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Trabalho de História Mundial do Teatro III – Professor Arnaldo Marques

Aluna: Babi Mazzo | Bárbara Mazzoleni Candido – Turma BT37

Imagem escolhida:

A foto, tirada em 1922, mostra a cena de Tambores na Noite de Bertold Brecht.


Escolhi essa imagem, pois o corpo dos atores me remeteu à interpretação mais
histriônica que é trabalhada no Teatro Épico (que inclusive, estudamos durante
esse período em interpretação, sendo até a nossa montagem, uma peça muda,
que exige bastante do corpo e do histrionismo), muito usado e protagonizado
por esse autor em suas criações.

Brecht sempre parecia partir do pressuposto do externo, e por assim ser, tratar-
se de questões políticas, sociais e coletivas para com a sociedade. Os corpos
“exagerados”, que mostram as personagens, comunicam de maneira direta
com o público, fugindo de uma visão naturalista do todo e elaborando uma
idéia que apresenta a estrutura e suas problemáticas.

É perceptível que esse tipo de interpretação mais afasta do que aproxima, por
isso chamamos esse termo de “distanciamento”. Este, causa no espectador,
não uma imersão para o ego, pelo contrário, implica causar incômodo, reflexão
e olhar para fora. É perceptível na imagem que não há verossimilhança com a
realidade, e sim algo quase caricaturesco, com o intuito de narrar um evento,
sem fazer com que o espectador, de fato se envolva emocionalmente, mas sim
observe cautelosamente, pensando sobre o que está sendo dito e mostrado.
Esse “efeito de estrangeiramento” se dá tanto pela interpretação dos atores,
como pela estética do cenário e pela montagem do diretor em si. O próprio ator
não se vê como um personagem, o possibilitando usar dessa ferramenta como
crítica, para com a platéia.

Somente para contextualizar, a peça Tambores na Noite, se passa durante o


fracasso da Revolução. Uma família de um industrial enriqueceu fabricando
armas, porém com o fim da guerra, ele pretende mudar de ramo. Paralelo a
isso, há o noivado da filha. Festas tipicamente burguesas. André é um soldado
que ao voltar da guerra, se define como “porco”, após travar batalha decisiva a
favor do proletariado, volta-se para a cama da mulher que antes havia casado
com outro.

Há uma frase de Brecht que resume bem tudo o que eu quis dizer acima: “O
teatro épico tem, com efeito, um caráter profundamente estético e dificilmente
se pode concebê-lo sem artistas e sem qualidade estética, sem fantasia, humor
e simpatia, sem tudo isto e ainda muito mais, não será possível realizar teatro
épico. Este teatro que preconizamos tem simultaneamente a função de divertir
e de ensinar.” O homem é um objeto de investigação nesse tipo de teatro, e é
preciso calar o ego para se propor fugir de si para falar do todo.

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