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A entrevista – parte I
TEXTO 2
A entrevista – parte II
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— É que a Gertrudes é de criação, sim senhô. E óia que ela tá veia e
ainda sai muito leite das suas teta. Óia
o Valdemá tirando leite dela lá!
— Quer dizer que a Gertrudes é aquela vaquinha ali?
— É, sim senhô. Nóis trata ela como se fosse da famia.
— Então na verdade são doze filhos. O senhor é um herói, hein, seu
Durvalino?
— Sô não, seu moço. Eu sô hômi mesmo.
— Eu tô vendo, eu tô vendo. Como é que o senhor faz para sustentar
tanta gente assim?
— Eu pranto, sim senhô. Nóis cóie tudo que a terra dá. Na mesa num
farta nada. E ainda tem a Gertrudes
pra garanti os leite das criança, sim senhô.
— E o senhor se sente um homem feliz aqui no sítio?
— Pra falá a verdade, seu moço, sinto, sim senhô. Num farta nada, tenho
minha terrinha, minha muié, meus
fio, minha Gertrudes. E óia que o Valdemá inda tá tirando leite dela, eu
num falei pro senhô? Eta vaquinha das
boa, sô! O senhô num qué prová um tiquinho do leite dela?
— Não, obrigado, seu Durvalino. Agora, pra terminar, vamos tirar uma
foto da família reunida, que é pra
sair amanhã cedo no jornal, certo?
— Certo, sim senhô, seu moço! Ô Conceição, ô Conceição! Vai passá
prefume e chama toda a gurizada, que
nóis vai tirá fotografia!
— Está todo mundo aí, seu Durvalino?
— Tá, sim senhô, seu moço.
— Ótimo, então lá vai!
— Peraí! Peraí, seu moço. Tá fartando gente! Tá fartando gente!
— Está não, seu Durvalino. Eu contei, está todo mundo aí.
— Óia, seu moço, e o senhô acha que a Gertrudes ia ficá de fora? De
jeito manera, sim senhô!
AZEVEDO, Alexandre. Que azar, Godofredo! São Paulo: Atual, 1989. p. 36.