Toda lei estabelece deveres e proibições, bem como sanções a quem a transgride. A
ortografia oficial da língua portuguesa é uma lei, votada pelo Congresso e sancionada pelo
Executivo, mas que não prevê punições ao seu descumprimento. Por que obedecer a ela
então?
Evidentemente, a resposta a todas essas perguntas é não. Então que lei é essa que não
precisa ser cumprida, exceto por medo de uma sanção social (ser tachado de ignorante)? A
rigor, a única situação em que um erro ortográfico implica punição juridicamente
inquestionável são os concursos públicos. Parece então que a grafia “correta” das palavras é
muito mais uma questão de hábito do que de legislação. Tanto que muitas línguas sequer têm
uma ortografia oficial, o que há são hábitos de escrita arraigados, que todos seguem apenas
para facilitar a comunicação.
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que tanta celeuma tem levantado,
sobretudo em Portugal, procura unificar por força de lei a grafia do português quando o inglês,
idioma bem mais influente e difundido do que o nosso, tem duas grafias tradicionais (a
britânica e a norte-americana) e nenhuma oficial. Isso parece coisa da nossa cultura
legiferante.
BIZZOCCHI, Aldo. Ortografia é lei? São Paulo, 15 out. 2012. Disponível em:
http://revistalingua.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-e-lei-271797-1.asp. Acesso em:
19 ago. 2015. Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo
– 2ª edição – 2016. p. 218-221.
· Arraigado: enraizado, permanente, fixo; que mantém a mesma ideia, opinião ou hábito.
02 – Ao escrever seus textos, você costuma ter dúvidas quanto à grafia das palavras?
04 – Você sabia que a ortografia oficial da língua portuguesa é regida por uma lei?
05 – Uma contradição pode ser definida como incoerência entre uma afirmação atual e uma
afirmação anterior. Identifique e explique a contradição apresentada na introdução do artigo
de opinião.
08 – Em sua opinião, que outros problemas o descumprimento das normas ortográficas pode
acarretar?
Aldo Bizzocchi conclui que as normas ortográficas podem ser mais uma questão de hábito
do que de legislação. Ele cita exemplos de línguas que não têm ortografia oficial, mas mantêm
hábitos arraigados de grafia apenas para facilitar a comunicação.
10 – No último parágrafo do artigo, o autor contrapõe a ortografia do português à do inglês.
Explique a que conclusão ele chega ao fazer esse contraponto.