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7ª Edição
Sumário
Lawrence e Lorsch, talvez os iniciadores da abordagem contingencial, afirmam que saber, por exemplo, que tipo de
organização deve a empresa adotar para se relacionar com diferentes condições do ambiente, é muito mais útil do que
estabelecer, aprioristicamente, o melhor e único método de se organizar, em todas as situações. Assim, os administradores de
cúpula devem procurar respostas, por exemplo, às seguintes questões, contingentes à ambiência da empresa:
qual o tipo de organização que coordenará melhor nosso esforço de vendas?
até que ponto devemos controlar e dirigir nossos pesquisadores?
os melhoramentos introduzidos em nossa empresa podem ajudar-nos a criar mais produtos novos?
o que devemos fazer para realizar a melhor coordenação entre as vendas e o pessoal da fábrica, no que se refere à
programação de fornecimento?
as modificações em nossos sistemas de retribuição financeira ou de controle melhorarão a eficiência de nossos gerentes?4
Essas são as questões relativas à organização que os administradores têm constantemente de decidir. Em tempos
Pretéritos, essas decisões eram tomadas sem uma análise sistemática das demandas ambientais, quase sempre por meio de
generalizações a respeito do melhor modo de organizar ou, finalmente, copiando a fórmula que deu bons resultados num
competidor vitorioso. Entretanto, temos tentado demonstrar, em diversas partes deste livro que, hodiernamente, só se pode
manipular com sucesso, de forma adequada, uma organização complexa, como um sistema aberto, pois, para sua
sobrevivência e desenvolvimento, ela mantém transações permanentes com o ambiente externo, que se tornam fundamentais
para seu ciclo vital.
Portanto, é significativo acrescentar, as organizações, como classes especiais de sistemas abertos, devem ter seus
trabalhos iniciados/renovados com a identificação e o traçado do mapa de ciclos repetidos de insumos/transformações/
produtos/insumos renovados/reorganização interna/novas transformações/novos produtos, os quais devem retratar seu padrão,
porque os sistemas sobrevivem e mantêm suas características internas de ordem somente enquanto importam do ambiente
mais energia do que expedem no processo de transformação/exportação.
Em conseqüência, nos diagnósticos de avaliação da efetividade organizacional, é imprescindível a identificação das
relações existentes entre os estados e processos da empresa e as demandas externas do ambiente. Lawrence e Lorsch,
partindo da evidência de que, à medida que os sistemas crescem de tamanho, tornam-se mais complexos e diferenciados e
que o funcionamento de suas partes ou funções separadas deve ser integrado, para que o sistema como um todo seja viável,
Personalização e Edição: Helvio Pimentel 3
Antonio Cury - Organização e Métodos – Uma Visão Holística, Editora Atlas. 7ª Edição
concluem que uma importante função de qualquer sistema é a adaptação ao que se passa em seu mundo exterior.
Chegamos, assim, ao ponto de análise dos estados de diferenciação e de integração nos sistemas empresariais, como
um aspecto fundamental do processo de departamentalização da empresa no atual estágio da sociedade, eminentemente de
mudanças, em que o ritmo e a profundidade das transformações, em virtude da explosão do conhecimento, é cada vez maior,
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tornando-se mais sofisticadas as tecnologias de processo e de produtos.
Essa macroestrutura é constituída pelas funções principais, identificadas na empresa, aproximando-se do conceito de
departamentalização por propósito dominante, utilizando-se a nomenclatura de Gulick, como veremos na análise que
procederemos a sua teoria, neste capítulo.
Os diretores das áreas, em termos de política, exercem um papel importantíssimo na integração dos órgãos sob
supervisão. Caso nosso estudo se projete para uma organização em larga escala, em que as áreas são compostas de vários
departamentos, essa atividade integradora adquire importância ainda maior, pela necessidade de coordenar os esforços de
órgãos afins e de solucionar os possíveis e inevitáveis conflitos entre unidades da organização.
A título de ilustração, apresentamos na Figura 7.2 uma outra estrutura de uma área administrativa integrada de mais de
um departamento, o que é muito comum em empresas com cerca de 10.000 empregados ou mais.
Dep
des
men
É óbvio que, numa macroestrutura desse tipo, o diretor de administração exercerá a supervisão dos órgãos,
cumulativamente com seu papel de membro do colegiado. Sua atividade integradora deverá ser exercida com o
assessoramento de um gerente, no caso o da assessoria de planejamento e coordenação, competindo ao diretor traçar, junto
com as chefias dos departamentos, as políticas da respectiva área, em função das decisões da diretoria. Para melhor
resultado, o diretor deve evitar uma atuação muito direcional nos departamentos, convindo, no caso, ser observado o capítulo
sobre níveis administrativos, em que listamos as principais atividades gerenciais, desde um membro da diretoria até o chefe da
menor unidade hierárquica da empresa. Com esse comportamento, em nosso entender, o diretor não se envolve demais com a
execução das atividades departamentais, sobrando-lhe tempo para suas outras atividades gerenciais, dando, em
conseqüência, maiores responsabilidades e motivando ainda mais os chefes dos departamentos.
Prosseguindo, vamos indicar como, em geral, é estruturado o departamento de administração, em uma organização
como a da Figura 7.1. Como sabemos, no citado órgão deverão ser alocadas todas as unidades de atendimento ou de
prestação das atividades-meio ou adjetivas da empresa. Assim, a estrutura do departamento deverá envolver órgãos de
recursos humanos, atividades de suprimento de material, de serviços gerais, entre outras, dependendo das particularidades da
empresa e de seus recursos disponíveis, tal como indicamos na Figura 7.3.
Figura 7.3 Relacionamento integrador entre a chefia do departamento de administração e chefias subordinadas.
A mesma observação feita com respeito ao Diretor de Administração, em seu relacionamento integrador com os chefes
de departamentos (Figura 7.2), deve ser feita aqui em relação ao entendimento do chefe do departamento com as chefias das
divisões subordinadas. O chefe do departamento deve exercer o papel integrador, com auxilio do gerente da assessoria,
observando as responsabilidades definidas no capítulo sobre níveis. Sua atuação não deve tirar a liberdade nem invadir a área
de competência de seus subordinados. Caso haja um envolvimento muito acentuado do chefe do departamento nas atividades
das divisões, evidentemente isto será um fator de desmotivação dos subordina- dos, que também ficarão inibidos em sua
capacidade decisória.
Por seu turno, sabendo quais são as possíveis funções de um órgão de recursos humanos de uma grande empresa
(desenvolver atividades de recrutamento/seleção, controle/pagamento, cargos/salários e segurança empresarial), poderíamos
ter, em princípio, a estrutura apresentada na Figura 7.4.
Figura 7.4 Funções de uma divisão de recursos humanos e seu papel integrador.
Quanto à integração, o critério a ser observado é o mesmo exposto nos comentários sobre o diretor e o chefe do
departamento.
Evidentemente, na prática, poderíamos ter ligeiras modificações nessa ou naquela função, mas creio que os exemplos
apresentados são suficientes para dar ao iniciado em organização e métodos uma boa idéia de como se procede para
departamentalizar, por meio do processo de divisão do trabalho.
Outrossim, é significativo acrescentar, tanto o método de divisão do trabalho como o de grupamento de atividades
homogêneas estão longe de serem atividades precisas ou exatas — aliás, premissa não encontradiça em nenhuma atividade
na administração — sendo mais fácil encará-las como resultado de uma arte, exigindo do analista organizacional, além de bom
relacionamento com pessoas, conhecimento da ambiência administrativa, das teorias e dos modelos de análise organizacional
e, finalmente, grande habilidade na composição final da estrutura, verdadeiro trabalho artesanal. Daí dever a matéria receber
tratamento casuístico, altamente flexível, pela inexistência óbvia de padrões ou modelos que se ajustem a todas as situações,
pela diversidade de cultura e de infra-estrutura das diversas empresas.
Recapitulando, temos dois métodos de abordagem prática de departamentalização:
dividindo o trabalho geral em unidades, segundo as funções especializadas necessárias, o que foi exemplificado nos
parágrafos anteriores, com os respectivos organogramas;
agrupando atividades homogêneas, o que pode ser feito após um levantamento dás tarefas desempenhadas na
organização, critério que passaremos a expor agora.
PRIMEIRA ETAPA
Levantamento minucioso das tarefas desenvolvidas na unidade organizacional sob intervenção, operador por operador,
tendo como objetivo a elaboração de uma lista completa e minuciosa de todo o trabalho realizado. Esse levantamento é
importante, considerando a necessidade de identificação das atividades realmente desenvolvidas, não aquelas porventura
inscritas no regimento interno, se existente, nem as que o chefe, às vezes, pensa que são executadas.
Cabe um esclarecimento, para maior logicidade do raciocínio, ou seja, para dar ao estudioso uma idéia dos conceitos de
função, atividades e tarefas, o que faremos a seguir:
Função: corresponde a uma agregação de atividades análogas, interdependentes, que se encadeiam num único campo
especializado de trabalho, devendo, conseqüentemente, para sua maior eficácia, ter seu desenvolvimento alocado a uma
unidade organizacional específica, sob uma direção. É um conceito parecido com o de processo, no enfoque de gerador de
produtos.
SEGUNDA ETAPA
A segunda etapa do processo de departamentalização por grupamento de atividades homólogas consiste, então, na
constituição de grupos homogêneos das atividades e/ou tarefas identificadas, considerando, entre possíveis outros
indicadores, a analogia, a afinidade e a natureza das tarefas. Do levantamento processado, podemos constituir os seguintes
grupos:
a) Pessoal: (2), (10) e (12);
b) Material: (4), (8) e (14);
c) Finanças: (3) e (11);
d) Contabilidade: (1) e (13);
e) Serviços gerais: (5), (6) e (9);
f) Patrimônio: (7).
TERCEIRA ETAPA
A terceira etapa do processo consiste na avaliação dos grupamentos constituídos, visando decidir quais devam ser
institucionalizados sob a forma de unidades organizacionais. Para essa avaliação, ratificamos, devem ser considera- dos,
concorrentemente, os seguintes fatores:
1. complexidade da função (grupos homogêneos);
2. volume de trabalho desenvolvido;
Após a avaliação, admitindo-se, por hipótese, em face da inexistência de dados concretos, encontrados numa situação
real (v. g., natureza da empresa, objetivos da área de cuja estrutura participa, recursos disponíveis, processo político, aspectos
ligados à cultura, entre outros), que apenas os grupos de pessoal, material, finanças e serviços gerais justificariam sua
institucionalização como órgãos, restaria saber o que fazer com os grupos que não serão transformados em órgãos.
QUARTA ETAPA
A quarta etapa do processo deve ser desenvolvida no sentido de os órgãos criados absorverem os grupos que não
serão transformados em órgãos, o que pode ser feito mediante a internalização, nos órgãos criados, daqueles grupos com os
quais mantenham maior identidade de propósitos ou afinidade. Consideram-se os mesmos indicadores da segunda etapa.
Destarte, a parte de contabilidade seria absorvida pela de finanças, podendo a de patrimônio tanto ser absorvida pela de
finanças quanto pela de serviços gerais, se aquela ficar muito sobrecarregada com a absorção das atividades contábeis.
QUINTA ETAPA
Finalmente, temos os seguintes órgãos, criados em nível de seção: pessoal, material, finanças (com contabilidade) e
serviços gerais (com patrimônio). Prosseguindo, nessa quinta etapa do processo, devemos criar o nível de solução de conflitos,
ou seja, o gerente responsável pelo planejamento, organização, direção, coordenação e controle dos órgãos criados, já que
são todos de atividades-meio, devendo-se observar o critério de unidade de direção, preconizado por Fayol. Thompson
assevera que esse nível de solução de conflitos, responsá- vel pela coordenação dos órgãos, exerce papel muito importante na
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consecução dos objetivos organizacionais, podendo ser representado conforme a estrutura da Figura 7.5.
Por outro lado, o futuro progresso da empresa poderá levar a área de atividades-meio, ora departamentalizada, a uma
reorganização, o que seria feito por meio da subdepartamentalização das funções em nível de seção, criando-se um nível de
coordenação para cada função e, conseqüentemente, elevando o nível da chefia. Nesse caso, é bom ressaltar, o trabalho é
efetuado com a utilização do critério de agrupamento de atividades juntamente com o de divisão do trabalho, o que ocorre na
prática, inevitavelmente.
A estrutura poderia ser a representada na Figura 7.6, que não é a única, mas uma das possíveis, pois não deve passar
despercebida do analista organizacional a máxima segundo a qual o tipo de departamentalização existente em uma
organização resulta ou do processo da especialização ou de atos de poder.8
Seja qual for o método adotado, divisão do trabalho ou grupamento de atividades homogêneas, concluída a estrutura,
deve-se proceder à elaboração do respectivo regimento interno, definindo as atribuições dos órgãos integrantes da estrutura,
convindo ao leitor reportar-se ao exemplo constante do Apêndice E no final deste livro.
Podemos concluir que o objetivo da departamentalização não é preparar um belo organograma da organização, com
bastante equilíbrio estético, mas o de agrupar as atividades de maneira que melhor contribuam para que sejam alcançados
racionalmente os propósitos da empresa. Já se fez referência neste livro — e a experiência tem demonstrado — não existir
nenhuma fórmula, regra ou princípio cuja aplicação pudesse resolver satisfatoriamente o problema da escolha do critério a ser
adotado tanto para a departamentalização quanto para sua implementação. A dificuldade ainda aumenta na razão direta da
existência de conflitos interpessoais a serem superados na composição da solução final. Assim, além da inexistência de um
modelo ideal, a departamentalização sofrerá influências de fatores como o objetivo da empresa, sua importância social, sua
cultura interna, seus recursos — material humano — a tecnologia utilizada e alguns outros fatores.
A departamentalização por propósito dominante apresenta, segundo Gulick, entre outras, as seguintes vantagens:
proporciona a melhor execução de um propósito amplo ou função principal, porque inclui, sob o domínio de um único
dirigente, o conjunto de atividades indispensáveis à realização desse propósito ou função;
o dirigente não depende dos outros órgãos para atingir os produtos finais do órgão que dirige;
o público (interno ou externo) sente os resultados finais, compreendendo melhor os objetivos centrais.
São, igualmente, apresentadas, entre outras, as seguintes desvantagens, para a departamentalização por propósito
dominante.
há uma tendência à supercentralização, o que pode prejudicar a eficiência de seus serviços;
por possuir tudo o que precisa, para atingir seus produtos, não necessitando da assistência de nenhum órgão, o
departamento à base de propósito dominante pode assumir uma atitude e uma posição de completa independência em
relação a todas as outras atividades;
há o perigo da não-utilização de especialistas ou de que não se adotem os padrões técnicos mais modernos, pelo certo
obscurecimento na manipulação dos processos e técnicas na montagem da estruturas11
2. Processo dominante:
É a reunião, numa única estrutura, sob uma única direção, de todos os órgãos, atividades e pessoas cujos trabalhos
envolvam a manipulação de uma tecnologia, o exercício de uma certa profissão ou profissões afins ou a utilização de certas
habilidades especiais. Nesse caso, portanto, tanto podemos ter um órgão departamentalizado em nível setorial ou 22 nível
(departamento de processamento de dados), em nível funcional o 32 nível (serviços de estatística, de engenharia etc.) e em
nível de supervisão ou 1.2 nível (seção de tornearia, de fresagem etc.).
3. Clientela/Material:
É a reunião, numa única estrutura, sob uma única direção — sem que se considere o propósito do serviço ou as
técnicas de processo utilizadas — de to- dos os órgãos, atividades e pessoas que trabalham com determinado grupo de
pessoas ou com certa espécie de coisa ou material. Exemplificando, a Associação de Ex-Combatentes, que,
centralizadamente, cuida de todos os problemas desse tipo especial de clientes; é o mesmo caso das fundações nacionais de
atendimento aos silvícolas e menores (Funai e Funabem). Já a departamentalização definida como material é comum às
empresas privadas e grandes lojas, cujas unidades, chamadas lojas de departamentos, dedicam-se a certo tipo de artigo,
como jóias, móveis, brinquedos, eletrodomésticos etc., com seus próprios clientes e equipes de vendedores especializados,
como podemos encontrar no Carrefour, na C&A, entre outras.
Esse tipo de departamentalização, na teoria de Gulick, apresenta as seguintes vantagens:
uma pessoa que maneja sempre o mesmo tipo de material torna-se especialista em tratá-lo, assim como o profissional que
lida permanente- mente com o mesmo grupo de clientes se torna um profundo conhecedor, facilitando o relacionamento
com as partes;
verifica-se uma simplificação no contato com o público, podendo haver melhor coordenação;
os clientes reportam-se a um único órgão, sendo eliminadas as visitas em duplicata.
4. Área geográfica:
É a reunião, numa única estrutura, sob uma única direção — sem levar em conta o serviço que prestam ou a técnica
que usam — de todos os órgãos, atividades e pessoas que trabalham em determinada área. É a prática geral utilizada nos
governos territoriais ou coloniais. As forças armadas, também, dividem o país em regiões militares, comandos aéreos, distritos
navais etc. Outro exemplo, bastante significativo, é o dos órgãos de desenvolvimento regional, como a Sudam, a Sudene, a
Suvale, a Sudesul etc. Essa departamentalização pode ocorrer em qualquer dos três níveis gerenciais (setorial, funcional e
supervisão). Por exemplo, a Embratel possui, no segundo nível gerencial, em nível de departamento, diretamente
subordinadas à direção, regiões de operações, cuja jurisdição abrange vastas áreas regionais, envolvendo, cada uma, diversos
Estados de Federação. A essas regiões subordinam-se distritos de operações de terceiro nível, aos quais se subordinam
setores e seções, no quarto nível.
Segundo Gulick, a departamentalização por área geográfica apresenta as seguintes vantagens:
grande facilidade no planejamento, supervisão, coordenação e controle dos serviços executados na mesma área;
adaptação do programa total às necessidades da área servida;
maior cooperação do público local com as unidades localizadas na respectiva área.
São apontadas, como desvantagens desse tipo de departamentalização, entre outras:
crescente dificuldade de manter-se uma política de conjunto de âmbito nacional, estadual e municipal;
o perigo de uma administração acanhada e míope;
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alguma hesitação da administração central em delegar suficiente competência às gerências regionais.
1. Função:
Com a crescente complexidade da administração de quase todos os tipos de empresa, vem-se tornando cada vez mais
generalizada a departamentalização funcional. A característica principal e a grande vantagem desse agrupamento é a
especialização. As divisões funcionais destinam-se também a assegurar adequada consideração das atividades com que estão
relacionadas. Em alguns casos, as funções que parecem ser básicas nas operações de uma empresa rece- bem, quase que
universalmente, a condição ou status departamental num nível relativamente elevado. Entre essas funções, estão: produção,
vendas, finanças, programação, inspeção etc. Maior diferenciação funcional pode ocorrer por meio de níveis sucessivos na
hierarquia. Todavia, é bom esclarecer que entre os fatores que determinam a viabilidade da divisão em departamentos por
função, estão:
a) tamanho: o status departamental não pode ser atribuído a uma função, ainda que, sob outros aspectos, seja considerada
separada, caso o volume de trabalho não o justifique;
b) grau de controle desejado: caso o número de departamentos por função não se torne excessivo, a centralização por
funções resulta em melhor coordenação e controle das funções centralizadas. Exemplificando, não é provável que o volume
de trabalho de pessoal numa firma de 30 empregados justificasse um departamento de pessoal separado. Se uma
companhia é muito grande, a divisão em departamentos por função também poderia surgir dentro da administração e entre
os trabalhadores; o trabalho desenvolvido somente por um indivíduo é considerado parte insignificante no quadro total.
G
pr
Cabe lembrar, se a departamentalização envolver uma função principal, o critério, dentro do modelo de Gulick, recebe o
nome de propósito dominante. Assim, julgamos mais adequado utilizar o critério-função para os órgãos de 3º e 4º níveis
administrativos, somente. Como exemplo, a Figura 7.8 refere-se a uma estrutura departamentalizada por função.
Desvantagens:
tende a fazer perder de vista a empresa como um todo;
somente o chefe executivo pode ser responsabilizado pelo lucro.
2. Produto:
Como a divisão por função pode criar problemas, quando ocorre nos níveis superiores da hierarquia, o critério para o
agrupamento em departamentos nos níveis superiores talvez devesse ser algo mais do que a base de função. Assim, em
empresas altamente diversificados, a base de constituição dos órgãos passa a ser o produto (automóvel) ou grupo de produtos
afins (eletrodomésticos). A Figura 7.9 apresenta um exemplo desse gênero de departamentalização. Veja o texto do item 8.8.2,
no capitulo sobre estruturas, para melhor entendimento.
Personalização e Edição: Helvio Pimentel
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Antonio Cury - Organização e Métodos – Uma Visão Holística, Editora Atlas. 7ª Edição
A GMC, como se pode inferir do Apêndice A, é dividida em áreas de operação, cada uma das quais está empenhada na
manufatura e comercialização de um produto ou de um grupo de produtos relacionados (exemplo: automóvel,
eletrodomésticos, motores diesel etc:). Essa departamentalização em divisões de produtos pode minimizar os problemas de
coordenação associados à departamentalização em departamentos funcionais. Da mesma forma, também pode favorecer a
mensuração e avaliação do desempenho administrativo e de operação, assim como dar excelente treinamento e um campo de
provas para o pessoal executivo.
Já os problemas das estruturas de produtos multifuncionais assemelham-se muito aos da companhia completa, de
modo que os administradores de cúpula dessas estruturas obtêm uma diversidade de experiências funcionais. Outros critérios
de agrupamentos também compreendem uma variedade de funções dentro dos departamentos (exemplo: processo =
administração; função = pessoal, material, serviços gerais etc.).
Vantagens:
facilita o emprego de capital especializado;
facilita a coordenação, exercida em função do resultado final;
permite a utilização máxima da capacidade pessoal e do conhecimento especializado;
pode-se exigir dos gerentes dos órgãos de produção responsabilidade em relação aos lucros, pois normalmente são
responsáveis pelas vendas, produção, engenharia, serviços e custos.
Desvantagens:
pode levar a uma instabilidade nas estruturas de organização;
quando a área de produção é organizada dessa maneira, há uma forte tendência para forçar o agrupamento semelhante
nas vendas, compras, expedição, contabilidade, crédito, pois é difícil, em caso contrário, sincronizar essas atividades com
aquelas que se relacionam com as classes de produtos.
3. Tempo:
Quando, por necessidade do serviço, é acrescentado outro turno do trabalho, como é comum ocorrer em indústrias de
processo contínuo, empresas de serviços públicos de telegrafia, telefonia etc. Nesse caso, os problemas de organização
envolvem questões tais como: determinar o grau de atividade e autonomia das seções em cada turno, bem como as relações
entre os administradores especializados que trabalham apenas no horário normal e os homens que executam tarefas
semelhantes no horário extraordinário.
Entre as vantagens de departamentalização por tempo, podemos citar:
maior produção para uma mesma capacidade instalada;
ininterrupção dos serviços noturnos indispensáveis.
4. Quantidade:
O agrupamento por quantidade é aquele que ocorre quando o número de pessoas, embora exercendo uma mesma
atividade, é muito elevado para ser ad- ministrado por um único chefe, exigindo, assim, a criação de mais um grupo de
trabalho.
A especialização da mão-de-obra na época atual, baseada no fato de que o trabalho em equipe é mais eficiente do que
aquele estribado em simples números de pessoas, vem provocando o desuso desse tipo de departamentalização que,
entretanto, pode ainda ser encontrado nos níveis inferiores das organizações modernas. Como exemplo desse tipo de
agrupamento, podem ser citados o pessoal de limpeza urbana nas prefeituras municipais e os tecelões nas grandes empresas
da indústria têxtil, que são divididos em grupos para fins de supervisão. A Figura 7.10 ilustra essa modalidade de
departamentalização.
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Na realidade, geralmente não é possível a um administrador resolver seus problemas de departamentalização com a
simples escolha de um entre diversos critérios, como os especificados neste capitulo. O objetivo de se relacionar esses
critérios é possibilitar a análise de cada um, de modo que oriente sua aplicação dentro de uma organização. A maior parte das
empresas está organizada segundo um critério misto de departamentalização, utilizando muitos dos padrões que acabamos de
apresentar, ainda que haja ênfase num e noutro.
Portanto, esses critérios de departamentalização, sucintamente analisados, servem de base para um administrador
interessado em planejar ou alterar uma organização. Seu valor, destarte, é muito mais como sugestões para o
desenvolvimento de uma estrutura orgânica adaptada às necessidades da empresa do que como padrões a serem copiados e
adotados sem um mínimo de crítica.
Segundo Gulick, os estudiosos de administração, durante muito tempo, procuraram um princípio único de
departamentalização, do mesmo modo, como os alquimistas buscaram a pedra filosofal. Entretanto, a procura foi inútil, pois,
aparentemente, como esclarecemos neste livro, não existe o sistema ideal ou o critério perfeito de departamentalização.
Se considerarmos os quatro critérios básicos de Gulick — propósito, processo, clientela/material e área geográfica —
verificaremos que cada um deles está intimamente relacionado com os outros três, porque, em qualquer empresa, estão
presentes os quatros indicadores na realização do trabalho; vejamos, cada empregado está trabalhando com alguma
finalidade, utilizando certo processo ou técnica, tratando com algum tipo de pessoa e situando-se em algum lugar...
Evidentemente, ao definir o critério de departamentalização utilizado, o estudioso optará por aquele que lhe parecer mais
importante na definição dos ór- gãos integrantes da estrutura interna da empresa.
Comprovando essa assertiva, resultados de pesquisas, nas grandes empresas, têm demonstrado, de forma inequívoca,
que uma administração eficaz se fundamenta na centralização das decisões finalísticas, compreendendo não só a formulação
de políticas e as definições estratégicas, mas também uma acentuada descentralização das responsabilidades pelas decisões
sobre meios, instrumentais, envolvendo a tradução das políticas em objetivos, metas e atividades.
Por outro lado, convém ressaltar, no processo de descentralização, deve haver uma dosagem adequada, pois não
podemos ter uma empresa totalmente centralizada nem completamente descentralizada, competindo aos dirigentes encontrar
o ponto de equilíbrio na definição e implementação da política organizacional, segundo as pressões dos ambientes interno e
externo à empresa. Assim, reconhecendo que a distribuição do trabalho administrativo é um dos aspectos mais sutis do próprio
processo organizacional, como fator complicador, podemos encontrar variação no grau de descentralização de um órgão para
outro, dentro da mesma organização.
Hampton, numa síntese de natureza contingencial, assevera que um problema critico, com o qual as organizações
contemporâneas se defrontam, é o fato de, freqüentemente, a autoridade ganhar autonomia com relação à informação e à
competência. Todavia, as condições ambientais e as tarefas, nas em- presas, mudam com tanta rapidez e tão radicalmente
que os integrantes da alta administração, antes administradores eficazes, passam a estar mal informados e a tomar decisões
inadequadas, quando as tomam. Em decorrência do quadro clínico da cúpula, o processo de mudança pode privar os
empregados dos escalões operacionais das perspectivas e informações indispensáveis a seus corretos desempenhos. Em
conseqüência dessa perspectiva, os administradores têm sido forçados a procurar, continuamente, a fugidia "combinação
perfeita" entre autoridade, informação e competência. Hampton conclui:
quando eles concentram a autoridade e as decisões no topo da organização, esse processo chama-se centralização;
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quando eles as dispersam ao longo de todos os níveis administrativos, o processo recebe o nome de descentralização.
As conseqüências de um ou outro enfoque, por exemplo, pode ser inferido da análise dos sistemas autoritário (1) e
participativo (4), de Likert, no item 1.12 deste livro, Capítulo 1. A propósito, Likert, um sempre sagaz e percuciente analista
organizacional, em suas excelentes pesquisas, concluiu, por exemplo, que as dificuldades criadas pela forma de organização
funcional levaram muitas empresas a se voltarem para uma forma especial de organização de produto ou regional. A
descentralização, na base do produto, foi largamente usada para superar problemas criados pela funcionalização.
Optando pela descentralização, a empresa resolve alguns problemas, mas há outros: alguns lucros da especialização
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ficam perdidos; sacrificam-se, freqüentemente, as economias de escala, e se criam novos problemas de coordenação. A
descentralização está-se tornando, além disso, uma solução inadequa- da, à medida que as tecnologias vão ficando mais
complexas, tornando sempre necessária uma funcionalização mais extensiva. Mais ainda, a descentralização não elimina as
diferenças entre o corpo técnico ou entre os departamentos; somente muda o relacionamento de quem difere de quem sobre o
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quê. Para um melhor entendimento da observação de Likert, recomendo a leitura da parte relativa às estruturas modernas
(função x produtos) no Capítulo 8 deste Livro.
Dando um mergulho na história, baseados numa excepcional pesquisa de D'Estaing, vamos concluir que, em
decorrência do crescimento industrial e do advento da crise econômica de 1920, nos Estados Unidos, emergiu a filosofia da
descentralização. Também não podemos deixar de inserir nesse contexto a crise de crescimento das organizações complexas,
em decorrência da absorção de inúmeras pequenas empresas, numa estratégia de gestão, visando não só à verticalização da
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produção de componentes, mas também à diversificação de produtos e de mercados.
Nessas organizações complexas, apesar de figuras ilustres como Ford, Rockefeller, Mellon ou Cornejie, o expoente
máximo do esforço na adoção da política de descentralização foi Alfred Sloan Jr., da General Motors. A GMC absorvera uma
série de pequenas empresas de diferentes produtos, não conseguindo unidade nem eficácia em sua gestão. Sloan, com o
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apoio de uma equipe em que figurava James Mooney, reorganizou a GMC, agrupando serviços comuns, descentralizando
competências gerenciais aos administradores divisionais, coordenando seus esforços, graças à tarefa das comissões, e
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instaurando um controle sistemático de resultados.
Por outro lado, a Du Pont de Nemours adotou idêntica estratégia para a descentralização. Muito centralizada em sua
estrutura e muito especializada em seus produtos, a Du Pont enfrentou a crise econômica graças a adoção de uma política de
diversificação de projetos ligada a um esforço de descentralização. Um pouco mais tarde, a General Electric trilhou o mesmo
caminho, sob o comando de R. J. Cordiner.
Segundo D'Estaing, a descentralização é um estado de espírito, criado pela administração estratégica, que formula os
limites dentro dos quais se desenvolve e que assegura as comunicações necessárias e a formação dos homens que o
praticam. A política de descentralização é freqüentemente revista, devendo ser dinâmica, não podendo ser reduzida a
formulário e/ou instruções imutáveis.22
Podemos, em pequenos traços, esboçar o seguinte quadro de benefícios que uma adequada descentralização pode
trazer para a empresa, desde que, preliminarmente, se proceda a uma diagnose dos fatores intervenientes, externos e/ou
internos, com a conseqüente delimitação das atribuições e responsabilidades envolvidas:
A tomada de decisões, ocorrendo no próprio cenário das operações, pode apresentar a dupla vantagem da rapidez e do
menor risco, pela posse imediata das informações e o domínio total dos fatos pertinentes.
A administração estratégica liberta-se das incômodas operações cotidianas, dos níveis operacionais, devendo receber,
contudo, permanentemente, informações sobre os resultados.
Em conseqüência, a cúpula pode dedicar-se às decisões políticas, finalísticas, ao planejamento estratégico, aos aspectos
institucionais, manipulando a empresa como um sistema aberto, em constante interação com o ambiente exterior (clientes,
sindicatos, governo, fornecedores, tecnologia etc.). Deixa, assim, a administração estratégica de atender às pressões de
uma quantidade de problemas instrumentais, operacionais, que devem, com mais propriedade, ser decididos pelos níveis
subordinados, mas que lhe são submetidos por obrigação, receio, acomodação, insegurança ou ignorância.
O clima da empresa descentralizada é um fator estimulante, motivando os gerentes nos níveis operacionais, inclusive já
agora pela posse de informações eficientes, gerando um certo grau de confiança nos procedimentos a serem adotados. A
propósito, nada frustra mais um jovem executivo do que ser privado da participação no processo de tomada de decisões,
mormente quando deve responder por sua execução. Para maiores detalhes, recomendo a leitura da primeira parte do livro
de D'Estaing.23
Finalmente, como em todo e qualquer processo de mudança, para a plena eficácia da descentralização, é inegável a
importância de um programa integra- do de treinamento gerencial, envolvendo todos os escalões da empresa, possibilitando,
assim, uma adaptação progressiva a problemas gerenciais e a técnicas de tomada de decisões, de complexidade e de
conseqüências sucessivamente maiores, permitindo, inclusive, a escolha de futuros executivos para os níveis mais elevados.
Segundo Pfiffner e Sherwood, a descentralização ganhou ênfase na administração porque, de início, alguns estudiosos
a consideraram como certa maneira de vida que deveria ser adotada, pelo menos parcialmente, por fé; em segundo lugar,
apresentava-se como concepção idealista com raízes éticas na democracia; em terceiro lugar, constituiu-se na maneira mais
difícil de vida porque implicou mudanças de comportamento, em sentido contrário a tipos de cultura humana historicamente
24
enraizados.
Daí os escritos recentes sobre descentralização enfatizarem a forma de mudar o comportamento da organização. Os
indivíduos encontram dificuldade em delegar, em pensar em termos de abstrações necessárias ao planejamento a longo termo,
em escutar mais do que dar ordens, em avaliar outros indivíduos e o trabalho que fazem em termos de resultados globais, em
vez das irritações e tensões do momento. Entretanto, é essa a verdadeira solução para o comportamento que os chefes devem
ter em uma organização descentralizada.
Dessa forma, é forçoso concluir que a descentralização deve ser considera- da como os demais problemas
organizacionais, em termos de conveniência administrativa. Sempre que uma decisão puder ser mais bem tomada ao nível
operativo, com maior rapidez e favorecendo o completo exame dos vários fatores em causa, pode-se proceder logo a uma
descentralização da função respectiva.
Outrossim, convém repetir, tanto a centralização quanto a descentralização têm vantagens e desvantagens. Ao
administrador cabe a decisão de, levando em consideração todos os fatos pertinentes, encontrar o equilíbrio que resultará
numa administração eficiente.
Ronchi cita entre as vantagens da descentralização:25
rapidez nas decisões pela proximidade do lugar em que surgem os problemas;
eliminação dos conflitos entre os diversos serviços centrais, os quais, de outra forma, poderiam atribuir-se à competência
do problema;
identificação dos bons e maus resultados da atuação dos dirigentes periféricos;
aumento do moral e da experiência dos dirigentes locais, principalmente se jovens e em período de treinamento;
diminuição da esfera de controle do dirigente central.
Outrossim, não nos devemos esquecer que, sobre o grau de descentralização funcional de uma empresa, podem influir
diversos fatores, salientando-se:
as dimensões e a estrutura da empresa, pois com o crescimento de dimensões pode ser preferível conceder às unidades o
poder de decisão sobre os problemas que lhes digam respeito;
o andamento dos negócios, segundo o qual, em período de expansão da empresa, bem como de diminuição da
concorrência, pode ser conveniente iniciar a descentralização;
a política direcional e a atitude do chefe da empresa, para a implantação de sentido descentralizado à organização
periférica;
a natureza das várias funções a delegar;
as características de personalidade dos dirigentes, seu estilo gerencial, assim como a capacidade profissional dos
subordinados etc.;
a necessidade de impor padronização;
os riscos implicados.
A descentralização funcional, como se procurou demonstrar, está intima- mente associada à idéia de se alterar o
regimento interno da organização e os documentos decorrentes, para que a decisão relativa aos assuntos descentralizados
passe a ser da competência dos níveis inferiores. Ela é sistemática e organizacional.
Entretanto, o mesmo não ocorre com a delegação de competência, pois nesta não há alteração dos atos constitutivos
da organização. O chefe delega a competência em um documento formal apropriado (portaria, aviso, determinação etc.) que
deverá indicar com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada, as atribuições objeto da delegação e, se for o
caso, sua vigência.
Assim, a descentralização tem caráter permanente e é impessoal, enquanto a delegação tem caráter transitório e é
quase sempre pessoal, nominal. Na descentralização, a autoridade passa para o nível subordinado as atribuições e
responsabilidades, enquanto na delegação a autoridade continua responsável pela tarefa cometida a seu subordinado.
Portanto, a delegação, em sua essência, envolve uma responsabilidade dupla. A pessoa a quem se delega a
competência torna-se responsável, perante o superior imediato, pela realização do trabalho, continuando o superior, contudo,
responsável por fazer com que este dever se faça. Esse princípio de delegação, equacionado por James D. Mooney, é o centro
de todos os processos de organização formal.
Quando a organização transcende a possibilidade de liderança direta, deve-se seguir a particularidade de organização a
que podemos chamar subdelegação. O líder começa a delegar autoridade semelhante a sua própria, isto é, delega o direito de
delegação propriamente dito, envolvendo a mesma espécie de autoridade sobre outras pessoas. Temos, assim, o
prolongamento da cadeia escalar, que surge nas maiores organizações de todas as espécies. Entretanto, seja qual for o
comprimento da cadeia, o mesmo princípio deve estar presente na estrutura inteira. O subordinado é sempre responsável,
perante seu superior imediato, por fazer o serviço; o superior continua responsável por fazer com que ele se faça e esta
mesma relação continua até o líder máximo, cuja autoridade o torna responsável por tudo.
Deve ser ressaltado, por ser pertinente, que a maioria dos livros sobre a matéria não faz distinção entre
descentralização e delegação, acrescentando alguns que a delegação é o instrumento da descentralização.
2. Análise das decisões: mostra qual a estrutura de alta administração necessitada pela empresa e qual a autoridade e
responsabilidade que devem ter os diferentes níveis de gerência operacional.
Segundo Drucker, 90% das decisões são típicas, caindo num número diminuto de categorias; não havendo análise
prévia, cerca de 75% das decisões "saem em busca de um lar", caindo a maior parte em um nível de chefia mais elevado que o
necessário. Se a preferência pessoal, em lugar das necessidades objetivas da empresa, tiver o direito de controlar a origem
das decisões, tornam-se impossíveis a organização eficiente e o bom desempenho.
A principal causa do fracasso das empresas na consolidação de seu desenvolvimento é o fracasso do dirigente principal
na delegação daquelas decisões que já não mais devem caber-lhe.
A propósito do problema das decisões, no capítulo sobre Manual de Organização, introduzimos um exemplo de como se
pode maximizar o processo decisório, que é o Guia de Competências, instrumento de grande utilidade para qualquer
organização complexa.
3. Análise das relações: a tendência de só analisar o trabalho do chefe apenas em função das atividades que dirige, isto é, de
cima para baixo, é um erro. Deve ser analisada, de início, a contribuição que sua atividade deve dar à unidade maior da
qual é parte. As relações de baixo para cima devem ser analisadas em primeiro lugar. Também devem ser analisadas as
relações laterais, pois muito importante é a contribuição que o gerente dá aos gerentes de outras atividades, podendo ser
esta uma de suas mais importantes atividades. Finalmente, a análise das relações é indispensável não só para a decisão
sob qual espécie de estrutura é necessária, como também para a tomada de decisão vital sobre como deve a estrutura ser
guarnecida de pessoal.
Creio que o modelo apresentado serve como um ótimo guia para o estudo de estrutura, mormente nos processos de
reorganização estrutural-funcional. É óbvio que outros recursos podem ser acrescentados, como o processo de
departamentalização, cujas características são de grande utilidade na montagem final da estrutura.
Da análise procedida, podemos concluir que a estrutura de uma organização é o agrupamento das funções de acordo
com um certo padrão de autoridade. Exemplificando, o planejamento, a programação podem ser estruturados em uma unidade
organizacional, dirigida por um gerente geral, que poderá re- portar-se ao diretor de produção. A mesma técnica é aplicável a
outras funções principais da empresa, como descrevemos, por exemplo, no capítulo sobre departamentalização, cuja leitura
recomendamos, para melhor entendimento do processo.
Eventualmente, máxime nos tipos mais sofisticados, o organograma pode ainda representar:
o nome do dirigente do órgão;
o efetivo de pessoal do órgão;
o tipo de autoridade e/ou de ligação hierárquica existente etc.
No Capitulo 6 deste livro, Figura 6.1, o leitor encontrará o esqueleto de um organograma construído consoante as o
C
regras expostas e que serão observadas para todos os organogramas utilizados, como exemplos, ao longo deste trabalho. e
8.3.2 Funcionograma
O funcionograma é um gráfico de organização, de uso restrito aos respectivos órgãos adotantes, tendo como finalidade
principal o detalhamento das atividades/tarefas que compõem uma função, da qual se originou um órgão no organograma. o
"
Assim, o supervisor de um órgão, na prática, para melhor coordenar o trabalho, institui alguns módulos, integrados por -
equipes, cada um desenvolvendo um processo diferente, correspondendo a um agregado de atividades/tarefas afins.
Evidentemente, no organograma não figuram esses módulos nem suas atividades/tarefas, mas somente a função geral do
órgão. Em conseqüência, para um melhor entendimento do trabalho total, favorecendo uma eqüitativa distribuição de sua carga
entre os diversos subordinados, evitando, também, uma grande dispersão, com um mesmo empregado envolvido em diversas
e dis- pares atividades, o chefe adota o funcionograma, para uso exclusivo em sua ambiência interna. É óbvio, esse
funcionograma pode ter múltiplas utilidades, inclusive para processos de racionalização, análise da distribuição do trabalho,
padronização de atividades e fluxos, estudos de layout etc. O exemplo a seguir, retratando um caso concreto, é bastante
elucidativo (gráfico da Figura 8.1):
Identificação dos maiores obstáculos para a empresa: para esse tipo de análise, é fundamental a plena participação dos
diretores e altos gerentes da empresa. Assim, um exame minucioso dos obstáculos ou dificuldades da organização pode
trazer à superfície uma série de problemas sem qualquer ligação direta com a estrutura orgânica. Esse fato é importante,
pois é decepcionante mudar uma estrutura quando isso não é realmente necessário.
Outrossim, num diagnóstico situacional mais detalhado, nos níveis operacionais, nos moldes do preconizado na Análise
Administrativa, na Parte III deste livro, muita coisa importante pode ser identificada, quanto à situação-problema da empresa,
envolvendo dificuldades tecnológicas, gerenciais e sociais, cujo tratamento integrado é de fundamental importância para o
processo de reorganização, em curso.
Elaboração de estruturas alternativas: essa etapa é importante, permitindo à cúpula inferir a possibilidade de mais de uma
solução, em termos de estrutura, já que não existe a organização perfeita. É claro, cada alternativa tem seus pontos fortes
e fracos, que devem ser exaustivamente pesquisados.
Basicamente, quanto às alternativas estruturais, elas derivam dos critérios e/ou da combinação de diversos critérios de
departamentalização a serem adotados. Para essa etapa, sugiro ao leitor uma análise do capítulo precedente, sobre
departamentalização, em que, ao lado de uma abordagem eminentemente prática, estão expostos os diversos critérios que
podem ser adotados na composição da estrutura, com suas características, vantagens e desvantagens.
Teste das alternativas quanto às vantagens: etapa cujo objetivo é avaliar as diversas opções estruturais quanto às
vantagens e seu reflexo no comportamento da força de trabalho da organização. Cabe esclarecer, a argumentação pró ou
contra uma certa opção orgânica é difícil de ser negociada, emergindo, destarte, a otimização do comportamento da força
de trabalho, por exemplo, como uma referência objetiva para uma decisão consciente. Não deve ser esquecida, também, a
importância da alternativa quanto a facilitar o pleno atendimento dos propósitos estratégicos fixados pela cúpula, na etapa
inicial desse processo.
Opção pela melhor alternativa: finalmente, o processo é encerrado quando a alta direção da empresa optar pela estrutura
que, segundo sua ótica, otimizará a consecução dos objetivos da empresa, definidos no início do processo de mudança,
aumentando, em conseqüência, a saúde e a efetividade da organização.
Isso posto, voltamos à pesquisa de Chandler, na qual foram identificados os seguintes estágios na evolução das
grandes empresas norte-americanas:
1. As empresas, com a rápida industrialização e a urbanização, começaram a acompanhar a evolução, preocupadas com a
organização da produção, pessoal especializado, treinamento etc., possibilitando maior produtividade e a custos mais
baixos, apresentando as organizações grande crescimento. Nesse estágio, prevalecia a adoção de estruturas simples,
como a linear e a funcional.
2. Quando, verticalmente integradas, essas organizações entenderam que careciam de uma nova organização, permitindo
melhor coordenação de suas atividades, a fim de maximizar o atendimento das necessidades do mercado e a manutenção
de seus lucros, o que não era possível com as antigas estruturas, bem como com os processos e métodos de trabalho até
então utilizados. Criou-se, então, uma nova estrutura, centralizada, departamentalizada funcionalmente. Os especialistas
receberam treinamento para a coordenação das atividades funcionais e a administração central implantou mecanismos de
controle, para garantir a integração exigida, indispensável à satisfação das necessidades do público consumidor. Portanto,
construíram-se, nas organizações, complexas redes de comunicações, envolvendo desde as atividades do processo
industrial às exigências dos consumidores.
3. A terceira etapa começou quando algumas organizações verificaram que as oportunidades de expansão de seus mercados,
com os atuais produtos, estavam diminuindo, assim como as possibilidades de redução de seus custos unitários.
Conseqüentemente, essas empresas começaram a aumentar o número de produtos de suas linhas, a expandir suas
atividades em outros países e a produzir novos produtos para novos mercados.
4. A quarta e última etapa teve início quando essas empresas se conscientizaram de que suas estruturas organizacionais
funcionais, até então vigentes, e de que seus processos e métodos de trabalho decorrentes eram inadequados para
coordenar as atividades de produção e venda de diversos produtos em diferentes mercados. A solução foi a criação de
novas divisões, em que todas as atividades associadas a um produto ou a uma linha de produtos importantes e/ou afins
ficavam sob a autoridade de um gerente de divisão de produção. Obviamente, continuava existindo uma administração
central, quer para a tomada de decisões estratégicas, indispensáveis para garantir a efetividade e o crescimento da
7
empresa, quer para garantir a coordenação necessária entre as múltiplas estruturas divisionais, altamente diversificadas.
Portanto, por meio desses quatro estágios, podemos verificar que a evolução das estruturas organizacionais foi uma
decorrência da própria desenvolução das empresas. No primeiro estágio, podemos esclarecer que as estruturas adotadas
eram as mais simples, que rotularemos de tradicionais: linear, staff-and-line, funcional e colegiada. No segundo estágio, já
encontramos a estrutura com base em função, altamente centralizada, enquanto no quarto emerge a estrutura divisionária de
produtos. Esses dois tipos estudaremos como estruturas modernas.
Quadro 8.1 Ciclos de vida das empresas: três estágios e características das em- presas.
Características das Estágios do Cicio de Vida da Empresa
Empresas Empresa no Estágio I Empresa no Estágio II Empresa no Estágio III
(ou empresa pequena) (ou empresa integrada) (ou empresa diversificada)
Linha de produtos Um só produto ou uma só linha de Uma só linha de produtos. Muitas linhas de produtos.
produtos.
Rede de distribuição Um canal ou conjunto de canais. Um conjunto de canais. Muitos canais.
Estrutura organizacional Pouca estrutura formal; espetáculo de Especialização baseada em áreas Especialização baseada em relações
' um só homem. funcionais. de mercado-produto.
Transações de produtos/serviços dentro Nenhum padrão de transações dentro Transações integradas dentro da Padrão de transações sem integração.
da empresa da empresa. empresa.
Processo de organização das P&D Não institucionalizado; orientado pelo Busca institucionalizada de aperfei- Busca institucionaliza- da de novos
proprietário-administrador. çoamentos dos produtos ou processos. produtos e de aperfeiçoamentos.
Medidas de desempenho Por contato pessoal e por critérios Cada vez mais impes- soais, adotando Cada vez mais impessoais, adotando
subjetivos. critérios técnicos e de custo. critérios de mercado (retorno sobre o
investimento, participação no mercado).
Finalmente, embora não constando do estudo de Chandler, podemos acrescentar um quinto estágio nesse processo
evolutivo, correspondendo a um período, a partir dos anos 60, em que a estonteante taxa de progresso, sobretudo na área
tecnológica, levou as empresas à adoção de estruturas temporárias e/ou mistas, de que são exemplos as estruturas com base
em projeto e a matricial, que abordaremos na parte alusiva às estruturas contemporâneas.
Concluindo essa abordagem, será útil reproduzir os ciclos de vida do desenvolvimento das organizações em larga
escala, identificados por Scott, como vemos no Quadro 8.1.
Esse tipo de estrutura, dentro da teoria tradicional de administração, apresenta as seguintes vantagens:
aplicação simples;
fácil transmissão de ordens e recebimento de informações;
definição clara dos deveres e responsabilidades;
decisões rápidas;
fácil manutenção da disciplina;
baixo custo de administração.
Por outro lado, da mesma forma, são apresentadas como desvantagens da estrutura linear:
não favorecer a especialização;
organização rígida;
sobrecarregar a direção;
exigir chefes excepcionais;
não favorecer o espírito de equipe, de cooperação;
a excessiva centralização dificulta a substituição do chefe.
A estrutura linear é de larga aplicação nas organizações burocráticas e com alto grau de formalismo.
O tipo de estrutura funcional deriva do sistema de maximizar a eficiência numa fábrica. Esse sistema se caracteriza por:
separar funções de preparação das de execução;
receber um mesmo trabalhador ordens de mais de um encarregado.
Assim, para que o trabalho na oficina fosse executado com eficiência, Taylor colocou entre o operário e a direção dois
grupos de supervisores: o primeiro grupo era o de planejamento, composto dos seguintes encarregados:
encarregado das ordens de serviço: responsável pelo trajeto de peças, materiais e tudo o mais que se tornar necessário à
execução do trabalho;
encarregado das fichas de instrução: como o nome indica, é o responsável pela elaboração de formulários, onde se acham
inscritas todas as instruções necessárias à boa realização do trabalho;
encarregado dos tempos e custos: cuja função consiste em chamar a atenção dos encarregados de execução para as
fichas de instrução, registrar os tempos e apurar os custos de operação;
encarregado de disciplina: ou, como diríamos atualmente, das relações industriais, responsável pela administração,
colocação, dispensa e disciplina dos empregados.
O segundo grupo era o dos agentes responsáveis pela execução do trabalho, em que figuravam os seguintes
encarregados:
encarregado geral ou chefe de seção: responsável pela preparação do trabalho dentro da oficina e pela execução do
mesmo pelos operários, de forma que sejam obedecidas as rotinas e demais instruções;
encarregado pelo andamento da produção: responsável pela utilização de ferramentas e equipamentos e pela condução
eficiente do trabalho, inclusive em termos de velocidade;
inspetor: que se encarrega da verificação da qualidade do produto;
encarregado da manutenção: fiscaliza a limpeza, a conservação e o estado de funcionamento da maquinaria e toma
providências para que o trabalho não pare por causa de defeito nas máquinas, equipamentos e dispositivos de oficina.
Esse tipo de estrutura tem larga aplicação em trabalhos de natureza industrial, especialmente operários de linha de
produção ou montagens em grande volume.
Comumente, em termos de teoria administrativa, são apresentadas as seguintes vantagens da estrutura staff-and-line:
facilitar a participação de especialistas em qualquer ponto da linha hierárquica;
possibilitar melhor controle da quantidade e da qualidade;
tornar a organização facilmente adaptável a suas necessidades;
favorecer a execução do trabalho das unidades de linha;
utilizar em maior grau a divisão do trabalho;
promover maior eficiência.
Esse tipo de estrutura é muito utilizado em organizações de porte médio e em trabalhos técnicos ou técnico-científicos.
Também é de grande aplicação nos níveis intermediários das organizações de grande complexidade.
Esse tipo de estrutura é utilizado nas grandes organizações nos níveis de alta administração; no setor público, na
formulação de políticas e ostentações, como conselhos de assessoramento da presidência da República, por exemplo, em
decisões que envolvem interesses privados ou de controle geral etc. Também aplicável aos tribunais, de modo geral. Não é,
pois, aconselhável sua utilização em organizações de médio porte, não só por seu alto custo, mas também por exigir
características especiais de funcionamento.
O primeiro fator, obviamente, deriva da própria experiência dos administradores que, observando o funcionamento da
organização e diagnosticando as dificuldades na consecução dos objetivos, invariavelmente utilizam a mais antiga e mais
cômoda das estratégias de mudança: a adoção de uma nova estrutura. Esta, às vezes, não passa de uma modificação da
estrutura existente, o que pode culminar com a criação de modelos híbridos, oriundos das estruturas tradicionais. Deve-se
reconhecer, todavia, que essas soluções, apesar de certo grau de empirismo, muitas vezes dão resultado, se bem que quase
sempre a curto e médio prazos. Destarte, algum tempo depois, requerem novas, trabalhosas e onerosas mudanças.
O segundo fator, fundamentado no enfoque sistêmico, a seu turno, parte da premissa de que a preocupação inicial, em
problema estrutural-funcional, deve ser com a forma de agrupamento que possibilite melhor coordenação. Assim, a tônica é a
de relacionar as áreas básicas de decisões dentro da empresa e, depois, determinar-se as informações necessárias para a
efetiva tomada de decisões. Por conseguinte, as atividades são departamentalizadas visando, principalmente, minimizar o
tempo despendido na transmissão da informação. A coordenação é, assim, facilitada, em virtude de a informação chegar
correta e oportunamente aos responsáveis pelo processo de tomada de decisões, uma das dificuldades fundamentais das
estruturas e padrões tradicionais das organizações burocráticas.
Como terceiro fator, apresento a concepção de Becichard que, numa excelente síntese da dinâmica da sociedade
contemporânea, assevera que as empresas, produtos e tecnologias novos exigem estruturas e modelos diferentes para a
consecução de seus objetivos. Assim, é impossível montar uma nova espaçonave, que exige o esforço combinado de mais de
100.000 pessoas, espalhadas pelo país inteiro, da mesma forma ou dentro da mesma concepção estrutural, tipo pirâmide, que
seria satisfatória para montar um automóvel numa fábrica.9
Evidentemente, esses fatores, de uma sociedade em transformação, estão resultando numa variedade de formas
novas. Salientam-se, no campo das estruturas organizacionais, o advento e a proliferação de sistemas híbridos,
multidimensionais, que comportam, simultaneamente, subsistemas permanentes e temporários, desde os mais simples aos da
mais alta complexidade, culminando com a organização matricial, que combina a estrutura vertical, tradicional, com uma
estrutura superposta, horizontal, de coordenação.10
Como decorrência, na escolha da estrutura que melhor atenda aos objetivos de uma empresa, em determinado estágio
de seu desenvolvimento, o analista deve utilizar o modelo condicional, porque a solução está intimamente vinculada a fatores
11
intrínsecos do próprio sistema organizacional.
Personalização e Edição: Helvio Pimentel
22
Antonio Cury - Organização e Métodos – Uma Visão Holística, Editora Atlas. 7ª Edição
Feito esse intróito, passaremos ao estudo desses novos modelos de estruturas organizacionais, procurando mostrar
seus pressupostos, características e outros aspectos relevantes. Convém reafirmar, por outro lado, que essas novas
concepções estruturais — função, produto, projeto e matricial — representam soluções para o pleno atendimento de
estratégias estabelecidas em consonância com os estados de evolução das organizações, partindo da estrutura com base em
função, num extremo, até a solução de projeto, no outro. O sistema matricial de organização situa-se no ponto intermediário
dessa escala, realmente gradativa, desde a matriz fraca, tendendo para função, passando para produto, até a matriz forte,
encaminhando-se para a organização do tipo projeto.
Portanto, quando a empresa começa a identificar algumas das disfunções listadas, é sintoma evidente que sua estrutura
tornou-se incompatível com seus propósitos, não restando outra alternativa que sua reorganização estrutural-funcional.
Finalizando, a estrutura com base em função pode ser representada conforme a Figura 8.6. Essa estrutura, de forma
sintética, pode ser assim explicada:
Steiner e Miner entenderam que talvez a descoberta mais significativa de Rumelt tenha sido que as categorias expostas
16
separavam as empresas em grupos que apresentavam diferenças constantes e significativas de desempenho financero.
Outras pesquisas realizadas na Europa evidenciaram:
as empresas inglesas, embora adotassem as estruturas divisionais, não conseguiram obter todas as vantagens da
divisionalização, como as empresas norte-americanas, porque não criavam os mecanismos apropriados e não tinham os
conhecimentos e as capacidades adequadas para implantar e difundir a sua estratégia estrutural-funcional (Channon);
entendemos que a perda da eficácia da descentralização das empresas inglesas foi a falha em seu projeto e na
administração dos correspondentes mecanismos de integração;
Inglaterra, França, Itália e Alemanha apresentavam tendências de estruturas divisionais. Seus dados revelavam um
aumento significativo das empresas com muitas divisões e uma queda substancial das organizações com um só produto.
Essa pesquisa, de Scott, concluiu que a diversificação não era a única responsável pela existência de divisões. Em
condições de poucas pressões de concorrências, uma estratégia de diversificação pode ser administrada de diversas
maneiras. Entretanto, quando a concorrência se intensifica, os administradores voltam-se para a estrutura por divisões,
porque ela é a maneira mais eficaz de se administrar uma organização altamente diversificada. 17
Prosseguindo, retomamos a idéia da estrutura divisionária, salientando que Bergamini, analisando o trabalho de Allen,
acrescenta que a estrutura divisional resultou no parcelamento da estrutura com base em função, primitiva, em uma série de
órgãos menores — gozando de uma autonomia operacional por vezes acentuada —, os quais são, até certo ponto, miniaturas
básicas, funcionais da empresa. Não obstante, em virtude da complexidade da ambiência organizacional, estrategicamente, há
a tendência de se manter, centralizadas, algumas estruturas funcionais de serviços, não só assessorando a alta administração,
18
com seus múltiplos colegiados, mas igualmente prestando eventuais serviços de apoio às estruturas divisionárias.
Ratificando a assertiva de Bergamini, encontramos a estrutura da divisão Oldsmobile da General Motors, consoante se
19
infere na Figura 8.7, em que se verifica a departamentalização funcional interna.
Figura 8.7 Divisão de produção Oldsmobile de carros e caminhões da General Motors (1968), adaptado de Gibson e outros.
E embora originalmente a divisionalização tivesse surgido com base no produto, hoje são encontradas estruturas
divisionárias com base em área geográfica, serviços, função, processo, unidades de negócios etc., ou ainda combinações
desses diversos fatores de organização. O que ocorre nesses casos é uma combinação da filosofia da estrutura divisional com
os diversificados critérios de departamentalização, já analisados no Capitulo 7. A Figura 8.8 retrata a idéia de uma estrutura
Personalização e Edição: Helvio Pimentel
25
Antonio Cury - Organização e Métodos – Uma Visão Holística, Editora Atlas. 7ª Edição
divisional múltipla, simplificada quanto aos órgãos funcionais centrais, não divisionalizados.
A estrutura divisional por produto corresponde ao parcelamento do órgão central de produção, funcional, em unidades
autônomas, tendo como objetivo a fabricação de um produto especifico (= automóvel) ou de um grupo de produtos similares (=
eletrodomésticos). A estrutura divisional geográfica é aquela em que as atividades-fins da organização são
departamentalizadas, de forma estratégica, com vistas à área ou à região a ser atendida. Tanto quanto o modelo divisional por
produto, a estrutura divisionária geográfica, na realidade, é uma reprodução, em tamanho reduzido, da organização, com suas
principais funções, englobando cada região, em sua estrutura interna, órgãos fins e órgãos meios, segundo a natureza de seus
objetivos. A estrutura divisional por serviços é utilizada especialmente por empresas prestadoras de serviços, como
telecomunicações, comunicações de dados, informática etc. Sua estruturação interna, como nos demais tipos, é variável,
segundo a natureza do serviço, contendo órgãos adjetivos e órgãos substantivos.
Finalmente, a estrutura divisional por processo ou função, em geral, pode ser encontradiça nas estruturas das empresas
petrolíferas, nas indústrias de processos, como as de alumínio, acearia, siderurgia etc. desde que altamente diversificadas.
Estas últimas, por exemplo, têm órgãos departamentalizados para pesquisas, extração, tratamento, fabricação e distribuição.
As empresas petrolíferas têm agrupamentos para exploração, produção, refino, comercialização, distribuição etc. Como se
constata, nesses casos, a estrutura divisional é diretamente relacionada aos processos ou funções básicos das empresas, não
se identificando com produtos, serviços ou áreas servidas. Finalmente, no item 8.11, incluímos um exemplo de estrutura
divisional, por unidade de negócios.
A propósito, é significativo esclarecer, a estrutura divisionária tem pouca aplicação no Brasil; primeiro, por seu caráter
altamente descentralizador; segundo, pelo grau de autonomia de gestão que oferece a seu gerente; e, finalmente, em terceiro
lugar, porque, no interesse político de distribuição de cargos e outros favores, inexplicavelmente inseridos em nossa cultura
empresarial, é muito mais proveitoso criar subsidiárias, com suas diretorias, do que estruturas divisionais, como acontecia com
as estatais dos sistemas Telebrás, Petrobrás, Siderbrás, Eletrobrás etc., em que o papel político, estratégico, era
desempenhado pela holding do sistema, ficando a diretoria das subsidiárias com o papel meramente das decisões
instrumentais. Nas empresas brasileiras, aliás, o conselho de administração, salvo raras exceções, e assim mesmo no plano
privado, é um órgão meramente figurativo. Tanto esse nosso comentário é verdadeiro que, para privatizar essas estatais, o
governo reduziu seu número.
Voltando à estrutura divisional, analisando-se o organograma da Figura 8.8, verifica-se que sua cúpula é colegiada,
caracterizando, portanto, uma organização complexa, de grande porte. O Apêndice A, no final do livro, apresenta dois modelos
de macroestrutura divisionária, a da GMC e a da GEC, com essas características.
Cabe acrescentar, por pertinente, subordinados também à administração estratégica — seja diretoria, vice-presidência
e/ou administrador-delegado — portanto, no mesmo nível das divisões de produção (= administração de cúpula da produção
ou administração setorial), podemos encontrar os departamentos ou serviços centrais, especializados, agrupados por processo
ou função, desen- volvendo atividades-fins ou substantivas (P&D, marketing, produção etc.) e meios ou adjetivas (recursos
humanos, suprimentos, finanças etc.) no caso, essencialmente como órgãos centrais de sistemas (veja o item 4.8.1), portanto,
de caráter normativo, de coordenação e de avaliação para toda a empresa, inclusive assessorando a cúpula e atendendo,
quando solicitado, às divisões de produção.
Concluindo, vamos analisar, de forma sintética, as principais características, vantagens, desvantagens e aplicações da
estrutura divisional, com ênfase para o modelo de produto.
Características da estrutura divisionária:
unidimensional: sua base é um produto; um grupo de produtos similares; o processo de trabalho; serviços; área geográfica;
área de negócios etc.;
atividades díspares (pesq. & des., produção, marketing etc.), mas vinculadas a um objetivo final específico (automóvel ou
eletrodomésticos), são grupadas em uma mesma unidade organizacional, com denominações e estruturação interna
específicas, denominada "divisão de produção de...";
a estrutura divisional resulta do parcelamento da estrutura com base em função, primitiva, em uma série de órgãos
menores, considerados, até certo ponto, miniaturas básicas, funcionais, da empresa;
cada divisão desenvolve um único produto ou um grupo de produtos afins; desenvolve um único processo de trabalho; se
volta para uma região definida;
desenvolver uma área de negócios da empresa etc.;
objetivos permanentes, atuando mesmo em ambientes instáveis;
Assim, a adoção do conceito de administração de projeto tem sido, inegavelmente, influenciada pelos rápidos avanços
tecnológicos, complexos industriais em mudança e tempos críticos de uma sociedade em rápidas e radicais transformações. A
administração de projetos, em conseqüência, foi a solução encontrada para a administração de um projeto específico que, por
seu porte, complexidade, importância, tecnologia emergente, com um fim definido e um envolvimento organizacional, exigindo
relações horizontais e diagonais, vem justificar sua exclusividade.
Em linhas gerais, as técnicas de administração de projetos são necessárias quando:
existe um objetivo multilateral, para o qual muitas pessoas e muitas organizações relativamente independentes trabalham
juntas, existindo pressões tanto para melhorar o produto quanto desenvolver o esta- do da tecnologia;
os planos estão sujeitos a mudanças, requerendo flexibilidade organizacional;
os riscos são altos e os fatores de incerteza tornaram difícil predizer o futuro;
a integração do projeto exige a contribuição simultânea de dois ou mais elementos funcionais e/ou organizações
independentes;
o projeto é do tipo que requer estudos adiantados de viabilidade e desenvolvimento;
o cliente exige uma abordagem de projeto orientado;
27
existe um clima de administração que permite a diminuição temporária de relações informativas dentro da organização.
Youker, por exemplo, entende que, se a ambiência organizacional indicar incerteza e complexidade altas, diferenciação
média, tecnologia nova e grande dimensão, o tipo de estrutura com base em projeto é o mais apropriado.28 Nesse caso, todos
os recursos para se atingir determinado objetivo, que se enquadra nas concepções de projeto, como analisado neste item, são
separados da estrutura com base em função, de rotina, e agrupados em uma unidade independente, chefiada por um gerente
de projeto, que deverá ter sob sua orientação todos os especialistas alocados, podendo estes dedicarem sua atenção e seus
esforços ao projeto a ser desenvolvido. Isso é altamente produtivo, pois a necessidade de coordenação de um projeto pode ser
muito maior do que a de coordenação entre projetos, já que esta pode ser planejada com antecedência, enquanto aquela exige
contatos e consultas diárias entre os integrantes do projeto.
Definida a institucionalização da administração de projetos para um deter- minado empreendimento, é indispensável
agrupar o pessoal envolvido, constituindo-se uma estrutura de organização indispensável ao trabalho em equipe. De um modo
geral, o enfoque para a montagem da estrutura é o mesmo desenvolvido neste livro, no capítulo sobre departamentalização,
máxime nos itens 7.3 e 7.4 do Capítulo 7. De qualquer forma, para melhor informar o leitor, em paralelo, seria útil a pesquisa
em obras especializadas, de uma das quais foi elaborado o resumo que será agora exposto, apresentando uma abordagem
específica sobre o desenvolvimento da administração de projetos.29
Em principio, o fluxo a ser seguido, para se iniciar um projeto, poderia ter a seguinte seqüência lógica, conforme
diagrama da Figura 8.9.
Definir as funções do projeto: listar todas as funções que o projeto irá desempenhar.
Montar a estrutura organizacional: formalizar relações de autoridade a cada posição da estrutura organizacional.
Definir as atribuições das funções: associar responsabilidades e autoridades a cada posição da estrutura organizacional.
Agrupar e/ou contratar o pessoal: contratar elementos para cada posição (= função ou módulo) da estrutura organizacional
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ou recrutar os indivíduos, disponíveis ou não, existentes na organização, observadas as prioridades do projeto.
Segundo ainda o Manual de Engenharia de Sistemas do Inpe, na administração de projetos deve-se dar atenção não só
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à administração de rotinas (necessidades atuais) como também à pesquisa e desenvolvimento (necessidade futura =
planejamento a longo prazo). Por outro lado, devemos dar atenção à escolha e relacionamento humano e líderes de grupo dos
projetos, como também às facilidades tecnológicas indispensáveis aos grupos de trabalho. Em conseqüência, uma estrutura
31
organizacional de projetos deve conter quatro elementos principais.
Apoio aos grupos de especialistas: facilidades tecnológicas dadas pela empresa aos vários grupos compostos de
especialistas dos projetos.
Gerência: cada gerente de projeto é um agente unificador do mesmo com respeito a cronogramas, recursos, pessoal,
material, tecnologia e interfaces.
Administração de rotinas: executar as atividades de relacionamento entre tarefas.
Pesquisa e desenvolvimento (planejamento a longo prazo): relacionamento com o progresso nas áreas de especialidades e
com o desenvolvimento de planos futuros da empresa.
Finalmente, a representação gráfica de uma estrutura com base em projeto, considerando os pressupostos expostos
neste item, pode ser o da Figura 8.10.
Como se depreende do organograma, a empresa, ao lado de sua área de serviços (= recursos humanos, suprimento,
serviços gerais etc.), mantém suas áreas funcionais normais (engenharia, produção, pesquisas, marketing etc.), criando, para
cada projeto a ser desenvolvido, uma estrutura específica, de caráter temporário. Dentro da estrutura de projetos, encontramos
dois grupos de assessoramento e de coordenação, um de Engenharia de Sistemas e outro de Planejamento e Controle de
Projetos, além dos grupos funcionais, que executam as tarefas específicas vinculadas a suas especialidades, cujo número e
especialização varia segundo a natureza do projeto. Concluindo, poderíamos acrescentar, de forma resumida, as funções dos
dois grupos de assessoramento:
Recapitulando, a organização funcional é fundamentada na técnica, ao passo que a de projeto é uma estrutura com
objetivo definido, como um produto. Acrescenta Youker, ambas são estruturas unidimensionais em um mundo
multidimensional: o problema, em cada uma delas, é conseguir o equilíbrio necessário entre o objetivo a longo prazo dos
33
departamentos funcionais quede vem desenvolver valores técnicos e os objetivos a curto prazo do projeto.
VIII111111111 III111VII11111111
Conseqüentemente, a estrutura matricial poderia ter a representação gráfica apresentada na Figura 8.12, evidenciando,
além de uma estrutura vertical, dos departamentos funcionais, uma estrutura horizontal, representada pelos coordenadores de
Projetos/produtos e, finalmente, uma estrutura vertical, independente, de apoio, centralizada, permanente, para evitar
dissipação e redundância em certas atividades, propiciando, enfim, um suporte à direção geral da empresa.
Características da estrutura com base na matriz:
multidimensional, por se utilizar de características de estruturas permanentes, por função, produtos e por projetos;
é permanente, sendo temporários apenas os grupos de cada projeto;
é adaptativa portanto, flexível, permitindo atentar-se para a máxima segundo a qual quanto mais complexa a ambiência
organizacional tanto mais complexa deve ser a estrutura da empresa;
tenta dar ênfase às vantagens e superar as desvantagens das estruturas por função, por produto ou por projeto;
combina a estrutura hierárquica vertical tradicional com uma estrutura superposta, horizontal, de coordenadores de
projetos/produtos.
Youker, baseado em Cleland e King, assevera que se pode minimizar as desvantagens apontadas por meio de uma
definição clara dos papéis, responsabilidades e autoridade de cada um dos atores. O coordenador de projeto/produto
especifica o que pode ser feito e o gerente do departamento funcional é o responsável pela maneira de fazê-lo. Portanto, uma
definição da relação entre as gerências poderia ser assim representada:
Gerente de projeto/produto:
atividade gerencial de direção e avaliação do projeto/produto;
planejamento, proposição e implementação da política de gerência do projeto/produto;
assegurar a compatibilidade do projeto/produto com os compromissos da organização.
Gerente funcional:
manter as tarefas dentro do cronograma e do orçamento;
estabelecer a política funcional e as normas de procedimento;
selecionar elementos de direção devidamente capacitados;
35
manter a qualidade técnica dos serviços prestados por seu órgão.
Coordenador funcional: técnico do departamento funcional designado como responsável pelo apoio a um
projeto/produto qualquer, por exemplo, coordenador da função de marketing para o projeto ou produto A:
indivíduo-chave, sendo o ponto focal de todas as atividades do projeto ou produto A, dentro do departamento de marketing;
reportando-se ao gerente de marketing, é uma pessoa de confiança, responsável por todo o apoio funcional ao projeto ou
produto A;
36
deve planejar e controlar ativamente os esforços da função para o atendimento ao projeto ou produto A.
Concluindo, essas novas concepções estruturais exigem que as pessoas integrem diversos grupos, subordinando-se a
diversos chefes/coordenadores, lutando contra o tempo e as limitações de recursos e dedicando-se a diferentes e
diferenciados programas. Evidentemente, essas perspectivas requerem dos técnicos maior capacidade de tolerância em
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Antonio Cury - Organização e Métodos – Uma Visão Holística, Editora Atlas. 7ª Edição
relação a um aumento de ambigüidade, maior competência profissional, com vista à tomada de decisões e ao planejamento e,
finalmente, certa maturidade profissional, em face da necessidade de enfrentar situações tensas e conflitantes.37
Concluindo este capitulo, o Quadro 8.2, desenvolvido a partir de uma idéia inicial de Youker, com modificações e
ampliações do autor, serve de excelente indicador para se decidir a melhor estrutura, segundo a diagnose da ambiência
organizacional.
Quadro 8.2 Tipo de estrutura segundo a ambiência organizacional.
Estrutura mais Adequada
Características Organizacionais
Função Divisional Matriz Projeto
Ambiente Estável Relativa Instabilidade Instável Muito Instável
Incerteza Baixa Média Alta Muito Alta
Complexidade Baixa Média Alta Muito Alta
Diferenciação Baixa Alta Alta Média
Dimensão Produto/Projeto Pequena/Média Média/Grande Média/Grande Grande
Tecnologia Utilizada Tradicional Complexa Muito Complexa Nova
Duração Produto/Projeto Curta Média Média Longa
Cliente Diversos Diversos Médio Único
Importância Produto/Projeto Pequena Média Elevada Elevadíssima
Tempos Críticos Baixos Médios Relativamente Elevados Elevadíssimo
Natureza Estrutura Permanente Permanente Mista Temporária
Diversificação Produto/Mercados Pequena Elevada Média Nenhuma
8.10 ESTRUTURAS ELEMENTARES: UNITÁRIA (U), HOLDING (H) E MULTIDIVISIONAL (M) E O GOVERNO
CENTRAL. A TESE DE OUCHI
Fundamentado no trabalho de Williamson, da Universidade de Yale, cria- dor da hipótese M, em
microeconomia, segundo a qual "as grandes empresas com estrutura M serão mais rentáveis do que grandes
empresas de qualquer outro tipo", Ouchi defende a tese de que existem somente três estruturas elementares que
as corporações em larga escala podem adotar: a estrutura unitária (U), a holding (H) e a multidivisional (M).38
Para um melhor entendimento dessa interessante postura, farei um pequeno resumo das três concepções
organizacionais, entremeando aqui e alhures alguns dados e referências adicionais para estudo complementar.
Portanto, cada unidade orgânica é totalmente dependente das demais, tendendo, assim, a empresa, mormente as
largamente diferenciadas, a ser alta- mente centralizada. Decorre desse fenômeno a problemática de o executivo do nível
estratégico não poder dirigir cada chefe funcional, maximizando a obtenção de lucro, consoante seu entendimento, porque
nenhum departamento tem uma medida de rentabilidade.
A avaliação do desempenho dos grandes departamentos (como dos ministérios, no governo central) implicaria a
presença do dirigente de cúpula acompanhando as operações de cada unidade, informado sobre os detalhes do trabalho,
concentrando-se nas operações cotidianas, mas perdendo, com isso, o desenvolvimento de uma postura institucional,
estratégica, de longo prazo, e privando-se, com freqüência, da maior parte da direção e do objetivo da organização, tendendo,
40
desse modo, a empresa U a ser de pouca efetividade, nos grandes empreendimentos.
Procurando uma aproximação, altamente válida, dentre a problemática da organização e a de um governo central,
Ouchi assevera que a coisa mais próxima a uma sociedade U é uma economia de planejamento central do tipo soviético (antes
da abertura), em que o aparelhamento do governo central dirige as atividades não apenas de cada setor da indústria, mas
também de cada fábrica, por meio de um grande mecanismo burocrático, ficando os executivos, em vez de tentarem maximizar
41
lucro, procurando atingir os alvos burocraticamente estabelecidos. O Brasil é um país onde igualmente é grande a influência
das intervenções do governo central na economia, atingindo drasticamente as empresas, públicas e privadas.
A filosofia implantada com a nova estrutura era a mesma das empresas que, nas nações mais desenvolvidas, vêm
adotando a estrutura divisional, se não vejamos:
a gestão da empresa é amplamente descentralizada para as áreas de negócios;
cada dirigente de área de negócios passa a ser o responsável pelas metas e pelos resultados e age como se fosse o dono
do negócio;
cada unidade de negócios opera com custos próprios e relaciona-se com outras áreas da companhia de uma forma
comercial, como se elas tivessem uma razão social diferente;
para poder avaliar resultados de cada área, foi criada, internamente, na empresa, uma contabilidade com critérios distintos
da convencional;
foi criada, também, uma moeda de referência, equiparada ao dólar, corrigida com base no IGPM-FGV, representando a
medida de eficiência de cada unidade.
Portanto, pela nova filosofia organizacional, indispensável ao desenvolvi- mento da estratégia preconizada, cada área
de negócios é um centro de lucros da empresa — como na estrutura divisional —, sendo avaliada isoladamente, em termos de
seu desempenho. Uma controladoria faz o acompanhamento mensal, na ponta do lápis, do desempenho de todos os negócios.
Quinn, outro entrevistado, acredita que não existem mais equipes e sim unidades independentes de colaboração, que
funcionam ad hoc (de acordo com a situação). Essas unidades baseiam-se na capacidade de autoconvocação para discutir um
problema e buscar soluções. Segundo a revista, Quinn atreve-se a repensar a empresa como uma adhocracia — conceito de
sua autoria, associado à nova economia, na qual qualquer estrutura cede lugar ao caos criador.49 Gostaria de fazer um reparo
à assertiva da revista, pois, como consignado no item 4.4 deste livro, o autor do termo adhocracia é Alvin Toffler.
Lipman-Blumen & Leavitt descrevem, a seguir, um quarto e novíssimo tipo de equipe: o hot group, grupo temporário e
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altamente criativo que tem um pouco de "unidade ad hoc", um pouco de "equipe de verdade". Segundo eles, embora seja difícil
de controlar, esse grupo age como um estimulante que acelera o metabolismo das empresas, para resolver problemas ou para
inovar.50
Finalmente, encerrando o dossiê, uma reportagem da revista CIO mostra que as equipes começam a levar em
consideração algo até há pouco tempo desprezado: as emoções. A intensidade emocional da equipe retratada provou que
pode ser responsável por incríveis façanhas de renúncia em benefício dos outros, tornando-a mais produtiva e capaz de
51
resolver os conflitos que sempre desafiam sua viabilidade.
Como vimos, há consenso de que as organizações de alto desempenho de- vem trabalhar com equipes, mas não há um
modelo único para que essa opção seja implementada nas organizações que buscam atingir esse patamar de desempenho.
Em seu livro, de grande sucesso, O Guia dos gurus, Joseph e Jimmie Boyett esclarecem que a melhor abordagem para uma
organização adotar esse novo design deve passar pela observância dos seguintes pontos críticos:
1. "Que tipos de equipes serão usados e como devem se dar a coordenação técnica e a tomada de decisões?
2. Quais serão os papéis e as responsabilidades de gerentes, supervisores, líderes de equipes e membros da equipe?
3. Que novas habilidades os gerentes, supervisores, líderes de equipe e funcionários precisarão para funcionar efetivamente
52
na nova organização?"
Segundo os citados autores, as equipes, na opinião dos gurus, são o alicerce da organização de alto desempenho,
sendo impossível chegar ao alto desempenho sem elas. Assim, ganha importância na arquitetura da nova organização a
decisão do número e tipo de equipes que deverão existir na nova organização. Dentro as inúmeras equipes listadas na obra
em estudo, destacamos as seguintes equipes:53
equipes de trabalho: são os que devem projetar, fabricar e oferecer um produto ou um serviço a um cliente externo ou
interno;
equipes de melhoria: são as que fazem recomendações de mudanças na organização, processos e/ou tecnologia, a fim de
melhorar a qualidade, o custo e/ou o cumprimento dos prazos de entrega dos produtos e a realização dos serviços; são
equipes temporárias, criadas para lidar com problemas ou projetos específicos e depois são dissolvidas;
equipes de integração: são as responsáveis pela coordenação do trabalho em toda a organização. São usadas como
vínculos entre as equipes de trabalho e/ou as equipes de melhoria. As equipes gerenciais representam uma forma especial
de equipe de integração, sendo responsáveis pela formulação estratégica e avaliação do desempenho das outras equipes.
As equipes de trabalho e as equipes de melhoria podem ser de natureza funcional ou interfuncional. As funcionais são
semelhantes aos departamentos das organizações tradicionais e as interfuncionais são estruturadas com profissionais de
54
diversas disciplinas diferentes.
Finalmente, os autores demonstram como uma empresa prestadora de ser- viços ao setor bélico — projetando sistemas
de navegação — substituiu a estrutura tradicional, funcional, retratada na Figura 8.16, por uma arquitetura organizacional de
alto desempenho, ilustrada pela Figura 8.17. Como se infere da análise dos esquemas referidos, os departamentos funcionais
de engenharia elétrica e de engenharia mecânica foram extintos e criados em seus lugares dois grupos de desenvolvimento de
software, transformados em equipes de trabalho interfuncionais, formadas por engenheiros de software, elétricos e mecânicos.
O grupo de integração de sistemas foi substituído por uma equipe interfuncional de integração de sistemas, igualmente
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integrada por engenheiros de software, elétricos e mecânicos.