Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE LIVERPOOL A BUCKINGHAM
Resumo: este artigo começa por contar o início da história dos famosos Beatles, desde
a sua cidade natal, Liverpool, passando pela decadente Hamburgo, e mostrando a
sua ascenção prodigiosa até ao lançamento do primeiro single. Na segunda parte, indi-
vidualmente, descreve a origem de cada um dos membros da banda e o lugar onde
viveram. Numa terceira parte, com base na publicação inglesa Burke’s (1938), faz-se
uma pequena abordagem à Ordem do Império Britânico e aos Cavaleiros Bacharel para
enquadrar o momento em que os FAB 4 de Liverpool são agraciados como Membros do
Império Britânico. A parte final do trabalho descreve uma análise crítica sobre os brasões
de armas concedidos a Sir Paul McCartney e a Sir George Martin, produtor da banda.
Abstract: this article starts at the beginning of the story of the famous Beatles, from their
hometown, Liverpool, through decadent Hamburg, and showing their prodigious rise
until the release of their first single. In the second part it describes the origin of each of
the members of the band individually and the places they lived. In a third part, based
on the english publication Burke’s (1938), an extract from is made to the Order of the
British Empire and to the Knights Bachelor to frame the moment in which the FAB 4
of Liverpool are graced as Members of the British Empire. The final part of the work
describes a critical analysis of the coat of arms given to Sir Paul McCartney and Sir
George Martin, the band’s producer.
169
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
“The Beatles were so big that’s it’s hard for people not alive at the time to realize
just how big they were... They were huge!”
1. O início
170
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
quer outra banda, o objectivo principal de John é actuar ao vivo para o maior
número de pessoas. E para isso, qualquer lugar serve! Até no meio da rua, se for
preciso, ou em festas de amigos. E foi esse o
desejo de John!
O dia 6 de Julho, desse ano de 1957,
vai alterar para sempre o rumo da História da
música popular. Os Quarry Men actuaram
na festa da Igreja Paroquial de St. Peter, em
Woolton, e para assistir ao concerto, Ivan
Vaughan levou um amigo do Liverpool
Institute para ir vê-los tocar. No final, fez
questão de apresentar a John o seu amigo:
Paul McCartney! No início, John foi frio
no trato como sempre, mas passado pouco
tempo, quando Paul mostrou que sabia
tocar bem e até afinar uma guitarra, este
jovem rapaz de quinze anos foi convidado
para entrar para a banda. E tinha outra coisa
em comum com Lennon: também gostava
de compôr. E a dupla estava formada!
Pela primeira vez, no dia 7 de Agosto, 6
os Quarry Men tocaram no Cavern Club, Fig. 1 - Programa da festa da Igreja de St.
Peter. (Rep. / Col. do Autor)
em Liverpool. Paul McCartney não esteve
presente por estar num acampa-
mento de Verão dos escuteiros. O
Cavern era uma antiga adega que
tinha sido usada durante a
segunda Guerra Mundial como
abrigo. O bar, situado no número
10 da Mathew Street, abriu as
suas portas em Janeiro de 1957,
pela mão de Alan Sytner, que
tinha planeado fazer um local
semelhante ao “Le Caveau Fran-
çais”, um clube de jazz parisiense, Fig. 2 - Cartão de Visita dos Quarry Men. (Rep. / Col.
do Autor)
biógrafos darem a autoria ao primeiro. Aqui neste trabalho, decidimos adoptar a grafia usada no
cartão de visita da banda.
6
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 14-15.
171
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
172
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
criação do Liverpool Institute for Performing Arts (LIPA) em 1995. Paul McCartney continua
intensamente ligado ao LIPA, comparecendo todos os anos à entrega de diplomas e também
dando aulas ao seus estudantes. In JONES, Ron, The Beatles’ Liverpool - The Complete Guide,
Liverpool, Liverpool History Press, 2014, pp. 28-31.
13
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, pp. 45-49.
14
INGHAM, Chris, The Rough Guide to The Beatles, London, Rough Guide Limited, 2003, p. 6.
15
Mark Lewisohn escreve no “The Complete Beatles Chronicle”, na página 13, que os Quarrymen
estavam todos na sessão com a excepção da participação de Colin Hanton e que este não estava
presente nesta sessão de gravação em Kensington, Liverpool, no Verão de 1958. Mas segundo
as próprias palavras de Paul McCartney numa entrevista a Lewisohn, para além de John, Paul e
George, estavam presentes Colin Hanton na bateria e Duff Lowe no piano, este último amigo
da escola de McCartney. Mas nesta mesma entrevista McCartney também se engana ao afirmar
que é ele que está na voz principal. Na verdade é Lennon e Macca está apenas nas harmonias.
Nos áudios desta sessão, pode-se ouvir perfeitamente a bateria como parte do conjunto. A
música “In Spite of All The Danger” foi baseada na música “Tryin’ to Get to You”, do primeiro
álbum editado no Reino Unido por Elvis Presley. In LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles
recording sessions - The Official Story of The Beatles Abbey Road Years, Introductory interview with
Paul McCartney, London, EMI Records Limited, 1988, pp. 6-7.
16
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 176-179.
17
ROBERTSON, John, The Art & Music of John Lennon, London-New York-Sidney, Omnibus
Press, 1990, p. 4. (Nota do Autor: John Robertson é o pseudónimo de um distinto jornalista
musical britânico. Existem fortes indícios para que Robertson seja na realidade Peter Doggett,
jornalista e colaborador das revistas Record Collector, Mojo, Q e GQ, com um extenso trabalho
escrito sobre os Beatles.)
173
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
membros, Ken Brown, perguntou a Harrison se tinha alguma solução para resolver
o problema. George chamou John e Paul e, juntamente com Brown, actuaram no
Casbah durante seis semanas, todos os sábados, até ao dia 10 de Outubro de 1959.
Devido a confusões com pagamentos, John, Paul e George foram-se embora
e deixaram de tocar no bar e com Ken. Após estas semanas, com alguma experiência
e confiança, os Quarry Men inscreveram-se para participar, em Manchester, no
concurso de talentos de Carroll Levis, mas re-baptizam temporariamente o nome
da banda para Johnny and The Moondogs. Por causa de algumas eventualidades,
a meio da participação, tiveram que voltar para Liverpool principalmente por não
terem dinheiro onde passar a noite. 18 O ano de 1959 acaba numa dissipação nebu-
losa sem muitas expectativas para o futuro próximo da banda.
Começa agora uma nova fase... e um novo ano de 1960!
Em Janeiro do novo ano, John traz o seu amigo íntimo e colega no Art
College, para a banda. Stuart “Stu” Sutcliffe, um artista original e brilhante, de 19
anos de idade, não tinha qualquer ambição nem talento musical. Após ter ganho
algum dinheiro com os seus quadros na Bienal John Moores Exhibition, uma
exposição na célebre Walker Art Gallery, em Liverpool, John conseguiu convencê-
-lo a “investir” essa quantia num baixo eléctrico, um Höfner President.
Liverpool é uma cidade portuária onde chegava facilmente bastante merca-
doria vinda dos Estados Unidos através dos navios mercantes. Para os jovens
rapazes daquela época, o principal era obter discos de música vinda do outro
lado do Atlântico, como Elvis Presley, Eddie Cochran, Bill Haley, etc. Um desses
artistas que John Lennon admirava bastante era Buddy Holly and The Crickets.
Influenciado pela nome Crickets (grilos, em português), surgiu-lhe a ideia de
Besouros (Beetles, em inglês), e resolveu fazer um trocadilho com o termo musical
Beat. 19 Numa entrevista para o jornal Mersey Beat, 20 John Lennon afirma que o
18
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 12-13.
19
ERWING, John, The Beatles, London, Carlton Books, 1994, p. 18.
20
Mersey Beat, publicação musical que se editou entre meados de 1961 e o final 1964. Mersey
Beat é também a designação genérica para o pop/rock originário das centenas de conjuntos
musicais, provenientes da região de Merseyside, com Liverpool à cabeça, do final da década
de 50 e início de 60, do séc. XX. Saber qual surgiu primeiro, é o mistério, mas uma coisa
é certa, a ligação é umbilical. Em 1961 Liverpool era um viveiro de conjuntos de rock’n’rol,
embora não passassem de êxitos locais, tirando algumas excepções, como Billy Fury, que teve
êxito a nível nacional. Perante este cenário, Bill Harry, que era amigo de muitos dos músicos da
época, tendo sido colega de escola de John Lennon, ou de elementos dos Rory Storm and The
Hurricanes, Derry and Seniors ou dos Cass and The Cassnovas, verdadeiras estrelas da região
de Merseyside, tinha pretensões a jornalista, começou a registar tudo o que ia acompanhando.
Desde concertos a alterações nas formações ou curiosidades sobre o meio musical de Liverpool,
do qual era testemunha privilegiada. A ideia de editar um jornal sobre a musica local, surgiu
174
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
nome Beatles surgiu-lhe numa visão, em que um homem em cima de uma torta
em chamas (flaming pie) 21 lhe disse: “A partir de hoje vocês vão chamar-se Beatles,
com um A!” 22 23
Segundo Hunter Davies, não há certeza de quem foi ao certo o “autor” do
nome The Beatles. Mas pensamos que não é bem assim! Paul e George recordam
que foi John que um certo dia veio com a ideia. E Lennon ainda chegou a pensar
em Crickets, o que provocou o riso em McCartney por já existir uma banda com
esse nome. 24 John e Stu viviam no mesmo apartamento no número 9, da Gambier
Terrace, em Liverpool. 25 E sabe-se que foi no seu apartamento que numa noite o
nome surgiu. Stuart Sutcliffe ainda sugeriu que fosse Beatals, mas Paul e George prefe-
riram a versão de Lennon. Foi aqui que nasceu o nome da banda: THE BEATLES!
depois de ver goradas as tentativas de publicar os seus artigos no “Liverpool Echo” ou no “Daily
Mail”, jornais generalistas que não davam qualquer importância à emergente cultura juvenil
ligada ao rock n rol. As publicações nacionais, “Melody Maker” ou “New Musical Express”,
apenas publicavam sobre os grupos que atingiam o estrelato nacional, pelo que também não
eram alternativa para os artigos de Bill Harry. Tendo arranjado um financiador, avançou então
com a publicação quinzenal do “Mersey Beat”, dedicado ao fenómeno musical local, e tendo
beneficiado também do crescimento deste, essencialmente através de bandas como Gerry and
The Pacemakers, Searchers e, acima de todos, The Beatles, com os quais sempre teve relações
muito próximas. Através da já referida amizade com Lennon, este escreveu vários artigos para
o “Mersey Beat” nos primeiros anos. Mas também através de Brian Epstein, futuro empresário
dos Beatles e proprietário de uma das maiores lojas de Discos de Liverpool, que mantinha uma
coluna na publicação, falando sobre os novos lançamentos discográficos de então. Esta ligação
era tão forte, que alguns dos concorrentes locais dos Beatles, chegaram a apelidar, a publicação,
de “Mersey Beatles”, aludindo a alegados favorecimentos na divulgação do trabalho dos Fab
Four, em detrimento de outros conjuntos da região. (texto do meu amigo Paulo Bastos, músico
e especialista em assuntos sobre a British Invasion)
21
Por curiosidade, Flaming Pie é o nome do 10º disco a solo de Paul McCartney editado em
1997. Este álbum saiu a seguir à “Beatles Anthology” (1995), e por influência, o título foi
inspirado no célebre sonho que Lennon teve sobre o nome da banda. In ROBINSON, John, An
affectionate remembrance of Fab time past, “The Ultimate Music Guide - Paul McCartney”, Issue
#10, London, UNCUT Magazine - Time Inc., 2014, p. 86.
22
ERWING, John, “The Beatles”, London, Carlton Books, 1994, p. 11.
23
Numa entrevista em 1964, John Lennon disse: “I was looking for a name like the Crickets that
meant two things, and from Crickets I got to Beetles. And I changed it to B-E-A because it didn’t
mean two things on its own as B-double-E. So I changed the E to A and it meant two things - when
you said it people thought of crawly things, and when you read it, it was beat music.” (entrevista a
Jim Steck, KRLA-AM, Los Angeles, a 26 de Agosto de 1964)
24
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 69.
25
JONES, Ron, The Beatles’ Liverpool - The Complete Guide, Liverpool, Liverpool History Press,
2014, pp. 33-34.
175
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
Mas como o nome não era apreciado pelas pessoas fora da banda e, por
sugestão de Brian Cassar (dos Cass and The Cassanovas), foram aconselhados
a alterar o nome para Long John and The Silver Beetles, porque estava na moda
bandas com nomes extensos. Como John Lennon recusou a ser apelidado de Long
John, resolveram alterar só para The Silver Beetles. Assim, partir de Abril de 1960,
os Quarry Men voltaram a actuar, mas agora como The Silver Beetles!
Durante o mês de Maio, os americanos Eddie Cochran e Gene Vincent
foram cabeças de cartaz no Liverpool Empire, promovido pelo famoso empresário
londrino da época, Larry Parnes. Nesta altura, os Silver Beetles estavam a ser agen-
ciados por Allan Willams, o qual geria o bar Jacaranda, entre outros. Allan conse-
guiu arranjar uma parceria Parnes-Williams para um espectáculo de uma só noite
no Liverpool Stadium, na Bixteth Street, onde figuravam para além de Cochran e
Vincent, Davy Jones, The Viscounts, Colin Green and The Beat Boys (incluindo
Georgie Fame), Peter Wynne, e várias bandas de Liverpool, tais como Cass and
The Cassanovas e Rory Storm and The Hurricanes, esta última tendo como bate-
rista Richard “Ritchie” Starkey.
Parnes estava impressionado com o poder dos Merseyside rock and rollers e
começou a perceber que havia muitos artistas com talento em Liverpool, mas a
maior parte com falta de banda de suporte.
Infelizmente, antes do concerto, a 17 de Abril, com destino ao aeroporto
de Londres, vindos de um concerto em Bristol, Eddie Cochran e Gene Vincent
tiveram um desastre de carro que resultou na morte do primeiro e ferimentos
graves em Vincent. Larry Parnes não quis cancelar o concerto, contratou entre
outros, mais algumas bandas de Liverpool, como Gerry and The Pacemakers.
Mas todo este movimento entre Parnes e Williams teve bons resultados
para o lado de John, Paul, George e Stu. Como a banda estava incompleta, Allan
Williams tinha assegurado como baterista, Tommy Moore, de 36 anos de idade.
Numa das viagens que fizeram, houve um pequeno acidente de viação, levando
Moore a desistir da carreira de músico e a regressar à sua antiga profissão. No dia
14 de Maio, foram actuar em Seaford, Liverpool, e num pequeno cartaz aparecem
como The Silver Beats. Logo a seguir, a 21 desse mês, aparece entre outras bandas,
Johnny Gentle and his Group. Claro que “his Group” eram os Silver Beetles, que
companharam como banda de suporte o cantor pop Johnny Gentle na sua tourné
pela Escócia. Em outras participações, aparecem designados como Johnny Gentle
and the Silver Beetles. 26
Através de Allan, os Silver Beatles, agora com um “A”, actuaram num club
ilegal de strip que lhe pertencia assim como, várias vezes, no Jacaranda, que [ainda]
26
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 18-27.
176
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
177
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
noite, começaram logo a tocar no Indra Club. E aí, tocaram 48 noites até ao dia
3 de Outubro. No dia a seguir, a partir do dia 4, actuaram mais 58 noites no The
Kaiserkeller, na mesma rua que o anterior, até ao dia 30 de Novembro. Neste
último, costumavam tocar alternado com os Rory Storm and The Hurricanes.
As condições de alojamento não eram as melhores em Hamburgo. E às vezes
as coisas não corriam da melhor maneira e, quando os Beatles estavam deprimidos,
a pensar que o grupo não iria a lado algum, John Lennon costumava dizer: 32
178
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Para agravar a situação, George tinha menos que 18 anos e, segundo as leis
germânicas daquela altura, não podia estar num bar nocturno depois da meia-
-noite. 35 Harrison foi deportado e em pouco mais de 24 horas estava de novo em
casa, mas sem dinheiro. Entretanto, para concluir calendário, os Beatles tocaram
o mínimo indispensável no Kaiserkeller, preferindo antes irem socializar e tocar a
sua música para o Top Ten. Peter Eckhorn ofereceu aos 4 uns beliches no sótão do
seu bar. Não era um hotel de 5 estrelas, mas comparado com os alojamentos ante-
riores, era um verdadeiro luxo. Por causa de uns incidentes, Paul e Pete foram presos
e também deportados pela polícia de Hamburgo. Antes de serem deportados, os
Beatles negociaram com Peter Eckhorn o agendamento de um mês no Top Ten
Club para Abril. Allan Williams não tinha conhecimento destes acordos...
A Paul e Pete, seguiu-se John. A polícia alemã já andava no encalço de
Lennon que voluntariamente regressou de comboio na manhã de 10 de Dezembro
com destino a Inglaterra. Apesar de Stuart estar também a ser seguido pela polícia,
este conseguiu esconder-se na casa de uma amiga por quem se tinha apaixonado,
Astrid Kirchherr. 36 Sutcliffe só regressou a Liverpool no final de Fevereiro. 37
Em Dezembro regressaram a casa. Voltaram a actuar no Casbah, o bar de
Mona Best, que os recebera com cartazes a anunciar o “Return of the Fabulous
Beatles!”, desenhados por Neil Aspinal. 38 Na ausência de Stuart, durante umas
quatro actuações, este foi substituído no baixo por Chas Newby. 39 Durante este
período, os Beatles actuaram, para além do Casbah, em vários lugares, entre eles,
Cassnova Club e Jacaranda. Allan Williams agendou para a banda na véspera de
35
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 24.
36
Astrid Kircherr (1938, Hamburgo), é uma fotógrafa e artista alemã que teve um papel de
relevo na vida e na imagem dos Beatles. As fotografias mais emblemáticas da banda da fase de
Hamburgo são de sua autoria. Foi namorada de Stuart Sutcliffe até à sua prematura morte. In
BLACK, Johnny, Scaling The Toppermost, Issue #9, London, MOJO - Special Edition - John
Lennon, Winter 2000, p. 25.
37
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 25.
38
Neil Aspinall é, para além de amigo chegado dos Beatles, considerado o seu braço-direito. Colega
de escola de Paul e George e amigo de Pete, começou por ser o motorista e road manager da
banda. Mais tarde viria a ser o executivo da Apple Corps, empresa dos Beatles. In LEWISOHN,
Mark, I’m with the band, Issue #24, London, MOJO - The Music Magazine, Special Collectors
Edition, November 1995, pp. 40-41.
39
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 24-25.
Os Beatles estavam periodicamente sem baixista porque Stuart continuava em Hamburgo e,
Pete Best, começou por sugerir Ken Brown, antigo membro dos Blackjacks, para substituir
Stuart. Como Brown estava a viver em Londres e havia alguns conflitos entre eles, declinou a
oferta e tiveram que tentar outro ex-membro da antiga banda de Pete, o guitarrista Chas Newby,
o qual aceitou ajudar a banda. Newby tem duas particularidades em comum com Paul: nasceu
a 18 de Junho e também era canhoto.
179
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
180
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
181
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
47
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 444-445.
48
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 33.
49
“Cry For A Shadow” (Harrison-Lennon) foi editado como single em 1964, tendo como Lado
B, “Why” (Crompton-Sheridan). O single está em nome dos Beatles, mas “Why” está creditado
como Tony Sheridan and The Beat Brothers.
182
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
50
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 36-37.
51
As músicas gravadas foram: “Besame Mucho” (Velasquez-Shaftel), “Hello Little Girl” (Lennon-
McCartney), “The Sheik of Araby” (Smith-Snyder-Wheeler), “September In The Rain” (Dubin-
Warren), “Three Cool Cats” (Leiber-Stoller), “Love Of The Loved” (Lennon-McCartney),
“Menphis Tennessee” (Berry), “Till There Was You” (Willson), “Crying, Waiting, Hoping”
(Holly), “Like Dreamers Do” (Lennon-McCartney), “Money” (Gordy-Bradford), “Searchin’”
(Leiber-Stoller), “Sure To Fall” (Perkins-Cantrell-Claunch), “To Know Her Is To Love Her
(Spector) e “Take Good Care Of My Baby” (Goffin-King). In ROBERTSON, John, The
Complete Guide To The Music Of The Beatles, London-New York-Sidney, Omnibus Press, 1994,
p. 129.
52
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 52.
53
Numa visita que Brian Epstein fez aos escritórios da Decca, em Londres, Dick Rowe e Sidney
Arthur Beecher-Stevens insistiram que “The Beatles won’t go, Mr. Epstein. We Know this things.
You have a good record business in Liverpool, why not stick to that?” Epstein ripostou de imediato:
“You must be out of your minds, these boys are going to explode. I am completely confident that one
day they will be bigger than Elvis Presley!” In LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle,
London, Pyramid Books, 1993, p. 53.
54
BEAUMONT, Mark, The World’s Greatest Rejects, Beatles Anniversary Issue, London, NME -
The Beatles - The Inside Story of The Audition That Nearly Destroyed Them, 31 December
2011, pp. 10-41.
183
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
55
A Parlophone é uma label da EMI Records que naquela altura tinha um baixo orçamento,
poucos artistas de sucesso e pouco prestígio. In LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles
Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 53.
56
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 56-58.
57
Mesmo George Harrison estava com vontade de ver Best fora da banda e foi falar com os pais de
Ringo para saber se podia abordá-lo acerca da hipótese de se juntar aos Beatles. In LEWISOHN,
Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, p. 58.
184
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Esta fase foi uma mancha na história dos Beatles. Pete Best esteve com eles
durante dois anos e, no final, foi Brian Epstein que deu a infeliz notícia a Best no
dia 16 de Agosto. Não merecia esta falta de coragem por parte dos seus band-
-mates. Quando se soube desta notícia em Liverpool, os fãs de Best ficaram irri-
tados ao ponto de destruírem o carro novo
de Brian e de este precisar de andar com
seguranças durante alguns dias na Mathew
Street.
No dia 4 de Setembro, John, Paul,
George and Ringo apanharam um avião
para Londres para gravar uma segunda
sessão. Gravaram duas músicas: “Love Me
Do”, de Lennon e McCartney, e “How
Do You Do It”, de Mitch Murray. George
Martin não ficou satisfeito com o take de
“Love Me Do”. Para o dia 11 de Setembro,
Martin chamou o músico de estúdio, Andy Fig. 5 - Single Love Me Do / P. S. I Love You
White, para gravar “Love Me Do”. Nesta (Parlophone 45-R 4949). (Col. do Autor)
185
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
58
LEWISOHN, Mark, The Complete Beatles Chronicle, London, Pyramid Books, 1993, pp. 58-59.
59
N. do A. - Apesar de ter devolvido as insígnias de MBE, penso que John Lennon não perdeu o
estatuto.
60
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 5.
61
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 5.
62
Jack Lennon e Mary “Polly” Maguire aparecem como casados no registo do seu primeiro filho,
John Lennon, primeiro do nome. Mas de facto não eram por ter havido impedimento devido a
ele ser católico e ela protestante. In LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years,
vol. 1, New York, Crown Archetype - Penguin Random House Company, 2013, pp. 21-22.
63
Cerca de meio milhão de irlandeses emigrou para Liverpool durante os anos de 1845 e 1854. In
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, p. 21.
186
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
64
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 21-22.
65
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 6.
66
Seu pai, outro William Henry Stanley (1814-1902), era natural de Londres foi casado com
Susannah Sarah New, natural de Parramatta, New South Wales, arredores de Sidney, Austrália.
187
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
George Ernest e Annie Jane não se pôde efectuar por impedimento de serem
católicos e protestantes. 67
Desta relação nasceram duas das pessoas mais importantes na vida de John
Lennon: a sua mãe Julia Elizabeth (12.3.1914, Liverpool - 15.7.1958, Liverpool)
e a sua tia Mimi, Mary Elizabeth (24.4.1903, Liverpool - 6.12.1991, Poole).
Fred Lennon e Julia Stanley casaram a 3 de Dezembro de 1938, no
Mount Pleasant Register Office, às 10 horas da manhã. A família Stanley não
ficou muito contente com este casamento, principalmente a sua irmã Mimi. No
Verão de 1940, Julia descobre que está grávida. Ninguém sabe onde está Fred.
John Winston Lennon nasce no Maternity Hospital, na Oxford Street. Chama-se
Winston em homenagem a Winston Churchill.
Por volta dos seus quatro anos, a sua mãe foi viver com outra pessoa, 68 e
John passou a viver entre a casa da mãe e de a casa da tia Mimi e do tio George,
em Woolton. Entretanto, Fred Lennon foi buscar o seu filho a Woolton e levou-o
para Blackpool. Mas quando estava de partida para a Nova Zelândia, Julia foi
buscar John. Esta foi a última vez que Fred Lennon viu o filho até ele se tornar
famoso em meados dos anos sessenta. 69
John voltou para Liverpool, mas não foi viver com a sua mãe, Julia. Em
vez disso, foi viver definitivamente para a casa de sua tia Mimi e de seu tio George
Smith. Quando estava com sua mãe, esta ensinou-o a tocar banjo que tinha
aprendido com o seu pai, o avô de John.
O número 251 da Menlove Avenue, em Woolton, era conhecido como
Mendips. A casa geminada, com as suas janelas art nouveau, onde Lennon viveu
até à sua adolescência, ficava situada nos subúrbios de Liverpool, num sítio onde
viviam médicos e advogados, como disse Lennon, numa entrevista. 70 Comparado
com os outros Beatles, de facto Lennon era o que vivia numa situação melhor.
Julia Stanley passava cada vez mais tempo em casa de sua irmã Mimi. A
sua relação com John estava cada vez mais próxima e tinham muitas coisas em
67
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 22-23.
68
Ainda casada com Alfred Lennon, Julia teve uma relação amorosa com um soldado galês que se
chamava Taffy Williams de quem teve uma filha, em 1945, que deu para adopção. Em 1964,
quando John Lennon teve conhecimento desta irmã, tentou encontrá-la, mas sem êxito. Esta
sua imã, Victoria Elizabeth, nunca chegou a conhecer John. Um ano depois do nascimento de
Victoria, Julia começou a sair com John Dykins. Desta relação nasceram mais duas filhas: Julia
(1947) e Jacqueline (1949).
69
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, pp. 8-9.
70
“MENDIPS - Woolton, Liverpool”, The National Trust, 2014.
188
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
comum para partilhar. 71 Numa dessas visitas, e quando saía às 21h40 foi atrope-
lada ao atravessar a Menlove Avenue, por um polícia que estava fora-de-serviço. 72
Morreu no dia 15 de Julho de 1958. Foi um momento de grande perda para John
que, três anos antes, tinha visto morrer o seu tio George com quem tinha uma
enorme afinidade. 73
_______________
71
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 52.
72
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 53.
73
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 180-185.
74
LENNON, John, Walls And Bridges, United Kingdom, PCTC 253, EMI Records Limited -
Apple Record, 1974.
75
MACLYSAGHT, Edward, Irish Families, Their Names, Arms and Origens, Dublin, Allen Figgis
and Company Limited, 1972.
189
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
James (IV) Paul McCartney nasceu a 18 de Junho de 1942, numa ala privada
do Hospital de Walton, em Liverpool. A sua família pertencia à classe trabalhadora
comum e nesta altura estava-se no auge da guerra, mas Paul teve esse privilégio uma
vez que a sua mãe tinha sido enfermeira encarregada da maternidade. E foi-lhe
dado um tratamento especial quando o seu primeiro filho estava para nascer. Mary
Patricia tinha largado o hospital no ano anterior e para se tornar parteira. 77
Paul é filho de James (III) “Jim” McCartney (n. 7.7.1902, Liverpool - †
18.3.1976, Liverpool), que estava ausente no seu nascimento devido ao seu trabalho
como bombeiro voluntário durante a segunda Guerra Mundial, e de Mary Patricia
Mohan (Mohin) (n. 29.9.1909, Liverpool - † 31.10.1956, Liverpool). Deste casa-
mento, houve mais um filho, Peter Michael (n. 7.1.1944, Liverpool) 78. Apesar de
ambos serem baptizados na fé Católica por causa da sua mãe, o pai passou de protes-
tante a agnóstico. 79 Mary Patricia é filha de Owen Mohin (n. 19.1.1880, Mona-
ghan, Irlanda) e de Mary Theresa Danher (n. 1.4.1877, Liverpool). Tanto o lado
paterno como materno são originais da Irlanda e ambos os ramos são católicos. 80
James (III) McCartney trabalhou no comércio do algodão. Naquela altura era
um trabalho para a vida. Com 28 anos ganhava £250 81 por ano. Não era um grande
76
MAYER, Allan J., AGREST, Susan, YOUNG, Jacob, Death of a Beatle, in “John Lennon 1940-
1980”, Number 51, New York, Newsweek Inc - The Washington Post, December 22, 1980, pp.
15-26.
77
N. do A. - Em inglês Health Visitor ou Midwives.
78
N. do A. - Michael “Mike” McCartney é fotógrafo e, nos anos sessenta, fez parte de uma banda
chamada “Scaffold”, com o pseudónimo Mike McGear, para não haver nenhum vínculo ou
influência do irmão Paul.
79
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 23.
80
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, p. 26.
81
Em 1930, o valor de £1, comparável com o valor da libra em 2013, era de £43,46. Por isso,
Jim McCartney ganhava o equivalente a £10,865 por ano. In LEWISOHN, Mark, Tune In
190
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
salário, mas ainda assim razoável. Jim era novo demais para ter lutado na primeira
Guerra Mundial e demasiado velho para a segunda. Quando o comércio do algodão
foi encerrado por causa da guerra, McCartney foi mandado para a Napiers, uma
empresa de engenharia de máquinas. James and Mary casaram em 1941. Durante o
dia continuava a trabalhar na Napiers e à noite como bombeiro voluntário. 82
James (III) é filho de Joseph “Joe” McCartney 83 (n. 23.11.1866, Liver-
pool) e de Margaret Florence “Florrie” Clegg (n. 2.6.1874, Liverpool), cuja a
família era oriunda de Onchan, na Ilha
de Man, que se estabeleceu em Everton.
O avô paterno de Florrie chama-se
Robert Clegg e era oficial de justiça 84.
Esta família vivia em plena harmonia
musical e Jim gostava de tocar piano.
Por volta de 1916, os McCartney
compraram um piano em segunda-
-mão numa loja perto deles de nome
NEMS 85. Em 1919, Jim McCartney
começou a tocar em público e formou
uma banda de jazz chamada “Jim
Mac’s Band”.
Joe é filho de James (II) McCar-
tney que veio para Liverpool na altura
da Grande Fome, na Irlanda (1845-
1849), com os seus pais, Jeremiah
“James” McCartney e Ann Tate,
natural da Escócia. Em 1864, James Fig. 9 - Famine Memorial, em Dublin, da autoria
McCartney casou em Liverpool com de Rowan Gillespie. (Fotografia do Autor)
- The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype - Penguin Random House
Company, 2013, pp. 5-6.
82
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, p. 23.
83
Joseph “Joe” McCartney tocava a sua enorme tuba na banda de metais do seu trabalho, do estilo
de música north-country, em festas de igrejas e nos coretos dos parques. Foi o primeiro da família
a actuar em público. In LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New
York, Crown Archetype - Penguin Random House Company, 2013, p. 25.
84
Robert Clegg tinha como profissão coroner, que traduzido para o português quer dizer “oficial de
justiça que investiga os casos de morte violenta ou por acidente”, ou seja, o equivalente a médico
legista. In Dicionário Inglês - Português, Porto, Porto Editora Lda, 1992, p. 159.
85
N. do A. Nesta altura a NEMS ainda não pertencia à família Epstein.
191
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
A família de Jim e
de Mary foram viver em
1947 para uma parte da
cidade chamada Speke,
a Sul de Liverpool.
Em 1955, mudaram-
-se para o número 20
da Forthlin Road, casa
que hoje pertence ao
National Trust. Fica a
cerca de 22 minutos a
pé (1,1 milhas = 1770
metros) de Mendips, a
casa de Lennon. 87
_______________
Paul McCar-
tney casou a primeira
vez, a 12 de Março de
1969, 88 com Linda
Louise Eastman (n.
24.9.1941, Nova Iorque
- † 17.4.1998, Arizona),
Fig. 10 - Casa onde viveu Paul McCartney, em Forthlin Road. filha de Leopold Vail
(Fotografia do Autor) Epstein, imigrante russo
86
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 24-27.
87
“20 FORTHLIN ROAD - Allerton, Liverpool”, The National Trust, 2015.
88
COLEMAN, Ray, McCartney - Yesterday & Today, London, Boxtree Limited, 1995, p. 119.
192
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
judeu e advogado de boa reputação que mais tarde alterou o nome para Lee
Eastman, e de Louise Sara Lindner, também de uma abastada família judia alemã.
Deste casamento nasceram Mary Anna (n. 28.8.1969, Londres) 89, Stella Nina,
OBE (n. 13.9.1971, Londres) 90 e James (V) Louis (n. 12.9.1977, Londres) 91.
89
CLAYSON, Alan, Paul McCartney, London, Santuary Publishing Limited, 2003, p. 133.
90
CLAYSON, Alan, Paul McCartney, London, Santuary Publishing Limited, 2003, pp. 141-142.
91
CLAYSON, Alan, Paul McCartney, London, Santuary Publishing Limited, 2003, pp. 186-187.
92
George Harrison foi registado no dia seguinte e no certificado de baptismo como tendo nascido
a 25 de Fevereiro de 1943. Em 1990, George decidiu anunciar que afinal tinha nascido a 24
desse mês. In LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York,
Crown Archetype - Penguin Random House Company, 2013, pp. 34 e 805.
193
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
_______________
93
O apelido French em irlandês, escreve-se Ffrench. In DAVIES, Hunter, The Beatles - The
authorized biography, London, William Heinemann Lda, 1968, p. 38.
94
DAVIES, Hunter, The Beatles - The authorized biography, London, William Heinemann Lda,
1968, pp. 37-39.
95
LEWISOHN, Mark, Tune In - The Beatles : All These Years, vol. 1, New York, Crown Archetype
- Penguin Random House Company, 2013, pp. 27-29.
96
SULLIVAN, Robert, All Things Must Pass, “TIME - George Harrison 1943-2001”, New York,
Time Inc., December 10, 2001, pp. 73.
97
JONES, Allan (Editor), 1943-2001 GEORGE - The full story of an extraordinary life, Take #57,
London, UNCUT Magazine - Time Inc., February 2002, pp. 38-61.
194
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
195
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
196
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
3.1 - Ordem do Império Britânico - Order of The British Empire (OBE) 115
A “The Most Excellent Order of the British Empire” está inserida nas British
Orders of Knighthood e foi instituída, no reinado de Rei George V (1865-1936),
a 4 de Junho de 1917. Esta Ordem de Cavalaria (British Order of Knighthood)
compreende o Soberano, o Grão-Mestre e cinco classes 116 respectivamente desig-
nadas:
197
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
117
N. do A. - A cruz denominada de “patonce”, que provavelmente deriva do francês “potencé”, é
uma mistura entre a cruz floretada florida e a cruz pateada entre curvas.
118
N. do A. - Rose-pink é um cor-de-rosa tipo salmão.
119
N. do A. - Penso que “pearl grey” significará prata.
198
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
199
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
200
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Majestade o Rei Edward VII nesse ano - passa a superintender a todos os proce-
dimentos relacionados com promoções e cerimonial, com algumas excepções.
Uma dessas excepções diz respeito aos Cavaleiros Bacharel e determinadas ques-
tões com si relacionadas, que permanecem sob a tutela do Ministério do Interior
(Home Office).
O Ministério do Interior, no entanto, outorgou um reconhecimento oficial
à Sociedade, e, nessa conformidade, remete à Sociedade uma notificação oficial da
nomeação de todos os Cavaleiros Bacharel.
Para muitos, constituirá sem dúvida uma surpresa saber que desde o dia 28
de dezembro de 1902 até à formação da Sociedade, não existia uma lista oficial ou
registo de Cavaleiros Bacharel, pelo que a primeira tarefa da Sociedade consistiu
em suprir essa lacuna.
Na Idade Média os Arautos faziam anotações ocasionais das honras dos cava-
leiros, mas tais documentos, embora conhecidos, são considerados incompletos. No
século XVII, o Registo de Nobreza (Register of Knighthood) foi instituído pelo Rei
James o Primeiro. Este registo está preservado no College of Arms, e estende-se até o
ano de 1902, mas não representa em si mesmo, nem se assume, como um registo
completo de todos as investiduras de cavaleiros durante esse período.
Existia a forte preocupação entre Cavaleiros Bacharel de criar e manter
actualizada uma lista devidamente autenticada e oficialmente reconhecida de
Cavaleiros (Roll of Knights); esse dever de manter um arquivo permanente, a
Sociedade assumiu como seu. Além da sua própria lista de Cavaleiros, a Sociedade
estabeleceu procedimentos com vista a registar no College of Arms cada cavaleiro
devidamente autenticado.
Por Alvará Régio, datado de 21 de Abril de 1926, Sua Majestade concedeu
autorização para uso pelos Cavaleiro Bacharel de um crachá (placa), a ser usado
no lado esquerdo do casaco ou outra roupa exterior. O emblema (insígnia), mede
aproximadamente três polegadas (76,20mm) de comprimento e 2 polegadas
(50,80mm) de largura, encontrando-se descrito no Alvará da seguinte forma:
sobre um medalhão oval de vermelho, com uma bordadura ornada de floreado,
uma espada (cross-hilted sword) com cinto e bainha com alças para cima, entre
duas esporas, com as suas rosetas para cima, o conjunto rodeado pelo cinto da
espada, tudo de ouro.
A honra de Cavaleiro Bacharel é uma dignidade concedida através de
Alvará Régio a um indivíduo, mas este não pertence a nenhuma das estruturadas
Ordens de Cavalaria e é o grau mais baixo da classificação das várias ordens britâ-
nicas.
201
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
122
ROGERS; Ken (Executive Editor), The Beatles Hello... Godbye, Daily Mirror, London, Trinity
Mirror, s/d, pp. 52-53.
123
The Story of The Beatles, Second Edition, Bournemouth, Imagine Publishing Ltd, 2016, pp.
78-81.
202
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
responsável pela fama e ascenção dos Beatles. O título de Quinto Beatle pertence-
-lhe com justa causa!
A 18 de Junho de 1965 foi anunciado no jornal de música, New Music
Express (NME), que os Fab Four receberam a dignidade outorgada por S. M. a
Rainha Elizabeth II, que achou por bem fazer-lhes Membros do Império Britâ-
nico 124 (MBE), caso sem precedentes na história do show business mundial. A
investidura irá ser realizada no Palácio de Buckingham. 125 Houve protestos em
Buckingham e chegaram a ser devolvidas medalhas na sequência do anúncio de
que os Beatles iriam receber tal distinção. 126
Paul acabara de chegar ao aeroporto de Londres, vindo de Portugal.
A 26 de Outubro, os Beatles foram receber as insígnias relativas ao MBE,
“The Most Junior of the Orders of the British Empire”. Os quatro ficaram comple-
tamente surpreendidos. 127 A cerimónia de investidura realizou-se no Palácio de
Buckingham, estando no exterior do palácio mais de 4000 fãs, seguras por um
cordão policial, a gritar: “Long Live The Queen! Long Live The Beatles!”
À volta deste acontecimento, criou-se o boato na imprensa inglesa que os
Beatles teriam fumado marijuana nas casas-de-banho do Palácio de Buckingham
antes de receber as honrarias da mão de S. M. a Rainha, na sala do Grande Trono
(Great Throne Room). Os próprios Beatles vieram desmentir este boato várias
vezes ao longo dos anos. 128
124
Em inglês, Members of the British Empire.
125
NME Originals, UNCUT presents The Beatles 1962-1970, Volume 1, Issue #1, London, s/d, pp.
70-71.
126
NME Originals, Volume 1, Issue #10, London, s/d, p. 32.
127
SANDALL, Robert, Joint Honours, in “1000 Days That Shook The World - The Psychedelic
Beatles - April 1, 1965 to December 26, 1967”, London, MOJO - Special Limited Edition,
Number 29384 of a limited edition of 90,000, pp. 20 e 26-27.
128
SUTHERLAND, Steve (Editor), John Lennon, Volume 1, Issue #10, London, NME Originals,
s/d, p. 32.
203
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
Estados Unidos da America na guerra do Vietnam. Foi dada uma cópia ao Primeiro
Ministro, Harold Wilson, que tinha recomendado a nomeação dos Beatles. 129
Numa entrevista, Lennon alegou que os Beatles tinham recebido o título
na qualidade de propagarem a Paz e não a Guerra. Ao contrário de McCartney,
que sempre teve orgulho de ter recebido tal honra, Lennon nunca lhe deu grande
importância. Este acto de Lennon teve ecos no parlamento britânico e, Tony
Benn, então Ministro da Tecnologia, aproveitou para se pronunciar: “The Beatles
have done more for the Royal Family by accepting MBEs than the Royal Family has
done for The Beatles by giving them.” O Primeiro Ministro considerou o compor-
tamento de Lennon ingénuo e a imprensa ridicularizou a sua atitude declarando
que a piada na carta acima referida sobre Cold Turkey era mais um sinal do seu
monstruoso ego. Posteriormente, Lennon lamentou ter incluído esta piada.
Um comunicado foi feito por parte do Palácio de Buckingham: “The
first MBEs to be returned were from people protesting that Mr. Lennon was given
the award in the first place.” Mas houve quem achasse que o devolução iria ter
impacto positivo como um protesto de Paz. Ringo Starr comentou acerca deste
assunto: “The MBE was awarded to John for peaceful efforts and it was returned as a
peaceful effort. That seems to be a full circle.”
John tinha produzido o single “Give Peace A Chance” e, em Dezembro de
1969, deu início à sua campanha de protesto a favor da paz, colocando em 11
cidades espalhadas pelo mundo gigantes cartazes com a afirmação: “War Is Over
- If You Want It”. 130
129
“To Her Majesty the Queen / 25th November 1969 / Your Majesty, / I am returning this MBE
in protest against / Britain’s involvement in the Nigeria - Biafra / thing, against our support of
America in / Vietnam and against Cold Turkey slipping down the / charts. / With Love / John
Lennon / John Lennon of Bag”, in DAVIES, Hunter (Edited and with an introdution by), The
John Lennon Letters, London, Orion Publishing Group Ltd, 2012, p. 168.
130
LEIGH, Spencer, Return To Sender, in “1000 Days Of Revolution - The Beatles’ Final Years- Jan
1, 1968 to Sept 27, 1970”, London, MOJO - Special Limited Edition, Number 50375 of a
limited edition of 95,000, pp. 120-121.
131
COLLINS, Andrew, Meet The New P.M., in “Meet... The Beatle!”, #129, London, Q Magazine,
June 2007, pp. 108-114.
204
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Tal como Brian Epstein, houve outros elementos próximos dos Beatles em
que se justificaria conferir o título de “Quinto Beatle”. Sir George Henry Martin
é uma dessas pessoas! 133 A sua experiência musical veio a influenciar os arranjos e
o som dos 4 de Liverpool.
Martin tocava oboé e, com apenas 24 anos, foi-lhe oferecido um trabalho
a tempo inteiro como assistente na Parlophone Records. Hoje em dia, é conside-
rado o produtor mais famoso do mundo! 134
George Martin nasceu a 3 de Janeiro de 1926, em Highbury, Londres.
O seu pai era serralheiro e, segundo Martin, foi “quem fez todos os móveis em sua
casa e era uma pessoa bastante criativa.” Durante a depressão nos anos 30, antes da
segunda Grande Guerra, o seu pai ficou sem trabalho e acabou vendendo jornais
em Cheapside, na City of London. Nesta altura viviam com bastantes dificuldades
económicas! A mãe de George Martin era enfermeira, mas para ajudar a aumentar
os rendimentos familiares, fazia serviços extras de limpeza e trabalho-a-dias.
132
SOUNES, Howard, FAB : An Intimate Life of Paul McCartney, Cambridge (Massachusetts), Da
Capo Press, 2010, pp. 470-471.
133
BICKNELL, Arwen, Fith Beatles, in “The Beatles - Celebrating 50 Years of Beatlemania in
America”, Irvine (California), I-5 Publishing, LLC, 2014, pp. 70-77.
São também considerados 5th Beatle, as seguintes pessoas: Neil Aspinall (1941, País de Gales
- 2008, Nova Iorque) - Road manager a assistente pessoal dos Beatles e, mais tarde, director da
Apple Corps; Pete Best (1941, Madras, Índia Britânica) - Baterista dos Beatles de 1960 a 1962;
Stuart Sutcliffe (1940, Edinburgo - 1962, Hamburgo) - Artista plástico e Baixista dos Beatles
de 1960 a 1961; Brian Epstein (1934, Liverpool - 1967, Londres) - Empresário dos Beatles
desde 1961 até à sua morte.
134
IRVIN, Jim (Interview by); FALLON, Andy (Portrait by), Sir George Martin, in “Mojo Sgt.
Pepper Anniversary Edition - The Beatles”, Issue #160, London, EMAP Performance Ltd,
March 2007, pp. 36-40.
205
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
135
O propósito de convidar Martin, com apenas 29 anos, a gerir a label Parlophone, foi um
“presente envenenado”. Na realidade, a administração da EMI tinha a intenção de fechar a
Parlophone. Como o próprio George Martin referiu numa entrevista: “It was: this brash young
man, bit of a maverick, he’s cheap, he’d love to do it, he’s that kind of idiot, if he fails we were going
to shut it down anyway.” In IRVIN, Jim (Interview by); FALLON, Andy (Portrait by), Sir George
Martin, in “Mojo Sgt. Pepper Anniversary Edition - The Beatles”, Issue #160, London, EMAP
Performance Ltd, March 2007, p. 38.
206
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
O responsável pela concessão das armas de Sir Paul McCartney foi Hubert
Chesshyre, Rei de Armas Clarenceux. As armas foram concedidas a 18 de Julho
de 2001, 137 por Peter Gwynn-Jones, Garter Principal King of Arms, e Hubert
Chesshyre, Clarenceux
Kings of Arms.
136
N. do A. - Esta informação sobre o brasão de armas de Sir George Martin e de Sir Paul McCartney
foi obtida através do College of Arms, em Londres, com o apoio de John Allen-Petrie, MSc, Arauto
Rouge Croix, e de Mark Scott, MA, Assitente de Pesquisa para o Arauto Rouge Croix.
137
A Carta de Brasão foi passada a 18 de Junho de 2001, no 59º aniversário de Paul McCartney.
207
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
138
Tradução: Escudo: de ouro, flanqueado de negro com uma burela firmada nos flancos de ouro;
duas arruelas de negro postas em pala e sobre elas, seis cordas de guitarra em pala atravessantes,
entrecambadas. Elmo: de prata, aberto, guarnecido de ouro, forrado de vermelho. Paquife e
virol: de ouro e negro. Timbre: Um corvo-marinho de negro, segurando com a garra dextra
uma guitarra clássica de ouro encordoado de negro. Listel: branco, forrado de vermelho, com a
seguinte divisa a negro: “Ecce Cor Meum”.
139
N. do A. - O autor deste trabalho é também músico e toca guitarra regularmente numa banda
chamada Discovers.
208
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
negro representam os quatro Beatles. Por parte do College of Arms, nada foi refe-
rido a esse respeito. Aliás, nada nas armas de McCartney faz alusão aos Beatles.
No timbre está representado o liver bird, o símbolo de Liverpool, terra
natal de Sir Paul e dos restantes Beatles. Desde a idade média que aparece um
pássaro representando Liverpool. Em 1668, o Conde de Derby deu à cidade um
bastão onde estava gravado com um leaver, a primeira referência conhecida com
o nome liver bird. Em 1797, o College of Arms concedeu um brasão oficial à
cidade de Liverpool em que retrata o pássaro em destaque. Actualmente, o College
of Arms refere-se ao pássaro como sendo um cormorão (em inglês: great cormorant
ou apenas cormorant), tendo um raminho de laver, um tipo de alga, no bico,
resultando assim que a denominação do pássaro vem dessa alga.
O cormorão, ou seja, corvo-
-marinho de negro (Phalacrocorax
carbo), é um pássaro de grande
dimensão, com o pescoço comprido
e grosso. A plumagem é negra, com
reflexos azulados e verdes, asas pretas
e escamosas com matizes cor de
bronze. É uma ave que está presente
todo o ano na zona de Liverpool,
mas reproduzem principalmente no
Báltico e depois migra. 140
A divisa, “Ecce Cor Meum”,
que em inglês significa “Behold My
Heart” (Eis o meu coração), foi inspi-
rado pela inscrição numa estátua
de Jesus Cristo existente na Igreja
de Santo Inácio em Nova Iorque.
Portanto, refere-se ao Sagrado
Coração de Jesus. Após a concessão
deste brasão de armas em 2001,
Sir Paul adoptou “Ecce Cor Meum” Fig. 19 - Pilarete numa praça de Liverpool com
como sua divisa. o símbolo da cidade, o Cormorão ou Corvo Ma-
Em 2006, Paul McCartney rinho. (Fotografia do Autor)
lançou um CD com este título, “Ecce
140
SVENSSON, Lars (Texto e Mapas), MULLARNEY, Killian e ZETTERSTRÖM, Dan
(Ilustrações e Legendas), Guia das Aves - O guia de campo das aves de Portugal e da Europa, Porto,
Assírio & Alvim - Porto Editora, Lda, 2014, pp. 78-79.
209
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
Cor Meum”, gravado nos estúdios da Abbey Road, através da EMI Classics. É um
oratorio em 4 movimentos, produzido por John Fraser. Foi fonte de inspiração a
sua mulher, Linda McCartney.
Fig. 20 - CD (EMI Classics / MPL Comunications Lda - Limited Edition - 0946 3704232 8 -
2006) com o título Ecce Cor Meum, de Paul McCartney. (Col. Luís Pinheiro de Almeida)
O responsável pela concessão das armas de Sir George Martin foi Henry
Paston-Bedingfeld, Arauto de York. 142 As armas foram concedidas a 15 de Março
de 2004, por Peter Gwynn-Jones, Garter Principal King of Arms, e Hubert Ches-
shyre, Clarenceux Kings of Arms.
141
SLATER, Stephen, The Illustrated Book of Heraldry, London, Hermes House - Anness Publishing
Ltd, 2005, p.63.
142
O cargo de Arauto (Herald of Arms) é um oficial de amas que está entre o Arauto Assitente ou
Passavante (Pursuivant) e o Rei de Armas (King of Arms). Henry Paston-Bedingfeld tinha nesta
altura o título de “York Herald of Arms” e, mais tarde, foi-lhe dado o título de Sir e o cargo de
Rei de Armas de Norroy e Ulster.
210
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
143
Tradução: Escudo: de azul, faixa nublada de prata carregada de cinco filetes de negro, entre
três besouros de ouro. Sob o escudo, um listel circular de vermelho, perfilado de ouro, com a
divisa da Ordem do Império Britânico do mesmo: “FOR GOD AND THE EMPIRE”. Elmo:
de prata forrado de vermelho. Paquife e virol de prata e azul. Timbre: Uma andorinha-de-casa
(ou andorinha-dos-beirais) de sua cor, segurando sob a asa sinistra uma flauta, com o bocal para
baixo, de ouro. Listel: branco, forrado de vermelho, com a seguinte divisa a negro: “Amore
Solum Opus Est”. Pendentes: à dextra, insígnia de Cavaleiro Bacharel (Knight Bachelor) e, à
sinistra, a insígnia da Ordem do Império Britânico (Most Excellent Order of the British Empire).
Empresa: Uma zebra de sua cor segurando com a pata dianteira dextra um báculo de ouro.
211
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
Ao contrário das armas anteriores, Sir George tem representado nas suas
armas as insígnias de Kinght Bachelor e de Commander of the British Empire (CBE)
pendentes no escudo, pintadas na carta patente. E sob o escudo, o listel circular
com a divisa da Ordem do Império Britânico: For God and the Empire.
No escudo, os escaravelhos (beetles) referem-se à famosa banda pop-rock
de qual George Martin foi produtor. Os Beatles eram quatro elementos e no
escudo estão representados apenas três escaravelhos. A opção escolhida pode ter
sido esta porque a Heráldica vive de equilíbrio e simetria e, o autor do desenho,
considerado que a representação de quatro peças teria quebrado a harmonia do
desenho. Ou os escaravelhos no chefe estão a representar, em plural, os Beatles e o
escaravelho em ponta o próprio armigerado, como o quinto beatle.
Ainda no escudo, as cinco linhas horizontais representam o pentagrama
(pauta) musical e a faixa nublada representa a criatividade.
O timbre, também ele falante, refere-se ao próprio apelido de Sir George
Martin. O pássaro representado no timbre é um House-Martin, ou seja, uma
Andorinha dos Beirais (Delichon urbicum). É um pássaro de pequenas dimensões
que se reproduz em vilas, quintas, cidades e em todo o tipo de áreas abertas, com
forte atracção por habitações. É um pássaro sociável com os humanos, contrói o
seu ninho de lama nos beirais, vigas de pontes ou mesmo em ferry-boats. Encontra-
-se por toda a Europa. É frequente ver as Andorinhas dos Beirais em grande
número, empoleiradas lado-a-lado em fios telefónicos (pauta de música). 144 No
timbre, o House-Martin, na sua asa à sinistra, segura uma flauta, em inglês recorder,
que representa a carreira de produtor musical de Martin.
144
SVENSSON, Lars (Texto e Mapas), MULLARNEY, Killian e ZETTERSTRÖM, Dan
(Ilustrações e Legendas), Guia das Aves - O guia de campo das aves de Portugal e da Europa, Porto,
Assírio & Alvim - Porto Editora, Lda, 2014, pp. 260-261.
212
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
213
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
estas armas, a sua profissão, mercês e título. Peças como o House-Martin com o
recorder, a zebra com o báculo ou os besouros, conduzem-nos para múltiplos
significados e símbolos que
nos transportam directa-
mente para o estúdio 2 da
Abbey Road na companhia
de Sir George Martin e dos
quatro fabulosos de Liver-
pool.
6. Conclusão
147
“The Beatles were in a different stratosphere, a different planet to rest of us. All I know is when I heard
‘Love Me Do’ on the radio, I remember walking down the street and knowing my life was going to be
completely different now the Beatles were in it.” (Justin Hayward, membro dos Moody Blues)
214
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
O disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band 148 é considerado o melhor
álbum de todos os tempos pela New Musical Express em 1974, Rock and Roll Hall
of Fame 149 e pela revista Rolling Stone 150. Esteve quinze semanas em primeiro
lugar nos Tops. 151 Com a realização de Sgt. Peppers, houve uma segunda viragem
no rumo da História da Música. 152 153
Na revista Q, John Lennon (#1) e Paul McCartney (#2) foram consi-
derados os maiores artistas do século XX. Ringo Starr (#26), foi considerado
“provavelmente” o melhor baterista do mundo, e George Harrison (#36) também
figurou naquela classificação. 154 A nível vocal, John Lennon (#4) e Paul McCar-
tney (#13) ficaram entre os quinze primeiros lugares na revista Mojo. 155
Existe alguma relação com Portugal e pelo menos três dos Beatles passaram
por Terras Lusas. A primeira vez foi em 1964, quando Paul McCartney e Ringo
Starr ficaram uma noite em Lisboa, a caminho das Ilhas Virgens. Em 1965 e
1968, Paul esteve por duas vezes de férias no Algarve, onde escreveu parte da
música Yesterday. E nessa segunda vez, em Dezembro de 1968, Paul encontrava-se
num bar de hotel e onde foi convidado para fazer uma jam com a banda de serviço
nessa noite. Na brincadeira, Paul escreveu a música Penina, em homenagem a esse
Hotel, que depois “ofereceu” à banda Jotta Herre, que mais tarde gravou num EP.
George Harrison também esteve de férias no Algarve no princípio dos anos
70. Como apaixonado por F1 que era, veio ao autódromo do Estoril, em 1996,
assistir ao Grande Prémio de Portugal.
Em Outubro de 1995, Sir George Martin dirigiu a Orquestra Clássica do
Porto, no Coliseu dos Recreios, onde foram interpretadas canções dos Beatles.
148
THE BEATLES, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, Made in Gt. Britain, Parlophone, PMC
7027, 1967.
149
pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_200_álbuns_definitivos_no_Rock_and_Roll_Hall_of_Fame
[Consult. 13 Nov. 2016].
150
pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_500_melhores_álbuns_de_sempre_da_revista_Rolling_Stone
[Consult. 13 Nov. 2016].
151
pt.wikipedia.org/wiki/Álbuns_número_um_na_Billboard_200_em_1967 [Consult. 13 Nov.
2016].
152
HARRIS, John, The Day the World turned Day-Glo, Issue #160, London, MOJO - Sgt. Pepper
Anniversary Edition, March 2007, pp. 72-77.
153
IRVIN, Jim, The Big bang!, Issue #160, London, MOJO - Sgt. Pepper Anniversary Edition,
March 2007, pp. 78-80.
154
PEMBERTON, Andy (Editor), 100 Greatest Stars Of The 20th Century, #155, London, Q
Magazine, EMAP Metro Ltd, August, 1999, pp. 43-71.
155
SNOW, Mat (Editor), 100 Greatest Singers Of All Time, Issue #59, London, MOJO - Collectors
Edition, October 1998, pp. 46-89.
215
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
156
ALMEIDA, Luís Pinheiro de; LAGE, Teresa, Beatles em Portugal, Lisboa, Documenta,
Novembro de 2012, pp. 35, 39, 63-80, 141.
157
THE BEATLES, Abbey Road, Mfd. in U.K., Apple Records, PCS 7088, 1969, side 2, Sun King
(Lennon-McCartney), Northern Songs.
158
Quero agradecer a preciosa colaboração dos meus Amigos Paulo Bastos, pelo seu vasto
conhecimento acerca da British Invasion, Pedro de Freitas Branco, da qual posso sempre contar
com a sua vasta “enciclopédia” musical, Luís Pinheiro de Almeida, pela ajuda e disponibilidade
de material, Teresa Lage e Paulo Marques, pela inspiração e partilha por este gosto comum.
E também quero agradecer ao meu primo e Amigo Lourenço Botelho de Sousa pelo apoio e
revisão do texto e ao meu filho Joe pela ajuda na tradução em inglês. À Sofia, Luísa, Joe e Quico.
216
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Patrick Lennon, James McCo- William Henry Susannah Thomas Mill- Jane Williams,
n. 1800, Down, nville. C.c. Stanley, n. Sarah New, ward, n. 1788, n. 1806, Nant-
Ulster, Irlanda. Bridget. 1814, Londres. n. 6.1.1828, Flintshire, País glyn, País de
Agricultor. C.c. † 10.9.1902, Austrália. de Gales. † Gales. † 1887,
Elizabeth. Austrália. 1882, Denbigh- Denbighshire,
shire, País de País de Gales.
Gales.
James Lennon, Jane McCon- William Eliza Jane John Dumbry Mary Elizabeth
n. 1829, Down. ville, n. 1831, Henry Stanley, Gildea, n. Millward, n. Morris, n.
† 13.2.1907, Down, Ulster. n. 1848, 1849, Omagh, 26.5.1838, 14.3.1851,
Toxteth Park, † 1869, Liver- Birmingham, Tyrone, Irlanda. Bridgend, País Bridgend, País
Liverpool. pool. West Midlands. † 1916. Filha de Gales. de Gales. Filha
Armazenista † 21.9.1904. de Charles de William
de Tóneis. C. Gildea. Morris e de
29.4.1849, Ann Roberts.
Capela de St.
António, Liver-
pool.
John “Jack” Lennon. Mary “Polly” George Ernest Annie Jane Millward,
† 3.8.1921, Toxteth Maguire. † Stanley, n. n. 1873, Chester. †
Park, Liverpool. 30.1.1949, Liverpool. 22.8.1874, Liver- 1941, Liverpool.
Irmão do Padre pool. Marinheiro
William Lennon. Mercante. Proprie-
Escriturário. Casou a tário de uma quinta
1915, em Everton. em Woolton. † 1949,
Liverpool.
217
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
Jeremiah George Robert Thomas Michael Michael John Danher. John Baines,
“James” Williams. Clegg. Claque, n. Mohan. McGough. nat. de
McCartney, C.c. Eliza Oficial 1790, Ilha Worcester.
n. 1816. † Whitfield. de Justiça de Man. (McGeogh - C.c. Eliza-
1846. C.c. (Coroner). C.c. Esther - McGeough) beth Cook,
Ann Tate, Kneen, n. nat. de
nat. da 10.5.1792, Dudley.
Escócia. Ilha de Man.
James Elizabeth Paul Clegg, Jane Claque, Owen Mary John Danher, Jane Baines,
McCartney, Williams, n. 1817, Ilha n. 1834, St. Mohan, nat. McGough, nat. da n. 13.5.1848,
n. 1843, n. 1844, de Man. Ann, Ilha de Monaghan, nat. Irlanda. Dudley, West
Irlanda. Birkenhead, Man. Irlanda. † Monaghan. Midlands.
Merseyside, 18.1.1903,
Liverpool. Monaghan.
Joseph “Joe” McCartney, n. Margaret “Florrie” Florence Owen Mohin (Mohan), Mary Theresa Danher, n.
23.11.1866, Liverpool. Casou Clegg, n. 2.6.1874, Liverpool. n. 19.1.1880, Ballybay, 1.4.1877, Toxteth Park,
a 17.5.1896, Kensington, † 1944, Liverpool. Monaghan, Irlanda. Carvoeiro. Liverpool.
Liverpool. C. 24.4.1905, na Igreja Cató-
lica de St. Charles.
218
A heráldicA dos BeAtles. de liverpool A BuckinghAm
Edward Elizabeth James N…, nat. James Darby Ellen John Jane Daniels.
Harrison, n. Hargreaves. Thompson, da Ilha de Ffrench, Whelan, Woollam,
31.1.1848, Filha de John nat. da Man. n. 1825, n. 1831. † nat. de
Liverpool. Hargreaves. Escócia. Irlanda. † 1906. Shropshire,
Casou em 1906. West
1868. Midlands.
Jardineiro e
agricultor.
Henry Harrison, n. 21.1.1882, Jane Thompson. John French, n. 1870, County Louise Woollam, nat. de
Liverpool. Wexford, Irlanda. Liverpool.
Casou em 1902.
219
DUARTE VILARDEBÓ LOUREIRO
John Parkin, N…, nat. de David Bower. Joseph Catherine Peter James
n. 1823, Hull, East Parr, nat. Rodenhurst, Johnson, n. Cunningham,
Hull. Yorkshire. de Neston, n. 1813, 20.5.1824, nat. de Mayo,
Foram viver Cheshire. Oswesty, Orkney & Irlanda. Jardi-
para o Dingle Shropshire. Shetland, neiro.
em 1862. Ilhas do
Norte,
Escócia.
Pescador. C.c.
Phiilias Tait.
John Parkin, N… Alfred Bower, Margaret William Mary Kate Andrew Mary
n. 1865, nat. de Ellen Parr. Gleave. Conroy. Johnson, n. Elizabeth
Liverpool. (teve uma Liverpool. 2.1.1852, Cunningham,
Perfurador- segunda Latoeiro. Caldeireiro. Dingle. Mari- nat. de
-Operário e relação Casou a nheiro. Casou Liverpool ou
marinheiro com Henry 10.11.1873, a 14.4.1875, Irlanda.
empregado Starkey, St. Michael’s St. Thomas,
no navio-farol de quem Walton-on- Liverpool.
“Formby”. adoptou o -the-Hill.
apelido)
John Alfred Parkin Starkey, n. Annie Bower, n. 22.4.1889, John Gleave, n. 11.4.1891, Catherine Martha Johnson,
1890, Toxteth Park, Liverpool. Toxteth Park, Liverpool. Casou Toxteth Park, Liverpool. n. 21.4.1891, Toxteth Park,
Caldeireiro e pintor da Câmara a 31.7.1910, na Igreja de St. Caldeireiro. Casou a 12.4.1914, Liverpool.
de Liverpool. Matthews, Liverpool. St. Matthews, Toxteth Park,
Liverpool.
220