volátil, seu Ponto de Ebulição é 338°C e densidade 1,84g/cm 3. É
extremamente solúvel em água, porém, isto deve ser feito com muita cautela, sempre despejando o
ácido na água e não o contrário, pois se isto não for seguido, seus vapores são liberados
agressivamente, podendo causar queimaduras graves no corpo do operador ou de alguém próximo.
É um ácido corrosivo e tóxico, pode causar bastante irritação e queimaduras, além de ser nocivo caso
haja inalação, contato com a pele ou ingestão.
Pode-se dizer que o consumo per capita do ácido sulfúrico mede o desenvolvimento industrial de um
país, pois este produto químico tem uma enorme importância na indústria de base, sendo o composto
mais utilizado; ficando atrás apenas da água.

108
Produção

Sua produção se dá por meio de um processo denominado catalítico ou de contato, onde o primeiro
passo é a queima do enxofre, onde há a liberação de dióxido de enxofre (SO 2). Posteriormente, este
gás é oxidado, formando o trióxido de enxofre (SO3), que, por fim, sofre uma reação com a água,
formando então uma solução aquosa de ácido sulfúrico, conforme mostrado pelas etapas de
tratamento abaixo: (resumo)

. 1ª Etapa:

S(S) + O2 → SO2 (g)

. 2ª etapa:

2 SO2 (g) + O2 → 2 SO3

. 3ª Etapa:

SO3(g) + H2O (l)→ H2SO4(l)

Alguns dos seus principais usos são:

• As baterias de chumbo-ácido presente em automóveis contêm ácido sulfúrico como eletrólito;


• Na fabricação de explosivos;
• No refino do petróleo, removendo impurezas da gasolina e de outros óleos;
• Na produção de outros ácidos, como o ácido fosfórico (H3PO4) e o ácido Nítrico (HNO3);
• Na indústria de fertilizantes.

O ácido sulfúrico é o mais versátil de todos os ácidos, e o mais importante, por ser barato, estável e,
também, pelo fato de apresentar 04 importantes propriedades:
- forte
- termoestável
- oxidante
- desidratante

. Como ácido forte, o ácido sulfúrico diluído reage com metais ativos, óxidos metálicos, bases , sais de
ácidos fracos, produzindo sulfatos metálicos:
. Zn + H2SO4 (dil) ZnSO4 + H2O
. MgO + H2SO4 (dil)  MgSO4 + H2O
. 2 NaOH + H2SO4 (dil)  Na2SO4 + 2 H2O
. 2 KCN + H2SO4 (dil)  K2SO4 + 2 HCN

109
. Como ácido pouco volátil (fixo) , o H2SO4 ataca os sais de ácidos fortes voláteis:

- 2 NaCl + H2SO4 (aq)  Na2SO4 + 2 HCl


- 2 NaNO3 + H2SO4  Na2SO4 + 2 HNO3

Neste caso, a obtenção de sulfatos normais só é possível em temperatura superior a 8000C, dada a
menor força do segundo átomo de hidrogênio ionizável ( α1 = 80% , α2 = 40% ).
Se resultar sulfato insolúvels, areação verifica-se a frio.

. Como oxidante, o ácido sulfúrico concentrado ataca metais nobres: Cu, Hg e Ag e os não metais C, S e
P, por serem os menos eletronegativos:

- 2 Ag + H2SO4(conc)  Ag2SO4 + 2 H2O + SO2

- C + H2SO4(conc)  2 SO2 + 2 H2O + CO2

.Observações:
- Na reação entre zinco e ácido sulfúrico concentrado há redução do enxofre a gás sulfídrico:
4 Zn + 5 H2SO4(conc)  4 ZnSO4 + 4 H2O + H2S

- Com o ferro, o ácido sulfúrico concentrado não reage devido à formação de uma película passivadora
de óxido de ferro III que impede a continuação do ataque do H2SO4 sobre o ferro não atacado; é por
este motivo que o ácido sulfúrico fumegante é transportado em recipiente de ferro.

. Como agente desidratante, o ácido sulfúrico reage vivamente com a água, resultando ácido sulfúrico
diidratado:
H2SO4 + 2 H2O  H2SO4 . 2H2O + calor

Em Química Orgânica, é muito utilizado para se fazer a desidratação de álcoois, resultando éteres:

Álcool + H2SO4(conc)  éter + água


. Na indústria de fertilizantes:
- Obtenção do superfosfato,
Ca3(PO4)2 + 2 H2SO4  2 CaSO4 + Ca(H2PO4)2

essa mistura é chamada de superfosfato

- 2 NH3 + H2SO4  (NH4)2SO4 sulfato de amônio

110
. Nas refinarias de petróleo, o ácido sulfúrico é consumido na purificação da gasolina, benzina,
querosene, óleos lubrificantes, óleos combustíveis, óleo diesel, etc. Esta purificação visa eliminar:

-substâncias ácidas que corroem o motor;


Substâncias que podem permanecer nos motores (como resíduos) , após a combustão.

. Utilizado nos processos de decapagem, que é a limpeza química dos metais (ataque a óxidos
superficiais) antes da solda ou da cormação, prateação, niquelação, etc.

. Utilizado nos acumuladores de chumbo (baterias para carros) como eletrólito.

. Obtenção a sulfatos metálicos: (genericamente) Mex(SO4)y (Me = metal).


- CaSO4.2H2O – sulfato de cálcio diidratado - gesso.
- Na2SO4 – sulfato de sódio - fabricação de vidro, papel, detergente, etc.
- MgSO4 – sulfato de magnésio – laxativo.
- FeSO4 – sulfato ferroso – formulação de tintas verdes.
- CuSO4 – sulfato cúprico – formulação de tintas azuis.
- ZnSO4 – sulfato de zinco – formulação de tintas brancas.
- KAl(SO4)2 . 12 H2O – sulfato duplo de potássio e alumínio dodecaidratado (alúmen), é utilizado como
mordente, isto é, substância que auxilia a fixação de corantes nos tecidos e nos couros. É também
utilizado para estancar ou coagular o sangue de pequenos cortes, sendo chamado de pedra hume.

111
Ácidos do Enxofre:
- H2SO3 – ácido sulfuroso
- H2SO4 – ácido sulfúrico
- H2SO5 – ácido peróximonossulfúrico
- H2S2O3 – ácido tiossulfúrico ou hipossulfúrico
- H2S2O7 – ácido pirossulfúrico
- H2S2O8 – ácido peróxidissulfúrico
- H2SnO6 – ácidos tiônicos ( n= 2,3,4,5,6 ) / H2S4O6 – ácido tetratiônico
- H2S – ácido sulfídrico

<> Dióxido de enxofre ou gás sulfuroso ou anidrido sulfuroso – SO2

Preparação

. No laboratório : Na2SO3 + 2 HCl  2 NaCl + H2O + SO2

. Na indústria: ustulação da pirita – 4 FeS2 + 11 O2  2 Fe2O3 + 8 SO2

Propriedades e aplicações

. Reação com água com produção do ácido sulfuroso: SO2 + H2O  < H2SO3 >

. Reação com soluções alcalinas: resultam sais do ácido sulfuroso; borbulhando-se excesso de anidrido
sulfuroso, resulta hidrogeno-sulfito (bissulfito), e, no caso contrário, resulta sulfito normal.

Ca(OH)2 + SO2  Ca(HSO3)2 ou Ca(OH)2 + SO2 CaSO3 + H2O

O hidrogenossulfito de cálcio é consumido em larga escala, na indústria do papel. A sua função é


dissolver a lignina, substância que unidas as fibras de celulose; dissolvida a lignina, a madeira
transforma-se em polpa-de-madeia (celulose).

Observação: a reação acima pode ser feita em duas etapas, admitindo-se a formação intermediária do
ácido sulfuroso – H2SO3.

. Como gás tóxico – é utilizado na eliminação de organismos inferiores; bactérias, formigas, ratos, etc.
Daí o seu emprego na fumigação (desinfecção por meio de gás) de armazéns, formigueiros, frutas
cortadas (que serão enlatadas ou secadas), barris de vinho, tanques de fermentação, etc.
112
. Como alvejante: de farinha, açúcar, lã, papel, etc. (as partículas coloridas são atacadas pelo SO 2 ,
resultando substâncias solúveis em água e incolores).

. Como gás refrigerante: o ponto de liquefação do gás sulfuroso é - 100C, e seu calor de vaporização é
de 90 cal/g (cada grama que vaporiza absorve 90 calorias do meio ambiente). A facilidade de
liquefação do gás sulfuroso, aliada ao seu alto calor de vaporização, determinam seu emprego como
gás refrigerantes de máquinas frigoríficas; durante sua vaporização, ele pode baixar a temperatura do
meio ambiente até - 500C. O SO2 foi substituído pelo gás freon – CCl2F2 por ser este mais eficiente.
Contudo, ele pode comprometer a integridade da chamada “camada de ozônio”.

# O NITROGÊNIO – N2

Ocorrência

. Atmosfera :livre na atmosfera - 78% em volume de N2(g).


. Litosfera: combinado na forma de nitratos – NaNO3 , KNO3 .
. Biosfera: proteínas.

O Ciclo do Nitrogênio

O ciclo do nitrogênio é um ciclo biogeoquímico que garante que esse elemento circule pelos seres
vivos e pelo ambiente.

113
Etapas do Ciclo do Nitrogênio

Fixação: Consiste na transformação do nitrogênio gasoso em substâncias aproveitáveis pelos seres


vivos (amônia e nitrato). Os organismos responsáveis pela fixação são bactérias, retiram o nitrogênio
do ar fazendo com que este reaja com o hidrogênio para formar amônia.

• Amonificação: Parte da amônia presente no solo, é originada pelo processo de fixação. A outra é
proveniente do processo de decomposição das proteínas e outros resíduos nitrogenados, contidos na
matéria orgânica morta e nas excretas. Decomposição ou amonificação é realizada por bactérias e
fungos.

• Nitrificação: É o nome dado ao processo de conversão da amônia em nitratos.

• Desnitrificação: As bactérias desnitrificantes (como, por exemplo, a Pseudomonas denitrificans), são


capazes de converter os nitratos em nitrogênios molecular, que volta a atmosfera fechando o ciclo.

Preparação

. Em laboratório: NH4NO2  2 H2O + N2


 N2
. Na indústria: destilação do ar liquefeito - ar liquefeito 
(ar = N2 + O2)
O2
Propriedades e aplicações

. Gás inerte: Depois dos gases nobres, o nitrogênio é o elemento mais inerte. A grande estabilidade de
sua molécula é explicada através de sua formação bastante exotérmica:
2 [N]  N2 + 170.000 cal/mol
Como consequência desta grande estabilidade, as reações do gás nitrogênio são realizadas sob
condições enérgicas.

Exemplos:

. Com metais : 3 Mg + N2  Mg3N2

. Com gás hidrogênio – H2 para a produção de gás amônia – NH3(g) (Processo Haber-Bosch)
1 N2 + 3 H2  2 NH3

114
. Com o gás oxigênio – O2 para a produção de NO(g)
N2 + O2  2 NO
Na atmosfera os relâmpagos provocam esta reação e o NO formado transforma-se em nitratos
metálicos que adubam a terra.

. Como refrigerante:

O azoto líquido, popularmente conhecido como nitrogênio líquido, é uma substância líquida
produzida de maneira industrial, por meio de um método de destilação fracionada. Sua principal
característica é a capacidade de manter a temperatura muito abaixo do ponto de congelamento da
água, tornando-o útil em diversas aplicações. São elas:

– criogenia ou criopreservação de sangue, células reprodutivas e demais amostras e materiais


biológicos;
– preservação de humanos e animais para possível reanimação futura;
– fonte bastante seca de nitrogênio gasoso;
– possibilita, por meio do processo de imersão, o congelamento e transporte de produtos alimentícios;
– bastante útil na crioterapia, para a remoção de lesões da pele;
– refrigeração de um supercondutor de altas-temperaturas, possibilitando uma temperatura suficiente
à supercondutividade;
– para o overclocking de unidades de processamento gráfico, servindo como um refrigerante
suplementar.

. Como gás inerte: sendo inerte o gás N2 substitui o gás oxigênio em muitas ambientes, devido a este
ser muito oxidante.

- nos termômetros de Hg , lâmpadas elétricas;


- nas reações metalúrgicas, a fim de evitar a presença do oxigênio.
Observação: o gás N2 está sendo substituído em muitas ocasiões pelos gases nobres: He e Ar.

<> Gás amônia ou gás amoníaco – NH3

A amônia ou amoníaco (NH3) é uma molécula formada por um átomo de nitrogênio ligado à três
de hidrogênio. É obtida por um processo famoso chamado Haber-Bosch que consiste em reagir
nitrogênio e hidrogênio em quantidades estequiométricas em elevada temperatura e pressão. É a
maneira de obtenção de amônia mais utilizada hoje em dia. Esse processo leva o nome de seus
desenvolvedores Fritz Haber e Carl Bosch.

1 N2 + 3 H2  2 NH3

115
À temperatura ambiente e pressão atmosférica, a amônia é um gás incolor, tóxico e corrosivo na
presença de umidade. O que o torna altamente perigoso em caso de inalação. É também inflamável,
de um odor muito irritante (em concentrações não muito elevadas, tem semelhança ao odor de urina)
e solúvel em água. Transporta-se esse gás na sua forma liquefeita dentro de cilindros de aço sob muita
pressão.

Utilizada em compostos de agente refrigerante, na preparação de fertilizantes como nitrato de


amônia, superfosfatos e nitrogenantes que são soluções de amônia e nitrato de amônia, sais de
amônia e uréia. Na indústria petroquímica a amônia é utilizada como base para neutralizar ácidos
provenientes do óleo cru a fim de proteger da corrosão os equipamentos pelos quais esse óleo vai
passar. Largamente utilizada para a extração de metais como cobre, níquel e molibdênio de seus
respectivos minérios.

Como já foi dito, a amônia pode ser um gás muito tóxico se inalado e/ou ingerido. Causando grande
irritação nas vias respiratórias, boca, garganta e estômago. Sua inalação pode causar dificuldades
respiratórias, inflamação aguda do sistema respiratório. Mas contanto que sempre sejam usadas
máscaras apropriadas para gases e sempre se esteja atento para qualquer vazamento, a amônia pode
ser usada tranquilamente.

<> O ÁCIDO NÍTRICO – HNO3

O HNO3
O ácido nítrico é um composto químico representado pela fórmula HNO3, líquido viscoso,
inodoro e incolor, muito volátil, forte oxidante, corrosivo, miscível em água. É o segundo ácido mais
fabricado e mais consumido na indústria, perdendo apenas para o ácido sulfúrico.Trata-se de um ácido
incompatível com a maioria dos compostos orgânicos. Quimicamente, o ácido nítrico reage de três
maneiras: como ácido forte, como agente oxidante, como agente de nitração.
Como ácido forte, provoca reação com produtos alcalinos e óxidos, formando sais
denominados nitratos; oxida produtos orgânicos como a anilina e o álcool furfurílico, sendo usado em
combustíveis para foguetes; já as reações de nitração envolvem a nitração comum (com
hidrocarbonetos) e a esterificação (com álcoois), o que possibilita a síntese de explosivos orgânicos.

Preparação

A produção industrial de ácido nítrico se dá pelo processo de Ostwald, em que se utiliza


amoníaco aquecido com um catalisador (platina) para a formação do óxido nítrico, que, por sua vez,
sofre oxidação, formando dióxido de nitrogênio e depois reagem com água, dando origem, finalmente,
a esse ácido.
Antes da descoberta do Ostwald, o ácido nítrico era obtido através de um processo
denominado arco voltaico, onde o próprio ar era submetido a uma corrente elétrica e reagia a 3000
graus, formando o óxido nítrico (NO). Ou, também, poderia ser produzido através da reação de nitrato
de sódio com ácido sulfúrico. A produção de ácido nítrico é extremamente poluidora, pois libera gases
que contribuem para o desencadeamento da chuva ácida e agravamento do efeito estufa.

116
Usos e aplicações

O ácido nítrico é muito utilizado pela indústria química, principalmente em processos de


nitrificação de composto orgânicos, na fabricação de explosivos, fertilizantes agrícolas, vernizes,
celuloses, salitre (nitrato de potássio), pólvora negra, trinitrolueno (TNT), nitroglicerina (dinamite),
seda artificial, ácido benzoico, fibras sintéticas, galvanoplastia, ácido pícrico, nylon, entre outros.
Na indústria metalúrgica, o ácido nítrico é utilizado para a refinação de metais preciosos, como o ouro
e a prata. Na indústria de impressão é usado como agente de gravação em fotogravura e litografia. É
utilizado pelos fotógrafos que utilizam filmes de nitrocelulose e pela indústria farmacêutica, na
composição e na destruição de medicamentos.

 O ácido nítrico concentrado, normalmente usado em laboratórios e aplicações industriais, é a


solução aquosa de ponto de ebulição constante, contendo 68% de ácido nítrico (42,25º Baumé).
Ácido nítrico, especialmente concentrado (solução aquosa em teor de nítrico maior que 70% mássico)
é utilizado na indústria de explosivos, apenas de forma gasosa.

 O ácido nítrico fumegante é o ácido concentrado, 85,7% (47º Bé), contendo óxidos de
nitrogênio livres, dissolvidos, que elevem a concentração para até mais de 96% em peso. Este ácido
deriva seu nome porque fumega quando exposto ao ar.
Apesar de mais instável quimicamente que o ácido concentrado normal, reage mais vigorosamente
com outras substâncias, devido à presença dos óxidos nitrosos livres. Forma uma mistura azeotrópica
com a água a 68%. A principal aplicação do acido nítrico é na produção de fertilizantes.

 Entre os sais do ácido nítrico estão incluídos importantes compostos como o nitrato de potássio
(nitro ou salitre empregado na fabricação de pólvora) e o nitrato de amônio como fertilizante.
O ácido nítrico também pode ser utilizado na obtenção de um éster, em um processo chamado de
esterificação:
Ácido nítrico + Álcool metílico → Nitrato de metila + água
NO2 - OH + HO - CH3 → NO2- O - CH3 + H2O
O ácido nítrico é utilizado na oxidação do ciclohexanol/ciclohexanona na produção de ácido adípico na
cadeia do nylon.

 Além destes usos, o ácido nítrico, em várias concentrações, é utilizado para fabricação de
corantes, explosivos (destacadamente a nitroglicerina, a nitrocelulose, além do ácido pícrico), diversos
ésteres orgânicos, fibras sintéticas,nitrificação de composto alifáticos e aromáticos, galvanoplastia,
seda artificial, ácido benzóico, terylene, etc.

Características e propriedades

Propriedades físicas:

 O ácido nítrico puro é um líquido viscoso, incolor e inodoro. Frequentemente, distintas


impurezas o colorem de amarelo-acastanhado. A temperatura ambiente libera fumaças (fumos)
vermelhos ou amareladas. O ácido nítrico concentrado tinge apele humana de amarelo ao contato,
devido a uma reação com a cisteína presente na queratina da pele.

117
Propriedades químicas:

O ácido nítrico é considerado um ácido forte, sendo também bastante corrosivo.

 Sendo um ácido típico, o ácido nítrico reage com os metais alcalinos, óxidos básicos e
carbonatos, formando sais, como o nitrato de amônio. Devido à sua natureza oxidante, o ácido nítrico
geralmente não doa prótons (isto é, ele não libera hidrogênio) na reação com metais e o sal resultante
normalmente está no mais alto estado de oxidação.
Por essa razão, pode-se esperar forte corrosão, que deve ser evitada pelo uso apropriado de
metais ou ligas resistentes à corrosão.


Ácido nítrico tem uma constante de dissociação ácida (pKa) de -1.4: em solução aquosa, ele
ioniza quase completamente (93%, a 0,1 mol/L) em íons nitrato (NO 3-) e prótons hidratados,
conhecidos como íons hidrônios (H3O+).
HNO3 + H2O → H3O+ + NO3-

Quando ebulido em presença de luz, mesmo a temperatura ambiente, há uma decomposição


parcial com as formações de dióxido de nitrogênio seguindo a reação:

4 HNO3 → 2 H2O + 4 NO2 + O2 (72 °C).


Suas reações com compostos como os cianetos, carbetos, e pós metálicos podem ser
explosivas.

 Fortemente oxidante é incompatível com a maioria dos produtos orgânicos. As reações do


ácido nítrico com muitos compostos orgânicos, como a terebentina ou o álcool etílico, são violentas, a
mistura sendo hipergólica (quer dizer, auto-inflamável).
Os sais do ácido nítrico (que contém o íon nitrato) se chamam nitratos. A quase totalidade
deles são muito estáveis em água. O ácido nítrico e seus sais, os nitratos, não devem ser confundidos
com o ácido nitroso e seus sais, os nitritos.

Cuidados
 Pode causar efeitos nocivos à saúde, se inalado, pode conduzir à pneumonia e edema
pulmonar, se ingerido, pode ocasionar queimaduras na boca, garganta, esôfago e estômago, em
contato com a pele e olhos causa queimaduras severas. Em caso de acidentes com ácido nítrico é
fundamental buscar orientação médica.

118
# O FÓSFORO – P

Ocorrência

. Na litosfera, na forma de minérios: Ca3(PO4)2 - fosforita ; Ca5(PO4)3F ou CaF2.3Ca3(PO4)2 – apatita

. Na biosfera: é um dos elementos fundamentais nos organismos vivos, participando da formação das
proteínas.
Observação: durante a putrefação de um organismo animal, o fósforo é eliminado na forma de fosfina
– PH3 , juntamente com NH3 e H2S.
liberta

Organismo em putrefação (proteínas)  H2S (ácido), NH3 (básico), PH3 (básico)

gases de péssimo odor e irritantes

Preparação

Consiste no aquecimento, em forno elétrico (3.0000C), de uma mistura de fosforita, areia e coque:
Ca3(PO4)2 + 3 SiO2 + 5C  3 CaSiO3 + 2 P + 5 CO
O fósforo é destilado em atmosfera inerte de gás nitrogênio e rwcolhido em água, onde é guardado
(pois reage com o gás oxigênio do ar).

Variedades alotrópicas

São duas as variedade alotrópicas do fosfóro mais importantes:


. o fósforo branco
. o fósforo vermelho
Os quais diferem física, química e fisiológicamente.

=> O P Branco – P4

O fósforo branco é um sólido branco com aspecto de cera. É extremamente tóxico/venenoso,


usado como veneno para ratos. Os fumos da combustão de fósforo branco, quando respirados
prolongadamente, produzem a destruição dos ossos das mandíbulas e do nariz (necroses). Se tocado o
fósforo com os dedo, a temperatura do corpo ativa sua combsutão, acarretando queimaduras
dolorosas e de cura prolongada. Por esta razão, o fósforo de ser trabalhado imerso em água, uma vez
que sendo apolar, não dissolve no meio aquoso (polar).
119
Em reação de combustão, o fósforo branco queima com com luz intensa, produzindo anidrido
fosfórico:
2P + 5 O2  2 P2O5

Na obscuridade, o fósforo branco emite luz devido a uma lenta combustão pelo gás oxigênio do
ar (daí resultou o nome fosforecência).

Solubilidade
Por ser apolar, dissolve-se em solventes apolares tais como: benzeno, sulfeto de carbono,
terebentina, éter, etc. , sendo insolúvel em água por incompatibilidade de polaridade.

Constituição

As moléculas do fósforo branco são tetratômicas; daí a sua fórmula molecular se P 4. Os quatro
átomos de fósforo unem-se de tal modo que cada átomo pode ser imaginado no vértice de um
tetraedro regular:

molécula tetratômica de fósforo branco

Reatividade

Ao contrário do gás nitrogênio, o fósforo branco é muito reativo, sendo inflamável.

120
Propriedades e aplicações

. Reações com metais ativos: formação de fosfetos => 3 Ca + 2 P  Ca3P2

Estes fosfetos metálicos sãos emlehantes aos nitretos, sendo, porém, menos iônicos (pois o
fósforo é menos eletronegativo que o nitrogênio). Os fosfetos, tratado com água, hidrolisam-se,
produzondo fosfina (os nitretos produzem amônia).

Ca3P2 + 6 H2O  3 Ca(OH)2 + 2 PH3


A fosfina é muito menos estável que a amônia, pois fósforo e hidrogênio possuem mesma
eletronegatividade. Por esta razão, em contato com o gás oxigênio do ar, a fosfina inflama-se,
produzindo ácido fosfórico:
PH3 + 2 O2  H3PO4
As partículas de H3PO4 resultantes produzem fumaça circular. A fosfina que se desprende dos
cadáveres em putrefação, queima com chama azulada, recebendo o nome de fogo fátuo. O fogo fátuo
pode ser observado nos cemitérios à noite, principalmente depois da chuva (devido ao maior
desprendimento de fosfina).

. Com oxigênio, o fósforo reage espontâneamente, produzindo óxido fosforoso ou fosfórico:

- 4P + 3 O2  2 P2O3
- 4P + 5 O2  2 P2O5

Observação: as fórmula P2O3 e P2O5, fórmulas mínimas, pois as verdadeiras fórmulas são:
P4O6 e P4O10

. Como raticida.

. Na obtenção de caixas de fósforo:

No palito de fósforo, ocorre enxofre (combustível), clorato de potássio - KClO3 (combustível) e


cola (aglutinante).
No lado da caixa, ocorre fósforo vermelho, areia e cola.

121
S + KClO3

P( vermelho) + areia + cola

Atritando o palito na caixa, o fósforo vermelho transforma-se em fósforo branco, o qual, em


contato com o ar, inflama-se; o calor libertado inicia a queima do enxofre pelo clorato de potássio, o
qual se propaga à madeira (pinho):
3 S + 2 KClO3  2 KCl + 3 SO2 + calor

Observação: conclui-se que, no palito não há fósforo e nem composto fosforado. A razão do nome
fósforo é que, antigamente, o palito era constituído de fósforo branco e cola(por atrito, o fósforo
branco se inflama facilmente ), esta prática foi proibida devido a inúmeros casos de necroses, entre os
operários das fábricas.

=> O P Vermelho - Pn

O fósforo vermelho é um sólido pulverulento, incombustível, não fosforecente, não venenoso,


e, insolúvel nos solventes tanto polares como apolares.

Constituição

O fósforo vermelho possui moléculas gigantes (macromoléculas constituídas de tetraedros


unidos pelos vértices):

Estrutura do fósforo vermelho


122
Reatividade

O fósforo vermelho é, praticamente, inativo.

<> O ÁCIDO FOSFÓRICO ou ORTOFOSFÓRICO

Preparação

. Indústria e laboratório: P2O5 + 3 H2O  2 H3PO4.

. Pelo tratamento da fosforita: Ca3(PO4)2 + 3 H2SO4  3 CaSO4 + 2 H3PO4

Propriedades Químicas

- O H3PO4 é um ácido sólido triprótico/triprotônico de força moderada, que se ioniza em 3 etapas:

Os graus de ionização dessas 3 etapas são, respectivamente: 30% , 0,3% e 0,003%.

- Reage com bases, produzindo três séries de sais: fosfatos normais, hidrogenofosfatos e
diidrogenofosfatos.

. H3PO4 + 1 NaOH  NaH2PO4 + H2O


. H3PO4 + 2 NaOH  Na2HPO4 + 2 H2O
. H3PO4 + 3 NaOH  Na3PO4 + 3 H2O

123
Observação: o fosfato normal de sódio, em solução aquosa, produz meio fortemente alcalino (sal de
base forte e ácido moderado); o hidrogenofosfato de sódio ainda produz meio alcalino (menos alcalino
que o fosfato normal); e o diidrogenofosfato de sódio produz meio ácido.

. Reage com sais de ácidos fracos, formando hidrogenofosfatos:

- Na2CO3 + H3PO4  Na2HPO4 + H2O + CO2


- Na2S + H3PO4  Na2HPO4 + H2S

A substituição do terceiro átomo de hidrogênio é difícil, por ser muito mais fraco que o dos ácidos
carbônico e sulfídrico.

. Reage com sais de ácidos fortes mais voláteis , produzindo diidrogenofosfatos:


NaBr + H3PO4  NaH2PO4 + HBr

. Desidratante:

Por aquecimento, o ácido fosfórico desidrata-se, produzindo ácido pirofosfórico (2500C) ou ácido
metafosfórico (3000C):

- 2 H3PO4  H4P2O7 + H2O


- H3PO4  HPO3 + H2O

O ácido metafosfórico existe, apenas na forma polímera (HPO 3)n , onde n = 3,4,5 ... Por simplicdade,
diz-se apenas “ácido metafosfórico”, cuja representação é pela fórmula mínima HPO3.

. Obtenção de fertilizantes: superfosfato triplo, que é o diidrogenofosfato de cálcio. É obtido a partir da


fosforita, por tratamento com ácido fosfórico em excesso:

Ca3(PO4)2 + 4 H3PO4  3 Ca(H2PO4)2


Fosforita excesso superfosfato triplo
Tem o nome de superfosfato triplo porque é três vezes mais concentrado em fósforo que o
superfosfato (fosforita tratada com ácido sulfúrico). Na reação acima, tem-se que utilizar ácido
fosfórico em excesso para evitar a formação de monoidrogenofosfato de cálcio (que é menos solúvel
na água da chuva).

124
. O ácido fosfórico é utilizado na obtenção de fosfatos: o fosfato normal de sódio é usado nos
detergentes (sabão em pó); o diidrogenofosfato de cálcio é usado como antiácido estomacal e como
fermento dos padeiros; o hidrogenofosfato de cálcio é usado em creme dental: CaHPO 4 (este sendo
básico, neutraliza o “habitat” ácido dos germens da cárie) ; utilizado como conservante e acidulante de
refrigerantes.

# O CARBONO - C

(será estudado em Química Orgânica e em Processos Industriais)

# O SILÍCIO – Si / SÍLICA – (SiO2)n

Abrange o quartzo, areia diatomáceas, opala, cristobalita, tridimita, etc.

Estrutura
São sólidos cristalinos, por serem constituídos de moléculas gigantes. Por esta razão, a sílica
apresenta temperatura de fusão elevada (PF= 1.7000C).

Observação: a sílica possui rede cristalina molecular; o diamante possui rede cristalina atômica e o
cloreto de sódio possui rede cristalina iônica.

Propriedades Químicas

. Não reage com água, e, portanto, só teoricamente, é anidrido dos ácidos do silício:
H4SiO3 – ácido metasilíssico
H4SiO4 – ácido ortosilíssico

Entretanto, estes ácidos, por desidratação, produzem a sílica:


H4SiO3  SiO2 + H2O

H4SiO4  SiO2 + 2 H2O


Estas desidratações podem verificar-se parcialmente, obtendo-se sílica parcialmente hidratada,


chamada sílica-gel ; SiO2.nH2O , on de “n” é um número menor do que 1. A sílica gel é capaz de
absorver a água perdida, sendo, por isso, usada como agente desidratante de recipientes onde não
pode haver umidade.

125
Prosseguindo na desitradtação, obtém-se um produto duro e muito poroso chamado sílica
esponjosa; um grão de ervilha de sílica esponjosa possui superíficie exposta igual ao
assoalho, teto e paredes de uma casa (como no carvão ativo). A sílica esponjosa é utilizada como
substância adsorvente e como suprote de catalisadores (níquel, platina, etc); ela permite a
recuperação dos catalisadores, os quais são produtos muito caros, devido à alta pureza que
apresentam (as impurezas envenenam o catalisador).

. Reage com carbonatos, à quente, produzindo metassilicatos:

- SiO2 + CaCO3  CaSiO3 + CO2


- SiO2 + Na2CO3  Na2SiO3 + CO2


. Reação com ácido fluorídrico

SiO2 + 4 HF  SiF4 + 2 H2O

. Reação com coque, em forno elétrico, produz o carborundo (carbeto de silício) – SiC.

SiO2 + 3 C  SiC + 2 CO , o carborundo possui alta dureza,s endo utilizado para alisar o couro e afiar
facas.

Aplicações

. Obtenção de: vidro, cimento, argamassas, porcelanas, tijolos refratários para fornos, silicatos, filtros
de areia, amianto, saponáceos, lixas, fósforo, etc.

. Preparação da dinamite:

- nitroglicerina (instável) + material poroso (diatomáceas – SiO2)  dinamite (estável)

. Nas refinarias de petróleo: como catalisador.

Al2(SiO3)3
Querosene  gasolina

126
. Quartzo:

- Cristais de quartzo são utilizados em rádios transmissores como controladores da frequência de suas
ondas.
- Obtenção de lentes e prismas, para óculos e aparelhos de óptica.

<> O VIDRO

Constituição
Aquecendo a sílica (areia ou quartzo) a 1.7000C, nota-se que ela sofre fusão. Entretanto, o
líquido obtido é viscoso, pelo fato de, ainda ocorrerem moléculas relativamente grandes. Ao resfriar
este líquido, ele não se solidifica na temperatura de 1.7000C, pois a sua alta viscosidade não permite
que as moléculas retomem suas posições primitivas. Não havendo reconstituição do sistema cristalino
(o qual se caracteriza por uma rigorosa ordenação geométrica dos átomos), não há, portanto,
solidificação; ocorre apenas um aumento progressivo da viscosidade, até obter-se uma substância dura
e transparente, chamada vidro. Resulta que o vidro é um líquido de alta viscosidade, pois:
- sua estrutura é desordenada, como a de um líquido;
- não possui ponto de fusão definido; por aquecimento, ele fica inicialmente pastoso para, depois,
adquirir o estado líquido menos viscoso;
- em todos os pontos da estrutura do vidro, ocorrem as mesmas propriedades físicas (diz-se que é
isótropo), enquanto que, nos cristais, as propriedades físicas variam em sua estrutura (diz-se que são
anisótropos); e
- não possui facetas cristalinas, e nem planos de fratura (planos de clivagem), como ocorrem nos
cristais.

Tipos de vidro

. Vidro plano: ou vidro de janela; é constituído de sílica, silicato de sódio e silicato de cálcio, na
seguinte proporção:
- em mols: 4 SiO2 : 1 Na2SiO3 : 1 CaSiO3
- em massa: 73% SiO2 ; 15% Na2O ; 8% CaO
Variando-se a proporção, obtém-se o vidro para garrafas ou para tubos.

. Vidro quartzo: obtido de cristal de quartzo; permite a passagem da luz ultravioleta, o que não
acontece com o vidro comum (hoje, a luz ultravioleta é usada para acelerar o endurecimento de
resinas odontológicas).

. Vidro colorido:contém metal de transição: ferro (verde); cobre (azul); managanês (violeta), etc.

127
. Vidro Pirex: possui baixo coeficiente de dilatação térmicas, podendo sofrer choques térmicos sem se
romper.

. Vidro de segurança: dois vidros colados com resina transparente, a qual impede a ruptura com
produção de estilhaços, sendo empregado nas janelas de carros, ônibus, caminhões.

. Vidro temperado: é o vidro que passou por tratamento térmico (têmpera) ou químico para modificar
suas características como a dureza e resistência mecânica. O vidro temperado é mais rígido, tem
maior resistência térmica e se estilhaça em pequenos fragmentos quando é danificado.

<> SILICONAS

São compostos macromoleculares, nos quais participam os elementos: Si, C, O e H.

Estrutura de uma silicona genérica:

As siliconas são resinas empregadas como lubrificantes, colantes, isolantes elétricos, na


impermeabilização de papel, vidro, porcelana e muitas outras aplicações; concorrem vantajosamente
com a borracha, os plásticos e os óleos lubrificantes.

<> CIMENTO

O cimento comum (chamado de Cimento Portland) consta fundamentalmente, de silicato e


aluminato de cálcio (em pó). Quando se trata o cimento com água e areia, obtém-se uma massa
pastosa, modulável, que pouco a pouco endurece, resultando o que se chama de concreto (se for
perfurado por barras de ferro, recebe o nome de concreto armado).
Para explicar o mecanismo de endurecimento do cimento (ou pega), adimite-se que,
inicialmente, o aluminato de cálcio hidrolisa-se, produzindo hidróxidos de alumínio e de cálcio:

Ca(AlO2)2 + 4 H2O  2 Al(OH)3 + Ca(OH)2

128
Os hidróxidos formados reagem com areia, formando silicatos (os quais são duros e
resistentes):
2 Al(OH)3 + 3 SiO2  Al2(SiO3)3 + 3 H2O
O concerto é um material de alta resistência, sendo usado na construção de colunas e lajes de
edifícios, pontes, viadutos, barragens, etc.
O Brasil é um dos maiores produtores de cimento do mundo.

129
PARTE IV

Os Gases Nobres

130
PARTE IV
Os Gases Nobres

Os gases nobres, também chamados de "gases raros", compõem os elementos do grupo 18


(família 8A) da tabela periódica.
A principal característica dos gases nobres é a dificuldade que eles possuem de se combinar
com outros átomos devido à sua grande estabilidade química, por apresentarem os seus últimos níveis
energéticos completos.

131
Ocorrência

. Na atmosfera (% em volume)

- He: 0,04% ; Ne: 0,16% ; Ar: 0,93% ; Kr: 0,01% ; Xe: 0,008%

O radônio – Rn, praticamente, não ocorre na atmosfera, por ser instável (radioativo); forma-se
durante as desintegrações espontâneas do rádio - Ra (radioativo), para, em seguida (após alguns dias),
transformar-se em polônio – Po.

O hélio – He ocorre no gás natural (CH4 etc) de alguns poços, nos EUA (a % de He atinge a 3%).
Este gás hélio tem origem nas desintegrações radioativas naturais de elementos de números atômicos
entre 83 e 92 (que emitem partículas alfa, núcleos de hélio).

Preparação

. A partir do ar atmosférico por liquefação e destilação fracionada (juntamente com gás oxigênio e gás
nitrogênio).

. A partir de gás natural norte-americano, por processo análogo (obtém-se dezenas de milhões de
metros cúbicos de hélio, por ano).

- O Rn é obtido no instante de sua aplicação, através do elemento Ra.

Propriedades e aplicações

. Os gases nobres possuem o último nível eletrônico saturado, o que lhes confere a máxima
estabilidade química. Entretanto, hoje, consegue-se, por exemplo, a reação do Xe com F (o mais ativo
dos elementos), resultando o tetrafluoreto de xenônio:
Xe (gás) + 2 F2 (gás)  XeF4 ( Ni, 4000C, 60 atm)
Já existem dezenas de compostos de Xe, Kr e Rn com flúor e oxigênio: XeF 2 , XeF6 , XeO4, etc.

132
Propriedades Físicas e Aplicações

He Ne Ar Kr Xe Rn

Z 2 10 18 36 54 86

M.A(u) 4 20 40 84 131 222

PF (0C) - 272 - 249 - 189 - 157 - 111 - 71

PE(0C) - 269 - 246 - 186 - 153 - 108 -62

d (g/cm3) 0,18 0,90 1,78 3,74 5,89 9,73

Raio Atômico - 1,6 1,9 2,0 2,2 -


(Å )

Cor da luz nos amarela vermelha azul ou amarela - Azul - -


tubos vermela vermelha vermelho
luminosos

Condutividade diminui
térmica

Facilidade de aumenta
ionização

. O He é empregado para encher balões, pois, dos gases incombustíveis, é o menos denso
(substitui o gás hidrogênio que é combustível).
É empregado nos hospitais como diluente de anestésicos gasosos; também é empregado como
diluente do oxigênio na respiração artificial e para as pessoas que trabalham sob alta pressão
(mergulhadores); nesta aplicações, o gás hélio substitui o gás nitrogênio, pelo fato deste ser muito
mais solúvel no sangue (no caso de mergulhadores, a dissolução do N 2 no sangue aumenta a nívies
fatais, devido à pressão hidrostática).
Por ser bom condutor de calor, o He é empregado na refrigeração de geradores elétricos e nos
reatores atômicos (nesta última aplicação, o He possui a vantagem de não se tornar radioativo).

. O gás argônio é empregado, juntamente com o gás nitrogênio nas lâmpadas de filamento; a presença
do Ar (melhor condutor térmico que o N2) resfria mais eficientemente o filamento incandescente de
tungstênio – W, impedindo a sua sublimação.

O Ar e o He são amplamente empregados como gases inertes durante as soldas elétricas, a fim de
impedir que o metal incandescente seja oxidado pelo O2 do ar. São também empregados na obtenção
de metais puros, tais como: Ti, Zr, usados nos reatores atômicos e silício e germânio, nos transistores.

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Com exceção do Rn, os demais gases nobres, são empregados nos tubos luminosos (tubos de
neônio). Nestes tubos, o gás nobre ocorre em estado rarefeito, e, submetido a alta voltagem, ele se
ioniza resultando He2+ , Ar2+ , Ne2+ etc. Estes íons conduzem a corrente elétrica, resultando cores
específicas (como mostrado no quadro da página anterior). Também são usados nas lâmpadas
fluorescentes para escritórios, etc, as quais possuem paredes foscas e emitem sempre luz branca (mas
no interior, são coloridas).

Nota: A descoberta do He, nas estrelas (Sol), etc, o hidrogênio transforma-se continuamente em hélio
(reação de fusão nuclear, provocada por temperatura de milhões de graus Celsius). Em 1868, os
astrônomos Janssen (francês) e Lockyer (inglês), estudando análise espectral da luz solar, detectaram a
presença, no Sol, de um elemento até então desconhecido, ao qual chamaram de hélio (do grego:
hélios = Sol). Somente no fim do século, o químico inglês Ramsey descobriu a presença do hélio, na
Terra.

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* Quimica Inorgânica II – Referências e Material utilizada na montagem dessa apostila.

- Nehmi, Victor A – Química Inorgânica – Metais e não metais – 15ª Ed. – 1984.

- Nehmi, Victor A – Química Inorgânica – Metais e não metais – 15ª Ed. – 1993.

- https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/teorias-acido-base-arrhenius-bronsted-lowry-lewis.htm

- https://conceito.de/metais

- https://educalingo.com/pt/dic-pt/maleabilidade

- https://www.infoescola.com/quimica/estrutura-cristalina/

- Wikipédia.

- https://www.todamateria.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/

- https://brasilescola.uol.com.br/quimica/cloreto-sodio.htm

- https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/hidroxido-sodio.htm

- https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/nitrato-de-sodio/

- https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/sulfato-de-calcio/

- http://www.deboni.he.com.br/dic/quim1_047.htm

- http://www.infosolda.com.br/biblioteca-digital/livros-senai/fundamentos/113-oxigenio

- https://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/oxigenio-propriedades-e-usos.htm

- http://adaoreinaldo.blogspot.com/2010/04/importancia-e-aplicacoes-do-oxigenio-o.html

- https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/hidrogênio

- https://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedades_f%C3%ADsico-qu%C3%ADmicas_da_%C3%A1gua

- https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/Agua-mole-Agua-dura.htm

- https://2engenheiros.com/2017/12/12/turbidez-da-agua/

- https://vieiramiguelmanuel.blogspot.com/2015/06/os-halogenios-trabalho-elaborado-e.html

- https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/enxofre.htm

- http://www.prolab.com.br/blog/curiosidades/o-que-e-e-para-que-serve-o-nitrogenio-liquido/

- https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/amonia/

- http://professoralucianekawa.blogspot.com/2013/10/acido-nitrico-hno3.html

- https://www.todamateria.com.br/gases-nobres/

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