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Projeto de intervenção
3º ano/1º semestre
3º ano/1º semestre
OPA - Orientação para planos de
aulas
Uma parceria entre a SED/SC e
o Instituto Ayrton Senna
Projeto de intervenção
Introdução p. 03
Orientações gerais p. 15
Orientações específicas p. 20
Caro(a) professor(a),
Esta OPA contém orientações para você mediar a realização do projeto Nós e as
Redes de Trabalho com os estudantes do 3º ano, nas aulas dos Projetos de
Intervenção e Pesquisa. É essencial, para essa mediação, que você tome
conhecimento das atividades propostas no Material de apoio para alunos, preparando-
se para apoiá-los nos diversos aspectos da experiência, cujo objetivo maior é torná-los
protagonistas em relação às suas escolhas e vivências no mundo do trabalho.
Essa forma positiva de encarar a juventude implica revelar seu sentido luminoso ao
próprio jovem e aos educadores que, como você, contribuem para o seu
desenvolvimento: o potencial de uma nova geração para dar continuidade às
transformações do mundo que nos cerca, participando e interferindo ativamente.
SENTIR
aproximá-los de você e da aprendizagem. Tem muito adulto, e até alguns jovens,
vendo a juventude como um problema: dizem que é “alienada”, “irresponsável”,
“desinteressada”, “individualista”, que os jovens não gostam de ler... Pensar
assim é fechar os olhos para o que realmente acontece com os jovens e perder
muitas oportunidades de aprender com eles!
Faça o exercício de voltar no tempo: como você era quando jovem? Que sonhos
tinha, quais eram as suas expectativas? O jovem, hoje, também tem muitas
PENSAR
Ver o jovem como solução, confiar no potencial da juventude e dar a sua DECIDIR
contribuição para que os estudantes aprendam, desenvolvam competências e se
preparem para se inserir no mundo do trabalho é, professor, a sua grande
decisão. Você tem o poder de influir de maneira construtiva na aprendizagem e
no convívio dos jovens de sua escola!
Essa perspectiva da participação dos jovens na escola reconhece que todo jovem
tem potencial para aprender. Ou seja, os estudantes têm condições para se
desenvolver, desde que seja assegurado o seu direito a uma educação de qualidade.
O protagonismo percebe os jovens como sujeitos sociais, ou seja, eles fazem parte
de famílias, bairros, comunidades; são membros de grupos culturais, políticos,
religiosos e sociais; gostam de namorar, passear, ler, expressar-se artisticamente. Uns
são bastante ativos, outros mais pacatos. Ou seja, são pessoas, com trajetórias de
vida e interesses diferentes, não são uma “massa”, como muitos professores acabam
os definindo.
Mas, como dissemos, para que seja Protagonismo Juvenil de verdade, é essencial que
a participação dos jovens tenha espaço no currículo, seja estruturada com método que
gera aprendizagens significativas e tenha os professores e gestores como parceiros
na mediação da participação dos estudantes.
Mas todo projeto tem uma estrutura, adota um método. No nosso caso, os projetos
são desenvolvidos num percurso estruturado, composto de seis etapas. Quais
são elas?
- Mobilização.
- Iniciativa.
- Planejamento.
- Execução
- Avaliação.
- Apropriação de resultados.
Explicando melhor:
- a aprender fazendo; e
Como dissemos, a participação dos estudantes no projeto se dará por meio da vivência das
seis etapas: mobilização, iniciativa, planejamento, execução, avaliação e apropriação de
resultados.
A visão que se tem da juventude é decisiva para que os professores definam suas
práticas de ensino e o que esperam da aprendizagem dos alunos, pois revela quem é
o aluno que queremos formar. Ver a juventude como solução e não como problema,
portanto, é o princípio básico para a formação de estudantes protagonistas.
Nos times, todos reúnem esforços e forças para realizar uma dupla aprendizagem:
aprender a aprender e, também, a conviver e produzir de forma colaborativa. Os
alunos são avaliados pelo seu desempenho individual e pelos resultados conquistados
pelo time. As atividades se dão por concluídas somente quando todos alcançam o
aprendizado esperado – tudo bem diferente da prática tradicional de realização de
tarefas em grupo. Afinal, o trabalho de grupo, muitas vezes, é compreendido como
uma divisão de tarefas acerca de algo a ser produzido, sem que haja
corresponsabilidade pela produção, pela resolução de conflitos e pelo aprendizado.
DE: PARA:
Cada jovem do time deve ser responsável pelo seu aprendizado e, também, pelo
aprendizado dos colegas. Não dá para deixar para trás nenhum jovem!
Todos devem participar das atividades, colocando seus pontos de vista, ouvindo o(s)
colega(s) e dando o melhor de si. Durante as atividades, cada jovem vai exercitar
liderar o time e ser liderado pelos colegas!
A tarefa de todos é refletir sobre a atividade proposta, agir com iniciativa, planejar,
persistir na busca da solução sem se deixar vencer pelos obstáculos e aprender com
os erros e acertos. Esse esforço é mais importante do que os acertos.
Nas rodas de debate, todo mundo vai ter vez e voz para falar! E cada um vai
aprender a dar vez e voz para o colega. Todos vão se ouvir e aprender a argumentar!
Para o professor, a gestão do time (em vez da turma de 30 ou até 40 alunos) também
é um aprendizado necessário. Uma dica importante para que você a pratique
efetivamente é não confundi-la – nem deixar que seus alunos confundam – com o
trabalho convencional em grupos.
Apresentamos de forma resumida, três aspectos essenciais para que você, professor,
comece a praticar o trabalho em times:
Ao praticar esses pontos, a gestão dos alunos será muito mais facilitada. Sem contar
que trabalhar em equipe – como um time motivado, produtivo, colaborativo e coeso – é
uma habilidade altamente valorizada e necessária ao convívio e ao mundo do trabalho
no século 21.
Fique de olho nas etapas do projeto de intervenção. Todas se baseiam nos princípios
da presença pedagógica e da aprendizagem colaborativa.
A escola está preparada para apoiar os jovens na busca dos seus sonhos? Nos
últimos anos do Ensino Fundamental, vemos surgir três grandes questões: o convívio,
a permanência e a aprendizagem dos jovens na escola. O fosso existente entre o que
a escola oferece e os anseios e necessidades da juventude faz com que 1 em cada 10
estudantes brasileiros deixem de concluir o Ensino Médio, sendo que apenas 50,9%
dos jovens de 15 a 17 anos frequentam a escola (Pnad/IBGE, 2010). Esse abandono
está diretamente ligado ao desinteresse pelos estudos, motivado por conflitos que
permeiam a vivência dos adolescentes na escola: não são vistos como parceiros e
interlocutores no processo de aprendizagem, os conteúdos não lhes parecem úteis
para a vida, professores e estudantes não compartilham um repertório comum.
É aqui que se torna urgente para a escola fazer uma escolha decisiva: acolher os
interesses juvenis e, mais que isso, conciliar as necessidades de aprendizagem
curricular com esses anseios e os desafios que os jovens enfrentarão para definir seus
caminhos no futuro. Para tanto, é preciso ressignificar o ensino tradicional, investindo
em metodologias de ensino centradas no estudante, promovendo o convívio e a
aprendizagem.
O método para tornar esse conceito uma ferramenta de trabalho em sala de aula é
abordá-lo a partir das já mencionadas etapas de desenvolvimento de um projeto ou
resolução de um problema, cujas atividades se distribuem nas fases de: Mobilização,
Iniciativa, Planejamento, Execução, Avaliação e Apropriação dos Resultados.
Reunidos em times para a realização dessas atividades, os estudantes idealizam e
concretizam propostas, escolhidas por eles mesmos, e que têm como alvo a escola ou
sua própria aprendizagem.
1ANDRÉ, Simone; COSTA. Antônio Carlos Gomes da. Educação para o desenvolvimento humano. São
Paulo: Saraiva/Instituto Ayrton Senna, 2004. Uma das bases fundamentais dessa concepção são as
quatro aprendizagens indicadas no Relatório Jaques Delors: aprender a ser, conviver, conhecer e fazer.
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Aprender por projetos cujos temas partem ou dialogam com os interesses dos
estudantes é um caminho seguro para mobilizar a participação comprometida dos
jovens no processo educativo. Além disso, fazer projetos como forma de resolver
problemas reais e relevantes aproxima a escola do mundo profissional, onde cada vez
mais se trabalha por projetos. A gestão de projetos possibilita aos estudantes uma
série de aprendizados, tais como: identificar os problemas ao seu redor e tomá-los
como seus; ter iniciativa para propor soluções; planejar os passos para alcançar
resultados; perceber o propósito maior do que se deseja alcançar; estabelecer
prioridades; administrar a si mesmo e aos outros quanto às tarefas e ao tempo de
executá-las; reconhecer e lidar com conflitos; construir confiança e autonomia; assumir
riscos e compartilhar a tomada de decisões; responsabilizar-se pelo alcance e pela
qualidade do resultado; avaliar os caminhos adotados e aprender com acertos e erros.
Orientações gerais
As definições de rede são inúmeras. Podemos começar por uma bem simples,
elaborada pelo especialista em gestão de redes Cássio Martinho: rede é um “padrão
de organização constituído, necessariamente, de agentes autônomos que,
Essas distinções são muito importantes, pois, como aponta Cássio Martinho, “quando
tudo é rede, estruturas velhas e novas, modos convencionais e modos inovadores de
fazer, estratégias de opressão e estratégias de libertação confundem-se sob uma
pretensa mesma aparência. Se não puder estabelecer algumas distinções, o conceito
de rede deixa de ter sentido e passa a não servir para nada” (MARTINHO, 2003, p.9) 4.
WWF Brasil, 2003. Disponível em: <bit.ly/redes-introducao>. Acesso em: 12 jul. 2015.
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mundo do trabalho hoje, reconhecer o tamanho e a complexidade desses desafios é
fundamental. E o professor tem um papel crucial nisso, como mediador e provocador
constante.
Ser protagonista nas redes do mundo do trabalho não é apenas se preparar bem para
ocupar esses espaços, mas desenvolver competências para intervir na própria
dinâmica das redes. O guia Trocando Ideia nos recorda que “as redes estão em
constante mudança de tamanho e formato”, e que “é preciso ter foco na criação de
dinâmicas de trabalho colaborativo e horizontal, as quais impulsionam a atividade
nesses espaços”. Para que uma rede exista de fato, é necessário ativá-la, impulsioná-
la cotidianamente. E a intervenção dos jovens pode ser crucial nesse processo.
Respeite as escolhas dos jovens nos processos de formação de times: não interfira,
mesmo que as “panelinhas” aconteçam. Apenas garanta que eles cumpram o número
mínimo e máximo para a formação dos times, atuando sempre com presença
pedagógica. E, aos poucos, identifique se existem alunos que parecem “deslocados”
em seus times, apoiando-os na integração com os colegas.
Procure perguntar aos estudantes, também, como eles avaliam a atuação em time,
trabalhando juntos: Todos colaboraram entre si? O tempo disponível foi bem
aproveitado ou perderam tempo com questões que não tinham ligação com a
discussão?
Nesse aspecto, ajude-os inicialmente a criar parâmetros de tempo para cada uma das
seis etapas e, aos poucos, definir o tempo que será dedicado a cada atividade. Uma
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dica: sempre que perceber que os alunos estão dispersos em relação ao tempo,
chame a atenção para isso e incentive-os a fazer estimativas das horas/dias
necessários para darem conta das atividades previstas.
O diálogo precisa ser aberto e respeitoso, orientado sempre pelos interesses comuns
– do time e da escola. Isso, muitas vezes, não ocorre naturalmente. Há jovens que
com muita facilidade se posicionam sobre as coisas e dão o ritmo do projeto, enquanto
outros tendem a não se posicionar com a mesma frequência e articulação de ideias.
1. ETAPA DE MOBILIZAÇÃO
O objetivo da etapa de Mobilização é possibilitar que os alunos descubram a
existência de redes de trabalho, identifiquem as redes às quais já estão conectados e
se aproximem de uma delas, tendo em vista seus interesses e motivações.
. As redes que permeiam o mundo: O que está em jogo nos primeiros momentos da
etapa de Mobilização é a compreensão dos estudantes de que o mundo do trabalho se
estrutura em redes e que elas já atuam, possibilitando contatos, trocas, relações,
colaboração, oportunidades etc. aos seus membros.
5O texto está nas páginas 31 a 39 de O Jovem como sujeito do Ensino Médio, publicação do MEC no
contexto do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Disponível em: <bit.ly/jovemsujeitoem>.
Acesso em: 16 set. 2018.
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 20
. categorizar as redes às quais as pessoas e instituições listadas estão
conectadas. Está aqui um importante passo na formação dos estudantes:
aprender a agrupar informações, tipificando-as, ordenando-as, organizando-as;
. ligar cada pessoa e instituição listada às redes categorizadas, aprendendo a
estabelecer relações;
. construir um registro que explicite as redes trabalhadas. O registro em forma
de esquema ajuda a visualizar a rede, evidenciando quem é parte dela, quem
está ligado a quem etc.;
. compartilhar as redes identificadas. Aqui, o foco do trabalho está na
comunicação entre os times. O resultado esperado é que todos percebam as
várias redes às quais já estão ligados e identifiquem aquelas que se
entrecruzam (nesse caso, é essencial consolidar as informações de duas redes
“comuns” em apenas uma, maior, mais complexa);
. identificar a rede que mais dialoga com os projetos do aluno para o futuro.
Cada estudante deve questionar-se: Qual rede tem a ver com o que sou e o
que quero para mim? À medida que os alunos responderem a essa questão,
estarão agrupando-se em times. Cada time estará ligado a uma das redes (e é
possível que haja mais de um time conectado a uma mesma rede, assim como,
no mundo do trabalho, há concentração de interesse em uma área temática ou
profissão, por exemplo).
. Escolha das redes de trabalho: A etapa de Mobilização não termina até que todos os
alunos estejam conectados a uma rede, em times. Caso aconteça de apenas um ou
dois alunos se interessarem em desenvolver projeto relacionado a uma das redes, é
importante discutir com eles se isso é adequado, tendo em vista a complexidade que o
projeto pode e precisa ganhar. Identifique se há possibilidade de rever o modo de
agrupar os estudantes, englobando áreas de interesse que possuem aproximações.
Autoavaliação do professor
2. ETAPA DE INICIATIVA
Autoavaliação do professor
Ao longo da etapa de Iniciativa, avalie as contribuições trazidas por você para que os
jovens conseguissem:
3. ETAPA DE PLANEJAMENTO
. Uma série de reuniões: O material de apoio dos alunos propõe que o trabalho de
planejamento se concretize por meio de reuniões entre os membros do time. Reuniões
estruturadas, com pautas construídas por eles, com um membro responsável pela
mediação e outro pela relatoria, tempo para a abordagem dos temas pautados,
definição de encaminhamentos e construção de uma ata com a síntese do trabalho.
Desse modo, ao final da série de reuniões, o projeto estará elaborado, e, ao mesmo
tempo, os alunos terão experimentado um “ritual” típico do mundo do trabalho.
. Segundo diálogo com o Conselho de Projetos: O time apresenta seu projeto, fruto do
esforço de planejamento. Novas sugestões, questionamentos e propostas serão feitos
e precisam ser alvo de análise pelo time, para incorporação ao planejamento.
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. Avaliação de processo e das aprendizagens: Mais uma rodada de autoavaliação dos
alunos e devolutivas do professor. Cuide para que esse momento seja capaz de “fazer
as fichas caírem”, ou seja, que os jovens compreendam o sentido e o significado
daquilo que acabaram de viver para suas vidas, no presente e no futuro.
Autoavaliação do professor
4. ETAPA DE EXECUÇÃO
. Avaliar cada ação logo após sua execução, replanejando as que virão: Conferir o
andamento das ações, a participação do time, o alcance dos objetivos previstos e as
repercussão na vida da escola é essencial. Mas adianta muito pouco avaliar apenas
depois que o projeto tiver sido finalizado. Ajude os alunos a compreenderem a
avaliação como prática cotidiana, que permite manter ou corrigir rumos, qualificando o
projeto durante sua execução. Invista constantemente na autoavaliação deles e, claro,
nas suas devolutivas!
Autoavaliação do professor
Ao longo da etapa de Execução, avalie as contribuições trazidas por você para que os
jovens conseguissem:
. fortalecer a noção de time. Que contribuições você deu para que os jovens
aprofundassem a noção de time, contribuindo para transformar as ideias em
realidade? Quais foram os principais desafios para isso?
. colocar em prática as 12 dicas de ouro. Você dialogou com o time sobre as dicas,
ajudando-o na compreensão do sentido de cada uma delas? Percebeu a necessidade
de retomá-las ao longo da execução? Qual foi mais difícil de ser vivenciada pelos
jovens? De que estratégias você lançou mão para superar tais desafios?
. ter abertura para alterar o planejamento, sempre que necessário. Você orientou
adequadamente o time na avaliação das ações realizadas? Conseguiu ajudar os
alunos a analisarem, permanentemente, se o que foi planejado se mostrou adequado
no momento da execução e a não se frustrarem com a necessidade de mudança de
rotas? Orientou-os a voltarem aos objetivos do projeto nos momentos de análise? Se
foi preciso rever o planejamento, deu-lhes apoio nessa decisão?
5. ETAPA DE AVALIAÇÃO
. Novo exercício de projeção: a avaliação final abre também uma discussão para o
futuro a partir do interesse e das possibilidades de os alunos darem continuidade ao
projeto fora da escola. O objetivo é que eles percebam a importância das redes para
alimentar suas trajetórias de estudo e trabalho. Há interesses específicos em
prosseguir com alguma ação ou desejo de viver experiências diferentes? Essa e
outras questões podem orientar a discussão e motivar um novo ciclo de projetos.
Autoavaliação do professor
Ao longo da etapa de Avaliação, analise as contribuições trazidas por você para que
os jovens conseguissem: