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Orientação para Planos

Uma parceria entre a SED/SC e


de Aulas (OPA)
o Instituto Ayrton Senna

Projeto de intervenção

Nós e as redes de trabalho


Jovens intervindo na realidade

3º ano/1º semestre
3º ano/1º semestre
OPA - Orientação para planos de
aulas
Uma parceria entre a SED/SC e
o Instituto Ayrton Senna

Projeto de intervenção

Nós e as redes de trabalho


Jovens intervindo na realidade

Introdução p. 03

Reflexão: Jovens, participação, projetos, aprendizagens! p. 05


Sumário

Reflexão: Metodologias integradoras p. 08

Orientações gerais p. 15

Orientações específicas p. 20

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 2


Introdução

Caro(a) professor(a),

Esta OPA contém orientações para você mediar a realização do projeto Nós e as
Redes de Trabalho com os estudantes do 3º ano, nas aulas dos Projetos de
Intervenção e Pesquisa. É essencial, para essa mediação, que você tome
conhecimento das atividades propostas no Material de apoio para alunos, preparando-
se para apoiá-los nos diversos aspectos da experiência, cujo objetivo maior é torná-los
protagonistas em relação às suas escolhas e vivências no mundo do trabalho.

As atividades do projeto convidam cada estudante a abraçar a educação como uma


causa, aprendendo a ver, a pensar, a sentir, a decidir e a agir. Trata-se de buscar que
uma nova visão se inaugure: em vez de parte do problema, o jovem é parte da
solução.

Essa forma positiva de encarar a juventude implica revelar seu sentido luminoso ao
próprio jovem e aos educadores que, como você, contribuem para o seu
desenvolvimento: o potencial de uma nova geração para dar continuidade às
transformações do mundo que nos cerca, participando e interferindo ativamente.

A forma como os jovens se veem, professor, está fortemente relacionada à maneira


como são vistos pelos adultos que os rodeiam. Por isso, é muito importante que você
reflita cuidadosamente sobre o seguinte:

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Ver seus estudantes a partir de seus potenciais, daquilo que são, do que sabem,
querem... Todos nascemos com potencial e são justamente as oportunidades
VER
educativas que propiciam seu desenvolvimento. Por isso, você é convidado a
assumir um papel para além do ensino: exercite a sua presença pedagógica, a sua
capacidade de enxergar o jovem que está no seu aluno.

Quais são os interesses, paixões, sonhos, alegrias, medos, inseguranças e desejos


de seus estudantes? Reconhecer quem são eles é um passo essencial para

SENTIR
aproximá-los de você e da aprendizagem. Tem muito adulto, e até alguns jovens,
vendo a juventude como um problema: dizem que é “alienada”, “irresponsável”,
“desinteressada”, “individualista”, que os jovens não gostam de ler... Pensar
assim é fechar os olhos para o que realmente acontece com os jovens e perder
muitas oportunidades de aprender com eles!

Faça o exercício de voltar no tempo: como você era quando jovem? Que sonhos
tinha, quais eram as suas expectativas? O jovem, hoje, também tem muitas
PENSAR

expectativas em relação ao seu futuro, afinal, ele está em um momento de busca


de sua identidade e de seu projeto de vida. Viver, conviver, estudar e trabalhar
no século 21 – um novo tempo muito diferente do século que passou – é o
desafio de nossos jovens.

Ver o jovem como solução, confiar no potencial da juventude e dar a sua DECIDIR
contribuição para que os estudantes aprendam, desenvolvam competências e se
preparem para se inserir no mundo do trabalho é, professor, a sua grande
decisão. Você tem o poder de influir de maneira construtiva na aprendizagem e
no convívio dos jovens de sua escola!

E o que fazer para começar? Convidar os jovens a fazerem a grande virada e


AGIR

serem seus parceiros e interlocutores para construírem a educação necessária ao


século 21, uma educação em que professores e estudantes são parte da solução.
Isso é mobilizar! Mover mentes e corações em favor da educação da juventude!

A seguir, você encontrará subsídios para compreender aspectos centrais do trabalho a


ser iniciado com os jovens. Leia atentamente, reflita sobre suas experiências nesse
campo, desafie-se em relação ao que percebe que ainda precisa avançar!

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Reflexão: Jovens, participação, projetos, aprendizagens!

Começaremos com uma reflexão sobre o tipo de participação dos estudantes na


escola que este projeto propõe. Estamos tratando do Protagonismo Juvenil.

O Protagonismo Juvenil coloca os jovens no centro do processo formativo. Eles


passam a ser vistos não mais como parte dos problemas da escola, mas como parte
das soluções. Agem para aprender mais, para ampliar a autonomia e para transformar
positivamente o contexto em que vivem.

Essa perspectiva da participação dos jovens na escola reconhece que todo jovem
tem potencial para aprender. Ou seja, os estudantes têm condições para se
desenvolver, desde que seja assegurado o seu direito a uma educação de qualidade.

O protagonismo percebe os jovens como sujeitos sociais, ou seja, eles fazem parte
de famílias, bairros, comunidades; são membros de grupos culturais, políticos,
religiosos e sociais; gostam de namorar, passear, ler, expressar-se artisticamente. Uns
são bastante ativos, outros mais pacatos. Ou seja, são pessoas, com trajetórias de
vida e interesses diferentes, não são uma “massa”, como muitos professores acabam
os definindo.

Por falar em diferença, o Protagonismo Juvenil valoriza a diversidade entre os


jovens, possibilitando que eles aprendam a lidar de maneira respeitosa com as
diferenças que fazem parte da escola. São diferenças de ideias, conhecimentos,
pontos de vista, experiências, valores, composições familiares, orientação sexual,
raça, gênero, credo religioso, dentre tantas outras. Lidar com toda essa diversidade é
uma aprendizagem e tanto.

E, muito importante, o protagonismo possibilita que os interesses e anseios juvenis


tenham espaço no ambiente escolar. O mundo da escola precisa ser povoado pelo
universo dos jovens, não dá mais para ser apenas espaço para “trabalhar conteúdo”
de disciplinas.

Mas, como dissemos, para que seja Protagonismo Juvenil de verdade, é essencial que
a participação dos jovens tenha espaço no currículo, seja estruturada com método que
gera aprendizagens significativas e tenha os professores e gestores como parceiros
na mediação da participação dos estudantes.

Como podemos estruturar a participação dos jovens, na escola, na perspectiva


do Protagonismo Juvenil?
Existem diversas possibilidades, é claro. Há várias maneiras, por exemplo, de
promover esse tipo de participação nas aulas das disciplinas escolares. Mas, no
contexto do núcleo articulador, o meio que adotamos para concretizar a participação
dos estudantes são os projetos.

O que os jovens do século 21 aprendem ao desenvolver projetos?


Bem, no contexto escolar, um projeto nada mais é que uma situação de aprendizagem
ou, nas palavras do professor Antonio Carlos Gomes da Costa, um “acontecimento
estruturante que exerce influência construtiva sobre as maneiras de ver, entender,
sentir, decidir e agir dos educandos”. Dito de outra forma, o percurso de
desenvolvimento de um projeto possibilita que os jovens exercitem um tipo de
participação que parte de seus interesses e de um olhar sobre o bem comum,

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gera transformações positivas no seu contexto e permite aprendizagens
significativas.

Mas todo projeto tem uma estrutura, adota um método. No nosso caso, os projetos
são desenvolvidos num percurso estruturado, composto de seis etapas. Quais
são elas?

- Mobilização.
- Iniciativa.
- Planejamento.
- Execução
- Avaliação.
- Apropriação de resultados.

Cada uma dessas etapas aponta um desafio aos estudantes: desenvolver


competências e habilidades, aprender e ampliar conhecimentos. São o que chamamos
de atitudes estratégicas, que os jovens têm a oportunidade de desenvolver ao longo
do percurso do projeto. Quais são elas?

- Na etapa de Mobilização, o que se deseja é que os jovens descubram


suas motivações para aprender e agir em seu contexto. É o momento do
projeto em que eles são chamados a identificar suas forças e aspirações, a
ganhar consciência do que já sabem e fizeram, a trazer à tona seus
interesses e pontos de vista e a envolver-se proativamente com as
questões da escola e do entorno.

- Na etapa de Iniciativa, o desafio é que os jovens consigam configurar um


problema como algo que lhes diz respeito e que precisa de sua participação
para ser solucionado. Para isso, terão a oportunidade de dizer o que pensam,
aprofundar conhecimentos, argumentar, negociar, estabelecer interesses
comuns e tomar decisões conjuntas sobre o que irão fazer no projeto. Tudo
isso de maneira colaborativa e com a mediação do professor.

- Na etapa de Planejamento, espera-se algo muitas vezes difícil para os


jovens: pensar antes de agir, controlando-se diante da impulsividade ou do
imediatismo em relação ao projeto. Os estudantes veem-se diante da
necessidade de antecipar problemas, organizar logicamente as tarefas,
pensar sobre o que sabem ou não a respeito da situação, acessar
conhecimentos e projetar-se no futuro, para que seus planos se
concretizem.

- Na etapa de Execução, está em jogo a concretização dos planos. É o


momento em que os jovens passam pelo crivo da experiência, determinam-
se diante de um objetivo, enfrentam obstáculos, lidam com frustrações,
crescem com as adversidades, arriscam-se, acertam, erram e aprendem
com tudo isso.

- Na etapa de Avaliação, que acontece simultaneamente à de Execução, os


jovens avaliam e atribuem sentido às experiências, aprendendo com
acertos e erros, identificando novos desafios, verificando resultados,
refletindo sobre a participação de cada um e reorganizando as ações
seguintes.

- Na etapa de Apropriação de resultados, por fim, os jovens têm a chance de


se reconhecer no trabalho realizado, consolidar aprendizados e atitudes

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e, principalmente, fazer generalizações, identificando como esses
aprendizados podem lhes ser úteis em outras dimensões da vida.

O que é preciso para que os jovens desenvolvam essas atitudes estratégicas?

São necessárias, basicamente, duas coisas. A primeira é que a aprendizagem seja


colaborativa e a segunda, que os professores atuem com presença pedagógica.

Explicando melhor:

- A aprendizagem colaborativa se concretiza na atuação dos jovens em


times. Assim, eles podem enfrentar desafios mais complexos e desenvolver
competências importantes, como o pensamento crítico, a problematização, a
colaboração, a comunicação. Juntos, eles aprendem a aprender, conviver
e produzir de forma colaborativa.

Ou seja, nos times, cada jovem é:

- responsável pela própria aprendizagem e a dos colegas;

- comprometido com a solução de seus próprios problemas de


aprendizagem;

- desafiado à participação, falando, ouvindo, estudando, compartilhando


conhecimentos;

- chamado a agir com iniciativa, a planejar e a persistir diante dos


obstáculos;

- convocado a lidar com problemas de convívio, disciplina, colaboração e


organização;

- solicitado ao exercício da liderança, em rodízio.

- A presença pedagógica é o modo como se dá a colaboração do


professor com os estudantes. O professor deve estar sempre atento a uma
dupla transformação que precisa ocorrer no jovem em sua atuação:

- uma externa, relacionada à situação-problema que ele pretende


enfrentar: realizar a pesquisa ou a intervenção; e

- outra interna, da relação do jovem consigo mesmo, com os outros e


com a aprendizagem na escola e na vida.

O trabalho do professor, portanto, envolve corpo, mente, sentimento e ação,


convocando o educando em sua inteireza e complexidade.

Ou seja, é papel do professor:

- escutar os jovens, instigá-los, detectar e objetivar seus interesses,


colaborar na definição do “problema a ser enfrentado”, seja ele relacionado
a uma pesquisa ou a uma intervenção;

- contribuir com os jovens no mapeamento e ampliação de seus saberes


acerca de um problema;
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- promover relações entre as atividades do projeto e os conhecimentos
trabalhados nas outras ações da escola;

- apoiar a formação, organização e dinâmica dos times, inclusive orientando


a construção de regras de convivência e pautas de trabalho;

- colaborar com a avaliação, em sua estrutura e procedimentos, bem como


com a apropriação dos resultados pelos estudantes; e

- espelhar os conhecimentos, competências, habilidades, valores e atitudes


que os jovens estão aprendendo e desenvolvendo.

Em síntese, por meio do desenvolvimento de projetos, os jovens do século 21


aprendem:

- a ser corresponsáveis pela própria aprendizagem e pela escola;

- a acessar, produzir e compartilhar conhecimentos;

- a aprender fazendo; e

- a desenvolver atitudes estratégicas (conhecer suas motivações, forças,


interesses e aspirações; aprender a configurar um problema; (re)construir
conhecimentos e transformar a realidade; organizar as tarefas e projetar-se no
futuro; avaliar as vivências, intervindo nelas; e generalizar aprendizados).

Para finalizar, é importante salientar que a vivência de um projeto possibilita que os


jovens desenvolvam competências cognitivas e socioemocionais essenciais para
quem vive, convive, aprende e trabalha na contemporaneidade, tais como:
pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração, comunicação, criatividade,
responsabilidade, abertura para o novo e autoconhecimento.

Reflexão: Metodologias integradoras

Como dissemos, a participação dos estudantes no projeto se dará por meio da vivência das
seis etapas: mobilização, iniciativa, planejamento, execução, avaliação e apropriação de
resultados.

Em termos metodológicos, o percurso dessas etapas privilegia, em especial:

9 a presença pedagógica do professor, que propicia o cuidado nas relações


interpessoais e o desenvolvimento dos alunos em suas capacidades de
escolher, descobrir e abordar a vida a partir de suas próprias perspectivas e
pontos de vista;
9 a aprendizagem colaborativa que possibilita o enfrentamento de problemas
de maior complexidade por meio da atuação dos alunos em times;
9 os projetos como meio de intervenção na escola e como cenário em que se
aprende conhecimentos e se desenvolvem as competências cognitivas e
socioemocionais do aluno e a formação efetiva do protagonismo juvenil.

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1. Presença pedagógica
Aprender na relação com o professor

A visão que se tem da juventude é decisiva para que os professores definam suas
práticas de ensino e o que esperam da aprendizagem dos alunos, pois revela quem é
o aluno que queremos formar. Ver a juventude como solução e não como problema,
portanto, é o princípio básico para a formação de estudantes protagonistas.

O primeiro passo para aproximar os jovens alunos da aprendizagem de uma forma


participativa e colaborativa, gerando um bom clima relacional em sala de aula, é dado
pelo professor. É ele quem traduz aos jovens essa nova visão de juventude como
solução, por meio de um método bastante simples e eficaz: a presença pedagógica.
Ela se traduz pelo exercício constante de estabelecer uma relação de abertura,
reciprocidade e compromisso com o desenvolvimento dos alunos. Como?

Primeiro, aprendendo a conhecer, valorizar e acolher os interesses, os pontos de vista


e as culturas juvenis. E, ao mesmo tempo, mostrando aos alunos – todos eles, sem
exceção – um interesse verdadeiro pela aprendizagem de cada um: por exemplo,
chamando-os pelos nomes, referindo-se a cada um deles com respeito, evidenciando
suas qualidades e acertos antes de suas dificuldades e erros, estimulando
incansavelmente que exponham seus pontos de vista, ouvindo-os sempre com
atenção, ressaltando potenciais e não carências, estimulando-os a ampliar seus
conhecimentos, a confiar em suas capacidades, a persistir e a superar seus aparentes
limites.

Dedicar-se ao exercício da presença pedagógica significa demonstrar aos alunos que


você está junto deles para ensiná-los a como aprender, relacionar-se com o outro,
organizar-se para uma tarefa, negociar posições, lidar com conflitos, trabalhar de
maneira colaborativa, ver-se, enfim, como fonte de soluções para os problemas.

A presença pedagógica, professor, é uma forma de educação para valores, baseada


no exemplo e na vivência concreta de situações de aprendizagem.

Por que trabalhar com a presença pedagógica?


Qual o impacto da presença pedagógica para os estudantes e escola?

E a escola só ganha com isso.


Os jovens fortalecem a autoconfiança para
aprender e desenvolvem habilidades É CONVIVER
O clima escolar se torna mais
cognitivas e não cognitivas importantes BEM PARA
colaborativo e produtivo com as
para suas formações. APRENDER
relações professor-estudante.
BEM!

O clima de aprendizagem é potencializado: o professor


Além disso, tornam-se parceiros do ganha ferramentas para conduzir a gestão do time. A
professor, colaborando com a gestão mobilização e o bom convívio são a porta de entrada
das atividades! para que a aprendizagem aconteça!
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2. Aprendizagem colaborativa

Aprender na relação com os pares

Um bom clima relacional no desenvolvimento dos projetos é favorecido também pela


organização dos alunos na realização da atividade. Significa agrupá-los para que
atuem como times de trabalho, a partir de interesses comuns. Assim, os times
somam forças para alcançar objetivos, exercitando a capacidade de aprender com os
colegas e de responsabilizar-se pelo aprendizado de todos. “Não deixar ninguém para
trás” é a regra nessa prática de aprendizagem colaborativa.

O apoio mútuo entre pares e times de trabalho é um aspecto estrutural da


aprendizagem, por ser básico para o desenvolvimento de competências como a
colaboração, a liderança, o trabalho em equipe e a gestão de processos. Por isso, é
importante que as atividades tenham complexidade suficiente para demandar o
envolvimento de mais de um jovem na construção dos saberes.

Nos times, todos reúnem esforços e forças para realizar uma dupla aprendizagem:
aprender a aprender e, também, a conviver e produzir de forma colaborativa. Os
alunos são avaliados pelo seu desempenho individual e pelos resultados conquistados
pelo time. As atividades se dão por concluídas somente quando todos alcançam o
aprendizado esperado – tudo bem diferente da prática tradicional de realização de
tarefas em grupo. Afinal, o trabalho de grupo, muitas vezes, é compreendido como
uma divisão de tarefas acerca de algo a ser produzido, sem que haja
corresponsabilidade pela produção, pela resolução de conflitos e pelo aprendizado.

A formação de um time pressupõe o reconhecimento do outro, de suas diferenças, de


seus interesses, de suas habilidades e desafios, unindo forças para a realização de
uma tarefa ou projeto comum de média ou longa duração. Todos são coautores do
conhecimento construído ou de um projeto e corresponsáveis pela realização do que
eles mesmos decidiram empreender.

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Perceba no esquema que se segue o que se espera do trabalho em times.

DE: PARA:

Cada estudante se preocupa com o próprio


O estudante preocupa-se
rendimento, com o do colega e com o do
consigo mesmo.
time.

Um líder chefia o trabalho A liderança é compartilhada, todos os


dos demais. estudantes se responsabilizam por ela.

A responsabilidade pelo trabalho


Um estudante costuma fazer a tarefa pelo é conjunta, todos
outro ou para os demais. têm de cumprir a tarefa.

O professor acompanha o trabalho:


O professor não se envolve no trabalho do
grupo ou estabelece uma relação de circula pelos times, detecta e orienta desvios
dependência, dando respostas prontas e de rumo, estimula e provoca a busca de
resolvendo os problemas por ele. solução antes de ouvirem sua opinião.

As competências relacionais – liderança,


As questões relacionais e produtivas não comunicação, confiança, colaboração –
são trabalhadas pelos estudantes. são
alvo do trabalho do time.

Tenta-se chegar ao resultado de


O resultado de aprendizagem é conquistado
aprendizagem independentemente do clima
contando com a interação positiva entre os
de interação entre os componentes.
membros do time.

Há somente a avaliação global do grupo.


Cada estudante é avaliado por seu
Mesmo que não participe, o estudante
rendimento e pelo progresso dos demais.
pode ser bem avaliado pelo trabalho dos
A avaliação estimula o time a ajudar
demais.
e encorajar aqueles que precisam.

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 11


É esperado que os estudantes já estejam habituados a trabalhar colaborativamente,
tendo em vista que já desenvolveram projetos em times, mas sempre é tempo para
construir e consolidar essa noção com eles. E, para que a aprendizagem colaborativa
aconteça, é preciso ensiná-los a praticá-la com estímulos constantes, a fim de que os
jovens assumam o protagonismo na resolução das questões de convívio e de
aprendizagem contando com as forças do seu time. A cada dificuldade que o time
enfrentar, aproveite para discutir com eles essa questão. Apresente aos alunos,
sempre que necessário, estas “regras” básicas para que aprendam a atuar em times:

Cada jovem do time deve ser responsável pelo seu aprendizado e, também, pelo
aprendizado dos colegas. Não dá para deixar para trás nenhum jovem!

Todos devem participar das atividades, colocando seus pontos de vista, ouvindo o(s)
colega(s) e dando o melhor de si. Durante as atividades, cada jovem vai exercitar
liderar o time e ser liderado pelos colegas!

É tarefa do time pensar e resolver por si mesmo os problemas de aprendizagem que


aparecerem. O professor pode e deve ser convidado a colaborar quando surgirem
desafios, mas não pode resolvê-los pelo time.

Lidar com os problemas de convívio, disciplina, colaboração e organização também


faz parte da tarefa do time. Os estudantes precisam descobrir quais são os
problemas e pensar em soluções antes de pedir ajuda ao professor!

A tarefa de todos é refletir sobre a atividade proposta, agir com iniciativa, planejar,
persistir na busca da solução sem se deixar vencer pelos obstáculos e aprender com
os erros e acertos. Esse esforço é mais importante do que os acertos.

Nas rodas de debate, todo mundo vai ter vez e voz para falar! E cada um vai
aprender a dar vez e voz para o colega. Todos vão se ouvir e aprender a argumentar!

Para o professor, a gestão do time (em vez da turma de 30 ou até 40 alunos) também
é um aprendizado necessário. Uma dica importante para que você a pratique
efetivamente é não confundi-la – nem deixar que seus alunos confundam – com o
trabalho convencional em grupos.

Apresentamos de forma resumida, três aspectos essenciais para que você, professor,
comece a praticar o trabalho em times:

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1. Os jovens se reunirão em times compostos por cerca de dez estudantes. Esse
número favorece a participação efetiva de todos nas atividades. Cuide para que
você possa dar atenção a todos do time durante as atividades.

2. Construa, com eles, combinados de trabalho. Apresente alguns que julgue


essenciais, explicando-os, ouça a opinião dos estudantes sobre eles, argumente e
ajude-os a melhorar suas argumentações. Peça que eles apresentem outros
pontos. Relembre os combinados sempre que necessário, ao longo do projeto.

3. Estimule constantemente os estudantes a resolverem por si mesmos os problemas


de convívio ou aprendizagem propostos nas atividades e também aqueles que
surgirem durante o processo de trabalho do time. Nunca responda a questões ou
demandas, cujas soluções estiverem ao alcance dos estudantes. Incentive-os a
resolvê-las com os colegas de time antes de se remeterem a você.

Ao praticar esses pontos, a gestão dos alunos será muito mais facilitada. Sem contar
que trabalhar em equipe – como um time motivado, produtivo, colaborativo e coeso – é
uma habilidade altamente valorizada e necessária ao convívio e ao mundo do trabalho
no século 21.

Fique de olho nas etapas do projeto de intervenção. Todas se baseiam nos princípios
da presença pedagógica e da aprendizagem colaborativa.

Por que trabalhar com a aprendizagem colaborativa?

Os estudantes unem forças para NINGUÉM


resolver tarefas com foco em PARA TRÁS!
objetivos comuns, aprendendo e A escola se torna espaço para
sendo responsáveis pelo a
aprender colaborativamente
dizzado
zado dos colegas.
aprendizado colegas
colega
g s. favorecendo a prática de
habilidades de convívio e de
gestão!

Todos aprendem a liderar e a ser


Os alunos se organizam em times orientados
d a liderados, capacidades fundamentais
resolver problemas com autonomia! para o exercício da cidadania e para o
mundo do trabalho!

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3. Os projetos e o protagonismo juvenil

A escola está preparada para apoiar os jovens na busca dos seus sonhos? Nos
últimos anos do Ensino Fundamental, vemos surgir três grandes questões: o convívio,
a permanência e a aprendizagem dos jovens na escola. O fosso existente entre o que
a escola oferece e os anseios e necessidades da juventude faz com que 1 em cada 10
estudantes brasileiros deixem de concluir o Ensino Médio, sendo que apenas 50,9%
dos jovens de 15 a 17 anos frequentam a escola (Pnad/IBGE, 2010). Esse abandono
está diretamente ligado ao desinteresse pelos estudos, motivado por conflitos que
permeiam a vivência dos adolescentes na escola: não são vistos como parceiros e
interlocutores no processo de aprendizagem, os conteúdos não lhes parecem úteis
para a vida, professores e estudantes não compartilham um repertório comum.

É aqui que se torna urgente para a escola fazer uma escolha decisiva: acolher os
interesses juvenis e, mais que isso, conciliar as necessidades de aprendizagem
curricular com esses anseios e os desafios que os jovens enfrentarão para definir seus
caminhos no futuro. Para tanto, é preciso ressignificar o ensino tradicional, investindo
em metodologias de ensino centradas no estudante, promovendo o convívio e a
aprendizagem.

É nesse contexto que o protagonismo juvenil tem sido bastante disseminado na


última década e é preciso cuidado ao utilizá-lo, a fim de evitar apropriações
equivocadas. Adotamos uma concepção autêntica de protagonismo e de suas
aplicações para o desenvolvimento de competências, em especial as necessárias para
o convívio, a aprendizagem e a preparação para o mundo do trabalho. Segundo o
professor Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos pioneiros na construção desse
conceito no Brasil, o protagonismo juvenil:

É a atuação do adolescente como parte da solução no enfretamento


de problemas na sua escola, comunidade, família ou até mesmo na
sociedade, em sentido mais amplo, por meio de atividades que
extrapolam o âmbito de seus interesses individuais ou familiares.
Nessa perspectiva, o jovem deixa de ser visto como um problema,
passando a ser um agente de transformação de questões sociais.

Ampliamos esse conceito com as recentes contribuições de Educação para o


Desenvolvimento Humano 1 , obra fundamentada no Relatório Jacques Delors, da
Unesco. Para além do enfrentamento pelos jovens de questões que afetam o seu
entorno social ou escolar, propomos que o exercício do protagonismo seja o processo
pelo qual eles desenvolvem as competências e habilidades relativas ao que o
Relatório Delors propõe como os quatro pilares da educação: ser, conviver, conhecer
e fazer.

O método para tornar esse conceito uma ferramenta de trabalho em sala de aula é
abordá-lo a partir das já mencionadas etapas de desenvolvimento de um projeto ou
resolução de um problema, cujas atividades se distribuem nas fases de: Mobilização,
Iniciativa, Planejamento, Execução, Avaliação e Apropriação dos Resultados.
Reunidos em times para a realização dessas atividades, os estudantes idealizam e
concretizam propostas, escolhidas por eles mesmos, e que têm como alvo a escola ou
sua própria aprendizagem.

1ANDRÉ, Simone; COSTA. Antônio Carlos Gomes da. Educação para o desenvolvimento humano. São
Paulo: Saraiva/Instituto Ayrton Senna, 2004. Uma das bases fundamentais dessa concepção são as
quatro aprendizagens indicadas no Relatório Jaques Delors: aprender a ser, conviver, conhecer e fazer.
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Aprender por projetos cujos temas partem ou dialogam com os interesses dos
estudantes é um caminho seguro para mobilizar a participação comprometida dos
jovens no processo educativo. Além disso, fazer projetos como forma de resolver
problemas reais e relevantes aproxima a escola do mundo profissional, onde cada vez
mais se trabalha por projetos. A gestão de projetos possibilita aos estudantes uma
série de aprendizados, tais como: identificar os problemas ao seu redor e tomá-los
como seus; ter iniciativa para propor soluções; planejar os passos para alcançar
resultados; perceber o propósito maior do que se deseja alcançar; estabelecer
prioridades; administrar a si mesmo e aos outros quanto às tarefas e ao tempo de
executá-las; reconhecer e lidar com conflitos; construir confiança e autonomia; assumir
riscos e compartilhar a tomada de decisões; responsabilizar-se pelo alcance e pela
qualidade do resultado; avaliar os caminhos adotados e aprender com acertos e erros.

Por que ensinar por meio de projetos?

Os estudantes aprendem a ter


APRENDER
iniciativa, planejar, executar, E a escola forma estudantes
FAZENDO!
os
avaliar e a se apropriar dos participativos, protagonistas,
resultados dos projetos!
os!! antenados e preparados para
enfrentar os desafios do século 21!

A escola se abre para o mundo: por


meio de ações concretas são
ensinados conteúdos, valores e
Aprendem a ser protagonistas, atuando
habilidades!
como solução no enfrentamento de
problemas que afetam a escola, a
comunidade ou sua própria aprendizagem!

Orientações gerais

As redes e o mundo do trabalho

Na atualidade, a palavra rede tornou-se uma forma corriqueira de descrever as formas


de organização que conectam pessoas e aglutinam ideias nos mais diversos âmbitos
da vida social. Rede pública de ensino, rede de atenção à saúde, redes sociais digitais
como o Facebook e o Instagram, redes de proteção à infância e à juventude... Seja no
cotidiano, na prática política ou no mundo do trabalho, cada vez mais nos
relacionamos uns com os outros através das redes. Mas será que todos entendemos a
mesma coisa quando pronunciamos essa palavra?

As definições de rede são inúmeras. Podemos começar por uma bem simples,
elaborada pelo especialista em gestão de redes Cássio Martinho: rede é um “padrão
de organização constituído, necessariamente, de agentes autônomos que,

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 15


interligados, cooperam entre si” 2. As redes são formadas por um conjunto de pessoas
ou instituições dispersas que, em nome de um objetivo comum, decidem se interligar e
atuar de forma colaborativa. No entanto, como destaca um verbete do Kit Educativo
Trocando Ideia, elaborado pela Associação Imagem Comunitária, “uma rede não é
apenas aquilo que nomeia um conjunto de pontos interligados. Ela é também uma
proposta de organização, constituída por pessoas autônomas, que cooperam entre si
de forma horizontal” 3.

Essas duas características – autonomia e horizontalidade – distinguem as redes que


buscamos trabalhar com os estudantes de outras inseridas em contexto comercial,
cujas características refletem muitas vezes uma organização hierárquica e
centralizada, como as matriciais ou em cadeia (uma rede de supermercado, por
exemplo, com várias filiais subordinadas a uma matriz). Embora também referidas
como redes, essas estruturas organizacionais não são outra coisa que um modelo de
pirâmide, com uma hierarquia bem definida e um centro de poder claro, enquanto uma
verdadeira rede pressupõe uma organização aberta e democrática, que aposta na
autonomia e na colaboração livre entre seus membros.

Essas distinções são muito importantes, pois, como aponta Cássio Martinho, “quando
tudo é rede, estruturas velhas e novas, modos convencionais e modos inovadores de
fazer, estratégias de opressão e estratégias de libertação confundem-se sob uma
pretensa mesma aparência. Se não puder estabelecer algumas distinções, o conceito
de rede deixa de ter sentido e passa a não servir para nada” (MARTINHO, 2003, p.9) 4.

No mundo do trabalho extremamente complexo e dinâmico com o qual nos deparamos


hoje, há espaço para verdadeiras redes, horizontais e colaborativas. Essa nova
modalidade de organização é tributária de uma transformação histórica, assim descrita
por Martinho: “Se antes, na sociedade industrial, os processos de trabalho eram bem
representados pela metáfora da máquina (ou do mecanismo), agora o desenho da
rede passa a ocupar lugar preponderante no imaginário da sociedade pós-industrial”
(MARTINHO, 2003, p. 8). Atualmente, milhões de trabalhadores das mais variadas
profissões se organizam em rede. Desde as cooperativas agropecuárias locais até as
redes globais de trabalho online, inúmeros sujeitos se interligam, de forma
colaborativa, para alcançar objetivos comuns.

Se, por um lado, o mundo do trabalho contemporâneo é extremamente fragmentado e


especializado, por outro, os trabalhadores estão cada vez mais conectados em redes.
Um profissional não vive sem o outro, e está necessariamente integrado a várias
pessoas e instituições com as quais dialoga cotidianamente. Pensemos num cirurgião,
que está ligado ao anestesista, ao enfermeiro, ao gestor do hospital, ao plano de
saúde, ao paciente, ao motorista da ambulância... Ou num artista, que se conecta com
outros artistas, com o produtor, com o empresário, com a casa de shows, com o
público...

Cada vez mais, trabalhar no mundo contemporâneo significa ocupar um espaço em


uma grande rede. E o desafio não é pequeno. É preciso estar interligado a pessoas,
instituições e contextos muito diversos, que demandam conhecimentos de várias
áreas: o artista precisa ter noções de marketing, da mesma forma que o médico deve
ter algum conhecimento da área de gestão pública. As competências demandadas por
esse novo ambiente de trabalho são igualmente variadas: trabalhar em equipe, ser
flexível, mediar conflitos, saber liderar e ser liderado são habilidades necessárias para
quase todos os campos de trabalho atualmente. Para um jovem prestes a ingressar no

2Disponível em: <bit.ly/redes-sintese>. Acesso em: 12 jul. de 2015.


3ASSOCIAÇÃO IMAGEM COMUNITÁRIA. Trocando ideia: kit educativo sobre direito à comunicação. Belo
Horizonte, AIC, 2011.
4 MARTINHO, Cássio. Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-organização.

WWF Brasil, 2003. Disponível em: <bit.ly/redes-introducao>. Acesso em: 12 jul. 2015.
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 16
mundo do trabalho hoje, reconhecer o tamanho e a complexidade desses desafios é
fundamental. E o professor tem um papel crucial nisso, como mediador e provocador
constante.

Ser protagonista nas redes do mundo do trabalho não é apenas se preparar bem para
ocupar esses espaços, mas desenvolver competências para intervir na própria
dinâmica das redes. O guia Trocando Ideia nos recorda que “as redes estão em
constante mudança de tamanho e formato”, e que “é preciso ter foco na criação de
dinâmicas de trabalho colaborativo e horizontal, as quais impulsionam a atividade
nesses espaços”. Para que uma rede exista de fato, é necessário ativá-la, impulsioná-
la cotidianamente. E a intervenção dos jovens pode ser crucial nesse processo.

Os alunos do 3º ano receberam o Material de apoio Nós e as Redes de Trabalho, para


orientá-los no percurso das seis etapas da ação protagonista necessárias à
elaboração e ao desenvolvimento de seus projetos. A seguir, compartilhamos as
indicações dadas aos alunos nesse guia para apoiar você na mediação do(s) time(s)
sob sua orientação.

1. Planejamento da mediação da participação dos jovens


Para que você possa, de fato, apoiar os alunos na vivência do projeto, é essencial que
conheça profundamente o que está sendo proposto a eles no material Nós e as Redes
de Trabalho e acompanhe de perto o andamento do trabalho do time. Mais do que
isso, é importante que você antecipe possíveis problemas que os jovens poderão
enfrentar, identificando maneiras de apoiá-los na busca por soluções criativas.
Portanto, a mediação da participação dos jovens precisa ser planejada!

2. Formação dos times


O processo de trabalhar em times consiste em um aprendizado de uma habilidade
complexa. Você já sabe que existem diferenças entre o trabalho em times e o
trabalho convencional entre pares (ou grupos). No primeiro, a colaboração é a base
do trabalho. Já no segundo, o envolvimento dos integrantes tende a ser desigual,
sendo frequente que as responsabilidades do trabalho sejam assumidas por apenas
alguns integrantes. O estabelecimento de um ritmo de trabalho colaborativo em times
é uma conquista diária.

Planeje meios de incentivar a participação de todos os membros do time,


identificando o que cada um já tem a contribuir e desafiando-os a aprenderem com os
colegas e com você.

Na etapa de Mobilização, os times se organizarão por afinidades, amizade ou


curiosidade de trabalhar junto. Esse primeiro agrupamento será importante para que
eles construam uma compreensão do que são as redes e identifiquem aquelas às
quais já estão, de algum modo, conectados. Mais à frente, na etapa de Iniciativa, eles
serão convidados a repensar essas escolhas a partir de seus interesses de trabalho
nos projetos. Assim, é importante esclarecer para os times que eles poderão mudar
sua constituição nas próximas aulas.

Respeite as escolhas dos jovens nos processos de formação de times: não interfira,
mesmo que as “panelinhas” aconteçam. Apenas garanta que eles cumpram o número
mínimo e máximo para a formação dos times, atuando sempre com presença
pedagógica. E, aos poucos, identifique se existem alunos que parecem “deslocados”
em seus times, apoiando-os na integração com os colegas.

3. Rodízio dos estudantes na liderança dos times


No trabalho em times, é importante que os alunos experimentem liderar os colegas e
ser liderados por eles. Liderar o time é disponibilizar seus conhecimentos, atuar como
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 17
um incentivador da participação dos colegas, fazer a gestão do tempo e ter foco no
trabalho que precisa ser feito naquele dia. Além disso, o líder tem um importante papel
de organização das atividades e mediação de conflitos de convivência ou discordância
sobre o andamento das ações. Isso todo aluno pode fazer, desde que assuma a
responsabilidade, tenha o apoio dos colegas e do professor e seja comprometido com
o projeto e dedicado. O material Nós e as Redes de Trabalho orienta que seja feito
rodízio na liderança. É essencial que você os ajude a compreender o que é ser líder e
como exercer a liderança. Avalie com eles essa experiência, para que possam
compreender, progressivamente, as suas dimensões e aprendizados.

4. Acompanhamento do trabalho dos times


Acompanhe as discussões dos times, estando sempre à disposição para auxiliá-los
nas dúvidas que surgirem. Siga de perto a forma como cada time efetua a leitura do
passo a passo da atividade e como seus integrantes estão interagindo. Em todas as
atividades, a colaboração entre os jovens será cada vez mais requerida.

É imprescindível que você conheça previamente o conteúdo das atividades propostas


aos estudantes em cada etapa, a fim de orientá-los com maior segurança e
providenciar as condições para que eles trabalhem.

5. Momentos de reflexão e debate


Conduza os momentos de reflexão e debate propostos nas etapas atuando como um
mediador: explique como será o funcionamento, acordando desde o início algumas
regras, a começar pelo tempo disponível destinado ao debate. De tempos em tempos,
ajude a organizar a conversa, retomando os principais argumentos e pontos de vista
expostos e provocando quem ainda não se posicionou a dizer o que pensa ou a
analisar o que já foi dito.

Procure perguntar aos estudantes, também, como eles avaliam a atuação em time,
trabalhando juntos: Todos colaboraram entre si? O tempo disponível foi bem
aproveitado ou perderam tempo com questões que não tinham ligação com a
discussão?

6. Articulação de conhecimentos das áreas no núcleo


Uma das marcas importantes da Proposta Curricular é a integração dos
conhecimentos trabalhados nas disciplinas e no núcleo. Ao longo da realização do
projeto Nós e as Redes de Trabalho, será perceptível a demanda dos jovens por
conhecimentos relacionados às disciplinas. Está aí uma oportunidade de ampliar os
conhecimentos que os alunos têm, de maneira contextualizada. Ajude-os a
perceberem as ligações entre o que eles aprendem nas aulas e as ações vivenciadas
no núcleo, e não se furte de aportar conhecimentos específicos que se mostrem
importantes ao desenvolvimento do projeto. Por outro lado, incentive-os,
permanentemente, a buscarem conhecimentos por conta própria, a não se sintirem
satisfeitos com abordagens superficiais das questões que permeiam o projeto.

7. Apoio aos jovens na gestão do tempo e dos resultados


O material Nós e as Redes de Trabalho não estipula um tempo para os jovens
desenvolverem cada etapa do projeto. Isso se deve ao fato de que a iniciativa
construída por eles pode variar em termos de complexidade e aprofundamento. Além
disso, cada time possui características próprias e cria um ritmo singular. No entanto,
ninguém pode deixar de fazer a gestão do tempo com muita seriedade. Afinal, os
alunos não terão todo o tempo do mundo para passar por essa experiência. Ela tem
de ocorrer em um semestre.

Nesse aspecto, ajude-os inicialmente a criar parâmetros de tempo para cada uma das
seis etapas e, aos poucos, definir o tempo que será dedicado a cada atividade. Uma
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 18
dica: sempre que perceber que os alunos estão dispersos em relação ao tempo,
chame a atenção para isso e incentive-os a fazer estimativas das horas/dias
necessários para darem conta das atividades previstas.

8. Clareza da comunicação entre os jovens


Um dos pontos centrais da constituição de um time é a qualidade da comunicação
entre seus membros. Quando mais os alunos dialogarem sobre as questões do
projeto, expondo ideias, receios, pontos de vista, interesses etc., mais o time se
fortalecerá.

O diálogo precisa ser aberto e respeitoso, orientado sempre pelos interesses comuns
– do time e da escola. Isso, muitas vezes, não ocorre naturalmente. Há jovens que
com muita facilidade se posicionam sobre as coisas e dão o ritmo do projeto, enquanto
outros tendem a não se posicionar com a mesma frequência e articulação de ideias.

Apresenta-se em situações como essas a oportunidade de uma outra contribuição que


você pode dar: orientar o líder da atividade a criar espaço para que todos do time
possam compartilhar suas visões, trazendo sugestões para o encaminhamento das
questões da equipe. Além disso, procure dar suporte à clareza da comunicação entre
eles, problematizando a questão em foco com perguntas. Essa é sempre uma boa
maneira de esmiuçar o pensamento exposto, tornando mais precisa a comunicação.

9. Registro das decisões e ações


O material Nós e as Redes de Trabalho traz, reiteradas vezes, orientações quanto à
importância do registro das discussões, decisões e das ações realizadas. Sabemos
que esse é um hábito que se constrói ao longo do tempo e, portanto, pede um esforço
permanente – dos jovens, no sentido de experimentarem essa prática, e do professor,
na orientação e acompanhamento de seus alunos.

10. Foco nas atividades do projeto


Há dias em que, com facilidade, os alunos se organizam em torno do projeto:
identificam em que ponto estão, analisam os próximos passos, dão início às ações.
Em outros momentos, percebe-se que tudo isso está mais difícil: os jovens perdem o
foco em relação ao que estão fazendo. Nesses momentos, atue como uma referência
organizadora, trazendo questões que os esclareçam na identificação da etapa ou
atividade em que estão e orientando-os na definição dos próximos passos a seguir.

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 19


Orientações específicas

LIGADOS NAS REDES


O material de apoio dos alunos inicia apresentando alguns aspectos relacionados à
relação entre os jovens e o trabalho. Trata-se de uma contextualização mais geral,
importante para trazer os estudantes para a proposta de intervenção do 3° ano do
Ensino Médio.

. Leitura e reflexão do texto: É essencial os estudantes discutirem as relações entre os


jovens e o trabalho. O texto “Ligados nas redes” traz uma pílula sobre esse universo.
Inicie a conversa por meio de uma leitura coletiva e depois solicite o posicionamento
deles sobre o conteúdo, ampliando essas reflexões com os seus conhecimentos sobre
o tema – para saber mais sobre o assunto, enriquecendo seu próprio repertório, leia
o texto “Projetos de vida, escola e trabalho” 5.

. Apresentação e discussão da proposta de intervenção de 3° ano: Apresente aos


alunos a proposta dos projetos de intervenção de 3° ano. Ajude-os na compreensão
do que vai acontecer nos próximos meses, apresentando as linhas gerais do trabalho
que está iniciando-se. Estabeleça conexões entre os projetos de 3° ano e o momento
que estão vivendo, de finalização do Ensino Médio e de início de uma trajetória
profissional, que inclui a continuidade dos estudos e concomitante ou posterior
atuação profissional.

Para apoiá-lo na apresentação da proposta aos alunos, professor, utilize o infográfico


disponibilizado no Anexo 1, que sintetiza o percurso que os estudantes irão viver nos
próximos meses.

1. ETAPA DE MOBILIZAÇÃO
O objetivo da etapa de Mobilização é possibilitar que os alunos descubram a
existência de redes de trabalho, identifiquem as redes às quais já estão conectados e
se aproximem de uma delas, tendo em vista seus interesses e motivações.

. Agrupamento: A etapa começa na turma maior, já que os jovens ainda não se


dividiram nos times dos projetos. Para iniciá-la, distribua o material de apoio Nós e as
Redes de Trabalho para cada jovem e oriente a leitura inicial dos textos, que pode ser
coletiva, realizada em grupos menores ou, até mesmo, individual com momentos de
reflexão coletiva.

. As redes que permeiam o mundo: O que está em jogo nos primeiros momentos da
etapa de Mobilização é a compreensão dos estudantes de que o mundo do trabalho se
estrutura em redes e que elas já atuam, possibilitando contatos, trocas, relações,
colaboração, oportunidades etc. aos seus membros.

. Redes de trabalho: Nessa que é a parte central da etapa de Mobilização e acontece


no item “De olho nas redes” (que começa na página 16), os alunos são convidados a:
. realizar um brainstorming de identificação de profissionais e instituições com
os quais mantêm contato. Esse é um modo coletivo de gerar ideias, adotado no
mundo do trabalho em diversas profissões e em tipos distintos de instituição e
contextos profissionais. Do brainstorming sairá uma lista inicial;

5O texto está nas páginas 31 a 39 de O Jovem como sujeito do Ensino Médio, publicação do MEC no
contexto do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Disponível em: <bit.ly/jovemsujeitoem>.
Acesso em: 16 set. 2018.
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 20
. categorizar as redes às quais as pessoas e instituições listadas estão
conectadas. Está aqui um importante passo na formação dos estudantes:
aprender a agrupar informações, tipificando-as, ordenando-as, organizando-as;
. ligar cada pessoa e instituição listada às redes categorizadas, aprendendo a
estabelecer relações;
. construir um registro que explicite as redes trabalhadas. O registro em forma
de esquema ajuda a visualizar a rede, evidenciando quem é parte dela, quem
está ligado a quem etc.;
. compartilhar as redes identificadas. Aqui, o foco do trabalho está na
comunicação entre os times. O resultado esperado é que todos percebam as
várias redes às quais já estão ligados e identifiquem aquelas que se
entrecruzam (nesse caso, é essencial consolidar as informações de duas redes
“comuns” em apenas uma, maior, mais complexa);
. identificar a rede que mais dialoga com os projetos do aluno para o futuro.
Cada estudante deve questionar-se: Qual rede tem a ver com o que sou e o
que quero para mim? À medida que os alunos responderem a essa questão,
estarão agrupando-se em times. Cada time estará ligado a uma das redes (e é
possível que haja mais de um time conectado a uma mesma rede, assim como,
no mundo do trabalho, há concentração de interesse em uma área temática ou
profissão, por exemplo).

. Escolha das redes de trabalho: A etapa de Mobilização não termina até que todos os
alunos estejam conectados a uma rede, em times. Caso aconteça de apenas um ou
dois alunos se interessarem em desenvolver projeto relacionado a uma das redes, é
importante discutir com eles se isso é adequado, tendo em vista a complexidade que o
projeto pode e precisa ganhar. Identifique se há possibilidade de rever o modo de
agrupar os estudantes, englobando áreas de interesse que possuem aproximações.

. Avaliação do processo e das aprendizagens: Antes de passar à etapa de Iniciativa,


os jovens devem refletir sobre o que viveram e aprenderam na etapa que se conclui e
também conhecer a sua percepção do processo, das aprendizagens conquistadas e
competências desenvolvidas. O material de apoio dos alunos aponta uma série de
questões para essa avaliação, e elas podem ser ampliadas por você. Perceba o
potencial formativo desse momento: ao desafiar os estudantes a analisarem
criticamente o caminho percorrido e ao oferecer a eles, como confirmação ou
contraponto, a sua visão do processo, você os fortalece, estimulando que se
aperfeiçoem ou avancem ainda mais nas próximas etapas. Por isso conduza a
avaliação com postura acolhedora e uso cuidadoso de palavras, mas sem abrir mão
de apontar pontos de melhoria.

Autoavaliação do professor

Na etapa em foco, examine no que contribuiu para:

. compreensão do modo como o mundo do trabalho se organiza. Ajudou os


estudantes no entendimento de que eles estão conectados a redes de trabalho já
existentes?

. identificação das redes de trabalho. O diálogo com os jovens possibilitou a


identificação de pessoas e instituições às quais estão ligados? Categorizaram as
redes? Registraram as informações? Compartilharam com os demais times?

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 21


. escolha uma rede para se engajar. Orientou os alunos nessa escolha, tendo em
vista quem são e o que querem para o futuro em termos de continuidade dos estudos
e inserção profissional?

. avaliação de processo. Realizou avaliação da etapa de Mobilização? Estimulou os


jovens a se autoavaliarem? Compartilhou com eles sua visão? Considera que essa
devolutiva contribuirá para o aprimoramento do trabalho nas próximas etapas?

2. ETAPA DE INICIATIVA

O principal objetivo da etapa de Iniciativa é possibilitar que os alunos aprofundem suas


percepções e conhecimentos acerca das redes de trabalho às quais estão conectados,
e, principalmente, construam o projeto que será desenvolvido.

. Consolidação do time: Ela parte da escolha feita por um grupo de alunos de se


engajar em uma rede de trabalho já existente, para aprender com essa rede e
estimulá-la. Com essa finalidade, esses alunos constituem um time, o que é um
grande desafio, para eles e para você. Traga toda a sua experiência em relação à
formação do time (os desafios que poderão enfrentar e os aprendizados que podem
conquistar), contribuindo para que eles, de fato, aprendam de maneira colaborativa.
. Escolha do líder: Provoque a indicação de um líder pelo time, a cada rodada ou
etapa. Destaque as funções do líder (em especial a organização das tarefas,
circulação da palavra e gestão do tempo), valorizando assim a importância de todos
terem essa experiência ao longo do projeto. Durante as atividades, ajude o líder a
praticar suas funções com dicas simples e, ao final, avalie com ele a experiência,
perguntando como se sentiu, o que aprendeu de novo, o que foi ou não difícil. Ofereça
acolhimento caso a experiência tenha sido excessivamente desafiadora, dizendo que
todos estão aprendendo e que, a cada liderança, o time sai fortalecido. Crie um
espaço para que os colegas valorizem o empenho e a contribuição do líder.
. Aprofundamento dos conhecimentos sobre a rede: Esse processo (que começa na
página 30 do material de apoio dos alunos e vai até a página 36) inclui a leitura e
análise de textos (ou outros materiais, como vídeo, músicas etc.) e a elaboração de
um esquema, um quadro comparativo e um texto próprio baseado nas ideias
importantes dos textos de referência estudados. Além disso, os times serão
estimulados a entrevistar profissionais que atuam na área temática da rede. Ou seja, é
proposto um caminho estruturado para que os jovens aprendam mais sobre os temas
relacionados à rede. Lembre-se da importância de provocar o posicionamento dos
alunos a respeito das questões que surgirem e o compartilhamento do que já sabem
(ativar conhecimento prévio). Não hesite em dividir seus conhecimentos com eles ou
sugerir que busquem novas referências em livros e na Internet, por exemplo. Valorize
as produções deles e indique em quais pontos podem aprimorá-las. Estimule que
compartilhem o trabalho feito com outros times, o que favorecerá o aprendizado de
todos e se configurará como mais um espaço de troca entre os estudantes.
. Escolha do padrinho ou da madrinha do projeto: Esse profissional, que deve ser
escolhido com critério e convidado com todo o cuidado e atenção possível, terá um
papel chave ao longo do processo. Como uma espécie de conselheiro, ele
compartilhará experiências, trará orientações, apontará caminhos e possibilidades.
Ajude os alunos a manterem contato regular com a pessoa escolhida, seja para
solicitar apoio ou relatar o andamento das ações.
. Definição das ações centrais: Escolhido o padrinho ou a madrinha, o time se
subdivide em trios ou grupos de trabalho (GTs) para chegar à definição das ações que
pretende realizar no projeto. Cada GT lista possíveis ações a serem implementadas,
submetendo-as, em seguida, à análise do time. A versão composta deve ser
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 22
compartilhada com o padrinho/madrinha para receber contribuições e, por fim, o time
define que ações desenvolver e quais descartar. A organização em GTs é bastante
usual no mundo do trabalho para o enfrentamento de problemas. Você terá o relevante
papel de acompanhar e estimular o trabalho de cada GT, pois as escolhas que
resultarem desse processo são importantes, não podem ser aleatórias.
. Elaboração do Resumo Executivo do projeto: Trata-se de um esforço coletivo para
documentar a proposta do time em forma de uma síntese a ser apresentada e validada
pelo Conselho de Projetos da escola. Estimule os alunos a investirem esforço e tempo
na elaboração do documento, apresente sugestões de melhoria e oriente-os a acionar
o padrinho/madrinha para mais contribuições.
. Primeiro diálogo com o Conselho de Projetos: O time apresentará a iniciativa
construída, recebendo comentários, sugestões e recomendações. Os alunos precisam
entender a importância desse momento, em que serão analisadas a relevância,
abrangência e viabilidade do projeto que estão se propondo a realizar. Cuide do
agendamento do encontro, negociando uma data possível para todos os envolvidos.
. Ajustes: Após o diálogo com o Conselho de Projetos, analise com os alunos o que foi
conversado, oriente-os quanto aos ajustes necessários e acompanhe a finalização da
proposta. É importante que eles aprendam a lidar positivamente com as considerações
e contribuições externas, compreendendo possíveis críticas como parte de um
processo de amadurecimento do projeto.
. Avaliação do processo e das aprendizagens: Mais um momento de aprender com o
percurso feito. Promova a autoavaliação dos alunos, ajudando-os no aprofundamento
e qualificação de suas trajetórias. Compartilhe sua visão do processo, partindo das
questões apresentadas no material de apoio dos alunos e ampliando para outros
aspectos que julgue relevantes. O importante é que a experiência seja geradora de
aprendizagem.

Autoavaliação do professor

Ao longo da etapa de Iniciativa, avalie as contribuições trazidas por você para que os
jovens conseguissem:

. mobilizar conhecimentos prévios e acessar novos conhecimentos sobre a área


temática da rede. Você ajudou o time a valorizar os conhecimentos que já possuía?
Desafiou os jovens a aprofundá-los e ampliá-los por meio da elaboração do esquema,
do quadro comparativo, do texto com paráfrases e da entrevista com profissionais?

. escolher um padrinho/madrinha. Você considera que o profissional escolhido trará


contribuições importantes ao time? A escolha foi criteriosa? O convite foi feito com o
cuidado e atenção necessários?

. construir e definir ações. Você conseguiu ajudar os GTs no levantamento de ações


para o projeto? A seleção posterior de ações foi feita de modo participativo, levando
em conta o melhor para o projeto? O processo ocorreu de maneira organizada?

. elaborar o resumo executivo. Você colaborou para que a produção do time


atingisse a qualidade necessária e expressasse as principais ideias e propostas?

. preparar-se para dialogar com o Conselho de Projetos da escola. Você


conseguiu transmitir para o time a importância desse momento? Apoiou o time na
preparação das informações que foram apresentadas?

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 23


. cuidar do tempo. Você contribuiu para que eles fizessem a gestão do tempo?
Orientou-os a planejar o tempo para cada etapa/atividade? Alertou o time ao perceber
que eles estavam descuidando desse planejamento?

. estabelecer contato com o padrinho/madrinha. Você orientou o time sobre como


acionar e se comunicar com o padrinho/madrinha? Ajudou os jovens a identificarem as
contribuições que o profissional poderia trazer?

3. ETAPA DE PLANEJAMENTO

O principal objetivo da etapa de Planejamento é preparar os alunos para detalhar e


ordenar as ações: tarefas prioritárias e secundárias, sua organização, recursos
humanos e materiais necessários e estratégias para resolver problemas previsíveis.

. Importância do planejamento: O planejamento é um hábito difícil de ser incorporado


pela maior parte dos estudantes. Muitos acham essa prática sem sentido e chata. É
possível que esse cenário esteja mudando, tendo em vista que os alunos de 3° ano
viveram processos de planejamento diversas vezes e já devem compreender a sua
relevância. De todo modo, retome com eles o valor dessa prática, identificando seus
ganhos com exemplos, para que os jovens visualizem a diferença que um bom
planejamento pode fazer em um projeto. Não os deixe esmorecer durante essa etapa
e crie estratégias para afastar a preguiça, caso ela apareça... Aposte com eles que,
mais à frente, reconhecerão o quanto a dedicação de agora valeu à pena! E busque,
junto com eles, solucionar as dificuldades enfrentadas no caminho.

. Planejamento envolve tomada de decisões: Uma das principais motivações dos


estudantes na etapa de planejamento é o fato de serem chamados a escolher os
caminhos a seguir. Nesse momento, oriente-os para um olhar crítico diante das
possibilidades que têm à frente. Quanto mais decidirem de modo colaborativo, como
fruto de análise aprofundada entre os membros do time, melhor.

. Uma série de reuniões: O material de apoio dos alunos propõe que o trabalho de
planejamento se concretize por meio de reuniões entre os membros do time. Reuniões
estruturadas, com pautas construídas por eles, com um membro responsável pela
mediação e outro pela relatoria, tempo para a abordagem dos temas pautados,
definição de encaminhamentos e construção de uma ata com a síntese do trabalho.
Desse modo, ao final da série de reuniões, o projeto estará elaborado, e, ao mesmo
tempo, os alunos terão experimentado um “ritual” típico do mundo do trabalho.

. Ao final, um projeto: O planejamento é um mapa do que será executado. Os alunos o


desenvolverão na forma de um projeto, descrito no papel de maneira organizada. Para
isso, precisam apoiar-se nos registros das ideias, decisões e estratégias construídas.
Ajude-os nisso. Sem o devido registro, tudo tende a ficar perdido na hora da execução.
Aos poucos, nas reuniões, o time vai dar estrutura ao projeto (objetivos, ações,
produtos parciais, responsáveis, cronograma e estrutura necessária). É importante que
o documento seja robusto, trazendo coerência entre os itens e clareza na descrição.

. Help do padrinho ou madrinha: Na elaboração do documento, a experiência do


profissional que está apadrinhando o projeto pode contar muito. Por isso, ajude os
alunos no estabelecimento de diálogos com ele, de modo que essa experiência e
conhecimentos específicos favoreçam o planejamento do projeto.

. Segundo diálogo com o Conselho de Projetos: O time apresenta seu projeto, fruto do
esforço de planejamento. Novas sugestões, questionamentos e propostas serão feitos
e precisam ser alvo de análise pelo time, para incorporação ao planejamento.
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 24
. Avaliação de processo e das aprendizagens: Mais uma rodada de autoavaliação dos
alunos e devolutivas do professor. Cuide para que esse momento seja capaz de “fazer
as fichas caírem”, ou seja, que os jovens compreendam o sentido e o significado
daquilo que acabaram de viver para suas vidas, no presente e no futuro.

Autoavaliação do professor

Ao longo da etapa de Planejamento, avalie as contribuições trazidas por você para


que os jovens conseguissem:

. perceber o planejamento como um aliado do time. Você contribuiu para motivar o


time, ajudando-o na percepção de que um bom planejamento amplia as possibilidades
de concretização de um projeto? Eles assimilaram bem essa conexão?

. conhecer e praticar os valores e atitudes necessários ao trabalho de


planejamento (dedicação, organização, respeito às ideias de todos, tomada de
decisões e registro). Você colaborou para que o time praticasse esses valores e
atitudes? Dialogou sobre isso, sempre que julgou importante para o time?

. compreender os itens que compõem o planejamento. Você apoiou os alunos no


entendimento do passo a passo de construção do planejamento? Conseguiu motivá-
los a realizar os itens propostos? Ofereceu explicações ao verificar equívocos em
relação à compreensão dos itens sugeridos?

. realizar reuniões a partir de um caminho estruturado. Você conseguiu construir,


com os alunos, reuniões com início, meio e fim, com responsáveis pela mediação e
pelo registro, com participação de todos, com encaminhamentos claros e registro em
ata? Eles se apropriaram desse caminho, podendo vivenciá-lo em outros contextos?
. organizar e formalizar as informações e escolhas. Você orientou adequadamente
o time quanto à formalização das ideias e escolhas em um documento, o projeto?

. preparar-se, mais uma vez, para dialogar com o Conselho de Projetos da


escola. Você dialogou com os jovens para que eles compreendessem o que é essa
nova etapa de aprovação junto ao conselho? Apoiou o preparo da apresentação?

4. ETAPA DE EXECUÇÃO

O principal objetivo da etapa de Execução é possibilitar que os alunos coloquem em


prática as ações planejadas, exercitem a determinação diante de seus objetivos,
enfrentem obstáculos sem se paralisar, aprendam a lidar com a frustração, cresçam
com as adversidades, arrisquem, acertem, errem, experimentem, aprendendo por
meio do fazer.

. Exercitar as dicas de ouro: Os alunos receberam, no material de apoio Nós e as


Redes de Trabalho, 12 “dicas de ouro” para que a execução do projeto seja uma
experiência positiva. Trabalhe cuidadosamente cada uma dessas dicas antes de eles
“colocarem a mão na massa”. Discuta a diferença que elas podem fazer para que a
execução das ações transcorra bem e gere resultados positivos. Retome essas dicas
com os jovens sempre que perceber que eles estão cometendo deslizes quanto a
relacionamento no time, dedicação ao projeto, manutenção do foco nos objetivos,
gestão do tempo, divisão de responsabilidades, acompanhamento e replanejamento
das ações, comunicação das ações, avaliação em processo e registro.

. Antes, durante e depois de cada ação: Os jovens são orientados, no material de


apoio Nós e as Redes de Trabalho, a algumas tarefas que precisam realizar antes,
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 25
durante e depois de cada ação. Cuide para que experimentem essa prática de
acompanhamento e se beneficiem dela. Uma dica é, a cada passo, olhar para as três
listas de itens que não podem ser esquecidos. Uma olhada rápida, mas importante.

. Avaliar cada ação logo após sua execução, replanejando as que virão: Conferir o
andamento das ações, a participação do time, o alcance dos objetivos previstos e as
repercussão na vida da escola é essencial. Mas adianta muito pouco avaliar apenas
depois que o projeto tiver sido finalizado. Ajude os alunos a compreenderem a
avaliação como prática cotidiana, que permite manter ou corrigir rumos, qualificando o
projeto durante sua execução. Invista constantemente na autoavaliação deles e, claro,
nas suas devolutivas!

Autoavaliação do professor

Ao longo da etapa de Execução, avalie as contribuições trazidas por você para que os
jovens conseguissem:

. fortalecer a noção de time. Que contribuições você deu para que os jovens
aprofundassem a noção de time, contribuindo para transformar as ideias em
realidade? Quais foram os principais desafios para isso?

. colocar em prática as 12 dicas de ouro. Você dialogou com o time sobre as dicas,
ajudando-o na compreensão do sentido de cada uma delas? Percebeu a necessidade
de retomá-las ao longo da execução? Qual foi mais difícil de ser vivenciada pelos
jovens? De que estratégias você lançou mão para superar tais desafios?

. atuar com foco no planejamento. Você conseguiu que os jovens tomassem o


planejamento feito como um guia para a atuação do time? Ajudou o time a perceber a
relevância do planejamento no momento de execução?

. ter abertura para alterar o planejamento, sempre que necessário. Você orientou
adequadamente o time na avaliação das ações realizadas? Conseguiu ajudar os
alunos a analisarem, permanentemente, se o que foi planejado se mostrou adequado
no momento da execução e a não se frustrarem com a necessidade de mudança de
rotas? Orientou-os a voltarem aos objetivos do projeto nos momentos de análise? Se
foi preciso rever o planejamento, deu-lhes apoio nessa decisão?

. cuidar do tempo. Os alunos conseguiram realizar as ações previstas no tempo


disponível? Você deu as orientações e o apoio necessários para que eles fizessem
uma boa gestão do tempo? E, assim como nas etapas anteriores, emitiu um alerta
sempre que percebeu que eles estavam descuidando desse planejamento?

5. ETAPA DE AVALIAÇÃO

O principal objetivo da etapa de Avaliação é possibilitar que os alunos reflitam sobre


os resultados conquistados, aprendendo com acertos e erros, adotando olhar crítico
sobre o trabalho desenvolvido e identificando o que aprenderam com ele.

. Olhar sobre os resultados: a avaliação de resultados contempla dois aspectos: (1) as


ações planejadas e (2) as aprendizagens e competências conquistadas e
desenvolvidas – ou seja, a formação dos alunos. As ações previstas foram
executadas? Deram certo? Que importância tiveram? Que conhecimentos eles
aprenderam com o projeto? Que competências cognitivas e socioemocionais

OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 26


desenvolveram? Um percurso sugerido no material de apoio dos alunos ajudará na
condução dessas análises.

. Novo exercício de projeção: a avaliação final abre também uma discussão para o
futuro a partir do interesse e das possibilidades de os alunos darem continuidade ao
projeto fora da escola. O objetivo é que eles percebam a importância das redes para
alimentar suas trajetórias de estudo e trabalho. Há interesses específicos em
prosseguir com alguma ação ou desejo de viver experiências diferentes? Essa e
outras questões podem orientar a discussão e motivar um novo ciclo de projetos.

Autoavaliação do professor

Ao longo da etapa de Avaliação, analise as contribuições trazidas por você para que
os jovens conseguissem:

. compreender o sentido de avaliação que estamos adotando no projeto. Você os


ajudou a entender a avaliação como um processo crítico em relação ao que
realizaram? Eles tomaram consciência do que aprenderam por meio do projeto?

. identificar o que aprenderam e as competências que desenvolveram por meio


do projeto. Você os ajudou a perceber o que aprenderam ao longo do projeto?
Conseguiu que compreendessem e identificassem as competências cognitivas e
socioemocionais (Matriz de Competências para o Século 21) que desenvolveram no
percurso?

. refletir sobre o interesse em continuar o projeto. Você conseguiu apoiar os alunos


na análise das possibilidades que a continuidade do projeto pode trazer em suas
trajetórias de estudo e trabalho, no futuro? Ajudou o time a pensar em novas ações
para realizar?

6. ETAPA DE APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS

O principal objetivo da etapa de Apropriação de Resultados é possibilitar que os


jovens reconheçam e comemorem as conquistas alcançadas com o projeto, valorizem
as contribuições de cada membro do time e, principalmente, pensem em que a
experiência vivenciada poderá inspirá-los no futuro próximo e distante.
. Significação da vivência no projeto: A atividade proposta aos alunos pretende ajudá-
los a, individualmente, significar a experiência no projeto. Vai além da avaliação, pois
requer que eles reflitam sobre o sentido de tudo o que viveram para suas vidas. Mais
que isso, é hora de provocá-los a pensar na importância dos aprendizados
conquistados para outras oportunidades, na vida como um todo.
. Compreensão do sentido de praticar “rituais” próprios do mundo do trabalho: Os
alunos realizaram brainstormings, reuniões com registros dos encaminhamentos em
ata, organizaram-se em grupos de trabalho, apresentaram propostas para pessoas
que não fazem parte do time, negociaram pontos de vista e propostas de ações,
elaboraram um projeto com início, meio e fim, transformaram ideias em ação. Ajude-os
a entender o sentido dessas experiências nas escolhas que fizeram para o futuro, de
continuidade dos estudos e/ou inserção profissional.
. Compartilhar aprendizagens e resultados: é essencial um momento de culminância,
em que as aprendizagens e resultados dos projetos desenvolvidos na escola sejam
conhecidos por toda a comunidade. Por isso, dialogue com a direção, os demais
professores, os alunos e os parceiros da escola para planejar um evento capaz de
explicitar toda a riqueza do trabalho realizado nos últimos meses.
OPA Projeto de Intervenção – 3º ano/1ºsemestre 27
Autoavaliação do professor

Ao longo da etapa de Apropriação de Resultados, avalie as contribuições trazidas por


você para que os jovens conseguissem:

. valorizar as contribuições singulares de cada membro do time. Os alunos


conseguiram identificar as contribuições de cada um ao longo do projeto?

. estabelecer relações entre a vivência no projeto e as demais dimensões da


vida. Você apoiou os alunos na significação da experiência, para que conseguissem
fazer conexões entre o que aprenderam e suas vidas, em especial, os planos que têm
para o futuro?

. compartilhar a experiência com toda a escola. Você se mobilizou para a


culminância do projeto, um evento de compartilhamento das aprendizagens e
resultados?

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ANEXO 1 | INFOGRÁFICO EXPLICATIVO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

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