Você está na página 1de 3

Direito Processual Penal- João Andrade

Interpretação E Aplicação Da Lei Processual


Penal
Olá, alunos do Curso Ênfase, Professor Gilberto Naves.

Mais uma aula de processo penal na parte mais geral, mais introdutória. E
hoje nós trataremos da visão geral sobre a interpretação e aplicação da Lei
Processual Penal.

Começaremos com uma emissão do professor Guilherme de Souza Nucci, em


sua obra Curso de Processo Penal.

O professor diz que interpretar é uma atividade inerente a todo operador do


Direito e ele trata de especialmente como são elaboradas nossas normas
jurídicas, em que o legislador nem sempre é feliz ao colocar os termos. Por

Curso Ênfase © 2022 1


vezes, usa termos dúbios, contraditórios, alguns termos incompletos, mas que
a interpretação não é um processo de criação da norma, nem um "singelo
suprimento de lacunas", mas é para se alcançar o real significado da lei.

Uma coisa é o texto. Outra coisa é a norma. O texto e a norma são questões
que se diferem. E veremos isso mais adiante, em termos de interpretação, se
alcança a norma a partir da interpretação do texto, se alcança o conteúdo
daqueles termos jurídicos a partir da interpretação.

Já a aplicação da Lei Penal vai envolver questões relativas à territorialidade,


ao espaço e ao tempo. A retroatividade, que é quando a lei se aplica a fatos
pretéritos. E a ultratividade é quando a lei continua a reger fatos, mesmo
depois que ela é revogada. Também vai caber tratar o suprimento de lacunas
na Lei Processual Penal, usando outras fontes, usando a analogia, os
costumes, os Princípios Gerais do Direito.

Curso Ênfase © 2022 2


Sobre a interpretação da Lei Penal, nas nossas aulas, veremos que também
devem ser observadas as normas internacionais, inclusive as convenções e
tratados a que o Brasil tem aderido, especialmente às convenções, os
tratados que tratarem sobre direitos humanos, já que essas convenções e
tratados, a depender da forma como são incorporados, elas podem equivaler
a normas constitucionais.

Podem ter a mesma hierarquia de normas constitucionais. Sendo assim,


compõem o chamado bloco de constitucionalidade e há tratados e
convenções que versam sobre direitos humanos e que, conforme decisão do
Supremo Tribunal Federal, embora não incorporados ao ordenamento jurídico
pátrio como normas constitucionais, porque não passam por aquele quórum
qualificado, possuem status supralegal.

Um exemplo de norma que possui status supralegal é o Pacto de São José


da Costa Rica, que, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, possui
esse status, que não é igual à norma constitucional, está abaixo da
Constituição, mas está acima da lei ordinária, da lei ordinária e da lei
complementar, da legislação infraconstitucional. É importante ter essa
interpretação dos princípios, ter essa interpretação da lei segundo os
princípios e, principalmente, segundo a Constituição, já que o sistema jurídico
é uno, indivisível e deve-se evitar contradições. Não é possível que o sistema
tenha normas que vão contra uma à outra, a não ser que haja um conflito
aparente de normas, situação essa que nós também estudaremos a frente,
como se resolver o conflito aparente de normas, quando duas normas
parecem estar em conflito, mas não estão. Ou porque uma é mais específica
que a outra, uma especial e outra em geral. Nesse caso, a especial se aplica
pelo caso que ela regula, sem revogar a Lei Geral, que permanece para os
demais casos. Ou há uma outra série de questões que nós podemos ver para
poder verificar qual é a lei processual penal que está valendo com a lei
processual penal que será aplicada. Serão aulas muito interessantes e, com a
certeza, acrescentarão muito à nossa preparação, ao nosso conhecimento
jurídico e nos auxiliará na vida profissional, nas atividades acadêmicas e em
provas que serão feitas. Então aguardo vocês nas aulas.

Curso Ênfase © 2022 3

Você também pode gostar