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Projeto Provedor de Informações Econômico-Financeiro

do Setor de Energia Elétrica

Relatório Quadrimestral
Indicadores Nacionais do Setor Elétrico:

ABRIL – JULHO de 2012

Adriana Maria Dassie

RIO DE JANEIRO

1
ÍNDICE

ÍNDICE DE GRÁFICOS......................................................................................................................3
ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................................4
ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................................................................................5
SUMÁRIO EXECUTIVO ....................................................................................................................6
INDICADORES DO SETOR ELÉTRICO ..........................................................................................9
1 MATRIZ ELÉTRICA ...........................................................................................................................9
2 LEILÕES ........................................................................................................................................11
2.1 Noticias.................................................................................................................................11
2.2 Leilão de Transmissão ...........................................................................................................11
2.3 Leilão de Ajuste.....................................................................................................................15
3 GERAÇÃO ......................................................................................................................................16
3.1 Geração Hídrica....................................................................................................................17
3.2 Geração Térmica...................................................................................................................17
3.3 Geração Nuclear ...................................................................................................................19
3.4 Itaipu.....................................................................................................................................20
4 FLUXO DE ENERGIA ELÉTRICA ENTRE OS SUBSISTEMAS ...................................................................23
4.1 Intercambio entre as Regiões Brasileiras ...............................................................................23
4.2 Intercâmbio Internacional......................................................................................................24
5 NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS ...........................................................................................................26
5.1 Energia Armazenada por Subsistema .....................................................................................26
5.2 Energia Natural Afluente por Subsistema...............................................................................28
6 CARGA ..........................................................................................................................................29
6.1 Carga de Energia no Sistema Interconectado.........................................................................29
6.2 Carga de Demanda no Sistema Interconectado ......................................................................30
7 CONSUMO......................................................................................................................................32
7.1 Consumo Total ......................................................................................................................32
7.2 Consumo por Região e Segmento ...........................................................................................33
7.3 Resultados Preliminares do BEN 2012...................................................................................37
7.4 Demanda de Energia Elétrica nos Próximos 10 Anos .............................................................38
8 MERCADO SPOT ........................................................................................................................40
8.1 Notícias.................................................................................................................................40
REFERENCIAS .................................................................................................................................42
GLOSSÁRIO DOS TERMOS TÉCNICOS .......................................................................................44

2
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte (em %), 2012........................... 9
Gráfico 2: Evolução Mensal da Geração de Energia Elétrica, por fonte, no SIN (GWh)
................................................................................................................................... 16
Gráfico 3: Geração Mensal de Energia Hídrica por Subsistema Jan-2000 a Jun-2012,
(GWh) ........................................................................................................................ 17
Gráfico 4: Geração de Energia Térmica por Subsistema. Jan-2000 a Jun-2012 (GWh) 18
Gráfico 5: Geração de Energia Nuclear, Jan-2000 a Jun 2012 (em GWh) .................... 19
Gráfico 6: Energia Gerada pela Usina de Itaipu, Jan-2000 a Jun-2012 (em GWh) ...... 21
Gráfico 7: Intercâmbio de Eletricidade entre as Regiões Brasileiras, Jan-2000 a Jun-
2012 (em GWh) .......................................................................................................... 24
Gráfico 8: Intercâmbio de Eletricidade Internacionais, Jan-2000 a Jun-2012 ............... 25
(em GWh)................................................................................................................... 25
Gráfico 9: Armazenamento de Energia Mensal por Subsistema, Jan- 2000 a Jul-2012
(%).............................................................................................................................. 27
Gráfico 10: Energia Natural Afluente por Região. Mai-2001 a Jun-2012..................... 28
(em MW médios) ........................................................................................................ 28
Gráfico 11: Evolução da Carga de Energia no Sistema Interconectado, Jan-2000 a Jun-
2012 (em GWh) .......................................................................................................... 30
Gráfico 12: Evolução da Carga de Demanda no Sistema Interconectado, Jan-2000 a Jun-
2012 (em GWh) .......................................................................................................... 31
Gráfico 13: Evolução do Consumo por Segmento e Total (GWh), Set-2006 a Jun-2012
................................................................................................................................... 33
Gráfico 14: Região Norte – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-2012
(GWh) ........................................................................................................................ 34
Gráfico 15: Região Nordeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-2012
(GWh) ........................................................................................................................ 35
Gráfico 16: Região Sudeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-2012
(GWh) ........................................................................................................................ 36
Gráfico 17: Região Centro-Oeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-
2012 (GWh)................................................................................................................ 36
Gráfico 18: Região Sul – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-2012
(GWh) ........................................................................................................................ 37
Gráfico 19: Evolução do Preço Médio Mensal de Energia no Mercado Spot, Maio de
2003 a Junho de 2012 (em R$/MWh) .......................................................................... 41

3
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Matriz de Energia Elétrica (Julho de 2012) .................................................. 10
Tabela 2: Resultado do Leilão de Transmissão – 02/2012............................................ 12
Tabela 3: Resultado do Leilão de Transmissão – 03/2012............................................ 13
Tabela 5: Demanda Máxima Instantânea (MW) .......................................................... 31
Tabela 6: Projeções da Demanda Total de Energia Elétrica e do PIB........................... 38
Tabela 7: Projeções do Consumo Total de Eletricidade por Classe (mil GWh) ............ 39

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRATE – Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia


Elétrica

ACR – Ambiente de Contratação Regulada

ANDE – Administración Nacional de Eletricidad

ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica

BEN – Balanço Energético Nacional

CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco

CIEN – Companhia de Interconexão Energética

COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

GESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico

IE – Instituto de Economia

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

ONS – Operador Nacional do Sistema

SIN – Sistema Interconectado Nacional

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

5
SUMÁRIO EXECUTIVO

Este relatório tem como objetivo central sistematizar e analisar os principais


indicadores do setor elétrico brasileiro. Para isso foram selecionados o que a literatura
especializada no setor considera como os principais e mais importantes dados e
indicadores. Este conjunto de informações está apresentado no formato de tabelas e
gráficos.

A estrutura do relatório Indicadores Nacionais do Setor Elétrico está dividida em


nove seções: Capacidade Instalada; Matriz Energética; Leilões; Geração; Fluxo de
Energia; Nível dos Reservatórios; Carga de Energia e Mercado Spot. Em cada seção são
apresentadas as análises dos principais resultados verificados no setor elétrico brasileiro,
no período que abrange os meses de janeiro a junho de 2012, comparando com o
período homólogo dos anos anteriores.

O primeiro item, sobre Capacidade Instalada, trata da capacidade total de energia


instalada, assim como o número de usinas térmicas, hídricas, nucleares ou de outras
fontes de energia. Já a seção Matriz Energética apresenta um quadro geral dos
empreendimentos que estão em operação. Estão disponibilizados dados sobre a
capacidade total de geração das unidades em operação, e a participação de cada fonte de
energia no total.

A terceira seção analisa os Leilões de Energia ocorridos no período analisado,


que para este período foram realizados três leiloes: Leilão de Transmissão, Leilão de
Energia de Reserva e Leilão de Energia Nova.

A quarta e quinta seções analisam o volume de energia gerado no Sistema


Interligado Nacional, provenientes das principais fontes de energia no país: Hídricas,
Térmicas e Nucleares. Os dados apresentados também contemplam de que forma os
subsistemas (Sudeste/Centro-Oeste; Sul; Norte e Nordeste) participam do volume total
de energia geral e os resultados dos intercâmbios de energia realizados entre eles. Pela
importância no quadro geral do SIN, a Hidrelétrica Binacional de Itaipu será tratada
individualmente em uma das subseções.

6
O comportamento dos reservatórios das hidrelétricas que compõem o sistema
elétrico brasileiro será tratado na sexta seção. Estão disponíveis dados sobre
armazenamento total de energia nos reservatórios por subsistema; percentual de
capacidade máxima dos reservatórios; energia natural afluente por subsistema.

A carga de energia, registrada no Sistema Interligado Nacional, é importante


indicador sobre a demanda de energia elétrica no país e, está na sétima seção do
presente relatório.

O oitavo tópico do relatório é referente ao consumo faturado por classes de


consumo e por subsistemas. E a última seção apresenta os preços médios mensais da
energia comercializada no mercado spot nos quatro subsistemas do SIN.

O Setor Elétrico Brasileiro apresentava, em fins de 2008, capacidade geradora


instalada de 103.961 MW, de acordo com os dados do Balanço Energético Nacional
2009 (BEN), elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A capacidade
instalada cresceu a uma taxa média de 3,49% na década dos 90 e de 4,53% entre 2000 e
2008. A capacidade instalada total aumentou entre 1990 e 2009 em uma taxa média
anual de 3,83%.

O Brasil detinha, até julho de 2012, 2.647 usinas, de diferentes fontes de energia.
A energia hidrelétrica representava 65,6% do total do país, com uma capacidade total de
geração de aproximadamente 83.002 MW. O gás natural participava com 10,6% do
total. As usinas abastecidas por biomassa participavam com 7,4% e eólica com 1,2%.

Em termos de geração, o volume total de energia gerado no Sistema Interligado


Nacional durante o primeiro semestre de 2012 foi de 303.393,83 GWh, sendo que as
fontes hídricas, representaram 75,92% do total. A geração térmica foi responsável por
apenas 6,22% de energia gerada. Já a geração nuclear foi responsável por 2,44% do
total gerado no SIN.

O montante de energia armazenada no SIN no primeiro semestre do ano,


totalizou 958.198,4 GWh, o que representou variação negativa de 2,04% em relação ao
mesmo período de 2011. Já a energia afluente registrada nos rios com hidroelétricas do
Sistema Interligado Nacional, durante o período, totalizou 406.266,00 MW médios.

7
Neste caso, houve redução de 27,73 pontos em relação à energia afluente registrada no
período homônimo de 2011.

A Carga de Energia demandada no âmbito do Sistema Interligado Nacional no


período analisado alcançou o patamar de 353.772,1 MW médios, o que representou
aumento de 5,28 pontos em relação ao mesmo período de 2011.

Em relação ao consumo no semestre a taxa foi de 5,0%. No segundo trimestre o


crescimento do consumo de energia pelas famílias foi de 6,5%, também superior ao do
primeiro trimestre (3,6%). Aumento da base de consumidores e condições favoráveis de
renda e emprego explicam a expansão do consumo residencial.

No mês de maio o preço da energia elétrica de fonte convencional para entrega,


no curto prazo, para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, teve queda de 6%
interrompendo a sequência de alta dos três meses anteriores e, fechou o mês a R$
191,91 MWh. Essa redução está relacionada à melhoria da afluência na região Sul e
Sudeste.

8
INDICADORES DO SETOR ELÉTRICO

1 Matriz Elétrica
De acordo com os resultados preliminares do Balanço Energético Nacional
(BEN, 2012), divulgado pela EPE, a participação de renováveis na produção de
eletricidade ampliou-se em 2,5 pontos percentuais em 2011, atingindo 88,8%. Houve
redução na produção de bioeletricidade (a partir da biomassa da cana). Em decorrência
das condições hidrológicas favoráveis, em 2011, a produção de hidroeletricidade
aumentou 6,1%. O destaque ficou por conta da expansão da geração de energia eólica,
mais de 24,3%. Em termos de repartição da oferta interna de energia as renováveis
tiveram uma participação de 44,1% (biomassa da cana (15,7%), hidráulica e eletricidade
(14,7%), lenha e carvão vegetal (9,7%) e lixívia e outras renováveis (4,1%) e, as não
renováveis de 55,9% (petróleo e derivados (38,6%), gás natural (10,1%), carvão mineral
(5,6%) e urânio (1,5%).

Gráfico 1: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte (em %), 2012

Petróleo; 5,7
Importação; 6,5
Hidro; 65,6

Gás; 10,6
Carvão 1,6
Nuclear; Mineral; 1,5
Biomassa;
Eólica; 1,2 7,4

Gás Carvão Mineral Nuclear Biomassa Eólica Hidro Petróleo Importação

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IF-UFRJ, com base nos dados da Aneel


De acordo com o Banco de Informação de Geração (BIG), da Aneel, o Brasil
possuía, até 06 de julho de 2012, 2.647 usinas em operação totalizando uma capacidade
instalada de 126.600.242 kW, incluindo o Sistema Interligado Nacional e os Sistemas
Isolados, conforme a Tabela 1.

Entraram em operação 70 novas usinas no período de fevereiro de 2012 a julho


de 2012. Esta quantidade equivale a 1.1318 MW de nova capacidade instalada. Em

9
relação às unidades instaladas, no período, o destaque foi para as hidrelétricas (29) e
para as térmicas a óleo diesel, 27 novas unidades.

A potência instalada proveniente de fontes hídricas representava 65,6% do total


do país, somando aproximadamente 83.002 MW. As usinas abastecidas por gás
representavam 10,6% do total, subdividido em gás natural (9,1% do total da matriz
energética) e de processo (1,5% também do total da matriz). A energia nuclear
representava 1,6% da matriz energética brasileira, com duas usinas instaladas (Angra 1
e 2). A biomassa registrou participação de 7,4%, enquanto que as Eólicas
corresponderam a 1,2% da potência instalada no país. As fontes mais poluentes,
petróleo e carvão, registraram, respectivamente, 5,7% e 1,5% da capacidade instalada,
em julho de 2012.

Tabela 1: Matriz de Energia Elétrica (Julho de 2012)


Empreendimentos em Operação
Capacidade Instalada Participação em
Tipo
N .° de Usinas (MW) (%)
 Hidro 1.001 83.002 65,6
Natural 106 11.562 9,1
 Gás Processo 40 1.832 1,5
Total 146 13.394 10,6
Óleo Diesel 930 3.234 2,6
 Petró leo Óleo Residual 34 3.936 3,1
Total 964 7.170 5,7
Bagaço de Cana 354 7.634 6,0
Licor N egro 14 1.246 1,0
Madeira 43 377 0,3
 Biomassa
Biogás 19 77.308 0,1
Casca de Arroz 8 32.608 0,0
Total 438 9.365 7,4
 Nuclear 2 2.007 1,6
 Carvão Mineral 10 1.945 1,5
 Eólica 76 1.543 1,2
Paraguai - 5.650 5,5
Argentina - 2.250 2,2
Importaçã o
Venezuela - 200 0,2
Uruguai - 70 0,1
Total - 8.170 6,5
Total 2.647 126.600 100,0
Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados da ANEEL

10
2 Leilões
É por meio de licitação na modalidade de leilões que as concessionárias, as
permissionárias e as autorizadas de serviço público de distribuição de energia elétrica do
Sistema Interligado Nacional (SIN), devem garantir o atendimento a totalidade de seu
mercado no Ambiente de Contratação Regulada (ACR), de acordo com o Decreto nº
5.163/2004, artigo 11º e Lei nº 10.848/2004, artigo 2º.

2.1 Noticias
Os Leilões de Energia A-3 e A-5 de 2012 tiveram, no dia 25 de maio, suas datas
de realização alteradas, por meio de portarias do Ministério de Minas e Energia
publicadas no Diário Oficial da União. O Leilão A-3/2012 foi adiado para 11 de
outubro, de acordo com a Portaria n° 312/2012, enquanto a Portaria nº 313/2012
postergou a realização do Leilão A-5/2012 para o dia 25 de outubro. Ambas as Portarias
também reabrem os prazos de cadastramento de empreendedores interessados em
participar dos certames junto à EPE. Os novos prazos são:

• Leilão A-3/2012 - até as 12 horas do dia 28 de junho de 2012

• Leilão A-5/2012 - até as 12 horas do dia 5 de julho de 2012

No caso do Leilão A-5/2012, as informações relativas à composição do Custo


Variável Unitário (CVU), à inflexibilidade comercial de geração de energia elétrica, e à
comprovação da disponibilidade de combustível de projetos de geração a gás natural em
ciclo combinado poderão ser protocoladas junto à EPE até as 12 horas do dia 6 de
agosto de 2012.

2.2 Leilão de Transmissão


A ANEEL realizou três leilões de transmissão em 2012. O primeiro (Leilão nº
02/2012) realizado em 9 de março de 2012 cujo resultado está resumido na Tabela 2.

O empreendimento mais concorrido foi o lote A, com sete proponentes inscritos


dos quais quatro submeteram lance. Devido à diferença dos lances ofertados pelo
vencedor e o lance oferecido pelo segundo menor preço ser menor que 5%, os lotes A e

11
E entraram na etapa de “viva voz”. Porém como não houve lances adicionais que
apresentaram melhor oferta (RAP menor), os lotes foram encerrados na primeira fase
(entrega de “envelopes fechados”). Os lotes C, D, e E foram finalizados na primeira
fase.

Os descontos implícitos da RAP do lance vencedor em relação a RAP Máxima


estabelecida para o empreendimento variaram de 2% a 43%. O desconto ponderado
médio do leilão foi de 38%. Em todos os lotes houve maciça participação estatal, nos
quais a Chesf obteve os direitos de exploração dos empreendimentos no Nordeste,
Furnas no Sudeste, a Eletronorte no Norte, e os dois grandes empreendimentos para o
escoamento da energia gerada na usina de Teles Pires e Colíder até o submercado
Sudeste foram arrematados pelos dois consórcios compostos pela Copel e State Grid.

Tabela 2: Resultado do Leilão de Transmissão – 02/2012


RAP Proponente
RAP Máxima Deságio Deságio
Lote Vencedora Vencedor
(R$) (R$) (%)
(R$)
Consorcio Sino-
Copeliano – Copel
Lote 221.824.160,00 126.420.000,00 95.404.160,00 43%
Geração de Energia
A S.A. (49%) e State Grid
Brazil Holding S.A.
(51%)
Consorcio Guaraciaba –
Copel Geração de
Lote 115.935.380,00 73.080.000,00 42.855.380,00 36.96% Energia S.A. (49%) e
B State Grid Brazil
Holding S.A. (51%)
Centrais Elétricas do
Lote 7.779.310,00 7.080.000,00 699.310,00 8.98% Norte do Brasil S.A. -
C Eletronorte
Companhia Hidro
Lote 11.257.560,00 10.694.676,00 562.884,00 5% Elétrica do São
D Francisco - Chesf
Lote 7.147.090,00 7.004.148,00 142.942,00 2%
Furnas Centrais
E Elétricas S.A.
Fonte: Elaborado pelo Gesel com base nos dados da ANEEL

O segundo leilão (Leilão nº 03/2012) foi realizado no dia 20 de abril de 2012,


nele foram inscritos quatro proponentes para concorrer aos quatro lotes ofertados. A
grande vencedora do leilão foi a CHESF, que arrematou os lotes nos quais se inscreveu,
todos localizados na região Nordeste.

Este leilão contou com poucos participantes se comparado com outros


anteriores. Um dos lotes sequer teve oferta e em outros dois lotes somente um

12
participante se inscreveu para apresentar proposta. Apesar disso, as 3 propostas
vencedoras tiveram deságio. Esse fato deveu-se a um novo procedimento do leilão,
segundo o qual a submissão de propostas financeiras teve que ser feita antes da
realização do certame, no ato da apresentação das garantias financeiras. Os proponentes,
portanto, não teriam como saber o quão concorrido seria cada lote. A Tabela 3 apresenta
o resultado do leilão.

Tabela 3: Resultado do Leilão de Transmissão – 03/2012

RAP RAP
Lote DESÁGIO DESÁGIO PROPONENTE
MÁXIMA VENCEDORA
(R$) (%) VENCEDOR
(R$) (R$)

Lote Companhia Hidro


8.936.280,00 8.310.732,00 625.548,00 7,00%
Elétrica do São
A
Francisco

Lote Companhia Hidro


13.925.833,00 12.115.464,00 1.810.369,00 13,00%
Elétrica do São
B
Francisco

Lote Companhia Hidro


27.200.990,00 18.224.652,00 8.976.338,00 33,00%
Elétrica do São
C
Francisco

Lote
8.816.000,00 - - -
Sem proposta
D

Fonte: Elaborado pelo Gesel com base nos dados da ANEEL

O terceiro leilão de transmissão (Leilão nº 05/2012) foi realizado no dia 6 de


junho e apresentou 10 proponentes inscritos para concorrer por seis lotes ofertados. O
leilão apresentou um grande número de participantes. Todos os lotes tiveram pelo
menos três proponentes inscritos, chegando a cinco concorrentes para os lotes B e D.

Apesar do grande número de participantes inscritos, o número de lances


submetidos foi baixo. Três dos seis lotes ofertados no leilão foram arrematados com um
único lance e os lotes B e D em apenas dois lances. O Lote F (LT Itabirito 2 –
Vespasiano 2, CS, em 500 kV), empreendimento que fora oferecido no último leilão de
transmissão (Leilão 03/2012), novamente não recebeu nenhuma proposta.

13
O leilão apresentou um deságio baixo relativo à RAP Máxima. Três dos seis
empreendimentos (lotes A, C e E) foram arrematados pela RAP Máxima. O desconto
médio ponderado obtido no certame foi de 1,04%.

No Lote B, arrematado pela Elecnor Transmissão de Energia com um deságio de


0,01%, houve pequena diferença entre o lance vencedor e da Cobra Instalaciones y
Servicios - R$ 180,00 -, porém a segunda colocada optou por não submeter novo lance
na fase de “viva voz”. O Lote D obteve o maior desconto do certame com um deságio
de 40%, sendo arrematado pela Neoenergia. Como a diferença entre seu lance e a da
segunda colocada, a Chesf, fora superior a 5%, não houve a fase de “viva-voz”. A
Tabela 4 apresenta o resultado do leilão.

Tabela 4: Resultado do Leilão de Transmissão – 05/2012

RAP RAP
Lote DESÁGIO DESÁGIO PROPONENTE
MÁXIMA VENCEDORA
(R$) (%) VENCEDOR
(R$) (R$)

Consorcio BAL –
Eletrosul Centrais
Elétricas S.A. (51%)
Lote A 77.417.970,00 77.417.970,00 0,00 0,00% e Companhia
Estadual de Geração
e Transmissão de
Energia Elétrica
(49%)

Elecnor
Lote B 3.096.180,00 3.096.000,00 180,00 0,00% Transmissão de
Energia S.A.

Lote C 4.182.210,00 4.182.210,00 0,00 0,00% Copel Geração e


Transmissão S.A.

Lote D 2.357.450,00 1.414.476,00 942.974,00 39,99% Neoenergia S.A.

Transmissora
Lote E 3.738.970,00 3.738.970,00 0,00 0,00% Aliança de Energia
Elétrica S.A.

Lote F 9.135.910,00 - - - Sem Proposta

Fonte: Elaborado pelo Gesel com base nos dados da ANEEL

O terceiro leilão terminou com deságio médio de 1,04% e praticamente sem


disputa, o que a ANEEL atribui ao momento do mercado e a custos ambientais e de

14
questões fundiárias. O diretor executivo da Abrate, César de Barros Pinto, disse que
nunca viu isso acontecer (leilão sem deságio em quase todos os lotes). Ele esperava um
deságio médio na ordem de 35%. Segundo ele “o investidor está dando um recado para
o regulador”.

Já o economista do GESEL/UFRJ, Roberto Brandão, acredita que o leilão não


tenha tido forte competição, já que os lotes são pequenos. ”Nesses lotes muito
pequenos, há vantagem para as empresas que já têm presença física no local”, pois é
comum não haver interesse de empresas que não atuam na região em competir com
aquelas que já têm presença no local.

2.3 Leilão de Ajuste


No dia 29 de março de 2012 foi realizado o 12º Leilão de Ajuste. No leilão
foram comercializados 27 lotes de 0,5 MW de energia na modalidade P06M-S (período
de suprimento de 06 meses) para suprimento no submercado Sul entre 1º de junho de
2012 e 31 de dezembro de 2012. O volume de energia transacionado foi de 89 GWh a
um preço médio ponderado de R$ 142,46 por MWh.

Toda a energia destina-se ao atendimento da distribuidora AES Sul. A energia


foi contratada de três empresas: Alcoa, BTG Pactual e Leros Energia.

O 13º leilão de ajuste ocorreu no dia 14 de junho de 2012 e nele foram


comercializadas energia na modalidade P03M, com inicio de suprimento em 0107/2012
e prazo de três meses; e, P06M, com inicio de suprimento em 01/07/2012 e prazo de
seis meses.

15
3 Geração
A presente seção apresenta o quadro geral de Geração de Energia no Sistema
Interligado Nacional desde o ano 2000, para se ter um panorama de como se comportou
o sistema frente a crise energética de 2001 e se já houve a recuperação dos níveis de
geração registrados no período anterior a crise. Neste relatório, em especial, a análise
será centrada no período de janeiro a julho de 2012.

Esta seção apresenta primeiramente os dados de geração total e por fonte, e em


seguida apresenta os dados por fonte para cada subsistema e, por fim, os dados de
geração de Itaipu, energia nuclear e eólica.

As centrais de geração elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) brasileiro


geraram, 303.393,83 GWh de energia elétrica de janeiro a junho de 2012. Este volume
de energia representou expansão de 6,15 pontos em relação ao montante gerado no SIN
no mesmo período de 2011, quando o volume de energia foi de 285.828,36 GWh. No
período a energia hídrica foi responsável por 75,92% do total gerado no âmbito do SIN
(230.344,84 GWh). Já as fontes térmicas foram responsáveis por 6,22% do total gerado
(18.859,50 GWh), enquanto que as fontes nucleares representaram 2,44% do volume
gerado no sistema interligado (7.392,51 GWh). Itaipu foi responsável por 15,02% da
geração (45.565,20 GWh). E, a geração eólica representou 0,41% ou 1.231,78 GWh da
geração total.

Gráfico 2: Evolução Mensal da Geração de Energia Elétrica, por fonte, no


SIN (GWh)
60.010,00

50.010,00

40.010,00

30.010,00

20.010,00

10.010,00

10,00
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Geração Hidráulica Geração de Itaipu Geração Térmica


Geração Nuclear Geração Eólica Total

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

16
3.1 Geração Hídrica
No primeiro semestre de 2012 a geração de energia elétrica, a partir de fontes
hídricas, alcançou 230.344,84 GWh. Este valor é 2,48 pontos acima da quantidade
gerada no mesmo período de 2011, quando o total gerado por esta fonte foi de
224.762,07 GWh.

O Subsistema Sudeste/Centro-Oeste foi responsável por 45,58% do volume total


de energia hídrica gerada no SIN no primeiro semestre de 2012 (104.996,68 GWh). O
Subsistema Sul teve participação de 10,00% do total gerado por fontes hídricas no
mesmo período. O volume gerado foi de 23.042,95 GWh . O Gráfico 3 apresenta a
evolução mensal da geração de energia elétrica no SIN.

Gráfico 3: Geração Mensal de Energia Hídrica por Subsistema Jan-2000 a


Jun-2012, (GWh)

46.000,00
41.000,00
36.000,00
31.000,00
26.000,00
21.000,00
16.000,00
11.000,00
6.000,00
1.000,00
2 0 00

2 0 01

2 0 02

2 0 03

2 0 04

2 0 05

2 0 06

2 0 07

2 0 08

2 0 09

2 0 10

2 0 11

2 0 12
Sudeste/CO Sul Norte Nordeste SIN

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

As centrais hidrelétricas do Subsistema Nordeste geraram 28.696,08 GWh de


janeiro a junho de 2012, o que em termos percentuais equivale a 12,33% do total do
SIN. E no Subsistema Norte, a geração foi de 28.343,92 GWh, no período, o que
equivale a 12,30% do total gerado.

3.2 Geração Térmica


As centrais de geração térmica do SIN geraram 18.859,50 GWh, no primeiro
semestre de 2012. Este valor foi 70,95 pontos superior ao gerado no mesmo período de
2011 (11.032,01 GWh). Este resultado é conseqüência do acionamento de centrais
térmicas para suprir a demanda devido à queda no nível dos reservatórios,
principalmente no sul do país.

17
O governo federal acionou as termelétricas para poupar água dos reservatórios
devido à seca no sul. Esta operação terá impacto no reajuste da conta de luz no próximo
ano. Quanto mais tempo as térmicas funcionarem, maior o impacto na conta. De acordo
com Hermes Chipp, diretor do ONS, o custo adicional do funcionamento das térmicas
pode chegar a R$ 700 milhões este ano.

Para alguns analistas o pior seria se chegássemos a novembro com os


reservatórios muito baixos, pois isto deixaria o sistema vulnerável e totalmente
dependente da hidrologia do período úmido que vai de novembro/2012 a abril /2013.
Para evitar uma situação como esta é que existem as térmicas e assim o jeito é fazê-las
operar.

O Subsistema Sudeste/Centro-Oeste foi responsável por 61,10% de toda a


energia térmica gerada durante o primeiro semestre de 2012. O subsistema registrou
geração de 11.523,04 GWh,

Enquanto o subsistema Sul gerou 4.354,93 GWh no mesmo período. Este


volume representou uma participação de 23,09% do total gerado por fontes térmicas,
conforme o Gráfico 4.

Gráfico 4: Geração de Energia Térmica por Subsistema. Jan-2000 a Jun-


2012 (GWh)
6.000,00

5.000,00

4.000,00

3.000,00

2.000,00

1.000,00

0,00
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Sudeste/CO Sul Norte Nordeste SIN

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

O Nordeste registrou 15,66% no montante de energia elétrica gerada no primeiro


semestre de 2012. O volume total de energia gerada pelo subsistema foi de 2.953,15
GWh. E o subsistema Norte participou com apenas 0,74 GWh.

18
3.3 Geração Nuclear
O Setor Nuclear Brasileiro possui duas Usinas em operação atualmente, as
usinas de Angra 1 (657 MW) e Angra 2 (1.350 MW), ambas localizadas na região
Sudeste, no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. A Usina de
Angra 3 começou a ser construída em 2010, o que aumentará a capacidade instalada
nuclear brasileira para 3.412 MW de potência.

As duas usinas nucleares já instaladas e em operação produziram 7.392,51 GWh


de eletricidade entre janeiro e julho de 2012. Este montante significou 2,44% de toda a
energia gerada no SIN durante o período e representou redução de 5,20 pontos em
comparação com o total gerado no mesmo período do ano anterior, quando foram
gerados 7.798,07 GWh de energia em Angra.

Através do Gráfico 5 observa-se que a geração de energia nuclear em Angra


apresenta oscilação constante. A exceção fica por conta dos períodos nos quais existem
eventos extraordinários, como a necessidade do desligamento das usinas para
manutenção dos equipamentos ou então para troca das pastilhas de urânio, que servem
como combustível.

Gráfico 5: Geração de Energia Nuclear, Jan-2000 a Jun 2012 (em GWh)


1.600,00
1.400,00

1.200,00

1.000,00
800,00
600,00

400,00
200,00
Abril
Fevereiro

Março

Maio
Janeiro

Junho

Agosto

Outubro

Novembro

Dezembro
Julho

Setembro

2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

Quadro 1: Os 30 anos da Energia Nuclear no Brasil


O Brasil chega aos 30 anos de uso da energia nuclear com recorde de produção
de 15,658 MWh, volume registrado em 2011, e a possibilidade de, com a conclusão de

19
Angra 3, de abastecer 60% do mercado elétrico do Rio de Janeiro com energia elétrica
gerada pela fonte nuclear.

O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, defende a geração de


energia nuclear por considerá-la de baixo impacto ambiental e por questões de custo.
Ele ressalta que, dentre as térmicas, como as que produzem energia a partir do carvão,
óleo combustível e gás, a usina nuclear é a que tem menos custo. Além disso, ele lembra
que o Brasil tem uma grande reserva de urânio, uma das maiores do mundo.

Angra 1, a primeira usina nuclear a entrar em funcionamento no país, foi


interligada ao sistema elétrico nacional no dia 1º de abril de 1982. E, mesmo
contestando a real necessidade do Brasil fazer uso dessa fonte tão controversa, o físico
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da COPPE, acredita que a geração de energia nuclear
constitui um fato histórico. Ele concorda com Othon Pinheiro sobre o ganho tecnológico
que a geração nuclear propiciou ao Brasil, embora a um custo muito elevado. “Criou-se
uma competência na engenharia nuclear. Os dois reatores que o Brasil tem
funcionamento têm bom desempenho técnico”. Ele ainda destacou como avanço
tecnológico o aprendizado relativo ao enriquecimento do urânio. “Acho que esse é o
ponto, tecnologicamente, mais elevado, promovido pela Marinha de Guerra” 1.

3.4 Itaipu
A Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior hidrelétrica em operação no mundo, é
um empreendimento binacional desenvolvido em conjunto pelo Brasil e pelo Paraguai.
A capacidade instalada da usina é de 14.000 MW, com 20 unidades geradoras de 700
MW cada.

De acordo com nota, publicada em seu site2, a Hidrelétrica de Itaipu Binacional


informou que a produção de eletricidade no primeiro semestre de 2012 foi de 50, 105
milhões de MWh, novo recorde para os seis primeiros meses do ano. O volume de
energia produzido, no período, foi 4,8% maior que o registrado no mesmo período de

1
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-04-01/brasil-completa-30-anos-de-uso-da-energia-nuclear-
com-avancos-tecnologicos-e-criticas
2
http://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/itaipu-crava-novo-recorde-historico-do-semestre

20
2008, ano do recorde anterior, quando a geração semestral foi de 47,816 milhões de
MWh. O volume produzido em junho também foi recorde para o sexto mês do ano. A
geração chegou a 8,528 milhões de MWh, 4,8% maior que os 8,140 milhões de MWh
de junho de 2008, o recorde anterior.

A produção recorde de Itaipu é atribuída a vários fatores, entre eles as boas


condições hidrológicas, a alta demanda do setor, a disponibilidade de equipamentos e a
boa gestão de todos esses recursos.

A nova marca semestral consolida ainda mais a Itaipu como a maior hidrelétrica
em produção de energia limpa e renovável do planeta. O bom desempenho acompanha
uma tendência registrada desde o início do ano. Desde quando entrou em operação, em
maio de 1984, a Itaipu produziu até primeiro de julho um total de 1.988.869.352 de
MWh.

No Gráfico 6 pode-se observar a evolução do montante de energia gerada na


Usina Binacional de Itaipu a partir de janeiro de 2000 até junho de 2012.

Gráfico 6: Energia Gerada pela Usina de Itaipu, Jan-2000 a Jun-2012 (em


GWh)
9.000,00

8.000,00

7.000,00

6.000,00

5.000,00

4.000,00
Abril
Fevereiro

Março

Maio
Janeiro

Junho

Julho

Agosto

Outubro

Novembro

Dezembro
Setembro

2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ, com dados do NOS

Quadro 2: Comemoração de 38 anos da Usina de Itaipu3

3
http://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/itaipu-comemora-38-anos-voltada-para-novos-
desafios

21
No dia 17 de maio de 2012, a usina de Itaipu, recordista mundial em geração de
energia limpa e renovável, comemorou 38 anos com uma visão de futuro voltada para
novos desafios. A construção de Itaipu representou um desafio político, diplomático,
econômico e de engenharia sem precedentes. Hoje, o desafio da empresa vai além da
produção de energia com qualidade e eficiência. Itaipu, que ampliou sua missão para
impulsionar o desenvolvimento social, econômico e turístico sustentável do Brasil e do
Paraguai, agora também tem uma visão de futuro de longo prazo.

Há 38 anos, em 1974, os governos do Brasil e do Paraguai assinaram o


documento que criava a entidade binacional Itaipu, gerida no Brasil pela Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás e, no Paraguai, pela Administración Nacional de
Electricidad – ANDE.

A entidade binacional, única do gênero no mundo, foi responsável pelas obras de


construção da usina hidrelétrica de Itaipu e, depois, por comercializar no Brasil e no
Paraguai a energia gerada pela usina. Em 2003, foi além: com sua missão ampliada,
Itaipu investe não apenas em energia, mas também em inovação, turismo, meio
ambiente e na qualidade de vida das populações de seu entorno.

Até 2020, a empresa pretende se consolidar “como a geradora de energia limpa e


renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de
sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a
integração regional”.

22
4 Fluxo de Energia Elétrica entre os Subsistemas
Os dados presentes nos gráficos permitem a análise dos intercâmbios e da
destinação da energia elétrica entre os subsistemas do SIN e do intercambio
internacional de janeiro de 2000 a julho de 2012.

4.1 Intercambio entre as Regiões Brasileiras


Os maiores intercâmbios entre as regiões brasileiras, ocorridos no primeiro
semestre de 2012, deram-se entre as regiões Norte/Sudeste/Centro-oeste, em média
1.450,60 GWh por mês, vindo a cair somente a partir de maio. No Sul/Sudeste/Centro-
Oeste o intercambio vem sendo negativo desde dezembro de 2011. No Norte/Nordeste
os volumes intercambiados foram crescentes até abril e a partir de então começaram a
cair. Durante o mês de maio de 2012 a região Norte diminuiu o fornecimento de energia
para as demais regiões do SIN, principalmente para a região Sudeste / Centro - Oeste,
em relação a abril de 2012, totalizando 2.071 MW médios. A região Sul continuou a
receber energia do Sudeste/Centro-Oeste, com valor superior ao recebido no mês
anterior, totalizando 5.880 MW médios. O intercâmbio de energia da região
Sudeste/Centro-Oeste para o Acre/Rondônia foi de 24 MW médios. Durante o mês de
junho de 2012 a região Norte diminuiu o fornecimento de energia para as demais
regiões do SIN, em relação a maio de 2012, totalizando 282 MW médios. A região Sul
passou a fornecer energia para o Sudeste/Centro-Oeste, totalizando 2.007 MW médios.
O intercâmbio de energia da região Sudeste/Centro-Oeste para o Acre/Rondônia foi de
46 MW médios. O Gráfico 7 apresenta a evolução dos intercâmbios de eletricidade
entre as regiões brasileiras.

23
Gráfico 7: Intercâmbio de Eletricidade entre as Regiões Brasileiras, Jan-
2000 a Jun-2012 (em GWh)
3.000,00

2.000,00

1.000,00

0,00

-1.000,00

-2.000,00

-3.000,00

-4.000,00

-5.000,00
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Sul / Sudeste/Centro-Oeste Norte/ Sudeste/Centro-Oeste Norte/ Nordeste Sudeste/Cento-Oeste / Nordeste

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

4.2 Intercâmbio Internacional


Visando aproveitar melhor as disponibilidades de recursos energéticos regionais,
o Brasil dispõe de um conjunto de interligações de seu sistema elétrico com os sistemas
elétricos da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. Estas interligações são utilizadas nas
situações em que há folga de recursos energéticos e de geração em um país e
necessidade em outro, ou para atender a emergências. Para tanto, existe um conjunto de
regras, definidas em acordos internacionais, que normatizam os procedimentos para
cada situação.

O intercâmbio de energia elétrica para a Argentina pode ser proveniente das


estações conversoras Garabi 1 e Garabi 2, de propriedade da CIEN (Companhia de
Interconexão Energética), compostas cada uma por dois conversores de frequência
50/60 Hz, com capacidade de 550 MW. O ponto de entrega da conversora Garabi 1 está
localizado na SE Santo Ângelo e o ponto da conversora Garabi 2 na SE Itá.

Também para a argentina o intercâmbio de energia elétrica pode ser proveniente


da estação conversora de frequência Uruguaiana, de propriedade da Eletrosul, 50/60 Hz,
com capacidade de 50 MW, interligando Paso de Los Libres, na Argentina, à subestação
Uruguaiana localizada no Estado do Rio Grande do Sul.

O intercâmbio de energia elétrica para o Paraguai é realizado por meio da


conversora de frequência Acaray, 50/60 Hz, de propriedade da ANDE, que está

24
localizada entre a SE Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, e a Central Hidrelétrica
Acaray. A Resolução Autorizativa ANEEL nº 91/2005 autoriza a COPELG a importar e
exportar energia elétrica, mediante intercâmbio elétrico entre o Brasil e o Paraguai, via
conversora Acaray.

Intercâmbio de energia elétrica com o Uruguai é realizado por meio da estação


conversora de frequência de Rivera, de propriedade da UTE. Esta conversora, 50/60
HZ, tem capacidade de 70 MW e interliga a SE Livramento 2, no estado do Rio Grande
do Sul, ao Uruguai.

De acordo com o relatório de Acompanhamento Mensal dos Intercâmbios


Internacionais, do ONS, no mês de março houve exportação para o Uruguai, via estação
conversora de Rivera, a título de energia contratual, com base em geração térmica.
Houve ainda a exportação e devolução de energia a título de energia emergencial para a
Argentina, via conversora de Uruguaiana. Apartir do dia 23 de março foi iniciada a
exportação para o Uruguai, via conversora de Garabi, a título de energia contratual.

No mês de junho houve exportação para o Uruguai, via estação conversora de


Rivera, a título de energia contratual, com base em geração térmica.

Gráfico 8: Intercâmbio de Eletricidade Internacionais, Jan-2000 a Jun-2012

(em GWh)

3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00
-1.000,00
-2.000,00
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Internacional - S Exportação - N Importação - NE

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ com base nos dados do ONS

25
5 Nível dos Reservatórios
Este tópico aborda a evolução das condições dos reservatórios das hidrelétricas
do sistema hidrelétrico brasileiro no período de janeiro a abril de 2011, desagregando-os
pelos quatro subsistemas: Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste.

Esses indicadores visam oferecer elementos para a análise da disponibilidade de


energia nos reservatórios e do nível máximo possível em cada subsistema. A partir
destes dados, pode-se avaliar, com mais precisão, para o curto e médio prazo, a
capacidade de geração de energia das hidrelétricas nacionais.

5.1 Energia Armazenada por Subsistema


A energia armazenada é a valoração energética do volume armazenado de água
em um reservatório pela produtividade das usinas hidrelétricas localizadas à sua jusante.
A importância deste dado é a possibilidade de analisar a capacidade de geração em um
determinado subsistema.

O total de energia armazenada no Sistema Interligado Nacional durante o


primeiro semestre de 2012 foi de 958.198,4 GWh. Este montante foi 2,04% inferior ao
registrado no mesmo período de 2011 (978.187,9 GWh).

O Subsistema Sudeste/Centro-Oeste registrou 682.616,29 GWh de energia


armazenada no período. O Subsistema Sul registrou 44.411,60 GWh. O Subsistema
Norte registrou 54.787,41 GWh, e o Subsistema Nordeste registrou 176.383,05 GWh.

O Gráfico 9 abaixo apresenta a evolução do nível dos reservatórios desde janeiro


de 2000. O nível dos reservatórios do Sul vinha apresentando queda desde fevereiro
deste ano. No entanto, a partir de maio este nível voltou a subir fechando o mês de
junho em 68,12%. O nível dos demais reservatórios vem se mantendo estável ao longo
do ano.

26
Gráfico 9: Armazenamento de Energia Mensal por Subsistema, Jan- 2000 a
Jul-2012 (%)
120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Sudeste/CO Sul Norte Nordeste

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ, com dados do ONS

No final de abril, de acordo com o diretor do ONS, Hermes Chipp, a falta de


chuvas na região Sul acarretou um aumento da transferência de energia das demais
regiões do país para esta região. Na época o repasse era de 5,5 mil MW.

O Inmet apresentou uma avaliação das precipitações ocorridas desde o início do


período chuvoso (outubro de 2011) e as previsões para o trimestre de novembro a
janeiro de 2012. Os destaques da previsão climática, por consenso, foram de
continuidade de atuação do fenômeno “La Niña”, com persistência de condições de
estiagem para a região Sul do Brasil, maior probabilidade de chuvas acima do normal
para o norte da região Norte e alta variabilidade espacial e temporal das chuvas sobre as
regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Não está descartada a possibilidade
de ocorrência de grandes volumes de chuvas na região Sudeste.

O ONS apresentou a alocação de volumes de espera definida no Plano Anual de


Prevenção de Cheias – Ciclo 2011/2012, no âmbito do Sistema Interligado Nacional. Os
volumes de espera estabelecidos em diversos reservatórios de aproveitamentos
hidroelétricos abrangem as bacias dos rios Parnaíba, São Francisco, Jequitinhonha,
Paraíba do Sul, Paraná e afluentes e Jacuí. Os níveis de armazenamento no início deste
ciclo estão, em geral, notadamente superiores aos observados no ciclo passado nesta
época do ano. Considerando-se uma projeção de vazões médias até abril, tem-se a
perspectiva alcançar mais rapidamente os níveis de volumes de espera neste ano de
2012 em relação ao ano de 2011, o que exige uma maior atenção quanto à possibilidade

27
de realização de operações de controle de cheias neste ciclo que se inicia. Até aquele
momento, o ONS trabalhava com o cenário de normalidade para o período chuvoso no
Sul e Sudeste.

5.2 Energia Natural Afluente por Subsistema


O conceito de Energia Natural Afluente se refere à energia que se obtém quando
a vazão natural afluente a um ponto de observação é turbinada nas usinas situadas à
jusante do ponto. A energia natural afluente a uma bacia é a soma das energias naturais
afluentes a todos os pontos de observação existentes na bacia.

No primeiro semestre de 2012, o Sistema Interligado Nacional registrou energia


natural afluente total da ordem de 406.266,00 MW médios, o que representou redução
de 27,73 pontos em comparação com o mesmo período de 2011, quando o volume
registrado foi de 562.161,35 MW médios.

A região Sudeste registrou 63,54% da energia natural afluente do SIN, no


período analisado. No período equivalente do ano anterior a participação havia sido de
62,03%. Na região Norte o registro foi de 13,84% no período contra 11,82% no período
anterior. A região Nordeste registrou 13,01% contra 10,35% no período anterior. E a
região Sul foi a que apresentou maior variação 9,61% no período de janeiro a junho de
2012 contra 15,80% no período equivalente de 2011.

Gráfico 10: Energia Natural Afluente por Região. Mai-2001 a Jun-2012

(em MW médios)
100.000,00
90.000,00
80.000,00
70.000,00
60.000,00
50.000,00
40.000,00
30.000,00
20.000,00
10.000,00
0,00
2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Sudeste Sul Norte Nordeste

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ, com dados do ONS

28
6 Carga
6.1 Carga de Energia no Sistema Interconectado
A Carga de Energia refere-se à quantidade de energia requisitada pelo Sistema
num determinado período de tempo, composta do consumo mais as perdas. A carga de
energia do Sistema Interligado Nacional registrada, entre janeiro e junho de 2012, foi de
353.772,1 MW médios, o que representou um aumento de 5,28 em comparação com o
mesmo período de 2011, quando a carga de energia do SIN foi de 336.025,3 MW
médios, conforme o Gráfico 11. Em junho, a carga no SIN atingiu 56.109,7 MW
médios, crescimento de 4,2% frente a junho de 2011. Na comparação com maio deste
ano, houve queda de 1,1% na carga de energia. No acumulado dos últimos 12 meses, o
SIN apresentou uma variação positiva de 3,8% em relação ao período de 12 meses
imediatamente anteriores.

Segundo o ONS, o comportamento da carga durante o mês de junho foi


influenciado pela ocorrência de temperaturas superiores às verificadas no mesmo mês
de 2011, principalmente na região Sudeste, o que levou a um aumento do uso de
equipamentos de refrigeração, refletindo diretamente no comportamento da carga.

Para o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os valores de carga de energia


verificados em junho deste ano pelo ONS indicam crescimento de 4,7% em relação ao
mesmo mês do ano anterior, para 34.131,7 MW médios. Com relação ao mês de maio
de 2012, houve variação negativa de 0,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, o
Sudeste/Centro-Oeste apresentou alta de 3,2% na carga de energia em relação ao
período anterior.

No Subsistema Sul, houve variação positiva de 2,4% em relação aos valores do


mesmo mês de 2011, para 9.547,7 MW médios. Ante maio de 2012, houve queda de
1,8% na carga de energia. No acumulado dos últimos 12 meses, o Sul apresentou um
crescimento de 4,4%.

Já no Subsistema Nordeste, houve aumento de 7,8% na carga de energia ante


junho de 2011, para 8.496,2 MW médios. Na comparação com o mês imediatamente
anterior, houve queda de 2,8%. No acumulado dos últimos 12 meses o Nordeste
apresentou um crescimento de 5,6% na carga de energia.

29
No Subsistema Norte, a carga de energia caiu 2,3% em junho deste ano ante
igual mês do ano passado, para 3.934,1 MW médios. Com relação a maio de 2012, a
queda foi de 4,5%. No acumulado dos últimos 12 meses, a carga de energia no Norte
apresentou uma variação positiva de 4,1%.

Gráfico 11: Evolução da Carga de Energia no Sistema Interconectado, Jan-


2000 a Jun-2012 (em GWh)
70.000,0

60.000,0
50.000,0

40.000,0
30.000,0

20.000,0
10.000,0

0,0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Sudeste/CO Sul Norte Nordeste SIN

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ, com dados do ONS

6.2 Carga de Demanda no Sistema Interconectado


No SIN, a carga de demanda em junho (69.747,1 MWh/h) foi 5,6% superior ao
ocorrido no mesmo mês do ano anterior e 0,2% superior ao valor verificado no mês
anterior (67.014,5 MWh/h).

No SE/CO, a carga de demanda verificada em junho (43.370,8 MWh/h) foi 4,8%


superior ao ocorrido no mesmo mês do ano anterior e 0,4% superior ao valor verificado
no mês anterior (42.112,3 MWh/h).

No Sul, a carga de demanda verificada em junho (12.465,6 MWh/h) foi 6,9%


superior ao ocorrido no mesmo mês do ano anterior e 1,4% superior ao valor ocorrido
no mês anterior (12.032,2 MWh/h).

No Nordeste, a carga de demanda verificada em junho (10.221,2 MWh/h) foi


3,5% superior ao ocorrido no mesmo mês do ano anterior e 2,3% superior ao valor
ocorrido no mês anterior (9.839,5 MWh/h).

30
No Norte, a carga de demanda verificada em junho (4.572,3 MWh/h) foi 1,5%
inferior ao ocorrido no mesmo mês do ano anterior e ligeiramente superior ao ocorrido
no mês anterior (4.519,4 MWh/h).

Gráfico 12: Evolução da Carga de Demanda no Sistema Interconectado, Jan-


2000 a Jun-2012 (em GWh)
82.000,0
72.000,0
62.000,0
52.000,0
42.000,0
32.000,0
22.000,0
12.000,0
2.000,0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Sudeste/CO Sul Norte Nordeste SIN

Fonte: Elaborado pelo GESEL-IE-UFRJ, com dados do ONS

A Tabela 5 apresenta os valores máximos de demanda independente do seu


horário de ocorrência.

Tabela 5: Demanda Máxima Instantânea (MW)

Fonte: Boletim Mensal ONS4

4
http://www.ons.org.br/download/analise_carga_demanda/Boletim%20Mensal%20201206.pdf

31
7 Consumo
A importância deste indicador, que mede o consumo faturado total, por setor e
por região, está na possibilidade de uma análise mais desagregada das tendências e
características do consumo de energia elétrica no Brasil. Ele também indica as
necessidades de investimentos. Este tópico está organizado da seguinte forma: primeiro,
serão apresentadas as tabelas e gráficos de consumo faturado total, depois por região e
consumo faturado por setor e por fim o consumo total por subsistema.

De acordo com o novo PDE nos próximos dez anos a demanda total de energia
do país deverá crescer em mais de 60%. Em 2020 dois terços do consumo total virão
dos setores industrial e de transportes. No que diz respeito especificamente à energia
elétrica, o plano considera que a eletricidade economizada nos próximos 10 anos será
equivalente a produção de uma hidrelétrica de 7.000 MW (capacidade superior a das
usinas do Complexo do Rio Madeira)

7.1 Consumo Total


De acordo com os dados da Resenha Mensal, publicada pela EPE, o consumo de
energia elétrica na rede aumentou 3,8% em maio, alcançando 36.912 GWh. No primeiro
semestre de 2012 o consumo nacional de eletricidade atingiu 223,4 mil GWh, um
crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com exceção da
indústria todos os outros segmentos apresentaram expressiva expansão no período.

O consumo industrial fechou o 2º trimestre de 2012 com crescimento de 0,4%,


abaixo da taxa de 2,4% aferida no primeiro. Essa desaceleração reflete a atividade
industrial neste ano, confirmada pelos indicadores setoriais recentemente divulgados. O
índice de atividade da indústria geral do IBGE acumula queda de 3,9% entre janeiro e
maio, na comparação com igual período do ano anterior. No agregado semestral, a
demanda industrial de energia apresentou alta de 1,4% (91,3 mil GWh). Dados da
utilização da capacidade instalada da CNI referentes ao mês de junho indicam novo
recuo tanto em relação ao ano anterior quanto ao mês anterior.

32
Gráfico 13: Evolução do Consumo por Segmento e Total (GWh), Set-2006 a
Jun-2012
43.000
38.000
33.000
28.000
23.000
18.000
13.000
8.000
3.000
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

Na classe Comercial & Serviços houve acréscimo de 9,6%, em junho, com


destaque para as regiões Nordeste (11,8%) e Sudeste (10,3%).

Em junho, o consumo de energia da classe residencial cresceu 8,1%. Essa taxa,


coincidente com a de março, é a maior do ano. No semestre a taxa foi de 5,0%. No
segundo trimestre o crescimento do consumo de energia pelas famílias foi de 6,5%,
também superior ao do primeiro trimestre (3,6%). Aumento da base de consumidores e
condições favoráveis de renda e emprego explicam a expansão do consumo residencial.

7.2 Consumo por Região e Segmento

7.2.1 Região Norte


No Norte manteve-se a dinâmica de forte expansão do consumo. A taxa em maio
permaneceu alinhada com o crescimento acumulado no ano, em que se registrou taxa de
9,7%.

Em junho, ao contrário dos meses anteriores, o efeito da entrada de novas cargas


industriais ao longo de 2011 não compensou o recuo do consumo do setor de alumínio.
Então, o consumo das indústrias caiu 1,4%.

33
Gráfico 14: Região Norte – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a
Jun-2012 (GWh)
3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

7.2.2 Região Nordeste


De acordo com a Resenha Mensal de maio, da EPE, o resultado de aumento no
consumo de eletricidade pelas famílias no Nordeste encontra apoio no quadro
econômico regional. As maiores taxas de crescimento foram registradas no Piauí
(+18,6%), Maranhão (+16,1%), Ceará (+10,4%) e Rio Grande do Norte (+11,5%).

Desde o início deste ano a região Nordeste tem apresentado desempenho forte e
consistente no consumo de eletricidade no setor comercial, especialmente nos estados
de Pernambuco e do Ceará. Embora a variação no consumo em Pernambuco tenha sido
influenciada por uma base de comparação deprimida (em maio de 2011, fortes chuvas
chegaram a afetar o funcionamento do comércio local), boa parte do aumento do
consumo reflete o comportamento vigoroso das vendas no comércio pernambucano. De
fato, até abril, o subsetor acumulou expansão de 7% no ano. No Ceará, o consumo de
energia está em linha com o dinamismo que vem apresentando a economia estadual.
Enquanto a base de consumidores comerciais cresce, em média, 2,4% no Nordeste, no
Ceará esta ampliação tem ocorrido à taxa de 3,2%. Estes resultados são convergentes
com os dados do Caged/MTE: 85% do total de postos de trabalho criados no Ceará nos
últimos 12 meses estão nas atividades de comércio e de serviços; já no Nordeste, a
contribuição desses setores tem sido menor, em torno de 70%.

O consumo industrial, no Nordeste, fechou o mês de junho em queda de 5,2%,


principalmente por conta do menor consumo das indústrias dos ramos químico e
metalúrgico. No segmento de comercio, devido às festas juninas que ocorrem em vários

34
estados, houve elevação do consumo de eletricidade. Eventos como esses movimentam
o setor de comercio e de serviços nas cidades onde se realizam, sobretudo os segmentos
de alimentação e hospedagem.

Gráfico 15: Região Nordeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a


Jun-2012 (GWh)
7.000

6.000
5.000

4.000
3.000
2.000

1.000
0
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

7.2.3 Região Sudeste


Em relação ao consumo residencial de maio, no Sudeste, vale registrar a
performance no Rio de Janeiro. A revisão da base de consumidores, com a exclusão de
unidades inadimplentes, terminou influenciando as estatísticas regionais. A queda
registrada no consumo foi de 4,7%.

O consumo industrial da região Sudeste responde por mais da metade do total


brasileiro. Em termos absolutos, o recuo da demanda regional representou montante de
energia superior aos decréscimos de Norte e Nordeste somados. Apresentaram redução
no consumo de junho as indústrias de Minas Gerais (5,9%) e São Paulo (0,7%). Em
Minas, o menor consumo do setor metalúrgico foi o que exerceu maior impacto. Já em
São Paulo, a redução do consumo foi menor em razão da maior diversificação da
indústria local. Foi percebida diminuição do consumo dos setores automotivo, químico
e metalúrgico.

35
Gráfico 16: Região Sudeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a
Jun-2012 (GWh)
25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

7.2.4 Região Centro-Oeste


No Centro-Oeste manteve-se a dinâmica de forte expansão do consumo. A taxa
em maio permaneceu alinhada com o crescimento acumulado no ano, em que se
registrou taxa de 6,9%.

Em relação ao consumo industrial, a expansão se deve à maturação de novos


projetos industriais, que tomaram carga a partir do segundo semestre do ano passado.

Gráfico 17: Região Centro-Oeste – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-


2006 a Jun-2012 (GWh)
3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

36
7.2.5 Região Sul
Em maio, no consumo residencial, o destaque foi o caso do Paraná: o consumo
de eletricidade recuou 3,2%, pesando no resultado o efeito do calendário de faturamento
e também da base bastante elevada em 2011, quando o consumo cresceu 15%.

No consumo industrial, em junho, houve decréscimo no consumo apenas no Rio


Grande do Sul, queda de 3,3%, reflexo da menor produção, do setor químico,
principalmente.

Gráfico 18: Região Sul – Consumo Setorial de Eletricidade, Set-2006 a Jun-


2012 (GWh)
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Residencial Industrial Comercial Outros Total

Fonte: Elaborado pelo Gesel-IE/UFRJ com base nos dados da EPE

7.3 Resultados Preliminares do BEN 2012


De acordo com a EPE que considerando apenas o consumo final de eletricidade,
isto é, o consumo das pessoas e das empresas, o montante demandado foi de 481,3 TWh
e o crescimento de 3,6%. Em termos absolutos, o aumento da demanda total em 2011
foi de 18,3 TWh, equivalente à geração de uma usina hidrelétrica de 3.500 MW de
potência instalada.

O maior aumento relativo no consumo final significa que houve redução nas
perdas na transformação (gasto de energia para produzir energia elétrica a partir de
fontes primárias) e na transmissão e distribuição da energia produzida. O índice de
perdas totais em 2011 situou-se em 15,4%.

O aumento no consumo de energia elétrica foi superior à evolução do PIB,


estimada pelo IBGE em 2,7%. Esse resultado está em linha com a tendência histórica de

37
eletrificação da economia brasileira, tendência esta que, de resto, se verifica nas
principais economias de países em desenvolvimento.

7.4 Demanda de Energia Elétrica nos Próximos 10 Anos


De acordo com informe a imprensa da EPE, em janeiro de 2012, o crescimento
médio anual da demanda total de eletricidade (que inclui consumidores cativos, livres e
autoprodutores) será de 4,5% ao ano no período, até 2021, passando de 472 mil GWh
em 2011 para 736 mil GWh em 2021. a expansão média do consumo anual de energia
elétrica será um pouco inferior a da economia, cuja taxa de crescimento do PIB
brasileiro é estimada em 4,7% ao ano, em media, nos 10 anos.

Tabela 6: Projeções da Demanda Total de Energia Elétrica e do PIB

Fonte: EPE5,6

Na estrutura de demanda de energia elétrica, a classe comercial deverá manter o


forte desempenho observado nos últimos anos e, com isso, apresentará a maior alta
(5,8% anuais, em média) entre os segmentos de consumo. Apesar do alto crescimento
do setor de comércio e serviços, a indústria permanecerá sendo a classe responsável por
quase metade do consumo total de eletricidade no país.

http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20Estudos%20de%20Energia/20120104_1.p
df
6
http://www.epe.gov.br/imprensa/PressReleases/Forms/PressRelease.aspx

38
Tabela 7: Projeções do Consumo Total de Eletricidade por Classe (mil GWh)

Fonte: EPE

39
8 MERCADO SPOT
O cálculo da média mensal do preço do MAE por submercado considera os
preços semanais por patamar de carga leve, médio e pesado, ponderado pelo número de
horas em cada patamar e em cada semana do mês.

8.1 Notícias
No mês de maio o preço da energia elétrica de fonte convencional para entrega,
no curto prazo, para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, teve queda de 6%
interrompendo a sequência de alta dos três meses anteriores e, fechou o mês a R$
191,91 MWh. Essa redução está relacionada à melhoria da afluência na região Sul e
Sudeste.

O índice BRIX Convencional, que indica o premio sobre o PLD negociado na


plataforma para contratos de energia convencional, encerrou o mês de maio a R$ 10,97
MWh, com valorização de 14,29% em relação ao mês anterior. O patamar máximo
alcançado no período foi de R$ 11,80 MWh, no dia 10 de maio, e o mínimo de R$ 8,51
MWh, no dia 17 de maio.

O índice BRIX Incentivada 50%, que representa o preço de energia negociado


na plataforma para contratos de fonte incentivada com 50% de desconto na TUSD,
fechou a R$ 240,00 MWh, mantendo o patamar de fechamento do mês anterior.

Quadro 3: Sobre a BRIX

A BRIX é a primeira plataforma eletrônica de negociação de energia elétrica,


disponível a todos os agentes do Ambiente de Contratação Livre (ACL), que integra os
participantes em um leilão permanente e multilateral. A BRIX conta com a tecnologia
de ponta desenvolvida pela ICE – Intercontinental Exchange, líder mundial em bolsas
de energia e outras commodities.

Índices BRIX – A metodologia de cálculo dos Índices BRIX consiste em uma


média ponderada das operações negociadas na plataforma diariamente com vencimento
no mês corrente, para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, o qual apresenta maior

40
liquidez entre as negociações efetuadas. Os índices BRIX são divulgados diariamente
em R$/MWh no site www.brix.com.br.

O preço da energia elétrica convencional de curto prazo é determinado pela


somatória dos valores do prêmio praticado no mercado, evidenciado pelo índice BRIX
Convencional, e do PLD, divulgado semanalmente pela CCEE.

O índice BRIX Incentivada 50% refere-se aos contratos de energia elétrica de


fonte incentivada com 50% de desconto na TUSD, negociados a preço fixo para entrega
no mês corrente no submercado Sudeste/Centro-Oeste.

Gráfico 19: Evolução do Preço Médio Mensal de Energia no Mercado Spot,


Maio de 2003 a Junho de 2012 (em R$/MWh)
605

505

405

305

205

105

5
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012
Sudeste/Centro-Oeste Sul Nordeste Norte

Fonte: Gesel-IE-UFRJ, com base nos dados da CCEE

As variações do PLD estão atreladas, entre outros fatores, à previsão de


afluências no país – estimativa do volume de água que deve chegar, futuramente, aos
reservatórios.

41
REFERENCIAS
[1] Capacidade Instalada

https://ben.epe.gov.br/

[2] Carga

http://www.ons.org.br/historico/carga_propria_de_energia.aspx

http://www.ons.org.br/historico/carga_propria_de_demanda.aspx

http://www.ons.org.br/analise_carga_demanda/201206_junho.aspx

[3] Consumo

http://www.epe.gov.br/ResenhaMensal/Forms/EPEResenhaMensal.aspx

[4] Geração

http://www.ons.org.br/historico/geracao_energia.aspx

[5] Intercambio de Eletricidade entre os subsistemas

http://www.ons.org.br/historico/intercambio_entre_regioes.aspx

http://www.ons.org.br/resultados_operacao/index.aspx

[6] Leilões

http://www.acendebrasil.com.br/site/paginas/leiloes.asp

http://www.acendebrasil.com.br/site/paginas/Leiloes_Transmissao.asp

http://www.aneel.gov.br//aplicacoes/editais_transmissao/edital_transmissao.cfm

[7] Matriz Elétrica

http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp

[8] Mercado Spot

http://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/o-que-
fazemos/produtos/precos/precos_medios?_afrLoop=299178523473000&_afrWindowM
ode=0&_afrWindowId=v5z1gel4_26#%40%3F_afrWindowId%3Dv5z1gel4_26%26_af
rLoop%3D299178523473000%26_afrWindowMode%3D0%26_adf.ctrl-
state%3Dv5z1gel4_46

https://www.brix.com.br/press_releases.jhtml

42
[9] Reservatórios

http://www.ons.org.br/historico/energia_natural_afluente.aspx

http://www.ons.org.br/historico/energia_armazenada.aspx

43
GLOSSÁRIO DOS TERMOS TÉCNICOS
Carga de um Sistema Elétrica - Montante total dos requisitos de demanda de
potência associados a uma empresa ou subsistema em determinado instante.

Carga Própria de Demanda - Montante total dos requisitos de demanda de


potência associados a uma empresa ou subsistema integralizada em um período
predeterminado.

Carga Própria de Energia - Montante total de energia requisitado por uma


empresa ou subsistema em determinado período.

EAR - Energia Armazenada do Sistema (em % da capacidade máxima de


armazenamento).

ENA - Energia Natural Afluente (em % da média do registro histórico para o


mês).

Energia Armazenada - Valoração energética do volume armazenado em um


reservatório pela produtividade das usinas hidroelétricas à sua jusante.

Energia Natural Afluente - Valoração energética da afluência natural a um


reservatório pela produtividade das usinas hidroelétricas à jusante.

GW - Gigawatt = 109 watts (Potência ativa).

GWh - Gigawatt Hora = 109 watts por hora (Energia).

Hz - Hertz (Freqüência).

Instalações - Usinas, subestações e linhas de transmissão.

Intercâmbio - Fluxo de energia elétrica entre áreas do sistema, quando não


explicitado refere-se a energia ativa.

kV - Quilovolt = 103 volts (Tensão).

44
Limite de Confiabilidade - Valor de uma ou mais grandezas a partir do qual
estão esgotados todos os recursos para atendimento com segurança, do sistema ou de
uma área.

MLT - Média de Longo Termo.

MVA - Megavolt Ampère (Potência aparente).

Mvar - Megavar (Potência reativa).

MW - Megawatt = 106 watts (Potência Ativa).

MWh - Megawatt Hora = 106 watts x hora (Energia).

MWh/h - Megawatt Hora por Hora (Potência média na hora).

MWmed - Megawatt Médio : 1 MWmed-ano = 8.760 MWh/ano (Energia média


no intervalo de tempo considerado).

MWmês - Megawatt Mês : 1 MW mês =730 MWh/mês (Medida de


armazenamento).

Operador - Designação genérica dos operadores de sistema e de instalações.

Ponta de Carga - Valor máximo de carga durante um intervalo de tempo


especificado.

Produção Hidráulica/Térmica - Total de energia elétrica gerada (hidráulica,


térmica ou ambas), medida nas saídas dos geradores de uma usina, durante um intervalo
de tempo especificado.

RAP – Receita Anual Permitida

Rede Básica - Instalações pertencentes ao Sistema Interligado identificadas


segundo regras e condições estabelecidas pela ANEEL.

45
Rede Complementar - Rede fora dos limites da rede básica, cujos fenômenos
que nela ocorrem têm influência significativa na rede básica.

Rede de Operação - União da rede básica com a rede complementar e as Usinas


Integradas, em que o ONS exerce a coordenação, a supervisão e o controle da operação
dos Sistemas interligados Brasileiros, atuando diretamente através de um dos Centros de
Operação, ou via Centro da empresa proprietária das instalações.

Reservatório Equivalente - Agregação da capacidade de armazenamento de


todos os reservatórios de uma região.

Sistema Interligado - Instalações responsáveis pelo suprimento de energia


elétrica a todas as regiões do país eletricamente interligadas.

Unidade Geradora Hidráulica (UGE) - Cada um dos grupos geradores


constituídos pelo conjunto dos equipamentos e dos componentes existentes entre a
tomada de água e o tubo de sucção e entre o gerador e a bucha de baixa
tensão(exclusive) do transformador elevador.

Unidade Geradora Térmica (UGT) - Cada um dos grupos geradores


constituídos pelo conjunto dos equipamentos e dos componentes existentes entre o
sistema de suprimento de combustível e a bucha de baixa tensão (exclusive) do
transformador elevador.

Usina Hidrelétrica - Usina elétrica na qual a energia elétrica é obtida por


conversão da energia gravitacional da água.

Usina Termelétrica - Usina elétrica na qual a energia elétrica é obtida por


conversão de energia térmica.

Vazão Afluente - Vazão que chega a um reservatório, em um determinado


intervalo de tempo.

46

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