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ELETROQUÍMICA

Eletroquímica é a área da Química que estuda as reações que envolvem a transferência


de elétrons e a interconversão de energia química em energia elétrica.

A eletroquímica é aplicada para fabricação de muitos aparelhos utilizados em nosso


cotidiano, como pilhas, baterias, celulares, lanternas, computadores e calculadoras.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO

Na eletroquímica, as reações estudadas são as de oxirredução. Elas são caracterizadas


pela perda e ganho de elétrons. Isso quer dizer que ocorre a transferência de elétrons de
uma espécie para outra.

Como o seu nome indica, as reações de oxirredução ocorrem em duas etapas:

Oxidação: Perda de elétrons. O elemento que provoca a oxidação é chamado de agente


oxidante.

Redução: Ganho de elétrons. O elemento que provoca a redução é chamado de agente


redutor.

Entretanto, para saber quem ganha e quem perde elétrons, deve-se conhecer os números
de oxidação dos elementos. Veja esse exemplo de oxirredução:

Zn(s) + 2H+(aq) → Zn2+(aq) + H2(g)

O elemento Zinco (Zn2+) é oxidado ao perder dois elétrons. Ao mesmo tempo, provocou
a redução do íon de hidrogênio. Por isso, é o agente redutor.

O íon (H+) ganha um elétron, sofrendo redução. Com isso, provocou a oxidação do
zinco. É o agente oxidante.

PILHAS E ELETRÓLISE
O estudo da eletroquímica compreende as pilhas e a eletrólise. A diferença entre os dois
processos é a transformação de energia.

A pilha converte energia química em energia elétrica, de modo espontâneo.

A eletrólise converte energia elétrica em energia química, de modo não espontâneo.

PILHAS

A pilha, também chamada de célula eletroquímica, é um sistema onde ocorre a reação


de oxirredução. Ela é composta por dois eletrodos e um eletrólito, que em conjunto
produzem energia elétrica. Se conectarmos duas ou mais pilhas, forma-se uma bateria.

 O eletrodo é a superfície sólida condutora que possibilita a troca de elétrons.


 O eletrodo no qual ocorre a oxidação é chamado de ânodo, representa o polo
negativo da pilha.
 O eletrodo no qual ocorre a redução é catodo, o polo positivo da pilha.
 Os elétrons são liberados no ânodo e seguem por um fio condutor até o catodo,
onde ocorre a redução. Assim, o fluxo de elétrons segue de ânodo para o catodo.

O eletrólito ou ponte salina é a solução eletrolítica condutora dos elétrons, permitindo a


sua circulação no sistema.

Em 1836, John Fredric Daniell construiu um sistema que ficou conhecido como Pilha
de Daniell. Ele interligou, com um fio metálico, dois eletrodos.

Um eletrodo consistia em uma placa de zinco metálico, mergulhado em uma solução


aquosa de sulfato de zinco (ZnSO4), representando o ânodo.
O outro eletrodo consistia em uma placa de cobre metálico (Cu), imerso em uma
solução de sulfato de cobre (CuSO4), representava o catodo.

No cátodo ocorre a redução do cobre. Enquanto, no ânodo acontece a oxidação do


zinco. Conforme a seguinte reação química:

 Cátodo: Cu2+(aq) + 2e- | → Cu0(s)|


 Ânodo: Zn0(s) | → Zn2(aq) + 2e-|
 Equação Geral: Zn0(s) + Cu2+(aq) | → Cu0(s) + Zn2+(aq)|

O “|” representa as diferenças de fases entre reagentes e produtos.

ELETRÓLISE

A eletrólise é a reação de oxirredução que ocorre de modo não espontâneo, provocada


pela passagem de corrente elétrica vinda de fonte externa.

A eletrólise pode ser ígnea ou aquosa.

A eletrólise ígnea é aquela que se processa a partir de um eletrólito fundido, ou seja,


pelo processo de fusão.

É chamada de eletrólise ígnea aquela realizada com o eletrólito fundido. Por exemplo,
uma célula de composta por cloreto de sódio a 808 °C possui esse eletrólito fundido,
possibilitando a mobilidade dos íons Na+ e Cl-. Ao fornecer uma corrente elétrica para a
célula eletrolítica, os cátions Na+ são atraídos pelo polo negativo (cátodo), onde ganham
elétrons e são descarregados. Já no polo positivo (ânodo), são atraídos e oxidados os
ânions Cl-. Tais processos são sintetizados pelas seguintes semi-reações:
Ambas as equações podem então ser unidas em uma única equação:

Eletrólise ígnea do cloreto de sódio.

Na eletrólise aquosa, o solvente ionizante utilizado é a água. Em solução aquosa, a


eletrólise pode ser realizada com eletrodos inertes ou eletrodos ativos (ou reativos).

Um exemplo de eletrólise aquosa é o que ocorre, por exemplo, em uma célula


eletrolítica com sal de cozinha (NaCl) dissolvido em água. Nessa reação o gerador atrai
os elétrons do polo positivo, que neste caso é o ânodo, e os transfere para o polo
negativo, neste caso o cátodo. Portanto, a reação que ocorre no ânodo ainda é de
oxidação e a que ocorre no cátodo ainda é de redução. No momento da dissolução de
NaCl em H2O, há quatro íons coexistindo na solução aquosa: os ânions Cl- e OH-; e os
cátions Na+ e H+. A princípio poderia ocorrer a oxidação ou redução de qualquer um
desses íons durante a reação eletroquímica. No entanto, verifica-se que o íon H + sofre
redução produzindo gás hidrogênio (H2) e que o íon Cl- sofre oxidação produzindo gás
cloro (Cl2), resultando na produção de soda cáustica (NaOH) dentro da cuba eletrolítica,
devido à sobra dos outros dois íons. As reações de oxirredução são, pois, as seguintes:

A reação global da eletrólise, portanto, fica da seguinte maneira:

Tal processo, portanto, pode ser utilizado para produzir o hidróxido de sódio ou soda
cáustica, uma importante commodity industrial. Além disso, ele produz substâncias
simples não encontradas no planeta Terra: o gás hidrogênio e o gás cloro, ambos de
grande importância para estudos das propriedades químicas e físicas dos átomos de
hidrogênio e cloro, assim como para a produção de outras substâncias químicas
compostas por esses elementos.
Esquema de uma célula eletrolítica aquosa. A bateria fornece a diferença de potencial
para o sistema, provocando a transferência de elétrons de um material (ânodo) para
outro (cátodo).

Baterias são dispositivos que produzem corrente elétrica a partir de reações de


oxidorredução reversíveis, ou seja, que podem ser renovadas e continuar gerando
energia.

As baterias são conjuntos de pilhas ligadas em série, ou seja, são dispositivos


eletroquímicos nos quais ocorrem reações de oxidorredução, produzindo uma corrente
elétrica. Podem ser chamadas ainda de pilhas secundárias, baterias secundárias ou
acumuladores.

Obs.: As pilhas ou baterias primárias são as chamadas pilhas comuns, ou seja, aquelas
que não podem ser recarregadas.

As baterias, assim como as pilhas, apresentam um ânodo e um cátodo, ambos em


contato com um eletrólito (na forma de solução ou em gel). O conjunto de pilhas que
formam uma bateria é ligado da seguinte forma:

 O polo positivo de uma liga-se ao polo negativo de outra;


 Isso pode ser feito em série ou em paralelo.

Assim, se tivermos a associação de seis pilhas (cada uma capaz de gerar uma voltagem
de 2 V) formando uma bateria, essa bateria terá a capacidade de gerar uma corrente
elétrica de 12 V.

Principal diferença entre uma pilha (bateria primária) e uma bateria


A principal diferença que uma bateria apresenta com relação a uma pilha comum
(bateria primária) é o fato de poder ser recarregada, ou seja, voltar a sofrer o processo de
oxidação e redução, o que produz a corrente elétrica.

Como em qualquer pilha, na bateria ocorre a oxidação (perda de elétrons) em um


eletrodo e a redução (ganho de elétrons) em outro. Essa reação acaba quando não existe
mais o eletrodo de oxidação. Todavia, quando recebe uma descarga elétrica externa, o
eletrodo da oxidação é formado novamente, ou seja, volta a existir, favorecendo um
novo ciclo de oxidação e redução.

Tipos de baterias

Atualmente existem alguns tipos de baterias que variam de acordo com a finalidade.

a) Bateria de chumbo/ácido

Trata-se de uma bateria que apresenta, no ânodo, o metal chumbo, e, no cátodo, o


dióxido de chumbo (PbO2), ambos imersos em uma solução aquosa com ácido sulfúrico
(H2SO4).

No ânodo: o metal chumbo sofre oxidação (perde elétrons) e interage com ânions
sulfato (SO4-2, oriundos do ácido), formando o sal sulfato de chumbo II:

Pb + SO4-2 → PbSO4 + 2 e

No cátodo: o dióxido de chumbo sofre redução e interage com os íons H+ e SO4-2 do


ácido, formando água e sulfato de chumbo II:

PbO2 + 4H+ + SO4-2 → PbSO4 + 2H2O + 2 e


b) Bateria níquel/cádmio

Trata-se de uma bateria que apresenta um ânodo formado por uma liga metálica de ferro
e cádmio e um cátodo formado por hidróxido de níquel III (NiO(OH) 2). Esses dois
eletrodos ficam imersos em uma solução com água e hidróxido de potássio, que é o
eletrólito:

No ânodo: o cádmio presente na liga metálica sofre oxidação (perde elétrons) e interage
com os cátions hidróxido (OH-) presentes na solução:

Cd + OH- → Cd(OH)2 + 2 e

No cátodo: o hidróxido de níquel III, em contato com a água da solução, recebe os


elétrons perdidos pelo cádmio e sofre redução, formando hidróxido de níquel II
hidratado e liberando ânions hidróxido:

NiOOH + 2 H2O + 2e → Ni(OH)2 + H2O + OH-

Quando todo o cádmio sofre oxidação, a bateria para de gerar corrente elétrica. Porém,
ao fornecer energia elétrica do meio externo, ambas as equações passam a ocorrer de
forma inversa, restabelecendo os dois eletrodos.

c) Bateria hidreto metálico/óxido de níquel


Trata-se de uma bateria com o mesmo princípio da bateria níquel/cádmio, mas, em vez
de utilizar a liga de cádmio, utiliza um hidreto metálico (composto em que o hidrogênio
é o elemento mais eletronegativo, acompanhado de um metal das famílias IA ou IIA).

Nessa bateria, quem oxida é o hidrogênio, que interage com íons OH - do meio e forma
água, além da formação de um metal.

No Cátodo, a mesma reação que na bateria de níquel cádmio:

NiOOH + 2 H2O + 2e → Ni(OH)2 + H2O + OH-

Quando todo o hidrogênio do hidreto oxida, a bateria para de gerar corrente elétrica.
Porém, ao fornecer energia elétrica do meio externo, ambas as equações passam a
ocorrer de forma inversa, restabelecendo os dois eletrodos.

d) Bateria de íons lítio

Na bateria de íons lítio temos um ânodo formado pela associação de lítio e grafite
(carbono), enquanto que no cátodo temos um óxido formado por lítio e cobalto.

No ânodo: o carbono sofre oxidação e libera íons lítio e elétrons

LiyC(s) → C(s) + yLi+ + e

No cátodo: os íons lítio chegam juntamente com os elétrons, sendo que esses íons se
incorporam ao óxido formado por lítio e cobalto, aumentando a quantidade de lítio no
óxido:
LiCoO(s) + Li+ + e → Li2CoO(s)

Quando todo carbono oxida, a bateria para de gerar corrente elétrica. Porém, ao fornecer
energia elétrica do meio externo, ambas as equações passam a ocorrer de forma inversa,
restabelecendo os dois eletrodos.

Principais utilizações dos tipos de baterias estudados

a) Chumbo/ácido

Bateria muito utilizada em veículos como:

 Carros de passeio
 Caminhões
 Motos

b) Bateria níquel/cádmio, bateria hidreto metálico/óxido de níquel, bateria de íons


lítio.

Bateria utilizada em alguns aparelhos celular

Essas baterias podem ser utilizadas em aparelhos portáteis como:

 Máquinas fotográficas
 Celulares
 Notebooks
 Filmadoras
 Telefones sem fio
 Brinquedos eletrônicos de uma forma geral.
Porém, a bateria de níquel/cádmio vem sendo gradativamente substituída pela bateria de
hidreto metálico/óxido de níquel, pelo fato de que essa última contém componentes e
resíduos menos poluentes.

As baterias de íon lítio tem sido utilizadas de forma específica em aparelhos


smartphones e tablets, por apresentar uma maior durabilidade de carga, menor
quantidade de substâncias utilizadas e uma menor ocorrência do efeito memória (que é
o chamado vício da bateria, ou seja, perde a carga com mais facilidade).

A diferença de potencial de uma pilha (ddp) mede a intensidade da corrente elétrica que
depende dos valores dos potenciais de redução e oxidação dos eletrodos.

Conforme explicado no texto Introdução ao estudo da eletroquímica, as pilhas são


dispositivos que possuem dois eletrodos ou polos formados por metais diferentes, sendo
que, de modo espontâneo, o metal mais reativo doa elétrons para o metal menos reativo,
ocorrendo uma reação de oxirredução que produz uma corrente de elétrons. Isso
significa que a energia química é transformada em energia elétrica.

A intensidade dessa corrente elétrica ou força eletromotriz € da pilha pode ser medida
por meio de um aparelho chamado voltímetro. Quanto maior for a intensidade da
corrente elétrica, maior será a força eletromotriz da pilha. Esse valor é indicado no
voltímetro em volts (V), unidade usada em homenagem ao criador da primeira pilha,
Alessandro Volta.

Essa intensidade da corrente dependerá do potencial de redução e de oxidação dos


metais que compõem os eletrodos, porque quanto maior for o potencial de oxidação de
um metal, maior será a sua capacidade de ceder elétrons, e quanto maior for o potencial
de redução de um metal, maior será a sua tendência de receber elétrons.
Desse modo, quando em uma pilha são conectados eletrodos que apresentam uma
diferença de potencial (ddp ou U) muito grande, a intensidade da corrente elétrica é
também muito grande e o valor da força eletromotriz é elevado. O contrário também é
verdadeiro, ou seja, quanto menor for a diferença de potencial (ddp) entre os eletrodos,
menor será a força eletromotriz da pilha.

A diferença de potencial é uma espécie de força eletromotriz. Mas aqui vamos


considerar essas duas grandezas como tendo o mesmo valor, porque, em Física, a
diferença de potencial de um gerador como uma pilha é dada pela fórmula: U = E – r ×
i, sendo que U = ddp, E = força eletromotriz, r = resistência e i = intensidade da corrente
elétrica. Mas no estudo da eletroquímica, consideramos as pilhas como sendo geradores
ideais, em que a resistência é igual a zero. Assim, U = E.

Visto que a ddp de uma pilha está relacionada com a tendência de oxidação do agente
redutor e com a tendência de redução do agente oxidante, por convenção, adotou-se um
eletrodo-padrão a fim de usá-lo para medir o potencial de redução e de oxidação das
espécies químicas que compõem os eletrodos de uma pilha. Esse eletrodo-padrão é o
eletrodo de hidrogênio mostrado a seguir:

Adotou-se que o potencial do hidrogênio nas condições-padrão (temperatura igual a


25°C ou 298K, pressão igual a 1 atm e elétrodo mergulhado em uma solução de 1 mol/L
que contenha os seus íons) é igual a zero. Assim, se quisermos saber o valor dos
potenciais dos demais elétrodos, basta conectá-los ao elétrodo de hidrogênio e medir o
potencial da pilha com um voltímetro. O valor indicado no voltímetro é igual ao
potencial do elétrodo do metal, já que o potencial do elétrodo de hidrogênio é zero.

Por exemplo, considere que formamos uma pilha em que um elétrodo é o elétrodo-
padrão de hidrogênio e o outro é formado por um metal de zinco mergulhado em uma
solução de sulfato de zinco. O potencial de redução mostrado no voltímetro é de – 0,76
V. O sinal negativo indica que o zinco possui um potencial de redução menor que o do
hidrogênio e o sentido dos elétrons é desse metal (ânodo) para o elétrodo de hidrogênio
(cátodo).

Semirreação do ânodo: Zn(s) ↔ Zn2+(aq) + 2 e-

Semirreação do cátodo: 2 H3O+(aq) + 2 e- ↔ H2(g) + 2 H2O(l)

ΔE0 = E0red (cátodo) – E0 red (ânodo)

- 0,76 = Ered H2 – Ered Zn2+

- 0,76 = 0 – Ered Zn2+

Ered Zn2+ = + 0,76 V

Isso quer dizer que o potencial de redução do zinco é – 0,76 V e o seu potencial de
oxidação é de + 0,76 V.

Agora, se fizermos uma pilha formada por um eletrodo de cobre ligado a um eletrodo-
padrão de hidrogênio, o valor do potencial de redução indicado no voltímetro será +
0,337 V. O sinal positivo indica que o sentido da corrente elétrica é do eletrodo-padrão
de hidrogênio (ânodo) para o eletrodo de cobre(cátodo).

Semirreação do ânodo: H2(g) + 2 H2O(l) ↔ 2 H3O+(aq) + 2 e-

Semirreação do cátodo: Cu2+(aq) + 2 e- ↔ Cu( s)

ΔE0 = E0red (cátodo) - E0 red (ânodo)

+ 0,337 = Ered Cu2+ - Ered H2

+ 0,337 = Ered Cu2+ - 0


Ered Zn2+ = + 0,337 V

O potencial de redução do cobre é +0,337 V e o seu potencial de oxidação é de – 0,337


V.

Esses exemplos mostram-nos que os potenciais de redução e de oxidação de um


elemento são numericamente iguais, apenas com o sinal oposto.

Com base nesse método, foram medidos experimentalmente os potenciais-padrão de


redução e de oxidação dos cátions de diversos metais, conforme mostrado na tabela a
seguir:

A IUPAC recomenda que se trabalhe com os potenciais de redução em vez dos


potenciais de oxidação.

Com esses valores em mão, podemos calcular a diferença de potencial (ddp) para
qualquer pilha, pois a variação da força eletromotriz (?E) pode ser calculada por:

ΔE0 = E0red (maior) - E0 red (menor) ou ΔE0 = E0oxi (maior) - E0 oxi (menor)

Por exemplo, vamos determinar a diferença de potencial (ddp) para uma pilha formada
por um eletrodo de zinco e um de cobre. Conforme já mencionado, o potencial-padrão
de redução do cobre é de + 0,337 e do zinco é -0,76 V. Como o cobre possui maior
potencial de redução, é ele que reduz (ganha elétrons), sendo o cátodo, e o zinco oxida-
se (perde elétrons), sendo o ânodo:

Isso confirma o que falamos no início: que quanto maior for essa diferença dos
potenciais dos eletrodos na pilha, mais potente será a pilha. Além disso, o valor de ΔE0
sempre será positivo, porque a oxirredução que ocorre na pilha é espontânea. Portanto,
se você fizer as contas e o valor de ΔE0 der negativo, isso significa que a reação não
ocorre entre as duas espécies em questão e a pilha não funciona.
Existem também mais dois fatores que interferem na diferença de potencial de uma
pilha, a temperatura e a concentração das soluções.

Semirreação no ânodo: Zn(s) ↔ Zn2+(aq) + 2 e-

Semirreação no cátodo: Cu2+(aq) + 2 e- ↔ Cu(s)

Reação Global: Zn(s) + Cu2+(aq) ↔ Zn2+(aq) + Cu(s)

ΔE0 = E0red (maior) - E0 red (menor)

ΔE0 = 0,337- (-0,76)

ΔE0 = + 1,097 V ≈ + 1,1 V

Aplicações

A eletroquímica é bastante presente em nosso cotidiano. Alguns exemplos são:

 Reações no corpo humano;


 Fabricação de diversos aparelhos eletrônicos;
 Carregamento de baterias;
 Galvanoplastia: revestimento de peças de ferro e aço com zinco metálico;
 Diversos tipos de aplicação na indústria química.

A ferrugem dos metais é formada pela oxidação do ferro metálico (Fe) a cátion ferro
(Fe2+), quando na presença de ar e água. Podemos considerar a ferrugem como um tipo
de corrosão eletroquímica. O revestimento com zinco metálico, pelo processo de
galvanoplastia, impede o contato do ferro com o ar.
Pilhas eletroquímicas

Desde a invenção da pilha por Alessandro Volta, foram criados diversos tipos de células
para gerar eletricidade a partir de reações químicas. Algumas das mais comuns são
utilizadas atualmente em eletroeletrônicos e automóveis.

 Pilhas eletroquímicas
 Pilha de Volta
 Pilha alcalina
 Bateria de carro
 Pilha de lítio
 Pilha de Daniell
 Pilha de mercúrio
 Pilha de Clark
 Pilha de Edison-Lalande
 Pilha de Leclanché

Metalurgia

Eletrorrefinamento do cobre em uma fábrica no estado americano do Arizona.

O processo de eletrorrefinamento, ou eletrorrefino, é usado na metalurgia para a


purificação de metais como o cobre, o zinco e o chumbo.[43] No refino do cobre, por
exemplo, há uma célula eletrolítica aquosa de sulfato de cobre, em que o cobre a ser
purificado é utilizado como ânodo e um cátodo de outro metal é utilizado para depositar
o cobre metálico. A diferença de potencial aplicada à célula faz com que o cobre do
ânodo seja dissolvido como íon na solução aquosa, juntamente com as impurezas do
ânodo (metais menos nobres, por exemplo). Essa diferença de potencial é então
controlada no cátodo, de modo que seu valor fique acima do potencial de equilíbrio das
impurezas, impedindo sua redução e consequente deposição no cátodo. Dessa forma, as
impurezas permanecem dissolvidas na solução ou precipitam, depositando-se no fundo
do recipiente da solução e constituindo a chamada lama anódica.[47][48][49]
Usinagem

Uma máquina de usinagem eletroquímica.

A usinagem é o processo de produção de algum tipo de ferramenta a partir de uma


matéria-prima, normalmente feita através da alteração física do objeto por choques
mecânicos. Já a usinagem por processo eletroquímico (ECM, Electrochemical
Machining, em inglês) ou eletrolítica é semelhante ao polimento eletrolítico, em que o
metal a ser alterado é polarizado negativamente em uma célula eletrolítica. Ou seja,
trata-se de um processo de dissolução dos ânions que compõem o metal na solução da
célula. A diferença principal entre o polimento e a usinagem é a finalidade de cada
processo: no polimento eletrolítico, a finalidade principal é obter um excelente estado
de superfície do material; na usinagem eletrolítica, o objetivo é a remoção de material
de acordo com o perfil necessário para fabricar uma ferramenta. Esse processo também
é conhecido como erosão eletroquímica.

Para maior precisão, é comum utilizar uma ferramenta de corte que sirva de cátodo e
então seja aplicada a uma peça (ânodo). O eletrólito é injetado sob pressão a uma
temperatura definida para a área a ser cortada. A taxa de alimentação é a mesma que a
taxa de liquefação do material. A distância entre a ferramenta e a peça varia de 8 a 80
micrômetros. Quando os elétrons chegam ao material, ele é dissolvido da forma
desejada. A ferramenta de corte é então guiada ao longo da peça, em toda a região a ser
trabalhada, mas sem tocá-la diretamente. O processo ECM é frequentemente usado para
produzir formas complexas como a turbina de pás com bom acabamento superficial em
materiais mais duros. Também é amplamente utilizado em processos de rebarbação, em
que a técnica de usinagem eletroquímica remove o metal excedente e embota bordas
afiadas. Esse processo é rápido e muitas vezes mais conveniente do que os métodos
convencionais de rebarbação feitos de forma manual ou com uso de processos de
usinagem tradicionais.

Atualmente, muitas fabricantes de máquinas de usinagem produzem máquinas para


usinagem eletroquímica. Para obter um alto desempenho de fabricação, tais máquinas
necessitam de manutenção e lubrificação constantes, evitando quebras e falhas e
garantindo que não haja atritos entre as peças, o que provoca o desgaste dos
componentes.

Painéis solares

Instalação de painéis solares

Painéis solares fotovoltaicos são dispositivos que convertem a energia luminosa


provinda do Sol em energia elétrica, a ser utilizada para uma diversidade de tarefas. A
parte mais importante de um painel solar são as células fotovoltaicas, normalmente
feitas de silício devido à sua semicondutividade. Os átomos de silício formam uma rede
cristalina e compõem as duas partes de uma célula solar: a parte negativa, em que há
excesso de elétrons; e a parte positiva, em que há carência de elétrons. Para criar essa
diferença de carga, a parte negativa é composta de silício e boro, enquanto a parte
positiva é feita de uma combinação de silício e fósforo. As duas partes são colocadas em
contato entre outras duas camadas, metálicas e condutoras. Quando a luz solar,
composta por fótons, atinge a célula, alguns elétrons são arrancados dos átomos de
silício. Devido à polarização, os elétrons arrancados migrarão para a placa condutora em
contato com a parte negativa, enquanto se criam "buracos", devido aos elétrons
ausentes, que "migrarão" para o condutor em contato com a parte positiva. Como os
condutores formam um circuito com aparelhos elétricos, os elétrons irão fluir
constantemente, deixando átomos e preenchendo lacunas em átomos diferentes. Este
fluxo produz então uma corrente elétrica. O fenômeno do fluxo de elétrons arrancados
por fótons é denominado efeito fotovoltaico.

Esta explicação é uma forma simples de mostrar o efeito fotovoltaico, já que existem
outros materiais além do silício utilizados para a fabricação de células fotovoltaicas e
outras formas de se fabricar uma placa solar. A tecnologia explicada acima é a mais
utilizada mundialmente, representando da ordem de 90% do mercado de painéis solares
no mundo.

Produção de Commodities
Garrafa contendo soda cáustica.

Commodities são produtos comerciais indiferenciados e universais, cuja qualidade


independe de quem os produziu. Células eletrolíticas como a formada por sal comum e
água produzem o hidróxido de sódio, comumente conhecido como soda cáustica,
importante produto para a limpeza de encanamentos domésticos por poder dissolver
gorduras.

Outras aplicações

 Na eletrônica, na produção de placas eletrônicas;


 Na biologia, na produção de inúmeras enzimas;
 Na geologia, com alguns tipos de movimentação na Terra, com a integração das
substâncias com polos positivos e negativos.

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