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Família e Sucessões
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof . Gabriela Wolff e
a
W855d
Wolff, Gabriela
ISBN 978-65-5663-394-7
ISBN Digital 978-65-5663-389-3
CDD 340
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo a nova disciplina do curso, na
qual trataremos das questões inerentes ao direito das coisas.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE..................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS RELATIVOS À PROPRIEDADE/ATRIBUTOS............... 35
2.1 PROPRIEDADE VERSUS DOMÍNIO ........................................................................................ 38
2.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE................................ 38
2.3 FUNÇÕES SOCIAL E SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE......................................... 39
2.3.1 Desapropriação judicial por posse-trabalho..................................................................... 41
2.4 FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL ................................................... 42
2.4.1 Das acessões naturais e artificiais . .................................................................................... 43
2.4.2 Da usucapião de bens imóveis............................................................................................ 46
2.4.3 Do registro do título da propriedade imóvel................................................................... 54
2.4.4 Da sucessão hereditária de bens imóveis.......................................................................... 56
3 FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL........................................................ 57
3.1 OCUPAÇÃO................................................................................................................................... 57
3.2 ACHADO DO TESOURO............................................................................................................. 58
3.3 ESPECIFICAÇÃO.......................................................................................................................... 58
3.3.1 Confusão, comistão e adjunção.......................................................................................... 59
3.3.2 Usucapião.............................................................................................................................. 60
3.3.3 Tradição.................................................................................................................................. 61
4 DA PERDA DAS PROPRIEDADES IMÓVEL E MÓVEL.......................................................... 61
5 REFORMA AGRÁRIA E POLÍTICA FUNDIÁRIA..................................................................... 62
6 LEI N° 13.465 E O DIREITO DE PROPRIEDADE NO CONTEXTO URBANO.................... 67
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 213
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 289
UNIDADE 1 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1 —
1 INTRODUÇÃO
De início, é importante localizar nosso objeto de estudo. De acordo com
as disposições do Código Civil de 2002 e com a doutrina, os direitos patrimoniais
são subdivididos em direitos pessoais e direitos reais.
Direito das coisas: é o ramo do direito civil que tem, como conteúdos,
relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou
determináveis. Como coisas, pode-se entender tudo aquilo que não é humano,
ou os bens corpóreos, na linha da polêmica existente na doutrina. No âmbito do
direito das coisas, há uma relação de domínio exercida pela pessoa (sujeito ativo)
sobre a coisa. Não há sujeito passivo determinado, sendo toda a coletividade.
O direito das coisas representa um complexo de normas que regulamenta as
relações dominiais existentes entre a pessoa humana e as coisas apropriáveis.
Álvaro Villaça Azevedo (2019, p. 22) conceitua o direito das coisas como “o
conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas, de caráter econômico, entre
as pessoas, relativamente a coisas corpóreas, capazes de satisfazer necessidades e
suscetíveis de apropriação, dentro do critério da utilidade e da raridade”.
3
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
4
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
5
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
Desde já, saiba que o Código Civil estabelece duas regras distintas quanto à
aquisição dos direitos reais.
O Art. 1.226 informa que os direitos reais sobre coisas móveis, quando
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, apenas se adquirem com
a tradição. Já o Art. 1.227 aduz que os direitos reais sobre imóveis, quando
constituídos, ou transmitidos por ato entre vivos, só se adquirem com o registro
no Cartório de Registro de Imóveis dos seus títulos, salvo disposições contrárias
expressas no Código.
6
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
Efeitos erga omnes (efeitos Efeitos inter partes (há uma tendência de
podem ser restringidos). ampliação dos efeitos).
Não obstante, ainda existem institutos que são classificados, pela doutrina,
como figuras híbridas ou intermediárias, não sendo propriamente considerados
como direitos reais ou direitos pessoais.
Maria Helena Diniz (2009, p. 32) aduz ser a obrigação propter rem uma
“figura autônoma situada entre o direito real e o pessoal, encerrando uma
obrigação acessória mista, por se vincular ao direito real”. Assim, a autora elenca
as seguintes características das obrigações propter rem:
7
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
8
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
NOTA
Para que seja constituído ônus real sobre determinada coisa, é necessário
que o titular da coisa esteja em uma relação obrigacional na qual figure como
devedor. O ônus recai, exclusivamente, sobre a coisa, ou seja, até o limite do
respectivo valor. São as prestações periódicas devidas por aquele que frui do bem.
Exemplificando, é a renda constituída sobre o imóvel com o fim de direcioná-la a
um determinado credor.
ATENCAO
Por último, existem as obrigações com eficácia real, que são entendidas,
pela doutrina, como verdadeiras obrigações, mas que, por força de lei, adquirem
efeitos típicos de um direito real (STOLZE; PAMPLONA, 2020). O exemplo
mais citado pela doutrina é o caso do Art. 576 do CC/2002, o qual impõe que o
adquirente da propriedade móvel ou imóvel respeite o contrato de locação, caso
possua cláusula ressalvando tal direito e que tenha sido registrado no cartório
competente.
9
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
A posse não é um direito real, não estando prevista no rol taxativo do Art. 1.225
do Código Civil.
10
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
5 DA POSSE
Acadêmico, vimos, anteriormente, que, conforme disposição do Código
Civil de 2002, o instituto da posse é abarcado pela categoria dos direitos das
coisas. Todavia, ao estudar o instituto da posse com os direitos reais, com ele,
não se confundem. Dessa maneira, tenha em mente que a posse não é, em si, um
direito real, até porque não está previsto no rol numerus clausus do Art. 1.225 do
Código Civil.
3ª Corrente: na sua essência, a posse é uma situação de fato, protegida pelo direito.
11
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
Por seu turno, o Art. 1.204, do mesmo diploma legal, aduz que a posse
é adquirida “desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”.
12
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
13
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
O Art. 1.196 do mesmo diploma aduz ser “possuidor todo aquele que tem,
de fato, o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
NOTA
ATENCAO
14
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
DICAS
15
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
16
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
• Não poderá usucapir o bem, pois inexiste posse com animus domini.
• Não poderá se valer de tutelas possessórias (ações possessórias).
• Também não poderá ser demandado em ações possessórias.
• Há a possibilidade de o detentor se valer do desforço incontinente, também
chamado de legítima defesa da posse ou autotutela da posse, desde que de
maneira imediata, proporcional e razoável, como posto no Art. 1.210, § 1°, do
Código Civil.
17
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
O Art. 1.208, parte final, do Código Civil, é claro ao aduzir que, não
autorizam, a aquisição de posse, “os atos violentos, ou clandestinos, a não ser
depois de cessar a violência ou clandestinidade”.
18
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
Imaginem que seu vizinho de fazenda adentra com a cerca dele na sua
propriedade, por oitenta metros, durante a madrugada, enquanto todos dormem.
A partir do momento em que o invadido tem ciência do ato, passaremos a
visualizar a posse (injusta).
NOTA
19
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
E
IMPORTANT
Acadêmico, a posse, mesmo quando tida como injusta, ainda pode ser
defendida por meio de ações do juízo possessório em face de terceiros.
21
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
No primeiro caso, basta que ela não seja violenta, clandestina ou precária
perante o oponente. Justifica o fato de o locador (possuidor indireto) e o locatário
(possuidor direto) poderem defender sua posse de uma turbação ou esbulho
praticado por terceiro. Já no segundo, não basta: para se adquirir por usucapião, é
necessário, além do fato da posse, que ela seja própria, com animus domini, mansa
e pacífica, pelo prazo mínimo de lei, entre outros requisitos, conforme a espécie
de usucapião.
E
IMPORTANT
• Posse nova: é a posse que conta com menos de um ano e dia, ou seja, possui
até um ano.
• Posse velha: é a posse que conta com, no mínimo, um ano e um dia.
22
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos
frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé
devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção
e custeio; devem ser, também, restituídos os frutos colhidos com
antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais se reputam colhidos e
percebidos logo que são separados; os civis se reputam percebidos dia
por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos
e percebidos, e pelos que, por culpa sua, deixou de perceber. Desde o
momento de má-fé, há direito às despesas da produção e custeio.
23
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
QUADRO 2 – FRUTOS
24
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
E
IMPORTANT
25
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
26
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
escolha de uma das ações. Por isso, o ordenamento jurídico traz tal possibilidade
de transmudação de uma ação em outra, com fundamento no princípio da
instrumentalidade das formas.
NOTA
O Art. 556 do Código de Processo Civil enuncia a natureza dúplice das ações
possessórias diretas, aduzindo ser cabível pedido contraposto em favor do réu para que a
sua posse seja protegida no caso concreto.
27
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
28
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
29
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
Prosseguindo, o Art. 1.205 do Código Civil aduz que a posse pode ser
adquirida pela própria pessoa que pretende, por seu representante ou, ainda, por
terceiro sem mandato, dependendo ratificação.
30
TÓPICO 1 — LIÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
31
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
32
AUTOATIVIDADE
33
34
UNIDADE 1
TÓPICO 2 —
DA PROPRIEDADE
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste segundo tópico da Unidade 1, trataremos do
direito de propriedade. Veremos a importância desse instituto previsto na nossa
Constituição Federal como direito fundamental. Ademais, buscaremos ressaltar
as repercussões não apenas jurídicas, mas, também, as práticas do direito de
propriedade a partir da sua função social, quando estudarmos o instituto da
usucapião.
35
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
ATENCAO
Não confunda ação petitória com as ações possessórias. Nas últimas, não se
discute a propriedade do bem, mas a posse.
36
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
ATENCAO
Se a pessoa tiver todos esses atributos destacados em relação a uma coisa, ela
terá a “propriedade plena”. Se tiver, ao menos, um dos atributos, terá posse. Se os atributos
estiverem distribuídos entre pessoas distintas, haverá a “propriedade restrita”.
37
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
E
IMPORTANT
NOTA
39
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
40
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
ATENCAO
41
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
QUADRO 4 – INSTITUTOS
42
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
• Ilhas
• Aluvião • Registro imobiliário
• Álveo abandonado • Sucessão hereditária
• Plantações
• Construções
Usucapião
FONTE: A autora
43
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
a) Das ilhas
b) Da aluvião
c) Da avulsão
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra
se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono
do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer para que
se remova a parte acrescida.
44
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
d) Do álveo abandonado
45
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
46
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
NOTA
ATENCAO
• Usucapião ordinária
47
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
a) Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 10 (dez) anos.
b) Justo título: qualquer documento apto a ensejar a crença de que é proprietário.
ATENCAO
a) Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 5 (cinco) anos.
b) O imóvel deve ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelado posteriormente.
c) Os possuidores devem ter estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesses social e econômico.
• Usucapião extraordinária
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire a propriedade,
independentemente de título e boa-fé, podendo requerer, ao juiz,
que assim declare por sentença, servindo de título para o registro no
Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez
anos se o possuidor houver estabelecido, no imóvel, a sua moradia
habitual, ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
48
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
Art. 183. Aquele que possuir, como sua área urbana, até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou da sua família, adquirirá
o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
49
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
E
IMPORTANT
a) Imóvel urbano de até 250 m², cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar.
b) O imóvel deve ser utilizado para sua moradia ou da sua família.
c) Posse com animus domini, exercida com exclusividade, sem oposição e
ininterruptamente por 2 (dois) anos.
d) Apenas será conferido o direito uma única vez a essa espécie de usucapião.
50
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais
de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores
seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor
são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os
possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
a) Área urbana que, dividida pelo número de possuidores, seja inferior a 250 m²
por possuidor.
b) Existência de núcleo urbano informal.
c) Posse com animus domini, sem oposição e exercida por mais de 5 (cinco) anos
ininterruptos.
d) Os possuidores não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou
rural.
ATENCAO
Ademais, o § 3º, do Art. 10, do citado diploma legal, aduz que o condomínio,
fruto da concessão do direito à usucapião, é indivisível, salvo se, pelo menos,
dois terços dos condôminos optem pela extinção em decorrência da execução da
urbanização posterior à constituição.
Por fim, vale destacar o conteúdo da norma constante no § 2º, Art. 10,
do Estatuto da Cidade: a sentença declaratória de usucapião especial coletiva de
imóvel urbano serve de título para o registro no cartório de imóveis.
51
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
• Usucapião indígena
Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por 10
(dez) anos consecutivos, trecho de terra inferior a 50hec (cinquenta
hectares), adquirirá a propriedade plena.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do
domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas
de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo
tribal.
52
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
• Usucapião extrajudicial
53
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
NOTA
NOTA
NOTA
55
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
Vale relembrar que algumas obrigações são registradas, sem que, com
isso, tornem-se direitos reais, não obstante, tenham “eficácia real”, como a locação
registrada no ofício imobiliário.
ATENCAO
O tema será estudado mais adiante, porém, por hora, saiba que o Código
Civil não impõe a necessidade de que se realize a transcrição no registro de
imóveis para que ocorra a transmissão da propriedade por sucessão hereditária,
bastando a morte.
56
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
FONTE: A autora
ATENCAO
3.1 OCUPAÇÃO
O Código Civil é cristalino ao estabelecer, no Art. 1.263, que ocorre a
ocupação quando alguém se assenhoreia de coisa sem dono, desde que a ocupação
não seja defesa por lei.
Caracteriza-se como coisa sem dono aquela que nunca teve proprietário
(res nullius) ou que foi abandonada pelo dono (res derelicta), desde que se
demonstre a vontade expressa do dono de abandonar a propriedade da coisa.
Ambas as formas são passíveis de aquisição por meio da ocupação.
57
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
3.3 ESPECIFICAÇÃO
Especificação é uma forma derivada de aquisição da propriedade de
coisa, obtendo-se a partir da transformação da matéria-prima, não sendo possível
restituir tal matéria à forma anterior.
58
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
ATENCAO
ATENCAO
Como regra geral, o Art. 1.272 do Código Civil aduz que as coisas
pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas, sem o
consentimento deles, continuam a pertencer a eles, sendo possível a separação
sem deterioração.
59
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
3.3.2 Usucapião
A usucapião é uma forma de aquisição originária da propriedade móvel.
O Código Civil de 2002 traz duas espécies:
QUADRO 7 – ESPÉCIES
FONTE: A autora
Por sua vez, o Art. 1.262 aduz o seguinte: “aplica-se, à usucapião das
coisas móveis, o disposto nos Arts. 1.243 e 1.244”, ressalvando uma aplicação
residual de duas regras relativas à usucapião de bem imóvel. A primeira regra
estabelece que o possuidor pode, para o fim de contar o tempo pela modalidade
de usucapião, acrescentar, na sua posse, a dos antecessores, desde que todas as
posses sejam contínuas, pacíficas e, quando exigido, com justo título e de boa-
fé. A segunda fixa que se estende, ao possuidor, o disposto, quanto ao devedor,
acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição.
60
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
3.3.3 Tradição
A tradição é definida como “a entrega da coisa ao adquirente, com
a intenção de transferir a propriedade ou a posse” (TARTUCE, 2020, p. 1113).
Constitui uma das formas derivadas de aquisição da propriedade móvel.
a) Alienação: lembre-se de que o negócio jurídico, por si só, não gera o efeito
de transmitir a propriedade, sendo necessária a tradição (bem móvel) ou o
registro do título com o Cartório de Registro Imobiliário (bens imóveis).
61
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
62
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
E
IMPORTANT
Nos termos dos Arts. 184 e 185 da Lei Maior, há a exigência de que a
propriedade cumpra sua função social para que não sofra desapropriação,
ressalvada a hipótese de ser uma pequena ou média propriedade, desde que o
proprietário não possua outra ou ser uma propriedade produtiva. Logo, apenas
são passíveis, de reforma agrária, as grandes propriedades improdutivas.
63
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
64
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
ATENCAO
65
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
E
IMPORTANT
66
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
67
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
68
TÓPICO 2 — DA PROPRIEDADE
69
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
70
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O INCRA é uma autarquia federal, tendo, como uma das principais funções,
a implementação de políticas voltadas à concretização da reforma agrária.
71
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Renúncia.
b) ( ) Sucessão hereditária.
c) ( ) Registro imobiliário.
d) ( ) Usucapião.
a) ( ) Posse de boa-fé.
b) ( ) Área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados.
c) ( ) Justo título.
d) ( ) Exercício da posse por quinze anos, sem interrupção, nem oposição.
72
6 A respeito dos bens públicos:
I- Considere que Maria tenha alienado, para José, uma casa de dois quartos,
e que José, após pagar o preço acordado entre ambos, tenha passado a
residir no imóvel. Nessa situação hipotética, José somente é proprietário
do bem mediante o registro do título de transferência no registro de
imóvel.
II- Usucapião é o direito assegurado a alguém de usufruir, temporariamente,
de uma propriedade alheia.
III- Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião.
IV- Uma família com posse de uma área de terra em zona rural, por mais
de cinco anos ininterruptos, sem oposição, e que, ao longo desse tempo,
tenha a feito seu local de moradia e a tenha tornado produtiva, adquire
a sua propriedade, desde que não seja proprietária de imóvel urbano ou
rural e que a área do bem ocupado não seja superior a cinquenta hectares.
73
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, chegamos ao último tópico da primeira unidade! Neste
Tópico 3, trataremos do direito de vizinhança.
75
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
ATENCAO
76
TÓPICO 3 — DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
ATENCAO
NOTA
a) Ação de obrigação de fazer ou de não fazer: ação genérica, podendo ser fixada
multa ou astreintes no caso do descumprimento da obrigação imposta por
decisão judicial (Art. 497 do Código de Processo Civil).
b) Ação de reparação de danos: o uso normal da propriedade constitui verdadeiro
abuso de direito (Art. 187 do Código Civil), portanto, passível de indenização.
c) Ação demolitória: como objetivo de demolir uma obra construída, deve ser a
última das alternativas a ser adotada pelo magistrado, sempre tendo em conta
os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, fundamentando-se das
funções sociais da posse e da propriedade.
d) Ação de nunciação de obra nova: visa impedir o prosseguimento de uma
obra. Segundo o Art. 47, do Código de Processo Civil, a ação de anunciação
de obra nova deve ser ajuizada, obrigatoriamente, no foro da situação da coisa
(competência absoluta).
e) Ação de dano infecto ou iminente: prevista no Art. 1.281 do Código Civil,
tem, como propósito, exigir uma caução idônea (garantia pessoal ou real) do
proprietário ou o possuidor de um prédio que tenha direito de fazer obras que
gerem riscos. Tem natureza preventiva.
77
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
Ademais, importa pontuar que, com relação aos conflitos que envolvem
as árvores limítrofes, são cabíveis as mesmas medidas judiciais previstas para o
uso anormal da propriedade.
4 DA PASSAGEM FORÇADA
A passagem forçada consiste no direito, destinado ao dono do imóvel
encravado, de reclamar do vizinho que deixa passagem, mediante pagamento de
indenização. O imóvel que não possui acesso também é comumente denominado,
no meio jurídico, de “imóvel encravado”. O Código Civil regula a situação no Art.
1.285:
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública,
nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal,
constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário.
§ 1 o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e
facilmente se prestar à passagem.
§ 2 o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das
partes perca o acesso à via pública, nascente ou porto, o proprietário
da outra deve tolerar a passagem.
§ 3 o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando,
antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não
estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
78
TÓPICO 3 — DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
NOTA
6 DAS ÁGUAS
Dispensa comentários a importância da água para a existência da vida
no planeta Terra. O Código Civil regula a utilização no âmbito do direito da
vizinhança nos Arts. 1.288 a 1.296, sendo mais um reforço à realização do princípio
da função socioambiental da propriedade.
79
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
80
TÓPICO 3 — DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
NOTA
A ação demarcatória segue rito especial, e é regulada pelos Arts. 574 a 587 do
Código de Processo Civil.
8 DIREITO DE CONSTRUIR
O direito de construir se encontra regulado a partir do Art. 1.299 do
Código Civil. De início, é resguardado, como regra, o amplo direito de construir
ao proprietário. Contudo, concomitantemente, confere-se proteção à intimidade e
à vida privada com o objetivo de viabilizar a convivência social harmônica, sempre
tendo em vista, em última análise, o prestígio às funções sociais da propriedade
e da posse.
81
UNIDADE 1 — DIREITO DAS COISAS
§ 1º. As janelas, cuja visão não incida sobre a linha divisória, além das
perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco
centímetros.
§ 2º do CC. As disposições deste artigo não abrangem as aberturas
para luz ou ventilação não maiores de dez centímetros de largura
sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de
altura de cada piso.
NOTA
Súmula 120 do STF: parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada
a menos de um metro e meio do prédio vizinho.
ATENCAO
LEITURA COMPLEMENTAR
Nelson Rosenvald
84
TÓPICO 3 — DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
FONTE: <https://www.nelsonrosenvald.info/single-post/2019/06/04/Cinco-Conceitos-que-
Ressignificam-a-Propriedade>. Acesso em: 18 jan. 2021.
85
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
86
AUTOATIVIDADE
87
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Á. V. Curso de direito civil: direito das coisas. 2. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019.
DINIZ, M. H. Código civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro. Direito das coisas. 24. ed. São
Paulo: Saraiva, 2004.
88
SCHREIBER, A.; TARTUCE, F.; SIMÃO, J. F.; BEZERRA DE MELO, M. A.;
DELGADO, M. Código civil comentado. Doutrina e jurisprudência. São Paulo:
Editora Forense, 2019.
SILVA, J. A. da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Ed. Malhei-
ros, 2009.
STOLZE, P.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de direito civil. 4. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.
TARTUCE, F. Manual de direito civil. 10. ed. São Paulo: Gen, 2020.
89
90
UNIDADE 2 —
DIREITO DE FAMÍLIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, inaugurando o estudo da Unidade 2, neste tópico,
iniciaremos o estudo do direito de família. Para tanto, neste momento, precisamos
estabelecer os contextos normativo e social nos quais a temática está envolvida.
Bons estudos!
83
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
84
TÓPICO 1 — ASPECTOS CIVIS E CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍILIA
NOTA
DICAS
86
TÓPICO 1 — ASPECTOS CIVIS E CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍILIA
Ainda:
NOTA
Não obstante, note que o Art. 227 da Constituição Federal também atribuiu
deveres à família:
87
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
DICAS
88
TÓPICO 1 — ASPECTOS CIVIS E CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍILIA
89
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
90
TÓPICO 1 — ASPECTOS CIVIS E CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍILIA
NOTA
91
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
FONTE: A autora
Princípio da afetividade
92
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
93
AUTOATIVIDADE
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
CASAMENTO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao Tópico 2! Conforme vimos no tópico
anterior, até o advento da Constituição de 1988, o casamento era a única forma de
se constituir uma família, porém, hoje, como vimos, o texto constitucional traz,
no Art. 226, o princípio da multiplicidade/pluralidade de entidades familiares.
Portanto, estudaremos, agora, o casamento. Nesse sentido, estudaremos, a
partir da Constituição e do Código Civil de 2002, os requisitos formais para a
constituição do casamento, os regimes de bens e a dissolução da sociedade e do
vínculo conjugal.
2 CASAMENTO
Frente à doutrina contemporânea, o casamento pode ser conceituado
como a união de duas pessoas, do mesmo ou de sexo distintos, reconhecida e
regulamentada pelo Estado, formada com o escopo de constituição de família e
baseada no vínculo de afeto.
NOTA
95
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
96
TÓPICO 2 — CASAMENTO
O código privatista, nos Arts. 1.518 e 1.519, ainda permite que os pais ou
os tutores revoguem a autorização até a celebração do casamento. Ademais, o juiz
poderá suprir a autorização quando entender que a negativa foi injusta, desde
que uma das partes provoque a jurisdição.
ATENCAO
97
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Reza, o Art. 1.521 do Código Civil, que não podem se casar (causas de
impedimento):
NOTA
98
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
Nos termos do Art. 1.548, inciso II, do Código Civil, o casamento realizado
com alguma hipótese de impedimento é considerado nulo.
Nesse sentido, o Art. 1.523 do Código Civil estabelece que não devem se
casar:
• o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
• a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado,
até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade
conjugal;
• o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha
dos bens do casal;
• o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados
ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a
tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
NOTA
99
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
101
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
102
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à
suspensão do ato, não será admitido a se retratar no mesmo dia (parágrafo único, do Art.
1.538, CC/02).
• Casamento nuncupativo
NOTA
103
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
104
TÓPICO 2 — CASAMENTO
Por fim, ainda precisamos tratar sobre o casamento religioso com efeitos
civis.
105
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
ATENCAO
Note que o registro possui efeitos retroativos até a celebração do ato (efeitos
ex tunc).
Por fim, estabelece o § 3º, do Art. 1.516, que será eivado de nulidade o
registro civil de casamento se, antes dele, qualquer dos contraentes houver
contraído com outrem casamento civil. Note que tal dispositivo materializa o
princípio da monogamia.
• Plano da existência
106
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
• Plano da validade
• Causas de nulidade
O Art. 1.548 do Código Civil traz uma única hipótese de nulidade absoluta
do casamento: infringência de impedimento. Lembrem que os impedimentos
matrimoniais estão em rol taxativo do Art. 1.521 do Código Civil. Ademais, a
nulidade pode ser decretada de ofício pelo magistrado, a requerimento do
Ministério Público, ou de qualquer interessado.
107
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
• Causas de anulabilidade
• Casamento contraído por quem não completou a idade mínima para se casar
Acadêmico, mais uma vez, cabe chamar atenção para modificação operada
pela Lei nº 13.811/19, no Art. 1.520 do Código Civil, qual passou a dispor que
não é possível, em nenhuma hipótese, o casamento de pessoa que não completou
108
TÓPICO 2 — CASAMENTO
idade núbil, ou seja, que possua menos de 16 (dezesseis) anos. Contudo, a lei não
alterou o inciso I, do Art. 1.550, dessa forma, o casamento de pessoas menor de 16
(dezesseis) anos continua sendo anulável (nulidade relativa).
De acordo com o Art. 1.560, o prazo será de 180 (cento e oitenta dias)
para se anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para
o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes.
Caso não seja observada tal exigência, é cabível ação anulatória com prazo
decadencial de 180 (cento e oitenta) dias que, conforme estabelece o art. 1.555,
caput e § 1o, do Código Civil, serão contados da seguinte forma:
• Ação proposta pelo menor: o prazo será contado a partir do momento em que
completar 18 anos.
• Ação proposta pelo representante legal: o prazo será contado a partir da
celebração do casamento.
• Ação proposta por herdeiro necessário: o prazo será contado da data do óbito
do menor.
Tendo em conta sua natureza de nulidade relativa, a lei civil prevê hipótese
de convalidação. Anuncia o Art. 1.555, § 2o, do Código Civil, que não se anulará
casamento quando os representantes legais do menor tiverem presenciado a
celebração do casamento ou se tiverem manifestado sua aprovação.
109
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
É possível que o ato seja convalidado se, mesmo tendo ciência do vício,
houver posterior coabitação entre os cônjuges (Art. 1559, CC/02).
O Art. 1.556 estabelece que o casamento pode ser anulado por vício da
vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial
quanto à pessoa do outro.
110
TÓPICO 2 — CASAMENTO
• o que diz respeito a sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro
tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao
cônjuge enganado;
• a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
• a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio
ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua
descendência.
111
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Por último, cabe ressalvar o caso dos pródigos. Em que pese serem
previstos como relativamente incapazes no inciso IV, do Art. 4 o, do Código Civil,
entende a doutrina majoritária (TARTUCE, 2020) que os pródigos podem se casar
livremente, não sendo hipótese de casamento nulo ou anulável.
ATENCAO
Noutro giro, observa essa corrente doutrinária que no caso de não ser
celebrado pacto antenupcial, o regime do casamento do pródigo será o da
comunhão parcial de bens (regime legal), não podendo ser aplicado o regime da
separação obrigatória de bens, tendo em vista inexistir previsão nesse sentido no
Art. 1.641, do Código Civil.
112
TÓPICO 2 — CASAMENTO
113
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
• Casamento putativo
• Plano da eficácia
114
TÓPICO 2 — CASAMENTO
E
IMPORTANT
115
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
ATENCAO
116
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
117
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Por fim, frisa-se que o rol do Art. 1.566 é apenas exemplificativo, podendo
existir outros deveres entre os cônjuges a depender do caso concreto.
NOTA
118
TÓPICO 2 — CASAMENTO
O Código civil exige que o pacto antenupcial seja feito por meio de
escritura pública e durante o processo de habilitação (Art. 1.652, do CC/02).
NOTA
É nulo o pacto nupcial se não for feito por escritura pública, e será ineficaz o
pacto nupcial se não seguir o casamento.
O princípio da variedade dos regimes de bens, por sua vez, faz referência
às quatro modalidades de regime adotadas pelo Código Civil de 2002: a) regime
legal ou supletório (comunhão parcial); b) regime da separação convencional
(separação total); c) comunhão universal e d) participação final nos aquestros.
NOTA
119
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
120
TÓPICO 2 — CASAMENTO
A antiga súmula 377 do STF, ainda editada sob a égide do Código de 1916,
impõe que, “no regime da separação legal de bens, comunica-se os adquiridos na
constância do casamento”. Entretanto, a jurisprudência ainda impõe a mais uma
exigência, qual seja, a prova do “esforço comum”. Dessa forma, vem decidindo,
o STJ, nas hipóteses de casamento sob o regime da separação legal, os consortes,
por força da Súmula nº 377/STF, possuem interesse sobre os bens adquiridos
onerosamente ao longo do casamento.
NOTA
121
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Entende-se que, ao ser exigida, pela lei civil, autorização do cônjuge para
prática de determinados atos, estar-se-ia no campo da legitimação. Nesse passo, a
outorga conjugal se encontra no plano da validade em relação aos atos e negócios
nos quais é exigida (TARTUCE, 2020).
NOTA
O Art. 1.647 do Código Civil nos informa que a outorga conjugal será
dispensada se os cônjuges forem casados no regime da “separação absoluta”.
Prevalece, atualmente, que o dispositivo, nesse ponto, trata do regime da
separação de bens convencional (Art. 1.687, do CC/02).
Feita a ressalva, resta destacar as hipóteses nas quais o cônjuge não poderá,
sem autorização do outro:
ATENCAO
122
TÓPICO 2 — CASAMENTO
A outorga conjugal poderá ser suprida pelo juiz quando um dos cônjuges
a denegue sem apresentar um justo motivo, ou lhe seja impossível concedê-la
(Art. 1.648, do CC/02).
ATENCAO
Caso a falta de autorização não seja suprida pelo juiz, o ato praticado será
anulável, podendo, o outro cônjuge, pleitear a anulação até dois anos depois de terminada
a sociedade conjugal (Art. 1649 do CC/02).
NOTA
123
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
O Art. 1.652 estabelece que o cônjuge, que estiver na posse dos bens
particulares do outro, será para com este e seus herdeiros responsável: a)
como usufrutuário, se o rendimento for comum; b) como procurador, se tiver
mandato expresso ou tácito para os administrar; c) como depositário, se não for
usufrutuário, nem administrador.
Conforme vimos, o Código Civil exige que o pacto antenupcial seja feito
por meio de escritura pública, devendo ser realizado durante o processo de
habilitação (Art. 1.653, do CC/02). Ademais, resta explícito que é nulo o pacto
nupcial se não for feito por escritura pública. Noutro giro, será ineficaz o pacto
nupcial se não seguir o casamento.
124
TÓPICO 2 — CASAMENTO
NOTA
125
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Noutro giro, o Art. 1.660 do Código traz o rol dos bens que entram na
comunhão:
O Art. 1.662 do Código Civil traz regra em relação aos bens móveis, no
sentido de que, no regime da comunhão parcial, presume-se que foram adquiridos
na constância do casamento, quando não se provar que foram em data anterior.
Note que se trata de presunção relativa (iuris tantum).
126
TÓPICO 2 — CASAMENTO
Apenas será possível a cessão de uso ou gozo dos bens comuns, a título
gratuito, se ambos os cônjuges anuírem (§ 2º, do Art. 1.663, do CC/02).
O Art. 1.668 do Código Civil mitiga a regra geral e afirma que são excluídos
da comunhão:
127
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
O Art. 1.669 do Código Civil aduz que os frutos são comunicáveis, mesmo
que sejam retirados de bens incomunicáveis, mas desde que sejam percebidos
na constância do casamento. Como exemplo, o professor Tartuce (2020) diz ser
possível citar os aluguéis retirados por um dos cônjuges em relação a um imóvel
recebido com cláusula de incomunicabilidade. Tais aluguéis, mesmo sendo
retirados de um imóvel com cláusula de incomunicabilidade, serão comunicáveis.
NOTA
O Código Civil de 1916 previa a comunhão universal de bens como regime legal.
128
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
O professor Flávio Tartuce (2020, p. 1420) alerta que, por se tratar de um regime
complexo, “são raras as notícias de opção por tal regime”.
ATENCAO
Reza o Art. 1.682, do Código Civil, que o direito à meação não é renunciável,
cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial.
129
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
ATENCAO
Por último, reza o Art. 1.686 do Código que as dívidas de um dos cônjuges,
quando superiores à meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros.
130
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
Por outro lado, o Art. 1.688 da lei civil estabelece que ambos os cônjuges são
obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de
seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
ATENCAO
FONTE: A autora
131
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
Diante de tal norma, a doutrina aduz ser possível concluir que (STOLZE;
PAMPLONA, 2020):
133
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
leis anteriores, referidas no Art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a
vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido
prevista pelas partes determinada forma de execução”. Dessa forma, quanto aos
planos da existência e da validade, devem ser aplicadas as regras do momento da
celebração do negócio.
134
TÓPICO 2 — CASAMENTO
NOTA
Note, por fim, que existiria apenas uma causa terminativa propriamente
dita (encerrava a sociedade sem encerrar o vínculo), qual seja, a separação.
135
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Civil expressamente previu que as normas contidas no capítulo, que trata das
ações de família, seriam aplicadas à separação.
FONTE: A autora
O Art. 1.576 do Código Civil anuncia que a separação judicial põe termo
aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens. A partir
daí, entende-se que o conceito de sociedade conjugal está inserido no conceito de
casamento.
136
TÓPICO 2 — CASAMENTO
137
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
138
TÓPICO 2 — CASAMENTO
NOTA
139
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
O Código Civil de 2002, no Art. 1.642, inciso V, aduz que qualquer que seja
o regime de bens, os consortes podem livremente “reivindicar os bens comuns,
móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino,
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes,
se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos”.
NOTA
140
TÓPICO 2 — CASAMENTO
Com relação ao direito sucessório, o Art. 830 do Código Civil prevê que,
mesmo que haja separação de fato há mais de dois anos quando da abertura da
sucessão, o cônjuge sobrevivente terá direito à herança, desde que prove que a
culpa da separação foi do outro cônjuge, ou seja, do morto. O STJ entende que
essa regra continua válida, sendo pertinente discutir “culpa” nesses casos.
Por fim, acadêmico, vale frisar que a separação de fato é um ato restrito
ao plano fático que repercute juridicamente, porém não é precedida de qualquer
medida formal. Logo, da mesma forma, a reconciliação do casal separado (de
fato) independe de qualquer ato judicial.
2.9.6 Divórcio
O divórcio gera a dissolução do vínculo matrimonial, encerrando a também
a sociedade conjugal, caso esta última não tenha sido encerrada anteriormente
por meio da separação.
141
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
142
TÓPICO 2 — CASAMENTO
ATENCAO
143
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
d) Divórcio litigioso.
NOTA
144
TÓPICO 2 — CASAMENTO
NOTA
NOTA
146
TÓPICO 2 — CASAMENTO
Salienta-se, ainda, que a Lei 13.894/2019 incluiu o Art. 14-A na Lei Maria da
Penha. O dispositivo confere a opção à ofendida de propor a ação de divórcio ou
dissolução da união estável perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar.
Contudo, exclui a competência para partilha de bens, eis que foge dos aspectos
relacionados à lei.
f) Patilha de bens.
Vale ressaltar que, se for fixada a guarda unilateral, o pai ou a mãe que
ficar sem a guarda continuará com o dever de supervisionar os interesses dos
filhos. Para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será
parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou
subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos (§ 5º do Art. 1.583).
147
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
148
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
149
AUTOATIVIDADE
150
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —
UNIÃO ESTÁVEL
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Chegamos ao terceiro tópico e, nele, desenvolveremos o
estudo sobre do instituto da união estável.
151
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Por sua vez, o Código Civil traz o conceito de união estável no Art. 1.723:
NOTA
152
TÓPICO 3 — UNIÃO ESTÁVEL
ATENCAO
153
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
154
TÓPICO 3 — UNIÃO ESTÁVEL
DICAS
155
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
156
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
157
AUTOATIVIDADE
158
UNIDADE 2 TÓPICO 4 —
RELAÇÕES DE PARENTESCO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos as relações de parentesco. Primeiramente,
abordaremos o conceito e modalidades de parentesco. Restará demonstrada a
evolução da concepção de parentesco em razão do avanço tecnológico e atual
complexidade e dinamicidade das relações sociais. Tendo em vista tal perspectiva,
estudaremos ao conceito e as modalidades de filiação, o instituto da adoção e o
poder familiar.
159
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
ATENCAO
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para
com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto
grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma
da outra.
O parentesco por afinidade, que também pode ser na linha reta ou colateral,
é aquele travado entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro.
ATENCAO
160
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DE PARENTESCO
NOTA
Por tal motivo, mesmo após a separação ou divórcio, você jamais poderá
se casar com seu sogro. Por outro lado, é possível se casar com a seu cunhado,
tendo em vista se tratar de parentesco por afinidade em linha colateral.
NOTA
161
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
3 FILIAÇÃO
Nas palavras do professor Tartuce (2020, p. 1.328) a filiação consiste na
“relação jurídica existente entre ascendentes e descendentes de primeiro grau,
ou seja, entre pais e filhos”. Em sentido mais amplo, trata-se do vínculo entre
uma pessoa e aqueles que o geraram ou que o acolheram, com base no afeto e na
solidariedade.
ATENCAO
Nesse contexto, seja qual for a origem dos filhos (frutos do casamento,
união estável, concubinato, adoção), é imperativo constitucional a igualdade
entre eles, que deve ser além de econômica, também emocional e afetiva.
NOTA
162
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DE PARENTESCO
NOTA
NOTA
163
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
4 RECONHECIMENTO DE FILHOS
A doutrina costuma trabalhar o reconhecimento dos filhos a partir de dois
critérios.
ATENCAO
164
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DE PARENTESCO
O Código Civil autoriza que qualquer pessoa, que justo interesse tenha,
possa contestar a ação de investigação de paternidade – ou maternidade (Art.
1.615).
O Art. 1.616 do Código Civil aduz que a sentença que julgar procedente
a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento. Ainda,
poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou
daquele que lhe contestou essa qualidade.
ATENCAO
E
IMPORTANT
165
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
5 DA ADOÇÃO
Acadêmico, conforme vimos no subtópico anterior, a adoção é modalidade
de parentesco civil. Nas palavras de Maria Berenice Dias (2011, p. 289), a adoção
seria “um ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada à
chancela judicial. Cria um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação
entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica”.
NOTA
Apenas é possível realizar adoção por meio de processo judicial. Saiba que
até mesmo a adoção de maiores de dezoito anos é realizada pela via jurisdicional.
166
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DE PARENTESCO
NOTA
6 DO PODER FAMILIAR
O poder familiar ou autoridade parental consiste no dever dos pais em
relação aos filhos menores de 18 (dezoito) anos, sendo o conjunto de direito
relacionados ao sustento, guarda e educação.
167
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
Por outro lado, visando proteger o menor, o diploma civilista veda que os
pais alienem ou gravem de ônus real os bens de seus filhos, bem como contraiam
em nome deles obrigações que ultrapassem os limites da simples administração.
Excepcionalmente, é possível que assim procedam desde que em razão de
necessidade ou evidente interesse da prole, sendo necessária prévia autorização
do juiz (Art. 1691, do CC/02).
168
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DE PARENTESCO
NOTA
Acadêmico, também é pertinente saber que existem bens que são excluídos
do usufruto e da administração dos pais. Veja o rol constante do Art. 1.693 do
Código Civil:
NOTA
169
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar
aquele que:
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de
reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade
sexual sujeito à pena de reclusão.
170
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• O poder familiar ou autoridade parental é o dever dos pais com relação aos
filhos menores de 18 (dezoito) anos, sendo o conjunto de direitos relacionados
ao sustento, guarda e educação.
171
AUTOATIVIDADE
a) ( ) 1 ano.
b) ( ) 2 anos.
c) ( ) 3 anos.
d) ( ) 4 anos.
3 Acerca das opções a seguir que não são formas de extinção do poder
familiar, assinale a alternativa CORRETA:
172
5 Acerca do reconhecimento do estado de filiação, assinale a alternativa
CORRETA:
173
174
UNIDADE 2
TÓPICO 5 —
ALIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Chegamos ao Tópico 5. Neste tópico, abordaremos o
importantíssimo instituto dos alimentos.
Bons estudos!
175
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
176
TÓPICO 5 — ALIMENTOS
NOTA
NOTA
NOTA
177
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
178
TÓPICO 5 — ALIMENTOS
NOTA
179
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
• Morte do credor.
• Alteração substancial do binômio necessidade-possibilidade: conforme reza
o Art. 1.699, do CC/02: “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na
situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução
ou majoração do encargo”.
• No caso alimentado ser menor de idade, obrigação é extinta, em regra, quando
atinge a maioridade.
180
TÓPICO 5 — ALIMENTOS
NOTA
181
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
182
AUTOATIVIDADE
3 Sobre por quem pode ser cobrado o direito a alimentos, assinale a alternativa
CORRETA:
183
UNIDADE 2
TÓPICO 6 —
TUTELA E CURATELA
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Finalmente, chegamos ao último tópico da Unidade 2!
Neste tópico, estudaremos os institutos da tutela e da curatela.
185
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
3 DA TUTELA
Conforme disciplina do Código Civil, a tutela é a colocação de um menor
órfão em família substitutiva, sendo cabível na hipótese do falecimento dos pais,
ou sendo estes julgados ausentes ou, ainda, na ocasião em que os pais decaírem
do poder familiar (Art. 1.728).
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos
parentes consanguíneos do menor, por esta ordem:
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos
mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em
qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer
a tutela em benefício do menor (aqui se tem uma clara manifestação
da doutrina da proteção integral, pois estabelece que o rol não é
preferencial, cabendo ao juiz determinar o tutor mais apto).
186
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
NOTA
Tratando-se de irmãos, deverá, o juiz, dar um só tutor para ambos, com vistas
a preservar a família natural e a família ampliada (Art. 1733, do CC/02).
Importante também que você conheça o rol das pessoas impedidas, pela
lei, de exercerem a tutela. Trata-se do Art. 1.735 do Código Civil:
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso
a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem
constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer
valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges
tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por
estes expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade,
contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as
culpadas de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa
administração da tutela.
Por outro lado, há aqueles que, apesar de poderem exercer a tutela, a lei
permite que se escusem. O Art. 1.736 do mesmo diploma legal traz esse rol:
187
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
Qual seria, afinal, o papel do tutor? O código traz, nos Arts. 1.740 e 1741,
várias incumbências do tutor a fim de resguardar a criança e o adolescente, tanto
no que toca a perspectiva existencial, dando execução ao princípio da dignidade
da pessoa humana, quanto no que concerne aos seus interesses patrimoniais.
NOTA
188
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
NOTA
À luz do Art. 1.756 do CC/02, o tutor é obrigado a servir por dois anos, podendo,
esse prazo, ser estendido se quiser e se o magistrado julgar conveniente ao menor.
189
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
ATENCAO
190
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
NOTA
Por seu turno, o Art. 85 do referido Estatuto dispõe que “a curatela afetará
tão somente os atos de natureza patrimonial e negocial”. No parágrafo primeiro
ainda sinaliza que o instituto não alcançará o direito da pessoa com deficiência ao
próprio corpo, à sexualidade, ao matrimónio, à privacidade, à saúde, ao trabalho
e ao voto.
ATENCAO
191
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
NOTA
Afinal, quem pode ser curador? O Art. 1.775 do Código Civil nos traz tal
resposta:
192
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
193
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
194
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
195
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
LEITURA COMPLEMENTAR
SOCIEDADE DE AFETO
196
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
197
UNIDADE 2 — DIREITO DE FAMÍLIA
198
TÓPICO 6 — TUTELA E CURATELA
afetividade, e não a lei, mantém unidas essas entidades familiares. Por mais que
se tente, não há expressão mais adequada para definir quem ama e quem é amado
do que a palavra amante. No latim, amante, particípio presente do verbo amar,
significa aquele que ama. Se duas pessoas estão juntas, exclusivamente, em razão
do amor que as une, aquela que ama é amante, como também é amante quem é
amado. O fato de os amores, outrora estigmatizados pela clandestinidade, terem
se apropriado desse termo, não significa que esse belo vocábulo fique relegado
para sempre ou condenado ao esquecimento. Ao contrário, seu real sentido
deve ser o bastante para o revivificar em uma nova dimensão, que não é outra
a não ser a acepção nativa: amantes são aqueles que se amam. Amante serve,
pois, para denominar os partícipes de uma união estável e para a identificação da
nova entidade familiar. Ao constituírem essa espécie de família, passam, ambos,
a se chamar amantes, assim sendo denominado o estado civil. Desse modo,
identificam-se, com facilidade, os que vivem em união estável. Não são casados
nem solteiros, separados, divorciados ou viúvos. São amantes porque se amam
e, com seu amor, formam uma união de afeto. O amor é o elemento constitutivo
da união estável e deve servir para a identificação. A partir da assunção de uma
terminologia adequada, cessam inseguranças e incertezas. Com facilidade, pode-
se nominar os demais integrantes da nova constelação familiar: os filhos de cada
um serão apresentados como os filhos do meu amante, assim como os irmãos, os
pais e os demais parentes. Ainda que nomes não tenham efeito mágico, quem sabe,
a partir do momento em que se realce a natureza afetiva do vínculo, as pessoas
se amem mais e vivam suas relações com a cumplicidade, o companheirismo e o
carinho que somente aqueles que amam, ou seja, os amantes, sabem viver.
FONTE: <http://www.mariaberenice.com.br/manager/arq/(cod2_792)1__sociedade_de_afeto.
pdf>. Acesso em: 18 out. 2020.
199
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
200
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Os pródigos.
b) ( ) Aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para os atos da vida civil.
c) ( ) Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.
d) ( ) Os filhos menores cujos pais decaíram do pátrio poder.
202
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Á. V. Curso de direito civil: direito das coisas. 2. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019.
BRASIL. Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916. Institui o Código Civil dos Esta-
dos Unidos do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l3071.htm. Acesso em: 28 maio 2020.
DIAS, M. B. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011.
DINIZ, M. H. Código civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
203
STJ. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL nº 1623858-
RS/2018. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?pro-
cesso=1623858&&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true. Acesso em: 20 out.
2020.
STOLZE, P.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de direito civil. 4. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.
TARTUCE, F. Manual de direito civil. 10. ed. São Paulo: Gen, 2020.
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
161
162
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO
DIREITO DAS SUCESSÕES
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo à Unidade 3! Nesta unidade, estudaremos
o Direito das Sucessões.
2 A HERANÇA E A ADMINISTRAÇÃO
A herança é um bem jurídico universal, imóvel e indivisível, mesmo que
composta somente de bens móveis e divisíveis, como o dinheiro. Com a morte,
é formada, automaticamente, a herança do falecido, independentemente da
vontade dos herdeiros, a qual somente será extinta com a partilha. A herança
deverá ser representada judicial e extrajudicialmente, como veremos a seguir.
163
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
164
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
• Usufruto, o uso e a habitação: são direitos reais da coisa alheia, portanto, têm
natureza patrimonial, são três relações jurídicas vitalícias que se extinguem
com a morte do titular.
• Enfiteuse (Art. 692, III, do Código Civil Brasileiro de 1916): se o enfiteuta
falecer sem deixar sucessores, extingue-se a relação jurídica, impedindo que
o Estado adquira a enfiteuse.
165
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
• Direito autoral (Lei 9610/98, Art. 41): o direito autoral é um direito híbrido,
possuindo parte personalíssima, como invento e criação; e parte patrimonial,
como exploração e exercício. Os herdeiros do falecido têm direito à parte
patrimonial, mas a parte personalíssima não se transmite, portanto, a música
que o falecido compôs será sempre dele. O dispositivo estabelece que falecendo
o autor, o seu direito autoral se transmite aos herdeiros pelo prazo de setenta
anos, contados de 1º de janeiro do ano seguinte ao da morte do autor, e não
do dia da morte. Findo esse prazo, a obra cairá em domínio público, podendo
qualquer pessoa a explorar. No caso de coautoria, o prazo de setenta anos
somente começará a fluir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da morte do
último autor.
• Alvará judicial (Lei 6858/80, Decreto 85.845/81 e Art. 1.037, Código de
Processo Civil): o alvará é procedimento de jurisdição voluntária, reconhecido
como procedimento não litigioso, pelo qual se regulamenta a transmissão de
pequenos valores pecuniários. Para que o juiz conceda o alvará, a legislação
exige dois requisitos:
(i) inexistência de outros bens a partilhar (não podem existir outros bens para
partilha, e existindo qualquer outro bem a partilhar, é descabido o alvará e
necessário o inventário);
(ii) que o valor pecuniário transmitido não exceda 500 OTN’s (obrigação do
tesouro nacional), como exemplo, há o saldo de salário, rescisão trabalhista,
FGTS, restituição do imposto de renda, PIS/PASEP. O alvará judicial é isento
de tributação, por isso, a natural preferência por ele.
166
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
167
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
O Art. 1.808 do Código Civil esclarece que não se pode aceitar ou renunciar
a herança em partes, sob condição ou a termo, todavia, o herdeiro a quem se
testarem legados pode aceitar, renunciando à herança, ou, ao aceitar, repudiar
os legados. Já o herdeiro chamado na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode, livremente, escolher o que
aceita e o que renuncia.
168
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
Autor da Herança
__________I__________
João José Jorge (filhos – 1º grau) renunciantes
I ____I____ I
Augusto Iris Maria Denise (netos – 2º grau)
169
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
Para que um herdeiro possa renunciar, ele deve cumprir alguns requisitos,
como ter capacidade jurídica, pois o incapaz deve ser representado ou assistido
por representante legal, além de necessitar de autorização judicial. O requerente
deve demonstrar a necessidade ou evidente interesse para tal ato (Art. 1.691 do
Código Civil).
170
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
171
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
172
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
173
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
3 DA PETIÇÃO DE HERANÇA
A petição da herança é o ato do herdeiro pleitear o seu reconhecimento
em direito sucessório, a fim de obter a restituição da herança ou parte que lhe
cabe, preceito legal contido nos Arts. 1.824 a 1.828, do Código Civil.
174
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
prescrição ou decadência. Nas palavras de Flávio Tartuce (2019, p. 199), “os valores
existenciais relacionados com a petição de herança prevaleçam sobre questões
patrimoniais que fundamentam a prescritibilidade da referida pretensão.”
Se, no decorrer da ação, o indigno vier a falecer, esta deve ser extinta,
transmitindo os bens aos herdeiros, pois a pena não deve “ir além da pessoa do
criminoso” (GONÇALVES, 2010, p. 41), no entanto, há posicionamento distinto.
4.1 DA INDIGNIDADE SUCESSÓRIA
O Art. 1.814, do Código Civil, é taxativo na definição das pessoas que
devem ser excluídas da sucessão. Transcreveremos, a seguir:
Art. 1.814. São excluídos, da sucessão, os herdeiros ou legatários:
I – que tiverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio
doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se
175
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
No caso de crime contra a honra, uma vez que a lei fala do crime, exige-se
sentença criminal condenatória transitada em julgado para que se reconheça a
indignidade, tendo em vista que só o juiz criminal pode reconhecer a prática de
crime.
Foi dada uma nova redação ao Art. 1.815 do Código Civil, acrescentando
um novo parágrafo 2º, o qual introduziu a possibilidade de o Ministério Público
ser parte legítima para propor ação de exclusão de herdeiro ou legatário indigno,
a fim de impedir que receba os bens da herança do de cujus.
176
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DAS SUCESSÕES
4.2 DA DESERDAÇÃO
A deserdação está prevista no Art. 1.961 e seguintes do Código Civil.
177
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
178
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Devem ser excluídos, da sucessão, aqueles que praticarem ato ofensivo contra
o falecido, o autor da herança. A exclusão depende da propositura da ação
judicial, por parte do interessado na sucessão, contra a pessoa considerada
indigna.
179
AUTOATIVIDADE
180
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao Tópico 2! Estudaremos, a partir de
agora, a sucessão legítima e a sucessão testamentária e suas peculiaridades.
Bons estudos!
2 DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
A sucessão legítima respeita uma ordem legal que acontece da seguinte
maneira:
181
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
183
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
184
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
185
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
Rolf Madaleno, em texto carregado de ironia, fala que o Art. 1.830 institui
a “culpa mortuária” ou "culpa funerária", ressaltando a dificuldade de produção
da prova após o falecimento de um dos cônjuges, o que pode gerar longas e
desgastantes discussões processuais (MADALENO, 2005).
186
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
• Na comunhão universal.
• Na comunhão parcial, quando não houver bem particular.
• Na separação obrigatória de bens.
• apenas quanto aos bens particulares, sendo os demais, quanto aos quais o
cônjuge sobrevivente tem meação, partilhados apenas entre os descendentes;
• quanto a toda a herança, incluindo bens comuns e particulares;
• apenas quanto aos bens comuns, sendo os bens particulares partilhados
apenas entre os descendentes. É preciso citar, aqui, o precedente do Supremo
Tribunal de Justiça:
188
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
189
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
190
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
• Alguns autores dizem que basta ter um filho comum para ter a garantia de ¼.
• Outros exigem que todos sejam comuns para ter a garantia de ¼, sendo esta
a posição predominante.
• Ainda, uma terceira corrente entende que se deve considerar a fração em
relação apenas aos filhos comuns.
191
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
192
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
O Art. 1.841 menciona que, aos irmãos germanos, bilaterais, caberá o dobro
da herança concedida aos irmãos unilaterais quando não houver concorrência
entre eles. O Art. 1.842 explica que, quando NÃO houver concorrência entre os
irmãos bilaterais e os irmãos unilaterais, os irmãos unilaterais herdarão em partes
iguais.
Art. 1.843
§ 1º Se concorrerem à herança somente filhos
de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.
§ 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais
com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes
herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos
unilaterais, herdarão por igual.
193
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
194
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
O Art. 1.855 do Código Civil traz a seguinte redação: “Art. 1.855. O quinhão
do representado partir-se-á por igual entre os representantes”. Isso significa dizer
que, os representantes, tantos quanto existirem, são tidos como um só herdeiro e
recebem apenas a parte que caberia ao representado.
3 DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
A sucessão legítima ocorre quando o falecido, autor da herança, deixa
seus bens para serem partilhados entre os membros de sua família, esta partilha
respeitará as leis que regulam as sucessões. A sucessão testamentária é tratada
nos Arts. 1.857 a 1.990, do Código Civil. O tema também está presente na ordem
da vocação hereditária contida nos 1.798 a 1.803 desse mesmo código.
Nascendo com vida receberão a herança, caso isso não ocorra e não
haja disposição diversa, os bens inventariados retornarão ao monte para serem
novamente partilhados entre os herdeiros legítimos.
O Art. 1.799 traz aqueles que podem ser chamados a suceder, vejamos:
195
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
ATENCAO
196
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade
dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
Destacamos, mais uma vez, que os incapazes não podem testar, entretanto
a incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento realizado,
porém, o contrário não ocorrerá, caso o testamento tenha sido realizado por
incapaz, este não será válido mesmo que venha a ter capacidade superveniente.
197
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
198
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
199
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
A aplicação do Princípio Locus Regit Actum (ato regido pela lei do local onde
foi celebrado) estava presente no Art. 11 da lei anterior, de Introdução às Normas do Direito
brasileiro, não sendo repetida pela lei atual. Esse princípio, ainda em uso, é aplicado para
os atos celebrados no exterior, devendo ser observadas as formalidades externas da vali-
dade local. Assim, o testamento realizado em outro país, regido pelas leis locais, também
tem validade para os bens existentes em solo brasileiro, quando a forma for admitida pela
legislação pátria e não ferir a soberania, os bons costumes ou a ordem interna nacional
(FARIA, 2017).
200
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
A pessoa muda (que não fala) não poderá fazer testamento público, tendo
em vista que ele é realizado de viva voz, entretanto, o indivíduo inteiramente
surdo, quando souber ler, lerá seu testamento, caso não saiba ler, designará
alguém para tal fim e deverá ser acompanhado de duas testemunhas (Art. 1.866,
do Código Civil).
201
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
202
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
203
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
público, que não está prevista em lei, mas que será aceita se respeitar determinada
forma, o chamado testamento vital.
3.4 DO CODICILO
O codicilo está presente no Art. 1.881 do Código Civil:
204
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
NOTA
O Art. 1.885, do CC/02, determina que, caso o codicilo esteja fechado, ele deve
ser aberto do mesmo modo que o testamento fechado, ou seja, perante o juiz (Art. 1.875).
Ademais, acadêmico, saiba que o codicilo poderá ser revogado por outro,
poderá também ser revogado caso sobrevenha testamento posterior que não o
confirme nem o modifique, conforme disposição expressa no Art. 1.884 do Código
Civil.
ATENCAO
Por fim, é importante saber que, de acordo com o Art. 1848, do Código
Civil, excepcionalmente, o testador pode impor uma cláusula restritiva à legítima,
desde que indique justa causa e que esta seja provada.
206
TÓPICO 2 — DA SUCESSÃO LEGÍTIMA E DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
207
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
208
AUTOATIVIDADE
209
UNIDADE 3
TÓPICO 3 —
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, enfim, chegamos ao último tópico da Unidade 3! Neste
último tópico, estudaremos a forma prática do Direito das Sucessões, trataremos
do processo de inventário e da conclusão desse procedimento com a efetiva
partilha dos bens do falecido entre seus herdeiros e legatários.
2 DO INVENTÁRIO
A palavra inventário vem da expressão latina invenire, que significa
“encontrar”, “localizar”. É importante localizar os bens do autor da herança, pois
ela é transmitida automaticamente pelo princípio da saisine, previsto no Art.
1.784, do Código Civil.
211
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
O rito ordinário será mais longo e mais oneroso, um perito judicial avaliará
os bens, os cálculos serão realizados pelo contador judicial, a partilha poderá
ser realizada pelo Partidor Judicial ou, quando em acordo, pelos interessados,
herdeiros ou legatários, quando maiores de idade e capazes. Será admitido,
também, durante o processo, o requerimento da venda de bens do espólio, além
do levantamento dos valores obtidos. Igualmente, o Ministério Público deverá
tomar ciência de todos os atos praticados (FARIA, 2017).
213
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
“Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos
da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos Arts. 660 a 663”.
Não importará o valor total dos bens da herança para escolher o rito
de arrolamento sumário, neste rito não será realizado avaliações, mas sim que
todos os herdeiros e interessados sejam maiores e capazes e que não haja conflito
entre eles. O critério, aqui, é subjetivo, diversamente do critério adotado para o
arrolamento comum. Como não há conflito, não há necessidade de se julgar a
partilha, que é apenas homologada pelo juiz, exigindo-se, porém, a comprovação
do recolhimento fiscal. Os interessados, com a petição inicial, apresentam a
proposta de partilha e comprovam o recolhimento do imposto, cabendo ao juiz
homologar a proposta apresentada. Cumpre salientar que tal disposição foi
mantida no Art. 659, Código de Processo Civil.
214
TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
NOTA
215
UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
O Art. 8º, da Lei nº 8.935/94, que dispõe acerca dos Serviços Notariais de
Registro, estipula ser livre a escolha do tabelionato de notas, qualquer que seja o domicílio
das partes ou local dos bens a serem inventariados. Contudo, o legislador estabeleceu,
no caput, do Art. 48, do CPC, que, havendo ação de impugnação ou anulação da partilha
extrajudicial, o foro competente é o do domicílio do inventariado (BRASIL, 1994b).
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
Como dita o Art. 1.992, a pena só se aplicado aos herdeiros, também não
será aplicada ao inventariante dativo ou judicial. Quem praticar a sonegação
de bens da herança estará sujeita a pena civil e a pena criminal pelo delito de
apropriação indébita (FARIA, 2017).
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
NOTA
NOTA
2.5 DA COLAÇÃO
Dentro dessa temática, traremos a colação, propriamente dita, e a redução
das doações inoficiosas, separadas didaticamente para a melhor compreensão.
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
2.5.1 Colação
O herdeiro tem o direito de exigir dos demais a colação dos bens que estes
receberam por doação a título de adiantamento da legítima, ainda que sequer
tenha sido concebido ao tempo da liberalidade. Para efeito de cumprimento do
dever de colação, é irrelevante se o herdeiro nasceu antes ou após a doação.
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
ATENCAO
É preciso ter uma atenção maior a esse instituto para não confundir a colação
dos bens doados com a redução da doação inoficiosa.
Uma doação que exceda à parte que poderia ser disposta, afetando a
metade indisponível do patrimônio líquido do doador, chamada de inoficiosa,
ficando sujeita à redução prevista no Art. 2.007.
A definição está relacionada ao Art. 549, do Código Civil, “que considera
nula a doação inoficiosa na parte que exceder o que o doador, no momento da
liberalidade, poderia dispor em testamento”, caracterizando a nulidade absoluta
parcial, por atingir somente aquilo que exceder a proteção da legítima (TARTUCE,
2019, p. 869). Ainda, o STJ tratou da legitimidade para pleitear a declaração de
nulidade de doação inoficiosa. Nesse caso, surge a indagação: se o herdeiro (um
dos interessados na nulidade) cedeu seus direitos hereditários, o fato de ter
cedido retira dele a sua legitimidade para propor a ação declaratória de nulidade
de doação inoficiosa?
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
ATENCAO
3 DA PARTILHA
A partilha do patrimônio do autor da herança é tratada pelos Arts. 647 a
658, do Código de Processo Civil. A partilha ocorrerá após o fim do processo de
inventário, os bens que compõe a herança serão partilhados.
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
A partilha pode ser feita por ato inter vivos ou post mortem. A partilha
post mortem são aquelas realizadas durante o processo de inventário, através de
termo nos autos, escritura pública ou escrito particular, homologado pelo juiz
conforme Art. 2.015, do Código Civil.
A partilha amigável feita por meio de escritura pública será anexada aos
autos de inventário, entretanto não será homologada pelo juiz, este determinará
seu cumprimento, para que as partes tomem conhecimento, após, dará ordem
para expedir o título formal de partilha (FARIA, 2017).
“Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos
ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros
necessários”.
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
Lembrando mais uma vez que não poderá, a partilha em vida, ser efetuada
por herdeiros através de contrato que tenha como objeto herança de pessoa viva,
como disciplina o Art. 426 do Código Civil.
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
LEITURA COMPLEMENTAR
Flávio Tartuce
Por ser uma ação real, e também universal, a petição de herança não se
confunde com a ação reivindicatória, que visa a um bem específico. Aplicando
tal forma de pensar, consta de aresto do Superior Tribunal de Justiça que “ocorre
turbação à posse de bem imóvel quando coerdeiros reconhecidos em ação de
petição de herança molestam a posse anterior de outros herdeiros que exerciam
tal direito com base em formal de partilha. Isso porque a ação de petição de
herança tem natureza universal, pela qual o autor pretende o reconhecimento
de seu direito sucessório, o recebimento da fração correspondente da herança,
e não a restituição de bens específicos. Isso é o que a diferencia de uma ação
reivindicatória, de natureza singular, que tem por objeto bens particularmente
considerados.
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
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TÓPICO 3 — DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
Em 2018, essa mesma posição foi confirmada pela mesma Terceira Turma
do Tribunal, no aresto há pouco mencionado e que cita a teoria da actio nata subjetiva,
segundo a qual o prazo prescricional deve ter início do conhecimento da lesão ao
direito subjetivo. Como consta do trecho final da sua ementa, "nas hipóteses de
reconhecimento ‘post mortem’ da paternidade, o prazo para o herdeiro preterido
buscar a nulidade da partilha e reivindicar a sua parte na herança só se inicia a
partir do trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade, quando resta
confirmada a sua condição de herdeiro. Precedentes específicos desta Terceira do
STJ. Superação do entendimento do Supremo Tribunal Federal, firmado quando
ainda detinha competência para o julgamento de matérias infraconstitucionais,
no sentido de que o prazo prescricional da ação de petição de herança corria da
abertura da sucessão do pretendido pai, seguindo a exegese do Art. 1.572, do
Código Civil de 1916. Aplicação da teoria da ‘actio nata’" (STJ, REsp 1.368.677/
MG, Terceira Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 05.12.2017, DJe
15.02.2018). Essa forma de julgar consubstancia uma visão que pode ser chamada
de contemporânea.
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UNIDADE 3 — DIREITO DAS SUCESSÕES
Entre uma e outra corrente, fico com a segunda, tida como contemporânea,
justamente pelo argumento da necessidade de se efetivar o direito à herança.
A propósito, apesar de não ter sido essa a opção expressa do nosso legislador,
ao contrário do que ocorreu com o Código Civil Italiano, nos termos do Art.
533, e com o Código Civil Peruano, Art. 664, entendo que não há prazo para se
demandar a petição de herança, especialmente no caso de estar cumulada com
a investigação de paternidade. Na doutrina, a propósito, essa é a posição de
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, para quem a petição de herança não
prescreve.
Como palavras finais, não se pode negar que o tema é de difícil análise
e que gera intensos debates, sendo fortes os argumentos das duas correntes.
Portanto, o Superior Tribunal de Justiça encontra-se defronte a mais um desafio,
que é pacificar a questão no âmbito da sua Segunda Seção. Aguardemos qual será
a posição seguida pela Corte.
FONTE: <http://www.flaviotartuce.adv.br/assets/uploads/artigos/c4315-coluna_migalhas_
peticaoherancaprazo_revisado.docx>. Acesso em: 20 out. 2020.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
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AUTOATIVIDADE
( ) De acordo com o Código Civil, o testamento particular não pode ser escrito
em língua estrangeira, mesmo que as testemunhas a compreendam.
( ) Só podem testar os maiores de dezoito anos de idade.
( ) Ao cego, são permitidos os testamentos público e cerrado.
( ) É nula a disposição testamentária que favoreça as testemunhas do
testamento.
( ) Os relativamente incapazes, em razão da idade, não possuem capacidade
para testar.
( ) Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a
termo.
( ) Exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado.
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REFERÊNCIAS
AMORIM, S.; OLIVEIRA, E. de. Inventário e partilha: teoria e prática. 26. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BRASIL. Lei nº 6.515, de 26 de dezembro de 1977. Regula os casos de dissolução
da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá
outras providências. 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l6515.htm. Acesso em: 23 out. 2020.
GONÇALVES, C. R. Direito das sucessões. 12. ed. São Paulo: Saraiva. 2010.
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